Entrevista com o Presidente do Centro Cultural Brasil Turquia sobre a Situação Politica Turca

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30/12/2016 SOBRE O PORTAL

Entrevista com o presidente do Centro Cultural Brasil­Turquia sobre a situação política turca |  Voz da Turquia POLÍTICA DE PRIVACIDADE

 

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Entrevista com o presidente do Centro Cultural Brasil-Turquia sobre a situação política turca

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TUDO SOBRE A TENTATIVA DE GOLPE NA TURQUIA Leia o artigo com pleto

 

dezembro 30

15:57 2016

 por vozdaturquia

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Quem é Fethullah Gülen? Leia o artigo com pleto

“As práticas nos últimos três anos dão uma ideia do nível do retrocesso dos valores da democracia e

dos direitos fundamentais que a Turquia sofreu. Erdoğan é o único poder em vigor no país, todos os outros poderes estão subordinados a ele, inclusive o Judiciário”, Mustafa Göktepe

 

Mustafa  Göktepe,  cidadão  turco­brasileiro,  é  o  fundador  e  presidente  do  Centro  Cultural  Brasil­Turquia. Empresário nas áreas do turismo e da alimentação, foi professor de Língua e Cultura Turca na Universidade de São  Paulo  (2010­2013),  de  Língua  e  Cultura  Turca  e  Civilização  Turco­Islâmica  na  Pontifícia  Universidade Católica de São Paulo (2009­2013) e de Língua e Cultura Turca na Universidade de Brasília (2013 a 2014). Entre 2011 e 2014, Mustafa Göktepe serviu como assessor do representante do jornal Zaman, da Turquia, no Brasil.  Ele  é  tradutor  juramentado  –  turco  e  português  –,  sendo  tradutor  simultâneo  do  turco  e  português  e, ainda, tradutor e revisor de livros. Pergunta: Como define a política atual da Turquia? Resposta: Como uma política no caminho da formação de uma ditadura. As práticas nos últimos três anos dão uma ideia do nível do retrocesso dos valores da democracia e dos direitos fundamentais que a Turquia sofreu. Erdoğan  é  o  único  poder  em  vigor  no  país,  todos  os  outros  poderes  estão  subordinados  a  ele,  inclusive  o Judiciário.

Brasileiras ficam apaixonadas por galã turco intérprete de Boran em Sila Leia o artigo com pleto

 

Pergunta: Qual foi o objetivo da tentativa de Golpe na Turquia? Quem, de fato, esteve por detrás? Resposta:  A  Turquia  sofreu  quatro  golpes  militares  na  sua  história,  em  1960,  1971,  1980  e  1997,  além  de várias outras tentativas. Por isso, sabemos muito bem como acontecem os golpes. O que foi em 15 de julho de 2016 não era um golpe comum, embora no início parecesse assim. Um golpe militar não acontece em apenas duas cidades, envolvendo apenas 2% dos militares, sem prender nenhum político, sem tomar o controle da mídia e  jamais  acontece  na  sexta­feira  às  22h00  num  dia  de  Verão,  quando  todo  mundo  está  acordado.  Juntando todas essas estranhezas com o expurgo que vem acontecendo desde então, eu chamaria de “teatro do golpe” ou até “autogolpe”. Essa tentativa de golpe beneficiou apenas Erdoğan no seu caminho ao sistema presidencialista.

Hizmet em prol da convivência pacífica: exemplo da Turquia Leia o artigo com pleto

Não se sabe exatamente quem fez o golpe, talvez seja um grupo de militares incomodados com as práticas do Erdoğan  que  desviou  a  Turquia  do  caminho  da  democracia.  Mas  de  uma  coisa  tenho  certeza:  Erdoğan  sabia dessa tentativa e deixou acontecer, sentindo­se tranquilo por ter o controle absoluto da Inteligência, da Polícia e da Justiça. Sabia que o golpe não iria dar certo, mas que ele iria se beneficiar dessa tentativa para acabar com todos os críticos ao seu autoritarismo. Isso  foi  confessado  por  ele  mesmo,  numa  entrevista  ao  vivo  que  deu  à  CNN  Turk  durante  os  momentos  do golpe. Parece piada, o presidente de um país que está sofrendo um golpe militar dando entrevista ao vivo com a http://vozdaturquia.com/hizmet/2016/12/30/entrevista­presidente­ccbt­turquia/

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Entrevista com o presidente do Centro Cultural Brasil­Turquia sobre a situação política turca |  Voz da Turquia

localização anunciada. Mas não era piada, era parte do teatro. Naquela primeira entrevista Erdoğan já nomeou o Movimento Hizmet e seu inspirador Fethullah Gülen como sendo os autores do golpe e disse que “essa tentativa de golpe foi uma benção de Deus, pois agora poderemos fazer uma limpeza generalizada, começando com as Forças Armadas”. Ele está fazendo o que disse: limpeza geral em todas as instituições públicas e privadas. Algumas horas depois do início da tentativa de golpe, começaram a divulgar listas com os  nomes de milhares de pessoas como golpistas, todos previamente fichados. Trabalho tão malfeito que divulgaram nomes de pessoas que já haviam morrido ou mudado de cidade ou até de país. Em seguida foi decretado o “estado de emergência” e os  “direitos humanos” foram suspensos, assim qualquer ação anticonstitucional se tornou possível com o decreto presidencial, ou seja, de Erdoğan. Começaram a prender pessoas, sem prova, sem inquérito, sem processo judicial.. simplesmente por ser crítico ao autoritarismo do Erdoğan. O número de pessoas presas e detidas já supera as cento e vinte mil e o  número de instituições fechadas e tomadas passa de três mil e quinhentas.

 

Band faz clipe de Li Martins na Turquia para Sila Leia o artigo com pleto

Pergunta: Por que o Governo quer criminalizar o Movimento Gülen (Hizmet)? Resposta: O Movimento Hizmet, inspirado no erudito Fethullah Gülen, é um movimento da sociedade civil que surgiu  na  Turquia  que  hoje  está  presente  em  mais  de  170  países,  com  trabalhos  educacionais,  culturais, empresariais e sociais. É um movimento apolítico, a favor da democracia e dos direitos fundamentais. Por isso, os  membros  do  Hizmet  votaram  em  diferentes  partidos  e  candidatos,  levando  em  consideração  a  promessa deles. O partido de Erdoğan também atraiu os votos dos simpatizantes do Hizmet nos primeiros dois mandatos, por causa  das  promessas  (e  inclusive  práticas  no  início)  em  favor  de  melhorar  a  democracia  e  as  liberdades  na Turquia, da adesão à União Europeia e da mudança da Constituição atual, que é militar, cheia de restrições, por uma civil e mais democrática. Tanto o Hizmet quanto outros a favor da democracia, começaram a criticar Erdoğan a partir de 2011, quando ele  condicionou  a  mudança  da  Constituição  à  mudança  do  sistema  no  país,  do  parlamentarismo  para  o presidencialismo,  e  começou  a  ter  um  discurso  autoritário,  demonstrando  as  ambições  da  liderança  regional  e religiosa, inclusive cogitando a volta do Califado.

ARTIGOS RECENTES

 

Mas o principal marco entre o Erdoğan anterior e o de hoje foram as operações de corrupção ocorridas em 17 e 25 de dezembro de 2013, que envolviam o gabinete de Erdoğan, então primeiro­ministro, chegando até ao seu filho, Bilal Erdoğan. Tudo indicava que ele, com a sua família e alguns ministros de seu Governo, faziam parte de um esquema de corrupção que durava há anos, que desviava 10 a 20% de todas as licitações. As gravações de áudio e vídeo das investigações foram divulgadas no YouTube e no Twitter, o que motivou o fechamento dessas redes sociais. Alguns “colunistas” e “religiosos” tentaram justificar esse roubo de 20% com pareceres religiosos, dizendo que o Califa  teria  direito  a  um  quinto  (1/5)  de  todo  ganho  para  atender  as  necessidades  de  toda  comunidade muçulmana mundial. Um deles (Ahmet Akgündüz) chegou a dizer que os Governos anteriores roubavam 80%, esses roubam apenas 20%. As  pessoas  e  as  instituições  inspiradas  no  Movimento  Hizmet,  como  o  jornal  Zaman  e  Samanyolu  TV,  não fizeram vista­grossa a essas operações, como desejava Erdoğan.

TUDO SOBRE A TENTATIVA DE GOLPE NA TURQUIA Leia o artigo com pleto

Quem é Fethullah Gülen? Entrevista com o presidente do Centro Cultural

Ainda  naqueles  dias  da  operação,  Erdoğan  começou  a  sua  caça  às  bruxas  contra  o  Hizmet  chamando­o  de Estado  paralelo.  Ele  tentou  tudo  para  criminalizar  o  Hizmet,  chamando­o  de  grupo  terrorista.  Mas  não  tinha como fazer isso porque  não tinha  nenhuma prova e por o Hizmet ser conhecido como um movimento pacífico. Ele  precisava  de  algo  para  poder  chamar  de  terrorista,  para  fazer  uma  perseguição  generalizada,  o  que  vem fazendo desde essa tentativa de golpe.

Brasil­Turquia sobre a situação política turca

Pergunta: Como o Governo turco tem conseguido apoio da população?

A crise econômica da Turquia condenará o sistema

Resposta: De várias formas. Listando apenas as principais: 1. 

2. 

3. 

Comissão do Golpe não fará perguntas ao presidente, premiê e chefe de inteligência Turquia aprova emendas constitucionais conferindo enormes poderes ao presidente

presidencial? Fethullah Gulen, Mestre do Humanismo e do

As políticas sociais, que não procuram dar um empurrãozinho para as pessoas começarem a ter um emprego, um ganho digno, mas que tornam as pessoas dependentes dos programas sociais do Governo. As pessoas não querem correr o risco de perder os benefícios, por isso votam no Governo atual, sem se importarem  do que Erdoğan faz de errado.

Entendimento Multicultural

Medo generalizado. Isto faz com que as pessoas não se arrisquem denunciando os erros, ou criticando as ações ilegais do Governo e das autoridades. Há um círculo de espiões voluntários na sociedade, em geral, que qualquer um que aparenta ser um crítico ao Governo é perseguido, o seu negócio é fechado ou tomado, excluído de serviços públicos (educacionais, saúde, transporte, segurança, etc.). As pessoas são destituídas, demitidas, presas por serem críticas. Não só de funções públicas, mas também das entidades privadas.

terrorista”

Discurso islamista, que usa o sentimento religioso das pessoas. Erdoğan e os membros de seu Governo são mestres  nisso.  São  dezenas  as  vezes  em  que  Erdoğan  participou  dos  comícios  com  o  Alcorão  na  mão, balançando­o na frente das pessoas, recitando versículos, fazendo orações diante do público, para criar uma imagem de um líder religioso. Os muçulmanos praticantes na Turquia sofreram muito com os golpes militares que  restringiam  a  prática  da  religião.  Por  exemplo,  as  mulheres  eram  proibidas  de  usufruir  de  serviços públicos se usassem o lenço/véu. Muitas deixaram de estudar no Ensino Superior, por terem que tirar o lenço para  estudar.  Algumas  práticas  boas  de  Erdoğan  (sim,  ele  teve  muitas  práticas  boas  nos  primeiros  dois mandatos de seu Governo, por isso fui uma das pessoas que votou nele) aliviaram não só os muçulmanos, mas também outros religiosos de outras religiões. Ele continua usando a religião para alcançar seus interesses

‘absurda’

http://vozdaturquia.com/hizmet/2016/12/30/entrevista­presidente­ccbt­turquia/

Quatro ex­ministros do AKP são investigados por ligações com Gulen Jornalista turco Ahmet Sik detido por “propaganda

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Turquia e Rússia concordam sobre plano de cessar­fogo na Síria

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políticos. O discurso religioso não significa que ele seja religioso. Eu até diria que 90% de tudo o que ele vem fazendo não é justificável no Islã. 4. 

Uso de mídia e política polarizadora. Hoje 99% dos órgãos de mídias (seja jornal, seja televisão e rádio) são pró­Governo.  Para  entender  o  efeito  disso,  basta  imaginar  que  os  jornais,  as  emissoras  de  televisão  e  de rádio de todos os grandes grupos no Brasil (Globo, Bandeirantes, Record, etc.) pertencessem ao Governo ou aos seus simpatizantes e fizessem notícias 100% a favor do Governo.

Pergunta: Quais são os riscos de a Turquia se tornar uma ditadura? Resposta: Não considero mais um risco, eu diria que a formação de uma ditadura está em curso na Turquia. Pergunta: Qual o interesse da Turquia na Guerra na Síria? Resposta: Eu fui tradutor de Erdoğan quando ele esteve no Brasil, em 2010, e fui tradutor de Dilma quando ela viajou para a Turquia, em 2011. Testemunhei as conversas nesse nível. Naqueles anos, no início dos conflitos na Síria, a Turquia parecia ser um articulador com al­Assad, orientando para que  ele mesmo liderasse a mudança desejada pelo povo no seu país. Mas, depois ficou claro que Erdoğan apoiava os rebeldes desde o início, com a intenção  de  fazer  al­Assad  cair  o  mais  rápido  possível.  Assim,  a  Turquia  se  tornaria  o  único  país  com estabilidade política e social na região, além de chegar até Damasco e rezar na imponente e importante mesquita dos Omíadas. Isso tem um significado religioso e dá sinais sobre o novo Califa dos muçulmanos. Esse apoio ilegal, com armas e financiamento, foi divulgado por jornais turcos, alemães, britânicos e americanos. O jornalista turco (Can Dündar), que divulgou as fotos das armas nos caminhões da Inteligência turca a caminho da Síria, foi preso e a operação foi encoberta  imediatamente. Uma parte dos rebeldes hoje faz parte do ISIS, conhecido também como Estado Islâmico (EI) ou DAESH. A  Turquia  usou  como  crédito  a  sua  localização  e  o  fato  de  ser  um  importante  membro  da  OTAN  para  não receber críticas duras da União Europeia e dos EUA. A Europa toda está com medo de mais de três milhões de refugiados sírios invadirem seus países. Por isso mantém uma política hipócrita, criticando Erdoğan um dia aqui, outro dia ali, mas não fazendo nenhuma sanção significativa. Os EUA não querem perder o espaço da OTAN em Incirlik, uma localização muito estratégica para ter controle na região.

MAILER

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Pergunta:  Quais  as  possibilidades  de  solucionar  o  problema  entre  o  atual  Governo  da  Turquia  e  a  minoria curda? Resposta: Os curdos na Turquia, bem como outras minorias (armênios, gregos, árabes, alauitas, xiitas, judeus, ortodoxos,  católicos,  etc.)  não  tiveram  muitos  de  seus  direitos  garantidos  durante  toda  a  República  até  que fossem feitas reformas pelo Governo de Erdoğan nos primeiros dois mandatos, como parte das exigências da União Europeia. Por exemplo, eles não podiam ter escolas, televisões, rádios, jornais em curdo. O  grupo  terrorista  PKK,  foi  considerado  como  representante  dos  curdos  por  muitos  Governos,  embora  isso esteja muito longe da realidade. Por isso deixaram a região sudeste do país, onde está a maior concentração de curdos, sem investimento e sem serviços públicos, como escolas, hospitais, fábricas, etc. Quando  começou  o  “processo  de  paz”,  os  curdos  começaram  a  ter  voz  no  Parlamento  com  mais  de  oitenta deputados, pela primeira vez na história da República. Até 2014, a relação do Governo com os curdos em geral parecia estar muito bem. Quando Erdoğan anunciou que queria mudar o sistema no país (de parlamentarista para presidencialista a la turca) e ele queria se tornar presidente, o líder do partido curdo (Selahattin Demirtaş) disse abertamente que jamais iria deixar isso acontecer. Sem  o  apoio  de  2/3  do  Parlamento  é  impossível  mudar  o  sistema  do  país.  E  sem  o  apoio  dos  parlamentares curdos é impossível chegar a este número. Aí começou a briga de Erdoğan contra os curdos. Tirou a imunidade dos parlamentares e está prendendo eles, junto com centenas de prefeitos curdos. Pergunta: A Turquia corre o risco de uma Guerra Civil? Por quê? Resposta:  Sim,  o  risco  de  uma  guerra  civil  é  real.  Acho  que  o  que  disse  acima  como  resposta  as  perguntas anteriores, dá uma ideia sobre esse risco. Tudo indica que, pelas razões apontadas acima, as coisas não vão mudar rápido na Turquia e na região. Ainda mais  depois  da  eleição  de  Trump  como  presidente  dos  EUA,  a  intenção  da  aproximação  dele  com  Putin,  da Rússia, torna muito difícil comentar sobre o futuro da região. Marli Barros Dias   ——————–

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Tentativa de golpe é uma oportunidade para conhecer o Hizmet

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