Envelhecimento significa Declínio da Memória? Aspectos Positivos e Negativos da Idade Avançada

September 13, 2017 | Autor: Mariana Loureiro | Categoria: Memoria, Envelhecimento
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Memória e Declínio na Idade Avançada

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Título em cabeçalho: ENVELHECIMENTO SIGNIFICA DECLÍNIO DA MEMÓRIA?

Envelhecimento significa Declínio da Memória? Aspectos Positivos e Negativos da Idade Avançada

Mariana Loureiro Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Tese de Mestrado em Terapias Comportamentais e Cognitivas Orientadora: Professora Doutora Paula Carneiro Coordenador: Professor Doutor Américo Batista Faculdade de Psicologia Janeiro, 2008

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Resumo O envelhecimento tal como tem sido descrito na literatura, foi a base do presente estudo, para definir que padrões, mecanismos e estruturas da memória, entram em declínio em idades avançadas. Variáveis como a atenção, a motivação, a complexidade da tarefa, o contexto e o tipo de processamento foram analisadas e comparadas no estudo de memórias neutras e de memórias emocionais. Foram descritas diferenças e mecanismos comuns envolvidos na memória de idosos e adultos jovens. Foi observado que, em geral um indivíduo recupera mais facilmente memórias emocionais que neutras (efeito do realce emocional). Nos idosos as memórias emocionais são processadas de forma involuntária e nos adultos jovens de forma voluntária. Os idosos recuperam ainda, mais memórias emocionais positivas que negativas (efeito positivo) que os adultos jovens.

Palavras-chave: envelhecimento; memória, memória emocional, declínio.

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Envelhecimento significa Declínio da Memória? Aspectos Positivos e Negativos da Idade Avançada Introdução O envelhecimento é um processo complexo e inevitável, resultante da passagem do tempo que no homem se relaciona com a deterioração de sistemas. Nos últimos anos, o estudo do envelhecimento humano evidenciou uma grande complexidade de mecanismos multifactoriais, que operam e interagem simultaneamente de forma maleável no declínio de capacidades e funções (Franceschi et al., 2000). Em termos biológicos, o envelhecimento foi durante muitas décadas aclamado como um sistema deteriorador, contudo, o processo de envelhecimento congrega actualmente muitos outros aspectos e significados que contestam estas abordagens iniciais. Por um lado, envelhecer é uma transformação que implica degradação, decadência, incapacidade e perda de qualidades primitivas e que, ocorre desde o início da vida (Harman, 2001). Por outro lado, o desenvolvimento seja em que idade for, é constituído pelo conjunto das mudanças que operam nas capacidades adaptativas do organismo, havendo crescimento e declínio, o que implica tanto perdas como ganhos de competências (Havighurst, 1968). Esta última perspectiva de Havighurst (1968), introduzida nos anos sessenta, teve implicações relevantes no estudo do envelhecimento, uma vez que assumiu que a plasticidade do desenvolvimento, permite a vivência do indivíduo em harmonia com o meio mesmo em idades avançadas. Autores recentes como Charles e Carstensens (2004), têm vindo a defender que, em idades avançadas existe efectivamente um aumento de capacidades e funções em certas áreas do funcionamento cognitivo e emocional. À luz destas visões recentes das ciências sociais, o presente ensaio centrar-se-á então seguidamente, em abordagens da

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psicologia, que têm questionado o declínio no envelhecimento humano. Em termos de psicologia clínica, estudar o envelhecimento a nível cognitivo, significa hoje inevitavelmente estudar a memória. A memória é uma das faculdades mentais de que as pessoas com idade avançada mais frequentemente se queixam (Pinto, 1999). A realidade do dia-a-dia de muitos idosos, inclui dificuldades em lembrar tarefas simples, datas, acontecimentos e uma série de outras informações, que o idoso considera relevantes e que, quando era mais novo não esquecia tão facilmente (Hasher, Tonev, Lustig, & Zacks, 2001). Os idosos são mais lentos e têm um desempenho a nível da memória em geral significativamente pior, mas em matéria de sabedoria, experiência de vida, e emocionalidade são inesgotavelmente mais competentes (Charles & Carstensens, 2004). Estudar a memória em termos emocionais salienta-se relevante, uma vez que os idosos apresentam declínios em diversas áreas do funcionamento cognitivo, mas a nível da emocionalidade parecem mais funcionais que os jovens. O presente artigo tem por objectivo descrever o declínio em diferentes tipos de memória, tal como têm sido investigados, tendo em consideração aspectos positivos e negativos do envelhecimento. Este estudo pretende clarificar que a memória nos idosos não apresenta apenas declínios mas também ganhos de competências. Envelhecimento Não é Sinónimo de Declínio À medida que envelhecemos, diferentes aspectos do cérebro entram em deterioração uma vez que os nossos recursos biológicos se degradam (Briggs, Raz, & Marks, 1999; Dror & Kosslyn, 1994). No âmbito da psicologia é vasta a literatura que reporta défices em diversas capacidades cognitivas, como a diminuição da rapidez do processamento, da capacidade de armazenamento e de recuperação de informação (Anderson & Craik, 2000). A redução dos recursos cognitivos não implica contudo,

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necessariamente uma degradação a nível do desempenho da memória. Por exemplo, Dror e Morgret (1996), explicaram este facto através de modelos computacionais da rede neurológica, em que o declínio funcional de determinados neurónios, induzia outros neurónios a tomar o seu lugar com função de suporte, evitando a degradação na capacidade de processamento. Os sistemas biológicos e cognitivos compensam-se e adaptam-se de forma dinâmica, às alterações que ocorrem na idade avançada. A maleabilidade da rede neurológica cerebral evidenciada em Dror e Morgret (1996), é sem dúvida uma característica que permite ao indivíduo idoso, manter e até melhorar capacidades e funções psicológicas. Uma das preocupações que insurge actualmente a nível científico, é perceber que alterações neurológicas ocorrem em idades avançadas, para determinar em termos psicológicos, padrões normais e patológicos de funcionamento (Burke, & MacKay, 1997). Teorias mais antigas defendiam que o aumento de idade implicava uma desregulação e desadequação dos processos psicológicos, pois eram conceptualizadas primariamente como processos fisiológicos (Banham, 1951; Frenkel-Brunswik, 1968). Embora relevantes, estas teorias eram mais conjecturais que baseadas em evidências cientificas (Charles, Mather, & Carstensen, 2003). Interessa então perceber hoje o envelhecimento, não como um estado exclusivamente fisiológico, como defenderam Banham (1951) e Frenkel-Brunswik (1968), mas sim como um conjunto de estados que se compensam de forma adaptativa às alterações resultantes da idade avançada. Conhecer as alterações neurofisiológicas que ocorrem no cérebro envelhecido, é o primeiro passo para compreender funções psicológicas cognitivas e emocionais, fundamentais no estudo da memória. Considerar a plasticidade e maleabilidade do funcionamento cerebral é essencial, para definir de que forma podem ocorrer as

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transformações psicológicas a nível da memória, quer em termos de ganhos quer em termos de declínio. Envelhecimento Neurológico e Memória Nas duas últimas décadas, o estudo da memória tem sido especialmente frutífero na área da psicologia, graças ao acesso a novas tecnologias e equipamentos. Aparelhos de neuro-imagem têm permitido recentemente ilustrar e “comprovar” em termos científicos um sem número de teorias e modelos, que até então explicavam o envelhecimento apenas a partir de estudos experimentais. Hoje através da investigação neurofisiológica, é possível identificar alterações de circuitos e redes neuronais relacionadas com o envelhecimento (Charles, Mather & Carstensen, 2003). Em termos teóricos, interessa conhecer neste âmbito a abordagem de Anderson e Craik (2000), que indica um actual modelo explicativo das alterações das estruturas psicológicas que resultam da idade avançada. Primeiramente consideramos que a idade avançada provoca no funcionamento do cérebro, alterações fisiológicas que incluem uma redução do volume cerebral, uma redução no funcionamento do metabolismo cerebral e uma redução da corrente sanguínea cerebral. Estas variáveis que são actualmente facilmente mensuráveis por ressonância magnética, permitiram explicar alguns mecanismos essenciais da memória em idades avançadas. A teoria de Anderson e Craik (2000), sugere que as alterações fisiológicas do cérebro provocam: (a) uma redução nos recursos atencionais e; (b) uma redução na rapidez de processamento. Esta teoria suporta-se em outras investigações anteriores salientando-se a de Andreson, Craik e Naveh-Benjamin (1998) que sugeriu que a redução da atenção pode ser um reflexo da diminuição da corrente sanguínea nas áreas cerebrais responsáveis pelo processamento. Na década de 90 a redução dos recursos

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atencionais característica da idade avançada, foi empiricamente associada à redução da rede sanguínea do cérebro por técnicas de neuro-imagem (ver, Berridge et al., 1991; Haxby e tal., 1994; Kawashima, O'Sullivan, & Roland, 1995). Também a suportar a teoria de Anderson e Craik (2000), as anteriores investigações de Salthouse (1985,1988) sugeriram que a redução de rapidez cognitiva era consequência de uma redução na activação simultânea entre neurónios. Esta hipótese foi também igualmente confirmada em estudos de neuro-imagem (ver, Backman et al., 2000; Rinne et al., 1993). Para Anderson e Craik (2000), para Salthouse (1996), e ainda para Schneider e Shiffrin (1977), a redução da atenção e da rapidez cognitiva provocam ainda uma redução no controle cognitivo. Existe assim uma redução na quantidade e qualidade de informação disponível simultaneamente na memória de trabalho. Assim sendo, verifica-se então que em diversas componentes cognitivas da memória humana ocorrem alterações resultantes da idade avançada com repercussões a nível de declínio de capacidades (Anderson & Craik, 2000). Contudo a memória está inevitavelmente dependente de outras variáveis como a atenção, a motivação, o contexto externo ou a emocionalidade, que podem influenciar o nível de desempenho dos idosos e mesmo melhorá-lo. Um relevante contraste levanta-se quando nos referimos ao estudo da psicologia no campo do funcionamento emocional, uma vez que não se tem evidenciado deterioração de faculdades face ao envelhecimento fisiológico que ocorre com a idade avançada (Charles e Carstensens, 2004). Algumas investigações têm revelado uma memória emocional intacta em indivíduos idosos, sendo que, o envelhecimento biológico parece não ter repercussões em termos de declínio nesta capacidade cognitiva (Denburg, Buchanan, Tranel, & Adolphs, 2003; Kensinger, Brierley, Medford, Growdon & Corkin, 2002; Krendl, Kensinger & Corkin, 2003). No estudo da memória,

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tem-se verificado assim, que a recuperação de informações de carácter emocional, é semelhante nos adultos jovens e nos idosos havendo até maior desempenho nalguns casos nos idosos. Diversos estudos actuais como o de Carstensen, Mikels e Mather (2006), rejeitam claramente a existência de um declínio de capacidades e funções, no funcionamento emocional, resultante da idade avançada. Charles e Carstensens (2004), afirmam que, em termos do funcionamento sócio-emocional, existe em certas áreas um aumento de competências com o aumento de idade. Se por um lado o estudo da memória em termos de variáveis cognitivas como a atenção, está muito associado ao declínio no envelhecimento, por outro lado, as memórias mais automáticas e as memórias emocionais parecem contradizer esse mesmo declínio. Descrever de que forma as investigações empíricas têm vindo a estudar a memória, em termos de capacidades cognitivas e emocionais, consiste no conteúdo seguidamente apresentado no presente ensaio. Pretende-se assim definir tipos de memória entram em declínio com o envelhecimento. Memória e Envelhecimento Cognitivo: Estado da Arte No início dos anos noventa, para autores como Kausler (1994), e Ryan (1992), estava claramente bem estabelecido que a memória entrava em declínio a partir de certa idade. Sabemos hoje então que esta afirmação é linear e simplista, uma vez que existem diferentes abordagens relativas ao estudo da memória, que envolvem diferentes capacidades cognitivas. Devemos considerar então prioritárias as abordagens que assumem a existência de diferenças e dissociações em diferentes idades que revelam défices em diferentes tipos de memória (Balota, Dolan & Duchek, 2000). Mais relevante ainda é considerar que, nem todas as áreas da memória estão necessariamente

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afectadas em idades avançadas (Batola & Duchek, 1988; Burke & Light 1981; Craik, 1983; Schacter, Kihlstrom, Kaszniak & Valdiserri, 1993; Shimamura, 1989). Interessa também salientar que a memória não existe por si só, independentemente de outras variáveis que a influenciam. Capacidades como a atenção, a complexidade da tarefa ou a conotação emocional da memória, são algumas variáveis que influenciam determinantemente a memória e o processamento cognitivo. O estudo do envelhecimento da memória conheceu ao longo dos anos diferentes perspectivas. Nos Anos 60 e 70 procurou-se essencialmente comparar o desempenho da memória dos idosos, nas tarefas de memória a curto prazo e a longo prazo, tendo-se verificado declínios mais acentuados na memória a longo prazo (Craik, 1968). Esta abordagem foi confirmada em algumas investigações posteriores como a de Craik e Jennings (1992), e a de Kausler (1991), que defenderam a existência de défices nas memórias a longo termo, que impediam os adultos mais velhos de construírem memórias mais elaboradas a este nível. Na recente revisão da literatura de Balota e colaboradores (2000), mantém-se esta perspectiva de que, no âmbito das memórias primárias (de curto prazo) e secundárias (de longo prazo), os idosos revelam maiores défices na recuperação de memórias secundárias. Sendo que a memória a longo prazo, entra em declínio em idades avançadas de forma mais acentuada que a memória a curto prazo, este desempenho pode contudo ser melhorado, quando a recuperação da memória é facilitada com pistas adicionais durante o teste. Nos idosos observa-se um maior declínio de capacidades em testes de recuperação livre, sendo menor este declínio em testes de recuperação guiada e menor ainda em testes de reconhecimento (Craik & McDowd, 1987; Rabinowitz, 1984). Nesta perspectiva, verifica-se então que em termos de desempenho de memória, não só os

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idosos esquecem mais as memórias mais antigas, mas também esquecem mais as memórias antigas mais complexas. Em termos de retenção a curto prazo, Giambra e Arenberg (1993), e ReuterLorenz e Sylvester (2005), confirmaram em parte a abordagem de Balota e colaboradores (2000), ao definirem as memórias de curto prazo como menos susceptíveis aos efeitos do envelhecimento. Da mesma forma que aconteceu no estudo da memória a longo prazo, verificou-se que na memória de curto prazo o nível de desempenho dos idosos pode igualmente ser influenciado por outras variáveis relevantes. Nos Anos 80 o trabalho inicial que referia que a diferença de idades não era muito relevante na memória a curto prazo, ganhou novos contornos passando a referirse ao estudo da memória de trabalho. A memória de trabalho é um sistema limitado de retenção e armazenamento de informação, com um limite temporal de apenas alguns segundos, que nos idosos pode ser mais susceptível a défices face a determinadas condições de desempenho. Para Baddeley (1986) e para Dobbs e Rule (1989) os idosos podem apresentar um desempenho semelhante aos adultos jovens em tarefas simples que impliquem apenas retenção a nível da memória de trabalho, contudo em tarefas complexas que necessitem de retenção e armazenamento na memória de trabalho, os idosos apresentam défices maiores relativamente aos adultos jovens. Outros autores salientaram ainda na memória de trabalho, défices associados à idade avançada, em tarefas com informação verbal (Myerson, Hale, Rhee, & Jenkins,1999; Park et al., 2002) e visual (Park et al., 2002), objectos (Hartley, Speer, Jonides, Reuter-Lorenz, & Smith, 2001), localizações espaciais (Hartley et al., 2001; Myerson et al.,1999) e faces (Grady et al., 1998). Não são apenas os componentes da memória de trabalho que parecem ser negativamente influenciados pelo envelhecimento, este declínio parece

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ocorrer para inúmeros tipos de estímulos com diferentes conteúdos. Interessa perceber que na memória a curto prazo ou a longo prazo, o desempenho dos idosos pode variar em função de outras variáveis. Não basta então afirmar que a nível da memória de curto prazo, não existe declínio associado à idade avançada, ou que a nível da memória de longo prazo existe declínio. Os mecanismos envolvidos na memória variam, e dentro de um mesmo tipo de memória, diferentes níveis de desempenho podem ser observados nos idosos. Como já foi acima referido, o tipo de conteúdo da informação a memorizar, a complexidade da tarefa, o espaço temporal de retenção da informação e as pistas de recuperação de memória são variáveis que influenciam os mecanismos envolvidos na recuperação da memória nos idosos. No seguimento dos estudos desenvolvidos no final dos Anos 70 no âmbito da memória, um novo enfoque foi dado ao estudo do envelhecimento referente às fases do processamento cognitivo nomeadamente a aquisição, a retenção e a recuperação. Nessa altura os resultados obtidos foram mistos, por ser difícil determinar se as diferenças de desempenho da memória se situavam mais na fase de aquisição ou mais na fase de recuperação (Craik, 1977). Estudos mais recentes com resultados mais concretos, centraram-se nas questões ligadas ao processamento, com especial ênfase no papel da atenção na memória dos idosos. Balota e colaboradores (2000), salientaram no seu estudo a influência que a atenção exerce sobre a recuperação de memórias, para explicar as memórias processuais, implícitas e semânticas nos idosos. Nesta abordagem, é definido que as memórias em que a capacidade de atenção não é significativamente relevante, como as memórias de tarefas sensoriais, as memórias de tarefas implícitas e ainda as memórias semânticas, são as que sofrem relativamente pouca alteração com a idade. Neste estudo verifica-se então que

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por exemplo em tarefas episódicas, mais associadas à atenção, os indivíduos mais velhos apresentaram significativamente maiores défices relativamente aos adultos jovens. Parece então que em termos de processamento, durante a aquisição da informação, a atenção é uma capacidade que nos idosos apresenta alterações, provocando défices no desempenho da memória. No seguimento do estudo da atenção na memória, um novo tema mais recentemente debatido a partir dos Anos 90 foi a inibição. A inibição é um mecanismo que tem vindo a explicar diversos fenómenos ligados à perda de capacidade de memória nos idosos. O estudo de Carlson, Hasher, Zacks e Connelly (1995), centrou-se na hipótese de que, os idosos têm maior dificuldade em inibir a entrada de informação não relevante, e que isso diminui o seu desempenho a nível da recuperação de memórias. Neste estudo foi pedido a dois grupos (adultos jovens e idosos) para lerem em voz alta passagens de textos normais e passagens de texto com algumas palavras em itálico que deveriam ignorar. Os autores verificaram que o grupo dos idosos demorava significativamente mais tempo a ler as passagens de texto onde existiam elementos de distracção, ou seja, as passagens de texto que continham palavras em itálico. Este estudo ilustra assim como o envelhecimento está associado a um défice na inibição de entrada de informação não relevante para a tarefa. Esta abordagem explica de certa forma, como ocorre o esquecimento nos idosos, quando muitas vezes não se lembram de situações ou acções relevantes, uma vez que, não retêm apenas a informação relativa à situação/acção, mas retêm também um conjunto de outras informações não importantes. Salientamos também o estudo de Hasher, Quig e May (1997), que consistiu na apresentação de frases a idosos e a adultos jovens. Nas frases apresentadas faltava sempre a última palavra, sendo esta palavra altamente previsível, por exemplo, “ela

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comeu a sopa com a ______”. A seguir à apresentação de cada frase era apresentada a palavra que confirmava a frase, neste caso “colher” ou então, era apresentada uma palavra diferente que não confirmava a frase. No final da experiência pediu-se aos participantes para lembrarem todas as palavras apresentadas, nomeadamente as palavras que confirmavam as frases e as palavras que não confirmavam as frases. Observou-se que os idosos recuperaram menos as palavras que confirmavam as frases. Relativamente às palavras que não confirmavam as frases os adultos jovens e idosos apresentaram desempenhos de recuperação de memória semelhantes. Esta investigação confirma a anterior investigação de Carlson e colaboradores (1995), afirmando que os idosos têm maior dificuldade em inibir a entrada de informação não relevante para a tarefa, não havendo deste modo, tanto controle na retenção de memórias. Nestes estudos relativos à inibição, interessa assim salientar que as fases de aquisição e de retenção do processamento cognitivo, estão efectivamente alteradas em idades avançadas, provocando um declínio na capacidade de memória. Outras abordagens cognitivas, mais centradas em variáveis extrínsecas ligadas ao contexto e à motivação são também de relevante importância, uma vez que estudam a memória considerando o idoso em interacção com o meio. O estudo de Rendell e Thomson (1999), evidenciou isso mesmo quando propôs a avaliação do desempenho da memória de idosos, em contexto de laboratório e em contexto real. Autores como Craik (1983, 1986), centraram-se já há muito na avaliação de memórias prospectivas, que dizem respeito a pequenas tarefas que temos de nos lembrar de executar num futuro próximo (por exemplo, tenho de telefonar a alguém hoje). Nesta investigação laboratorial, a memória prospectiva foi avaliada através de tarefas de recuperação livre que, por dependerem da influência de processamento controlado, confirmaram um

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declínio associado à idade. Rendell e Thomson (1999), foram mais longe ao verificarem que nas tarefas de laboratório, os idosos apresentavam efectivamente um declínio na memória prospectiva, mas nas tarefas de contexto real (por exemplo, pedir aos participantes para enviarem postais ou telefonarem a determinados dias para determinado local), os resultados foram opostos tendo os idosos tido melhor desempenho que os adultos jovens. Este tipo de memória está assim dependente de muitos outros factores como a motivação, o contexto ou a responsabilidade social que, permitem ao indivíduo desempenhar as tarefas na vida real, com igual ou melhor desempenho. O estudo do envelhecimento em termos cognitivos reflecte hoje diferentes correntes e abordagens centradas na memória. De acordo com diferentes contextos e variáveis, diferentes autores têm delineado padrões, para caracterizar de que forma o ser humano envelhece a nível psicológico. Importa considerar na presente revisão, que a memória pode e deve ser analisada em diferentes perspectivas, considerando todos os aspectos da qual está dependente e, de que forma essas mesmas variáveis actuam sobre a recuperação da memória. As alterações neurológicas observadas no cérebro envelhecido, definem sem dúvida algumas metas, relativamente aos processos responsáveis pela diminuição de capacidade de recuperação de memórias em idades avançadas. Contudo os défices definidos em Anderson e Craik (2000), na inibição, na memória prospectiva e no controlo cognitivo, para caracterizar o envelhecimento na memória, estão inevitavelmente associados a outras variáveis. É um facto que ao manipularmos o contexto aumentando o grau de motivação, podemos aumentar significativamente o desempenho da memória prospectiva dos idosos. Da mesma forma a complexidade da

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tarefa e a duração da retenção da memória, influenciam a capacidade de recuperação, interagindo com o tipo de memória em questão. O tipo de memória em estudo pode por sua vez estar dependente de variáveis como a atenção e o controlo cognitivo sendo que, estas actuam igualmente sobre a inibição e respectivo desempenho da memória. Verifica-se também que são ainda relativamente recentes as abordagens que descrevem tipos de memória que não entram em declínio com a idade avançada. Memória no Envelhecimento Emocional: Estado da Arte Comparada com a investigação de longa data que estudava a memória em termos de capacidades cognitivas para estímulos neutros, a investigação que estuda a memória de eventos emocionais está ainda a dar os primeiros passos (Kensinger, Piguet, Krendl, & Corkin, 2005). Diversos estudos referentes à experiência emocional sugerem, que uma maior harmonia e adequação emocional, está associada ao aumento de idade (ver, Carstensen, Pasupathi, Mayr, & Nesselroade, 2000; Labouvie-Vief & Medler, 2002; Mroczek & Kolarz, 1998; Charles, Reynolds & Gatz, 2001). A presente revisão irá seguidamente centrar-se no estudo da memória emocional nos idosos e, em que aspectos se observam declínios ou ganhos de competências. Ao longo das duas últimas décadas, estudos empíricos têm demonstrado que em muitas instâncias, as memórias com carácter emocional são mais facilmente recuperadas que as memórias de carácter neutro (Buchanan & Adolphs, 2002; Hamann, 2001). Esta abordagem apresentada pela primeira vez nos Anos 70, por Brown e Kulik (1977), foi pioneira ao sugerir que a informação com significado emocional era lembrada mais facilmente que a informação neutra, efeito esse que denominaram de efeito de realce emocional (emotional enhancement effect). Contudo, só mais recentemente a investigação se centrou, no estudo do efeito de realce emocional de memórias em

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termos de envelhecimento. Alguns autores recentes estudaram grupos de adultos jovens e idosos, para observar o efeito de realce emocional, tendo verificado que não existiam diferenças significativas no desempenho da memória entre os dois grupos (ver, Denburg et al., 2003; Kensinger et al., 2002; Kensinger et al., 2005). O estudo de Kensinger e colaboradores (2005), assumiu o pressuposto de que, um indivíduo quando confrontado com uma imagem complexa com elementos emocionais, a sua posterior memória dos elementos emocionais é realçada, enquanto que a posterior memória dos detalhes periféricos é reduzida. No primeiro teste da investigação foram apresentadas imagens complexas neutras, e imagens complexas com elementos emocionais em ensaios de ordem aleatória, tendo-se verificado que tanto os idosos como os adultos jovens conseguiram lembrar posteriormente menos detalhes periféricos nas imagens complexas de elementos emocionais. Num segundo teste os procedimentos foram semelhantes, contudo foi dada uma instrução adicional antes da apresentação das imagens. Foi dito a cada participante, para visualizar detalhadamente cada imagem. Foi ainda dito ao participante que a sua memória iria ser testada posteriormente para avaliar componentes de cada imagem, e que deveriam lembrar as imagens o melhor que conseguissem. Após esta manipulação verificou-se que os idosos lembravam posteriormente, tal como no primeiro teste, menos detalhes periféricos nas imagens complexas com elementos emocionais. Neste segundo teste os adultos jovens lembravam melhor, os detalhes periféricos de imagens complexas neutras e de imagens complexas emocionais. Este estudo sugere que, tanto idosos como jovens focam mais a atenção em elementos emocionais de imagens, contudo os idosos, têm maior dificuldade em focar

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essa atenção noutros elementos não emocionais intencionalmente. Neste estudo, o controlo cognitivo insurge como uma variável de extrema importância a considerar, no fenómeno do efeito de realce emocional. O efeito do realce emocional, nos idosos é assim um processo automático, imune ao controle consciente (Kensinger, Krendl, Krendl & Corkin 2006). Salientamos nesta abordagem ainda, o facto de que, o efeito de realce emocional ocorre não só em imagens simples, mas também no estudo e aprendizagem de imagens complexas. Neste seguimento sugere-se então que a complexidade da tarefa cognitiva, não influencia a recuperação de memórias emocionais. Relembramos que este facto não acontece relativamente à recuperação de memórias neutras, em que os idosos revelam maiores declínios relacionados com a idade, face a tarefas complexas. Para explicar em termos psicológicos, de que forma ocorre o efeito de realce emocional nos idosos, é inevitável referirmo-nos à Teoria Selectiva Sócio Emocional (socio emotional selectivity theory) de Carstensen, Isaacowitz e Charles (1999). De acordo com esta teoria o homem define sempre os seus objectivos em contextos temporais. Na juventude o tempo é expansivo e vasto sendo que, o indivíduo investe o seu tempo e energia adquirindo informação e preparando-se para o futuro. Por outro lado, quando em idades avançadas o indivíduo percebe os limites do seu tempo, ele direcciona a sua atenção para os aspectos da vida emocionalmente significativos, como o desejo de ter relações sociais íntimas e emocionais. Uma vez que o envelhecimento implica um fim, esta teoria pressupõe que existem alterações motivacionais em idades avançadas. Esta teoria não afirma contudo que a idade seja a causa destas alterações na motivação. Estas mesmas alterações podem ser observáveis em jovens com doenças terminais por exemplo como revela o estudo de Carstensen e Fredrickson (1998).

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A teoria selectiva sócio emocional afirma então que à medida que envelhecemos, damos maior valor aos objectivos emocionais significativos, investindo mais recursos sociais e cognitivos para atingir esses mesmos objectivos. Esta alteração da mudança da motivação para fins emocionais, promove então nos idosos, a utilização de recursos cognitivos que realçam a retenção e recuperação de memórias emocionais. Esta teoria confirma assim o estudo de Kensinger e colaboradores (2006), que descreve nos idosos um tipo de processamento automático na recuperação de memórias emocionais. Aprofundando um pouco mais o estudo das memórias emocionais nos idosos, interessa então distinguir e esquematizar os diferentes tipos de memórias emocionais. Diversos estudos empíricos têm verificado uma interessante tendência que propõe que os idosos lembram mais as memórias positivas que as negativas, tanto a nível da recordação como do reconhecimento (ver, Charles et al., 2003; Leigland, Schulz & Janowsky, 2004; Mather & Carstensen, 2003; Mather, Knight & McCaffrey, 2005; Mikels, Larkin, Reuter-Lorenz & Carstensen, 2005). Salientamos o estudo de Charles e colaboradores (2003), que demonstrou que as alterações na memória relacionadas com a idade, eram distintas para diferentes tipo de memórias emocionais. Neste estudo verificou-se que os idosos não lembravam tanto as memórias negativas, relativamente às memórias neutras, mas que lembravam significativamente mais as memórias positivas. Quando foi apresentado um conjunto de imagens a um grupo de idosos, estes lembraram mais imagens agradáveis (positivas) tendo mais dificuldade em lembrar as imagens apresentadas que eram menos agradáveis de visualizar (negativas). Neste estudo recente foi assim observado, que o envelhecimento promove a recuperação de memória de imagens positivas, relativamente

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à recuperação de imagens negativas e neutras. Da mesma forma, a investigação de Leigland e colaboradores (2004), centrou-se igualmente no estudo dos diferentes tipos de memória emocional. A metodologia deste estudo incluiu a utilização de slides com palavras e faces, tendo sido observado que tanto os adultos jovens como os idosos lembravam mais memórias de imagens (palavras e faces) positivas, relativamente às memórias de imagens neutras e negativas. Mais uma vez, e tal como o observado no estudo anterior, a recuperação de mais memórias positivas que negativas e neutras, foi mais evidente nos idosos. Esta tendência observada nos idosos, para lembrar mais memórias positivas que memórias negativas e neutras foi denominada formalmente de Efeito Positivo (positive effect) em Carstensen e Mikels (2005). Estes autores defendem que este efeito positivo observado na memória dos idosos, resulta de um enfoque maior na regulação emocional, sendo implementado por mecanismos de controlo que promovem a informação positiva e reduzem a informação negativa. Num estudo similar do mesmo ano, Mikels e colaboradores (2005), confirmaram esta abordagem, tendo utilizado pares de imagens que variavam em intensidade emocional ou em intensidade de brilho. Foram apresentados a um grupo de idosos e um grupo de adultos jovens, em ensaios, pares de imagens neutras com diferentes intensidades de brilho e, pares de imagens positivas e negativas com diferentes intensidades emocionais. Após a apresentação de cada imagem, era apresentado um slide negro, em que era pedido ao participante para reter mentalmente a intensidade da imagem. Os níveis de intensidade das imagens variaram, sendo que, no final dos ensaios os participantes tiveram de completar uma bateria neuropsicológica em que tiveram de pontuar de 1 a 7 (1 para nada intenso e, 7 para muito intenso), o nível de intensidade de cada imagem. Mikels e colabordores (2005),

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observaram que, no caso das memórias emocionais positivas, os idosos deram significativamente maior pontuação de intensidade que os adultos jovens. Já no que se refere às memórias emocionais negativas, e às memórias neutras, os resultados não revelaram diferenças entre jovens e idosos. È importante contudo notar que outros estudos igualmente actuais como o de Carstensen, Mikels, & Mather, (2006) salientam que mais investigação é necessária relativamente ao estudo do efeito positivo, uma vez que este não tem sido estatisticamente observado em idosos, nalgumas investigações. Salientamos nesta perspectiva, que a relevante teoria selectiva sócio-emocional nunca se referiu a memórias emocionais positivas ou negativas, para explicar a maior importância que os idosos dão à informação emocional. Em termos teóricos o efeito positivo acima mencionado seria apenas um equívoco desta teoria. Não obstante do relevante valor científico da teoria original de Carstensen e colaboradores (1999), o estudo de Carstensen e Mikels (2005), propôs, à luz da teoria selectiva sócio-emocional uma hipótese para explicar o efeito positivo. Carstensen e Mikels (2005), propõem que apenas a informação que confere satisfação emocional é favorecida em idades avançadas. Esta gratificação emocional focaliza a atenção e a memória para informações que optimizam a regulação emocional (neste caso informações emocionais positivas). A motivação nos idosos centra-se assim nos aspectos da vida emocionalmente significativos, que conferem satisfação social e emocional, estando desta forma a motivação direccionada exclusivamente para o enfoque das informações positivas. Analisando em termos empíricos de que forma ocorre o efeito positivo salientase de seguida a abordagem de Mather e Knight (2005). Para explicar de que maneira os

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idosos conseguem lembrar mais informações positivas relativamente às informações neutras e negativas, a abordagem de Mather e Knight (2005), centrou-se no estudo do processamento elaborativo. Neste estudo as autoras mediram o processamento elaborativo a nível cognitivo, na recuperação de memórias positivas e negativas. Foi então proposto que a regulação emocional é realizada a um nível inconsciente nos idosos sendo que, nos adultos jovens, esta mesma regulação é activada apenas em certos contextos. As autoras verificaram que os jovens, ao concentrarem-se nas suas emoções conseguem ser induzidos a lembrar as suas memórias mais positivas, contudo os idosos lembram as memórias mais positivas automaticamente. Este estudo revelou que os idosos utilizam processos cognitivos para aumentarem a informação positiva e diminuírem a informação negativa na memória. Mather e Knight (2005), realizaram três experiências sendo que, a primeira experiência evidenciou que os idosos realizam um maior processamento elaborativo quando recuperam memórias positivas que quando recuperam memórias negativas. Na segunda experiência as autoras verificaram que os idosos com melhores resultados a nível do controlo cognitivo, eram mais propensos a lembrarem mais memórias positivas. Na terceira experiência, verificou-se que os idosos que durante a codificação de memórias estavam distraídos (por indução dos experimentadores) passavam a não favorecer imagens positivas relativamente às negativas quando posteriormente as lembravam. Esta investigação revelou que os idosos utilizam recursos cognitivos para favorecer a recuperação de memórias positivas, durante a fase de codificação da memória. Os adultos jovens não revelaram nunca a utilização de recursos cognitivos para tornarem as suas memórias mais positivas. Alguns estudos que têm sido desenvolvidos na área da memória autobiográfica

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merecem destaque na presente abordagem, uma vez que se centraram no estudo da emocionalidade. O estudo americano de Carstensen, Tsai, Skorpen e Hsu (1997), foi composto por quatro experiências, avaliou adultos jovens e idosos de nacionalidades, comunidades e etnias diferentes. Esta abordagem centrou-se no estudo de variáveis intrínsecas como a raça, a cultura e a idade para estudar memórias emocionais autobiográficas, controlo emocional e expressividade. Interessa salientar no estudo os resultados que se referem à emocionalidade nos idosos. Neste estudo foi observado que os idosos lembravam mais experiências emocionais relativamente aos adultos jovens. Os idosos lembravam também mais memórias autobiográficas, com carácter emocional positivo, que memórias negativas e neutras. Ainda dentro do estudo das memórias autobiográficas, salientamos a recente abordagem de Kennedy, Mather e Carstensen (2003), cuja metodologia foi longitudinal e permitiu estudar algumas outras variáveis relevantes, associadas ao efeito positivo observado na memória nos idosos. Este estudo revelou que os idosos apresentam um efeito positivo nas memórias autobiográficas de longo termo e que este mesmo efeito positivo pode ser induzido intencionalmente em adultos mais jovens. O estudo foi longitudinal e referiu-se à recuperação de memórias autobiográficas que já tinham sido anteriormente recuperadas 15 anos antes. Em ambos os grupos de jovens e idosos foi realizada uma manipulação a nível da motivação. Na primeira condição experimental pediu-se aos participantes para lembrarem as memórias autobiográficas, tal como as lembravam há 15 anos atrás, centrando-se nas emoções que sentiam ao responder às questões. Na segunda condição experimental pediu-se aos participantes para lembrarem as memórias autobiográficas, tal como as lembravam há 15 anos atrás, tentando lembrar as memórias de forma mais exacta possível. Este estudo evidenciou nos idosos de

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controlo e nos participantes da primeira condição experimental (centrada nas emoções) um efeito positivo na recuperação das memórias emocionais. Já no caso da segunda condição experimental (centrada na exactidão) verificou-se que os adultos jovens de controlo e os participantes desta segunda condição, tendiam a lembrar o passado de maneira mais negativa. Este estudo é relevante em dois aspectos distintos. Por ser um estudo longitudinal permite observar que nas memórias autobiográficas emocionais, o efeito positivo não ocorre apenas em idades avançadas mas sim em todas as idades da fase adulta sendo que, o aumento da idade é o factor que despoleta este fenómeno. Por outro lado evidência também que os adultos jovens tendem a lembrar automaticamente memórias mais negativas enquanto os idosos tendem a lembrar automaticamente as memórias emocionais positivas. Em termos de memória, o estudo do envelhecimento a nível emocional é hoje ainda relativamente recente, mas com algumas definições já relevantes a considerar. Importa salientar na presente revisão da literatura que no estudo do envelhecimento, é relevante distinguir na memória emocional, as memórias positivas das memórias negativas, devendo-se considerar ainda a existência de intensidades diferentes de carga emocional. Importa ainda considerar todos os factores e variáveis da qual a memória emocional está dependente, com especial ênfase no fenómeno da motivação (descrito na teoria selectiva sócio-emocional que assume extrema importância no fenómeno do realce emocional), e ainda no controlo do processamento cognitivo (que distingue como os idosos e os adultos jovens recuperam de maneiras distintas as memórias emocionais), devem ser considerados. A existência de um efeito positivo descrito por Carstensen e Mikels (2005), parece definir um padrão na memória emocional dos idosos, contudo este efeito parece

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não ocorrer apenas a nível da memória, pois já foi observado também noutros campos da emocionalidade dos idosos. Investigações que se centram no estudo das memórias auto-biográficas, das atitudes ou a nível da tomada de decisões, parecem revelar uma tendência dos idosos, para valorizar as informações positivas. Por exemplo, Mather e Johnson (2000), sugerem num estudo empírico, que os idosos tendem a distorcer as memórias autobiográficas, de forma a considerarem que as decisões que tomaram ao longo da vida, foram decisões bem tomadas. A capacidade de memória em termos de envelhecimento emocional, está inevitavelmente conectada ao efeito de realce emocional de memórias, não se observando nos indivíduos idosos, declínio de capacidades. Não obstante as inúmeras variáveis e mecanismos envolvidas na memória emocional, parecem existir ganhos de competências em determinadas capacidades de memória na idade avançada. O efeito positivo, que se refere à recuperação de mais memórias emocionais positivas, observado nas idades avançadas, parece então contrariar o declínio biológico associado às idades avançadas. Conclusões Foram evidenciados no presente estudo, diversas componentes psicológicas que contradizem o declínio em idades avançadas, e que descreveram o envelhecimento em termos de memórias neutras e memórias emocionais. Diversas variáveis relevantes, que influenciam a memória nos idosos, delinearam alguns padrões no funcionamento cognitivo. Dois grandes efeitos, que contradizem o declínio de capacidades resultantes do envelhecimento, foram apresentados na presente investigação, sendo que, distinguem o funcionamento de memórias neutras e de memórias emocionais nos adultos e nos

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idosos. O efeito do realce emocional descrito por Brown e Kulik (1977), foi observado em indivíduos jovens e idosos, sendo um fenómeno que influencia a recuperação e a inibição de memórias em diversos aspectos. Um outro efeito, denominado de efeito positivo, descrito por Carstensen e Mikels (2005) foi apresentado, sendo que, este ocorre apenas em idades avançadas e influência o funcionamento das memórias emocionais nos idosos. Destaca-se pela sua relevância, uma variável fundamental que influencia significativamente a memória dos idosos. O tipo de processamento, em termos de controlo cognitivo é uma componente que sofre alterações com a idade avançada e influencia inevitavelmente algumas capacidades cognitivas. No estudo de memórias neutras foi observado, que quanto mais a memória é dependente de um processamento controlado maior é declínio observado ligado à idade avançada. No estudo das memórias emocionais a definição tipo processamento revelou-se ainda mais importante, uma vez que as memórias emocionais nos idosos são processadas de forma automática enquanto nos adultos jovens são processadas voluntariamente (Anderson & Craik 2000; Kensinger e tal., 2005). Isto significa que, o efeito do realce emocional, observado em adultos jovens e em idosos, que se refere à promoção da recuperação de memórias emocionais relativamente às memórias neutras, ocorre com tipos de processamento diferente dos jovens e nos idosos. O efeito do realce emocional observado nos adultos jovens, resulta apenas de aspectos motivacionais. O efeito de realce emocional nos jovens traduz-se numa maior motivação para memorizar informações emocionais que informações neutras. Em termos gerais, a motivação é o principal aspecto associado ao efeito do realce emocional, que se traduz numa maior recuperação de memórias emocionais.

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O efeito do realce emocional observado nos idosos, resulta também de aspectos motivacionais que se alteram em idades avançados, bem como alterações do processamento cognitivo. A teoria sócio-emocional de Carstensen e colaboradores (1999), explica que os idosos apresentam mais motivação para os aspectos emocionais da vida que os jovens. Para além disso, quando os idosos valorizam mais os aspectos emocionais da vida, fazem-no de uma forma mais automática que os adultos jovens. A idade avançada promove então a recuperação de memórias emocionais. O efeito do realce emocional é observável em adultos jovens e em idosos, mas no caso dos idosos é mais evidente e resulta de um processamento cognitivo mais automático. O efeito positivo descrito por Carstensen e Mikels (2005), observado apenas nos idosos, foi evidenciado em diversos estudos relevantes e refere-se à capacidade de recuperar mais memórias emocionais positivas que negativas e neutras. A adaptação que Carstensen e Mikels (2005), realizam na teoria sócio-emocional, para explicar o efeito positivo, descreve em termos teóricos de que forma as informações emocionais positivas são mais promovidas em idades avançadas pela motivação. Estudar as memórias emocionais e o efeito positivo nos idosos, implica inevitavelmente considerar a variável motivação, não devendo esta ser ignorada mas sim controlada e/ou manipulada, a fim de obter resultados congruentes com as características que se pretendem medir. Associado ao estudo do efeito positivo torna-se inevitável também destacar a variável atenção. A atenção por si só deve ser entendida detalhadamente na entrada de informação sensorial, pois a memória pode ser influenciada não só na informação relevante a reter, mas também na entrada de informação irrelevante. Uma vez que esta entrada de informação relevante ou irrelevante pode ser de carácter emocional ou não, a

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literatura parece sugerir para a realização de determinada tarefa, que a entrada de informações emocionais positivas se sobrepõe à entrada de informações neutras e negativas nos idosos. Os idosos têm maior dificuldade em inibir a entrada de informação não relevante, e isso diminui o seu desempenho na memória, ou seja, um comprometimento a nível da atenção, influencia negativamente o desempenho da memória nos idosos (ver, Carlson et al., 1995; Hasher et al., 1997). Contudo, se a entrada de informação emocional é relevante para a tarefa de memória, existe nos idosos uma promoção a nível do desempenho da memória. Parece importante, cada vez mais, considerar o estudo das memórias emocionais de forma distinta do estudo das memórias neutras. Não só diferentes variáveis influenciam de maneiras diferentes estes dois tipos de memória, como a sua evolução é também diferente em termos de envelhecimento. Em idades avançadas essas diferenças na memória parecem acentuar-se. O estudo do declínio no envelhecimento é igualmente distinto na memória com e sem carga emocional.

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