Entre redes e comunidades: a fumicultura na Serra dos Tapes e as relações entre quilombolas e pomeranos

July 5, 2017 | Autor: Maurício Schneider | Categoria: Relações interétnicas, Antropologia Rural, Antropologia
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Entre redes e comunidades: a fumicultura na Serra dos Tapes e as relações entre quilombolas e pomeranos1

Maurício Schneider2 Universidade Federal de Pelotas

A fumicultura constitui-se na atualidade como a principal atividade econômica desenvolvida pelos camponeses na Serra dos Tapes, no Rio Grande do Sul. O fumo é, assim, produzido por famílias de diferentes grupos étnicos que habitam essa região, são colonos alemães, pomeranos, italianos e franceses e quilombolas. Uma vez que este tipo de produção necessita em alguns momentos, como o da colheita, maior número de mão de obra que aquela disponível no grupo doméstico, acaba por demandar o auxílio de redes de parentesco e vizinhança na troca de serviços, bem como a contratação de trabalhadores diaristas. Nesse contexto, percebe-se que não só os colonos de diferentes etnias estabelecem relações, como também estabelecem colonos e quilombolas. Este trabalho é um recorte de minha pesquisa de mestrado e propõe, à luz da etnografia realizada na localidade de Colônia Triunfo e nas comunidades quilombolas do Algodão e da Favila – os dois primeiros em Pelotas e o terceiro em Canguçu –, apresentar e discutir elementos das relações entre quilombolas e pomeranos. Na Colônia Triunfo, famílias pomeranas trocam dias de serviço na colheita do fumo e também contratam diaristas pomeranos e quilombolas. Outras famílias quilombolas possuem sua própria produção de fumo. Quilombolas e pomeranos também se relacionam fora da dimensão do trabalho, na escola, em festas e bailes e nas consultas a benzedeiras. Também em muitos momentos trocam-se acusações de ambas as partes. Se as comunidades quilombolas estão politica e territorialmente bem demarcadas e as identidades tanto de quilombolas, quanto de pomeranos são acionadas em diversos momentos, o que sugeriria que a noção de comunidade poderia dar conta dessa realidade, a atenção para os interstícios onde as fronteiras comunitárias borram-se indica que pensar essa realidade a partir da noção de rede pode ser mais interessante. Palavras-chave: campesinato; relações interétnicas; identidades.

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Texto apresentado no GT 01 – O RURAL CONTEMPORÂNEO A PARTIR DAS PRÁTICAS: DO TRABALHO E DA PRODUÇÃO, DA ALIMENTAÇÃO E DO CONSUMO, no IV Encontro Internacional de Ciências Sociais. 2 Bacharel em Antropologia. Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas – PPGAnt/UFPel. Pesquisador do Laboratório de Estudos Agrários e Ambientais – LEAA/UFPel e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Alimentação e Cultura – GEPAC.

INTRODUÇÃO A fumicultura constitui-se na atualidade como a principal atividade econômica desenvolvida pelos camponeses na região da Serra dos Tapes, zona sul do estado do Rio Grande do Sul. Bastante controvertida, a produção de fumo é por muitos criticada, ao passo que para outros tantos é tida como única opção viável ou, ao menos, única vantajosa do ponto de vista financeiro. Sua ascensão está relacionada com a enorme dificuldade de escoamento da produção de alimentos observada nas últimas décadas, causada pela forte competitividade de produtos vindos de outras regiões do Brasil. Como veremos, a fumicultura transformou, em vários aspectos, a realidade de muitas pessoas que vivem na Serra dos Tapes. Atualmente, a maioria das famílias camponesas que vive nessa região está envolvida com a produção de fumo – são colonos alemães, pomeranos3, italianos, franceses, dentre outras etnias, e quilombolas. A fumicultura apresenta-se como tipo de produção bastante adequada para pequenas propriedades, uma vez que a produtividade do tabaco é grande, isto é, em uma pequena área é possível produzir uma quantidade grande de fumo. Contudo, mais que qualquer outro tipo de produção realizada em pequenas propriedades, a fumicultura demanda mão-deobra, geralmente superior àquela disponível no grupo doméstico. Sendo assim, práticas como as trocas de serviço, os cultivos de meia e os empregos de diarista tornam-se muito comuns, agindo diretamente sobre as relações sociais entre famílias e comunidades. O presente trabalho propõe refletir sobre a forma como a atividade produtiva vincula-se com o modo de vida das pessoas da região e influencia nos tipos de relação que ali são tecidas, especialmente entre quilombolas e pomeranos. Este trabalho é um recorte de minha pesquisa de mestrado, que tem como objetivo realizar uma reflexão sobre as relações entre quilombolas e pomeranos na Serra dos Tapes, atentando para a forma de compartilhamento dos espaços vividos, para a formação de identidades e redes, bem como para as diferenças cosmológicas, sobretudo, a partir das dimensões do trabalho e da religiosidade. Tal pesquisa insere-se na agenda do Grupo de Estudos e Pesquisas em Alimentação e Cultura (GEPAC), coordenado pela Profª Drª Renata Menasche, e do Laboratório de

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A Pomerânia era uma região da Europa, próximo ao mar Báltico, que esteve sob o domínio da Prússia até a instituição do Império Alemão, quando então teve seu território dividido entre os domínios da Alemanha e da Polônia (WILLEMS, 1946 apud THUM, 2009).

Estudos Agrários e Ambientais (LEAA), ambos vinculados a Universidade Federal de Pelotas. A partir da agenda de pesquisa nominada Saberes e Sabores da Colônia, LEAA e GEPAC vem desenvolvendo iniciativas de pesquisa na região da Serra dos Tapes – que abrange, dentre outros, os municípios de Pelotas, Canguçu e São Lourenço do Sul – em que se articulam estudos vinculados à Antropologia da Alimentação, do Consumo e do Rural. O trabalho de campo foi realizado paralelamente na localidade de Colônia Triunfo (Pelotas) – com forte presença de colonos pomeranos – e nas comunidades quilombolas do Algodão (Pelotas) e Favila (Canguçu). Os três lugares situam-se muito próximos e seus moradores circulam entre eles, estabelecendo redes de parentesco, de trabalho e de religião, dentre outras. Tanto nas duas comunidades quilombolas como na Colônia Triunfo a produção de fumo constitui-se em atividade econômica principal. Aqueles que não possuem terra ou recursos para gerirem suas próprias lavouras de fumo trabalham como empregados nas lavouras alheias. O método de pesquisa consistiu em etnografia. Procurei conviver com as pessoas, aprender sobre suas realidades e observar as redes formadas entre elas, ao mesmo tempo em que eu próprio ia passando a fazer parte dessas redes. A Colônia Triunfo está localizada no interior do município de Pelotas, distante cerca de 60 km da sede do município. Situa-se na fronteira com o município de Canguçu e aproximadamente a 20 km da sede desse município. Seus moradores costumam mais frequentemente fazer compras e utilizar serviços, como o de bancos e hospitais, na cidade de Canguçu do que em Pelotas. Quase a totalidade das famílias que vivem na localidade é negra ou pomerana. As famílias negras desde 2010 estão organizada enquanto Comunidade Quilombola do Algodão, reconhecidos pela Fundação Cultural Palmares. Trata-se de 70 famílias que pertencem à comunidade quilombola, mas que não ocupam um território único. Algumas delas (incluindo a família do presidente da comunidade) vivem na sede da comunidade, enquanto outras moram em outros núcleos situados na Colônia Triunfo e em outras localidades vizinhas. Alguns membros da Comunidade Quilombola do Algodão estão ligados por laços de parentesco a membros da Comunidade Quilombola da Favila, também reconhecida pela Fundação Cultural Palmares. É o caso do presidente da comunidade do Algodão, que é sobrinho do presidente da comunidade da Favila. A realidade das famílias das duas comunidades quilombolas, assim como das famílias pomeranas é bastante distinta. A Comunidade Quilombola do Algodão

dispõe em cada núcleo de pequenas áreas com espaço apenas para as moradias e para o cultivo de hortas e criação de alguns poucos animais de pequeno porte, tais como galinhas e cabritos. Já as onze famílias da comunidade da Favila moram todos em uma mesma área contígua, onde dispõe cada uma de terras onde podem cultivar. A maioria dos pomeranos vive em pequenas propriedades, onde dispõe de terra para desenvolverem lavouras comerciais, ainda que nem todos o façam. A FUMICULTURA NA SERRA DOS TAPES A ocupação negra na região da Serra dos Tapes está relacionada com o desenvolvimento da principal atividade econômica realizada em Pelotas entre o final do século XVIII e meados do século XIX, a produção de charque4, conforme apontam Giancarla Salamoni e Carmen Waskievicz (2013). As charqueadas situavam-se na região da Planície Costeira, às margens dos rios e eram movidas pelo trabalho escravo. Nos períodos de entressafra da produção charqueadora, os escravos eram levados à Serra dos Tapes – vizinha à planície em que se instalaram as charqueadas –, a fim de extrair madeira e cultivar alimentos para os charqueadores (SALAMONI; WASKIEVICZ, op. cit.). Assim, com a fuga das charqueadas, os escravos, buscando estrategicamente por lugares mais íngremes e distantes, passaram a ocupar a Serra dos Tapes. Ainda, algumas comunidades foram criadas pela doação ou compra da terra. (RUBERT; SILVA, 2009). A partir de 1848, passa-se a observar os primeiros projetos de colonização na Serra dos Tapes, com a imigração oriunda de países europeus não ibéricos (SALAMONI; WASKIEVICZ, op. cit.). Segundo Giralda Seyferth (2002), entre os motivos principais da política de imigração no Rio Grande do Sul estavam as preocupações em substituir o trabalho escravo, aumentar a produção de alimentos e defender as fronteiras nacionais, bem como promover o branqueamento da população. Desse modo, o projeto de colonização tomou áreas tidas como devolutas (efetivamente vazias ou ocupadas por grupos indígenas) e que não eram próprias para a atividade pecuária, dividindo-as em pequenos lotes de terra, destinados aos colonos.

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O charque consiste em carne de gado salgada e seca ao sol. Era produzido em estabelecimentos que receberam o nome de charqueadas; exportadas para outras regiões do Brasil e para o exterior, servindo como alimento aos escravos.

A Serra dos Tapes começa, assim, a ser ocupada, além das famílias negras, por colonos europeus que principiam a construir suas moradias e desenvolver trabalho na agricultura em pequenos lotes de terra. Como destacam Salamoni e Waskievicz (op. cit.), desde o início, os colonos dedicaram-se a policultura, com a produção, dentre outros, de milho, feijão, batata, ovos e leite, destinados tanto ao autoconsumo, quanto ao abastecimento do mercado local e regional. O clima da região propiciou em seguida o desenvolvimento da fruticultura em escala comercial, comercializada em natura ou transformada em passas e doces. A partir da década de 1960, entretanto, a atividade fruticultora entra em declínio com o incentivo que o Estado passa a dar a produção industrial (SALAMONI; WASKIEVICZ, op. cit.). É nessa mesma época, como observam Dirceu Agostinetto et. al. (2000), que a produção de fumo ganha força entre os colonos na zona rural de Pelotas, com a dificuldade de comercialização dos produtos tradicionalmente cultivados. Atualmente, na Colônia Triunfo, quase todas as famílias trabalham com a produção de fumo. Para os quilombolas da comunidade do Algodão, a atividade fumicultora representa oportunidade de trabalho como diaristas, conforme expresso na fala de seu presidente: Na verdade, as comunidades quilombolas sempre tiveram pouca terra. Plantavam cada um no seu cantinho, a sua horta lá para o próprio sustento. [...] não dava para sobreviver. Um exemplo aqui, nessa área de um hectare moram sete famílias, mais de 30 pessoas. O que eles vão plantar para comer? A gente tem um cantinho, a horta lá para ajudar no sustento, mas para sobreviver não dá. A gente depende da mão de obra externa, sim. Se tiver mão de obra a gente tem renda, se não tiver a gente não tem renda.

Quanto aos pomeranos, costuma-se ouvi-los ressaltarem que, com a fumicultura, as condições econômicas das famílias melhoraram e que sem ela não haveria alternativa de produção que trouxesse renda suficiente. Como observa um interlocutor, colono pomerano: E se não fosse esse fumo... Naquele tempo, eu me lembro, quando foi aberto esse... agora é supermercado, naquele tempo se chamava de boteco, bolicho, essas coisas assim... então, naquele tempo não tinha fumo. Aquilo era ano após ano, mês após mês, os mais pobres, tanto brancos, quanto meia cor, como pretos, aquilo era fiado na venda, caderno cheio, ano após ano. Depois que entrou o fumo, todo mundo pode comprar a dinheiro. Naquele tempo, muitos não podiam comprar carne, então compravam os miúdos dos animais: cabeça, o fígado, a parte inferior do animal, porque não podia comprar a carne. [...] Todo mundo tem condições de comprar um pedaço de carne. Todo mundo tem carro, quem planta fumo.

Geralmente tudo tem carro novo. Esses mais fortes tem carro novo, os outros... às vezes tem dois, um, dois trator. Tem gente que tem até três tratores. Tem tudo dentro de casa, tudo digital dentro de casa, tudo moderno.

É importante mencionar que desde o reconhecimento das comunidades pela Fundação Cultural Palmares, os quilombolas vêm recebendo incentivo do Governo Federal, através do programa Fomento à Produção e à Estruturação Produtiva, para manutenção de hortas. Quanto aos pomeranos, a maior parte das famílias da Colônia Triunfo não produz praticamente nada dos alimentos que consome. Eles dizem que como a produção de fumo demanda muito trabalho, não sobra tempo para outras atividades produtivas. Ainda que os quilombolas produzam nas hortas alguns dos alimentos que consomem, a maior parte dos produtos que compõe a alimentação tanto de quilombolas, quanto de pomeranos é comprada no mercado. PATRÕES, DIARISTAS E OUTRAS VARIAÇÕES A fumicultura se constitui como cultivo típico de pequenas propriedades familiares. Como apontam Marilza Aparecida Biolchi et. al. (2003), desde o início da produção comercial de tabaco no Brasil, no período colonial, este era produzido em pequenas propriedades, ao contrário da cana-de-açúcar. Na região sul do Brasil, a área média das propriedades em que se desenvolve a fumicultura é de 18,5 hectares, sendo 2,6 hectares utilizados especificamente para a atividade fumicultora (BIOLCHI et. al., 2003). Nas pequenas propriedades, o fumo é produzido, principalmente pela mão de obra doméstica, mas não exclusivamente. Se, por um lado, em uma pequena porção de terra é possível cultivar milhares de mudas, por outro, necessita-se de grande quantidade de mão de obra para lidar com a produção, sobretudo no período de colheita (atividade que necessita ser realizada rapidamente para que as folhas da planta não percam qualidade). Desse modo, observa-se uma série de práticas que visam dar conta de melhorar o desempenho da colheita do fumo, agregando mais mão de obra àquela disponível no grupo doméstico. Assim, são encontradas diversas formas de resolver o problema. Observa-se na Colônia Triunfo as trocas de serviço, os cultivos de meia, e a contratação de diaristas. A troca de serviço não envolve pagamento em dinheiro, mas em serviço e

é realizada sempre por famílias que possuem terra e sua própria lavoura de fumo. Como explica uma interlocutora pomerana: os vizinhos trocam serviços. Um vizinho nos ajuda aqui, outra vez ajuda ali, assim... [...] pedem pra ajudar, ai já avisam, ó, a hora que precisar nós ajudamos também. Têm umas famílias que trabalham assim. Eles se... como é que se diz... um, ou dois, ou três dias eles trabalham na casa de um, os outros dias na casa de outro. [...] Tem uns irmãos ali, é, os pais deles moram ali. Aqueles trabalharam junto esse ano. [...] Ai enche uma estufa num dia. Ai o outro dia já vai na casa do outro.

Em geral, as trocas de serviço são realizadas por famílias que já possuem um relacionamento prévio, são vizinhos ligados por laços de amizade ou parentes. Outra forma de agregação de mão de obra é a sociedade, ou cultivo de meia. Nesse caso, a parceria é realizada por uma família proprietária da terra juntamente com outra não proprietária. A primeira parte entra com a área de cultivo e a segunda com a mão de obra, sendo todos os gastos e os lucros divididos igualmente, conforme fica evidenciado na fala da interlocutora quilombola: eu plantei uns quantos anos em sociedade. Só que é ruim, né. Bem dizer que se planta 50.000 [pés de fumo], ai tem que entregar... tem que cuidar os 50.000 e tem que entregar 25 pro patrão. Sobra 25. Com despesa e tudo não tem lucro. Não tem como se defender. [...] E ai vem adubo, essas coisas pro plantio a gente reparte e paga tudo em sociedade. E ai o fumo a gente também reparte. [...] Só a gente que fazia o trabalho. Ele, o patrão pegava metade, assim, quando a gente vendia. O dinheiro, assim, a metade.

Essas duas formas de parceria são encontradas hoje em dia na região, ainda que a segunda seja menos frequente em relação ao passado. Entretanto, a contratação de diaristas costuma ser a forma mais utilizada. Os diaristas, como o termo indica, trabalham e recebem por dia. Costumam ser mais requisitados no período de colheita das folhas de fumo – período esse, como já mencionado, que exige maior mão de obra –, mas também trabalham no galpão, fazendo as manilhas (classificando as folhas conforme tipos pré-estabelecidos e as amarrando) e fazendo metro (cortando lenha para aquecer as estufas de secagem do fumo). Alguns diaristas trabalham também nas outras etapas de produção, que envolvem a semeadura, a adubação da terra, o transplante das mudas para a lavoura, a capina (em alguns casos feita manualmente, mas mais frequentemente com o uso de agroquímicos), a secagem das folhas na estufa e o armazenamento das folhas

secas em fardos. Contudo, nestas etapas a oferta de serviço é muito menor se comparada com o período de colheita. A maior parte dos diaristas são membros da Comunidade Quilombola do Algodão, que, como já mencionado, não dispõe de terras onde possam desenvolver suas próprias lavouras. No entanto, alguns pomeranos, que possuem propriedades, também trabalham como diaristas. Uma vez que os custos para iniciar uma plantação de fumo são bastante altos, envolvendo construção de estufa e aquisição de produtos agroquímicos, muitos alegam não terem condições para tal e optam pelo trabalho como diaristas. São em geral casais novos, recém casados e sem filhos ou com um número pequeno de filhos pequenos. É preciso notar que os quilombolas, desde o reconhecimento das duas comunidades, recebem auxílio financeiro através do programa Bolsa Família, do Governo Federal, o que garante, como eles dizem, uma parte da renda e serve como uma garantia nos períodos de baixa oferta de serviço. Na Comunidade Quilombola da Favila, das onze famílias, apenas uma trabalha como diarista. As demais cuidam de suas próprias plantações de fumo. Além das hortas, costumam cultivar milho e alimentos para o consumo, como feijão e batata. Alguns também criam animais. OS INTERSTÍCIOS Ainda que não se trate do único espaço de relação entre quilombolas e pomeranos, a produção de fumo constitui-se como um dos fatores mais fortes de ligação entre eles. Em razão de trabalharem como diaristas em muitas propriedades de colonos pomeranos, a Comunidade Quilombola do Algodão optou por não dar início ao processo de reconhecimento e demarcação do território junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Conforme destaca o presidente da comunidade: [...] se a gente tivesse a nossa área para plantar seria muito melhor. Plantar para o nosso próprio sustento e também para sobreviver, seria uma fonte de renda. Mas para isso o caminho é muito longo. [...] Porque se a gente for buscar junto ao INCRA o reconhecimento do território a gente vai sobreviver de que maneira? Quem dá a mão de obra pra gente são nossos... é a agricultura familiar, onde é terra dos quilombolas. Quando eles souberem que a gente vai querer o território que era nosso no passado não vão dar mais mão de obra para nós. Nós vamos sobreviver como? E o processo de reconhecimento do território, eu não sei se eu to certo ou não, mas pelos relatos que eu conheço dura de quinze anos, em média de quinze anos, até

mais. [...] Então é isso, eu acho, na minha opinião e da minha comunidade, hoje a comunidade quilombola não tá preparada.

Outro exemplo da complexa relação entre quilombolas e pomeranos pode ser observado na fala do presidente da comunidade da Favila: Tem alemão quilombola aqui. [...] Porque eles casaram com gente morena, né, índia, que não eram brancos, não eram alemão. Casaram, fizeram a família. Então tem um negro, que é meu sobrinho, que é casado. Eu tenho um filho casado com uma alemoa loira. Mas esse não é da minha comunidade porque mora lá no Arroio do Padre. E ai deu aquela encrenca lá em Canguçu quando vieram essas casas, né, pros quilombolas. [...] E adonde eles não queriam, as outras comunidades, onde tinha uma secretária... [...] Ela não queria aceitar casa para esses alemão. Esses que são sócios, casados. Mas ai adonde o meu sobrinho, que eu ia falar, que é casado com uma alemoa, ela não queria dar. Não, essa é alemoa. Mas para ai. Ela é alemoa, o marido é negro e tem filho já estudando. Não são casados, tão junto, tem os mesmos direitos. Tem filho já com 7, 8 anos, no colégio. Como é que não é quilombola?

Conforme será melhor explicitado à frente, a identidade pomerana vêm sendo colocada em evidência na última década. Até então, os pomeranos entendiam-se como alemães. Quilombolas e pomeranos também se relacionam na escola da Colônia Triunfo e nas festas realizadas nas Igrejas da localidade. Na escola, o conjunto do corpo discente é formado praticamente por metade de alunos quilombolas e metade de pomeranos. Recentemente, a escola reativou um projeto (desativado por falta de professor) que consiste em uma disciplina de “língua pomerana e cultura afro”. Na disciplina são ensinados alguns elementos da língua pomerana, intercalados com elementos do que consideram como cultura afro (países africanos, comidas trazidas da África para o Brasil e palavras de origem africana incorporadas ao idioma português). Alguns quilombolas sabem falar o pomerano. No passado, entretanto, era muito mais frequente que os quilombolas aprendessem a língua ao trabalharem com os pomeranos, muitos dos quais não falavam português. Quase todos os quilombolas da comunidade da Favila são católicos. Na comunidade há uma Igreja, construída pelos moradores mais antigos. Na comunidade do Algodão, alguns se dizem católicos não praticantes e outros dizem não ter nenhuma religião. Por outro lado, a grande maioria dos pomeranos que vive na Colônia Triunfo é luterana. Na localidade há duas Igrejas, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil

(IELB), também chamada de Igreja independente, por não seguir a mesma estrutura hierárquica da de Confissão Luterana, tendo maior autonomia. Tanto a Igreja católica, quanto as luteranas periodicamente realizam festas de comunidade em que participam, além dos sócios da Igreja, membros de outras Igrejas luteranas e católicas e pessoas em geral (moradores da localidade, familiares que vivem na cidade). Nas festas das Igrejas luteranas é servido almoço e organizado baile, com música de alguma banda contratada e dança. Os quilombolas participam mais frequentemente das festas das Igrejas luteranas que os pomeranos da festa católica. Apesar das diferentes filiações religiosas, a benzeção constitui-se em prática comum de quase todos, quilombolas e pomeranos. Os pastores das Igrejas luteranas condenam tal prática, mas quase todos admitem acreditar nos efeitos da benzeção para curar problemas de saúde e que já procuraram uma benzedeira ao menos uma vez. Joana Bahia (2011), em etnografia sobre os camponeses pomeranos do Espírito Santo, comenta que magia e religião fazem parte da religiosidade cotidiana, sendo comuns a prática da benzeção e a crença na bruxaria. Uma vez que não existem mais muitas benzedeiras pomeranas com antigamente, muitos procuram as benzedeiras quilombolas quando necessitados. Contudo, é preciso notar que as relações nem sempre são pacíficas. Há muitas trocas de acusações, como é possível notar nas falas abaixo:

O preconceito é bem grande, ele é muito grande, né. E hoje aqui na colônia aqui, várias colônias que eu conheço, aí onde tem comunidade quilombola, o quilombola é bom só pra trabalhar, pras outras coisas não presta. Então... assim é que as comunidades são vistas pelos pomeranos. (interlocutor quilombola) E assim ó... vou falar francamente, bem a verdade: os quilombolas que tem por aqui, eles não chamam nós de... como é que se diz... a gente mora no Brasil, a gente é brasileiro também, né. Eles chamam nós de alemão grosso. Alemão batata. Assim eles falam. Alemão de merda. (interlocutora pomerana)

Percebe-se que as relações entre quilombolas e pomeranos são bastante complexas. Se, por um lado, relacionam-se na escola, em festas, em práticas de benzeção e casam-se entre si, por outro, encontram-se muito frequentemente em relações de patronagem – sendo que numericamente constitui como situação mais comum que os quilombolas estejam na condição de diaristas e os pomeranos na de patrão –, além de trocarem acusações.

ENTRE REDES E COMUNIDADES Não se pode negar a existência das duas identidades étnicas aqui em questão, de quilombolas e pomeranos, que atuam diretamente nas relações dessas pessoas que habitam a Serra dos Tapes. As identidades de quilombolas e de pomeranos atuam como marcadores de diferenças em muitas situações. Entretanto, é preciso ter o cuidado de não essencializar tais identidades étnicas e de não reduzir a importância de outros elementos que também atuam como marcadores nessas relações. Pode-se sugerir que nem as identidades étnicas estão muito bem consolidadas nos discursos dos atores; nem tais identidades étnicas tratam-se das únicas identidades que esses atores lançam mão para marcar suas diferenças nesse contexto de relações; nem tampouco os limites e definições das comunidades confundem-se necessariamente com os limites e definições das identidades étnicas. Destaca-se que o surgimento e a afirmação da identidade quilombola estariam associados aos processos de reconhecimento das comunidades pela Fundação Cultural Palmares. Como apontam Rubert e Silva (2009), as categorias de quilombo e quilombola, a partir do marco da Constituição Federal de 1988, consagram-se como símbolo aglutinador das variadas formas de resistência à discriminação contra os afrodescendentes. Nesse sentido, a categoria política quilombola passa a designar uma identidade social e cultural. É comum ouvir esses atores identificando-se também a partir do termo negro. Também é comum, sobretudo entre os mais velhos, escutar o termo carambola. Como observam Daros et. al. (2007), o uso do deste termo é recorrente também entre membros de comunidades quilombolas, bem como entre os colonos da mesma localidade no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. A afirmação da identidade pomerana, por outro lado, estaria associada às ações de valorização do patrimônio cultural e linguístico pomerano. Se antes se percebiam como alemães, falantes do Plattdeutsch (baixo Alemão), agora costumam se afirmar como pomeranos, falantes de um idioma independente, o Pomerano. Como aponta Carmo Thum (2009), à época da emigração, a Pomerânia estava sob o domínio político da Prússia e, portanto, os pomeranos que chegaram ao Brasil foram registrados como imigrantes prussianos. A esse fato somou-se o ideal germanista, levado a cabo pelos imigrantes alemães, principalmente da região norte do Rio Grande do Sul, que para se afirmarem diante da sociedade nacional, buscavam mais a unidade entre os grupos de imigrantes que suas particularidades.

Sobretudo a partir da última década, entretanto, vêm sendo desenvolvidas ações de valorização do patrimônio cultural e linguístico pomerano, principalmente no município de São Lourenço do Sul, conforme observa Evander Eloí Krone (2014). Cabe acrescentar que tal hipervisibilidade da identidade pomerana vem contribuindo para um processo reverso de invisibilidade das outras identidades – principalmente no município de São Lourenço do Sul, mas, em maior ou menor grau, em toda Região da Serra dos Tapes – sobretudo dos afrodescendentes, segundo Carolina Vergara Rodrigues (2012). Na colônia Triunfo, observa-se que tanto a identidade de pomerano, como a de alemão é acionada pelos atores. Além disso, como já mencionado, outras identidades também são acionadas por esses atores, como as de patrões e diaristas e as de colono, que aproxima os pomeranos, de alemães, italianos e franceses. Nesse sentido, torna-se pertinente questionar se a afirmação das identidades de quilombolas e pomeranos constituiria causa suficiente para a conformação de comunidades limitadas e coerentes. A comunidade do Algodão é conformada por vários núcleos distantes entre si. Na realidade, as famílias que já ocupavam (por meio da posse, da compra ou da doação) as áreas onde atualmente residem, quando do início do processo de reconhecimento da comunidade quilombola, passaram a integrar a associação da Comunidade Quilombola do Algodão. Pode-se sugerir, assim, que a associação possui uma realidade mais concreta que a comunidade, pensada, dentre outros aspectos, pelo compartilhamento de um território. Como exposto anteriormente, o presidente da associação da comunidade quilombola afirma não terem a intenção de iniciar o processo de demarcação. A comunidade da Favila tem limites territoriais mais precisos e consistentes. Quando do início do processo de reconhecimento, as famílias que integram hoje a comunidade já viviam todas em uma área contígua. Contudo, até hoje também não iniciaram o processo de demarcação do território. Como explicam, a demarcação implicaria na posse coletiva da terra e na impossibilidade de venda. Neste contexto, em que cada família possui seu lote, a demarcação do território da comunidade representaria a não possibilidade da venda de seu lote e a consequente não possibilidade de mudança para a cidade, por exemplo. Assim, é possível refletir se a família não teria também uma realidade mais concreta que a comunidade. Além disso, são sócios da comunidade afrodescendentes e pomeranos, que em alguns momentos são entendidos também como quilombolas.

Os pomeranos, por outro lado, não formam comunidades no mesmo sentido que os quilombolas. O termo comunidade, inclusive, está mais fortemente vinculado em seus discursos à comunidade religiosa, significando o conjunto dos membros de uma Igreja. Os limites de onde começaria e terminaria um suposto território pomerano são extremamente difusos. Há pomeranos vivendo em toda a Serra dos Tapes e além dela. Em alguns pontos há uma maior concentração de famílias pomeranas, enquanto em outros é mais forte a presença de alemães, italianos, franceses, brasileiros (como os colonos das diferentes etnias costumam chamar aqueles que não possuem origem europeia) e afrodescendentes. Os municípios que tem parte de seu território compreendido pela Serra dos Tapes são divididos por distritos e estes por localidades. Frequentemente os moradores de uma localidade mantêm relações de parentesco ou pertencem a comunidades religiosas de outras localidades. Também muitos pomeranos que vivem na Serra dos Tapes mantém relações com pessoas que vivem nos centros urbanos. Muitos, ainda, casam-se com colonos de outras etnias, brasileiros ou afrodescendentes. Para Max Weber (2009) as “comunidades étnicas” são conformadas pela crença de uma origem comum que pode ser objetiva ou subjetiva. Origem esta que, por sua vez, pode ser consanguínea, religiosa, linguística ou de habitus, isto é, forma de vida cotidiana. Benedict Anderson (2008), apesar de voltar sua preocupação para um tipo específico de comunidade, a Nação, ressalta que qualquer comunidade é produto de um processo de imaginação. Nesse sentido, discorda do antropólogo Ernest Gellner, para quem haveria comunidades mais “verdadeiras” que as nações. Assim, ele [Ernest Gellner] sugere, implicitamente, que existem comunidades "verdadeiras" que, num cotejo com as nações, se mostrariam melhores. Na verdade, qualquer comunidade maior que a aldeia primordial do contato face a face (e talvez mesmo ela) é imaginada. As comunidades se distinguem não por sua falsidade/autenticidade, mas pelo estilo em que são imaginadas. (ANDERSON, 2008, p.33)

Entretanto, para Anderson (op. cit.), o fato de serem imaginadas não significa que tenham uma existência menos real para seus membros, nem que sejam fruto de uma falsa ideologia. Assim que, as comunidades são imaginadas e não imaginárias. Poderia acrescentar-se que em se tratando de abstrações, mais ou menos coladas à experiência vivida, podem ter valor maior ou menor para explicar as relações sociais.

Diante desse quadro, fica latente a reflexão se outras noções, como a de rede, não teriam maior rentabilidade para a construção do conhecimento antropológico. Bruno Latour critica a noção de sociedade por duas vias: por um lado, observa como no Ocidente a ideia de sociedade foi sendo constituída como estando em separação ontológica em relação à natureza (LATOUR, 2009); por outro lado, refuta a ideia de que o social seria um domínio em si, acreditando ser um princípio de conexões (LATOUR, 2012). Latour (2012) busca em Gabriel Tarde o contraponto à noção de sociedade consagrada nas Ciências Sociais a partir da obra de Émile Durkheim. Na disputa entre o velho Tarde e o jovem Durkheim, em que o segundo saiu vencedor, o primeiro sustentava “veementemente que o social não era um domínio especial da realidade, e sim um princípio de conexões” (LATOUR, 2012, p.33). Para Latour (2012), a definição do social como um domínio específico da sociedade pode ter sido importante quando da constituição das Ciências Sociais, mas deixa de conseguir criar explicações quando se percebe que seu oposto, ao qual está referenciado, o natural, não existe em si, mas é fruto de criação tanto quanto a sociedade. Para Latour (2012), não existe um domínio da natureza e outro da sociedade, ou um mundo das coisas em si e outro dos homens entre eles, mas apenas associações entre atores que podem ser humanos ou não-humanos. Assim, no lugar de uma sociologia do social, como realizada desde Durkheim, propõe uma sociologia das associações, pensando não sociedades com limites fixados e distintas da natureza, mas redes de associações entre atores. Pode-se sugerir que, assim como o conceito de sociedade mostra-se inadequado para dar conta de muitos tipos de relações sociais, também o conceito de comunidade pode não ser o mais apropriado em alguns contextos. Latour (2012) está mais fortemente preocupado com redes mais longas de associação, como as redes sociotécnica. Pode-se, todavia, refletir se tal princípio de associações não estaria também na base das relações tecidas em contextos locais, formando redes mais curtas a partir de eixos como o trabalho, o parentesco ou a religião. Comumente, costuma-se olhar para as identidades de quilombolas e pomeranos e associá-las com a conformação de comunidades mais ou menos delimitadas. No entanto, percebe-se que as relações desses atores apesar de muitas vezes passar por esses demarcadores de diferença, também acionam outras

identidades. As relações formadas a partir do trabalho, da escola, das festas, das práticas de benzeção e dos casamentos podem ser pensadas como constituídas em redes curtas em que as identidades e as comunidades não seriam os únicos elementos. Nesse sentido, atentar para as relações em torno do trabalho, mais especificamente da produção de fumo, torna elucidativo de como os processos de constituição de redes são constituídos. REFERÊNCIAS ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo: São Paulo: Companhia das letras, 2008. AGOSTINETTO, Dirceu; PUCHALSKI, Luís E.A.; AZEVEDO, Roni de; STORCH, Gustavo; BEZERRA, Antônio J.A.; GRÜTZMACHER, Anderson D. Caracterização da fumicultura no município de Pelotas-Rs. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v. 6 n. 2, 171-175, 2000. BAHIA, Joana. O tiro da bruxa: identidade, magia e religião na imigração alemã. Rio de Janeiro: Garamond, 2011. BIOLCHI, Marilza Aparecida; BONATO, Amadeu Antonio; OLIVEIRA, Marcos Antonio de. A cadeia produtiva do fumo. Revista Contexto Rural, v. 3, n. 4, p. 6-50, 2003. DAROS, Alexandre; KRONE, Evander Eloí; MUNDELESKI, Everton; MENASCHE, Renata. Agriculturas familiares: práticas agrícolas, autoconsumo e modos de vida entre colonos e quilombolas In: MENASCHE. Renata (Org.). A agricultura familiar à mesa: Saberes e práticas da alimentação no Vale do Taquari. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2007. KRONE, Evander Eloí. Comida, memória e patrimônio cultural: a construção da pomeraneidade no extremo sul do Brasil. Pelotas: UFPel, 2014. 174 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia. Universidade Federal de Pelotas, 2014. LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. São Paulo: Ed. 34, 2009. ______. Reagregando o social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede. Salvador: EduFBa, 2012. RODRIGUES, Carolina Vergara. Mulheres Negras em Movimento: trajetórias militantes, negritude e comida no Sul do Rio Grande do Sul. Pelotas: UFPel, 2012. 152 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Universidade Federal de Pelotas, 2012. RUBERT, Rosane Aparecida; SILVA, Paulo Sérgio da. O acamponesamento como sinônimo de aquilombamento: o amálgama entre resistência racial e resistência

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