Envelhecimento e Inibição de Memória: Processamento Automático e Intencional

September 13, 2017 | Autor: Mariana Loureiro | Categoria: Memoria, Envelhecimento, Inibição De Memória
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Envelhecimento e Inibição de Memória

Título em cabeçalho: PROCESSAMENTO AUTOMÁTICO E INTENCIONAL

Envelhecimento e Inibição de Memória: Processamento Automático e Intencional

Mariana Loureiro Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Tese de Mestrado em Terapias Comportamentais e Cognitivas Orientadora: Professora Doutora Paula Carneiro Coordenador: Professor Doutor Américo Baptista Faculdade de Psicologia Janeiro, 2008

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Resumo A inibição da memória foi estudada na presente investigação, em duas tarefas experimentais com adultos jovens e idosos. Na primeira tarefa utilizou-se o paradigma do esquecimento dirigido para estudar a inibição intencional e, na segunda tarefa utilizou-se o paradigma do esquecimento induzido para estudar a inibição automática. No geral, observou-se menor recuperação das palavras inibidas relativamente às palavras não inibidas, nos dois paradigmas. Tanto a inibição intencional como a inibição automática de memórias, foi superior nos adultos jovens comparativamente à inibição dos idosos. Em termos de envelhecimento, estes resultados indicam que em idades avançadas, a capacidade de inibição é menor. Os idosos, têm dificuldades na inibição de memórias, seja esta uma inibição considerada automática ou intencional.

Palavras-chave: inibição de memória; envelhecimento; processamento automático; processamento intencional.

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Envelhecimento e Inibição de Memória: Processos Automáticos e Intencionais O estudo da memória em termos de processamento cognitivo, é um tema relativamente recente em termos de psicologia do envelhecimento. Um processo cognitivo pode ser desenvolvido sob conhecimento e até intervenção activa do indivíduo, ou totalmente distante da sua consciência e controlo, sendo assim, podemos definir o processamento como: consciente vs inconsciente ou; intencional vs automático (Garcia-Marques, 2003). Hasher e Zacks (1979), foram pioneiros estabelecendo algumas metas no estudo do processamento de informação, intencional e automático na memória, em idades avançadas. Hasher e Zacks (1979), examinaram a memória em grupos de diferentes idades. No seu estudo empírico, observaram que no processamento involuntário, não ocorre um declínio de memória em idades avançadas, mas que, no processamento voluntário esse declínio é evidente. Os autores usaram listas de palavras, que se repetiam em ensaios, tendo sido realizada uma manipulação no último ensaio, em que, era dada uma instrução para o participante prestar máxima atenção à lista de palavras, uma vez que estava a realizar um teste de memória. Os idosos revelaram um desempenho de memória semelhante ao dos adultos jovens nos primeiros ensaios (processamento involuntário), e no ensaio em que foi efectuada a manipulação (processamento voluntário), os adultos jovens tiveram melhor desempenho que os idosos. Esta investigação confirmou as abordagens de Posner e Snyder (1975), e de Shiffrin e Schneider (1975), que sugeriram que o processamento involuntário, por ser menos dependente da atenção, não apresentava um declínio de capacidades associado ao envelhecimento, tão acentuado como apresentava o processamento voluntário, mais dependente da atenção. Também a relevante abordagem teórica de Baddeley (1986), que apresentou no

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seu modelo, a memória de trabalho como sendo reduzida, havendo cada vez maior limitação e incapacidade com o aumento da idade, confirmou os estudos de memória e atenção de Posner e Snyder (1975), e de Shiffrin, e Schneider (1975). Baddeley (1986), argumentou assim no seu estudo que a compreensão de um texto onde a exigência da memória de trabalho fosse elevada, ou seja, fortemente dependente da atenção, correspondia a uma tarefa onde os idosos apresentavam um desempenho menor. Outras componentes relevantes da memória foram estudadas em termos de envelhecimento e declínio ao longo dos anos. Salientamos as investigações de Kihlstrom e Heindel (1984), e de Mangels (1997), que se centraram no estudo da memória de informação espacial e temporal. Os autores definiram nos seus estudos, que as memórias de informações temporais e espaciais eram dependentes da atenção e do processamento intencional, não sendo processos automáticos como até então se pensava. Em ambos os estudos, foi observado nos idosos um desempenho menor na recuperação de memórias espaciais e temporais relativamente aos adultos jovens. Em termos de envelhecimento, estes estudos confirmaram a perspectiva de que existe, declínio na recuperação voluntária/intencional de memórias, em idades avançadas (Kihlstrom & Heindel, 1984, Mangels, 1997; Naveh-Benjamin, 1987; 1990). Mais recentemente, nos anos 90, houve um crescente interesse na noção de que os défices de memória relacionados com a idade, podem resultar de um decréscimo na eficiência da capacidade de inibição das memórias (Duchek, Balota, Faust & Ferraro, 1995; Hamm & Hasher, 1992; Hartman & Hasher, 1991; Hasher, Zacks & May, 1999; Zacks & Hasher, 1988). Nesta perspectiva, o estudo da memória na presente investigação pretende continuar a averiguar o papel do processamento cognitivo automático e intencional em termos de inibição, uma vez que a inibição ganhou notável relevância nas últimas décadas no estudo do envelhecimento.

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O estudo relativo à inibição da memória é relativamente recente, ainda que nas abordagens psicodinâmicas de Freud já fosse sugerida a ideia da inibição de memórias. A inibição é um mecanismo que tem ganho um suporte teórico considerável ao longo da última década. De acordo com Anderson (in press), o termo inibição implica a operação de um mecanismo externo que actua nos traços da memória. A inibição não se refere a um qualquer processo que apenas altera a memória, mas sim a um processo que a exclui. Na abordagem de Anderson (in press), a inibição é considerada como modificadora de estados de traços de memórias. Neste mecanismo um traço de memória em que a inibição actua, torna-se menos acessível de recuperar provocando uma impossibilidade de relembrar a memória. Esta teoria defende ainda que a alteração no estado da memória é reversível, podendo a sua acessibilidade ser recuperada. Esta reversibilidade contrasta contudo com a mudança permanente que ocorre no traço, afirmando o autor que ocorre uma des-aprendizagem que afecta a integridade estrutural da memória. Os processos inibitórios ajudam a prevenir que traços irrelevantes interfiram com o processamento da informação alvo (Hasher & Zacks, 1988; Tipper, 1985; Tipper, Weaver & Houghton, 1994). A inibição previne então que a atenção seja dirigida para a informação distractora permitindo o enfoque na tarefa alvo ou objectivo. À medida que a tarefa se altera, a inibição serve para suprimir a activação de traços previamente importantes mas que já não são mais relevantes no momento (Hasher & Zacks, 1988; Zacks & Hasher, 1994). Quando os processos inibitórios não estão a operar eficientemente, os traços irrelevantes podem invadir a memória de trabalho resultando num desempenho mais reduzido. Na abordagem teórica de Hasher, Zacks e May (1999), é discutida de que forma a inibição pode afectar os défices de funcionamento cognitivo relacionados com a idade

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avançada. Os autores sugerem que as dificuldades a nível da inibição associadas à idade avançada, resultam num acesso exacerbado à informação irrelevante, que em tarefas conceptuais implícitas resulta num menor desempenho cognitivo por parte dos idosos. Zacks e Hasher (1988), observaram também que, os idosos apresentam problemas na inibição, quando para determinada tarefa, têm dificuldade em deixar de pensar em respostas fortes para parar acções que são altamente esperadas, face ao pensamento de respostas alternativas menos esperadas. Nesta perspectiva, os autores defendem que, os idosos apresentam maiores dificuldades em procurar novas respostas face a estímulos antigos, uma vez que têm maior dificuldade em inibir as respostas altamente esperadas. Numa abordagem mais recente, mais direccionada para a psicologia comportamental, Anderson (in press), sublinha duas funções fundamentais no processo de inibição. O autor defende que a inibição: (a) resolve a competição entre estruturas de processamento representativas do comportamento motor e; (b) é capaz de parar uma acção ou processo. Nesta abordagem, quando múltiplas respostas são activadas por uma pista, um mecanismo precisa de ser recrutado para limitar a influência de acções não desejadas. Estas e outras teorias e hipóteses explicativas relevantes têm vindo a ser desenvolvidas no estudo da inibição, que ao longo das duas últimas décadas se tem definido como uma área de estudo plausível, com importância significativa no contexto do estudo do processamento e respectivo envelhecimento. É actualmente aceite então, que existem inúmeras circunstâncias em que o desempenho a nível do processamento e da memória é inferior em indivíduos com idade avançada, verificando-se em determinadas situações um comprometimento a nível da inibição (Hasher, Tonev, Lustig & Zacks, 2001). Definir de que forma a inibição de memórias pode ou não estar comprometida em idades avançadas é a área temática do

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presente estudo. Foi recentemente postulado que, os défices no funcionamento inibitório podem ser tidos em consideração, nos défices relacionados com a idade que ocorrem em diversas tarefas de carácter cognitivo (Hasher & Zacks, 1988; Hasher et al., 1999, Zacks & Hasher, 1994). Alguns estudos empíricos recentes sublinham que os mecanismos de inibição se tornam ineficientes com a idade causando disfunção da memória de trabalho. A noção de inibição tem recentemente vindo a explicar as dificuldades que os idosos apresentam nas tarefas de memória de trabalho sendo ainda um instrumento relevante no entendimento dos défices cognitivos relacionados com a idade. Quando afirmamos que os idosos apresentam capacidade reduzida no processamento de informação na memória de trabalho, a teoria da inibição de Anderson (in press), explica que, o acesso facilitado aos traços irrelevantes sobrecarrega a memória de trabalho, dificultando os idosos a focarem-se na informação relevante necessária para completarem determinada tarefa com sucesso. Em termos empíricos o estudo da inibição tem demonstrado que efectivamente os idosos apresentam dificuldades em algumas tarefas em que os processos inibitórios se revelam importantes, incluindo tarefas de compreensão de textos, aprendizagem de listas de palavras e memórias de acontecimentos importantes (Gerard, Zacks, Hasher & Radvansky, 1991; Hamm & Hasher, 1992; Hartman & Hasher, 1991; Zacks, Radvansky & Hasher, 1996). Está então actualmente bem definido que, em muitos casos onde se observam défices cognitivos em idosos, existe efectivamente uma redução a nível da inibição, existindo diferenças e dissociações em diferentes idades (Balota, Dolan & Duchek, 2000) e que nem todas as áreas da memória estão afectadas (Batola & Duchek, 1988; Burke & Light, 1981; Craik, 1983; Schacter, Kihlstrom, Kaszniak & Valdiserri, 1993; Shimamura, 1989). Estudar de que forma ocorre ou não uma redução na

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capacidade de inibição de memória em idosos, tendo em consideração o tipo de processamento intencional ou voluntário é o objectivo da actual investigação. O estudo teórico de Anderson e Craik (2000), é uma recente e relevante abordagem a considerar no estudo do processamento cognitivo e da inibição. A noção central desta teoria enfatiza que um declínio do controlo cognitivo voluntário provoca um declínio na memória prospectiva, na inibição e na recuperação consciente. O actual modelo de Anderson e Craik (2000), explica de que forma sucedem as alterações de estruturas psicológicas resultantes da idade avançada. Esta abordagem defende, mais uma vez, que o processamento de informação automático é menos vulnerável aos efeitos do envelhecimento enquanto o processamento intencional/controlado é mais vulnerável sendo mais deteriorável com o avançar da idade. Em termos teóricos Anderson e Craik (2000), descrevem o aumento da idade avançada com alterações no funcionamento do cérebro que incluem uma redução do volume cerebral, uma redução no funcionamento do metabolismo cerebral, uma redução da corrente sanguínea e consequente alteração dos sistemas neuro-químicos. Estas alterações do funcionamento do cérebro provocam: (a) uma redução nos recursos atencionais necessários para as tarefas cognitivas complexas e; (b) uma redução na rapidez de processamento dos processos cognitivos elementares. Para explicar este facto a investigação de Andreson, Craik e Naveh-Benjamin (1998), teoriza que a redução nos recursos atencionais pode ser um reflexo da diminuição da corrente sanguínea nas áreas cerebrais responsáveis pelo processamento. Esta hipótese já na década de 90 foi confirmada através de técnicas mais actuais de neuro-imagem (Berridge et al., 1991; Kawashima, O'Sullivan & Roland, 1995). Ainda para explicar a alínea (b) do modelo de Anderson e Craik (2000), foi teorizado nos estudos de Salthouse (1985,1988), que a redução de rapidez cognitiva nas redes

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neuronais é consequência de uma redução na activação simultânea entre neurónios, hipótese igualmente confirmada posteriormente em estudos de neuro-imagem (Backman et al., 2000; Rinne et al., 1993). Baseado nas teorias da redução dos recursos atencionais e da redução da rapidez cognitiva que explicam em termos cognitivos o envelhecimento neurológico, Anderson e Craik (2000), afirmam então que existe uma consequente redução no controle cognitivo voluntário. O estudo de Salthouse (1996), confirma este facto explicando que uma redução da rapidez cognitiva provoca necessariamente uma redução na quantidade de informação simultaneamente disponível na memória de trabalho. O estudo de Schneider e Shiffrin (1977), suporta também esta abordagem de Anderson e Craik (2000), afirmando que os processos controlados são fortemente dependentes de exigências atencionais. Assim sendo, este modelo sugere que existe um comprometimento a nível do processamento controlado (voluntário) em idades avançadas, existindo repercussões a nível do desempenho da memória, nomeadamente nas memórias prospectivas, na inibição de memórias e na recuperação consciente das memórias (Anderson & Craik, 2000). A presente investigação tem como objectivo examinar o envolvimento eficiente ou não do mecanismo de inibição de memória, em tarefas cognitivas com diferentes níveis de processamento (automático e intencional) em adultos jovens e idosos. De acordo com a anterior revisão literária, prevê-se uma inibição intencional de memórias reduzida em idades avançadas, não se prevendo défices tão significativos na inibição automática. Para estudar de que forma a inibição da memória está comprometida ou não nos idosos em termos de processamento intencional, consciente e voluntário, o presente estudo baseou-se no Paradigma do Esquecimento Dirigido (direct forgetting paradigm). Embora este termo tenha sido citado, já há cerca de 50 anos (Brown, 1954; cit in

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MacLeod, 2003) o paradigma do esquecimento dirigido apenas começou a ser utilizado a partir dos anos sessenta com Muther (1965) tendo sido cientificamente formalizado em termos de procedimentos apenas em 1970, com Bjork. Desde então o Método de Listagem (list method) e o Método de Itens (item method) utilizados neste paradigma, têm sido amplamente estudados para examinar a inibição de memórias em participantes a quem foi dada uma instrução, para esquecer informações aprendidas previamente (Cokely, 2003). No método de itens é apresentado ao participante uma série de palavras, sendo cada uma seguida de uma instrução para esquecer ou lembrar a respectiva palavra, para posterior avaliação. Depois de todas as palavras apresentadas, a memória é testada por reconhecimento das palavras apresentadas numa lista. Neste teste é dada uma instrução verbal após a apresentação de cada palavra, para que ocorra efectivamente uma inibição dos traços de memória que se pretendem esquecer. No caso do método de listagem é apresentado ao participante um conjunto de palavras em lista. São apresentadas listas de palavras, sendo apresentada uma instrução para esquecer ou lembrar as respectivas palavras da lista. È inicialmente instruído ao participante para se concentrar e memorizar as palavras apresentadas, sendo dito que a seguir à apresentação de cada lista receberá uma instrução para lembrar ou esquecer as palavras dessa lista. O termo esquecimento dirigido refere-se assim à incapacidade de lembrar memórias inibidas, pela instrução de esquecer o material que não se quer lembrar. Este procedimento tem sido utilizado para argumentar que a memória humana é um sistema que possui um mecanismo de esquecimento intencional. O método de listagem tem sido o mais amplamente estudado ao longo das últimas décadas uma vez que alguns autores o evidenciaram como mais adequado e fiável no estudo da inibição intencional de memórias (Persad, Abeles, Zacks & Denburg, 2002). Para Basden e

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Basden (1998), e ainda Lehman, Mckinley-Pace, Leonard, Thompson e Johns (2001), no método de itens existem menos evidências no sentido de existir efectivamente um esquecimento resultante de mecanismos de inibição, sendo discutidas abordagens referentes à interferência e inibição atencional. O paradigma do esquecimento dirigido tem sido também utilizado para demonstrar comprometimento no funcionamento inibitório em idosos (Persad et al., 2002; Zacks et al., 1996). Em termos de investigação empírica tem-se verificado que os adultos jovens conseguem esquecer mais as palavras com instrução para esquecer (Bjork, 1989; MacLeod, 1989). Os adultos jovens são capazes de inibir as palavras com instrução para esquecer sendo que, esta inibição não interfere na capacidade de lembrar palavras com instrução para lembrar. Dada esta linha de pensamento, se os idosos apresentam mecanismos de inibição menos eficientes, terão maior dificuldade em ignorar as palavras instruídas para esquecer. No estudo de Zacks e colaboradores (1996), foi confirmada esta perspectiva verificando-se que, os idosos lembravam menos palavras da lista para lembrar, e lembravam mais palavras da lista para esquecer. Estes resultados foram consistentes em diferentes tipos de listas de palavras (categorizadas e não categorizadas), com diferentes tempos de apresentação das palavras, e em diferentes métodos de recuperação de memória (relembrar livremente, reconhecimento e resposta rápida) (Zacks et al., 1996). Ainda neste estudo foi igualmente evidenciado que os idosos apresentam maior dificuldade em ignorar as palavras para as quais foram instruídos para esquecer, havendo interferência destas palavras sobre a recuperação das memórias das palavras instruídas para lembrar. Prevê-se então no presente estudo, a nível do processamento intencional um défice na inibição de memórias em idosos, em conformidade com a teoria de Anderson e Craik (2000). Baseando-se nas teorias da redução dos recursos atencionais e da

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redução da rapidez cognitiva que explicam o envelhecimento neurológico, Anderson e Craik (2000), afirmam então que existe nos idosos, um declínio no processamento voluntário e consciente da inibição das memórias. Para estudar de que forma a inibição da memória está comprometida ou não nos idosos em termos de processamento automático inconsciente, involuntário, o presente estudo baseou-se no Paradigma do Esquecimento Induzido (retrievel induced forggeting) de Anderson, Bjork e Bjork (1994). Este paradigma suporta-se na ideia de que o acto de recuperar determinada memória causa o esquecimento de outras memórias relacionadas. A investigação empírica de Anderson e colaboradores (1994), foi pioneira neste âmbito, sendo que, os resultados do estudo evidenciaram que um indivíduo ao recuperar memórias de determinada categoria, inibe a recuperação de outras memórias da mesma categoria. Neste paradigma são apresentadas inicialmente oito categorias contendo seis palavras cada, sendo o participante instruído, para se concentrar e memorizar todas as palavras apresentadas. Numa segunda fase, o participante treina e aprende apenas metade das categorias com metade das palavras. Este paradigma centrase numa implicação muito simples do foco atencional que implica que, a recuperação de determinada memória, promove a inibição de memórias que competem com a mesma. Na última década o paradigma do esquecimento induzido tem sido demonstrado com uma grande variedade de materiais e em diferentes contextos experimentais, por exemplo visuo-espacial (Ciranni & Shimamura,1999), testemunhas visuais (Shaw, Bjork & Handal, 1995) e social (Dunn & Spellman, 2003). Parece então actualmente bem estabelecido pela literatura que itens que competem numa mesma categoria são mais difíceis de lembrar que itens de categorias diferentes. Na presente investigação foram utilizados pares de palavras, sendo que, por exemplo, dentro da categoria “Frutos”, o treino do exemplar “Laranja” inibe a recuperação de um exemplar não

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treinado por exemplo “Banana”. O exemplar “Banana” e outros exemplares de frutos não treinados, são mais difíceis de recuperar que os exemplares não treinados de outras categorias como por exemplo “Prata”. No presente teste pretende-se investigar se a inibição automática de memórias em idosos está alterada relativamente à capacidade de inibição de adultos jovens através do paradigma do esquecimento induzido. Pretende-se analisar se no envelhecimento existe um declínio na capacidade de inibição de memórias em termos de processamento automático. Em termos teóricos, Storm, Bjork, Bjork, e Nestojko (2006), salientam que este paradigma, assume que as palavras aprendidas sem treino posterior, são efectivamente inibidas durante a recuperação das palavras aprendidas com treino posterior. De acordo com esta perspectiva a tentativa de recuperar uma palavra alvo, activa também as outras palavras associadas da mesma categoria, criando competição e activando mecanismos de selecção. Estes mecanismos de selecção inibem então as palavras associadas e incapacitam a sua recuperação. O esquecimento induzido pode assim ser considerado um processo adaptativo, que funciona com o fim de facilitar a recuperação de determinada informação alvo e, reduzir simultaneamente o acesso à informação associada que é activada contra a informação alvo. O paradigma do esquecimento induzido tem sido também utilizado para demonstrar comprometimento no funcionamento inibitório em idosos (Aslan, Bäuml & Pastötter, 2007; Perfect, Moulin & Conway, 2000). Em termos de investigação empírica tem-se verificado que nos adultos jovens existe um mecanismo de inibição automático que actua em memórias de palavras que competem entre si em termos de categoria (Anderson et al., 1994; Storm et al., 2006.) No paradigma do esquecimento induzido os jovens esquecem mais palavras que foram efectivamente inibidas, por competirem com outras palavras da mesma categoria. No processamento involuntário, não ocorre um

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declínio de capacidade de memória associado ao envelhecimento (Hasher & Zacks, 1979; Posner & Snyder, 1975 e; Shiffrin & Schneider, 1975). No estudo de Aslan e colaboradores (2007), foi confirmada esta perspectiva verificando-se que, adultos jovens e idosos apresentaram uma capacidade de inibição de memórias semelhante quando aplicado o paradigma do esquecimento induzido. Os autores realizaram duas experiências com pares de palavras sendo que, os resultados revelaram que tanto adultos jovens como idosos inibiam as palavras não treinadas que competiam com palavras treinadas de categoria igual. Para Aslan e colaboradores (2007), no paradigma do esquecimento induzido não se tem observado declínios associados à idade. Prevê-se a então no presente estudo, que a nível do processamento automático estudado através do paradigma do esquecimento induzido, ocorra inibição de memórias em adultos jovens e em idosos, em conformidade com a teoria de Anderson e Craik (2000), que afirma que existe nos idosos, um declínio apenas no processamento voluntário da inibição das memórias. É actualmente aceite que existem inúmeras circunstâncias em que o desempenho a nível da inibição memória é inferior em indivíduos mais velhos que nos indivíduos jovens. A presente abordagem, insurge como resultado dos recentes estudos empíricos que se têm centrado no envelhecimento, com a utilização de paradigmas como o esquecimento dirigido e o esquecimento induzido. A presente investigação evidencia a pertinência de serem aplicados dois paradigmas que remetem para processamentos diferentes (intencional e automático) à mesma população de idosos e jovens adultos, permitindo analisar as diferenças que ocorrem com a idade na recuperação de memórias inibidas. Em termos gerais os adultos jovens parecem apresentar uma melhor capacidade de inibição que os idosos. O presente estudo testa a hipótese de que os idosos

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apresentam défices significativos, na inibição intencional de memórias (paradigma do esquecimento dirigido) e, testa também a hipótese de que os idosos não apresentam défices significativos na inibição automática de memórias (paradigma do esquecimento induzido), quando comparados com adultos jovens. Método Participantes A amostra foi recolhida na zona distrital de Lisboa sendo todos os indivíduos residentes na mesma. Esta amostra foi recolhida em diferentes contextos dentro da Freguesia do Lumiar, nomeadamente, universidades, locais de trabalho e de lazer. Foram testados 66 indivíduos sub-divididos em dois grupos. O grupo dos adultos jovens (n = 32) tinha idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos (M= 20.94, DP= 1.83) sendo que, o grupo dos idosos (n = 34) tinha idades compreendidas entre os 55 e os 79 anos (M= 64.44, DP= 6.81). A Tabela 1 apresenta as características demográficas da amostra. Verificou-se que a maioria dos participantes era do sexo feminino tanto no grupo de adultos jovens como no grupo de idosos. Em termos de estado civil, observouse que quase todos os adultos jovens eram solteiros, enquanto no caso dos idosos a maioria eram casados. O nível de escolaridade mais predominante no grupo dos adultos jovens foi o ensino superior enquanto nos idosos foi o ensino básico. A maioria dos adultos jovens era estudante e a maioria dos idosos era reformado. Nos dois grupos observou-se que a grande parte dos indivíduos vivia com a família ou amigos e que, a maioria dos indivíduos praticavam actividade física. Foram factores de exclusão da amostra a ocorrência de patologias físicas ou psicológicas cujo diagnóstico pudessem comprometer o funcionamento cognitivo e/ou emocional do indivíduo. Todos os participantes foram submetidos à aplicação uma escala de avaliação do funcionamento cognitivo, a “Mini-Mental State” (Guerreiro,

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Botelho, Leitão, Castro-Caldas & Garcia, 1994) tendo todos os indivíduos contemplado as condições necessárias para a inclusão no presente estudo. Material Cada participante preencheu um formulário onde foram recolhidos os dados demográficos da amostra, nomeadamente, a faixa etária, o género, estado civil, dados referentes à condição física, ocorrência de outras patologias físicas e/ou psicológicas. Foi aplicada uma escala de avaliação do funcionamento cognitivo, a “Mini-Mental State” (Guerreiro et al., 1994), para despistagem das competências cognitivas dos indivíduos e excluir possíveis caso não elegíveis para a realização do teste. Para determinar de que forma ocorre a inibição automática e intencional de memórias, em idades avançadas, foi realizada uma experiência com duas tarefas. O primeiro teste pretendeu medir a inibição voluntária de traços de memórias através do paradigma esquecimento dirigido tendo sido o protocolo adaptado de Bjork (1973), no que se refere à metodologia de apresentação individual de palavras, e adaptado de Macleod (1999), e de Alonso e Díez (2000), no que se refere à apresentação das listas de palavras e respectivo teste para recuperação de memórias. Foram utilizadas quatro listas de dez palavras não existindo qualquer relação entre as palavras. Uma vez que os presentes estudos realizados neste âmbito utilizaram exclusivamente a língua inglesa, considerou-se relevante criar uma lista de palavras portuguesas a partir de um estudo de normas de associação de palavras referente à língua portuguesa. As listas de palavras, apresentadas no Anexo A, foram criadas a partir do estudo de Marques (2002), de acordo com as seguintes normas: (a) inexistência de relação entre palavra de uma mesma lista; (b) as palavras foram compostas por duas, três ou quatro sílabas; (c) as palavras foram substantivos primitivos, simples, singulares ou colectivos e concretos.

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A fim de contrabalançar o material foram criados quatro testes (A1, A2, B1 e B2). Em cada teste, foram apresentadas quatro listas de palavras ordenadas de forma aleatória, sendo duas das listas seguidas de uma instrução para lembrar, e duas das listas seguidas de uma instrução para esquecer. Nas quatro listas apresentadas foi alternada a instrução de lembrar e esquecer. No teste A1 e A2, as listas de palavras para esquecer (PE) corresponderam às listas de palavras para lembrar (PL) dos testes B1 e B2. Entre os testes A1 e A2 a ordenação aleatória das palavras foi diferente, sendo a ordenação da apresentação das listas oposta, para que as palavras apresentadas primeiro no teste A1, fossem apresentadas em último no teste A2. O mesmo aconteceu entre os testes B1 e B2. As diferentes ordenações de palavras nos diferentes testes permitem contra balancear o material e aumentar a fidelidade dos resultados obtidos. Cada quarto dos participantes recebeu aleatoriamente o teste A1, A2, B1 ou B2. O teste consistiu na apresentação de quatro listas de palavras, com a realização posterior de uma tarefa de reconhecimento. Foram apresentadas dez palavras em cada lista, sendo os participantes instruídos antes da apresentação, para se concentrarem e memorizarem as palavras. Foi dito aos participantes que após a apresentação de cada lista, seria apresentado um slide com a instrução “Lembrar” ou “Esquecer” as palavras previamente apresentadas nessa lista. Após a apresentação de cada lista seguida da respectiva instrução, foi pedido aos participantes numa segunda fase, para relembrarem todas as palavras anteriormente apresentadas. Foi apresentada então uma lista final de palavras, apresentada no Anexo B que continha as 40 palavras apresentadas previamente nos slides, mais 40 outras palavras seleccionadas do estudo de Marques (2002). As palavras novas seleccionadas para esta lista final, não tinham qualquer relação entre elas nem com as palavras anteriores. Das 80 palavras apresentadas, vinte palavras eram palavras aprendidas com instrução para

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esquecer, vinte palavras eram palavras aprendidas com instrução para lembrar, sendo as restantes quarenta, palavras não apresentadas em nenhuma das listas anteriores, ou seja palavras distractoras. Ao apresentar a lista final de 80 palavras numa folha A4, foi pedido aos participantes para identificarem todas as palavras que lembravam e reconheciam das listas anteriores. Este teste permitiu avaliar se as memórias das palavras apresentadas nas duas listas de PE foram efectivamente inibidas relativamente às memórias das palavras apresentadas nas duas listas de PL. O segundo teste pretendeu medir a inibição involuntária da memória através do paradigma do esquecimento induzido de Anderson e colaboradores (1994), que refere que o indivíduo ao recuperar memórias de determinada categoria, inibe outras memórias da mesma categoria. Uma vez mais, os estudos empíricos realizados com este paradigma utilizaram exclusivamente a língua inglesa, sendo que, tal como no teste anterior, foi criada uma lista de palavras portuguesas a partir de um estudo de medidas de categorização de palavras referente à língua portuguesa. A lista de pares de palavras foi criada a partir do estudo de Pinto (1992), de onde se seleccionaram oito categorias (profissões, metais, cores, corpo, mamíferos, instrumentos, doenças, frutos) sem associação entre elas. Esta lista é apresentada no Anexo C, sendo que, para metade das categorias foram seleccionadas 6 palavrasexemplar com elevada frequência de produção na categoria e, para a outra metade foram seleccionadas 6 palavras-exemplar com pouca frequência de produção na categoria. A selecção das palavras-exemplar de cada categoria, foi realizada de acordo com as seguintes regras: a) cada palavra era composta por mais de uma sílaba b) as palavras foram substantivos e adjectivos singulares e concretos. c) a primeira letra de cada palavra era diferente, para que no teste final de recuperação guiada, não existissem pistas semelhantes para palavras diferentes.

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Relativamente a este segundo teste evidencia-se que todas as palavras seleccionadas foram diferentes das palavras seleccionadas para o anterior teste. A fim de contrabalançar o material foram criados três testes (2A, 2B e 2C). Em cada teste, os 48 pares de palavras, foram ordenados aleatoriamente e foram distribuídos em 3 grupos diferente: (a) palavras treinadas; (b) palavras não-treinadas de categoria igual e; (c) palavras não-treinadas de categoria diferente. Cada terço dos participantes recebeu aleatoriamente o teste 2A, 2 B ou 2C. O design do teste foi adaptado de Anderson e colaboradores (1994), sendo que, numa primeira fase foi realizada uma apresentação aleatória das 8 categorias de palavras, contendo cada categoria 6 exemplares de palavras (por exemplo, Metal–Prata). Nesta primeira fase de aprendizagem foi pedido aos participantes para se concentrarem nas duas palavras relacionadas que eram apresentadas. Na segunda fase foram apresentados aos participantes, metade dos exemplares de metade das categorias de forma aleatória. Nesta segunda fase foi utilizado o método de prática guiada em que para cada categoria, foi apresentada a palavra-categoria mais as duas primeiras letras iniciais da palavra-exemplar, como se pode consultar no Anexo D. Por exemplo, para a o par ‘Metal–Pr____’ foi pedido aos participantes para lembrarem e dizerem verbalmente a palavra-exemplar, neste caso, ‘Prata’. O objectivo desta segunda fase de esquecimento induzido por recuperação, foi examinar se a aprendizagem e treino de exemplares de determinada categoria, inibem a memória de exemplares da mesma categoria. Numa terceira fase todas as 8 categorias de palavras foram apresentadas novamente de forma aleatória, seguidas da letra inicial da palavra-exemplar (por exemplo, Metal-P____), como se pode consultar no Anexo E. Foram dadas instruções ao participante no sentido de tentar lembrar e dizer todas as palavras-exemplar.

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Procedimentos Os dois testes foram aplicados a cada um dos participantes em dias diferentes, sendo realizados com um intervalo de duas semanas entre cada aplicação, para não haver interferência das palavras memorizadas no primeiro teste para o segundo teste. Cada teste foi aplicado a cada participante individualmente numa sala ampla, clara, sem ruídos e com poucos estímulos visuais a fim de reduzir ao máximo uma possível interferência de estímulos externos. Foi inicialmente pedido ao participante para preencher um breve formulário com os seus dados demográficos e foi realizada a escala “Mini-Mental State”. Após preenchidos os dados do participante foi verificada a conformidade das características elegíveis para a participação na experiência. O participante foi seguidamente convidado a sentar-se em frente a um ecrã de computador para realizar então o primeiro teste experimental. Os dois testes foram administrados em computador através do programa Microsoft Office PowerPoint 2003. Em metade dos participantes de cada faixa etária, o primeiro teste aplicado foi o teste relativo ao paradigma do esquecimento dirigido, sendo realizado na segunda sessão o teste relativo ao paradigma do esquecimento induzido. Na outra metade dos participantes, os testes foram aplicados por ordem contrária. A aplicação do teste referente ao paradigma do esquecimento dirigido foi dividida em duas fases, aprendizagem das listas de palavras e testagem. Na fase de aprendizagem foi instruído ao participante para se concentrar, uma vez que iriam ser apresentadas listas de palavras para memorizar. Foi ainda dito que após a apresentação de cada lista de palavras para memorizar, seria apresentado um slide com a instrução “Lembrar” ou “Esquecer”, para lembrarem ou esquecerem as palavras previamente apresentadas nessa lista. Na fase de testagem, uma lista final foi apresentada em papel,

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tendo sido pedido aos participantes para identificarem nessa lista, todas as palavras que se lembravam e reconheciam das quatro listas anteriores. Foram apresentadas individualmente palavras em ecrã de computador em fundo branco e fonte “arial” em cor preta. Cada lista conteve dez palavras que foram apresentadas por 3 segundos cada palavra, sendo apresentada uma cruz encarnada no início da apresentação da lista. No final da apresentação de cada lista foi apresentado um slide com a Instrução “Esquecer” ou “Lembrar”, sendo que a palavra esquecer foi apresentada em fundo vermelho e fonte branca, e a palavra lembrar foi apresentada em fundo verde e fonte branca. Foi inicialmente ao dito ao participante para se concentrar e memorizar as palavras que seriam apresentadas no individualmente no ecrã. Após a apresentação das listas de palavras, intervaladas por breves pausas entre apresentações, foi realizada a fase de testagem através de uma tarefa de reconhecimento. Foi apresentado ao participante uma lista de 80 palavras, com 20 palavras PE, 20 palavras PL e 40 palavras distractoras, sendo que, este teve de assinalar com uma cruz em frente à palavra, se reconhecia (sim) ou não reconhecia (não) a palavra apresentada. Para avaliar a inibição automática de memórias, foi aplicado o teste correspondente ao paradigma do esquecimento induzido, onde existiram três fases. O local da aplicação foi o mesmo do primeiro teste, tendo as condições da aplicação deste segundo teste, sido em tudo semelhantes ao teste anterior. O dia e a hora da aplicação foram igualmente combinados previamente com o participante. Foi inicialmente instruído ao participante para se concentrar, pois iriam ser apresentados no ecrã de computador, pares de palavras que teria de memorizar. A primeira fase de memorização consistiu na apresentação de oito categorias de palavras contendo seis exemplares cada (pares, categoria-exemplar). Os pares de palavras foram apresentados individualmente em ecrã de computador, em fundo branco e fonte “arial”

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em cor preta. A apresentação de cada slide durou quatro segundos para cada par de palavras, sendo apresentada uma cruz encarnada no início e no final da apresentação das oito categorias. Os pares de palavras foram apresentados em 48 ensaios (8 categorias x 6 exemplares) tendo sido apresentados no centro do ecrã da seguinte forma, “Categoria– Exemplar”. Esta fase de memorização foi repetida até que o participante conseguisse memorizar metade das palavras exemplar, sendo permitido um máximo de três repetições. Nas fases de repetição a palavra exemplar foi apresentada apenas com as duas primeiras iniciais (Categoria – Ex_____), havendo feedback visual. Este feedback consistiu numa apresentação da palavra exemplar na sua totalidade, durante o terceiro segundo da apresentação de cada slide, podendo assim o participante confirmar se a palavra que tinha dito estava correcta ou não, ou relembrar a palavra. Na segunda fase foi instruído novamente ao participante, que teria de continuar concentrado para tentar memorizar todas as palavras novamente apresentadas no ecrã. Nesta fase foram apresentadas metade dos exemplares de metade das categorias em 12 ensaios, que se repetiram 6 vezes. Novamente e através de prática guiada, ou seja, a apresentação da palavra correspondente à categoria, mais a apresentação de duas letras da palavra correspondente ao exemplar, os participantes tiveram de lembrar verbalmente cada um dos exemplares. Após estas duas fases, o participante foi chamado a relembrar todos os exemplares de cada categoria, por prática guiada. Nesta terceira fase de testagem, a palavra exemplar era apresentada unicamente com a primeira inicial, não havendo neste caso feedback (Categoria – E______). O participante teve de dizer verbalmente as palavras exemplares de que se lembrava, sendo que, o experimentador anotou por escrito as respostas.

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Resultados Os dados foram analisados através do software SPSS versão 15 para Windows. Foi realizada separadamente uma análise estatística para cada um dos paradigmas. Relativamente ao paradigma do esquecimento dirigido, a recuperação da memória testada, foi dividida em palavras apresentadas seguidas da instrução para esquecer, palavras apresentadas seguidas da instrução para lembrar e palavras distractoras (palavras não apresentadas nas fases de aprendizagem e treino). Realizou-se uma análise de variância (ANOVA) 3 (Tipo de recuperação: palavras para esquecer vs. palavras para lembrar vs. palavras distractoras) x 2 (Grupo de idades: adultos vs. idosos) com medidas repetidas sobre o tipo de recuperação. A análise revelou dois efeitos principais, um do tipo de recuperação F(2,128) = 693.87, p
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