Entra a Utopia de More e as cronicas do Novo Mundo

June 3, 2017 | Autor: Franklin Morais | Categoria: Utopian Studies, Utopian Literature, Utopia, Sir Thomas More
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Entre a Utopia de More e as Crônicas do Novo Mundo Franklin Farias Morais1

Intelectual e diplomata brasileiro, Afonso Arinos de Melo Franco defendeu a hipótese de que Thomas More concebeu a ideia da Utopia em função das sociedades do ultramar projetadas sobre o espírito humanista pelos cronistas do Novo Mundo. Mais especificamente, o intelectual afirma que a ilha que conhecemos hoje como Fernando de Noronha (batizada à época como Ilha de São Lourenço), descrita em cartas, serviu de, por assim dizer, “essência originária” à escritura de Utopia - curiosamente “lugar nenhum”, conforme a etimologia da palavra. Arinos sugere que o surgimento de notícias de um quarto continente, um Novo Mundo, alargou no ideário intelectual do século XVI a ideia de um lugar ideal, de uma sociedade perfeita. A partir da proposição de Arinos, a ideia, aqui, é investigar a validade de tal hipótese através do cotejo entre o texto de More e uma carta de Américo Vespúcio a Renaud II de Vandemon, duque de Lorena e de Bar, que eram províncias do nordeste da França, na qual o explorador lusitano descreve o aporte conturbado na ilha de Fernando de Noronha. Esta carta foi compilada e amplamente difundida no século XVI, a partir de 1507, sob o título de Quatro Navegações. Tendo como premissa o argumento de que as cartas de relatos de aventuras marítimas exerceram forte fascínio aos humanistas do século XVI, Arinos investiga as possíveis codificações de elementos do ideário do Novo Mundo em Utopia de Thomas More. Os estudos históricos confirmam amplamente a validade da ideia da influência do Novo Mundo aos humanistas do Renascimento, conforme se pode ler na introdução de Eduardo Bueno, em Novo Mundo – As cartas que batizaram a América: os textos de Vespúcio foram lidos pelas melhores mentes de sua geração. Os filósofos Michel de Montaigne e Erasmo de Rotterdam, os escritores Thomas Morus e Rabelais, os pintores Leonardo de Vinci e Botticelli e até o pensador Nicolau Maquiavel inspiraram-se nelas: ganhou as ruas e as feiras, as praças e as tabernas na forma de pequenos panfletos ilustrados” (VESPÚCIO, 2003, p. 15). 1 Graduado em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Mestre em Letras: Estudos da Linguagem pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Doutorando em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

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