ENTRE EVA E MARIA: A AMBIGUIDADE FEMININA N\' A DEMANDA DO SANTO GRAAL. In: Anais do XXIII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa (ABRAPLIP). São Luís, UFMA, 2012.

June 13, 2017 | Autor: Adriana Zierer | Categoria: Medieval History, Medieval Studies, Medieval Women, Chivalric literature, Arthurian Literature
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Anais do XXIII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa (ABRAPLIP) ISBN 978-85-7862-215-2

ENTRE EVA E MARIA: A AMBIGUIDADE FEMININA N’ A DEMANDA DO SANTO GRAAL1 Adriana Maria de Souza Zierer2 (UEMA)

Introdução

A Demanda do Santo Graal é uma novela de cavalaria composta já num período de cristianização e prosificação da Matéria da Bretanha. O texto, de autoria anônima, foi produzido na França e traduzido para o português em meados do século XIII pelo frei Bivas ou Vivas, a pedido do futuro rei Afonso III (CASTRO, 1983). O eixo central da obra é a busca do Santo Graal (cálice utilizado por Cristo na Última Ceia que continha o sangue vertido por Ele na cruz e recolhido por José de Arimatéia) pelo cavaleiro eleito, Galaaz, virgem e sem pecados, acompanhado de dois outros eleitos, Persival e Boorz. Um elemento primordial da cristianização da novela é que o cavaleiro puro é aquele que domina os desejos da carne, em especial a sexualidade. As mulheres, de forma geral, são vistas na narrativa de forma misógina, associadas ao demoníaco e muitas vezes afastam os guerreiros do seu propósito central de (re) encontrar o Santo Vaso. Por infringir

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Este texto dialoga com as ideias de outro artigo sobre o tema, cf: ZIERER, Adriana M. de S. Entre Ave, Eva e as Fadas: as visões femininas na Demanda do Santo Graal In: OLIVEIRA, Terezinha e VISALLI, Angelita (Orgs.). Leituras e Imagens da Idade Média. Maringá: Eduem, 2011, p. 233-271. 2 Doutora em História Medieval. Docente do Departamento de História e Geografia da UEMA e colaboradora do Mestrado em História Social da UFMA. Organizou em co-autoria com Márcia Manir M. Feitosa Literatura e História Antiga e Medieval: diálogos interdisciplinares. São Luís: EDUFMA, Coleção Humanidades, 2011.

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os mais diversos pecados capitais, dos 150 cavaleiros, somente 12, em analogia aos apóstolos de Cristo, conseguem ver outra vez o Graal. Os demais fracassam na busca. Embora o feminino esteja muitas vezes numa posição negativa, há mulheres positivas no relato, associadas à imagem da Virgem Maria, exemplos a quem as mulheres medievais deveriam seguir. Um terceiro modelo, entre a mulher-pecadora, associada ao diabo e a Eva, e a mulher-santa, ligada a Maria, é a personagem com traços ambíguos. Essa às vezes aparece na Demanda com traços negativos e depois positivos, o que está muitas vezes associado ao fundo celta do texto. Em relatos dessa origem, como os galeses e irlandeses, as personagens femininas tem papel de destaque e estão muitas vezes relacionadas às divindades ou às fadas, seres sobrenaturais que possuem pontos de contato com este mundo e o mundo invisível. Vejamos, pois, as três imagens femininas n’A Demanda do Santo Graal, descortinando parte do imaginário medieval, que é muito mais complexo do que pode parecer à primeira vista, revelando uma maior heterogeneidade dessa sociedade.

1.

A Ambiguidade Feminina nas Imagens de Guinevere e Morgana

Antes de falar dessas personagens é necessário contextualizar a Europa Ocidental entre os séculos XI a XIII, época da Idade Média Central. Esse período é marcado por um grande crescimento agrícola, possibilitado por novas técnicas de cultivo e pela drenagem dos pântanos. O aumento da produção proporcionou um incremento do comércio e das cidades, o desenvolvimento de atividades bancárias, das escolas urbanas e da literatura, com a retomada de temas da chamada Matéria da Bretanha no século XII através da produção de poemas em verso. A poesia se desenvolveu de maneira geral e 21

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surgiu o chamado “amor cortês” modelo no qual um jovem fazia tudo para agradar a sua dama, que estava socialmente em nível superior ao do amado. A melhoria da alimentação possibilitou um aumento no número de anos vividos pelas mulheres, que antes morriam cedo devido à alimentação deficitária e as várias gravidezes. Houve também nesse período um incremento ao culto mariano. Segundo Le Goff, no século XIII Maria se torna quase que a quarta pessoa na Santíssima Trindade, a “advogada” dos humanos, preocupada com a sua salvação (LE GOFF, 2008, p. 128). Foram dedicadas a ela várias catedrais, como a catedral de Notre Dame (Nossa Senhora), em Paris. Também na mesma época foi composta a oração Ave Maria e obras em seu louvor, como as Cantigas de Santa Maria, produzidas por Afonso X, o Sábio, rei de Castela. Cresceu também em importância o culto a Maria Madalena, patrona das pecadoras arrependidas que também teve várias hagiografias dedicadas a ela. Neste contexto passa a ser obrigatório, desde o Concílio de Latrão, em 1215, que a mulher desse o seu consentimento no casamento, o que mostra o aumento da sua importância na sociedade. É certo que nas famílias abastadas o matrimônio continuou como um arranjo entre as famílias, mas o consentimento abriu a perspectiva para que muito mais tarde a mulher efetivamente pudesse escolher o seu parceiro. Uma das temáticas importantes nas obras literárias é o amor cortês. De um lado temos o amor idealizado no qual a paixão nunca se realiza de forma carnal, caracterizada pelo amor platônico, em que um jovem solteiro cobiça a esposa do seu senhor e a ama à distância, prestando a ela obediência e esperando como recompensa um olhar, um sorriso, um pequeno presente, como o lenço ou a fita da dama. Um elemento interessante é que o amante se presta a satisfazer todos os desejos da amada, servindo de marionete aos seus desejos (MARTIN, 1999).

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De outro lado, no romance cortês o amor adúltero é efetivado. Os amantes mais famosos são Tristão e Isolda, personagens inspirados nas figuras de Diarmaid e Grainné3 (VARANDAS, 2006, p. 227-228), descritos num relato anônimo de origem irlandesa, onde o amor termina de forma infeliz com a morte dos jovens. Tristão e Isolda é uma obra redigida originalmente na Inglaterra e França cujos textos originais se perderam, só restando um quarto da versão de Thomas (1170-1173) e alguns fragmentos da versão de Béroul (c. 1180) (LE GOFF, 2009, p. 271). A partir dessas versões várias outras foram produzidas em diversos idiomas europeus, como por exemplo, o ciclo do Tristan en Prose (século XIII) que se fundiu com a nossa versão da Demanda. O mito continuou a ser recontado até o século XIX (cf. LE GOFF, 2009, p. 271-272 e p. 276277) e nesse período Bédier, por exemplo, fundiu os fragmentos da história numa única obra, O Romance de Tristão e Isolda. Tristão e Isolda se apaixonam, mas a jovem é prometida ao tio do rapaz, Marcos, rei da Cornualha. Os jovens efetivam a paixão, se separam e por fim morrem por não poderem estar juntos. É interessante notar que o adultério não é criticado no relato. Outro casal famoso é Guinevere e Lancelot, cuja paixão foi descrita por Chrétien de Troyes em Le Chevalier de la Charrete (O Cavaleiro da Carreta). No caso desta obra, Guinevere é raptada por um cavaleiro e só pode ser resgatada pelo mais perfeito de todos, Lancelot, apresentado como o “melhor cavaleiro do mundo”. No início do relato aparece um anão que promete revelar o paradeiro da dama caso ele entrasse na “carroça da infâmia”, onde os condenados eram exibidos à população. Após hesitar por “dois passos”, ele concorda, sendo depois punido na narrativa pela dama, em virtude desta pequena

A grafia dos nomes muda. As vezes aparece como Diarmuid (com u) e a acentuação diferente no nome da jovem, Gráinne. 3

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“falta”. Após salvá-la, é recompensado com uma noite de amor com a rainha, sem que igualmente a narrativa critique tal desenlace. Mais tarde Lancelot é punido pela dama que envia recado para que perdesse várias batalhas durante um torneio, numa atitude de humilhação aos desejos dela, no que ele consente e a obedece outra vez quando envia a contra-ordem para que vencesse todos os combates seguintes. Essa atitude de ambos explica a lógica perversa do amor cortês onde o cavaleiro deve satisfazer todos os caprichos da dama. A obra ficou inacabada. Podemos afirmar que os duplos Tristão-Isolda, Lancelot-Guinevere são os personagens da Matéria da Bretanha que melhor explicitam o ideal do amor cortês. Ambos os pares são personagens analisados na nossa narrativa. No entanto, em A Demanda do Santo Graal, que visa (re) direcionar as ações dos cavaleiros à defesa do cristianismo e à obediência aos preceitos clericais, a relação adúltera é criticada. Por tal razão as atitudes da personagem de Guinevere (Genevra) são reprovadas, em especial o seu amor por Lancelot. Há um sonho do cavaleiro que a vê no Inferno com a língua tirada para fora da boca. Ele também encontra ali e sua mãe, a rainha Helena, retratada no sonho como estando num jardim florido (o Paraíso) e lhe pede para abandonar a relação pecaminosa para que a sua alma não se perdesse (DSG, 1995, p. 160). Também no mesmo local Lancelot vê outra rainha adúltera, Isolda (Iseu), que na Demanda se abrigava na corte arturiana, motivo pelo qual seu marido, Marcos, é inimigo do rei Artur e ao final do relato destrói a távola redonda, símbolo da corte arturiana, levando ao fim o reino de Camelot. A traição da Genevra é descoberta ao longo da narrativa. Porém há uma passagem na qual, após todos saberem a verdade e a rainha ser condenada à fogueira pelos conselheiros de Artur, o povo se apieda dela, mostrando um forte traço de ambiguidade na reprovação aos seus atos. Pois, como seria possível num contexto cristão uma adúltera ser 24

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valorizada como “boa mulher, cortês, em quem os pobres encontrariam conselho e piedade”? (DSG, 1988, p. 479). Além disso, outro elemento estranho é que depois, um religioso, o arcebispo Dubrício, vai exigir que Artur receba Genevra de volta, caso contrário excomungaria o reino. Percebemos assim, na Demanda que em muitos casos a obra dialoga com duas representações diferentes de um mesmo personagem. No caso de Guinevere, em outros relatos de origem céltica sempre aparece como a esposa de Artur e está associada às divindades femininas. Porém numa narrativa moralizante como a Demanda o adultério representa um grave pecado, daí a reprovação ao comportamento da rainha. Os dois posicionamentos representam as duas visões sobre a mesma personagem, feminina e negativa, de fundo celta e cristão, que convivem juntas no interior da mesma narrativa. Com Morgana (Morgaim) também ocorre o mesmo processo. Em princípio é vista de forma extremamente negativa. A dama se encontra no sonho tido por Lancelot sobre o Inferno, como estando num local cheio de fogo, nua, com uma pele de lobo, gemendo, o que prefigura qual seria o seu destino após a morte: também o ambiente das trevas (DSG, 1995, p. 159). No entanto, ao fim do relato, Morgana é aquela que juntamente com outras donas, leva Artur para ilha de Avalon, para curá-lo de seus ferimentos mortais (DSG, 1995, p. 493-494), causados por seu filho ilegítimo, Mordred. Aqui a imagem se transforma em sobrenatural benéfico e a figura de Morgana nesse momento está associada às fadas que partiram para Avalon, a sede do Outro Mundo Céltico. Numa obra de Geoffrey de Monmouth intitulada Vita Merlini (Vida de Merlin), Avalon, a terra das maçãs, é descrita como o lugar onde, ao invés de grama, o solo era coberto por aquele fruto e onde moravam Morgana e suas nove irmãs (ZIERER, 2001).

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Portanto Morgana possui duas imagens. Associada às fadas nos relatos da Matéria da Bretanha, conhecida como Morgan, le Fay e versada nas “artes mágicas” e no controle do sobrenatural, na Demanda Morgana estaria destinada ao Inferno. Porém a própria narrativa recupera a sua identidade “boa” devido à intertextualidade com outros textos, como o de Geoffrey, e sua magia é voltada para algo positivo no final do relato, quando leva o rei Artur para se curar. Mesmo a figura de Isolda também é ambígua. Ela e Genevra são fieis ao amor cortês e não possuem controle sobre os seus sentimentos, daí o fato de traírem os seus maridos. Ainda outra mulher com traços contraditórios é Aminha, a filha do rei Pelles, mãe de Galaaz. Nada sabemos sobre ela nessa narrativa, apenas que enfeitiçou Lancelot para que este “traísse” Genevra4 e gerasse nela o cavaleiro mais perfeito do mundo, Galaaz. Amina, conhecida como Elaine em outros relatos, faz parte da Linhagem dos Guardiões do Graal e embora tenha feito uma má ação – encantar um cavaleiro da távola redonda – , permite que essa linhagem tenha continuidade através da figura de seu filho, Galaaz, que por sua vez era filho de um cavaleiro considerado até então como o “melhor do mundo”. Pecado, mas também preservação da linhagem do Graal e dos Seus guardiões, o que faz o papel de Aminha ser relevante e ambíguo, ao mesmo tempo positivo e negativo. Vejamos agora a segunda e mais conhecida imagem da mulher na Demanda: a Eva-Pecadora.

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Pela sua fidelidade ao amor cortês, Lancelot só “cede” a outra mulher devido ao encantamento.

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2.

A Eva-Pecadora: o feminino e o diabólico

A imagem que vamos tratar agora é aquela que normalmente esperamos sobre as mulheres na DSG: pecadoras, associadas à Eva que levou Adão a comer o fruto proibido e por esse motivo condenou toda a humanidade a uma vida de sofrimento.

Imagem 1. Adão e Eva (1507), de Albrecht Dürer. Museo do Prado. Madrid. http://en.wikipedia.org/wiki/File:Albrecht_D%C3%BCrer_002.jpg, acesso em 01/11/2011. A visão sobre ela, comum a vários artistas dos períodos medieval e moderno mostra Eva sempre muito bela fisicamente, com os cabelos anelados e próxima da maçã e da serpente (que também lembra o seu cabelo), portanto diretamente relacionada ao 27

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pecado original. Adão aparece como mais inocente e, quase que encantado, seduzido, pela beleza da jovem, ingere o fruto nas pinturas de Lucas Cranach, o velho (ZIERER, 2001; ZIERER, 2011, p. 250-252), entre outras. A imagem de Dürer segue esse modelo. No entanto a sociedade medieval era dinâmica e nela conviviam, ao mesmo tempo, várias concepções sobre o feminino, o que também acontece na Demanda, onde podemos perceber que a mulher tem papel de destaque e desde o princípio é chamada para tomar parte nos acontecimentos. Os exemplos de Eva são inúmeros, relacionados à concepção clerical de que “tentavam” os homens e estariam, devido a sua fragilidade, mais próximas da luxúria e do irracional. Acreditavam no seu papel passivo, pois, segundo Santo Tomás de Aquino (KAPLISCH-ZUBER, 2002, p. 141-142), deveriam agir apenas como receptáculo na procriação. Vários filósofos e clérigos defendiam a ideia de que o mal era causado pela mulher, e que por isso ela deveria ser controlada. Pedro Abelardo chegou a dizer no século XII que Adão comeu a maçã não por haver sido seduzido, mas por afeição, para não desgostar Eva (DUBY, 2001, p. 57). Daí a forte representação do feminino negativo numa obra com acentuada influência dos oratores, como é a DSG. Seguem a seguir três exemplos que consideramos emblemáticos da mulher-Eva na narrativa.

2.1 .

A Filha do Rei Brutus

Trata-se de uma bela jovem, de 15 anos que se apaixona perdidamente por Galaaz, o cavaleiro eleito, quando o vê pela primeira vez. Ele e Boorz haviam pedido albergagem no castelo do pai da donzela, o rei Brutus, cujo nome já lembra “brutalidade”, e 28

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certo aspecto violento, irracional. A moça, ainda que aconselhada pela ama do contrário, passa a desejar ardentemente o rapaz e se dirige ao quarto dele no meio da noite. Galaaz a rechaça, por honra da linhagem dela e porque deveria se manter casto. A jovem argumenta com ele, mas diante da negativa taxativa “mas devo dultar perigo de minha alma, ca fazer a vossa vontade” (DSG, 1995, p. 93) ameaça se matar. O cavaleiro então, numa atitude cristã que visava salvar a vida da donzela, concorda em fazer o que ela quer, mas é tarde demais: ela se mata. O jovem mostra assim sua vitória ante as tentações da carne e confirma o seu merecimento em encontrar o Santo Graal. Após a morte da donzela, todos os homens do castelo atacam Galaaz e Boorz. O primeiro fica numa atitude passiva, mas Boorz defende os dois contra todos e ao vencer os combates mostra que ambos eram inocentes, seguindo a concepção de que Deus havia dado a vitória àqueles que tiveram o comportamento correto.

2.2.

A Donzela “Grega”

Persival, um dos eleitos, está um dia na floresta e lhe aparece uma donzela “grega”, uma alusão ao paganismo, muito bonita de quem ele fica enamorado. Antes que aconteça algo mais entre os dois, aparece uma voz vinda do Céu como um trovão, como manifestação divina. O cavaleiro desmaia. Ao acordar temos a completa transfiguração feminina no Diabo, pois quando ele abriu os olhos a viu rir (riso como sinônimo do diabólico) e entendeu que era o Demônio para enganá-lo e o fazer cair em pecado mortal (DSG, 1995, p. 202). Neste último exemplo, o feminino não representa apenas o mal, mas é o próprio duplo de Satã.

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Comparando os exemplos de Galaaz e Persival percebemos que enquanto o primeiro foi fiel a sua castidade e rejeitou a luxúria, Persival só se manteve puro devido à interferência divina, que o fez perceber que a mulher era na verdade o ente maléfico. Por este motivo fica provada na narrativa a superioridade de Galaaz frente ao companheiro, motivo pelo o primeiro é o principal cavaleiro a encontrar o Santo Vaso5. Quanto a Boorz, o terceiro dos eleitos havia prometido se manter virgem, mas uma única vez na vida sucumbiu a um feitiço e teve relação sexual, ato do qual se penitenciou o resto da vida.

2.3.

A Besta Ladradora

É um animal demoníaco feminino: uma besta. Do seu ventre eram ouvidos os mais terríveis ladridos do mundo e havia matado muitos cavaleiros, dentre os quais os onze irmãos do muçulmano Palamades, que vivia, sem sucesso perseguindo esse ser havia muitos anos. A aventura da besta desvia vários cavaleiros do propósito de encontrar o Santo Vaso, mostrando mais um traço daqueles que eram pecadores. O cachorro ao lado do bode, da serpente e do dragão está muitas vezes associado ao demoníaco e é também um psicopompo, condutor das almas ao outro mundo, como, por exemplo, Cérbero, o cão de muitas cabeças na mitologia grega, guardião do Hades (CHEVALIER; GEERBRANT, 1995, p. 176). O motivo de nascimento da besta foi o intercurso entre o Diabo e uma mulher. Por quê? Devido a um grave pecado, relacionado a um tema recorrente na Demanda, o incesto. A moça, versada na necromancia (arte reprovada pela Igreja), era apaixonada pelo irmão, que também se chamava Galaaz e que recusou o seu amor. Quando

(Sobre o fato de Persival ser um dos cavaleiros eleitos e para a discussão mais aprofundada acerca da hierarquia dos três eleitos frente ao Graal, cf ZIERER, 2011, p. 255-256). 5

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esta pensava em se matar na floresta, local das tentações e do sobrenatural, o Diabo apareceu e prometeu dar a ela o que quisesse, caso fizesse com ele o pacto demoníaco, representado na cópula carnal. Aqui temos a forte concepção medieval de que a salvação está relacionada ao livre-arbítrio e que o ser humano poderia “vender” a sua alma ao demo para obter graças terrenas, como no relato muito conhecido chamado A Lenda de Teófilo sobre um pacto feito entre um religioso e o Diabo, depois anulado pela Virgem Maria (ZIERER, 2010, p. 91-92). Após o contato sexual com o Diabo, a jovem se esquece do amor pelo irmão e mais tarde, grávida, acusa-o de tê-la violentado. O pai acredita e pede que ela escolha a morte do irmão, que foi a seguinte: ser comido por cães deixados em jejum por sete dias. Antes de morrer de forma tão terrível, o inocente diz que viria proximamente outro Galaaz para fazer grandes coisas e que com o nascimento do filho da irmã todos veriam a sua inocência. A besta, associada ao feminino e símbolo do Diabo, só é morta quando Palamades, o bom cavaleiro pagão, se converte ao cristianismo no final da narrativa.

3.

As Mulheres Positivas e sua Associação à Virgem e às Fadas

A presença feminina permeia toda a narrativa e serve muitas vezes para identificar se um cavaleiro era realmente puro ou pecador e se era merecedor de encontrar o Santo Vaso. Já na primeira cena da DSG aparece uma abadessa que chama Lancelot para conhecer o seu filho Galaaz, principal herói da narrativa, e fazer dele um cavaleiro. Vejamos as diversas imagens femininas positivas na Demanda.

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3.1 .

Mulheres Vítimas

Há várias mulheres que são vítimas; algumas de incesto, como Ladiana, sobrinha do rei Marcos (marido de Isolda) atacada por ele e depois morta a seu mando, ou violentadas por poderosos, como no caso do rei Artur, que fez um filho a força na mãe de Artur, o Pequeno. Damas são mortas injustamente pelo fato de os maridos desconfiarem delas, como no episódio “A Mulher da Tenda”, que teve sua cabeça cortada pelo simples fato de o marido vê-la conversando com um cavaleiro.

3.2.

Mulheres Profetizas: A donzela “feia”

Encontramos no relato mulheres com o papel de destaque que agem como profetizas. É o caso da donzela feia, que chega à corte e afirma que um dos cavaleiros seguraria a espada que ela portava e que esta ficaria rubra de sangue. Este cavaleiro traria desgraças à Demanda. Interessante o fato de ela, ao contrário das pecadoras, não ser bela, portanto, não possuía o atrativo que fazia os homens serem levados ao pecado. Todos seguram a arma e ao fim ela fica rubra ao ser tocada por Galvam. O rei Artur acredita na jovem e proíbe o sobrinho de ir à demanda, mas este sai escondido e efetivamente as previsões da donzela se concretizam. Outras profetizas aparecem ao longo da DSG, como as donzelas aprisionadas como escravas e concubinas no episódio do Castelo Felão6. Uma delas antes de morrer faz a previsão de que Galaaz iria salvá-las e fazer justiça contra os seus aprisionadores, o que também se confirma (ZIERER, 2011, p. 259-260). 6

Castelo Traidor. Felão, do termo de felonia, traição.

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Outro elemento interessante na narrativa é a interação entre as mulheres boas e más. As últimas, além de tentar levar os cavaleiros a praticar más ações, também sacrificam as boas donzelas, como veremos a seguir, no caso da irmã de Erec e da irmã de Persival. É interessante notar que muitas dessas personagens são anônimas, não conhecemos os seus nomes e somente alguns de seus traços, como “feia” ou o parentesco com alguém importante, como a tia de Persival, a irmã de Ivã, entre outras, mais uma vez procurando valorizar o feminino na sua relação com o masculino.

3.3.

A Irmã de Erec

Erec, até então considerado bom cavaleiro, encontra uma donzela lhe pede um dom. Ele concorda sem se saber do que se tratava. Mais tarde quando estava numa celebração com a irmã, que não via há algum tempo, a donzela má explicita o pedido: “eu quero a cabeça da donzela que senta perto de ti” (DSG, 1988, p. 240). O que Erec deveria fazer? A primeira ação de um bom cavaleiro é dizer sempre a verdade e se jurou que daria qualquer coisa que alguém pedisse, teria de cumprir. Embora o cavaleiro amasse a irmã e não desejasse cometer um pecado mortal, ele não consegue se desvencilhar das regras da cavalaria, aqui completamente distorcidas, pois dizer a verdade significava agir com justiça e não prejudicar o próximo. Mas preso às regras feudais, Erec cumpre o prometido e mata a irmã. Por esse motivo perde a salvação da sua alma ao matar uma inocente injustamente e satisfazer um desejo fútil. Tal atitude mostra que ele não era um dos cavaleiros eleitos a encontrar o Santo Graal. A donzela má, por sua vez, sai carregando a cabeça cortada da boa donzela, o 33

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que parece ser uma reminiscência da cultura celta na qual a cabeça dos inimigos era cortada e colecionada como troféu. Para os celtas, era ali onde se acreditava estar a força vital do inimigo (STERCKX, 2009, p. 341-388). Como punição por seus atos, Deus castiga a donzela, matando-a com um fogo vindo do Céu.

3.4.

Mulheres que exigem justiça

Mostrando que o feminino na Demanda estava longe de se conformar com as injustiças sofridas, citamos dois casos. No primeiro, em outro exemplo de incesto, Aglinda, quando ia ser violentada pelo irmão, pede a proteção de Deus e por esse motivo o irmão cai morto. Naquele local surge a “Fonte da Virgem”, onde todos os homens que não fossem virgens e caíssem nela, ficariam paralisados. Um deles foi Erec, cujo episódio da morte da irmã acompanhamos, que cai ali e só consegue sair com a ajuda das donzelas da fonte.

Outro caso é o da irmã de Ivã de Cenel, que ao saber da injusta morte do irmão por Galvam insiste com este que Deus a vingaria e se dirige à corte arturiana onde esperava que a justiça fosse feita (DSG, 1995, p. 109-110).

3.5.

A Irmã de Persival

Aqui temos mais um caso de donzela boa versus donzela má. A irmã de Persival é a contraparte feminina de Galaaz. Tal como este é um exemplo modelar feminino, disposto a qualquer sacrifício pelos outros, conforme veremos a seguir. Em primeiro lugar,

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corta aquilo que possuía de mais precioso, os seus cabelos, para fazer a bainha da espada da estranha cinta, que deveria ser desembainhada somente pelo cavaleiro eleito. O cabelo é o aspecto feminino mais atrativo da mulher e tanto as representações imagéticas de Eva como as de Maria Madalena, principalmente nos períodos medieval e moderno, mostram-nas com um cabelo abundante, solto e comprido. Na época, as mulheres solteiras deixavam os cabelos à mostra na forma de uma longa trança e depois de casadas cobriam a cabeleira (MACEDO, 2002, p. 21). O corte do cabelo, portanto, representa o sacrifício de um atributo feminino muito valorizado e na narrativa é dito explicitamente pela jovem que as correias da espada eram feitas “da coisa que eu mais em mim amava” (DSG, 1988, p. 323). Além de entregar a espada da estranha cinta a Galaaz, único dos três eleitos a conseguir retirá-la da bainha, a donzela conhecia o caminho onde estava o Santo Graal no Oriente, local associado ao Paraíso Terrestre. Ela os conduz numa barca ao local onde deveriam ir, numa clara analogia às fadas dos relatos irlandeses, que atraíam os heróis e os levavam a um mundo de felicidade, onde o tempo não existia, o Outro Mundo Céltico. Alguns desses relatos podem ser citados, como por exemplo, Conla e a Donzela Encantada quando um jovem é atraído por um ser feérico para a Terra dos Vivos. Outro é A Viagem de Bran na qual um herói deixa a Irlanda para seguir outra mulher sobrenatural, que canta uma estranha canção e lhe joga um ramo de maçã de prata, símbolo do Outro Mundo. Ele fica ali um período que lhe pareceu de um ano e ao voltar para casa, ninguém o conhece, apenas ouviram falar de uma antiga história sobre um guerreiro com seu nome, pois no relato de Bran, milhares de anos haviam se passado; o tempo das fadas é diferente do tempo humano (ZIERER, 2001).

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A jovem irmã de Persival, que também representa uma proximidade com a santidade, por ser escolhida por Deus para conduzir os cavaleiros, terá sua pureza testada como fizeram antes os cavaleiros escolhidos para dar cabo da demanda. Ao chegarem a um castelo, é pedido o seu sangue, pois a senhora dali era leprosa e exigia o sangue de todas as donzelas que ali passassem na tentativa que um banho a curasse. No período medieval a lepra era associada à impureza e ao sexo exercido nos dias interditos pela Igreja (dias santos e também durante o período menstrual feminino). Por isso se acreditava que um sangue puro levaria à cura. Os três cavaleiros eleitos recusam e começam a lutar contra todos os homens do castelo. Num determinado momento, para impedir a continuidade da matança, a irmã de Persival consente em entregar uma tigela com o seu sangue. A ação é realizada e a boa donzela morre. Imediatamente, a leprosa se banha e fica curada. Mas Deus a pune enviando fogo e matando todos os habitantes do castelo. Quanto à boa donzela, antes de morrer pede para ser enterrada no Paço Espiritual, onde estava o Graal e uma carta é escrita contando a todos a sua história. O conto mostra uma asssociação da irmã de Persival com a Virgem Maria, mãe da Humanidade, e também com Cristo, que se sacrificou para que os humanos fossem salvos do pecado original, cometido por Adão e Eva. Como Galaaz, que havia feito milagres e realizado curas, ela também realiza o milagre de cura da leprosa com o seu sangue. Cristo derrama o seu sangue na Cruz pela salvação dos homens e a irmã de Persival para que mortes fossem evitadas e para a salvação de uma pecadora.

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Conclusão

Apesar da imagem difundida sobre uma visão unicamente misógina na Demanda, ao nos determos com mais cuidado, observamos múltiplas faces sobre o feminino na narrativa. A mulher pode ser boa e má ao mesmo tempo, como, por exemplo, Genevra, a mulher que trai o rei, que é fiel ao amor cortês, mas é considerada boa pelo povo, numa reminiscência do seu papel nos relatos irlandeses e galeses. O mesmo ocorre com Morgana, que de pecadora e má devido à magia, é “resgatada” no final da novela, quando, juntamente com outras fadas, leva Artur para Avalon, a ilha das maçãs. Que dizer então de Amina, mãe de Galaaz, que realiza um feitiço para que Lancelot traísse Genevra, mas ao mesmo tempo dá a luz ao “melhor dos melhores” entre os cavaleiros da távola redonda, o eleito para encontrar o Santo Graal e membro da linhagem dos Seus guardiões? Também existem visões da mulher relacionada à luxúria, pronta a levar os eleitos a pecar, como a filha do rei Brutus que sem sucesso tenta Galaaz e depois se mata. Persival é igualmente tentado, desta vez pelo Diabo transformado numa mulher, mas o cavaleiro é impedido por Deus de cometer uma má ação. Por fim há a Besta Ladradora, animal igualmente feminino, fruto de uma relação entre o “sexo frágil”, já pecaminoso por excelência, segundo o pensamento clerical, e o próprio Diabo. No lado positivo encontramos mulheres vítimas, violentadas ou mortas por cavaleiros maus, mas também mulheres que clamam a Deus por justiça, como a irmã de Ivã que busca vingança pela morte injusta do irmão, ou a donzela da fonte que pede auxílio a Deus, o qual impede que o irmão a violentasse. Mulheres são associadas à Virgem Maria como a irmã de Erec, que morre sem culpa e a irmã de Persival, a própria representação feminina de Galaaz, que perece para salvar uma pecadora sacrificando-se, como Cristo se sacrificou por amor à humanidade. 37

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Interessante observar nessa mulher perfeita as reminiscências das narrativas irlandesas, os imrama, nas quais um ser sobrenatural atraía um herói ao Outro Mundo Celta e este se dirigia para lá através de uma viagem marítima. A irmã de Persival, em analogia com os seres feéricos, é a única a conhecer a direção para a manifestação do Paraíso Terrestre, isto é, o caminho do Santo Graal e leva os eleitos para lá numa barca, tal como ocorria nesses relatos. Através da conduta dos homens em relação ao feminino, podemos inferir se são eleitos ou não para encontrar o Santo Graal. Além dos exemplos já mencionados associados aos cavaleiros pecadores, como Erec, que mata a irmã por haver prometido um dom, podemos também citar Leonel, o irmão de Boorz, que perde o controle das suas emoções e comete homicídios. Numa determinada situação, Boorz tem que optar entre salvar o irmão, ameaçado por cavaleiros que queriam matá-lo, e uma donzela prestes a ser violentada. Boorz salva a donzela e ao mesmo tempo reza a Deus para que salvasse o seu irmão, o que realmente acontece. Aqui podemos invocar as leis da cavalaria que nos mostram que o primeiro dever do cavaleiro era proteger os fracos, daí a atitude de Boorz ter sido correta. Leonel é tomado então por um dos sete pecados capitais: a ira. Por esse motivo, depois de salvo, mata um religioso e um cavaleiro que queriam impedi-lo de lutar contra o irmão, pois não se conformou de Boorz não ter ido a seu auxílio. O elemento a determinar a condição de Leonel como bom cavaleiro ou não foi, mais uma vez, a participação feminina, ainda que indireta. Assim, nos mais variados exemplos, vemos que a mulher tem papel preponderante nas ações dos bons e maus cavaleiros indicando a “eleição” dos mesmos quanto à visão do Santo Graal. O papel feminino em A Demanda do Santo Graal mostra que a sociedade medieval é muito mais complexa do que convencionalmente acreditamos. Longe de uma 38

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coletividade “controlada” pela Igreja Católica, o que se vê são várias concepções sobre o feminino que convivem juntas, mostrando a mescla entre traços cristãos e elementos pagãos de origem celta. Portanto, através da Demanda é possível observar que longe de um caráter secundário o papel da mulher na obra em questão é de destaque e contribui para compreender a sua importância na sociedade medieval.

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