ENTRE FATOS E VERSÕES: O PAPEL DOS \" DISCURSOS DE MEM ÓRIA \" NA (RE)CONSTRUÇÃO DA MEM ÓRIA DA GUERRA CIVIL ESPANHOLA (1936-1939) 1

May 29, 2017 | Autor: M. Silva | Categoria: Social and Collective Memory, Spanish Civil War, GUERRA CIVIL ESPAÑOLA, Memoria
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ENTRE FATOS E VERSÕES: O PAPEL DOS “DISCURSOS DE MEM ÓRIA” NA (RE)CONSTRUÇÃO DA MEM ÓRIA DA GUERRA CIVIL ESPANHOLA (1936-1939)1 Matheus Cardoso da Silva* Resumo: Este trabalho visa investigar o papel dos discursos memorialísticos individuais no processo de (re)contrução da memória coletiva da Guerra Civil espanhola e da (re)escritura de sua história, como parte do processo de recuperação da memória social espanhola soterrada sobre os escombros da ditadura do general Francisco Franco e dos efeitos do chamado Pacto del Olvido. Palavras-chave: Guerra Civil espanhola, memória social, memória individual e coletiva Abstract: This paper aims to investigate the role of individual words of memory in the process of (re) construction of collective memory of the Spanish Civil War and the (re) writing of its history as part of the recovery of social memory buried on the Spanish debris of the dictatorship of General Francisco Franco and the effects of the so-called Pact of Forgetting. Keywords: Spanish Civil War, social memory, individual and collective memory Muitos ouviram em remotas penínsulas, Em adormentadas planícies, em bizarras ilhas de pescadores, No coração apodrecido das cidades, Ouviram­no e migraram como gaivotas ou como o pólen das  flores. Agarraram­se como ímãs aos longos comboios que sacudiam Através das terras injustas, através da noite, através dos túneis  alpinos; Flutuaram sobre os oceanos; vieram oferecer as suas vidas. Espanha, T.S. Eliot.

Em 1977, a Espanha iniciou o processo de reabertura democrática de seu Estado depois de 48 anos sob o  regime   franquista,   instituído   logo   após   a   derrota   da   Frente   Popular   do  Governo  Republicano   na   Guerra   Civil  espanhola,   em   1939.   Concomitantemente   ao   longo   processo   de   reconstrução   da   democracia   na   Espanha,   e  respondendo ao apelo de suas novas forças que se constituíam junto aos organismos de direitos humanos, iniciou­se  também um longo processo de (re)construção da memória coletiva da sociedade espanhola, na luta contra o chamado  Pacto del Olvido, instituído na constituição de 1978, como forma de equilibrar as dissonantes forças políticas na  *

Mestrando em História Social, no Departamento de História, da Universidade de São Paulo. Bolsista de mestrado do CNPq.

Anais Eletrônicos. [CD-ROM]. Rio de Janeiro. UERJ. Setembro de 2009

construção do Estado democrático espanhol.  A “história oficial”, erigida pelo franquismo, cujo processo tomou a forma de um projeto institucional de  construção de uma memória oficial, através da censura e da repressão, e de maneira mais efetiva através da edução  formal de crianças e jovens, com livros didáticos onde apenas a versão oficial existia, aos poucos vem sendo  desconstruído pelo revisionismo historiográfico. Eventos como a Guerra Civil espanhola (1936­39), cuja memória  fora uma das mais extirpadas durante o regime, para assumir a condição de “evento fundador” do Estado franquista,  detém até hoje, papel fundamental nesse processo. Grande parte de sua história (e de sua memória) porém, apenas  pode ser recuperada, devido ao longo processo de censura, através do relato dos muitos participantes que ali se  engajaram, vindos de toda parte do mundo, para a luta contra o fascismo. Estas “testemunhas oculares”, puderam não  apenas presenciar os inúmeros eventos e controvérsias que cercaram a derrocada da Frente Popular, como também  puderam transmiti­los, através de suas memórias pessoais, para as gerações futuras, construindo assim um contra­ ponto ao discurso oficial do Estado. Relatos famosos como os de Ernest Hemingway, George Orwell, Pablo Neruda, e  do brasileiro José Gay da Cunha, todos participantes ativos no conflito, puderam, ao mesmo tempo, manter viva a  memória   da   República   em   sua   luta   contra   Franco,   e   se   constituir   como   uma   rica   fonte   para   o   processo   de  (re)contrução da memória da Guerra anos mais tarde.  Memória versus história: a batalha contra a “história oficial” e o esquecimento Ao longo do século XX, a memória assumiu papel fundamental no processo de construção do conhecimento  histórico. Especialmente, depois da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, o “testemunho” dos sobreviventes dos  campos de concentração nazistas se transformaram numa grande fonte na (re)escritura de suas histórias individuais e  para a história coletiva dos sobreviventes, e em um paradigma decisivo para a historiografia da segunda metade do  século XX, ao mesmo tempo que um contraponto à história oficial que negou por diversas vezes os horrores do  nazismo. Ao mesmo tempo, diante dessa retomada da memória como caminho para a escrita da história, outra questão  fundamental para a historiografia no século XX, foi a concomitante ´´reconsideração`` da função da narrativa diante  do processo de construção do conhecimento histórico. Então “excluída” diante da formalidade cientificista da história  positivista, a narrativa ressurge também no século XX, como caminho possível para a construção do conhecimento  histórico. Ambas questões que estão imbricadas na perspectiva que o “testemunho” oferece à historiografia.   No século XX, contudo, o grande problema epistemológico que emerge diante da relevância da memória  para a historiografia, é sua função política nos Estados e nas sociedades. E a experiência autoritária e totalitária, é  sem dúvida, a mais emblemática nestes processos.2. É largamente conhecida e estudada o papel que, por exemplo, as  Anais Eletrônicos. [CD-ROM]. Rio de Janeiro. UERJ. Setembro de 2009

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várias formas de censura desempenharam como mecanismo institucional de construção de um discurso monológico  nos   regimes   autoritários3.   Ou,   o   papel   da   propaganda   política   na   construção   de   um   arcabouço   simbólico   e  iconográfico de referências para a coletividade. Ou ainda, o papel dos meios de comunicação de massa – o rádio, o  jornal, o cinema – na ´´homogeinização`` ideológica das consciências individuais, sobre um conjunto comum de  referências simbólicas4. Disputas que, inevitavelmente, tomam como campo de batalha o universo simbólico da  sociedade – ou, todos aquelas referências que, no espaço publico, atribuem significado coletivo a imaginação social 5  (Bazcko, 1985).  Paralelamente, a apropriação de conceitos como ´´amnésia social`` e ´´esquecimetno`` (ambos emprestados  da psicologia), tem significado para esta historiografia, a ampliação do campo interpretativo em relação aos diversos  mecanismo de dominação das esferas publico e privadas das sociedades. Com isso, as reflexões sobre a função da  memória – principalmente da memória individual, tal qual nos apresenta Ecléa Bosi (1987)6  – e sua permanência  como ´´contra­poder``, emergem também como fundamental para a compreensão da sua função como resistência às  diversas formas autoritárias de dominação e controle social. Vários autores tem contribuído imensamente  neste campo. A obra  de  Walter Benjamin, por exemplo,  contribuiu decisivamente para a reconsideração da memória diante da escritura da história,e, consequentemente, em  sua função como resistência aos ditames da história oficial.  Nas ´´Teses sobre o conceito de História`` (1940), assim  como   em   inúmeros   outros   textos,   Benjamin   inaugura   uma   nova   perspectiva   critica   em   relação   a   tradição  epistemológica alemã, e a historiografia do século XIX. Sob uma ótica marcada pela ascensão nazista na Alemanha,  em 1933, Benjamin construirá uma perspectiva que confrontará as noções de  tempo histórico  (enquanto linear e  homogêneo) da historiografia positivista, e na qual fundamentara sua ´´teoria da história`` (Seligmann­Silva, 2003;  Gagnebin, 1994). Em sua obra, a memória assume posição central em sua escrita da história (Seligmann­Silva, 2003),  diante de sua concepção do ´´tempo histórico`` como catástrofe (ibid.:391), o qual ´´fragmenta`` a suposta linearidade  temporal   em   múltiplas   camadas.   Neste   sentido,   Benjamin   transforma   como   fundamental   também   a   função   da  narrativa: é ela, diante da ´´reconstrução`` que define o trabalho do historiador, que vai permitir a recomposição do  discurso historiográfico através da reunião desses vários fragmentos.7 Em Benjamim a memória (antes subjugada pelo  historicismo, que via na historiografia o único caminho possível de acesso ao passado) é então retomada como  caminho possível para a escritura da história. Ele transforma assim, a memória, ao mesmo tempo, num contraponto  à ´´história oficial`` (simbolizada na tradição historiografica alemã) e, no caminho mais viável para a construção de  uma história “totalizante” (no sentido de englobar todos os atores envolvidos em seu processo dialético) Na França também, as ciências humanas, já no final do século XIX e nas primeiras décadas do XX, vão ´´re­ admitir`` a função da memória para a construção historiográfica. Na sociologia, Maurice Halbwachs, contribuirá com  suas reflexões sobre as relações entre memória individual e memória coletiva, e com sua negativa da independência  Anais Eletrônicos. [CD-ROM]. Rio de Janeiro. UERJ. Setembro de 2009

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da primeira diante da segunda. Mais tarde, na segunda geração dos Annales. Jacque Le Goff (1996), vai identificar a  multiplicidade de relações que se estabelecem entre o discurso histórico e a memória, em sua multiplicidade de  formas,   ao   longo   da   história   humana.   Relações   que   culminam,   no   século   XX,   na   re­apropriação   do   discurso  memorialístico, desde as vanguardas artísticas até os Estados, que o transforma em arma de coesão política.8 Pierre   Nora   (1997),   seguindo   os   passos   da   tradição   historiográfica  annalista,  vai   contribuir     com   a  organização   de   um   grande   trabalho   de   esforço   coletivo   na   década   de   1980 9,   onde   o   papel   da   memória   é  definitivamente estabelecido como central para a historiografia contemporânea. A conceitualização dos ´´lugares de  memória``, vai considerar as funções ´´sociais`` da memória como mecanismo de afirmação dos vários grupos sociais  nos Estados contemporâneos. Nora também identificará um processo de ´´produção em massa`` de ´´discursos de  memória`` (aqui, ´´discursos`` no plural), como característica das tensões sociais contemporâneas.  Outra tese fundamental na análise de Nora será sua ideia da ampliação dos lugares onde essas memórias são  produzidas: não mais apenas nos museus ou academias – lugares de construção do conhecimento institucional. Mas,  diante da difusão da sociedade de massas e da emergências de novos atores político­sociais, na imprensa, na televisão,  na publicidade, além de outras organizações políticas como sindicatos, movimentos populares, estudantis, etc.  Em  todos estes novos espaços discursivos, cada memória produzida ali representa as aspirações de um grupo específico,  no processo de reafirmação (e muitas vezes, de construção mesma) de suas identidades individuais e coletivas 10, antes  subjugadas   na   totalidade   desigual   do   Estado.   Estes   discursos   de   memória   assumem   também   uma   posição   de  contraponto ao conhecimento institucional produzido pelos órgãos oficiais do Estado, na tentativa de homogenizar as  desigualdades da sociedade através da unificação totalizante que o conceito de “nação” representa. Os “discursos” da memória individual: a força do testemunho na luta pela recuperação da memória coletiva  da Guerra Civil na Espanha Uma das marcas mais emblemáticas que a Guerra Civil espanhola (1936­1937) guardou perante a história,  foi a solidariedade internacional dos muitos homens e mulheres que se engajaram na luta contra o fascismo e o  levante militar comandado pelo general Francisco Franco. Sem o apoio internacional de outros países, além da URSS,  que   optaram   por   uma   política   de   não­intervenção   diante   do   assalto   que   o   Governo   Republicano   sofreu   pela  insurreição militar falangista, a Frente Popular organizada para a defesa da Republica, se constituiu na ultima força de  combate ao fascismo. Entre aqueles que se engajaram nessa luta, diversos artistas e intelectuais, contribuíram, não  apenas com seus esforços militares no front, mas com sua criatividade e seus relatos, para manter viva a memória da  Republica e da luta contra o fascismo. Outra característica que cerca ate os dias de hoje a Guerra Civil espanhola, foi estabelecida no período  Anais Eletrônicos. [CD-ROM]. Rio de Janeiro. UERJ. Setembro de 2009

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posterior os fim do conflito. A partir de 1939, já com a vitória das forças fascistas assegurada, instaura­se o longo  regime do franquismo, e sua política de Estado ditatorial e repressiva. Inevitavelmente, com a vitória de Franco, a  história transformou­se na grande arma de manipulação da sociedade espanhola, nos quase 50 anos da ditadura  franquista, empreendida através de um programa institucional de reconstrução continua da história e da memória  coletiva da sociedade, inclusive dos eventos que cercaram a Guerra Civil, que assumiu a função mítica de evento  fundador do Estado franquista diante das novas gerações que não vivenciaram os horrores do conflito. Os efeitos  dessa ação seriam devastadores para as gerações futuras, como a historiografia das últimas décadas tem demonstrado,  num   esforço   por   recuperar   parte   da   história   contemporânea   espanhola   vitimada,   mesmo   depois   da   reabertura  democrática do Estado espanhol, em 1977, pelo chamado Pacto del Olvido, determinado pela nova constituição de  1978,   como   forma   de   aglutinar  as forças  políticas  divergentes  num  esforço  de   reconstrução  da   democracia   na  Espanha. Contudo, aqueles relatos dos que se engajaram na luta contra o fascismo na Espanha, permaneceram como  uma fonte quase intocada dos eventos da Guerra. O testemunho destes voluntários, publicados em diversas partes do  mundo, grande parte, em livros de memórias, em muitos aspectos, foram as únicas “fontes” que escaparam da  campanha institucional de (re)escritura da história da guerra, empreendida pelo Estado franquista, tendo em vista a  própria impossibilidade da permanência de fontes documentais que atestassem de alguma forma os eventos que  cercaram o conflito, inclusive as problemáticas e controvérsias políticas que cercaram a própria Frente Popular,  composta por uma imensidão de partidos e ideologias diferentes, a maioria delas, rivais entre si. Alguns destes relatos, mais tarde, assumiriam a condição de  best­sellers  internacionais diante da crítica,  como no caso do romance inspirado nas experiências pessoais de Ernest Hemingway, For Whom the Bell tolls, 1940.  Mais tarde transformado em filme (1943), também de grande sucesso, o livro narra o engajamento de um engenheiro  estadunidense, junto a milicianos anarquistas, com o fim de destruir uma ponte importante para o deslocamento de  forças fascistas pelo interior do território espanhol. O livro de Hemingway, cuja maior contribuição fora talvez a de  popularizar ainda mais a luta empreendida contra o fascismo na Espanha para o grande público, atesta, por exemplo,  o engajamento em massa de voluntários estadunidenses na guerra, muitos deles, assim como ocorrera, por exemplo  com voluntários brasileiros, perseguidos em seu próprio país por sua militância socialista.11 Relatos de vivencias pessoais, como as de Hemingway, já famoso escritor e jornalista quando de sua  participação   na   guerra,   contribuíram   mais   tarde   para   o   revisionismo   historiográfico 12  fornecendo   perspectivas  individuais  dos  acontecimentos.  Tais perspectivas  se  tornam  então  relevantes  para  a   historiografia   do conflito,  justamente por se desvincularem das informações oficiais produzidas, tanto pela história oficial da guerra, produzida  mais tarde pelo Estado franquista, como durante a própria guerra pelos vários organismos oficiais dos partidos  engajados na luta.  Anais Eletrônicos. [CD-ROM]. Rio de Janeiro. UERJ. Setembro de 2009

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É   notório,   na   análise   cruzada   de   alguns   destes   testemunhos,   a   permanência   de   algumas   questões  fundamentais para a compreensão da problemática política e ideológica do conflito. Questões fundamentais na  constituição da própria Frente popular e da organização da resistência do Governo Republicano,mas que foram  obliteradas das poucas “fontes oficiais” que permanecem diante da construção da história da guerra. Entre outros  aspectos   poderiam   ser   destacados,   por   exemplo,   a   confusão   criada   pela   quantidade   de   partidos   diferentes   que  compunham a Frente Popular; a guerra propagandística que emergiu quase como um conflito paralelo à luta contra o  fascismo   e   as   forças   de   Franco;   as   disputas   internas   no   Governo   Republicano,   e   a   cisão   entre   anarquistas   e  comunistas, etc.  Entre todas estas, a última é sem dúvida, a que mais estabeleceu controvérsias. As disputas entre anarquistas  e comunistas, consumada em maio de 1937, com a cassação de inúmeros partidos de não­orientação soviética, e que  não se sujeitavam as deliberações das Brigadas internacionais, se constituiu no evento mais emblemático dentre os  que   cercaram   as   disputas   ideológicas   internas   no   Governo   Republicano,e,   para   muitos,   um   dos   fatores   que  contribuíram para a derrota da Frente popular. As ações, que levaram a cabo a prisão e execução de muitos líderes  anarquistas e de outros partidos13, todos acusados de traição, foram seguidas de uma campanha internacional de  difamação nos veículos de imprensa comunistas pelo mundo, que ajudaram a construir a imagem da dissidência  comunista como traidora da causa republicana.  Estas disputas no seio da Frente Popular, também ficaram registradas em muitos dos relatos memorialísticos  produzidos sobre a guerra.   É muito interessante notar, porém, a permanência de uma imagem de confusão e  desordem causada pelas milícias anarquistas durante a guerra, em detrimento da organização e “seriedade” das forças  e brigadas comunistas..  Uma das imagens que mais chama a atenção, dentre estes relatos memorialísticos, é o do poeta chileno Pablo  Neruda, publicado em seu livro de memórias, Confesso que vivi, editado postumamente pela primeira vez em 197414.  Neruda, que servia na Espanha, desde 1934, como embaixador do governo chileno, presenciara o início do conflito,  que, em suas memórias, ficara marcado pelo assassinato do também poeta espanhol e amigo pessoal Federico Garcia  Lorca, em 19 de agosto de 1936. Contudo, Neruda não se engajaria militarmente na guerra, atuando, mesmo assim,  como diversos outros intelectuais, como propagandista pró­República, e do qual seu livro  España em el corazon,  publicado clandestinamente em gráficas republicanas, foi sua maior contribuição na lua contra Franco.15 O que mais nos interessa aqui, porém, era a imagem que permaneceu em suas memórias sobre o conflito e  sobre as forças que compunham a Frente popular. Entre elas, a imagem em relação a anarquistas e comunistas,  principalmente no período em que esteve em Madri, logo após a deflagração da guerra. Como ele escreve:  (...) Os anarquistas pintavam bondes e ônibus, metade vermelha e outra amarela. Com seus cabelos compridos  e barbas, colares e pulseiras de  balas, protagonizavam o carnaval agônico da Espanha. Vi vários deles  calçando sapatos emblemáticos, a metade de couro vermelho e a outra de couro negro, cuja confecção devia 

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ter custado muitíssimo trabalho aos sapateiros. E não pensem que era uma festa inofensiva. Cada um levava  punhais,  pistolas descomunais, rifles e carabinas. Em geral ficavam nas portas principais dos edifícios em  grupos que fumavam e cuspiam,  fazendo ostentação de seu armamento.  Sua principal preocupação era cobrar  os rendimentos aos aterrorizados inquilinos, assim como fazê­los renunciar voluntariamente a seus adornos de  valor, anéis e relógios. (Neruda, 1979:141).  

E escreve mais a frente: (...)Enquanto esses bandos [anarquistas] pululavam pela noite cega de Madri, os comunistas eram a única  força organizada que criava um exército para enfrentar os italianos, os alemães, os mouros e os falangistas. E  eram, ao mesmo tempo, a força moral que mantinha a resistência e a luta antifascista. (ibid.: 142).

O que mais interessa aqui nestas duas passagens é justamente a imagem que ambos os grupos passaram a  Neruda em Madri. Nas duas, o estereotipo construído durante o conflito e que se seguiram nas décadas posteriores  permanece intocado. É claro, que, para Neruda, o menos importante, na reconstrução perpetrada por sua memória  individual, era considerar as ações das forças anarquistas ao longo de todo o conflito, ou mesmo contrapor suas  lembranças individuais com as informações divulgadas no período enquanto esteve na Espanha. O que ficou marcado  para ele, era a imagem da “ordem” e da organização militar das brigadas comunistas na luta contra Franco, em  contraposição a sua total inexistência entre anarquistas.     Com o decorrer da guerra (e da guerra propagandística engendrada pela máquina comunista soviética),  porém, a dissidência política comunista ultrapassa o mero contraponto entre organizados e desorganizados, tal qual  nos é apresentado nas memórias de Neruda: o que resultaria desta disputa era a construção de uma imagem desta  dissidência como “traidora” da causa republicana, para, por fim, assumirem o rótulo de “trotskistas”, ou aqueles que,  como a propaganda oficial soviética argumentava, se constituíam no inimigo maior do proletariado internacional e da  causa socialista mundial. Estas disputas internas na Frente Popular ficaram marcadas profundamente nas memórias de George Orwell.  Em todos os seus textos, que tem o conflito na Espanha como tema central, especialmente seu livro  Homage to  Catalonia(1938)16, seus relatos são emblemáticos, já que ele pudera presenciar de maneira “privilegiada” toda a  disputa entre comunistas e sua dissidência, já que estava totalmente envolvido quando das ações que culminaram com  a cassação do P.O.U.M, em 1937. Sua atuação, primeiro como combatente, e mais tarde como critico, tem, por isso,  um grande peso diante da recuperação da memória da guerra.  Com a intenção de atuar como correspondente, afim de produzir uma série de artigos sobre o conflito  (função para a qual, não conseguiu patrocínio de nenhum jornal), logo em seguida de sua chegada a Barcelona, em 26  de dezembro de 1936, Orwell se alista como combatente, na milicia socialista do P.O.U.M, onde atuaria desde o inicio  ao lado dos que compunham a dissidência das forças comunistas, que representavam a grande força bélica de  resistência à Franco. Meses mais tarde, logo após sua fuga como clandestino para a França junto com sua esposa 

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Eileen, em 23 de junho de 1937, Orwell passaria a atuar como critico ferrenho das ações organizadas pela liderança  comunista a frente do governo republicano.  Nesta “segunda etapa” de sua participação na guerra, Orwell produziu uma série considerável de artigos,  ensaios, resenhas e revisões, sobre o conflito, logo após sua fuga para a França em 1937. Na maioria destes textos,  publicados em jornais e revistas da Inglaterra, EUA e França, o foco maior de suas criticas foi aquilo que ele  identificou ser o processo de supressão da dissidência comunista na Frente Popular: a perseguição sumária de  anarquistas e de todos os outros partidos que não seguiam as determinações soviéticas, através da liderança das  Brigadas Internacionais a frente do Governo Republicano. E, mais ainda, toda a campanha de difamação dessa  dissidência nos jornais comunistas pelo mundo17. Para Orwell, ficou muito claro, como sua produção crítica atesta18, que tais disputas não apenas minaram as  forças de resistência contra Franco, já debilitadas pela falta de apoio de outros países, em detrimento do apoio alemão  e   italiano   ao   exército   falangista.   Mais   ainda,   a   ação   de   repressão   contra   anarquistas   principalmente,   e   sua  identificação com o que a propaganda comunista intitulava de forças “trotskistas”, empreendia um processo de  manipulação da própria história da guerra. Através do discurso oficial soviético, apresentado, principalmente em seus  veículos de informação oficiais, Orwell pode identificar uma ação de mão­dupla: por um lado, a desqualificação das  ações dessa dissidência, tanto quanto de seus agentes; por outro, a legitimação das ações comunistas. Essa dupla­ação  resultante da propaganda oficial soviética, corroborou na construção da imagem das brigadas comunistas como única  força capaz (ideológica e militarmente) de confrontar a ascensão fascista na Espanha. Processo que, por exemplo,  influenciou diretamente na escritura da história da Guerra Civil, já que desconsiderou por muito tempo o papel  fundamental que as milicias anarquistas detiveram em várias regiões da Espanha, principalmente nos primeiros meses  após o início da Guerra civil, a frente das forças de defesa do governo republicano.    Para Orwell ainda, como ele escreveria em seu último ensaio critico sobre a Guerra Civil, Looking back on   the Spanish War, de 1942, as disputas entre comunistas e sua dissidência, influenciaria decisivamente na própria  escritura   da   história   da   guerra,   quase   que   numa   ante­visão   das   ações   de   repressão   engendradas   pela   ditadura  franquista nos anos posteriores: I remember saying once to Arthur Koestler,  “History stooped in 1936”, at which he nodded in immediated  understanding. We are both thinking of totalitarianism in general, but more particularly of the Spanish civil  war. Early in life I had noticed that no event is ever correctly reported ina newspapaer,but in Spain,for the first  time, I saw newspaper reports which did not bear any relation to the facts, not even the relationship which is  implied in the ordinary lie. I saw great battles reported where there been no fighting, and complete silence  where hundreds of men had been killed. I saw troops who had fought bravely denounced as cowards and  traitors, and others who had never seen a shot fired hailed as the heroes of a imaginary victories; and I saw  newspapers in London retailing these lies and eager intellectuals building emotional superestructures over  events that had never happened. I saw, in fact, history being written not in terms of what happened but of what  ought to have happened according to various 'party lines` (Orwell, 2001:351­2)    

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Outro relato que pretendemos aqui analisar, também é emblemático sobre estas questões.  Trata­se do livro  do brasileiro José Gay da Cunha, intitulado Um brasileiro na Guerra Civil espanhola, publicado pela primeira vez em  Porto Alegre, em 1946, pela editora Globo.19 Tenente do Exército brasileiro e militante comunista, Cunha se engajou  na Revolução constitucionalista de 1935, sendo por isso condenado a 8 anos de prisão e forçado a se exilar em Buenos  Aires. Da Argentina, partiu para a Espanha, onde chegou em janeiro de 1938, alistando­se, junto a outros brasileiros,  nas Brigadas Internacionais, organizadas antes em território francês20. Devido a suas experiências militares anteriores,  Cunha recebeu a patente de tenente, e logo passou a liderar um batalhão que combateu no front dos Pirineus. Diferentemente de Orwell, que também se engajou na luta, mas cuja filiação partidária diferia as ações do  P.O.U.M, assim como das milícias anarquistas que não aceitavam o tipo de organização imposta pela hierarquia  militar, diferia em muitos aspectos das tropas comunistas, Cunha viveu desde sua chegada à Espanha, todo o regime  militar de organização hierárquica de um exército, mesmo composto apenas de voluntários. Além disso, sua chegada  em 1938, pouco menos de um ano antes da derrocada final da Frente Popular, a qual ele pode presenciar, antes da  desmobilização das Brigadas Internacionais, sem dúvida, não lhe permitiram apreender toda a problemática política  que cercou as disputas internas do Governo republicano. Mesmo assim, suas memórias apresentam uma perspectiva  crítica bastante apurada, inclusive em relação às diversas falhas no comando comunista e na organização das próprias  Brigadas Internacionais. Contudo o aspecto que nos permite cruzar suas memórias às de Neruda e Orwell, é também  a apreensão das disputas entre anarquistas e comunistas. Como Cunha registra em seu livro, pareceu­lhe óbvio todo o  ódio que cercava a relação entre os dois grupos, levado ao ponto de não importar a luta contra Franco. Cunha relata,  por exemplo, uma série de sabotagens, deserções e inclusive assassinatos de oficiais por soldados anarquistas que  compunham as tropas Brigadistas, em plena ação militar no front. Uma passagem de seu livro é emblemática. Cunha  relata o depoimento de um de seus comandados no batalhão que lutava no front dos Pirineus – um jovem anarco­ sindicalista – que lhe confirma as ações de sabotagem organizadas pelas lideranças anarquistas às tropas comunistas: [Teodoro] – Vou lhe explicar [numa conversa que tivera com Cunha, logo após um assalto a posições fascistas  no front]. Nós, os anarquistas de Espanha, estamos divididos entre a F.A.I [Federacion Anarquista Ibérica] e a  C.   N.   T   [Confederacion   Nacional   de   Trabajo].   Nós,   os   da   Confederação   de   Trabalho,   somos   anarco­ sindicalistas e aceitamos a organização sindical, como útil e necessária para a administração coletiva. Os  anarquistas da FAI não aceitam o sindicalismo e lutam contra toda e qualquer organização de Estado. Nos  últimos dias, antes da ofensiva de hoje recebemos instruções da direção da FAI de liquidar todos os oficiais  comunistas e os anarquistas que continuassem aceitando as consignas da Frente Popular de organizar um  verdadeiro   exército,   para   lutar   contra   Franco.   Devíamos   continuar   com   a   organização   das   milícias  independentes. Houve uma grande discussão e nós, os da CNT, fomos vencidos. Reunimo­nos de novo, desta  vez somente os sindicalistas, e resolvemos defender por todos os meios possíveis os oficiais e sargentos,  durante o combate de hoje. Aqueles homens que estavam sempre a seu lado, formavam uma autodefesa, que  nós organizamos para que os homens da FAI não o matassem pelas costas, durante a ofensiva.” (Cunha,  1896:127)      

E Cunha escreve adiante: (…) A célebre quinta­coluna era uma realidade assustadora. Cada espanhol tinha no seu íntimo individualista 

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e irredutível um pouquinho de quinta­colunismo. Era necessário esquecer e perdoar os erros do passado, e na  Espanha não havia esquecimento nem perdão. Seria preciso pensar somente na destruição do inimigo e na  Espanha Republicana, mas cada facção da Frente Popular procurava destruir a outra. Nas Frentes de batalha se  atenuava muito tudo isso, mas aquela ofensiva de Baladrero trazia um saldo trágico desses ódios que nunca se  apagavam. Os anarquistas não poderiam perdoar, jamais, a duas forças da Espanha Republicana: os católicos e  os comunistas. Aos católicos não perdoavam porque representavam, para eles, a Espanha da inquisição e, aos  comunistas, não poderiam perdoar o que eles consideravam uma infâmia contra a dignidade do indivíduo, que  era a organziação de um exército e um governo na Espanha da Frente Popular.” (ibid: 129) 

Para Cunha, como suas memórias atentam, as disputas entre anarquistas e comunistas pareciam resultar de  um rancor meramente ideológico. Porém, o que ele certamente desconhecia, devido as diversas circunstâncias que  cercaram sua vinda para a Espanha e seu engajamento nas Brigadas internacionais, foram todos os eventos anteriores  de violência entre os dois grupos, os quais a obra de Orwell, por exemplo, atestam. Em 1938, com a Frente Popular  cada vez mais debilitada pela falta de apoio internacional – o que resultava em inúmeros problemas logísticos às  tropas republicanas – a liderança comunista a frente do exército republicano já estava consolidada, enquanto grande  parte da dissidência comunista já havia sido suprimida de maneira violenta, meses antes. Em   detrimento das  diferentes  perspectivas  partidário­ideológica  de  todos  estes  relatos,  concebidos  em  momentos   diferentes   dos   acontecimentos   da   guerra,   o   que   nos   motiva,   contudo,   aos   considerarmos   suas  possibilidades enquanto fonte historiográfica, é justamente a condição da permanência do debate. Ao manter viva a  memória dos que combateram à favor da Republica, todos estes testemunhos mantem viva também as problemáticas  políticas que cercaram a resistência à Franco. É possível ao historiador, com isso, recuperar partes fundamentais de  questões que envolveram a derrota Republicana diante do fascismo. Questões que, inevitavelmente, foram “apagadas”  dos anais da história oficial da guerra, tanto pelo franquismo, quanto pelas forças políticas hegemônicas que se  empenharam em erigir a sua imagem como a única autorizada e legitima na memória coletiva da guerra perante as  gerações futuras. Notas

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Trabalho  apresentado   no   I   Simpósio  Nacional   de   História   Política,   Universidade   do  Estado   do  Rio  de   Janeiro  (UERJ).      Porém ainda sim, não são as únicas que se apropriam da memória e da história, tal qual argumenta Nora (op. cit.)  haja vista os diversos mecanismos que os Estados democráticos criaram (e criam), como recursos de poder  simbólico na aglutinação do Estado nacional      SARLO, Beatriz. “Literatura y autoritarismo”. In MASSUH, Gabriela, org. Formas no políticas del   autoritarismo. Buenos Aires: Goethe Institut, 1991      Todos, mecanismos do que Pierre Bourdieu classificou como a ´´violência simbólica`` que permeia as lutas pelo  poder nas sociedades. Por isso, este processo torna­se impossível de ser atribuído apenas aos regimes autoritários.  BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. tradução de Fernando Tomaz. Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 1989.      BACZKO, Bronislaw. “Imaginação social”. In. Enciclopdia Einaudi. Vol. 5. Vila da Maia: Imprensa  Nacional/Casa da Moeda, 1985. PP.333­96.      BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: Lembranças de velhos. São Paulo: EDUSP, 1987.      SELIGMANN­SILVA, Márcio. “Catástrofe, história e memória em Walter Benjamin e Chris Marker: a escritura  da memória.” In. SELIGMANN­SILVA, M. (org). História, memória, literatura. Campinas: UNICAMP, 2003.  pp.387­415. GAGNEBIN, Jean­Marie. História e narração em Walter Benjamin. São Paulo: Perspectiva, 1994.      LE GOFF,Jacques. História e Memória. Trad. Bernardo Leitão,  4. ed. Campinas: UNICAMP, 1996 NORA,   Pierre.   “Entre   memóire   et   históire,   la   problématique   des   lieux”.   In.   NORA,   Pierre   (org.)  Le   lieux   de   memóire. Tome I (La Republic). Paris: Galllimard, 1984.  0  Tal qual argumenta Michael Pollak. “Memória e identidade social”. Estudos históricos, vol.5, nº.10. Rio de Janeiro,  1992. 1    Estes voluntários constituíram também uma das mais famosas organizações militares da Frente Popular: a  “Brigada Lincoln”, constituída como um braço das Brigadas Internacionais comunistas, durante a luta contra  Franco. 2    Inclusive de pesquisas efetuadas fora da Espanha, o que denota o grande interesse que esses relatos despertaram.  Ver por exemplo, MESSINA, Giselle Beiguelman. Hemingway e a republica : por quem os sinos dobram? São  Paulo: Universidade de São Paulo, 1991. Tese de doutorado 3    E emblemático, por exemplo, o caso do P.O.U.M (Partido Obrero de Unificacion Marxista), cassado, após os  eventos de maio de 1937, em Barcelona, acusado de traição, espionagem e “quinta­colunismo” à favor de Franco.  Seu líder, Andres Nin, foi preso e executado por forças comunistas ainda em 1937, o que se seguiu a uma  perseguição sumária de todos os seus membros. O caso do P.O.U.M ficou famoso, em grande parte, devido aos  relatos de George Orwell, que se engajou na guerra como militante do partido. Foi justamente pela perseguição  empreendida após a queda na ilegalidade do partido que ele junto com sua esposa, precisou fugir para a França, em  junho de 1937. 4    NERUDA, Pablo. Confesso que vivi. Memórias. Trad. Olga Savary. São Paulo: Círculo do livro, 1979. 5    SKREPETZ, Inês. “Pablo Neruda: o intelectual diante do poder”. Luminária, v. 1, n. 9, 2008.pp.17­26. 6    No Brasil, este texto recebeu várias traduções. A última delas, incluem outros textos então inéditos para o público  brasileiro: Lutando na Espanha, homenagem à Catalunha, recordando a guerra civil espanhola e outros escritos.  São Paulo: Editora Globo, 2006 7    Orwell produziu largamente entre os anos de 1937 e 1942, tendo a Guerra na Espanha como seu tema central. Em  todos estes textos – a maioria publicados em jornais e revistas dos EUA, Inglaterra e França – e, posteriormente  reunidos em coleções de sua obra de não­ficção, sua crítica às ações de repressão comunistas contra outros  integrantes da frente Popular, são notórias, e grande fonte para a historiografia da guerra. Textos já que tivemos a  oportunidade de analisar em outro trabalho, SILVA, Matheus C. “Memórias de uma guerra perdida: memória,  identidade e imprensa na critica orwelliana a repercussão da Guerra Civil espanhola, 1936­1937.” In: XIX Encontro   Regional da ANPUH, Seção São Paulo. São Paulo, Universidade de São Paulo, 8 a 12 de setembro 2008. disponível  em http://www.anpuhsp.org.br/ 8    Ver, por exemplo, a coleção Orwell in Spain. Org. Peter Davinson. London: Penguin books, 2001 – que reúne  todos os textos de Orwell sobre a Guerra Civil espanhola, retirados da The Complete Works of George Orwell. Org.  Peter Davinson. London: Secker and Warburg. vol. 1­10, 1986; vol.11­20, 1998.   9    CUNHA, José G. Um brasileiro na Guerra Civil espanhol. São Paulo: Editora Alfa­omega, 1986 0    Sobre as participações de voluntários brasileiros na Guerra Civil espanhola ver os textos: ALMEIDA, Paulo R.  “Brasileiros na Guerra Civil Espanhola: combatentes na luta contra o fascismo”. Revista de Sociologia e Política, n.  12: 35­66, JUN. 1999; e, MEIHY, J. C. Sebe Bom.  “O Brasil no contexto da Guerra Civil Espanhola.”.  Olho da  História: revista de história contemporânea, n.2, junho 1996, Salvador (BA). s/p. Disponível em  http://www.oolhodahistoria.ufba.br/02meihy.html.

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