Ensino de língua portuguesa: Proposta de Atividades para o 9º do Ensino Fundamental Texto: Das Vantagens de Ser Bobo (Autora Clarice Lispector)

May 31, 2017 | Autor: Pablo Rodrigues | Categoria: Ensino Língua Portuguesa
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Universidade Federal do Rio de Janeiro – Faculdade de Letras
Disciplina: Ensino de Português como Língua Materna
Professora: Amanda Heiderich
Alunos: Pablo Rodrigues, Lutemberg Fernandes, Marianna Passos e Suani Tomaz.

Proposta de Atividades para o 9º do Ensino Fundamental
Texto: Das Vantagens de Ser Bobo. (Autora Clarice Lispector)

O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." 
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia. 

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. 

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu. 

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?" 

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama! 

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz. 

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem. 

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas! 

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.













Atividades:

Lendo o título da crônica de Clarice Lispector, "Das vantagens de ser bobo", responda:
O que podemos compreender previamente sobre o tema do texto?
Pense como o jogo de palavras "vantagens" e "bobo" pode contribuir para isso.
Os alunos devem ser capazes de estabelecer um conhecimento prévio pela leitura do título. Relacionando as duas palavras constatar que não se trata de um texto típico sobre o tema.

Segunda a definição do dicionário, "bobo" é "quem revela falta de inteligência. Estúpido, idiota, imbecil, pateta, tolo. Comparando os significados do dicionário com o texto de Clarice Lispector, defina qual o significado de "bobo" criado pela cronista.
Os alunos devem ser capazes de comparar a noção do dicionário e observar a desconstrução feita na crônica.


Na crônica observamos o recurso da comparação de bobo com esperto para a argumentação e convencimento. Como a caracterização do "bobo" e do "esperto" se relacionam com a construção de sentidos no texto?
Os alunos devem ser capazes de observar os adjetivos e descrições em torno das duas palavras "bobo" e "esperto". Comentar como a comparação fortalece a argumentação.

"Aviso: Não confundir bobos com burros". Escreva um breve comentário expondo sua opinião sobre a afirmação da cronista.
O aluno será capaz de resgatar no senso comum a noção de bobo e comparando com a crônica constatar a diferença de sentidos gerados pela cronista.


Releia o seguinte trecho:

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas! 
Explique o porquê da autora afirmar que em Minas Gerais é mais fácil ser bobo
Retomando a cultura popular, o aluno será capaz de lembrara as noções dadas aos mineiros, tipicamente tachados de bobos e lentos. Por fim, mudar a sua noção cultural.

"Dostoievski", "César", "Jesus Cristo", "Chagall". Os nomes presentes na crônica são consagrados na história como vitoriosos, cada um em sua área. Porém, o texto os apresentam como "bobos". Observe novamente as passagens em que cada nome é citado, escolha um ou dois personagens e comente as desvantagens que marcaram a vida de cada um deles.

Escolhendo Júlio César, o aluno será capaz, de lembrar da história do grande conquistador e imperador romano e da sua confiança a Brutus, filho adotivo, o que resultou em sua morte: "Até tu, Brutus".


Podemos concluir que nossa visão de "bobo", após a leitura do texto, se modificou, ou permanece a mesma?

O aluno deve ser capaz de compreender a inversão de sentido criado pela autora na comparação do bobo com o esperto. Neste o caso, o bobo passa a ter um caráter positivo, diferentes das noções comuns de esperto.


A ilustração abaixo é do pintor russo Marc Chagall (1887-1985) mundialmente conhecido, e que com suas telas criou um mundo colorido de eventos miraculosos.



Após observar o quadro comente o seguinte trecho: "Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas".

Os alunos devem ser capazes de relacionar o novo sentido obtido da crônica para bobo. Bobo como esperto, tendo o processo criativo como imaginativo e original.

A crônica é um gênero textual que apresenta característica como uma linguagem coloquial, o humor, assuntos do cotidiano etc. Releia a crônica e procure identificar no texto passagens que evidenciam essa definição.

Os alunos devem ser capazes de encontrar passagens e seleciona-las para a comprovação da definição de crônica.









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