Ensaio de cultivares de alface em Campo Grande-MS

June 3, 2017 | Autor: Valdemir Laura | Categoria: Experimental Design, Field Experiment, Congresso, Plant Height, Lactuca Sativa L
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Ensaio de cultivares de alface em Campo Grande – MS. 1

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Juliana Gadum ; Valdemir Antonio Laura ; Enrico Guzzela ; Marlos Ferreira Dornas 1 Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal/UNIDERP – Rua Ceará, 333, 2 Miguel Couto, CEP 79003-010, Campo Grande – MS [email protected]; Embrapa Gado de Corte, 3 CNPGC, Campo Grande – MS [email protected]; Aluno de Graduação do Curso de 4 Agronomia da UNIDERP [email protected]; Técnico agropecuário da UNIDERP.

RESUMO Com o objetivo de avaliar a produtividade de diferentes cultivares de alface (Lactuca sativa L.) sob condições edafoclimáticas de Campo Grande-MS, foi instalado um experimento de campo, na horta Experimental e Didática no Campus III da UNIDERP em cultivo de outono (março-maio/2006). O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com nove tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos constituídos pelas cultivares: ‘Rubra’ e ‘Mariane’ (“crespas”), ‘Daniele’, ‘Carla’ e ‘Luisa’ (“lisas”) e ‘Lady’, ‘Tânia’, ‘Julia’ e ‘Ryder’ (“americanas”). Para as cultivares “lisas” e “crespas” foram avaliadas as seguintes características: biomassa fresca, número de folhas e altura do coração. Para as cultivares “americanas”, foram avaliados biomassa fresca total da planta (com a saia), biomassa fresca da cabeça por planta, altura do coração e diâmetro da cabeça. De um modo geral o comportamento das cultivares dos diferentes grupos avaliados apresentaram diferenças estatísticas entre si, mostrando que para a região de Campo Grande, no período avaliado, pode-se recomendar, dentre os grupos crespa e lisa, as cultivares ‘Daniele’, Karla’ e ‘Luisa’. Para o mesmo período, qualquer uma das cultivares americanas avaliadas podem ser cultivadas. ABSTRACT With the aim of to evaluate the productivity of different lettuce cultivars (Lactuca sativa L.) in Campo Grande-MS, a field experiment was carried out, in the experimental field in the Campus III of UNIDERP in autumn cultivation (March-May/2006). The experimental design was in randomized, with nine treatments and four repetitions. The treatments were constituted by cultivars: ‘Rubra’ and ‘Mariane’ (“curly”), ‘Daniele’, ‘Carla’ and ‘Luisa’ (“flat") and ‘Lady’, ‘Tânia’, ‘Julia’ and ‘Ryder’ (“american”). In the “flat” and “curly” cultivars they were evaluated the following characteristics: fresh biomass, number of leaves and height of the heart. For the “american” cultivar they were evaluated biomass fresh total of the plant (with basal leaves [skirt]), fresh biomass of the head for plant, height of the heart and diameter of the head. In general, there were statistical differences between evaluated groups, then in the Campo

Grande region, in the evaluated period, it can be recommended, among the “curly” and “flat” groups, the following cultivars ‘Daniele’, ‘Karla’ and ‘Luisa’. For the same season, anyone of the evaluated cultivars from the “american” group can be cultivated. A alface (Lactuca sativa L.) é uma espécie mundialmente conhecida e considerada a mais importante hortaliça folhosa (Fernandes & Martins, 1999) e de maior aceitação pelo consumidor. Apenas no Estado de São Paulo, o principal estado produtor do Brasil, a área cultivada em 1999 foi de 8.337 ha, produzindo cerca de 85 mil toneladas (Camargo Filho & Mazzei, 2000). Em Mato Grosso do Sul, até o momento, não há registros de informações quantificando esses valores. Mas sabe-se que quase a totalidade de alface consumida no estado é importada do Estado de São Paulo, sendo mínima a produção desta, ou de outras hortaliças, por produtores locais ou regionais. No Estado do Mato Grosso do Sul, dentre os vários fatores que influenciam a produção e qualidade das hortaliças, em especial da alface, as altas temperaturas associadas a um fotoperíodo de até 13 horas no período de primavera-verão, dificultam a produção comercial, uma vez que ocorre o desenvolvimento da parte reprodutiva precocemente. Por outro lado, também não existem ensaios, no estado, avaliando os diversos

materiais

comerciais

das

várias

hortaliças

disponíveis

no

mercado

e,

conseqüentemente, não há recomendações, aos atuais e potenciais produtores de hortaliças, de quais materiais são os mais indicados para cultivo nas condições edafoclimáticas de Mato Grosso do Sul. Assim, o desenvolvimento de práticas de cultivo de hortaliças de folhas e flores durante a primavera-verão, bem como a avaliação de materiais mais adaptados ao Estado de Mato Grosso do Sul, permitirão a obtenção de produtos de melhor qualidade e reduzirá os problemas de sazonalidade destas hortaliças, uma vez que as condições edafoclimáticas da região são diferenciadas e parcialmente adversas à produção comercial das principais espécies de hortaliças consumidas. Neste trabalho teve-se o objetivo de avaliar diferentes cultivares de alface, dos grupos lisa, crespa e americana, nas condições edafoclimáticas de Campo Grande – MS. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Horta Experimental e Didática no Campus III da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal (UNIDERP),

localizada no município de Campo Grande – MS, latitude 20o26’34”S, longitude 54o38’47”W, altitude de 532 m e clima na faixa de transição entre o sub-tipo Cfa-mesotérmico úmido, num NEOSSOLO-QUARTZAÊRENICO. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com nove tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos constituídos pelas cultivares: ‘Rubra’ e ‘Mariane’ (pertencentes ao grupo das crespas), ‘Daniele’, ‘Carla’ e ‘Luisa’ (grupo das lisas) e ‘Lady’, ‘Tânia’, ‘Julia’ e ‘Ryder’ (grupo das americanas). As cultivares foram semeadas em 17 de março de 2006 em bandejas de poliestireno expandido com 128 células, preenchidas com substrato comercial Plantimax®. Conforme análise de solo, foi utilizado para adubação 1,5 kg.m-2 de esterco de galinha, 10 g.m-2 de Super Fosfato Simples e 10 g.m-2 de Cloreto de Potássio. Os canteiros foram feitos manualmente, parcela de 1,0 m de largura por 10,5 m de comprimento. As mudas foram transplantadas 25 dias após a semeadura (DAS), quando apresentavam cerca de quatro folhas verdadeiras. O espaçamento utilizado foi de 0,30 m entre plantas e entre linhas no canteiro e 0,7 m entre canteiros. Foram realizadas adubações de cobertura (10 g.m-2) a lanço com Sulfato de Amônio, aos 7, 14 e 21 dias após transplante das mudas. As plantas foram colhidas de acordo com informações do produtor de sementes de cada material, porém antes de ser observada a emissão de pendão floral. Para as cultivares do grupo lisa e crespa foram avaliadas as seguintes características: biomassa fresca, número de folhas e altura do coração. Para as cultivares do grupo das americanas, foram avaliados biomassa fresca total da planta (com a saia), biomassa fresca da cabeça por planta, altura do coração e diâmetro da cabeça. Os dados foram submetidos a análise de variância e, para os tratamentos que apresentaram diferença estatística significativa, foi realizado teste de média (Tukey à 5% de probabilidade). RESULTADOS E DISCUSSÃO Para as cultivares dos grupos crespa e lisa, observou-se diferença estatística significativa nas médias das variáveis avaliadas. Para a característica biomassa fresca as cultivares ‘Luisa’, ‘Daniele’, ‘Karla’ não diferiram entre si, porém diferindo significativamente da cultivar ‘Rubra’ (P < 0,000369) (Tabela 1). Para número de folhas e altura do caule, as cultivares ‘Luisa’, Daniele’, ‘Karla’ não diferiram entre si, no entanto diferiram das cultivares ‘Rubra’ e ‘Mariane’. O desenvolvimento da alface é bastante influenciado pelas condições ambientais. Temperaturas acima de 20ºC estimulam o seu pendoamento, que é acelerado à

medida que a temperatura aumenta. Dias longos associados a temperaturas elevadas, aceleram ainda mais o pendoamento, mas há variação de comportamento entre cultivares (Viggiano, 1998). Esses resultados mostram que houve diferença, para as características avaliadas, entre os materiais dos diferentes grupos, onde as cultivares do grupo das alfaces lisas apresentaram maior biomassa fresca, maior número de folhas porém também maior altura do coração, o que pode indicar maior precocidade no pendoamento devido as altas temperaturas que ocorrem na região, mesmo durante o outono. Já as do grupo das crespas, foram mais leves, uma menor inserção de folhas, porém com menor altura do coração. As cultivares do tipo Americana não diferenciaram entre si significativamente, conforme mostra a Tabela 2. Segundo Jackson et al. (1999) a alface americana requer como temperatura ideal para o desenvolvimento, 23ºC durante o dia e 7ºC à noite. Temperaturas muito elevadas podem provocar queima das bordas das folhas externas, formar cabeças pouco compactas e também contribuir para ocorrer deficiência de cálcio, conhecida como “tipburn”. Foi observada falta de compacicidade em todos os materiais, o que, provavelmente, ocorreu devido a temperaturas elevadas observadas na época de condução do experimento. Entretanto, Waycott (1995) mostrou que a temperatura isoladamente não induziu a alface ao pendoamento. Para o período avaliado, pode-se recomendar, dentre os grupos crespa e lisa, as cultivares ‘Daniele’, Karla’ e ‘Luisa’. Para o mesmo período, quaisquer uma das cultivares americanas avaliadas podem ser cultivadas. Tabela 1. Médias da biomassa fresca (g), número de folhas e altura do caule (cm) para cultivares de alface dos grupos crespa e lisa. Campo Grande –MS, março-maio, 2006. Biomassa Fresca Tratamento Rubra 148,0 b Mariane 218,1 ab Daniele 279,8 a Karla 265,5 a Luisa 288,0 a Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si.

Número de Folhas 14,9 b 15,8 b 36,4 a 32,7 a 33,1 a

Altura do Caule 3,3 b 3,0 b 4,4 a 4,2 a 4,1 a

Tabela 2. Médias da biomassa total (BT), biomassa da cabeça (BC), altura do coração (AC) e diâmetro da cabeça (DC) para cultivares de alface do grupos americanas. Campo Grande – MS, março-junho, 2006. BT (g) BC (g) Tratamento Lady 836,05 a 482,72 a Tânia 832,90 a 552,27 a Julia 912,92 a 459,37 a Ryder 827,70 a 508,15 a Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si.

AC (cm) 3,90 a 5,55 a 4,22 a 4,27 a

DC (cm) 13,57 a 15,12 a 12,67 a 14,25 a

LITERATURA CITADA CAMARGO FILHO, W.P.; MAZZEI, A.R. Abastecimento de legumes: tendência de preços. Informações Econômicas, v.30, n.10, 2000. FERNANDES, H.S., MARTINS, S.R. Cultivo de alface em solo em ambiente protegido. Informe agropecuário, v.20, n.200/201, p.53-56, set./dez., 1999. JACKSON, L.; MAYBERRY, K; LAEMMLEN, F. KOIKE, S; SHLUBACK, K. Iceberg lettuce production in California. Disponível 1999 : http://anrcatalog.ucdavis.edu/pdf/7215.pdf WAYCOTT, W. Photoperiodic response of genetically diverse lettuce accessions. Journal of American Society for Horticultural Science, v. 120, n.3, p. 460-467, 1995. VIGGIANO, D.L. de. Sistema Integrado de Produção Agroecológica (“Fazenda Agroecológica km 47”). In: Encontro Nacional sobre Produção de Hortaliças, I. Vitória, 1998, p. 77-94.

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