ENSINO DE MÚSICA POR MEIO DA FLAUTA DOCE: O INSTRUMENTO USADO COMO RECURSO FACILITADOR

May 25, 2017 | Autor: C. Benassi (Claud... | Categoria: Música, Recorder Teaching, Ensino De Música, Flauta Doce, Ensinos de flauta doce
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E NSI N O D E M ÚSI C A P O R M E I O D A F L A U T A D O C E : O I NST R U M E N T O USA D O C O M O R E C U RSO F A C I L I T A D O R BENASSI, Claudio Alves UFMT [email protected] Grupo de Trabalho: Formação de Professores Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O ensino de música foi legitimado como conteúdo curricular obrigatório nas escolas brasileiras através da Lei nº 11.769 de 18 de agosto de 2008, significando uma grande conquista para a sociedade brasileira de forma geral. No entanto, a educação musical, não está escape de enfrentar problemas peculiares ao momento atual. A flauta doce 1 vem sendo utilizada por professores de música que não possuem qualificação adequada, promovendo o que podemos chamar de descrédito do instrumento no cenário musical. É extremamente necessário que se levante dados sobre a efetivação do ensino de música, bem como a maneira como este está se consolidando, sendo que este foi o principal objetivo da presenta pesquisa que consubstanciou em quatro etapas: revisão teórica, elaboração e realização de entrevistas semiestruturadas, apreciação dos dados e a produção textual. Três professores de música de diferentes campos de atuação dentro da educação musical e de localidades diferentes no município de Cuiabá, foram escolhidas, levando em consideração o meio para o ensino da música: a flauta. Como fundamentação teórica, apresento Hauwe (1984) e suas preocupações em torno do ensino da flauta, as considerações de Cuervo (2008) sobre a falta de credibilidade do instrumento e a falta de familiaridade do educador musical com o instrumento e ainda os apontamentos de Loureiro (2003) sobre o ensino de música. Considero após a análise dos dados que nos três contextos pesquisados, que a flauta é somente um recurso facilitador na aula de música do professor que está despreparado para ensina-la, mais a utiliza por conveniência. Ainda reflito sobre a necessidade da delimitação do campo de atuação do profissional do ensino de música, bem como da capacitação deste. ! Palav ras-chave: Flauta doce. Ensino de música. Educador musical. Introdução A flauta é um instrumento cujo uso floresceu na Renascença e no Barroco, sendo que no último o seu uso começou a declinar. Desapareceu do cenário musical por volta do ano de 1750, per (1999, p.04) as inflexões de um novo estilo musical !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 1

instrumento, será feita apenas como flauta.

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, p.06). Segundo Araújo o Barroco

exigiu dos instrumentos

musicais, tessitura mais ampla, maior contraste dinâmico e maior flexibilidade para expressar totalmente o novo estilo, qualidades não presentes na flauta. Reapareceu no meio musical no século XIX, trazida de volta

à vida por músicos, estudiosos de música antiga e

colecionadores de instrumentos vintages. Segundo Hauwe (1984, p.06), seu reaparecimento ficou ofuscado por outros instrumentos que voltaram ao meio musical na mesma época. A maneira mais eficaz de difundir o instrumento e torna-lo popular, foi segundo ), o ensino. Isto trouxe-lhe alguns benefícios como por exemplo, ganhar destaque entre amadores e profissionais. Atualmente, a flauta continua a ser utilizada no ensino, não mais como um instrumento com potencialidades artísticas, ficando seu uso restrito a processos de iniciação musical. A flauta doce, instrumento utilizado de forma massiva nas escolas e projetos de educação musical, não possui a credibilidade de instrumento potencialmente artístico, o que a tem limitado apenas a processos de iniciação musical, com algumas exceções (Cuervo, 2008. p.227).

Este problema ficou bastante evidente em uma pesquisa realizada com três professores que atuam no ensino de música, utilizando a flauta, em Cuiabá em locais bastante distintos. A pesquisa foi realizada em março de 2011, através de entrevistas semiestruturada, com perguntas previamente elaboradas sobre a própria formação, métodos de ensino do instrumento e repertório, e ainda outras que surgiram no momento da interação. O primeiro profissional na época da pesquisa atuava em uma escola de ensino fundamental localizada em Cuiabá na região central, é formado em música pela UFMT e é niversidade e ensina flauta em uma igreja evangélica na região norte, e também leciona música em uma escola cuiabana, se considera multi-instrumentista. O último professor toca violão, também utilizava a flauta para ensinar música em um projeto de ação social na região leste de Cuiabá e é formado em música pela UFMT

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Após concluída a etapa de levantamento bibliográfico, as entrevistas foram realizadas, tendo seus dados sido registrados por meio da escrita, em seguida, submetidos a apreciação. Um dos principais suportes teóricos buscados foi Hauwe (1984) que apesar do

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tempo de publicado, continua atual mostrando que os mesmos problemas por ele apontados, foram constatados nas entrevistas. Corrobora ainda as considerações de Loureiro (2003) sobre o ensino de música e Cuervo (2008) com o panorama da flauta no cenário musical. Dados das entrevistas: delineando a visão dos professores sob re o ensino da flauta O ensino da música no Brasil avançou muito nos últimos tempos, no que diz respeito ao considerado terceiro setor . Formalmente, esteve estanque com exceção das instituições especializadas, até a sanção da Lei nº 11.769 de 18 de agosto de 2008, que no seu Artigo número 1, no sexto parágrafo explicita que a música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o

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Grande conquista para a classe musical e importante ganho para a sociedade brasileira, o ensino musical ganha espaço na educação formal regular. No entanto, convêm lembrar, que a educação musical, entendida como ciência ou área de conhecimento, não escapa de conviver e de se defrontar com constantes situações problemáticas que são peculiares ao atual momento (Loureiro, 2003, p.108). Estas situações problemáticas apontadas por Loureiro ficarão bem claras a partir deste momento, em que começo a apresentar as repostas obtidas nas entrevistas. Quando indagados sobre a própria formação, os professores foram unânimes em afirmar que existe um descompasso muito grande entre a academia e a realidade do ensino de -me s

. dão os estágios que

alegando que recebeu apenas duas visitas do orientador em seu estágio. Diz ainda que falta reflexão sobre este momento, que julga importantíssimo na vida do futuro professor. que os conteúdos do Os meus alunos só querem saber de Funk. Estou desesperada, nunca consigo fazer nada. Basta começar a lição que eles começam a pedir e a sugerir as músicas. Sempre toquei os hinos da igreja, na faculdade nunca me mostraram como é o Funk, também nunca teve cursos complementares sobre isso aqui (Mara. Entrevista, 2011).

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Sobre os métodos utilizados para o ensino do instrumento, as respostas são bastante distintas. Rose relatou que utiliza dois métodos, mas que os considere ineficientes para um ensino de música/instrumento, que constantemente tem que fazer adequações. Mara afirma que por ser flauta

aprender o

dedilhado, como se soprar e ter cui

. Pedro diz conhecer alguns

métodos, mais que prefere adaptar as músicas para ensinar. Todos os professores relataram não conhecer o repertório da flauta, tanto o antigo quanto o atual, também não reconhecem ser importante, pois os alunos que se sobressaem no estudo da música e na prática instrumental, são sem exceção encaminhados ao estudo de outro instrumento. muito limitado, some à toa... ninguém percebe. Nunca dá pra tocar nada mais sério, ficar só com musiquinha não dá. A gente tem que aprender um instrumento que possa tocar de tudo. A flauta é só pra brincar (Rose. Entrevista, 2011).

Quando perguntados sobre a necessidade de formação adequada para o profissional do ensino da flauta serviu de nada. Não adianta ficar só tocando, tem que aprender a técnica, coisa que nunca vi lá

por ser tratar da flautinha

mercado de trabalho é quase sempre pela flauta. a, pra poder ensinar melhor. Mas não dá para conciliar o estudo e trabalho. Sei que é importante... mas pra mim, é inviável. Até peguei um material na faculdade, mas achei tão antigo, acho que meus alunos iriam rir das musiquinhas, por que não faz parte do contexto deles (Pedro. Entrevista, 2011).

Muitos outros relatos foram colhidos dos professores relacionados, no entanto os mais relevantes para esta pesquisa, foram relacionados acima. Vejamos a seguir a confrontação deste dados com os apontamentos de Hauwe (1984), sobre o ensino deste instrumento tão peculiar e a corroboração de Loureiro (2003) sobre o ensino de música. A preciando os dados: do relato das entrevistas para o campo teórico

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De acordo com Loureiro (2003, pg.198) há uma incompatibilidade entre os objetivos e os conteúdos que são propostos pelos currículos dos cursos de licenciaturas, sendo que as atividades que efetivamente são desenvolvidas pelos profissionais do ensino musical, provocam no aspirante a educador musical, dificuldades no momento da pratica educativa. Para Machado: Na literatura da área da educação musical, a formação dos professores de música, que se destinam a atuar no ensino básico, tem se tornado um dos assuntos mais enfatizados, uma vez que os cursos de licenciatura em música não têm contribuído totalmente à qualificação dos docentes para enfrentarem a realidade do mercado de trabalho. (Machado, 2004. p.37).

Cursos sem foco, currículos distantes das necessidades e ensino precário mostram a urgência de profissionais que atuaram no ensino. Fica evidente que os problemas apontados acima, também são refletidos na realidade do curso de formação de professores de música no estado de Mato Grosso pela UFMT, como evidencia a fala dos entrevistados. O amplo campo de atuação de educador favorece o que posso chamar de polivalência no ensino de instrumento. Isto fica bem claro no tópico anterior, que todos os entrevistados estudaram um tipo de instrumento e se utilizam de outro para desempenharem sua função de educador. Pressupõe-se que o docente de música (licenciado) está habilitado para ensinar aquele instrumento pelo qual optou ao ingressar na academia. No entanto, esse profissional ao ingressar no mercado de trabalho, na maioria das vezes, vê-se obrigado a ensinar flauta, mesmo não estando qualificado. É comum ao chegar na escola, o professor de música ouvir Como se constata nas entrevistas, os três professores tocam e/ou estudam outros instrumentos, no entanto, utilizam-se da flauta para o ensino da música. Neste sentindo, a polivalência ainda existe no ensino musical, no que diz respeito ao ensino do instrumento. O professor que estudou um outro instrumento qualquer, usa a flauta, sem ter competência para tal, quase sempre motivado pelo seu baixo custo, ótima relação

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custo-benefício e fácil manuseio. Eis aqui os argumentos usados por grande parte dos atores de projetos sociais e diretores de escolas de ensino regular, para justificar a sua utilização. Infelizmente, é comum ouvir relatos de professores de música foram colocados no tópico anterior recorrem a Internet

como um dos que

que aprenderam a tocar a flauta sozinhos ou que

como é o caso de um de nossos entrevistados

para depois

proporcionar, mesmo que de forma errônea, algum aprendizado aos seus pupilos. Todos nós flautistas e professores, conhecemos colegas com os dedos duros, mãos co pressionado firmemente para dentro. Maneira como aprenderam a tocar a flauta doce, ou para ser mais exato, é a posição que chegaram por si mesmos, por falta de orientação adequada. (Hauwe, 1984. p.07. Grifo do autor).

Sendo utilizada de forma equivocada, por educadores musicais sem formação adequada, a flauta ficou relegada a simples processos de iniciação musical, com raras exceções. O que Hauwe (1984, p.07) diz a respeito da aprendizagem proporcionada por este tipo de profissional, é preocupante. Segundo ele, o processo normalmente começa com o posicionamento da mão esquerda, com explicações sobre o primeiro, segundo e terceiro dedos, sem ater-se a posição correta da mão direita. Nos relatos fica claro que estas colocações não são observadas, pois não se ensina ao aluno a técnica do instrumento. Quanto ao tratamento mão direita, é ainda mais preocupante. Geralmente, o professor começa pelo dedo que corresponde ao orifício número cinco, sem dar atenção a postura do polegar. Isto para o autor é perigoso, pois quando, mais tarde o aluno tentar emitir a nota mais grave do instrumento, que é possível executar fechando com o dedo mínimo os buracos de números sete e oito2, ou o acidente correspondente, dificilmente conseguirá obter o som correto (Hauwe, 1984, p.07). Este problema fica bem claro em um dos relatos colhidos, quando o entrevistado diz que aprendendo apenas o dedilhado, a embocadura e a afinação correta, é suficiente para tocar este instrumento, sem se ater para questões de cunho ergométricas como as explicitadas acima. Outro problema no ensino da flauta é a defasagem e o obsoletismo dos métodos que são utilizados para orientar a prática docente e alunos na construção do seu aprendizado. Um !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 2

Existe outras formas para fazer o instrumento emitir outras notas mais graves do que aquela em que se fecha os buracos citados acima.

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dos métodos mais populares entre os professores de flauta aqui utilizados, é de autoria de um músico que não é flautista. Segundo um dos entrevistados, a qualidade é o material instrucional da disciplina Prática Instrumental

Flauta I e II do curso de Licenciatura em

música da UFMT é ainda mais duvidosa. Na fala de Pedro, este material, entre outros ali utilizados, seriam rejeitados pelos seus alunos, por estarem fora do contexto dos mesmos. Para Mara o fato de ter estudado flauta em sua graduação, não contribuiu para sua formação como educadora/professora de instrumento, pois os estudos de flauta na referida instituição não prepara o licenciando para atuar como flautista, tampouco como professor do instrumento. Estes métodos são para obtenção de resultados imediatos, como afirma Hauwe, Todos os métodos disponíveis para o ensino da flauta doce foram, e muitos ainda são, com base na obtenção de resultados imediatos: uma breve explicação sobre a posição das mãos, a metade do orifício do polegar aberto, buracos 6 e 7 semifechados, um pouco de ar, uma língua, e hey presto, a primeira melodia pode ser produzida. (Hauwe, 1984, p.07. Grifo nosso).

Supostamente, é isso que esperam os pais ou responsáveis, e ainda se sentem orgulhosos que no máximo em duas aulas seus filhos consigam tocar uma música em poucas horas de estudo. Professores e os pais têm esta expectativa, por que não veem o ensino da flauta, como um processo de aprendizagem a longo prazo, mesmo porque não pode oferecer suporte técnico para seus alunos, além de uma iniciação básica, pontua Hauwe (1984, p.07). Estes apontamentos se refletem nas falas dos professores entrevistados. Nenhum deles possui as habilidades e as competências exigidas pelo ensino da flauta, como por exemplo, domínio das técnicas e do repertório escrito para o instrumento. Vê-se também o desconhecimento dos métodos, metodologias e didáticas voltadas para o ensino do mesmo. Hauwe (1984, p.07) critica a visão de uma criança poder tocar uma melodia conhecida em pouco tempo de estudo, e questiona por que deveria aprender mais, visto que o ensino da flauta é, na maioria das vezes, somente uma preparação para o estudo de outro de desenvolver-se tecnicamente no estudo do instrumento, sabendo que ele não poderá oferecer este suporte ao aluno, passa-o ou indica-lhe o estudo de outro instrumento, como podemos confirmar na fala de Rose, sobre o aprendizado da flauta.

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Vimos no relato de um dos professores que a flauta para se obter maior êxito na aprendizagem de outro instrumento musical. A flauta é então um recurso facilitador na aula de música. Em certos casos, quando o pai ou o próprio aluno, por uma questão de apego, quer continuar a estudar com o mesmo professor, este tenta tocar outras músicas que exigem maior habilidade técnica na execução do instrumento e muitas vezes acaba não conseguindo ou o faz de forma improvisada, fazendo com que, anos mais tarde, este aluno se torne um flautista frustrado (Hauwe, 1984, p.07). A falta de familiaridade do educador musical com o instrumento e com o repertório escrito para ele, faz com que a flauta seja vista com reservas no cenário musical. Mas este não é o único problema, Um dos motivos que afasta a música contemporânea das salas de aula, pode ser a falta de familiaridade do professor do instrumento. No entanto, percebe-se que as transformações ocorridas na composição musical a partir do século XX demandam uma formação musical que abarque essa nova produção, em seus modos de escutar e perceber esta música. (Cuervo, 2008. p.228).

Cuervo (2008, p.228) reconhece como sendo papel do educador, mediar e orientar o repertório apreendido em aula, sendo importante que este possua uma postura reflexiva, no momento em que discute a sua própria formação. ofissional está atento à necessidade de se qualificar. Para a autora, o momento suscita uma nova concepção de educação musical oportunizar ao aluno a iniciativa de criar e se expressar. O professor passa segundo a autora, a exercer uma nova função: facilita o processo de aprendizagem, estimula, questiona e aconselha os alunos (Loureiro, 2003, p.197). Considerações finais Loureiro (2003, p.109) reconhece que são muitos os problemas enfrentados pela área da educação musical. Um dos maiores, segundo a autora é a falta de sistematização do ensino de música e o desconhecimento do valor da educação musical como disciplina. Muitas são as práticas que se espalham pelo país, com as mais diversas propostas para amenizar as necessidades pedagógicas musicais, que decorrem da variedade de concepções de conhecimento e de mundo.

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Nota-se a existência de inúmeras lacunas na formação do profissional do ensino de música. Como vimos, o professor pratica um instrumento e ensino outro. Como a flauta é um instrumento de manuseio simples e de fácil aquisição, é sempre a primeira opção para o ensino de música. Outro ponto que favorece sua presença na sala de aula é que demanda pouco espaço, tanto para sua manipulação quanto para seu condicionamento, podendo ser guardadas sem demandar grandes espaços. O ensino de música por meio da flauta está quase sempre descontextualizado, não observando os princípios básicos para a sua prática, tais como técnica e repertório, configurando-a apenas como um recurso facilitador na aula de música. Isto ocasiona ao instrumento baixa credibilidade artística oferece potencialidades para a performance musical

baseada na crença de que este não

como pode ser constatado em Cuervo

(2008), ficando o instrumento restrito a processos de iniciação musical. Neste caso, não bastaria apenas a atualização dos métodos de ensino do instrumento, mas também a capacitação mínima deste profissional. Percebe-se também a necessidade da criação de curso de formação de professor de flauta, mesmo concordando com Loureiro músicos, mas também de sujeitos capazes de aprender, pesquisar, conhecer e experimentar. Um momento de grande importância na vida acadêmica de um licenciando é sem dúvida o estágio. Como vimos, ótimas oportunidades para a reflexão sobre os principais problemas que o professor de música enfrenta na sala de aula são perdidas, comprometendo evidentemente a produção do conhecimento na educação musical. Nota-se um descompasso no ensino do instrumento, nos cursos de Licenciaturas em música. A disciplina destinada a prática musical com a flauta do curso de música da UFMT, (1988, 16ª ed.) (1977) e de um material instrucional de qualidade duvidosa. Após análise do mesmo, cheguei a conclusão que este privilegia a formação de repertório diversificado, sem atentar para o repertório antigo e atual da flauta, bem como fazer pouca referência a técnica do instrumento, ficando esta somente no campo teórico antiquado, portanto, fragilizado. Um empecilho que estanca o desenvolvimento da flauta como instrumento artístico além da defasagem do material didático é a falta de atuação musical dos professores, pouca ou

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nenhuma atualização metodológica e ainda a inexistência de publicações dos mesmos sobre o assunto. Outro obstáculo que impede a flauta de ser levada a sério atualmente é o descrédito e o preconceito com que é encarada no cenário musical. Uma das possíveis soluções para o problema seria delimitar o campo de atuação do educador musical, por meio de um curso de licenciatura em música, com habilitação em um instrumento. Supõe-se que a partir do momento que flauta passar a ser ensinada somente por professores que sejam flautistas

e

que realmente saibam toca-la e ensina-la, este panorama se reverta. Referências ARAÚJO, Sávio. A evolução histórica da flauta até Boehm. http://amjsad.com/downloads/nilson/a_evolucao_historica.pdf, acessado em 09 de abril de 2011. BRASIL. Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário O ficial da União, Brasília, DF, v.145, n. 159, 19 ago. 2008. Seção 1, p.01 CUERVO, Luciane. M úsica contemporânea pa ra flauta doce: um diálogo ent re educação musical, composição e interp retação. In: Encontro da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Música, 18, 2008, Salvador. Anais do XVIII da ANPPOM. Salvador: UFBA. p.227-230. FRANCO, Daniela Carrijo. LANDIM, Betiza Fernandes. M úsica b rasilei ra erudita pa ra flauta doce e piano: ampliação do repertório e organização de catálogo de ob ras. Disponível em: http://revistas.ufg.br/index.php/musical/article/viewFile/1580/1546. Acessado em 25 de agosto de 2010. HAUWE, Walter van. T he modern recorder player. Vol 1. London: Schott music LTD. 1984. T he recorder today. New York: Cambridge University Press. 1990. LOUREIRO, Alícia M. Almeida. O ensino de música na escola fundamental. Campinas: Papirus. 2003. MACHADO, Daniela Dotto. A visão dos professores de música sob re as competências docentes necessá rias pa ra a p rática pedagógico-musical no ensino fundamental e médio. Revista da ABEM , Porto Alegre, p. 37-45. 2004. Revista Nova Escola. A fragilidade de cursos de Pedagogia e de licenciaturas no B rasil. Disponível em http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-inicial/fragilidade-cursospedagogia-licenciaturas-brasil-graduacao-formacao-docente-546805.shtml. Acessado em 21 de março de 2011.

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Referência a este trabalho BENASSI, C.A. Ensino de música por meio da flauta doce: o instrumento usado como recurso facilitador. In: Seminário de Educação, (20.: 2012: Cuiabá, MT). 20º Seminário de Educação./ Cuiabá: UFMT, 2012

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