Energia Nuclear em pauta – Os enquadramentos da cobertura sobre o desastre nuclear no Japão em março de 2011

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 2º Encontro Nacional de Jovens Pesquisadores em Jornalismo Curitiba – Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Novembro de 2012

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Energia Nuclear em pauta – Os enquadramentos da cobertura sobre o desastre nuclear no Japão em março de 2011 Eduardo Pereira Francisco 1 Antonio Brotas (orientador) 2 Resumo: O presente estudo tem como objetivo analisar a cobertura do jornal Folha de S.

Paulo sobre o desastre ocorrido no Japão em 11 de março de 2011, ocasionado por um terremoto e um tsunami, que culminou no vazamento de material radioativo da usina nuclear de Fukushima. A amostragem selecionada para estudo corresponde ao período entre 12 de março e 12 de abril de 2011. A metodologia utilizada para interpretação dos dados foi a análise de conteúdo a partir da teoria do enquadramento. Nos resultados, discutimos os enquadramentos identificados nos textos jornalísticos e nos atores sociais que surgem ao longo da cobertura (sociedade civil, autoridades e especialistas). Palavras-chave: Teoria do enquadramento; Energia nuclear; Ciência e controvérsia; Cultura científica; Ciência e tecnologia.

1. Introdução Basta olharmos a nossa volta para percebermos que estamos cercados pela Ciência e Tecnologia (C&T). Ela está nos meios de comunicação, nos transportes, ferramentas de trabalho, no modo como nos divertimos, enfim, em vários setores da nossa vida. No entanto, em geral, essa parte da C&T corresponde aos resultados e produtos das pes-

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Eduardo é graduando no sexto período semestral do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Faculdade Social da Bahia. 2 Doutor Multidisciplinar em Cultura e Sociedade e mestrado em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia. Atualmente é tecnologista em saúde pública do Centro de Pesqui sa Gonçalo Moniz (CPqGM). Tem experiência na docência e profissional na área de Comunicação.

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quisas em que cientistas das mais variadas áreas dedicaram seu tempo e seu intelecto em estudar fenômenos que ocorrem na natureza e na sociedade. Existe uma busca em aproximar o público da C&T de modo que este não apenas vivencie os resultados, mas compreenda a pesquisa, os processos, a linguagem, e todo o conjunto de elementos que formam uma Cultura Científica. Partindo dessa perspectiva, a compreensão pública da ciência é importante para que a população, dita leiga, possa participar na tomada de decisões acerca de temas controversos envolvendo ciência e tecnologia. Desta forma, os cidadãos teriam a possibilidade de contribuir nos debates na esfera pública de modo mais consciente e participativo. Neste contexto, procuramos estudar um episódio recente envolvendo uma questão controversa – o modo como o desastre nuclear da usina de Fukushima, ocorrido em março de 2011 no Japão, despertou o debate a cerca da utilização da energia nuclear. A partir da cobertura do jornal Folha de S. Paulo sobre o acontecimento, identificamos e analisamos o modo como os atores sociais (autoridades, especialistas, sociedade civil) foram enquadrados, além dos frames predominantes apresentados pelos próprios textos estudados.

2. Ciência e Tecnologia – uma questão cultural Entre as abordagens mais contemporâneas acerca da C&T, sua divulgação e aproximação com o público leigo, a que enxerga o mundo científico como uma forma de cultura apresenta uma das conceituações mais abrangentes. Um exemplo é essa que Carlos Vogt apresenta: “(...) a expressão cultura científica tem a vantagem de englobar (...) em seu campo de significações, a ideia de que o processo que envolve o desenvolvimento científico é um processo cultural, que seja ele considerado do ponto de vista de sua produção, de sua difusão entre pares ou na dinâmica social do ensino e da educação, ou ainda, do ponto de vista de sua divulgação na sociedade, como um todo, para o estabelecimento das relações críticas necessárias entre os cidadãos e os valores culturais de seu tempo e história.” (VOGT, 2006, p. 24)

Essa perspectiva também é trabalhada por Brian Wynne, que procurou identificar o modo como a compreensão pública da ciência se dava em contextos sociais diferentes. Ele percebeu a coexistência de várias compreensões da ciência, e que entender

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esse processo de contextualização – que engloba além do conhecimento físico, o sentido institucional ou social – é essencial para entender a capacidade de influência da ciência na sociedade. A compreensão pública da ciência não ocorreria através da transmissão unidirecional do conhecimento, mas sim da interatividade entre os cientistas e o público leigo, que ao apreender, usar e vivenciar a ciência, o faz em conjunto com outros elementos de seu conhecimento e julgamentos. “(...) quando as pessoas vêem um uso pessoal ou prático para a compreensão científica e estão suficientemente motivadas, quase sempre mostram uma capacidade notável de aprender e descobrir fontes relevantes de conhecimento científico”, diz Wynne (WYNNE, 2005, p. 35). Porém, Jean-Marc Lévy-Leblond (2005) aponta quatro paradoxos que a C&T vivenciam atualmente e impedem uma interação maior das mesmas com o público. A relação – nem sempre proporcional – entre pesquisa e desenvolvimento, corresponde ao paradoxo econômico. O paradoxo social surge através da atual incapacidade das pesquisas científicas de solucionarem grandes problemas da humanidade em seu conjunto, como a alimentação e a saúde. O paradoxo epistemológico se dá na falta de inovações contemporâneas e em novas descobertas, ressaltando que o conhecimento científico nunca atingiu um nível como o atual “mas ele revela-se cada vez mais lacunar e parcelado e cada vez menos capaz de síntese e de transformação global”. Para Lévy-Leblond, o paradoxo ocorre ainda no campo cultural a partir da incapacidade da ciência de “difundir os valores de racionalidade e do espírito crítico sobre os quais se funda esse saber”, apesar da existência dos mais diversos meios existentes na contemporaneidade (LÉVY-LEBLOND, 2005). Lévy-Leblond (2006) relata que nas últimas décadas a ciência veio perdendo apoio político e econômico e, além disso, que sua “reputação cultural” estaria caindo em um crescente desinteresse. Para o autor, a ciência aos poucos foi deixando de ser um aspecto da cultura e o que se deve fazer é reinseri-la na cultura a partir de mudanças no modo de fazer a ciência. Lévy-Leblond aponta aquilo que pode ser o real problema e sua possível solução: “(...) talvez devêssemos mais sabiamente admitir que a questão não é o conhecimento, e sim o poder. (...) o problema, ..., refere-se essencialmente à possibilidade de democratizar as escolhas científicas e tecnológicas, que, devemos ad-

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mitir, passam por cima dos atuais procedimentos democráticos” (LÉVY-LEBLOND, 2006, p. 31). Esse apontamento de Lévy-Leblond é bem contundente, afinal nos leva a uma outra discussão, aquela referente à divulgação científica. Ela faz parte da cultura científica e tem a função de realizar a comunicação da ciência entre os próprios pares científicos e deles com a sociedade. Ela se dá das mais variadas formas, através da educação escolar-didática, museus, conferências, jornalismo científico etc. A função inicial da divulgação científica seria a de integrar as várias redes que formam a cultura científica. E também difundir o conhecimento. E ainda, baseando-se no que diz Lévy-Leblond, democratizar as escolhas na área da C&T, permitindo-as que possam ser realizadas pela sociedade.

3. Energia nuclear – uma questão controversa A produção de energia elétrica a partir das usinas nucleares se dá através do processo de fissão nuclear3 do átomo de urânio-235 – também chamado de urânio “enriquecido”, é o principal combustível utilizado nos reatores e pode ser utilizado tanto na geração de energia termelétrica, quanto na produção armas nucleares. A Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) é a responsável pela fiscalização e o controle da produção segura e do destino desse material, de modo a evitar a proliferação de arsenais nucleares. Quem descobriu como liberar a grande energia armazenada no núcleo dos átomos através da fissão nuclear foi o físico italiano Enrico Fermi, que, em 1942, bombardeou pela primeira vez com nêutrons em alta velocidade uma amostra de urânio-235 no primeiro reator nuclear4, montado por ele.

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“A entrada do nêutron no núcleo atômico pesado provoca uma instabilidade que acarreta sua fissão em dois fragmentos compostos de novos núcleos. Essa reação nuclear libera uma quantidade muito grande de energia” (VEIGA, 2011, p. 10). 4 O funcionamento dos reatores ocorre de forma similar ao processo de produção termelétrica convencional, diferenciando-se apenas pelo combustível utilizado (urânio-235) e na forma de produzir calor (através da fissão nuclear em cadeia de forma controlada): o vapor d’água gerado em alta pressão se expande e aciona uma turbina que movimenta um gerador elétrico acoplado ao seu eixo. O vapor, que sai da turbina em baixa pressão, é resfriado, condensado, e novamente aquecido, reiniciando o ciclo térmico (VEIGA, 2011, p. 12).

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A evolução dos reatores nucleares para geração de energia termoelétrica e de outros usos, como diagnósticos médicos e tratamento de câncer, foi bastante oscilante durante o século XX. Os reatores começaram a entrar em operação no início dos 1960 e tiveram seu primeiro ápice em 1974, com 23 unidades e capacidade aproximada de 15 gigawatts elétricos. Eles Sofreram duas quedas decorrentes dos dois principais acidentes nucleares ocorridos até então: Um em Three Mile Island, nos EUA, em 1979; o outro, em Chernobyl, no ano de 1986. Antes do segundo acidente, ocorreu uma retomada que atingiu um máximo histórico em 1985, com mais de 30 novos reatores, correspondentes a mais de 30 GWe. Goldemberg e Lucon (2011) nos trazem alguns dados dos últimos anos: Muita informação sobre o futuro da energia nuclear baseia-se em especulação. Dados quantitativos e qualitativos, copilados por Schneider e colaboradores (Schneider et AL., 2009), constataram, em 2007, um declínio no número de reatores nucleares. As unidades “em construção” também são decrescentes: no pico da indústria, em 1979, havia 239 reatores sendo construídos. Em 1987, eram 120. Em 2008, desde o início da era comercial da energia nuclear (1950), nenhum reator novo foi conectado à rede elétrica no mundo. Desde agosto de 2007, nenhum reator iniciou suas operações (Cernavoda-2 conectou-se após 24 anos de construção). Em 1º de agosto de 2009, apenas 144 unidades operavam nos 27 Estados-membros europeus (contra 177 em 1989). A capacidade instalada e a energia gerada, não obstante os avanços de eficiência, também vêm decrescendo (0,5% em 2008). Dos 31 países operando energia nuclear, 27 diminuíram sua parcela total da matriz – apenas Eslováquia, Lituânia, República Tcheca e Romênia ampliaram a participação. A média de idade em operação no mundo é de 25 anos. (GOLDEMBERG; LUCON, 2011, p. 116-117)

Quanto à segurança operacional dos reatores, existem três pontos principais de discussão. O primeiro é a possibilidade de vazamento de radiação e seus riscos para a saúde humana e para o meio ambiente próximo às usinas, por isso, elas geralmente possuem várias barreiras, como os envoltórios dos prédios, compostos de concreto e aço. A segunda preocupação é o risco de perda de controle da fissão nuclear que possa gerar uma reação desgovernada, com alta geração de calor. Para isso, existe um grande reservatório de água borada que pretende obter o desligamento do reator e mantê-lo coberto com água para seu resfriamento. Um terceiro ponto ainda, diz respeito aos rejeitos radioativos: Não há solução definitiva para esse problema da disposição dos rejeitos (lixo) de alta radioatividade. A solução mais cogitada tem sido o depósito em rochas que estão a centenas de metros abaixo da superfície, onde ficariam por

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Porém, para além dessas três preocupações com a segurança operacional, outros aspectos abastecem a controvérsia acerca da utilização da energia nuclear. Durante a segunda metade do século passado, os movimentos ambientalistas e socioambientais começam a se opor fortemente, primeiro, aos armamentos nucleares e, depois, à geração de energia elétrica e à mineração de urânio. Entretanto, alguns ambientalistas se converteram em favor da energia nuclear de acordo com Veiga (2011). Entre eles, a ex-editora da revista New Yorker, Gwyneth Cravens, que atribuiu sua mudança a duas razões: “carga de base” (baseload) e “pegada” (footprint). O primeiro se refere ao fato de que a energia nuclear, assim como a fóssil e a hídrica, tem uma produção contínua e garante “energia firme na base do sistema”, diferente das energias eólica e solar, que são intermitentes. Já com “pegada”, ela aponta o espaço necessário para se construir uma usina que produza cerca de 1000 megawatts (1 km²), que se fossem gerados por energia eólica, exigiriam 600 vezes mais área, e, se por solar, 150 vezes mais. Tão ou mais significativa é a diferença de volume entre o lixo atômico e o lixo do carvão. O primeiro caberia em uma latinha de refrigerante, se a referência fosse todo o consumo de eletricidade do tempo de vida de um indivíduo que só usasse nuclear. Comparativamente, o carvão atingiria 69 toneladas de lixo sólido, mais 77 toneladas de emissões de dióxido de carbono. (VEIGA, 2011, p. 22)

Contudo, não é por isso que devemos levar esses argumentos como absolutos e a tomar a discussão como encerrada. Existem alguns aspectos obscuros quanto à geração de poluentes se formos levar em conta todas as fases da produção da energia, incluindo as etapas anteriores e posteriores à operação da usina, onde há a emissão de carbono, embora não exista concordância entre as avaliações das emissões de toda essa cadeia, além das questões relativas à segurança operacional. Há, ainda, o alto custo, o qual ainda existe muita divergência quanto ao total de gastos dos processos e a “decorrente inevitabilidade dos subsídios públicos para que ela

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se viabilize”, e, também, a preocupação com a proliferação de armamento nuclear e sua utilização por grupos terroristas (VEIGA, 2011; GOLDEMBERG; LUCON, 2011). A discussão sobre a utilização ou não da energia nuclear ainda deve se desenrolar durante muitos anos. Principalmente porque as escolhas que a humanidade fará quanto à produção e consumo de energia serão decisivas para o futuro do planeta.

4. A teoria do enquadramento e a metodologia de análise A noção de enquadramento (framing) surge na sociologia a partir de um conceito de Erving Goffman, em sua obra Frame Analysis (1974). Ele vai dizer que os indivíduos, para interagir com o mundo ao seu redor, vão utilizar elementos interpretativos (frames) que são construídos a partir de sua vivencia em sociedade. Através dos frames ele vai entender o que se passa a sua volta. Ao presenciar uma situação, este indivíduo vai acessar esses elementos interpretativos que vão ajudá-lo na construção dos sentidos. Todd Gitlin, em sua obra de 1980, The whole world is watching, vai sistematizar e dar uma definição mais clara ao conceito aplicado nos meios de comunicação: Os enquadramentos da mídia [...] organizam o mundo tanto para os jornalistas que escrevem relatos sobre ele, como também, em um grau importante, para nós que recorremos às suas notícias. Enquadramentos da mídia são padrões persistentes de cognição, interpretação e apresentação, de seleção, ênfase e exclusão, através dos quais os manipuladores de símbolos organizam o discurso, seja verbal ou visual, de forma rotineira. (GITLIN, 1980, p. 7; apud PORTO, 2004)

De acordo com Entman (1993), o modo como o enquadramento reforça algumas palavras e imagens destaca algumas ideias no texto, mas deixa em um plano menos visível outras, e algumas ficam invisíveis. No entanto, essas orientações direcionadas pelos enquadramentos são quase imperceptíveis já que soam naturais, e que se tornam visíveis somente ao comparar com outros textos de enquadramentos diferentes. Para identificarmos os enquadramentos presentes na cobertura do jornal Folha de S. Paulo sobre o desastre nuclear ocorrido no Japão em março de 2011, adotamos a metodologia baseada na análise de conteúdo. Ela é definida por Herscovitz (2007) da seguinte forma: método de pesquisa que recolhe e analisa textos, sons, símbolos e imagens impressas, gravadas ou veiculadas em forma eletrônica ou digital encontradas na mídia a partir de uma amostra aleatória ou não dos objetos estudados com

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:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: o objetivo de fazer inferências sobre seus conteúdos e formatos enquadrandoos em categorias previamente testadas, mutuamente exclusivas e passíveis de replicação. A identificação sistemática de tendências e representações obtém melhores resultados quando emprega ao mesmo tempo a análise quantitativa (contagem de freqüências do conteúdo manifesto) e a análise qualitativa (avaliação do conteúdo latente a partir do sentido geral dos textos, do contexto onde aparece, dos meios que o veiculam e/ou dos públicos aos quais se destina). (HERSCOVITZ, 2007, p. 126)

Além disso, tomamos como principal referência os enquadramentos definidos por Gamson e Modigliani (1989). Os autores realizaram uma análise de como o discurso midiático influenciou a opinião pública dos Estados Unidos sobre a energia nuclear no período entre 1950 até o ano em que a pesquisa foi publicada pelos autores. Os pesquisadores desenvolveram tipos de enquadramentos em que classificavam aquele conteúdo presente no discurso midiático, além de também apontarem a frequência de suas ocorrências. Para isso definiram pacotes interpretativos que são construções simbólicas que sugerem ou indicam a ideia central do frame. Eles podem ser palavras utilizadas repetidas vezes, metáforas, imagens e o modo como estão dispostas numa página, por exemplo.

A seguir, em tradução livre, o quadro com

os enquadramentos utilizados por eles e seus respectivos dispositivos invisíveis (raciocínios) que compõem os pacotes interpretativos: Quadro 1 – Enquadramentos apontados por Gamson e Modigliani (1989) Enquadramentos Progresso – enquadra a temática nuclear a partir do ponto de vista tecnológico e científico, como um indicador de desenvolvimento.

Independência energética – enquadra a temática nuclear a partir do ponto de vista político, no que diz respeito a autossuficiência

Dispositivos - Sempre há uma parcela da população que resiste ao desenvolvimento tecnológico, enxergando apenas os problemas que podem vir a ocorrer e ignorando os benefícios; - Resistência à energia nuclear é a versão mais atual do medo do progresso e das mudanças; - O desenvolvimento da energia nuclear pode não ser livre de problemas, mas estes podem ser resolvidos no futuro, como ilustra a história do progresso tecnológico; - A falha no desenvolvimento da energia nuclear irá retardar o crescimento da economia e nos fará renegar nossa obrigação para com os pobres e as futuras gerações; - Se os ambientalistas nos impedirem de seguir em frente com a energia nuclear, as próximas gerações terão um futuro sombrio em que culparão as antigas gerações por não terem feito algo que pudesse impedir a falta de energia. - a questão é o quanto a dependência de energia essencial de fontes estrangeiras podem fazer os países dependentes vulneráveis à chantagem política;

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Barganha do diabo – enquadra a temática nuclear da ideia de que a produção de energia nuclear traz benefícios e desenvolvimento e não se pode abrir mão da mesma, no entanto, deve se ter consciência de que há um alto preço a se pagar, mais cedo ou mais tarde.

Fuga – enquadra a temática nuclear a partir da ideia de que a sociedade desenvolveu a energia nuclear sem saber seus reais efeitos ou sem ter completo domínio sobre ela, gerando medo, desorientação em situações de crise.

Responsabilidade pública – enquadra a temática nuclear a partir da prestação de contas públicas que as autoridades e empresas responsáveis por administrar as usinas nucleares têm de fazer à população, mas que, na maioria, das vezes omite ou repassa informações de forma confusa e ineficiente.

- A energia nuclear deve ser compreendida a partir deste contexto maior que envolve a independência energética; -Para adquirirmos independência, devemos desenvolver e usar toda forma de energia alternativa, incluindo aí a energia nuclear; - A energia nuclear, além do petróleo produzido em território nacional, o gás natural e o carvão continuam a ser as únicas alternativas práticas em relação a uma dependência prática e humilhante de estrangeiros, particularmente, as fontes do Oriente Médio. Estas fontes externas são instáveis e não confiáveis e são susceptíveis de fazerem exigências políticas inaceitáveis. - A energia nuclear passa a ser uma barganha com o diabo; - Há claros benefícios como eletricidade inesgotável e fornecimento de energia independente. Mas cedo ou tarde, haverá um terrível preço a se pagar; - Nós estamos condenados se fizermos, e também se não fizermos; - E quanto mais profundo nós vamos, mais difícil é de sair. - Não sabíamos em que nós estávamos nos metendo quando começamos a desenvolver a energia nuclear. Agora que estamos comprometidos com isso, iremos pagar um preço, cedo ou tarde, de dimensão ainda desconhecida; - Ela se tornou uma força em si mesma, para além da ação humana, um gênio poderoso que tem sido invocado e agora não pode ser forçado a voltar para sua lâmpada; um Frankstein que agora vai de encontro ao seu criador; - A energia nuclear não é uma simples forma de energia que pode ser analisado apenas sob o ponto de vista do custo-benefício; - A radiação é invisível e podemos estar expostos a ela sem sabermos; podemos não perceber seus efeitos imediatamente, mas estes podem ser letais num momento futuro; - Radiação pode provocar mutações grotescas; - Na visão religiosa, os seres humanos têm brincado de Deus ao mexer com forças da natureza e do universo; - Aquele que semeia o vento, colhe tempestade. - A raiz do problema é a organização da produção nuclear por corporações que só pensam em lucrar, o que minimiza sua prestação de contas e seu controle pelo público; - Os Porta-vozes da indústria nuclear são motivados a proteger seus próprios interesses econômicos, não o interesse público; - Não se pode confiar no que eles dizem; - Funcionários destas companhias frequentemente são desonestos, gananciosos e arrogantes; - A indústria nuclear tem usado o poder político e econômico para minar a exploração séria de alternativas energéticas;

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Não é rentável – enquadra a temática nuclear a partir da análise de custos e benefícios que a energia nuclear pode oferecer.

Caminhos alternativos – enquadra a temática nuclear a partir da discussão de que essa forma de energia não é benéfica ao meio ambiente e que existe melhores fontes de energia renováveis que sejam mais seguras e limpas.

- Funcionários públicos, que deveriam monitorar as atividades da indústria, são escravos da mesma. Eles funcionam mais para proteger a indústria do que para proteger a população. - Levando-se em conta os custos e os atrasos da produção de energia nuclear, esta não se mostra uma boa opção quando comparada com outras alternativas; - A energia nuclear se tornou um “limão”, por culpa de ninguém em particular, e seria uma tolice investir dinheiro e apoiar o desenvolvimento da energia nuclear, não sendo esta considerada a melhor opção energética. - A energia nuclear nos presenteia com a oportunidade de escolhermos que tipo de sociedade queremos ser: Desejos continuar um estilo de vida que desperdiça energia, se baseia em tecnologias altamente centralizadas e é insensível às consequências ecológicas? Ou queremos nos tornar uma sociedade mais harmônica com a natureza? - A energia nuclear se baseia no tipo errado de tecnologia – centralizada e perigosa para a ecologia do planeta; - Nós precisamos buscar alternativas; - Nós deveríamos mudar nosso estilo de vida o quanto antes e desenvolver fontes de energia que sejam seguras para o meio ambiente, renováveis e que se prestam de forma descentralizada – por exemplo, energia solar, eólica e hidroelétrica.

Utilizando os enquadramentos da tabela acima, foi realizada a análise de 103 textos jornalísticos presentes nas edições do jornal Folha de S. Paulo, entre o período de 12 de março até 12 de abril de 2011. Cada texto corresponde a uma unidade de análise. Os seguintes gêneros jornalísticos foram estudados: Notícia, Reportagem, Artigo de análise, Editorial e Entrevista. As editorias selecionadas para observação durante a pesquisa são as de Mundo, Opinião (aqui só foram analisados os editoriais), Cotidiano (ou Nacional), Ciência e tecnologia. É importante ressaltar a existência de textos que foram analisados mas não foi possível identificar nenhum dos enquadramentos trabalhados na pesquisa. As classificamos, portanto, como “Outros”.

5. Discussão dos resultados Além de analisarmos o texto jornalístico, identificamos três tipos de atores predominantes na cobertura: autoridades, especialistas e sociedade civil. É curioso notar a falta de atores ambientalistas, sejam ativistas ou representantes de Ongs, embora tenham

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sido identificados atores que simpatizavam com o discurso ambientalista e registros de protestos ecológicos em alguns países. Dentro de um texto jornalístico, os enquadramentos podem surgir individualmente ou não, o mesmo acontece no modo como os atores são enquadrados no texto jornalístico. Identificamos os frames predominantes nos textos a partir do enfoque dado nas matérias e nos outros gêneros estudados. Conforme o texto tangenciasse outras temáticas e estas se encaixassem com a proposta dos pacotes dos enquadramentos, também os registramos. No gráfico a seguir, apresentamos em quantas unidades de análise foram registradas a ocorrência dos frames, lembrando-se que mais de um tipo enquadramento pode ocorrer num texto jornalístico. Não contamos a quantidade de vezes que eles surgem em cada texto e nem nos atores, mas apenas em quantos textos aquele enquadramento surge – esses outros dados se encontram mais a frente em outro gráfico.

Como podemos observar, o enquadramento de Fuga foi predominante na maioria das matérias jornalísticas. Em sua maioria, os textos noticiavam sobre as ameaças de contaminação a partir do vazamento das usinas nucleares danificadas e suas explosões, enquanto operários se arriscavam nas usinas sofrendo excessivas doses de radiação na

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tentativa de conter o superaquecimento dos materiais combustíveis e reparar danos nas usinas. Palavras-chave como ‘medo’, ‘ameaça’, ‘desastre’, ‘catástrofe’, além de notícias sobre nuvens com partículas radioativas, contaminação de alimentos, foram bastante frequentes no jornal. A população sempre aparece em ‘pânico’, ‘confusa’, se afastando cada vez mais da região afetada. Alguns países europeus começam a aconselhar que seus cidadãos saiam do Japão. Nas notícias, grande parte da desorientação na população é provocada exatamente pelo conflito e incerteza das informações veiculadas na imprensa mundial e divulgadas pelas fontes oficiais. Algo similar aconteceu na pesquisa de Gamson e Modigliani (1989). Até a década de 1970, o enquadramento predominante no discurso midiático era o de Progresso e de Independência energética, mas após os acidentes em Three Mile Island, em 1979, nos Estados Unidos, e em Chernobyl, em 1986, na Ucrânia – na época, ainda parte da União Soviética – surgiram os outros enquadramentos, sendo que o de Fuga foi identificado como predominante no período dos dois acidentes, tanto nos programas de TV quanto nas revistas noticiosas que os autores estudaram. Em seguida vem o enquadramento de Responsabilidade Pública. Na cobertura, este foi determinado na maioria das vezes pela falta de precisão das informações prestadas pelas autoridades japonesas e pela empresa responsável pela usina danificada, a Tepco, que inclusive, ao longo do período analisado, é alvo de acusações e denúncia de irregularidades e relatórios de segurança falsificados, gerando assim, mais polêmica ainda em torno do assunto. As incertezas fizeram com que autoridades de outras nações e especialistas criticassem o país pela ineficiência em gerir a crise nuclear com clareza, o que originou nas notícias muita cobrança de informações no modo como os atores foram enquadrados. Outro ponto a se observar, relacionando nossos resultados com os encontrados na pesquisa de Gamson e Modigliani, é que este enquadramento de Responsabilidade Pública surge como o segundo mais frequente em nossos textos estudados, diferente da pesquisa dos outros dois autores, onde ele fica atrás do frame Progresso. Em nosso trabalho, este enquadramento surgiu, na maioria das vezes, nas falas das autoridades que representavam países a favor da energia nuclear ou de especialistas

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que tentavam defender a ideia de que um acidente como o de Fukushima acontecesse de novo em outra usina era quase nula, já que aquela apresentava uma tecnologia de segurança já ultrapassada etc. Os frames Não é rentável e Independência energética surgiram mais em discussões quanto a utilizar ou não a energia nuclear. Foi mais frequente em matérias sobre a decisão de alguns países de fechar usinas e encerrar seus planos de energia nuclear. Os enquadramentos Barganha do diabo e Caminhos alternativos surgiram poucas vezes, sendo que o primeiro aparece mais na fala de especialistas, enquanto o segundo ficou mais equilibrado entre os atores. A seguir mais um gráfico que ilustra a quantidade de vezes que cada um dos atores apresentou os enquadramentos, assim como o próprio texto jornalístico. É importante ressaltar que, em um texto jornalístico, mais de um tipo enquadramento pode aparecer tanto no próprio texto quanto nos atores presentes no mesmo:

Podemos observar que a proporção com que os enquadramentos surgem nos atores é proporcional aos dados do primeiro gráfico, com os enquadramentos de Fuga e Responsabilidade pública aparecendo como predominantes, o que sintetiza a ideia de temor e cobrança por mais clareza nas informações em todos os atores ao longo da cobertura.

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A distribuição é mais equilibrada nos atores autoridades e sociedade civil, que apresentam uma quantidade aproximada entre os dois tipos de enquadramentos – sendo que na situação das autoridades, o enquadramento de Progresso surge em mesmo número do de Responsabilidade pública. Ocorre algo similar com os Especialistas, enquadrados numa quantidade de vezes aproximada com os frames Progresso e Responsabilidade pública.

6. Considerações finais A partir dos dados apresentados e discutidos acima, notamos que os textos jornalísticos da cobertura midiática do jornal Folha de S. Paulo, durante o período analisado, apresentaram enquadramentos predominantes de Fuga e Responsabilidade pública. Podemos sugerir que isso tanto retratava a opinião pública no período estudado quanto a influenciava já que havia grande confusão e temor entre a população mundial, possivelmente pelo conflito entre o que se era noticiado nos meios de comunicação e as informações oficiais liberadas pelas autoridades japonesas. O fato do governo japonês tentar minimizar, ainda no início da cobertura, os impactos dos primeiros danos na usina e do consequente vazamento radioativo, provavelmente colaborou bastante para a desconfiança da população quanto à capacidade do governo gerir à crise. Desconfiança esta que se agravou quando foram descobertas as irregularidades da Tepco, empresa responsável pelas usinas afetadas. Numa eventual pesquisa posterior, é indicado realizar uma comparação mais aprofundada dos resultados com os do trabalho realizado por Gamson e Modigliani. É claro, fazendo ressalvas de que os momentos históricos vivenciados, os locais onde as pesquisas foram realizadas, e também a proporção das mesmas são bastante diferentes. Fica a sugestão de, no futuro, uma versão mais ampliada da pesquisa tentando englobar um período maior e mais de um veículo noticioso.

Referências COLLING, Leandro. Agenda-setting e framing: reafirmando os efeitos limitados. Revista FAMECOS, Porto Alegre, nº 14, p. 88-101, abril/ 2001.

SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 2º Encontro Nacional de Jovens Pesquisadores em Jornalismo Curitiba – Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Novembro de 2012

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