Ensinar a Língua Inglesa: por uma performance do ser além para ser outro

June 30, 2017 | Autor: M. Damianovic | Categoria: Performance Studies, Applied Linguistics, Collaborative Critical Thinking
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In: MOURA,V.& DAMIANOVIC,M.C.& LEAL,V. O Ensino de Línguas: Concepções e Práticas Universitárias. Coleção Letras. Programa de Pós Graduação em Letras. Editora Universitária da UFPE.Recife. p177-190, Ensinar a Língua Inglesa: por uma performance do ser além para ser outro Maria Cristina DAMIANOVIC (UFPE ) Valdite FUGA (UMC , FATEC ) INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo reside na discussão de uma proposta de ensino de inglês para adolescentes cursando o sétimo ano do ensino fundamental II. Inicialmente, será traçado o papel da

Teoria da Atividade Sócio Histórico Cultural, doravante TASHC (Vygotsky e

colaboradores, 1934) como pano de fundo para as ações apresentadas e discutidas neste estudo. A seguir será feita uma discussão sobre a relevância filosófica marxista-espinosano na a compreensão da Atividade Social no ensino-aprendizagem da língua inglesa (LI) como língua estrangeira. Finalmente, será salientado como norteador de uma possível ação pedagógica o conceito de performance1 no sentido da imitação conjunta de forma criativa (Newman & Goldberg, 1996; Holzman, 1997) a fim de oferecer aos aprendizes uma oportunidade de irem além de sim mesmos (Holzman, 1997) para serem o que não são e poderem se reconstruírem como seres humanos com uma atuação distinta em seus contextos sócio-histórico-culturais.

TEORIA DA ATIVIDADE As questões teóricas subjacentes a este trabalho se organizam, primeiramente, a partir do viés teórico-filosófico marxista, ao compreender o aspecto científico da unidade teoria e prática, ou seja, o entrecruzamento entre o pensar e o agir, o que permite apreender e compreender o movimento de conjunto da totalidade histórica que circunda o indivíduo para transformar as circunstâncias existentes (FUGA, 2009). O referencial marxista ressalta que somente o trabalho em comunidade, possibilita transformação na consciência e no comportamento humano, ou seja, o desenvolvimento do indivíduo em todos os sentidos (Marx & Engels, 1883/2007). Seguindo as bases marxistas, 1

Será mantido o termo em inglês tanto para performance, quanto para os termos derivados desta palavra, por serem termos cunhados na língua inglesa sem uma tradução conceitual semelhante na língua portuguesa.

In: MOURA,V.& DAMIANOVIC,M.C.& LEAL,V. O Ensino de Línguas: Concepções e Práticas Universitárias. Coleção Letras. Programa de Pós Graduação em Letras. Editora Universitária da UFPE.Recife. p177-190, Vygotsky (1934) entende que a atividade humana está relacionada com práticas estabelecidas histórico e coletivamente na sociedade. Em russo, deyatelnost significa atividade prática social, o que situa o sujeito como agente transformador de sua realidade natural e social. Assim, deyatelnost não se restringe somente aos processos cognoscitivos, mas estende-se à esfera das necessidades. Nessa esfera, compreende-se que o ser humano nasce com uma porção de necessidades; aquelas “necessidades em si” puramente biológicas e, aquelas geradas pelo desenvolvimento da produção (FUGA, 2009). Segundo Marx & Engels (1883/2007), a satisfação das necessidades elementares cria necessidades novas, não necessariamente ligadas ao corpo humano, mas à produção material da vida humana, o que “constitui o primeiro ato da história” (MARX & ENGELS, 1883/2007: XXV). A partir daí, Leontiev (1978/2004) explica que as necessidades, enquanto força interna, só podem ser realizadas na atividade. A atividade é vista como a unidade da vida que orienta o sujeito no mundo dos objetos, por meio de instrumentos, que são construídos pelo homem para produzir os meios de satisfazer suas necessidades vitais. Com base nesse aporte, Fuga (2009) discute que uma atividade é realizada por meio de ações; toda ação tem um objetivo para alcançar, assim como toda a atividade uma necessidade para satisfazer. A ação pode ser realizada por várias maneiras, ou seja, inclui diferentes operações que o indivíduo realizará para alcançar seu objetivo. Por sua vez, as operações se referem aos procedimentos que o sujeito realizará para alcançar seu objetivo. São, portanto, dirigidas por condições e por ferramentas que possibilitam a ação. Os participantes de uma atividade podem proporcionar mudanças nas suas ações, nas operações, nas ferramentas de mediação para alcançar o resultado esperado. Dessa forma, a atividade é modificada, atualizada e desenvolvida visando à satisfação das necessidades de uma dada comunidade.

Logo, atividade, ações e operações não devem ser estudadas

separadamente, visto que cada elemento pode adquirir diferentes funções, pois estão em constante processo de transformação. A atividade implica, ainda, regras, divisão de trabalho e uma comunidade específica para que possa ser desenvolvida (LEONTIEV, 1977/2003). Então, pode-se dizer que a atividade promove a interação dos participantes, negociando significados em torno de um mesmo objetivo, além de que sua dinâmica, por meio das ações,

In: MOURA,V.& DAMIANOVIC,M.C.& LEAL,V. O Ensino de Línguas: Concepções e Práticas Universitárias. Coleção Letras. Programa de Pós Graduação em Letras. Editora Universitária da UFPE.Recife. p177-190, torna possível observar a constituição crítica do sujeito. A atividade é observada e vivida em todos os seus momentos/etapas o que coloca em relevo a importância da TASHC (Vygotsky e colaboradores, 1934) na elaboração de uma atividade social. Além disso, essa teoria sublinha a importância da aprendizagem por meio da atividade em Cadeia Criativa (Liberali, 2006) das interações no contexto pesquisado. A Cadeia Criativa envolve ações combinadas e interdependentes, parcerias e divisão de trabalho concretizadas no contexto desenvolvido com a finalidade de buscar um resultado comum a todos os envolvidos. Nesse contexto, novos significados podem ser criativamente produzidos, a partir dos sentidos compartilhados por cada um na interação (Fuga, 2009). A criatividade, segundo Vygotsky (1930/1999), existe em todo o lugar onde a imaginação humana se combina, modificando para criar algo novo. Na esteira filosófica, a Atividade Social também busca fundamentos no construto espinosano com a noção de não-separabilidade, ou seja, nada, em nenhum momento, pode ser separado de sua relação com o mundo. Esse olhar monista, discute que a unidade é sempre uma forma de realização da totalidade, já que unidade e totalidade são indissociáveis; a intervenção sobre a parte repercute no todo. A interação entre participantes na atividade gera confiança e forma um indivíduo duas vezes mais poderoso do que cada um deles tomado separadamente, justamente pelo fato de pertencer a uma totalidade (SPINOZA, 1677/2003, IV, escólio). Nessa direção, ao desenvolver uma Atividade Social, torna-se relevante pensar na organização e no espaço físico que, de alguma forma, incidem no movimento dos envolvidos, já que a parte não pode ser desligada do todo. Esse é um dado que promove o trabalho colaborativo, o que significa maior entendimento e maior potência no agir dos envolvidos na interação (FUGA, 2009). Neste estudo, a TASHC sublinha a importância da aprendizagem por meio da Atividade Social e das interações no contexto pesquisado. Pelo fato de não ser estática, a atividade possibilita ver o desenvolvimento dos interagentes e compreender diferentes ações que organizam a Atividade Social e os instrumentos mediadores utilizados nessas ações. A Atividade Social promove a interação dos participantes, permite a negociação de significados

In: MOURA,V.& DAMIANOVIC,M.C.& LEAL,V. O Ensino de Línguas: Concepções e Práticas Universitárias. Coleção Letras. Programa de Pós Graduação em Letras. Editora Universitária da UFPE.Recife. p177-190, em torno de um mesmo objetivo, além de que sua dinâmica torna possível observar a constituição crítica do sujeito. Considerando que nas interações, o outro é parte constitutiva do “eu”, cuja relação acontece na e pela linguagem, constitutivamente dialógica, a Atividade Social tem nas questões bakhtinianas o seu alicerce, cujo eixo norteador reside na concepção dialógica da linguagem. O dialogismo permite compreender a linguagem integrada à vida humana, dinâmica, mutável, histórica, social e ideológica em decorrência das interações entre interlocutores (FUGA, 2009). Para o Círculo de Bakhtin2, os significados são produzidos na interação verbal entre falantes, que não acontece totalmente de forma simétrica entre os interlocutores, posto que seja por meio da linguagem que a materialização discursiva dos grupos de poder, lutas de classe, correntes ideológicas, entre outros se manifestam; é por meio da interação verbal que os sujeitos e a linguagem se constituem dialeticamente. A Atividade Social destaca o caráter coletivo, social da produção de idéias e textos, excluindo qualquer possibilidade de um enfoque individualista e, nesse contexto, relevante lembrar as palavras de Clark & Holquist, (1984/1998: 91), ao dizer que o “dialogismo celebra a alteridade”, pois necessita da autoridade do outro para definir o seu ‘eu’ e, ainda, norteia a palavra do outro na construção do significado. Tendo em vista ainda, as questões dialético-dialógica da linguagem, a elaboração de uma Atividade Social traz em seu bojo o conceito de gênero discursivo (Bakhtin, 1992/2000) que, em síntese, é visto como tipos de enunciados relativamente estáveis, caracterizados por um conteúdo temático, organização construção composicional e estilo “correlacionados às condições específicas e às finalidades de cada esfera de atividade” (FARACO, 2006: 111). Isso significa dizer que o gênero discursivo está interrelacionado com a vida social, ou seja,

os gêneros podem ser vistos como artefatos culturais que permitem organizar

discursivamente as ações dos sujeitos na atividade, considerando os objetivos visados, o contexto de produção e circulação. No desenvolvimento de uma Atividade Social, o foco do ensino recai sobre formas para produzir, compreender, interpretar, memorizar um conjunto de 2

Círculo de Bakhtin é um termo usado por alguns teóricos quando se refere ao trabalho desenvolvido por Mikhail Bakhitn, Valentin Voloshinov e Pavel Medvedev (Faraco, 2006)

In: MOURA,V.& DAMIANOVIC,M.C.& LEAL,V. O Ensino de Línguas: Concepções e Práticas Universitárias. Coleção Letras. Programa de Pós Graduação em Letras. Editora Universitária da UFPE.Recife. p177-190, gêneros necessários à efetiva participação em atividades da vida que se vive, por exemplo, ida ao cinema, , visita a um amigo, organização de uma festa de aniversário; e elaboração de uma revista para adolescentes (LIBERALI, 2009 a,b ). A forma relativamente estável do dizer no interior de uma atividade possibilita uma contínua transformação no dizer, ou seja, amplia-se à medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa (Faraco, 2006). Esse é um dado pertinente quando se pensa no público alvo no desenvolvimento de uma Atividade Social para fins pedagógicos. Liberali (2009, a, b) propõe algumas perguntas guias para iniciar uma pesquisa sobre como o professor poderia traçar planos para sua ação pedagógica, por exemplo: considerando um final de semana e a possibilidade de ir ao cinema com os amigos; (1) como é realizada esta ação?; (2) que gêneros permitem a participação nessas atividades?; (3) Como esses gêneros se organizam?; (4) de que forma a modalização auxilia na argumentação sobre o filme a ser escolhido?; (5); como os argumentos são apresentados?; (6) que conectivos permitem maior relação entre as idéias?; (7) que formas de pergunta e aceitação ou refutação são mais polidas e/ou mais eficientes?; (8) como o participante se sente quando suas sugestões sempre são recusadas? Como expressa isso? Nesse rol de questionamentos, subjacente está que o agir humano está organicamente ligado ao dizer, possibilitando ao sujeito da atividade conhecer sua realidade e o modo de nela se orientar. Na Atividade Social, o gênero discursivo reitera a correlação entre os tipos de enunciados e suas funções na interação sócio verbal.

A PERFORMANCE: O VIR A SER NA AULA DE LÍNGUA INGLESA

A essência da performance é a imitação coletiva, social, conjunta e criativa. É algo que seres humanos com vários níveis de experiência e conhecimento na área realizam juntos de uma maneira tal a produzir algo novo a partir de quaisquer artefatos culturais que estejam à mão. É essencial marcar que a imitação não pode ser confundida com a cópia. A imitação envolve a participação de outro ser humano e tem como base a transformação – uma complementação do que já existe para que este se torne outro. A imitação tem suas raízes na capacidade da conscientização coletiva: uma habilidade única dos seres humanos de ver a

In: MOURA,V.& DAMIANOVIC,M.C.& LEAL,V. O Ensino de Línguas: Concepções e Práticas Universitárias. Coleção Letras. Programa de Pós Graduação em Letras. Editora Universitária da UFPE.Recife. p177-190, atividade social ao mesmo tempo que estão engajados nela. É neste processo criativo que os seres humanos, diferente das outras espécies, continuamente produzem cultura – que por seu lado produz os seres humanos. A criatividade humana adicionada ao que já existe, produz algo que não é somente mais, mas sim outro diferente do que existia (NEWMAN & GOLDBERG,1996). No caso da proposta para o ensino de LI para um bimestre, em um sétimo ano do Ensino Fundamental II, uma das atividades sociais focais sugeridas para ser trabalhada durante um semestre é planejar uma viagem e contar sobre ela . Dentro dessa atividade social focal, algumas performances sugeridas para os alunos do sétimo ano são:! ! a conversa (entre amigos) para escolha do lugar para onde viajar; a compreensão oral e/ou escrita de uma webpage e/ou folder de uma agência de viagens; a conversa na agência de turismo para tirar dúvidas; a produção de um cartão postal eletrônico ou no formato tradicional; e os relatos de uma viagem. Segundo Newman & Goldberg (1996), faz sentido um aluno não querer aprender um “corpo morto” de conhecimento. Uma possível alternativa é o ensino-aprendizagem para o desenvolvimento (developmental) que implica não apenas saber matéria de L I, mas sobretudo ver-se na e agir na LI, ou nas influências dela no agir em língua materna, como um performer da história. Dessa forma, os alunos do sétimo ano além de estarem em contato com todas as capacidades de linguagem (Dolz & Schnewvly, 1996) que envolvem cada uma das performances sugeridas, poderão ser, cada um deles, um performer que é ser além de nós mesmos de uma forma que envolve a imitação criativa, que não é a simples mímica ou reprodução de sons como fazem os papagaios. Na performance há um engajamento na atividade social como um todo tendo em mente a imitação criativa para o desenvolvimento conjunto com pares mais socialmente mais experientes para a construção de novos significados ao mesmo tempo em que estão aprendendo a usar os significados que já existem. É ao perform quem não se é no ambiente social (nossos amigos, a agente de viagens, por exemplo) com outros seres humanos que apoiam na atividade social focal, que é possível dar a virada e entrar no mundo real. Há uma aprendizagem que leva ao desenvolvimento da relação dinâmica entre seres sócio-históricos e seres individuais; entre a performance histórica e a aparência social; entre ao indeterminado e a atividade identitária e entre ser e a ilusão (NEWMAN & GOLDBERG, 1996).

In: MOURA,V.& DAMIANOVIC,M.C.& LEAL,V. O Ensino de Línguas: Concepções e Práticas Universitárias. Coleção Letras. Programa de Pós Graduação em Letras. Editora Universitária da UFPE.Recife. p177-190, A fim de ilustrar como o conhecimento não seria trabalhado como um “corpo morto”, na atividade social planejar uma viagem e contar sobre ela serão abordados os gêneros: conversa para decidir aonde ir; webpage de uma agência de viagem; relatos de viagem; e cartão postal tradicional ou eletrônico. Dentro de cada um dos gêneros, as capacidades de linguagem serão escrutinadas priorizando alguns pontos. No gênero conversa para decidir aonde ir, pode-se: reconhecer finalidade de participar de uma conversa assim; compreender e dar opinião nas escolhas do local da viagem; convencer e usar argumentos para convencer sobre a escolha feita; fazer recomendações e sugestões; respeitar a troca de turnos no diálogo; elaborar perguntas sobre os possíveis locais a serem visitados; elaborar respostas sobre os possíveis locais a serem visitados; usar primeira e terceira pessoa do singular e do plural; reconhecer e utilizar Whquestions e Yes-no questions; usar adjetivos para descrever os possíveis locais a serem visitados, atrações, hotéis, clima; usar vocabulário de viagem, para reservar hotel e transporte; usar adjetivos para descrever sentimentos, lugares, e pessoas; identificar e usar verbos para descrever as atividades passadas. O trabalho a ser feito com este conteúdo precisa superar a aprendizagem como um meio-para-um-fim ou instrumento-para-resultado, ou seja, um acúmulo de informação quantificável e habilidades que podem ser facilmente testadas, medidas e trocadas por algo de valor social: uma nota, um diploma, um certificado profissional,etc porque a aquisição de informação e habilidades não necessariamente leva à transformação qualitativa ou ao crescimento.

Vygotsky contrastou esta forma de aprendizagem instrumento-para-resultado

à aprendizagem que leva ao desenvolvimento, instrumento-e-resultado, que é uma atividade histórica que os seres humanos realizam (Newman&Goldberg, 1996) para irem além da mobilidade social à mobilidade histórica. Durante o estudo da atividade social planejar e relatar uma viagem com os diversos gêneros que a compõem, é essencial que os discentes estejam continuamente performing quem eles não são. Isso é importante porque quando as pessoas param de se desenvolver, não é porque já alcançaram um resultado , mas sim porque não estão mais engajadas em atividades performatory da vida. São essas atividades de performance que possibilitam que as pessoas possam superar a si mesmas e construam ambientes nos quais elas possam ter apoio para fazer o que elas não sabem fazer. A aprendizagem baseada em performances possibilita uma vida

In: MOURA,V.& DAMIANOVIC,M.C.& LEAL,V. O Ensino de Línguas: Concepções e Práticas Universitárias. Coleção Letras. Programa de Pós Graduação em Letras. Editora Universitária da UFPE.Recife. p177-190, com desenvolvimento o que abre novas possibilidades de escolhas de atitudes nos pequenos e grandes entraves que vivemos (NEWMAN & GOLDBERG,1996). A fim de exemplificar mais um pouco o trabalho com a LI em sala de aula, um outro exemplo será dentro do gênero webpage de uma agência de viagem com a performance para a compreensão oral e/ou escrita de uma webpage de uma agência de viagem para conversa para decidir aonde ir pode-se enfocar: reconhecer uma webpage de uma agência de viagem (ou um guia de viagem); reconhecer as razões para ler uma webpage de uma agência de viagem (ou um guia de viagem); reconhecer leitores mais prováveis; localizar informações explícitas: autor, local, data, objetivo, títulos, subtítulos; localizar o índice e informações desejadas; identificar elementos da estrutura composicional de uma webpage de uma agência de viagem (ou um guia de viagem): a organização de suas partes e localização das informações desejadas; reconhecer vocabulário específico para esse tipo de texto; escolher o local para onde viajar; identificar elementos da estrutura composicional de uma webpage de uma agência de viagem (ou um guia de viagem): sequência da apresentação das informações e características argumentativas; reconhecer adjetivos usados para descrever as cidades e pontos turísticos a serem visitados; reconhecer e usar argumentos para convencer sobre a escolha feita; identificar e usar tempos verbais: simple present, simple past, present perfect, future; identificar e usar adjetivos para descrever as atrações, hotéis, clima; identificar e usar verbos para descrever as atividades passadas; usar adjetivos para descrever sentimentos, lugares, e pessoas; usar vocabulário de viagem, para reservar hotel e transporte. Vale

sublinhar que enquanto o comportamento (behavior) é imposto

pelas

instituições sociais (o que requer que cada um atue de forma mais ou menos parecida), a performance é criativa (Newman & Goldberg,1996) . Nela se expressa uma outra pessoa diferente da atual para poder se reconstruir revisando a particularidade histórica e social. Desta forma, ao longo do trabalho com a atividade social focal é fundamental lembrar que o conceito de atividade é uma ponte teórica entre o indivíduo e a sociedade, entre o potencial construtivo do sujeito humano e

das dificuldades sociais acumuladas socialmente

(Lektorsky,1990). Isto significa que o professor à medida do desenvolvimento das aulas incentive o discente a fazer o que não se sabe fazer e marcar que isso está relacionado a enfrentar riscos, a fazer coisas novas e não somente estar preso ao que já se sabe (LOBAMAN & LUNDQUIST, 2007).

In: MOURA,V.& DAMIANOVIC,M.C.& LEAL,V. O Ensino de Línguas: Concepções e Práticas Universitárias. Coleção Letras. Programa de Pós Graduação em Letras. Editora Universitária da UFPE.Recife. p177-190, Espera-se que com a aprendizagem

a partir das atividades sociais e com as

performances, os aprendizes de LI possam compreender que “cultura abarca costumes, crenças, artefatos como também como as pessoas compreendem esses produtos da sua criação coletiva, o processo que os produz e a si mesmos como produtores. Cultura é entendida como um conjunto complexo, socialmente construído de pressuposições, explicações, histórias e considerações com as quais as pessoas vêem e fazem sentido do mundo e da vida que eles criam ” (Newman & Goldberg, 1996:147). Desta forma toda a aprendizagem estaria focada para a revisão e reconstrução da cultura numa perspectiva monista-dialética de formação, na qual as tensões entre sentidos na constituição de significados compartilhados torna possível a constituição de responsibilidade que permite o processo de transformação crítico-criativa da realidade. A produção de significados envolve o desenvolvimento de atitudes de responsibilidade sobre questões essenciais da vida cotidiana, a partir do trabalho intenso com a argumentação colaborativa que inclui a articulação de sentidos sobre aspectos educativos e cidadania (LIBERALI, no prelo).! ! Para dar uma continuidade na exemplificação do que é trabalhado em sala de aula a fim de aprofundar a discussão sobre o ensino de LI visto como atividade, baseado em atividades sociais e na compreensão de performances, um outro exemplo poderia ser no gênero relatos de viagem com a performance final para produção e/ou compreensão oral e/ou escrita de relatos de uma viagem a qual poderia focar um trabalho em LI para : reconhecer a finalidade do relato de viagem; descrever preferências; apresentar escolhas e sustentar a sua opinião; descrever atividades passadas (memórias da viagem realizada); descrever atividades futuras; fazer elogios; fazer recomendações e sugestões; expressar sentimentos com relação à viagem; identificar elementos da estrutura composicional do relato: estrutura descritiva de ações e descritivas; expandir o conhecimento a cerca de conectivos para manutenção de coerência e coesão do texto; identificar e usar adjetivos para descrever as atrações, hotéis, clima, lugares, pessoas e sentimentos. A ação docente e discente para lidar com os aspectos de linguagem focados dentro da atividade social planejar e relatar uma viagem precisa enfatizar que atividade seja entendida não apenas como uma mudança da realidade externa, mas sim como a transformação do mundo interior do homem e como a realização dos potenciais latentes durante o desenvolvimento das suas relações com o mundo exterior (Shvyrev,1990). Desta forma, espera-se que tanto o professor, quanto o aluno possam reconstruir os significados implicados

In: MOURA,V.& DAMIANOVIC,M.C.& LEAL,V. O Ensino de Línguas: Concepções e Práticas Universitárias. Coleção Letras. Programa de Pós Graduação em Letras. Editora Universitária da UFPE.Recife. p177-190, na atividade social planejar e relatar uma viagem para que, portanto, por meio das experiências vividas em sala de aula unidas às experiências dos demais, historicamente organizadas como conhecimento científico ou teórico possam perceber que “nesse enquadre, cada pessoa é um subconjunto de possibilidades humanas e potencialmente realiza a história por meio de suas escolhas e ações. Isto é, cada um só pode apropriar-se de uma fração das possibilidades oferecidas pelo social e criar novas possibilidades (LIBERALI , no prelo). Espera-se que a aprendizagem a partir de atividades sociais possa oferecer uma experiência para “experimentar a relação conflituosa e imensamente rica entre viver a vida (perform) na história e assistir-

viver a vida (behaving) nos espelhos sociais”

(Newman&Goldberg,1996:43). A aprendizagem da LI é uma cultura e toda cultura humana é um produto coletivo, de auto-conscientização e de imitação criativa: como espécie, o homem está constantemente complementando a si mesmo e a sua vidas. Não de forma definitiva, contudo sempre transformando de uma maneira que requer mais do que já foi feito ao longo do processo para o desenvolvimento l. (NEWMAN & GOLDBERG,1996). Para finalizar, um outro exemplo pode enriquecer a compreensão de como a atividade, pela sua própria natureza, é capaz de uma revisão e um aprimoramento ilimitados capaz de oferecer um auto-desenvolvimento dentro de um parâmetro universal que o abarca (Shvyrev,1990), com o estudo do gênero cartão postal com a performance final para a produção e/ou compreensão oral e/ou escrita de um cartão postal seria possível : reconhecer as razões para ler e escrever um cartão postal; reconhecer leitores mais prováveis; localizar informações explícitas: autor, local, data, objetivo, grau de formalidade;identificar elementos da estrutura composicional da abertura e fechamento de um cartão postal: saudações, sequência de ações, despedidas; descrever preferências; descrever atividades passadas (memórias da viagem realizada); fazer elogios; fazer recomendações e sugestões; expressar sentimentos com relação a viagem; reconhecer a formalidade da linguagem usada; reconhecer e utilizar adjetivos para descrever os locais visitados, atrações, hotéis, clima, pessoas, sentimentos; usar adjetivos para descrever os locais visitados; reconhecer o uso de endereço e sua organização. Ao longo de todas as etapas escolhidas como focais para a atividade social planejar e relatar uma viagem, espera-se que o professor explore com seus alunos, aqui de LI de um sétimo ano, o método básico para entender que a essência da atividade humana está conectada com o aparecimento de uma atitude frente ao mundo e de certa maneira de viver no mundo. Assim, se torna possível falar em termos de transição de comportamento como um sistema de

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permite descobrir e criar dimensões que nem se sabe que poderiam ser

realizadas. Ao perform, cria-se e recria-se as experiências, sentimentos, ações, atitudes que não acham lugar para expressão nos papeis que se está acostumado a ter (NEWMAN & GOLDBERG, 1996). O trabalho com o ensino visto como atividade, com enfoque nas atividades sociais com base nas performances envolve plasticidade humana, ou seja, a capacidade de transformar-se e de conservar as marcas dessa transformação. Essa transformação depende de experiências vividas, relações sociais, experiências dos outros, relatadas, descritas, compartilhadas que servem de base para a formação de elementos essenciais à atividade criativa de cada um. A riqueza de diversidade das experiências anteriores de cada um, assim como a necessidade de ampliação do universo de suas experiências para tornar possível um maior acúmulo de elementos da realidade e chances de combinações diversas e inovadoras dessas experiências, permite ampliar os significados compartilhados ( LIBERALI, no prelo). A essência de um trabalho baseado no ensino visto como uma atividade para o mundo humano “não consiste na ênfase trivial de que o homem é ativo em seu mundo, mas sim na análise das maneiras humanas específicas para transformar as condições atuais” (SHVYREV, 1990:01).

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

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Um ponto fulcral é a transformação qualitativa que emerge através da performance. Nela há uma recriação de si mesmo, um

apoderamento , um enriquecimento e

desenvolvimento. A idéia é tornar-se um outro diferente do que se era. A performance é uma atividade humana única na qual os indivíduos como seres individuais e como espécie participam e fazem cultura. Nesta está incluída a reconstrução da nossa própria natureza, de quem se é de como se é (NEWMAN & GOLDBERG,1996). Para esta reconstrução há um método, entendido por Vygotsky como tendo uma unidade dialética (inseparabilidade ativista) e é baseado na atividade mais do que no conhecimento epistemológico. Como é simultaneamente instrumento-e-resultado, o método é praticado, não aplicado.

O conhecimento não está separado da atividade. Ele não está lá

fora esperando ser descoberto. A prática não é derivada da teoria. É a prática que reestrutura a ciência. Vygotsky queria que a totalidade fosse vista, o todo, a unidade instrumento-eresultado porque é desta perspectiva que se consegue entender qualquer coisa sobre o funcionamento do processo (HOLZMAN, 1997: 56-58). Newman & Goldberg (1996) salientam que as constantes mudanças na aparência da vida conforme o espelho social no qual se reflete são bem diferentes da atividade de vida histórica que está relacionada não com como se parece, mas sim com os relacionamentos nos quais há envolvimento para, com, na e como história. É através da participação contínua nas atividades sociais que as particularidades da identidade são determinados e é somente na história que se exercita a liberdade revolucionária de mudar, reestruturar a recriar a totalidade de quem se é e de como se vive a vida de forma contínua isso porque cada um é simultaneamente sociedade e história. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAKHTIN, M. / V. N. Volochinov. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 11º edição. 1929/2004 BAKHTIN, M. Estética da criação verbal.Martins Fontes. 1953/1997 DAVID, A. M. F. As Concepções de Ensino-Aprendizagem do Projeto Político-Pedagógico de uma Escola de Educação Bilíngue. Dissertação de Mestrado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.2007 DOLZ, J. & B. SCHNEUWLY Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (francófona). In: SCHNEWLY, B. & J. DOLZ (2004) Gêneros Orais e Escritos na Escola. Mercado de Letras. Pp 41-70. 2004

In: MOURA,V.& DAMIANOVIC,M.C.& LEAL,V. O Ensino de Línguas: Concepções e Práticas Universitárias. Coleção Letras. Programa de Pós Graduação em Letras. Editora Universitária da UFPE.Recife. p177-190, ENGESTROM, Yrjo. Learning by expanding: an activity theoretical approach to developmental research. Orienta-Konsultit Oy. 2009. FARACO, C.A. Linguagem e diálogo: as idéias lingüísticas do círculo de Bakhtin. Curitiba: Criar, 2006. FUGA, V. P. O movimento do significado de Grupos de Apoiona Cadeia Criativa de Atividades no Programa ação Cidadã. Tese de doutorado. LAEL, PUC-SP, 2009. GOLDBERG, P. A preface by Phyllis. In: NEWMAN, F. & GOLDBERG, P. Performance of a lifetime: A practical-philosophical guide to the joyous life. Castillo International. 1996. HOLZMAN, L. Schools for growth: radical alternative to current education. Lawrence Erlbaum Associates. LEKTORSKY, V.P. (edt) Activity: The theory, methodology and problems. Issues in Contemporary Psychology. PMD Press. 1990. LEONTIEV, A.N. Activity, and conciousness. Philosofy in the USSR, Problems of Dialectical Materialism. Progress

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Disponível

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