ENTOMOFAUNA CAPTURADA POR ARMADILHAS ATRATIVAS EM UM FRAGMENTO URBANO DE MATA ATLÂNTICA
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ENTOMOFAUNA CAPTURADA POR ARMADILHAS ATRATIVAS EM UM FRAGMENTO URBANO DE MATA ATLÂNTICA Bruno Corrêa Barbosa (1); Tatiane Tagliatti Maciel (1,2); Mariana Paschoalini Frias (1); Fábio Prezoto (1) (1) Laboratório de Ecologia Comportamental (LABEC), UFJF, 36036-900 Juiz de Fora, MG, Brasil. (2) Curso de Ciências Biológicas, Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, 36033-240 Juiz de Fora, MG, Brasil.
Palavras-chave: abundância, insetos, Floresta estacional semidecidual. Introdução Os artrópodes, em especial os insetos, executam funções essenciais para o equilíbrio de ecossistemas como: polinização, dispersão de sementes, decomposição, ciclagem de nutrientes e controle natural de herbívoros e são presas importantes de outros invertebrados e vertebrados (WILSON, 1994), evidenciando a importância de pesquisas sobre redes de interação. O número de espécies presentes em um ecossistema é o resultado de um equilíbrio, no qual intervém fatores abióticos e bióticos. Assim a entomofauna de uma região depende da complexidade que ali existe, podendo os insetos se tornar indicadores ecológicos para avaliação do impacto que venha a ocorrer numa região (SILVEIRA NETO et al. 1995). Os estudos sobre diversidade de espécies, sobretudo de insetos, em diferentes estruturas vegetais são ferramentas básicas para levantamentos iniciais da diversidade regional e global (SILVA, 2010). Sendo assim, este trabalho teve como objetivo registrar a diversidade das ordens de insetos de um Fragmento Urbano de Mata Atlântica. Material e Métodos O estudo foi desenvolvido no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora, que compreende uma área de 84 hectares (21°43’28” S - 43°16’47” O, altitude 800 m), localizado no município de Juiz de Fora, no Estado de Minas Gerais. As coletas foram realizadas mensalmente de setembro de 2011 a julho de 2013 em duas áreas previamente escolhidas e denominadas “Área Antropizada” que consiste em locais de edificações como casas, estábulos, viveiros de animais, viveiros de plantas e também é uma áreas de fluxo de veículos e de pessoas regularmente e “Área de Mata” no qual consiste local mata nativa e áreas de plantação de frutíferas. Para tais coletas, foram utilizadas 36 armadilhas atrativas elaboradas com garrafas do tipo “pet” contendo 150 mL de substância atrativa em cada uma delas e com três aberturas de aproximadamente 3 cm para a entrada dos insetos. Foram utilizados dois tratamentos para substância atrativa, 16 com suco de goiaba, 16 com suco de maracujá e quatro com água pura como grupo controle, para controle. As armadilhas foram instaladas a uma distância de 10 m umas das outras intercalando os dois tipos de substância atrativa com água iniciando o transecto predefinido. (SOUZA & PREZOTO, 2006, DE SOUZA et al. 2011; CLEMENTE et al. 2012). A diversidade será calculada para cada área estudada (Área Antropizada e Área Mata), utilizando-se o Índice de Shannon-Wiener (H’), será calculado o índice de dominância para as diferentes áreas amostradas utilizado o Teste de Berger-Parker. Para teste de correlação entre abundancia entre as áreas será utilizado o Coeficiente de Correlação de Spearman (rs), o valor de equitabilidade será feito pelo Teste de Simpson, todos testes iram ser realizados através do programa Past v. 2.17c. Resultados e Discussão
Foram coletados 12.184 indivíduos, distribuídos em nove ordens: Hymenoptera, Diptera, Lepidoptera, Coleoptera, Blattodea, Orthoptera, Hemiptera, Neuroptera e Psocoptera. As ordens Hymenoptera e Diptera foram as mais abundantes, perfazendo mais de 76% dos indivíduos coletados (Grafico 1). Na Área de Mata foram coletados 6.405 indivíduos enquanto na Área Antropizada foram coletados 5.779, havendo diferença significativa (rs=0.9500; p=0.0001) entre as áreas quanto sua abundância de indivíduos. As formigas representaram mais de 80% da ordem Hymenoptera, resultado semelhante aos encontrados por Alves et al. (2010) e Souza et al. (2010) em estudos sobre levantamento de insetos. Tabela 1: Abundância das ordens de insetos coletados por armadilha atrativa com subdivisão da abudância da Ordem Hymenoptera. (Azul = Área de Mata; Laranja = Área Antropizada)
Através do índice de Shannon-Wiener para diversidade, a “Área de Mata” se mostrou mais diversa do que a “Área Antropizada”. A Área de Mata também apresentou o índice de equitabilidade superior e uma inferior dominância, indicada pelo índice de Berger-Parker. Área Antropizada apresentou uma menor equitabilidade, ou seja, uma distribuição não uniforme das ordens pelo fragmento, e alta dominância, ocorrendo uma ou mais ordens se sobrepondo em relação às demais (Tabela 2). Tabela 2: Número de indivíduos coletados nas áreas de estudo, seguidos de seus índices de diversidade, dominância e equitabilidade. Índices N° de indivíduos Shannon-Wiener Berger-Parker Simpson
Área de Mata
Área Antropizada
6.405 0.6222 0.4287 0.7836
5.779 0.5444 0.5880 0.6771
Sabendo que a diversidade de insetos está mais intimamente relacionada a uma combinação entre a estrutura vegetal complexa, do que à abundância vegetal em questão, a hipótese de que em habitats fragmentados e impactados, seja por ação antrópica ou natural, a diversidade de plantas diminui e consequentemente a de insetos também (HAWKINS et al. 1992; SUMMERVILLE et al.
2001) é corroborada por este estudo. As informações sobre a fauna de insetos e o conhecimento de sua distribuição sazonal e sabendo seu potencial de biomonitoramento, contribuirão para futuros estudos de conservação em fragmentos urbanos de Mata Atlântica.
Referências ALVES, S. S.; FERNANDES F. S. & RODRIGUES, W. C. 2010. Levantamento da Entomofauna Bioindicadora de Qualidade Ambiental em Fragmento de Floresta Atlântica. In: Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra, 9, Vassouras. Anais...Vassouras: USS. CLEMENTE, M. A.; LANGE, D.; DEL-CLARO, K.; PREZOTO, F.; CAMPOS, N. R. & BARBOSA, B. C. 2012. Flower-Visitiong Social Wasps and Plants Interaction: Net Pattern and Environmental Complexity. Psyche: 10. DE SOUZA, A. R.; VENÂNCIO, D. F. A.; ZANUNCIO, J. C. & PREZOTO, F. 2011. Sampling Methods for Assessing Social Wasps Species Diversity in a Eucalyptus Plantation. Journal of Economic Entomology, 104: 1120-1123. HAWKINS, B. A.; SHAW, M. R. & ASKEW, R. R. 1992. Relation among assemblage size, host especialization and climatic variability in North American parasitoids communities. American Naturalist, 139: 58-79. ROCHA, G. C.; LATUF, M. O. & CARMO, L. F. Z. 2003. Mapeamento de riscos ambientais a escorregamentos na área urbana de Juiz de Fora, MG. Geografia, 12: 509-516. SILVA, L. B.; FERNANDES, M. A. U. &NASCIMENTO, J. N. 2010. Diversidade de insetos capturados em Armadilhas Mcphail no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Interbio, 4 (1). SILVEIRA NETO, S. S.; MONTEIRO, R. C.; ZUCCHI, R. A. & MORAES, R. C. B. 1995. Uso da analise faunística de insetos na avaliação do impacto ambiental. Scientia Agrícola, 52 (1): 9-15. SOUZA, M. M. & PREZOTO, F. 2006. Diversity of social wasps (Hymenoptera: Vespidae) in semideciduous forest and cerrado (Savanna) regions in Brazil. Sociobiology, 47: 135-147. SOUZA, T.G.G.; RENÓ, F. G. F.; PINHEIRO, M.S.; SATO, K.A; DIAS, L. P. & LOPES, K.A.R Levantamento preliminar de insetos presentes na universidade do vale do Paraíba Campus Urbanova. In: Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e X Encontro Latino Americano de Pós-Graduação, 14. Anais..Jacareí: UNIVAP. SUMMERVILLE, K. S.; METZLER, E. H. & CRIST, T. 2001. Diversity of Lepidoptera in Ohio Forests at local and regional scales: How heterogeneous is the fauna? Conservation Biology and Biodiversity, 94 (4): 583-591. WILSON, E. O. 1994. Diversidade da vida. Companhia das Letras, 447 p.
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