Ensaio sobre a dialética como a desnaturalização da Forma-Dinheiro n\'O Capital de Karl Marx: A forma-dinheiro, a essência, o tempo e a dominação social

June 3, 2017 | Autor: Rogério Perito | Categoria: Political Economy, Marxist political economy, Theories of Money
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Ensaio sobre a dialética como a desnaturalização da Forma-Dinheiro n’O Capital de Karl Marx: A forma-dinheiro, a essência, o tempo e a dominação social. Rogério Vincent Perito1

RESUMO Este ensaio pretende apresentar a teoria do dinheiro desenvolvida n’O Capital, de Karl Marx. Propomos que a lógica dialética permite uma exposição de desnaturalização da forma-dinheiro, visto que não se trata simplesmente de uma teoria monetária crítica, mas uma teoria que desvenda uma forma que é parte constitutiva da dominação social do capital, por meio da combinação do tempo e da essência desta totalidade social – o trabalho.

Introdução: A gênese do dinheiro em Marx

As mercadorias não podem ir por si mesmas ao mercado e trocar-se uma pelas outras. Temos, portanto, de nos voltar para seus guardiões, os possuidores de mercadorias. (MARX, 2013, p. 159)

Parafraseando Marx: O difícil não é compreender o dinheiro como mercadoria, mas compreender como, por que e por meio de qual intermediação uma mercadoria é dinheiro. A lógica do “processo de troca” é iniciada pela alienação da coisa que pertence ao proprietário em um movimento de vontade recíproca de proprietários que alienam sua mercadoria com vontade de apropriar-se de uma mercadoria ofertada por outro, em um movimento de alienação generalizada e apropriação generalizada. São senhores que se reconhecem como “proprietários privados”. São relações jurídicas via contrato2, relações sob a totalidade social capitalista que representam a produção da

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Economista e mestrando na Faculdade de Saúde Pública/USP, orientado pelo Prof. Dr. Aquilas Mendes. Para contato: [email protected] 2 “...O "contrato social" de Rousseau, que estabelece conexões e laços entre sujeitos independentes por natureza, tampouco se baseia em tal naturalismo. Este naturalismo não é senão a aparência, e aparência puramente estética, das grandes e pequenas robinsonadas. Na realidade, trata-se antes de uma antecipação da "sociedade civil", que se preparava desde o século XVI e que no século XVIII marchava a passos de gigante para a maturidade. Nesta sociedade de livre concorrência, cada indivíduo aparece desligado dos laços naturais, etc.,

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vida humana sob a forma social do trabalho alienado e da propriedade privada3. As relações sociais que se apresentam como relações de troca são executadas por proprietários, como possuidores de mercadoria. Nesse sentido, a reificação das relações sociais de produção é a forma de relação social dominante e faz parte da trama do processo de troca. Postone, quando apresenta as bases do projeto denominado por Rumo à construção da crítica marxiana: o capital, lembra-nos de que de modo geral, ela [a forma mercadoria] cria um mundo de sujeitos e um mundo de objetos. Esse desenvolvimento sociocultural prossegue com o desenvolvimento da forma-dinheiro (POSTONE, 2014). A mercadoria deverá possuir valor de uso social ou, especificando melhor, a mercadoria deve possuir valor de uso para os seus não proprietários; e para o seu proprietário o único valor de uso que ela possui é ser valor4. Eis a dialética, a mercadoria deve realizar-se como valor antes de ser valor de uso, mas, para ocorrer a realização do valor, ela deve provar antes que possui valor de uso. Voltemos nosso olhar para o duplo caráter do trabalho. O dispêndio de trabalho em uma mercadoria deve ser trabalho útil, mas útil para outros. E se o trabalho é realmente útil para outros, teremos como demonstração a troca realizada, mas a troca só é realizada pela substância do valor da mercadoria. O trabalho abstrato é que permite a permutabilidade entre objetos qualitativamente distintos, mas quantitativamente iguais ou comparáveis. Já a troca, por sua vez, é social e não é social, é individual e não é individual. Ora, um possuidor de uma mercadoria quer aliená-la por algo que atenda aos seus desejos, e, nesse sentido, a troca é individual. Mas o mesmo possuidor quer realizar sua mercadoria enquanto valor e trocá-la por outra mercadoria que possua o mesmo valor que a sua, sem querer saber se ela possui ou não valor de uso para o comprador. Nesse sentido, a troca é “genericamente social” ou um “processo social geral”.

que, em épocas históricas anteriores, faziam dele parte integrante de um conglomerado humano determinado e circunscrito...” (MARX, 2007, livre trad.) 3 Agora temos, portanto, de conceber a interconexão essencial entre a propriedade privada, a ganância, a separação de trabalho, capital e propriedade da terra, de troca e concorrência, de valor e desvalorização do homem, de monopólio e concorrência etc, de todo este estranhamento [alienação] (Entfremdung) com o sistema do dinheiro. (MARX,2012, p.80) 4 Leveller [niveladora] e cínica de nascença, ela se encontra, por isso, sempre pronta a trocar não apenas sua alma, mas também seu corpo com qualquer outra mercadoria, mesmo que esta seja munida de mais inconveniencias do que Maritornes. Só à mercadoria falta esse sentido para a percepção da concretude dos corpos de mercadorias, o possuidor de mercadoria preenche essa lacuna por meio com seus cinco ou mais sentidos. (MARX, 1988, p. 80)

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Para todo possuidor de mercadoria, a mercadoria de outrem é sempre equivalente particular, sendo assim, o equivalente geral das demais mercadorias é sempre a sua própria mercadoria. Mas como este processo de entendimento é generalizado, nenhuma mercadoria é equivalente geral, logo nenhuma mercadoria possui a “forma valor geral relativa”. Sendo assim, torna-se inviável o confronto de mercadoria para mercadoria, senão de “produtos ou valores de uso”5. Através da ação social exclui-se uma mercadoria para ser equivalente geral, neste movimento temos o dinheiro6, assim “a essência do dinheiro é socioeconômica, e não natural” (Apud. Paulani & Rotta. Williams 2000, p. 447). Devemos relembrar que a mercadoria torna-se mercadoria no processo de troca, pois a troca é caracterizada por determinada quantidade de valor de uso β, por quantidade de valor de uso α, portanto, os objetos β e α são mercadorias após o processo de intercâmbio entre as duas coisas, eis a realização de uma unidade contraditória de valor e valor de uso. O objeto, para ser valor de troca, deve negar sua forma natural e deve possuir um valor de uso que ultrapasse a necessidade e o interesse de seu proprietário. “As coisas são, por si mesmas, exteriores [externa][äusserlich] ao homem e, por isso, são alienáveis[veräusserlich]”. São produtos que causam a sensação de alienação/estranhamento7 (Entfremdung) ao próprio produtor, devido à forma cindida do trabalho produtor de mercadoria. Neste sentido, nota-se que a teoria do dinheiro de Marx não é apenas uma crítica à teoria monetária dominante de seu tempo, mas uma teoria que colabora em desvendar um tipo de relação de troca e de dominação social.

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Em sua perplexidade, pensam os nossos possuidores de mercadorias como Fausto. No começo era a ação. Eles já agiram, portanto, antes de terem pensado. As leis da natureza das mercadorias atuam através do instinto natural dos seus possuidores. Eles somente podem referir suas mercadorias, umas às outras, como valores, e por isso apenas como mercadorias ao referi-las, antiteticamente, a outra mercadoria como equivalente geral. (MARX, 1988, p. 80) 6

O Cristal monetário é um produto necessário do processo de troca, no qual diferentes produtos do trabalho são, de fato, igualados entre si e, portanto, convertidos em mercadorias. A ampliação e aprofundamento históricos da troca desenvolve-se a antítese entre valor de uso e valor latente na natureza da mercadoria. A necessidade de dar a essa antítese representação externa para a circulação leva a uma forma independente do valor da mercadoria e não se detém nem descansa até tê-la alcançado definitivamente por meio da duplicação da mercadoria em mercadoria e em dinheiro. Na mesma medida, portanto, em que se dá a transformação do produto do trabalho em mercadoria, completa-se a transformação da mercadoria em dinheiro... (MARX, 1988, p. 81) 7

Tal relação de estranhamento recíproco não existe, porém, para os membros de uma comunidade primitiva, tenha ela a forma de uma família patriarcal, de uma antiga comunidade indiana, um Estado Inca etc.. (MARX, 1988, p. 82)

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O moderno modo de produção capitalista impôs como imperativo a produção direcionada a troca, uma produção da vida despreocupada com a satisfação de uma necessidade imediata8. Assim ocorre uma autonomização do valor, o valor de uso de determinado bem é subsumido pelo seu valor de troca, forma aparente do valor. O desenvolvimento da troca formou um equivalente geral que permite a intercambialidade entre todos os objetos, este por sua vez apresenta-se como dinheiro ou cristal monetário [geldkristall], mediador de todas as relações sociais de troca. Porém, trata-se de uma forma dinheiro inédita na história das relações sociais, pois se trata de uma produção social e um processo de troca que ocorrem de maneira generalizada. Nesse sentido, o dinheiro não é neutro e tampouco natural, ele faz parte da trama da dominação social da troca; assim, reafirma-se o dinheiro como um produto socioeconômico. A mercadoria tudo transforma em mercadoria. A mercadoria é uma unidade contraditória que carrega consigo um Midas9 mercantil, que transforma valores de uso em mercadoria. O mesmo espírito conquistador da mercadoria rompe as fronteiras locais e obriga o dinheiro a se metamorfosear em dinheiro mundial, em mercadoria geral e quiçá universal. “Portanto, o enigma do fetiche do dinheiro não é mais do que o enigma do fetiche da mercadoria, que agora se torna visível e ofusca a visão”. Pretende-se neste ensaio refletir sobre dois problemas que envolvem a formadinheiro na teoria desenvolvida n’O Capital, de Karl Marx: i) a aparente contradição entre o desenvolvimento lógico conceitual e o desenvolvimento da forma-dinheiro ao longo da história do capitalismo; e ii) a forma-dinheiro como uma dominação objetiva fora do olho, uma forma que faz parte da trama constitutiva da dominação na forma social do capital. Para isso, propomos debater, inicialmente, o Dinheiro como medida de valor, neste trecho realizamos alguns apontamentos metodológicos adotados por Marx, o desdobramento lógico de sua estrutura conceitual e a capacidade explicativa para a forma hodierna do dinheiro. No trecho seguinte debatemos o Metabolismo social – meio de circulação, o processo do dinheiro como uma “antítese externa”, em outras palavras, 8

A constante repetição da troca transforma-a num processo social regular, razão pela qual, no decorrer do tempo, ao menos uma parcela dos produtos do trabalho tem de ser intencionalmente produzida para a troca. Desse momento em diante, confirma-se, por um lado, a separação entre a utilidade das coisas para a necessidade imediata e sua utilidade para a troca. Seu valor de uso se aparta de seu valor de troca. Por outro lado, a relação quantitativa, na qual elas são trocadas, torna-se dependente de sua própria produção. O costume as fixa como grandezas de valor (MARX, 2013, p. 162/163) 9 Nome grego de Mita, rei de Mushki (Frígia, norte da Ásia Menor), viveu na época de Sargão, rei da Assíria (-722/-705). Uma das lendas que contam a seu respeito é que tudo que ele tocava transformava-se em ouro.

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o objeto desta seção é o salto mortal da mercadoria: um processo automatizado de realização da alienação da forma física em nome da forma social. Na seção posterior, seguindo a lógica expositiva de Marx, apresenta-se o ciclo da mercadoria – o curso do dinheiro. Procura-se desvendar a aparência do movimento do dinheiro, pois na essência temos o movimento da mercadoria, a sagaz capacidade da mercadoria de ser alienável por outra mercadoria. Em seguida, trabalhamos o dinheiro-moeda: expressão de valor. Desmonta-se a falsa ideia de dinheiro natural e neutro a partir de sua existência funcional. O dinheiro-tesouro é a etapa em que é trabalhado o impulso de acumulação contido na própria forma-dinheiro. Ademais, tratamos da forma do dinheiro mundial e meio de pagar – o dinheiro na forma plena de mercadoria, o dinheiro como símbolo fetichizado de riqueza que funcionou como a “artilharia pesada que derrubou as muralhas da China”. Dinheiro – a medida do valor Antes de iniciarmos qualquer debate sobre o dinheiro, lembramos que “a fim de simplificar” Marx estabelece o ouro como mercadoria monetária. Não entraremos no mérito desta premissa, pois como se sabe Marx dialogava com as doutrinas da Currency School e do padrão-ouro, influência de David Ricardo. Após o esfacelamento de Breton Woodsm iniciado pelo rompimento parcial dos Estados Unidos com o padrão dólar-ouro, criou-se uma forma dinheiro (Dinheiroinconversível)10 que radicaliza a autonomização da moeda, colocando a atual formadinheiro em um padrão de reificação qualitativamente superior. Assim, trata-se de compreender que a teoria do dinheiro de Marx tornou-se um verdadeiro nó górdio para o marxismo tradicional, pois existe uma aparente contradição entre a exposição histórica e o desenvolvimento lógico da forma-dinheiro. Nossa hipótese é que a aparente contradição pode ser resolvida a partir de duas frentes: i) a partir do desenvolvimento da própria forma-valor (desenvolvido na seção anterior) e ii) quando se entende esta teoria como parte de um arsenal conceitual que desvenda as tramas da dominação social do Capital (objetivo parcial deste trabalho). Porém, nesta seção desenvolveremos somente 10

A moeda inconversível própria ao sistema monetário mundial pós-1971 está pressuposta nos esquemas de Marx, cabe agora a sua posição. Estava pressuposta porque estava com todas as suas determinações, ainda que não tivesse a determinação posição. Sabemos por Fausto (1987ª) que tanto a Hegel quanto a Marx um conceito pode estar com todas as suas determinações e ainda assim não estar posto. Se em Marx o dinheiro inconversível está pressuposto, sua necessidade objetiva foi posta em 1971. (PAULANI&ROTTA, 2009, p. 610)

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a argumentação elaborada por Marx no Capítulo III – O dinheiro ou a circulação das mercadorias – início da teoria do dinheiro elaborada por Marx, tentando demonstrar que a partir da crítica à realidade efetiva de seu tempo, Marx desenvolve uma estrutura conceitual capaz suportar a negação da forma-dinheiro efetiva de seu tempo, mas com uma estrutura conceitual que se conserva pois traz a autonomização do valor como o seu desenvolvimento lógico. O jogo dialético de negar e conservar traz uma estrutura de identidade semelhante ao apresentado por Hegel em A essência é a imediatidade simples como imediatidade superada. Sua negatividade é seu ser. (HEGEL, 2011, p. 134) Na totalidade social do capital, a luta epopeica da humanidade pela produção e reprodução da vida são relações sociais que merecem uma crítica que coloque a questão do tempo e da essência (o trabalho) como o busílis da crítica. Neste sentido, retoma-se a ideia de que a produção de valor combina o trabalho abstrato e o tempo abstrato, pois o trabalho como substância do valor é quantificado, conforme nos lembra Marx, pelo tempo de trabalho socialmente necessário. Assim, o valor como relação social e manifestação de uma forma de dominação social possui uma tendência a autonomizarse, o resultado lógico é a forma-dinheiro em relação à própria forma-valor. O dinheiro, como medida de valor, é forma necessária de manifestação da medida imanente do valor das mercadorias: o tempo de trabalho. (MARX, 2013, p. 169)

O dinheiro é o mediador de todas as relações sociais e para Marx o ouro fornece para "o mundo da mercadoria" o material necessário para a expressão de valor, ou as condições materiais para as mercadorias apresentarem-se como "grandezas de mesma denominação, qualitativamente iguais e quantitativamente comparáveis”. Devemos lembrar que a mercadoria é uma unidade contraditória, a sua forma social nega a sua forma física. Logo o valor, ou mesmo a forma preço ou monetária da mercadoria, é simplesmente uma forma ideal. Distante do palpável, o preço caminha no reino encantado do imaginário. Os produtos do duplo caráter do trabalho são transformados em um ouro tão sólido que, sem utilidade social, desmancha no ar; os valores das mercadorias passam a ser quantidades imaginárias de ouro e prata. Por meio de um processo social, um padrão de medida de preços fica estabelecido. Eis a forma dinheiro, medindo valores e estabelecendo padrões de preços. Marx diz mais:

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É medida dos valores por ser encarnação social do trabalho humano, padrão dos preços por ser um peso fixado de metal. Como medida de valor, serve para transformar os valores das mais variadas mercadorias em preços, em quantidades imaginárias de ouro; como padrão dos preços, mede essas quantidades de ouro. Na medida dos valores, as mercadorias se medem como valores; o padrão dos preços, ao contrário, mede as quantidades de ouro em um quantum de ouro, e não o valor de um quantum de ouro no peso do outro. Para o padrão dos preços, determinado peso de ouro tem de ser fixado como unidade de medida. Aqui, como em todas as outras determinações de medida de grandeza de mesma denominação, a estabilidade das relações de medida torna-se decisiva. Por isso, o padrão de preços cumpre sua função tanto melhor quanto mais invariavelmente um mesmo quantum de ouro sirva de unidade de medida. Como medida de valores o ouro somente pode servir porque ele mesmo é produto de trabalho, sendo, portanto, um “Valor potencialmente variável.” (MARX, 1988, p.88)

Historicamente na totalidade social do capital, a função do ouro é ser uma medida combinada de valor e de padrão de preços que atinge a totalidade do mundo encantado das mercadorias, permanecendo inalterados os valores relativos das mercadorias. E, independente de mudanças no valor do ouro, “diferentes quantidades de ouro mantêm entre si sempre a mesma relação de valor”. Existem apenas duas formas dos preços das mercadorias subirem generalizadamente: 

Ocorrendo um aumento do valor das mercadorias e permanecendo inalterado o valor do dinheiro.



Permanecendo igual o valor da mercadoria e reduzindo o valor do dinheiro.

Ou a redução generalizada dos valores das mercadorias: 

Permanece o valor do dinheiro e cai o valor da mercadoria.



A mercadoria permanece com seu valor estável e o simultaneamente ocorre um aumento do valor do dinheiro.

É importante perceber que padrão monetário é uma combinação de convenções11, com necessidades de “validade geral”, logo, acaba sendo regulamentado 11

As denominações monetárias dos pesos metálicos se desligam, pouco a pouco, de duas denominações originais de peso por diferentes motivos, sendo os seguintes os historicamente decisivos: 1) Introdução de dinheiro estrangeiro em países menos desenvolvidos; na Roma antiga, por exemplo, circulavam, inicialmente, moedas de prata e ouro, como mercadorias estrangeiras. As denominações desse dinheiro estrangeiro são diferentes das denominações de peso do país. 2) Com o desenvolvimento da riqueza, o metal menos nobre é deslocado da função de medida de valor pelo mais nobre. O cobre pela prata, a prata pelo ouro, por mais que essa sequência contradiga a cronologia poética. Libra, por exemplo, era então a denominação monetária de uma verdadeira libra de prata. Tão logo o ouro desloca a parta da função de

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por lei. O que antes tinha como substância social o dispêndio de trabalho passa a expressar valores em denominações monetárias. O dinheiro literalmente assume o papel de mediador de todas as mercadorias e elas acabam “se comunicando mutuamente”. Sendo assim, o preço é a forma monetária do dispêndio de trabalho objetivado em uma mercadoria. Voltemos na redação d’O Capital:

A grandeza de valor da mercadoria expressa, assim, uma relação necessária imanente a seu processo de formação com o tempo de trabalho social. Com a transformação da grandeza de valor em preço, essa relação necessária aparece como relação de troca de uma mercadoria com a mercadoria monetária, que existe fora dela. Mas nessa relação pode expressar-se tanto a grandeza de valor da mercadoria como o mais ou o menos em que, sob dadas circunstâncias, ela é alienável. A possibilidade de uma incongruência quantitativa entre o preço e a grandeza de valor ou da divergência entre o preço e a grandeza de valor é, portanto, inerente à própria forma preço. Isso não é um defeito dessa forma, mas torna-a, ao contrário, a forma adequada a um modo de produção em que a regra somente pode impor-se como lei cega da média à falta de qualquer regra. (MARX, 1988, p. 91)

A mercadoria conclui sua odisseia somente quando nega sua própria forma física e assume a forma preço. A mercadoria, para possuir valor de uso para seu proprietário, que pretende vendê-la, necessariamente deve ser alienável por dinheiro. Marx (1988, p. 92) diz: “Na medida ideal dos valores espreita, por isso, o dinheiro sonante.” Metabolismo social – meio de circulação A mercadoria ao ingressar no processo de troca carrega consigo “uma antítese externa” realizada no metabolismo social, quando ela passa de uma mão em que ela não é valor de uso para uma em que ela é. Ou seja, o confronto de valor de uso (intrínseco a sua forma física) com o seu valor objetivado, em que este adquire forma física com o ouro, figura real de valor - dinheiro. “Essas formas antitéticas das mercadorias são os movimentos reais de seu processo de intercâmbio”12. Este movimento é o único em que

medida de valor, o mesmo nome associa-se talvez a 1/5 etc. de 1 libra de ouro, conforme a relação de valor entre o ouro e a prata. Libra, como denominação monetária, e libra, como denominação ordinária de peso do ouro, são agora separadas. 3) A falsificação de dinheiro, continuada durante séculos pelos príncipes, que do peso original das moedas deixou, de fato, apenas o nome. (MARX, 1988, p. 90) 12 (MARX, 1988, p. 93)

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a mercadoria pode mover-se e realizar-se enquanto unidade contraditória de valor de uso e valor: materializando-se na forma dinheiro13. O desenho equacionado do metabolismo social da mercadoria de nosso velho conhecido tecelão: Mercadoria – Dinheiro – Mercadoria M–D–M Conforme nos lembra Marx o “conteúdo material” é M – M, mercadoria por mercadoria, assim se realiza o “metabolismo do trabalho social”, momento de finalização do processo. Porém é importante nos atermos à equação e de forma precisa sistematizar seu movimento. Devemos perceber dois aspectos importantes: o primeiro passa exclusivamente por uma mudança de forma, de valor de uso para valor, materializado seu valor no ouro, ou seja, realizado na forma dinheiro; o segundo aspecto é a criação e cristalização de determinadas relações de produção material e cultural, balizadas pelo intercâmbio privado e pela apropriação privada. A primeira metamorfose, da venda, ou “o salto mortal da mercadoria”: M – D, momento que a mercadoria abandona sua forma física, seu valor de uso, e encarna no ouro. Caso ela não realize seu valor de uso social, e o processo não ocorra como tal, a falência não é da mercadoria, mas de seu possuidor. “A divisão social do trabalho torna tão unilateral seu trabalho quanto multilaterais suas necessidades”. Ou seja, o valor de uso de um automóvel para a Ford é unicamente possuir valor de troca, consequentemente se realizar como tal, em um salto mortal virar dinheiro. Mas qual a forma que define o quanto de dinheiro pagaremos pelo automóvel? Responderia Marx:

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Acompanhemos agora um possuidor qualquer de mercadorias [Diz Marx], por exemplo, nosso velho conhecido tecelão de linho, à cena do processo de intercâmbio, ao mercado. Sua mercadoria, 20 varas de linho, tem preço determinado. Seu preço é 2 libras esterlinas. Ele a troca por 2 libras esterlinas e, homem de velha cepa, troca as 2 libras esterlinas, por sua vez, por uma Bíblia familiar do mesmo preço. O linho, para ele apenas mercadoria, portador de valor é alienado por ouro, sua figura de valor: e dessa figura volta a ser alienado por outra mercadoria, a Bíblia, que, porém, como objeto de uso, deve ir para a casa do tecelão e lá satisfazer às necessidades de edificação. O processo de intercâmbio da mercadoria opera-se, portanto, por meio de duas metamorfoses opostas e reciprocamente complementares – transformação da mercadoria em dinheiro e sua retransformação de dinheiro em mercadoria. Os momentos da metamorfose da mercadoria são, ao mesmo tempo, transações do possuidor de mercadorias – venda, intercâmbio da mercadoria por dinheiro: compra, intercâmbio do dinheiro por mercadoria e unidade de ambos os atos: vender, para comprar. (MARX, 1988, p. 93)

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o preço é o expoente da grandeza de valor, é o “nome monetário do quantum de trabalho social objetivado nela”. Em suma, o processo de realização da mercadoria é apresentado da seguinte forma: o dinheiro substitui a mercadoria de um dos possuidores e, na outra ponta, a mercadoria substitui o dinheiro. Eis a alienação da mercadoria pelo dinheiro, e vice e versa, apesar de o dinheiro ser a forma reificada do valor, fantasmagoria real e palpável. “A transformação de mercadoria em dinheiro é, ao mesmo tempo, transformação de dinheiro em mercadoria. [Nos lembra Marx] O processo uno é bilateral”. Toda venda é uma compra e toda compra é uma venda. Ou seja, M – D = D – M. Segundo Marx, o modo de produção capitalista inaugura um novo tipo de relação econômica, em que o possuidor de mercadoria se apropria do produto do trabalho alheio a partir da alienação de seu próprio trabalho. Logo um produtor de mercadoria pode relacionar-se com outro somente como portador de dinheiro. O ouro, diz Marx, é a figura alienada de sua mercadoria alienada. Para que ela se realize enquanto objeto alienável, é necessário que a mercadoria se “desfaça” do trabalho individual, que seu valor de uso fique para trás, a mercadoria deverá ser vista somente como expressão de valor, como portadora de uma substância que permita a permutabilidade por outros bens produzidos no mesmo processo social, neste caso, é unicamente trabalho abstrato.

Em sua forma monetária, uma parece exatamente igual à outra. Dinheiro, por isso, pode ser lixo, embora lixo não seja dinheiro. Suporemos que as duas moedas de ouro pelas quais o nosso tecelão de linho aliena sua mercadoria sejam a figura transformada em 1 quarter trigo. A venda do linho, M – D, é, ao mesmo tempo, sua compra, D – M. Mas, como a venda do linho, inicia esse processo um movimento que termina com sua contrapartida, com a compra da Bíblia; como compra do linho ele termina um movimento que começou com seu contrário, com a venda do trigo. M – D (linho – dinheiro), essa primeira fase de M – D – M (linho – dinheiro – Bíblia), é, ao mesmo tempo, D – M (dinheiro – linho), a última fase de outro movimento M – D – M (trigo – dinheiro – linho). A primeira metamorfose de uma mercadoria, sua transformação da forma mercadoria em dinheiro, é sempre, simultaneamente, a segunda metamorfose inversa de outra mercadoria, sua re-transformação da forma dinheiro em mercadoria. (MARX, 1988, p. 96)

A segunda metamorfose da mercadoria, da compra: D – M. Por ser a figura alienada de todas as outras mercadorias ou o produto da sua alienação geral, é o dinheiro a mercadoria absolutamente alienável. Ele lê todos os preços ao revés e se reflete, assim, em todos os corpos das mercadorias como material ofertado à sua própria conversão em mercadoria. Ao mesmo tempo, os preços, os olhos amorosos com que as mercadorias piscam ao dinheiro, mostram o limite de sua capacidade de

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retransformação, isto é, sua própria quantidade. Como a mercadoria desaparece ao converter-se em dinheiro, não se reconhece no dinheiro como chegou às mãos de seu possuidor ou o que transformou-se nele. Non olet14, qualquer que seja sua origem. Se por um lado representa mercadoria vendida, por outro representa mercadorias compráveis. (MARX, 1988, p. 97)

Conforme foi dito anteriormente, D – M = M – D, ou seja, a última metamorfose da mercadoria “é simultaneamente” a primeira de outra mercadoria. Em polos opostos, mas uma contradição necessária para a realização da forma-mercadoria: de um lado ela, a cínica nata, a senhora mercadoria; do outro lado ele, o mediador de todas as relações sociais, o senhor dinheiro. Eles vivem um romance dantesco. Ele encarna a mercadoria com perfeições únicas e ela encarna dinheiro com elegância, nasceram um para o outro. Ver `ch’altra fiata qua giú fui, Congiurato da quella Eritón cruda Che chiamava l’ombre a’ corpi sui.15. A mercadoria é refletida matematicamente em pares binários, o comprador e no vendedor, o vendedor se metamorfoseia em comprador e assim por diante. O dinheiro, assumindo o papel de mediador das relações sociais, assume a função de meio circulante. O ciclo da mercadoria – o curso do dinheiro A mudança de forma, por meio da qual o metabolismo dos produtos do trabalho se realiza, M – D – M, exige que o mesmo valor, como mercadoria, forme o ponto de partida do processo e retorne ao mesmo ponto como mercadoria. Esse movimento das mercadorias é, portanto, um ciclo. Por outro lado, essa mesma forma exclui o ciclo do dinheiro. (MARX, 1988, p.100)

Toda vez que se completa o ciclo da mercadoria e a ação biunívoca de comprar e vender é realizada, o dinheiro afasta-se da mão de seu proprietário original e a mercadoria transforma-se em dinheiro. Mas ao passo que um comprador, proprietário de dinheiro e vendedor de Bíblia, por exemplo, ofertar o seu livro sagrado no mercado de livros santos e vender o divino papel, terá mais uma vez dinheiro em suas mãos. Se é um dinheiro sagrado não sabemos, mas que é um equivalente geral universal isso não temos a menor dúvida.

“Não fede”. Disse o imperador romano Vespasiano (69-79) sobre o dinheiro quando seu filho o repreendeu por lançar impostos sobre as retretas públicas. (N. da Ed. Alemã) 15 Verdade é que uma vez cá estive eu, pela cruel Eritone evocado que as almas reconduz ao corpo seu. (ALIGHIERI, 2001 p. 74) 14

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“Ele retorna apenas pela renovação ou repetição do mesmo processo de circulação para nova mercadoria e termina tanto aqui como lá o mesmo resultado”. O dinheiro funciona como o meio pelo qual se realiza o preço da mercadoria. Enquanto ele promove a realização, simultaneamente ocorre a transferência de mãos da mercadoria e do dinheiro. O resultado final consiste em substituição de uma mercadoria pela outra, porém a intermediação aparece não pela mudança de forma em si, mas pelo dinheiro cumprindo o papel de meio circulante, transferindo mercadorias de mãos em que ela não é valor de uso para mãos em que ela é valor de uso. “Embora o movimento do dinheiro seja portanto apenas expressão da circulação de mercadorias, a circulação de mercadorias aparece, ao contrário, apenas como resultado do movimento do dinheiro”. Pelo fato de ser meio circulante, o dinheiro assume ser valor autonomizado das mercadorias. Marx lembra que tais proposições são válidas para a forma simples de circulação da mercadoria. O preço da mercadoria ao subir ou cair ocasionará uma subida ou uma queda do volume de meio circulante (dinheiro) na mesma proporção. Tal mudança é acontece não por conta de sua função de meio circulante, mas por ela ser a medida de valor. Primeiramente, o preço muda inversamente ao valor do dinheiro, em seguida, ocorrerão mudanças no volume de meio circulante proporcionalmente à mudança no preço das mercadorias. Sucederia o mesmo fenômeno, por exemplo, se não caísse o valor do ouro, mas que a prata o substituísse como medida de valor ou se não subisse o valor da prata, mas que o ouro a deslocasse da função de medida de valor. Em um caso deveria circular mais prata que anteriormente ouro, no outro menos ouro que anteriormente prata. Em ambos os casos teria mudado o valor do material monetário, isto é, da mercadoria que funciona como medida dos valores e, por conseguinte, a expressão em preço dos valores das mercadorias e, por isso, o volume do dinheiro circulante, que serve à realização desses preços (MARX, 1988, p.102)

Devemos observar que o “material monetário” produz uma fissura na circulação de mercadorias, pois o dinheiro apresenta-se como mercadoria “monetária”, mercadoria que possui como valor de uso ser valor troca. A função do dinheiro em um primeiro momento é ser a medida de valor, logo, mudanças no valor do meio circulante ocasionarão mudanças nos preços das mercadorias. Presumimos que o volume do meio circulante sempre será definido pela soma dos preços das mercadorias a serem vendidas. Diz Marx: Consideremos, além disso, o preço de cada espécie de mercadoria como dado; então a soma dos preços das mercadorias depende evidentemente da massa de 12

mercadorias em circulação.16 Nosso primeiro modelo para entender a dupla mudança de forma da mercadoria, em seu processo de circulação:

SOMA DOS PREÇOS DAS MERCADORIAS = VOLUME DO DINHEIRO Nº DE CURSOS DE PEÇAS MONETÁRIAS

COMO MEIO CIRCULANTE

DE MESMA DENOMINAÇÃO

Outro ponto que merece nossa atenção é a velocidade da realização do ciclo da mercadoria, o tempo da metamorfose da mercadoria se transformar em dinheiro, em outras palavras, o tempo em que a unidade de valor assume a forma de valor de uso e em que o valor de uso transforma-se em valor. Em um tempo de paralisia da economia, onde o metabolismo mercantil tende a demorar em realizar-se, momento que ocorre giro monetário mais lento, o locus communis tende a atribuir este fenômeno à insuficiência numérica de meios circulantes.

A quantidade global do dinheiro funcionando como meio circulante, em cada período, é assim determinada, por um lado, pela soma de preços do mundo das mercadorias circulantes, por outro, pelo fluxo mais lento ou mais rápido de seus processos antitéticos de circulação, do qual depende que fração dessa soma de preços pode ser realizada por intermédio das mesmas peças monetárias. A soma de preços das mercadorias depende, porém, tanto do volume como dos preços de cada espécie de mercadoria. Os três fatores: o movimento dos preços, o volume de mercadorias circulantes e, finalmente, a velocidade de circulação do dinheiro podem no entanto mudar em direções e proporções diferentes, de modo que a soma de preços a realizar e, por conseguinte, o volume do meio circulante por ela determinado podem, passar por numerosas combinações. (MARX, 1988, p.104)

Seguindo os exemplos de Marx: 

Quando os preços das mercadorias permanecerem constantes, poderá aumentar o volume do meio circulante, pois aumentou a massa de mercadorias em circulação ou então a velocidade do dinheiro diminuiu. Outra possibilidade é ocorrerem as duas possibilidades combinadas. Ao contrário, o volume de dinheiro pode diminuir ao diminuir a massa de mercadorias ou aumentando a velocidade de realização da mercadoria.



Quando os preços das mercadorias subirem, o volume de meio circulante poderá permanecer constante sob os seguintes termos: i) se a massa de

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MARX, 1988, p. 102

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mercadorias em circulação diminuir na mesma proporção que a subida de seu preço ii) se a velocidade do meio circulante aumentar proporcionalmente ao da subida de preços, se a quantidade de mercadorias oferecidas permanecer constantes. O volume de meio circulante poderá diminuir quando a massa de mercadoria decrescer mais rápido e/ou a velocidade de giro crescer mais que os preços. 

Quando os preços das mercadorias caírem, o volume de meio circulante poderá permanecer constante somente se a massa de mercadorias crescer em mesma proporção. Ou se a velocidade de realização diminuir também na mesma proporção. E poderá crescer caso a massa de mercadoria crescer mais rápido, ou se a velocidade de circulação diminuir em uma velocidade maior que os preços que estiverem caindo.

Por fim, a lei que aponta a soma dos preços das mercadorias em circulação e a velocidade média de circulação do dinheiro como os determinantes do volume de meio circulante poderá ser expressa de outra forma: a soma dos valores das mercadorias, a velocidade média das realizações de mercadoria e a quantidade de material monetário dependerão do valor expresso pela própria mercadoria monetária17.

Dinheiro-moeda: expressão de valor A partir de sua função de meio circulante, de um bem escolhido socialmente que se defronta com mercadorias de determinado preço ou nome monetário que, por sua vez, assume a função de equivalente geral universal, o dinheiro terá que assumir a função de expressão de valor, assim, sua cobiçada figura de moeda surgirá. A partir do desenvolvimento e aprofundamento do modo de produção capitalista, surgirá a necessidade de um organismo central regulamentando a organização social e a forma de produção. Logo, o Estado cumprirá a função de estabelecer o padrão de preços de uma

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A ilusão de que, ao contrário, os preços das mercadorias são determinados pelo volume do meio circulante e a última, por seu lado, pelo volume do material monetário existente em um país tem suas raízes nos representantes originais da insossa hipótese de que mercadorias sem preço e dinheiro sem valor entram no processo de circulação e lá então uma parte alíquota do angu formado pelas mercadorias é intercambiada por uma parte alíquota da montanha de metal.17 (MARX, 1988, p.106)

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nação e a roupagem do dinheiro nacional. Tal roupagem será colocada de lado no mercado mundial. Ouro é ouro no Japão ou na Grécia, o ouro por essência é poliglota, e seu valor de uso normalmente é ser valor. O ouro [Diz Marx] como meio circulante diferencia-se do ouro como padrão dos preços e deixa com isso de ser também equivalente verdadeiro das mercadorias, cujos preços realiza.18 Existe uma contradição inerente ao próprio processo de circulação do dinheiro, entre o seu conteúdo real e o seu conteúdo nominal, ou seja, uma contradição entre sua especificidade de metal e sua existência de função de moeda (conteúdo monetário e meio circulante). O dinheiro carrega consigo possibilidades de substituir o dinheiro metálico por senhas de outro material ou símbolos. Os valores das senhas de ouro, prata ou cobre são arbitrados pelo arcabouço jurídico do Estado e, no processo de circulação e realização dos metabolismos da mercadoria, ocorre um inevitável desgaste dos metais que compõem as determinadas moedas. Essencialmente sua função monetária, de símbolo de valor, agora independe de seu peso e de seu valor real, mas assumirá o valor a partir das convenções sociais. Coisas relativamente sem valor, bilhetes de papel, podem portanto funcionar, em seu lugar, como moeda.19 Neste caso, já está como pressuposto a construção da moeda papel do Estado com curso forçado. Aqui, naturalmente o dinheiro cumprirá a função de meio de pagamento. O Estado emite cédulas de papel com denominações monetárias e as lança no processo de circulação. O papel símbolo de valor foi uma saída criativa e necessária para os diversos mercados internos, ele segue as mesmas leis da função moeda e na esfera interna reduz-se à função de meio circulante, podendo assim, receber uma existência estritamente funcional e exteriormente separar-se da substância metálica. Dinheiro – tesouro O ciclo contínuo das duas metamorfoses contrapostas da mercadoria ou a rotação fluida de compra e venda revela-se no infatigável curso do dinheiro ou em sua função de perpetuum móbile da circulação. O dinheiro imobiliza-se ou transforma-se, como disse Boisguillebert, de meuble em imeuble20, de moeda em dinheiro, assim que se interrompa a série de metamorfoses e a venda se completa com a compra seguinte. (MARX, 1988, p.110)

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MARX, 1988, p. 107 Ibidem. 20 Móvel em imóvel – Boisguillebert. “Lê Détail de la France”. In: Économistes Financiers du XVIII Siécle (...) par Eugène Daire.Paris.1843. (N. Ed. Alemã) 19

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O dinheiro torna-se tesouro quando deixa de ser o mediador do metabolismo da mercadoria para tornar-se um fim em si do vendedor de mercadorias, ou seja, quando o vendedor vende mercadoria não para comprar mercadorias, mas para substituir unilateralmente a forma mercadoria de que anteriormente ele era proprietário pela reificação acabada do valor, a forma dinheiro21. Na gênese da circulação de mercadorias, apenas o excedente de formas físicas úteis à produção e reprodução da vida – os valores de uso – convertiam-se em dinheiro, eis o surgimento do ouro e da prata como símbolos da riqueza e/ou do excedente social. Esta forma simples de entesouramento permaneceu em povos que insistiam em um modo de produção tradicional, uma produção que possuía como horizonte apenas a subsistência, com uma certa estagnação de desenvolvimento das forças produtivas. Conforme relato de Marx, este tipo de entesouramento era muito comum entre os povos asiáticos22. Ao desenvolver o capítulo, seguindo uma lógica histórica do desenvolvimento do modo de produção capitalista, Marx passa para um estágio mais desenvolvido da realização do metabolismo da mercadoria e trabalha agora a partir de um cenário muito próximo da forma mercantilista. Agora, o produtor de mercadorias necessita amarrar sua mercadoria produzida a um “penhor social”. Ainda com uma composição tecnológica da produção de mercadorias muito baixa, a produção e a venda de sua própria mercadoria dependem de inúmeros fatores. Entre eles um fator especial: o tempo. Neste caso, o vendedor de mercadorias, entesourador nato, através de seus metais preciosos adquire novos bens e os revende, em suma, realiza-se venda sem compra. Este é um tipo de processo que determinará a distribuição dos metais preciosos entre a comunidade de proprietários de mercadorias. Neste movimento de vendas sem compra por parte do possuidor de metais preciosos, iniciou-se o processo de concentração dos diversos tesouros de metais preciosos nos diversos pontos de circulação de mercadoria. No princípio Deus criou o céu e a terra. Assim a unidade contraditória de valor de troca e valor de uso se consolida, o vendedor de mercadorias adora mantê-la na mágica forma de valor de troca, a cobiça pelo ouro assim se fez. A serpente era o mais 21

A figura alienada da mercadoria é impedida de funcionar como sua figura absolutamente alienável ou como sua forma dinheiro apenas evanescente. O dinheiro petrifica-se, então, em tesouro e o vendedor de mercadoria em entesourador. (MARX, 1988, p.110) 22 Marx lembra dos indianos e dos chineses.

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astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus tinha feito. Com a ampliação do mercado de vendas de mercadorias, consequentemente aumenta-se o poder do dinheiro e da forma sempre disponível e absolutamente social da riqueza. Entre o céu e a terra não há homem que não queria que tudo se transformasse em cristal monetário, sem exceção, tudo se compra e tudo se vende. E não escapam dessa alquimia nem mesmo os ossos dos santos nem as res sacrosancte, extra commercium hominum*. Como no dinheiro é apagada toda diferença qualitativa entre as mercadorias, ele apaga por sua vez como leveller radical, todas as diferenças.23 A cobiça por equivalente geral de todas as mercadorias assim se faz, a necessidade de entesourar a encarnação de todo trabalho humano abstrato se consolida. O dinheiro é o representante geral da riqueza abstrata, mas sua soma real é algo limitado. Logo, um meio de compra limitado24. O entesourador realiza seu anelo somente no script do sovina, ele impõe a restrição de seu mediador de relações sociais circular, impede o metabolismo da mercadoria e de seu dinheiro. O entesourador sacrifica, por isso, ao fetiche do ouro os seus prazeres da carne. Abraça com seriedade o evangelho da abstenção.25 A lei da economia política do entesourador é trabalhar, poupar e sovinice, a patologia de produzir e produzir mais, para poder vender e vender mais. Sua oração: dinheiro como moeda, e bendita a moeda que repele o dinheiro. Louvado seja o entesouramento! Dinheiro mundial e meio de pagar – o dinheiro na forma plena de mercadoria Em um primeiro momento, os possuidores de mercadorias e os possuidores de moedas entravam em contato como donos de valores equivalentes. Com o desenvolvimento das relações sociais e com novas forças produtivas, o tempo de realização (alienação) da mercadoria separa-se de seu preço por existir uma diversidade de mercadorias que, apesar de serem quantitativamente comparáveis, ainda assim são qualitativamente diferentes, e cada uma possui um tempo e uma particularidade de produção. A venda de mercadorias acaba sendo regulada pelo padrão de produção das 23

(MARX, 1988, p.111) - * Coisas sacrossantas, excluídas do comércio humano. (N. da Trad. Br.) 24 Essa contradição entre a limitação quantitativa e o caráter qualitativamente limitado do dinheiro impulsiona incessantemente o entesourador ao trabalho de Sísifo da acumulação. Acontece a ele como ao conquistador do mundo, que com cada novo país somente conquista nova fronteira. (MARX, 1988, p.112) 25 Idem.P.112

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próprias mercadorias. Uma ferramenta, por exemplo, possui um tempo de ser produzida diferente de uma casa ou de um casaco. Sendo assim, um comprador compra mercadorias como representantes de seu valor em dinheiro ou como representante de determinada quantia em valor futuro. A metamorfose da mercadoria e o desenvolvimento da forma valor levarão inevitavelmente o dinheiro a desempenhar a forma de meio de pagamento. Comprador e vendedor assumem aqui o papel de credor e devedor respectivamente.

Assim, por exemplo, a luta de classe no mundo antigo apresenta-se principalmente sob a forma de uma luta entre credor e devedor e termina em Roma com a decadência do devedor plebeu, que é substituído pelo escravo. Na Idade Média essa luta termina com a decadência do devedor feudal, que perde seu poder político com sua base econômica. Contudo, a forma dinheiro – a relação entre credor e devedor possui a forma de uma relação monetária – somente reflete o antagonismo de condições de existências econômicas mais profundas. (MARX, 1988, p.113)

Ainda sob a esfera de circulação de mercadorias, a lei dos mercados de Say torna-se conto encantado, mais uma fábula de Esopo para o reino encantado da mercadoria. Desaparece o par binário de equivalentes entre mercadoria e dinheiro. O dinheiro funcionará de duas formas: 

Medida de valor de mercadorias, seu preço medirá a obrigação do comprador.



Meio ideal de compra.

Neste momento, o metabolismo social aprende a velha lei da física, dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, agora o meio de pagamento entra em cena depois que a mercadoria se retirou dela. O dinheiro encerra o processo como existência absoluta de valor de troca e/ou mercadoria geral. O vendedor vende suas mercadorias, não por amor a venda, mas para satisfazer o desejo de valor de troca, a mercadoria valor é um fim em si.

Apenas o dinheiro é mercadoria clama-se agora por todo mercado mundial. E como o cervo que grita por água fresca, assim grita a sua alma por dinheiro, a única riqueza. Na crise, a antítese entre a mercadoria e a sua figura de valor, o dinheiro, é elevada a uma contradição absoluta. A forma de manifestação do dinheiro é aqui, portanto também indiferente. A fome de dinheiro é a mesma, quer se tenha de pagar em ouro ou em dinheiro de crédito, em notas de banco, por exemplo. (MARX, 1988, p.115)

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A soma total do dinheiro em circulação durante dado período é igual à soma dos preços das mercadorias a serem realizados mais a soma de pagamentos vencidos menos os pagamentos que se compensam e, finalmente, menos o número de giros que a mesma moeda descreve, alternando sua função entre meio de circulação e meio de pagamento. O desenvolvimento do dinheiro meio de pagamento passa por certo desenvolvimento na acumulação monetária. Já o entesouramento desaparece como forma autônoma de enriquecimento, com a consolidação do modo de produção capitalista e a elevação da sociedade burguesa, o entesouramento cresce na forma de fundos de reserva e meios de pagamento. A forma dinheiro ajusta seu conceito ao seu modo de existir somente no mercado mundial: o dinheiro assume plenamente o caráter de mercadoria. Em suma, as balanças comerciais não são o mero e simples registro contábil de compras e vendas, senão o registro de transferência de riqueza. Eis a necessidade dos países possuírem seus tesouros nacionais lastreados por ouro e prata. Paulatinamente, com o predomínio de nações e com o desenvolvimento do imperialismo, estas formas foram sendo substituídas e novos regimes monetários foram instituídos no mercado mundial. Marx, na redação dos Grundrisse, lembra que o valor que se valoriza (O Capital) assume forma acabada no mercado mundial, capitalismo é mercado mundial e seu símbolo fetichizado de riqueza chama-se dinheiro. Conclusão: O dinheiro como culto – Capital-Dinheiro-Mercadoria: a santa trindade da religião oficial do Estado Tentou-se demonstrar que as relações sociais que se apresentam como relações de troca são executadas por proprietários, como possuidores de mercadoria e que estas relações constituem um sistema de dominação social. Uma troca exercida como um poder religioso em que o rito, o culto, a crença e os rituais fazem parte desta religião, pois a negação da forma objetiva por uma forma social idealizada é o rito que condiciona estas transações. “As coisas são, por si mesmas, exteriores [externa][äusserlich] ao homem e, por isso, são alienáveis[veräusserlich]”. São produtos que causam a sensação de alienação/estranhamento26 26

Tal relação de estranhamento recíproco não existe, porém, para os membros de uma comunidade primitiva, tenha ela a forma de uma família patriarcal, de uma antiga comunidade indiana, um Estado Inca etc.. (MARX, 1988, p. 82)

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[Entfremdung] ao próprio produtor devido à forma cindida do trabalho produtor de mercadoria. Neste sentido, nota-se que a teoria do dinheiro de Marx não é apenas uma crítica à teoria monetária dominante de seu tempo.

A hipótese apresentada neste ensaio é que a aparente contradição entre a exposição histórica e o desenvolvimento lógico pode ser resolvida a partir de duas frentes: i - a partir do desenvolvimento da própria forma-valor, quando se entende uma forma em um devir permanente de auto alienação e negação da forma objetiva. O dinheiro apareceu como resultado de um processo de autonomização da própria formavalor; e ii - quando se entende esta teoria como parte de um arsenal conceitual que desvenda as tramas da dominação social do Capital, por meio do tempo e do trabalho. Apresentamos que Marx desenvolve uma estrutura conceitual capaz suportar a negação da forma-dinheiro efetiva de seu tempo, mas com uma estrutura conceitual que se conserva pois traz a autonomização do valor como o seu desenvolvimento lógico. O jogo dialético de negar e conservar traz uma estrutura de identidade semelhante ao apresentado por Hegel: A essência é a imediatidade simples como imediatidade superada. Sua negatividade é seu ser. (HEGEL, 2011, p. 134) Retomou-se a ideia de que a produção de valor combina o trabalho abstrato e o tempo abstrato, pois o trabalho como substância do valor é quantificado, conforme nos lembra Marx, pelo tempo de trabalho socialmente necessário. Assim, o valor como relação social e manifestação de uma forma de dominação social possui uma tendência a autonomizar-se, o resultado lógico é a forma-dinheiro em relação à própria formavalor. O que antes tinha como substância social o dispêndio de trabalho passa a expressar valores em denominações monetárias. O dinheiro literalmente assume o papel de mediador de todas as mercadorias e elas acabam “se comunicando mutuamente”. Sendo assim, o preço é a forma monetária do dispêndio de trabalho objetivado em uma mercadoria. A mercadoria conclui sua odisseia somente quando nega sua própria forma física e assume a forma preço, a mercadoria, para possuir valor de uso para seu proprietário que pretende vendê-la, necessariamente deve ser alienável por dinheiro. Nesse sentido, o processo de alienação da mercadoria e do dinheiro exerce o seu papel de santo na religião do capital27, reafirma a crença na religião do valor que se valoriza.

“O capitalismo é uma religião puramente de culto, desprovida de dogma. No ocidente, o capitalismo se desenvolveu como parasita do cristianismo – o que precisa ser demonstrado não só com base no 27

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Para concluir, lembramos que este ensaio procurou demonstrar que a formadinheiro atua como parte constitutiva da dominação social quando é a mediação necessária da troca que precisa ser alienável para ser realizada, pois combina o trabalho abstrato como substância do valor e o tempo abstrato como regulador quantificável da dimensão do valor. Elementos que constituem o reino da santa trindade do Capital, do dinheiro e da mercadoria.

calvinismo, mas também com base em todas as demais tendências cristãs ortodoxas -, de tal forma que, no final das contas, sua história é essencialmente a história de seu parasita, ou seja, do capitalismo. Comparação entre as imagens dos santos de diversas religiões, de um lado, e das cédulas bancárias de diversos Estados, de outro.” (BENJAMIN, 2013, p. 23)

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