ENSINO ALIADO À PESQUISA: REFLEXÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DE MONITORIA NO BACHARELADO EM HISTÓRIA

June 2, 2017 | Autor: L. Aleksandra de ... | Categoria: History, História, Ensino de História, Monitoria
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ENSINO ALIADO À PESQUISA: REFLEXÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DE MONITORIA NO BACHARELADO EM HISTÓRIA Liudmila Aleksandra de Medeiros Graduanda em História Universidade Federal do Rio Grande do Norte [email protected] Resumo Discute a importância da monitoria para os discentes do Curso de Graduação em História – Bacharelado/UFRN/CERES/Campus de Caicó, especialmente para os discentes ingressantes no Bacharelado em 2015.1, que cursaram os componentes curriculares de Introdução à Pesquisa Histórica e História e Memória, ambas atendidas pelo Projeto de Ensino “O Ofício do Historiador: ensino e pesquisa na sala de aula e no laboratório”, coordenado pelo Prof. Dr. Helder Alexandre Medeiros de Macedo e co-coordenado pela Profa. Dra. Juciene Batista Félix Andrade, pelo Prof. Dr. Joel Carlos de Souza Andrade e pelo Prof. Ms. Elton John da Silva Farias, com a participação dos graduandos e monitores Augusto Cesar Ferreira Dantas, Liudmila Aleksandra de Medeiros e Luisa Cristina de Medeiros Santos. Levando em conta que o discente que cursa o Bacharelado, em tese, não tem contato com disciplinas pedagógicas e não pode participar do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), surge, neste contexto, a monitoria como uma possível forma de suprir esta carência. Um projeto de monitoria é uma prática muito eficaz para melhorar o ensino na Universidade, tendo muitos pontos positivos tanto para o aluno-monitor, quanto para os alunos que estão sendo monitorados. Todas as reflexões que se fizerem presentes em embasamentos teóricos, ajudam a pensar a docência no Curso de História, problematizando o monitor como um futuro docente na Universidade. Através das experiências proporcionadas pela monitoria, e de um questionário de avaliação respondido pelos alunos de História - ingressantes do curso de Bacharelado em 2015.1, onde os resultados deste projeto de ensino, ambos serviram de fontes para toda a discussão que será feita no decorrer deste artigo. Palavras-chave: Monitoria. Pesquisa. Bacharelado em História.

Abstract Discusses the importance of monitoring for the students of the Graduate Program in History - Bachelor / UFRN / CERES / Campus Caico, especially for incoming students in the Bachelor of 2015.1, which attended the curricular components Introduction to Historical Research and History and Memory, both served by the Education Project "The Office of the Historian: teaching and research in the classroom and in the laboratory", coordinated by Prof. Dr. Helder Alexandre Macedo de Medeiros and co-coordinated by Prof.. Dra. Juciene Félix Batista Andrade, Prof. Dr. Joel Carlos de Souza Andrade and Prof. Ms. Elton John da Silva Farias, with the participation of the students and monitors Augusto Cesar Ferreira Dantas, Liudmila Aleksandra de Medeiros and Luisa Cristina de Medeiros Santos. Taking into account that the student who is studying the Bachelor, in theory, has no contact with educational disciplines and can not participate in the Scholarship Institutional Program of Introduction to Teaching (PIBID), arises in this context, monitoring as a possible way to meet this shortage. A monitoring project is a very effective practice to improve teaching at the University, having many positives for both the studentmonitor, and for students who are being monitored. All reflections that may be present in Theoretical Foundation, help thinking teaching in History Course, questioning the monitor as a future teaching at the University. Through the experiences provided for monitoring, and an evaluation questionnaire answered by the students of History - entering the course Bachelor of 2015.1, where the results of this educational project, both served as sources for all the discussion that will take place throughout this article . Keywords: Monitoring. Research. BA in History.

1. INTRODUÇÃO Este trabalho tem por finalidade discutir o papel do monitor enquanto aluno em formação, visando não somente sua capacitação como um futuro docente, mas também como um indivíduo que está melhorando a aprendizagem de outros alunos que são atendidos por um projeto de ensino. Buscando entender a monitoria no espaço acadêmico, suas limitações e benefícios, é que trataremos aqui da

importância desta prática, especialmente para os bacharelandos em História. A partir de reflexões e experiências através do Projeto de Ensino “O Ofício do Historiador: ensino e pesquisa na sala de aula e no laboratório” 1, coordenado pelo Professor Helder Alexandre Medeiros de Macedo, do Departamento de História (UFRNCERES) e de um questionário avaliativo da disciplina de Introdução à Pesquisa Histórica2, respondido pelos discentes que cursaram-na em 2015.1, no âmbito do Curso de História do CERES-UFRN. Tendo como base as ideias de (FENELON, 2008) a respeito da realidade do ensino de história e do ofício de historiador e de (NUNES, 2007), que trata dos percalços que envolvem o cotidiano do monitor no meio acadêmico, este trabalho se sustentará.

2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Implementação da monitoria na UFRN A partir da Lei número 5.540, de 28 de novembro de 1968, foi criada a função de monitor nas Universidades brasileiras: Em 1970, o Decreto número 66.315, que regulamentou os dispositivos legais da lei acima referida, já avançou mais no sentido de dispor de mecanismos para a implantação de programas de monitoria, retirando um pouco o caráter de isolamento da função e criando algo mais estruturado (SANTOS; LINS, 2007, p. 59).

Nesta época, o aluno que quisesse ser monitor deveria estar cursando seus dois últimos anos do curso de graduação, ter bom rendimento acadêmico, e no componente curricular em questão ter êxito, assim como nas disciplinas que são pré-requisitos. Passar por uma seleção que consiste em uma prova específica, ter conhecimento da matéria e capacidade de auxiliar os discentes em aulas, pesquisas e outras atividades técnico-didáticas. A Comissão Permanente de Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva (COPERTIDE), existente nas Universidades, determinava que o monitor devesse desempenhar atividades durante 30 horas semanais, sendo a ele oferecida uma bolsa paga pela União, por meio do Ministério da Educação (MEC). Somente em 1977 foi que esta carga horária foi reduzida, tendo de ser cumpridas apenas 12 horas semanais de atividades. O Departamento de Assuntos Universitários (DAU) define que os objetivos da monitoria são: “despertar no aluno que apresenta rendimento escolar geral

comprovadamente satisfatório, o gosto pela carreira docente e pela pesquisa; e assegurar cooperação do corpo discente ao corpo docente, nas atividades de ensino, pesquisa e extensão.” (SANTOS; LINS, 2007, p. 60). A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) possui registros da prática de monitoria a partir do ano de 1971. O número de alunos-monitores cresceu bastante, pois as vagas aumentaram significantemente. “O redimensionamento também se fez presente no aumento do número de bolsas: de 222 bolsas em 2003 passou-se a 273 em 2007, revelando um incremento de 22,97 %” (SANTOS; LINS, 2007, p. 66). Com o propósito de aumentar a integração entre professores e alunosmonitores e de divulgar as produções acadêmicas resultantes dos projetos de ensino, foi criado o Seminário de Iniciação à Docência (SID), no ano de 2004. Desde então o SID vem sendo realizado e é peça chave para a melhora na formação acadêmica e de iniciação à docência. O monitor, no inicio da implementação da monitoria nas Universidades, não passava de um simples colaborador, atuando de forma isolada. Entretanto, com as mudanças nas leis e diretrizes, e um novo olhar para esta prática, foi que o monitor assumiu uma participação ativa no processo ensino-aprendizagem, em que desempenha uma função educativa disseminando conhecimento, através do projeto de ensino que faz parte. 2.2 O Ensino de História no Bacharelado (projeto político-pedagógico do curso) Em 2003 foi finalizado, após discussões envolvendo docentes e discentes, o Projeto Político-Pedagógico do Curso de História, entrando em vigor no primeiro semestre de 2004 na UFRN (Campus Central), que buscava adequar o ensino de História no ensino superior, tendo como prerrogativa as mudanças que a sociedade sofreu e as novas demandas das quais o profissional formado no curso de História teve de adequar-se. Todas as adequações realizadas partiram de estudos e decisões coletivas entre os professores do curso de História (ARRAIS, 2004). Antes, a Estrutura Curricular do Curso de História, do ano de 1988, era unificada entre a Licenciatura e o Bacharelado. Deste modo, o aluno ingressante tinha contato com disciplinas pedagógicas (ensino) e teórico-práticas (pesquisa), e, ao fim de sua formação, possuiria aptidão para ambas as áreas. Com a implementação do já mencionado projeto político-pedagógico do curso em 2004, a estrutura curricular foi alterada, havendo por consequência a separação entre o

Bacharelado e a Licenciatura, a fim de melhorar a formação do aluno, através da especificidade que cada área demanda, a partir de orientação do Ministério da Educação (MEC). O único componente curricular presente em ambas as modalidades era a disciplina de Métodos e técnicas de pesquisa. No Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES/Campus Caicó), este tipo de estrutura curricular perdurou até 2012, quando foi criado o novo Projeto PolíticoPedagógico do Curso de História (específico para a Licenciatura e outro para o Bacharelado), que busca dar ênfase às especificidades e demandas dos alunos do interior, implementado a partir de 2013. A modalidade do Bacharelado deixou de vigorar no turno noturno, passando a ser diurno (Manhã e Tarde), devido ao novo perfil do aluno ingressante, em sua maioria, tem disponibilidade para estudar nesses novos horários, coisa que não era possível, devido grande parte dos estudantes trabalharem durante o dia, tendo apenas a noite para a Universidade. São ofertadas 50 vagas para o Curso de História, pelo SISU (Sistema de Seleção Unificada), que consiste 35 vagas para a Licenciatura e 15 vagas para o Bacharelado, sendo entre os componentes curriculares comuns 50 alunos e componentes curriculares específicos 35 alunos da licenciatura e 15 do bacharelado. Tal disparidade é justificada pelo fato de que o mercado atual não tem condições de incorporar tantos profissionais nesta modalidade. Apesar de muitos espaços ligados à gestão do patrimônio, museus, arquivos, necessitam de profissionais, especialmente na região do Seridó. Com essas reformulações no projeto político-pedagógico foi possível que os bacharelandos do Curso de História tivessem mais oportunidades de participarem da política institucional de bolsas, tanto de pesquisa quanto de monitoria e extensão, além de poderem crescer academicamente e pessoalmente com as experiências proporcionadas por essas atividades complementares. 2.3 Reflexões sobre a prática de monitoria As diretrizes curriculares determinam que o aluno da Licenciatura deverá ter uma formação voltada para a docência, podendo praticá-la através de programas institucionais, neste caso, o PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência). Já o aluno que cursa o Bacharelado não possui a oportunidade de ingressar neste tipo de programa, pelo fato de sua formação ser voltada para a pesquisa, podendo ser praticada na própria Universidade através do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) ou em formas de estágios em instituições que trabalham com documentação ou que tratam de questões ligadas ao patrimônio cultural, arqueológico e museológico. No CERES (Campus de Caicó), os alunos do Bacharelado podem ser iniciados na pesquisa através de projetos de iniciação científica, podendo utilizar o Laboratório de Documentação Histórica (LABORDOC) para terem seus primeiros contatos com os arquivos e desenvolverem pesquisas, já que o local proporciona vivências e interações entre os discentes não somente do Curso de História, mas também entre alunos de outros cursos, além de custodiar documentação histórica advinda da Comarca de Caicó, que desde o ano de 1999 serve como fontes para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC’s). Enquanto o aluno da Licenciatura pode concorrer a bolsas especificas de sua formação e também pode iniciar-se nas práticas de pesquisa, o aluno do Bacharelado, em tese, não pode transitar na área do ensino, limitando-se apenas à pesquisa. Uma possibilidade para que esta limitação seja minimizada se dá com a prática de monitoria, que irá fornecer meios possíveis para que o bacharelando possua bagagens didáticas, tendo em vista que o aluno que tenha a função de monitor estará sendo preparado para a docência. Também há a problemática do aluno ingressado que escolheu alguma das modalidades com base em sua formação escolar, mas que, ao se deparar com a realidade do curso de História, percebe que optou pela modalidade errada para ele naquele momento (Licenciatura ou Bacharelado) ou então não conseguiu se identificar com o ofício do historiador. Este último é um motivo muito comum para o grande número de evasões do curso. Estas especificidades entram em choque quando se tem em mente que o profissional formado no Curso de História deve ser um professor-pesquisador, pois nenhuma modalidade deve anular a outra. Não é difícil reconhecer nestes resultados os efeitos e os sintomas da proclamada separação entre ensino e pesquisa, a que nos referimos, e que teoricamente reconhecemos como perniciosa, mas que em nossa prática acaba por se concretizar como linha de trabalho, mesmo porque não se tem muita clareza do que seja o treinamento para a investigação (FENELON, 2008, p. 33).

Neste ponto, devemos abrir esta discussão para o aluno da Licenciatura, e como é evidenciado pela Déa Ribeiro Fenelon 3, em muitos casos, estes alunos não

tem contato com disciplinas especificas do Bacharelado, não tendo base nenhuma de pesquisa. As deficiências que os discentes de ambas as modalidades enfrentam em suas formações poderá inferir em consequências no seu campo de atuação futuramente. O profissional formado no Bacharelado não tendo base de ensino, ao retornar para o Ensino Superior na forma de docente, não possuirá didática para repassar os seus conhecimentos adquiridos com a prática do ofício de historiador. Já o profissional formado na Licenciatura, por não ter segurança com o que estudou durante seus 4 anos de curso, e por não ter tido base de pesquisa, se limitará a reproduzir discursos ultrapassados, não conseguindo romper com a maneira tradicional de se ensinar e construir a História. (FENELON, 2008). Como enuncia a autora, Teoricamente concebemos a História, enquanto conhecimento, como um processo de interação entre teoria e prática, ou seja, o indivíduo que busca conhecer o processo histórico está ao mesmo tempo fazendo a História do presente, e quando o faz a partir de um condicionamento que é dado socialmente, isto é, formação, posições, conceitos , pressupostos são frutos de uma concepção sobre a realidade (FENELON, 2008, p. 34)

O profissional formado no Bacharelado em História terá um amplo campo de atuação, podendo trabalhar em institutos históricos e ligados a questões patrimoniais, museus, casas de memória, criar projetos, disponibilizar-se para dar assessorias em produções de filmes, novelas, peças de teatro, e não menos importante, dedicar-se à carreira acadêmica, tornando-se docente na Universidade. E é neste ponto que queremos chegar durante esta discussão: o que fará com que o aluno do Bacharelado desperte para atuar na área do ensino de História? Rompendo com toda a lógica do que é esperado para o aluno do Bacharelado, há aqueles que por algum motivo, seja ele de nível pessoal ou acadêmico, não se identificaram com as práticas de pesquisa e optam por mudar para a Licenciatura, ou então continuam no Bacharelado, mas que anseiam pelas experiências e aprendizados proporcionados pelo âmbito do ensino. A partir do que já foi abordado, temos de ressaltar a importância de uma monitoria no meio acadêmico, pois é ela que fará a diferença na formação dos discentes, não importando qual modalidade estejam cursando. Para os alunos do Bacharelado

esses benefícios se multiplicam, afinal, é esta prática que dará suportes didáticopedagógicas para este futuro docente no Ensino Superior. A formação do docente para o Ensino Superior vai além dos títulos de Mestre e Doutor, deve ser composta também pela sua trajetória de vida. Concordando com Nunes, “Podemos intuir que as experiências vivenciadas como aluno na graduação exercerão influência na formação do futuro professor universitário.” (NUNES, 2007, p. 46). Desta forma, entendemos que a monitoria exerce um papel significativo para a formação acadêmica, tanto do aluno-monitor quanto de um futuro docente no nível superior. Para que exista uma significativa melhora na formação universitária em seus diferentes níveis (aluno, monitor, professor), é preciso que ambos estejam inseridos em um projeto de ensino que, através das práticas de monitoria, tornará a produção e disseminação de conhecimento mais eficaz. Através de um questionário respondido pelos discentes de História – Bacharelado/Campus Caicó ingressantes em 2015.1, constatamos que houve uma melhora no ensino-aprendizagem, através do qual foi relatado pelos alunos que o Projeto de Ensino “O Ofício do Historiador: ensino e pesquisa na sala de aula e no laboratório” foi bastante eficaz para ajudá-los na disciplina de Introdução à Pesquisa Histórica, já que a mesma conta com certo grau de dificuldade, em se tratando de alunos recém-saídos do Ensino Médio, que desde o primeiro período do curso, têm que se deparar com disciplinas teóricopráticas, típicas do Bacharelado. Nas palavras de João Batista Carvalho Nunes 4, Infelizmente, nem toda instituição valoriza a monitoria como lhe é devido. A ânsia pela pesquisa que domina o cenário acadêmico reflete-se na oferta de bolsas para estudantes de graduação, pelos órgãos financiadores, apenas para iniciação científica. Gera-se a marginalização dos programas de monitoria acadêmica, que tendem a sobreviver com o financiamento, geralmente muito limitado, da própria IES (NUNES, 2007, p. 47)

A monitoria pode e deve ser espaço para pesquisas, tanto para o aluno do Bacharelado quanto para o da Licenciatura, pode desempenhar pesquisas em relação a função como monitor, problematizando a prática, o ensino e a aprendizagem dos alunos auxiliados. Neste contexto de desvalorização de práticas de ensino e marginalizações de programas de monitoria no meio acadêmico é que percebemos que muitos alunos

das Instituições de Ensino Superior não possuem conhecimento sobre a finalidade uma monitoria, achando que a prática é uma mera cooperação entre professor e aluno-monitor. Como se o mesmo estivesse apenas condicionado a auxiliar o professor na montagem de projetores multimídias, quando na realidade o monitor deve auxiliar os alunos que estão sendo atendidos por um projeto de ensino, por meio de intervenções e participações em sala de aula, além de atendimentos individualizados em horários estabelecidos em conjunto com o professor-orientador. Ações como essas desvirtuam o sentido formativo da monitoria. No tocante à formação para o ensino, a monitoria deve ser pensada abarcando todo o processo de ensino. O professor orientador necessita envolver o monitor nas fases de planejamento, interação em sala de aula, laboratório ou campo e na avaliação dos alunos e das aulas/disciplina. (NUNES, 2007, p. 49, idem)

Outra situação preocupante é o não comparecimento dos discentes no atendimento da monitoria, coisa que é bastante comum em qualquer projeto de ensino. Quando questionados sobre o assunto, os discentes de História – Bacharelado 2015.1 que procuravam a monitora, afirmaram que conseguiram obter um bom rendimento na disciplina de Introdução à Pesquisa Histórica; já os que não procuravam a monitora ficaram indiferentes para com os questionamentos, talvez por não terem tido tantas dificuldades na disciplina ou por desconhecerem o universo da monitoria, questões estas muito complexas, pois as razões serão de cunho pessoal para cada um. Quando a interação entre todos os envolvidos em um projeto de ensino, os frutos e melhorias irão existir aliados com a pesquisa e a extensão. No entanto, ainda se sente falta de um trabalho mais articulado entre as distintas monitorias, de forma que, além de ações conjuntas nos eixos anteriormente referenciados, os monitores pudessem, também, compartilhar conhecimentos e experiências entre si, apoiando-se mutuamente e aprendendo cooperativamente (NUNES, 2007, p. 53, idem)

O Projeto de Ensino “O Ofício do Historiador: ensino e pesquisa na sala de aula e no laboratório” gerou experiências riquíssimas na formação dos discentes atendidos por este projeto, tanto na condição de alunos quanto na de monitores. A inteiração e as trocas de experiências entre os monitores inseridos neste projeto de ensino deram-se principalmente com a realização de um curso de extensão que tem

como tema as relações entre o oficio do historiador e a utilização de fontes, o qual foi ministrado pelos monitores Augusto Cesar Ferreira Dantas, Liudmila Aleksandra de Medeiros e Luisa Cristina de Medeiros Santos, tendo sido realizado no LABORDOC, que, apesar de ser um local de pesquisa, também é um espaço propício para o aprendizado e para a troca de experiências entre todos os que ali estiverem presentes.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com as mudanças ocorridas na sociedade, e com os próprios do ofício e ensino de História, foi preciso reformular toda a estrutura curricular dos cursos de graduação nesta área do conhecimento. Tal mudança favoreceu para a criação de políticas de incentivo às práticas de ensino e pesquisa no Ensino Superior. A monitoria surge em um contexto em que é preciso existir um aluno capacitado para contribuir com a formação de outros discentes, ao mesmo tempo em que ele, na condição de aluno-monitor, também pudesse se capacitar profissionalmente, na lógica de se tornar um futuro docente no Ensino Superior ou em outras modalidades de ensino. Com a divisão das modalidades Licenciatura e Bacharelado, a formação do historiador, enquanto professor-pesquisador foi alterado, gerando uma série de implicações no ensino e na aprendizagem dos conteúdos históricos. A criação de projetos de ensino que buscam melhorar o ensino na Universidade amenizou estas disparidades entre alunos do Bacharelado e da Licenciatura, equilibrando ensino e pesquisa em uma única prática. Valorizar o monitor e sua prática é dever de todos os que compõem o meio acadêmico, criar projetos e incentivar os discentes a participarem de uma monitoria é tanto de caráter governamental (investimentos públicos para a criação de bolsas de ensino) quanto de caráter docente, pois serão os professores os primeiros a despertar em seus alunos estas práticas iniciais da docência no Ensino Superior. Os discentes devem ser informados da importância e da utilidade de uma monitoria: deste modo, os alunos atendidos por um projeto de ensino irão ter interesse em participar dos atendimentos da monitoria. O aluno-monitor, juntamente com o professor-orientador, devem criar maneiras para atrair e tornar mais prazerosa esta prática, através de oficinas de leitura, de mini-cursos, de recursos didáticos que

propiciem um melhor ensino-aprendizagem para os discentes, o que poderá gerar bons frutos para o futuro. Nesse sentido, segundo Déa Fenelon, O verdadeiro ensino sempre pressupõe pesquisa e descobertas. Queremos um profissional de História no qual as pessoas possam se reconhecer e se identificar, porque para nós a História é uma experiência que deve ser também concretizada no cotidiano, porque é a partir dela que construírem o hoje e o futuro. (FENELON, 2008, p. 35).

Devemos ressaltar que o profissional de História não só pode como deve aperfeiçoa-se em ambas as áreas, mesmo não tendo cursado uma das modalidades em sua graduação, tanto o licenciado pode ter conhecimento de práticas e métodos de pesquisa, mesmo sem ter cursado o Bacharelado, quanto o bacharel pode possuir didática e conhecimentos pedagógicos, sem ter cursado a Licenciatura.

4. REFERÊNCIAS ARRAIS, R. P. A. Projeto Político-pedagógico de História: breve relato e reflexão. In: Antônio Cabral Neto. (Org.). Flexibilização curricular: cenários e desafios. 000ed.Natal: Editora da UFRN, 2004, v. 6, p. 95-120. FENELON, Déa Ribeiro. A formação do profissional de história e a realidade do ensino. Práticas de memória e ensino de história. Tempos históricos v.12, 2008, p. 23-35. NUNES, J. B. C. Monitoria acadêmica: espaço de formação. In: Coleção pedagógica (n.9). SANTOS Mirza Medeiros dos; LINS, Nostradamus de Medeiros (Org). Ed. UFRN: 2007, p. 45-57. SANTOS Mirza Medeiros dos; LINS, Nostradamus de Medeiros. A monitoria na Universidade Federal do Rio Grande do Norte: um resgate histórico. In: Coleção pedagógica (n. 9). Ed. UFRN: 2007, p. 59-67. UFRN. Projeto Pedagógico do Curso de História - Bacharelado (diurno). Caicó, RN, set. 2012. UFRN. Projeto Pedagógico do Curso de História - Licenciatura. Caicó, RN, maio. 2005.

1 Este projeto iniciou-se em Fevereiro de 2015, encerrando suas atividades em Dezembro deste mesmo ano. 2 Os alunos responderam o questionário avaliativo da disciplina de Introdução à Pesquisa Histórica por meio de um formulário no Google Docs, onde avaliaram o desempenho deles, o da monitora e o do professor. 3 Doutora em História pela UFMG, possuia amplo conhecimento na área da Educação, foi uma das coordenadoras de uma proposta curricular para o ensino de história na rede pública de São Paulo, ainda na gestão Erundina. Uma de suas maiores vitórias nesse campo foi ter conseguido, após muita discussão, garantir a admissão de professores do ensino fundamental e médio como sócios da ANPUH (Associação Nacional de História), em proposta apresentada no Simpósio Nacional de 1977, aprovada dois anos depois. 4 Professor Adjunto do Centro de Educação da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

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