ERROS DE MEDICAÇÃO NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA – UMA REVISÃO INTEGRATIVA

May 28, 2017 | Autor: Maria Ap Queroz | Categoria: Health Sciences, Emergency Medicine, Medication Errors - Medication Safety
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UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ PÓS-GRADUAÇÃO EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

MARIA APARECIDA RIBEIRO QUEROZ

ERROS DE MEDICAÇÃO NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA – UMA REVISÃO INTEGRATIVA

POUSO ALEGRE - MG 2015

MARIA APARECIDA RIBEIRO QUEROZ

ERROS NA MEDICAÇÃO NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Monografia apresentada no curso de Pós-graduação modalidade Lato Sensu na Universidade do Vale do Sapucaí para obtenção do título de Especialista em Urgência e Emergência. Professora: Ms. Rita de Cássia Pereira.

POUSO ALEGRE - MG 2015

QUEROZ, Maria Aparecida Ribeiro. Erros de medicação na urgência e emergência – uma revisão integrativa. Maria Aparecida Ribeiro Queroz – Pouso Alegre: Univás /Facimpa, 2015.

Monografia apresentada à Universidade do Vale do Sapucaí, como exigência para obtenção do título de Especialista em Perícias Criminais, sob orientação do Profa. Ms. Ms.Rita de Cássia Pereira. 36 páginas.

1. Medicação I.

Erro de medicação.

II.

Segurança do paciente.

III.

Urgência e emergência.

MARIA APARECIDA RIBEIRO QUEROZ

Erros de medicação na urgência e emergência – uma revisão integrativa.

Monografia defendida e aprovada em ________/______/______ pela banca examinadora constituída pelos professores:

_______________________________________ Profa. Ms. Rita de Cássia Pereira

_______________________________________ Prof. Examinador

_______________________________________ Prof. Examinador

Dedico este trabalho a minha mãe e meu namorado, que sempre acreditaram no meu potencial e me incentivaram nos momentos difíceis.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus em primeiro lugar por ter me proporcionado a vida e o dom de cuidar, sou grata também por todas as bençoes que preparou ao longo deste caminho árduo. Agradeço à minha maravilhosa mãe que sempre me incentivou a seguir em frente independente das dificuldades encontradas. Ao meu namorado e futuro esposo não tenho como expressar minha gratidão por todo o amparo que me deu, só tenho a dizer que o amo muito.

Agradeço à minha orientadora pela paciência, aos amigos pelo apoio e força a concluir o curso.

1

A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original. Oliver Wendell Holmes

2

RESUMO QUEROZ, Maria Aparecida Ribeiro. Erros de medicação na urgência e emergência – uma revisão integrativa. Monografia apresentada na Universidade do Vale do Sapucaí – Univás, Programa de Pós-graduação modalidade Lato Sensu em Pericias Criminais, Pouso Alegre, 2015.

Introdução: Erros envolvendo medicamentos ocorrem diariamente em instituições de saúde, classificando-se como eventos adversos preveníveis, podendo resultar em danos mínimos ou até mesmo mais graves aos pacientes, estima-se que um paciente hospitalizado é vítima de pelo menos um erro de medicação por dia. Objetivos: Analisar as produções científicas sobre erros de medicação relacionados à urgência e emergência; Identificar os principais erros de medicação na emergência; Contribuir com a qualidade do serviço de Enfermagem na Urgência e emergência. Metodologia: Estudo do tipo revisão integrativa, utilizando-se artigos publicados nas bases de dados MedLine, LILACS, SciELO, BDEnf, IBECS, COFEN e revistas científicas nacionais e internacionais, foram selecionados 10 artigos após análise apresentou-se os resultados através de quadros e tabelas. Resultados: Os principais tipos de erros encontrados foram de administração (25%) e prescrição (25%), as causas de erros apresentaram-se de formas variadas, destacando-se a sobrecarga de trabalho da enfermagem e a falta de conhecimento sobre medicamentos. Conclusão e considerações finais: Os erros de medicação mais frequentes foram: administração de medicamentos (25%) e prescrição (25%). Falta de comunicação (informação) entre a equipe; Utilização de abreviaturas na transcrição da medicação; Prescrição médica ilegível; Distúrbios de saúde do profissional de enfermagem; Sobrecarga de trabalho e falta de atenção (enfermagem); Falta de conhecimento a respeito de interações medicamentosas; Falta de conferência; Elevado número de fármacos utilizados no curto espaço de tempo; Interrupções e sobrecarga assistencial foram as causas mais citadas, com destaque para a sobrecarga de trabalho da enfermagem e falta de conhecimento sobre medicamentos.

Palavras-chave: Erro de medicação. Segurança do paciente. Urgência e emergência. Enfermagem.

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ABSTRACT QUEROZ, Maria Aparecida Ribeiro. Medication errors in emergency care - an integrative review. Work Completion Postgraduate Course in Emergency Department . University of Vale of Sapucai - UNIVÁS, Pouso Alegre, 2015.

Introduction: Errors involving drugs occur daily in health care settings, being classified as preventable adverse events and may result in minor injuries or even more severe patients, it is estimated that one hospitalized patient is a victim of at least one medication error per morning. Objectives: To analyze the scientific production on medication errors related to emergency care; Identify key medication errors in an emergency; Contributing to the quality of nursing service in Urgency and Emergency. Methodology: integrative type of study review, used articles published in MedLine, LILACS, SciELO, BDEnf, IBECS, COFEN and national and international scientific journals, 10 articles were selected after analysis, results were presented in charts and tables. Results: The main types of errors found were management (25%) and prescription (25%), the causes of errors showed up in different ways, especially the burden of nursing work and the lack of knowledge about drugs. Conclusion and final considerations: The most frequent medication errors were: drug administration (25%) and prescription (25%). Lack of communication (information) among the team; Use of abbreviations on medication transcription; Illegible prescription; Health disorders among nursing professionals; Work overload and lack of care (nursing); Lack of knowledge about drug interactions; Lack of conference; High number of drugs used in short time; Interruptions and assistance overload were the most cited causes highlighting the burden of nursing work and lack of knowledge about drugs.

Keywords: Medication errors . Patient safety . Urgency and emergency. Nursing.

4

SUMÁRIO

1.

2.

INTRODUÇÃO _______________________________________________________ 6 1.1.

JUSTIFICATIVA ____________________________________________________ 7

1.2.

OBJETIVO PRINCIPAL _______________________________________________ 8

1.3.

OBJETIVOS SECUNDÁRIOS ___________________________________________ 8

MARCO CONCEITUAL ________________________________________________ 9 2.1.

DEFINIÇÃO DE ERRO DE MEDICAÇÃO ____________________________________ 9

2.2.

TIPOS DE ERROS DE MEDICAÇÃO ______________________________________ 10

2.2.1.

Erro de prescrição ____________________________________________ 10

2.2.2.

Erro de dispensação __________________________________________ 10

2.2.3.

Erro de omissão _____________________________________________ 10

2.2.4.

Erro de horário ______________________________________________ 11

2.2.5.

Erro de administração não autorizada de medicamento _______________ 11

2.2.6.

Erro de dose ________________________________________________ 11

2.2.7.

Erro de apresentação _________________________________________ 11

2.2.8.

Erro de preparo ______________________________________________ 11

2.2.9.

Medicamentos impróprios para uso ______________________________ 12

2.2.10.

Erro de monitoração __________________________________________ 12

2.2.11.

Erro em razão da não aderência do paciente e família ________________ 12

2.2.12.

Erro de administração _________________________________________ 12

2.2.13.

Erro de transcrição ___________________________________________ 13

2.3.

SEGURANÇA DO PACIENTE __________________________________________ 13

3.

METODOLOGIA_____________________________________________________ 15

4.

RESULTADOS E DISCUSSÕES ________________________________________ 16

5

5.

CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ______________________________ 26

6.

REFERÊNCIAS _____________________________________________________ 27

6

1. INTRODUÇÃO Todos os anos milhares de pacientes ao buscar assistência médica, sofrem prejuízos ou morrem devido à falta de segurança em procedimentos médico-hospitalares e acabam sofrendo sequelas temporárias ou definitivas (WHO, 2015). Erros envolvendo medicamentos ocorrem diariamente em instituições de saúde, classificando-se como eventos adversos preveníveis, podendo resultar em danos mínimos ou até mesmo mais graves aos pacientes, estima-se que um paciente hospitalizado é vítima de pelo menos um erro de medicação por dia (FERNER, 2012). Assim, compreender a dimensão do problema em hospitais ou unidades de atenção à saúde é o primeiro passo para obter melhores resultados no que diz respeito a segurança do paciente (WHO, 2015). Em consequência disso à mídia tem mostrado quantidades alarmantes de reportagens sobre erros de medicação, principalmente em hospitais e envolvendo a equipe de enfermagem em sua grande maioria, esta que por realizar o processo final na administração dos medicamentos torna-se o principal foco de erros de medicação. Todavia, é importante investigar a fundo as condições de trabalho do profissional de enfermagem envolvido no erro, bem como a prescrição médica e todo o processo de trabalho desde o atendimento médico até a fase final nos procedimentos de enfermagem, dos quais está incluso a administração de medicamentos. Para realizar o trabalho de conclusão de curso da especialização em Urgência e emergência, surgiu a indagação sobre o porquê de tantos erros de medicação em ambiente hospitalar, em especial nas situações de urgências? Atualmente, como enfermeira de um Centro de Medicina de Aviação, numa Base de Aviação do Exército Brasileiro, onde são realizados diversos atendimentos, dentre eles os de urgência e emergência, observo que há necessidade de identificar os pontos falhos e buscar novas formas de preparar a equipe para os atendimentos de emergência, que é conhecido necessita de maior atenção e conhecimento do profissional de enfermagem.

7

Optou-se então por realizar essa revisão de literatura, buscando crescimento profissional e a melhoria do serviço de urgência prestado pelos profissionais de enfermagem envolvidos no atendimento ao paciente/cliente. Diante desta problemática, nasceram as seguintes perguntas norteadoras: 

Como tem se desenvolvido as produções científicas nos últimos anos a respeito dos erros de medicação relacionada a situações de urgência e emergência?



Quais os principais erros de medicação na emergência?

1.1. Justificativa Segundo a National Coordinating Council for Medication Error Reporting and Prevention (NCC-MERP) 2015, o erro de medicação é definido como: Um erro de medicação é qualquer evento evitável que pode causar ou conduzir ao inadequado uso da medicação ou dano ao paciente enquanto a medicação está no controle do profissional de saúde , paciente ou consumidor. Tais eventos podem estar relacionados com a prática profissional, produtos de saúde, procedimentos e sistemas, incluindo a prescrição , a comunicação fim, a rotulagem dos produtos, embalagem e nomenclatura , composição , dispensação , distribuição, administração, educação , monitoramento e uso. Tendo em vista a definição supracitada, observa-se que as possibilidades de ocorrer um ou mais erros na administração de medicamentos na emergência aumenta significativamente, se levado em consideração o estresse sofrido pelo atendimento ou o tipo de doença/trauma em que estão envolvidos a equipe de saúde. Para a Red Latino-americana e para El Uso Seguro de Medicamentos (Red LUSM) 2015, as consequências de um erro de medicação podem ser graves, podendo causar lesões permanentes e até a morte, portanto os profissionais de saúde devem ter pleno conhecimento quanto a medicação que irá administrar, assim como outras medidas devem ser adotas, como: informatização da prescrição, armazenamento e dispensação dos medicamentos, preparação e administração, melhorar o acesso à informação entre outros.

8

Outro ponto a ser abordado são os nove certos na administração de medicamentos pela enfermagem: Conforme PARECER COREN – BA Nº 021/2013 os nove certos são: 1. Medicação certa; 2. Paciente certo; 3. Dose certa; 4. Via certa; 5. Horário certo; 6. Registro certo; 7. Ação certa; 8. Forma farmacêutica certa; 9. Monitoramento certo. Entretanto, nem todos os nove certos podem ser considerados na administração de medicamentos numa situação de emergência, pois na maioria das ocorrências ou intercorrências, as intervenções virão antes mesmo da prescrição médica, sendo esta realizada verbalmente e após estabilização do paciente transcrita para o prontuário. Salvo casos em que a unidade de atendimento possui protocolo interno próprio para cada situação de emergência. Portanto, a necessidade de pesquisas nesta área torna-se imprescindível para compreensão dos motivos que levam os profissionais de enfermagem ao erro, visando colaborar para a elaboração de medidas cautelares neste sentido.

1.2. Objetivo principal Analisar as produções científicas sobre erros de medicação relacionados à urgência e emergência.

1.3. Objetivos secundários 

Identificar os principais erros de medicação na emergência.



Contribuir com a qualidade do serviço de Enfermagem na Urgência e emergência.

9

2. MARCO CONCEITUAL 2.1. Definição de erro de medicação Segundo a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2013), um erro de medicação pode ser definido como erro na prescrição, na dispensação ou na administração do medicamento. O Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP, 2015) define erro de medicação como: “Qualquer evento evitável que, de fato ou potencialmente, pode levar ao uso inadequado de um medicamento. Esse conceito implica que o uso inadequado pode ou não lesar o paciente, e não importa se o medicamento se encontra sob o controle de profissionais de saúde, do paciente ou do consumidor. O erro pode estar relacionado à prática profissional, produtos usados na área de saúde, procedimentos, problemas de comunicação, incluindo prescrição, rótulos, embalagens, nomes, preparação, dispensação, distribuição, administração, educação, monitoramento e uso de medicamentos”. O ISMP traz de forma distinta os tipos de erros que envolvem o assunto abordado, o erro de medicação, onde um dos pontos de maior relevância para o presente estudo é o Erro na administração de drogas, etapa na qual a enfermagem tem maior atuação. São apresentadas definições diferentes, sendo que a primeira considera o que difere da prescrição médica erro de administração. Este conceito considera que a prescrição está sempre correta quanto à administração de medicamentos, o que não ocorre na prática. A segunda definição implica a possibilidade do medicamento ser administrado na técnica correta e poder estar diferente da prescrição médica, sendo uma definição mais prática e realista (TAXIS e BARBER, 2003). É conhecido como erro de administração a ocorrência de divergência entre o que está prescrito e o que foi administrado (BARKER, FLYNN e PEPPER, 2002). O erro de administração é qualquer desvio no preparo e administração de medicamentos mediante prescrição médica, não observância das recomendações ou guias da instituição de saúde ou das instruções técnicas do fabricante do produto.

10

Considera ainda que não houve erro se o medicamento foi administrado de forma correta mesmo se a técnica utilizada contrarie a prescrição médica ou os procedimentos da instituição (TAXIS e BARBER, 2003). Todavia, é importante frisar que erro de medicação é diferente de reação adversa a medicamentos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, reação adversa é qualquer efeito prejudicial ou indesejado que se apresente após a administração de doses de medicamentos utilizados para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de uma enfermidade não há como prevenir a reação adversa, ainda que se conheça a possibilidade de ocorrência (DALMOLIN, 2012).

2.2. Tipos de erros de medicação

2.2.1. Erro de prescrição Seleção incorreta do medicamento (de acordo com contraindicação, alergias conhecidas e outros fatores); monitoração; dose; via de administração; concentração; velocidade de infusão; instruções de uso inadequadas feitas por médico; prescrição ilegível ou ordens que possam induzir a erro (CASSIANI, 2005).

2.2.2. Erro de dispensação É considerado erro de dispensação, a distribuição incorreta do medicamento prescrito ao paciente ao profissional que irá administrá-lo (CORENSP, 2011).

2.2.3. Erro de omissão 

Não administração de um medicamento ou mais ao paciente;



Não registrar a execução da medicação (CASSIANI, 2005).

11

2.2.4. Erro de horário É considerado erro de horário a administração da droga fora do intervalo de tempo estabelecido pela instituição, conforme o aprazamento da prescrição, ainda assim aceito se administrado meia hora antes ou depois do horário estabelecido (COREN-SP, 2011).

2.2.5. Erro de administração não autorizada de medicamento 

Administração de medicamento não prescrito;



Administração de medicamento ao paciente errado (troca de paciente);



Administração de medicamento errado;



Administração de medicamento não autorizado pelo médico;



Utilização de prescrição desatualizada (COREN-SP, 2011).

2.2.6. Erro de dose Administração de uma dose maior ou menor que a prescrita (CASSIANI, 2005).

2.2.7. Erro de apresentação Considera-se erro de apresentação a administração de um medicamento em apresentação diferente da prescrita (COREN-SP, 2011).

2.2.8. Erro de preparo 

Medicamento

incorretamente

formulado

ou

manipulado

antes

da

administração (reconstituição ou diluição incorreta, associação de medicamentos física ou quimicamente incompatíveis); 

Armazenamento inadequado do medicamento;



Falha na técnica de assepsia;



Identificação incorreta do fármaco;



Escolha inapropriada dos acessórios de infusão (COREN-SP, 2011).

12

2.2.9. Medicamentos impróprios para uso Medicamento formulado ou manipulado incorretamente (casos de diluição e/ou reconstituição incorreta, mistura incompatível e armazenamento inadequado); administração de medicamentos expirados ou cuja integridade física ou química está comprometida (medicamentos com prazo de validade vencido ou armazenados incorretamente). (CASSIANI, 2005).

2.2.10. Erro de monitoração 

Falha em rever um esquema prescrito para devida adequação ou detecção de problemas



Falha em monitorar dados clínicos e laboratoriais antes, durante e após a administração de um medicamento, para avaliar a resposta do paciente à terapia prescrita (COREN-SP, 2011).

2.2.11. Erro em razão da não aderência do paciente e família É considerado erro em razão da não aderência do paciente e família, o comportamento inadequado do paciente ou cuidador quanto a sua participação na proposta terapêutica (CASSIANI, 2005).

2.2.12. Erro de administração 

Falha na técnica de assepsia;



Falha na técnica de administração do medicamento;



Administração do medicamento por via diferente da prescrita;



Administração do medicamento em local errado;



Administração do medicamento em velocidade de infusão incorreta;



Associação de medicamentos física ou quimicamente incompatíveis;



Falha nos equipamentos ou problemas com acessórios da terapia de infusão;



Administração de medicamento prescrito incorretamente;

13



Dentre outros erros que podem surgir na vivencia do profissional de enfermagem;



Administração de medicamentos trata-se da aplicação de fármacos no organismo através de uma das várias vias possíveis de acordo com a proposta terapêutica. Objetivo é um resultado diferente do apresentado no início.



Para administrar medicamentos é necessário formação e capacitação específica, importante lembrar que nem todos os profissionais da área da saúde estão habilitados para fazê-lo (COREN-SP, 2011).

2.2.13. Erro de transcrição Equívocos na transcrição da prescrição médica manual para o sistema de prescrição eletrônica (CASSIANI, 2005). O Código de Ética do Profissional de Enfermagem destaca no artigo 12: Assegurar àpessoa, família e coletividade assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência.

2.3. Segurança do paciente Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o termo segurança do paciente (SP) institui “redução do risco de danos desnecessários associados a assistência à saúde até um mínimo aceitável”, o que tem gerado discussões, visto que esta assistência é prestada por seres humanos, portanto, passíveis de cometer erros (WHO, 2015). O programa de segurança do paciente foi criado para facilitar o desenvolvimento da política de SP e prática em todos os Estados Membros da OMS e para agir como uma força importante para a melhoria da segurança do paciente em todo o mundo (WHO, 2015). No meio hospitalar a segurança do paciente tem suscitado contestações em esfera mundial e recebido diversos questionamentos, entre eles o de que segurança consiste na diminuição do risco e danos desnecessários, acompanhados à assistência em

14

saúde, até um mínimo aceitável. Este mínimo diz respeito aquilo que é viável diante do conhecimento atual, dos recursos disponíveis e do contexto em que a assistência foi realizada frente ao risco de não-tratamento, ou outro tratamento. Entre os recursos disponíveis, o uso de medicamentos é um dos mais utilizados, contudo, eventos adversos e erros ligados a medicamentos são frequentes no ambiente hospitalar (CHARLES, 2010). Administrar medicamentos aos pacientes nos estabelecimentos de saúde é um procedimento complexo, com várias etapas, considerando uma série de decisões e ações inter-relacionadas que envolve profissionais de várias áreas, bem como o próprio paciente, necessitando destes conhecimentos atualizados sobre os fármacos e via de administração no momento necessário, além de informações completas e exatas sobre o paciente. Entretanto erros de medicação ocorrem, não somente durante a administração propriamente dita, mas em todas as fases do processo de medicação (CASSIANI, 2005). E em uma reflexão sobre o assunto é valido citar Florence Nightingale, que em 1863 escreveu as seguintes palavras em latim em suas notas no hospital Primum non nocere, cujo significado é “Primeiramente, não cause danos”, lembrando que a segurança dos pacientes é parte fundamental da profissão enfermagem desde o começo da enfermagem moderna (PEPPER, 2004).

15

3. METODOLOGIA A partir dos objetivos propostos, optou-se por realizar uma revisão integrativa, que consiste no método que proporciona a síntese de conhecimento e a inclusão da aplicabilidade de resultados de estudos expressivos na prática (SOUZA, SILVA e CARVALHO, 2010). A revisão integrativa é composta por seis etapas: em primeiro lugar delimitou-se a questão de pesquisa que oferecesse importância para a sociedade científica e que definisse o assunto a ser estudado, em conseguinte busca ou amostragem na literatura; coleta de dados; análise crítica dos estudos incluídos; discussão dos resultados; apresentação da revisão integrativa (POLIT e BECK, 2006). Foram realizadas buscas nas bases de dados National Library of Medicine (MedLine), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Base de dados de enfermagem (BDEnf) e Índice Bibliográfico Espanhol de Ciências da Saúde (IBECS), consultados através da Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) e portal on line do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e revistas científicas nacionais. Utilizou-se como descritores erros de medicação/ Medication Errors e segurança do paciente/ patient safety. Para a pré-seleção dos artigos foram usados os seguintes critérios de inclusão: artigos que fossem relacionados ao tema erros de medicação na urgência e emergência, artigos publicados no período entre 2010 a 2015. Quando realizada a busca encontrou-se 28 artigos e após empregar os critérios de inclusão refinou-se a pesquisa, restando apenas 10 artigos, a partir destes construiuse quadros e tabelas para exposição dos resultados.

16

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram encontrados 28 artigos que tratavam do assunto erro de medicação, após leitura e análise, foram selecionados 10 sendo agrupados no quadro abaixo em ordem cronológica de publicação.

Quadro 1: Dados relacionados as características dos artigos: Ano, autor, título e base de dados. Dezembro de 2015. Artigo

Ano/País

Autor

Título

Base de Dados

Erros de medicação e qualidade de PELLICIOTTI, 01

2010/Br

vida

relacionada

à

saúde

de

enfermagem

em

SciELO KIMURA

profissionais

de

unidades de terapia intensiva. Análise das informações da equipe de SANTOS, 02

2011/Br

enfermagem sobre

o

sistema

de PORTAL COFEN

GAMA, et al.

medicamento

em

unidade

de

da

administração

de

medicamentos

intravenosos

em

emergência. Analise SILVA, 03

2012/Br

SciELO

CAMERINI hospital da rede sentinela. DIZ, GOMES, 04

Causas de erros na medicação.

2012/Br

SciELO PRAÇA Erros de medicação realizados pelo LOPES,

05

2012/Br

técnico

de

enfermagem

na

uti:

PORTAL COFEN

VARGAS, et al. contextualização da problemática. Errores VECINA, 06

2013/Br

BORRÁS, et al.

medicación

de

administración en

los

servicios

de de IBECS

urgências. In Factores del entorno de trabajo que influyen en la ocurrencia de

17

errores

de

administración

de

medicación. OKUNO, 07

LILACS CINTRA, et al.

08

Interação medicamentosa no serviço

2013/Br de emergência.

FRIZON,

Reconciliação de medicamentos em

SANTOS,

hospital universitário.

2014/Br

LILACS CALDEIRA, et al MACEDO,

09

2015/Br

BOHOMOL, D’INNOCENZO

Terapêutica criança

medicamentosa

em serviço

hospitalar

para de

SciELO

emergência.

FONTANA,

Análise documental da mídia escrita

WOLF,

sobre eventos adversos ocorridos na

REVISTA DE 10

2015/Br

ENFERMAGEM RODRIGUES,

prática da enfermagem. DA UFPE

CASTRO

Quadro 2- Dados relacionados às características dos artigos: objetivo e conclusão. Dezembro de 2015. Artigo

Objetivo

Conclusão / considerações finais Os pacientes atendidos na unidade eram em sua maioria homens com idades nos extremos da vida

Conhecer o perfil dos pacientes

adulta, jovens em recuperação de traumas e

admitidos em unidade de internação

adultos acima dos 50 anos, e a clínica que mais

de hospital universitário e apresentar

recebeu pacientes foi a ortopedia. Praticamente

os resultados da reconciliação de

metade dos pacientes relatou ser portador de

medicamentos feita durante sua

doença crônica e fazer uso de medicamentos

admissão no serviço.

continuamente e estes foram atendidos pela

01

reconciliação medicamentosa. A reconciliação de medicamentos encontrou erros de medicação em

18

mais da metade dos pacientes acompanhados e foi capaz de resolver as diferenças entre a prescrição hospitalar e o uso domiciliar de medicamentos dos pacientes atendidos, com uma boa aceitação das intervenções pela equipe médica.

02

Identificar problemas na prática de

Conclui-se que a utilização de abreviaturas

enfermagem que contribuem para

medicação e o uso de seringas parenterais para a

erros de medicação; perceber a

administração de soluções orais, constituem as

sensibilidade dos enfermeiros face à

práticas contribuintes para a ocorrência de erros.

notificação do erro; identificar causas

Os enfermeiros assumem os seus erros, não tendo

de erro inerentes ao sistema; avaliar

receio em denunciar os mesmos. Contudo, nota-

a percepção dos enfermeiros face às

se alguma relutância em fazê-lo perante o doente

novas tecnologias como meio de

e a família e em lidar com o erro dos outros.

redução de erros. O estudo evidenciou que apesar da maior Identificar os tipos de erros e fatores de risco presentes no Sistema de Medicação da Emergência do HUT 03

de Petrolina e as sugestões de profissionais de enfermagem para prevenção.

vulnerabilidade enfermagem

aos tem

erros,

a

potencial

equipe

de

influencia

na

prevenção de sua ocorrência. Os resultados apontam para a necessidade de gerenciamento

dos

erros

relacionados

a

medicações no setor de Emergência estudado, e, para tanto, há evidências de que um sistema de registro e notificação destes eventos constitui medida eficaz na redução, prevenção e controle. A prevalência de erros de medicação em UTI,

Identificar a prevalência de erros de relatados por profissionais de enfermagem, foi de medicação em unidades de terapia 28 erros durante as quatro semanas anteriores à intensiva (UTI), relatados por coleta de dados. Observou-se que, dos 94 04

profissionais de enfermagem, participantes, 18 se envolveram com erros de comparar a qualidade de vida medicação, sendo seis enfermeiros e 12 técnicos relacionada à saúde (QVRS) e as de

enfermagem

(19,1%

dos

profissionais

alterações no estado de saúde dos participantes). Em relação à QVRS e à Avaliação

19

profissionais envolvidos e não

do Estado Geral de Saúde (AEGS), identificou-se

envolvidos com erros de medicação.

que o domínio que apresentou maior escore médio foi o de “capacidade funcional” 82,1 (dp=16,6) e os domínios que apresentaram menores escores médios, “vitalidade” 53,8 (dp=21,8) e “dor” 59,1 (dp=22,1). A AEGS apresentou escore “regular” de saúde. Este estudo identificou e analisou erros de medicação e as respectivas justificativas para ocorrências desse tipo de erro, na opinião dos profissionais entrevistados em um hospital de grande porte em Porto Alegre/RS. Constatou-se

Descrever os tipos de erros ocorridos

que os erros na preparação dos medicamentos

na administração de medicamentos

foram os mais frequentes, seguidos dos erros na

pelos técnicos de enfermagem que

administração e dos erros na dispensação. As

trabalham em UTI geral e identificar

justificativas sinalizadas foram a sobrecarga de

a (s) justificativa (s) para a

trabalho e a falta de atenção, articuladas à

ocorrência de tais falhas.

inexperiência dos profissionais e aos problemas na

05

estrutura. A maior limitação deste estudo foi a dificuldade dos profissionais em expor seus erros e dialogar sobre o assunto. Ao falarem dos erros, reportavam-se a outros profissionais, e não às situações vivenciadas consigo mesmos. Identificar a ocorrência de potenciais interações medicamentosas em 06

Este estudo demonstrou potencial interação medicamentosa

em

prescrições médicas de pacientes

analisadas

Serviço

adultos internados no Serviço de

interações medicamentosas podem acontecer em

Emergência do Hospital São Paulo

todos os momentos da utilização dos fármacos e,

no

79,5% de

das

prescrições

Emergência.

As

20

nesse processo de trabalho, a equipe de enfermagem está envolvida em diversas etapas.

07

Identificar tipo e frequência dos erros

Revelou altas taxas de erros em todos os setores

que ocorrem na administração de

e todas as categorias do estudo, não havendo

medicamentos intravenosos.

erros de dose e via. Criação de dispositivos organizacionais para reduzir interrupções; o envolvimento do paciente na administração de medicamentos; introdução de

Conhecer quais são os fatores do ambiente de trabalho que estão 08

novas tecnologias e melhorar a rotulagem dos

relacionados com a ocorrência de

medicamentos pode ajudar a reduzir a incidência

erro de administração de

de erros na administração de medicamentos. Para

medicamentos.

avançar a identificação e gestão de fatores precursores

de

erros

medicamentos,

na

administração

realização

de

de

estudos

prospectivos de coorte ou revisões. Os profissionais de enfermagem pesquisados Analisar o conhecimento da equipe possuem conhecimento 09

sobre

a terapêutica

de enfermagem sobre terapêutica medicamentosa

direcionada

à

população

medicamentosa. pediátrica em situação de urgência. Os resultados deste estudo demonstraram a Analisar os eventos adversos importância de uma discussão profunda acerca da ocorridos na prática da enfermagem 10

segurança dos usuários dos serviços de saúde e registradas na mídia escrita, no as condições de formação e de trabalho dos período de 2007 a 2012. sujeitos envolvidos.

Como demonstra no quadro 1, os artigos utilizados foram publicados no Brasil (90%) e Espanha (10%) no período de 2010 a 2015. O Quadro 2 está relacionado os objetivos e conclusões dos artigos selecionados

21

Tabela 1-Relação de tipos de erro de medicação citados em trabalhos publicados no período de 2010 a 2015 em bases de dados nacionais e internacionais. Dezembro de 2015. Tipos de erros de medicação

N

%

Administração

4

25

Dose

2

12,5

Preparo

2

12,5

Prescrição

4

25

Omissão

2

12,5

Horário

1

6,25

Apresentação

1

6,25

Total de erros

16

100%

Tabela 2- Relação de causa do erro de medicação citados em trabalhos publicados no período de 2010 a 2015 em bases de dados nacionais e internacionais. Dezembro de 2015. Artigo

Causa do erro

01

Falta de comunicação (informação) entre a equipe;

02

Utilização de abreviaturas na transcrição da medicação;

03

Prescrição medica ilegível;

04

Distúrbios de saúde do profissional de enfermagem;

05

Sobrecarga de trabalho e falta de atenção (enfermagem);

06

Falta de conhecimento a respeito de interações medicamentosas; (médico)

07

Falta de conferencia;

08

Elevado número de fármacos utilizados no curto espaço de tempo; Interrupções; sobrecarga assistencial;

09

Falta de conhecimento (capacitação);

10

Condições de trabalho deficientes; Exploração do trabalho da enfermagem; péssimas condições nos processos seletivos; baixos salários/acúmulo de vínculos; (enfermagem).

22

A Tabela 1 demonstra os tipos de erros encontrados, observa-se em alguns trabalhos analisados a presença de mais de um tipo de erro. Conforme tabela 1 os erros de medicação com maior porcentagem são os erros de administração (25%). Em estudo realizado por LOBO (2008), o erro de medicação que obteve maior prevalência foi o erro de administração, subdivido em categorias: erro de dose (20,6%), erro de horário (8,8%), falha na medicação (14,7%), troca da medicação (14,7), erro de via (5,9%) e erro de preparação (35,3%). Comparado com a tabela 1, notase que há alguns erros em comum, como: o erro de dose (12,5%), erro de horário (6,25%), erro de preparo (12,5%), a categoria falha na medicação conforme descrição do estudo realizado por LOBO, é equivalente ao erro de omissão, que no presente trabalho apresentou porcentagem de (12,5%) mostrando resultado semelhante. O erro de prescrição mostrou-se com porcentagem de (25%), (BELELA, PEREIRA E PERTERLINI, 2011), em revisão de literatura sobre erros de medicação em pediatria, na categoria unidade de emergência, os erros de prescrição foram o tipo mais comumente observado, principalmente entre os pacientes graves. Os autores discorrem ainda sobre os fatores que podem levar ao erro os profissionais de saúde em pediatria, que são os cálculos de doses, a escolha do medicamento e complexidade do atendimento de emergência. As causas dos erros apresentaram-se de forma variada, destacando-se a sobrecarga de trabalho da enfermagem e falta de conhecimento sobre medicamentos. LOBO (2008) obteve os seguintes fatores ligados ao erro: o ambiente, o conhecimento sobre o medicamento, a verificação e registo da medicação, a preparação dos medicamentos, a administração dos medicamentos, violações de regras, prescrição de medicamentos, processo de transcrição, fatores intrínsecos e o modelo organizacional. Assemelhando-se aos resultados encontrados no atual estudo. Outras causas de erro encontradas foram: Utilização de abreviaturas na transcrição da medicação e prescrição medica ilegível. Conforme o Código de Ética Médica (CEM) é vedado ao médico: “Art. 11. Receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida identificação de seu número de registro no Conselho Regional de Medicina da sua jurisdição, bem como assinar em brancas folhas de receituários, atestados, laudos ou quaisquer outros documentos médicos. ”

23

CASSIANI, CAMARGO E OLIVEIRA (2005), encontrou em seu estudo 794 (51,5%) prescrições das 1.543 analisadas com letra ilegível do médico, fato que pode levar ao erro nas fases seguintes a prescrição. SILVA, et al (2007) no estudo “Problemas na comunicação: uma possível causa de erros de medicação” obteve resultados significativos quanto aos fatores relacionados ao erro na prescrição, como uso de abreviaturas, forma de diluição, dosagem, via de administração e posologia. Para os profissionais participantes do estudo a maioria dos erros de medicação ocorrem devido à dificuldade de entendimento da letra do médico. Concluiu ainda que, os erros de comunicação vão desde o atendimento do paciente até a administração da medicação, incluindo prescrição, dispensação e preparo. Fato que chamou a atenção foi no momento da administração da medicação o profissional de enfermagem não chamar o paciente pelo nome, evidenciando a falta de conferencia que é um fator decisivo para ocorrência de erro. Para diminuir os erros provocados por falhas na comunicação, é essencial lembrarse de ler os rótulos dos medicamentos, conferir com a prescrição, identificar o medicamento com nome, número de leito, nome do paciente, nome do profissional responsável, via de administração, dose e horário. Verificar também no prontuário do paciente se a medicação não foi suspensa, além de conferir o paciente por sua pulseira identificadora, e por verbalização para afirmar que está diante do paciente certo (SANTANA, et al, 2012). Para COELHO, et al (2011), a prescrição eletrônica é um instrumento essencial para uma redução expressiva dos erros de medicação. Quanto às condições de trabalho fornecidas ao profissional de saúde é levada em consideração a relação entre estresse profissional e potencial ao de erro de medicação. Devendo-se incentivar a notificação dos erros para que se possa trabalhar de forma preventiva, e especialmente motivar os profissionais de enfermagem, que são considerados culpados por estarem envolvidos diretamente no processo de administração dos medicamentos que consequentemente ficam inseguros, estando assim mais propensos ao erro. O ambiente de trabalho um dos fatores que leva a falhas, deve ser bem iluminado, livre de grandes ruídos e organizado para um bom desenvolvimento do trabalho dos profissionais envolvidos na assistência (SANTANA, et al, 2012). Ainda para SANTANA, et al (2012), a formação do profissional de enfermagem é imprescindível para evitar a falha. É de extrema importância que a equipe possua uma

24

visão holística do sistema de medicação e de cada um dos seus processos, e que garanta a segurança e qualidade das ações que estão sob a sua responsabilidade, buscando conhecimento, sobre os fármacos, interações medicamentosas, vias de administração e técnicas corretas de preparo e administração. Para BARBOSA, et al (2009), a falta de atenção do profissional e a sobrecarga assistencial está relacionado ao mau gerenciamento do setor de urgência, pode-se observar o grande número de pacientes graves que chegam para serem atendidos, que necessitariam de um tempo maior de atenção, porém o número de profissionais inviabiliza esse atendimento e muitas vezes o número elevado de fármacos utilizados no curto espaço de tempo e as interrupções na assistencia levam com frequencia ao erro, que se não causar lesão grave geralmente não é nem mesmo notado, tornando-se subnotificado. Essa sobrecarga, separa o trabalhador de enfermagem da assistência de qualidade, o que acarreta atos vazios de sentido e com consequente desresponsabilização do trabalhador pelo cuidado prestado. O resultado é o descaso e a desumanização da assistência aos pacientes, com consequente diminuição da resolutividade e maior risco de erro. A saúde do profissional de enfermagem, bem como o fator emocional contribui grandemente a falhas. Em estudo realizado no pronto socorro de um hospital Universitário no Norte do Paraná em 2009, foi verificado que 21,3% dos profissionais apresentaram alta

classificação

para

exaustão

emocional,

32,8%

alta

classificação

para

despersonalização e 26,2% apresentaram baixa classificação para realização profissional, características estas que estabelecem diagnóstico para manifestação de Síndrome de Burnout. Sabe-se que Burnout é a resposta do estresse laboral crônico que envolve atitudes e alterações comportamentais negativas relacionadas ao contexto de trabalho com desconsideração do lado humano, atingindo os pacientes, organização e o próprio trabalho quando os métodos de enfrentamento falham ou são insuficientes (JODAS e HADDAD, 2009). Em estudo realizado em Campinas-SP foi apontado como principais fatores causadores de estresse a dupla jornada de trabalho, alta responsabilidade, trabalho com pacientes graves, falta de pessoal qualificado e alta demanda de pacientes. (FERREIRA e MARTINO, 2006) PINHO, RODRIGUES e GOMES (2007) destacam que os baixos salários pagos aos profissionais de enfermagem fazem com que alguns destes trabalhadores sustentem

25

dois ou mais empregos, tornando-os desatentos na execução de suas tarefas, causando graves pressões emocionais e físicas.

26

5. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa permitiu concluir que os erros de medicação mais frequente encontrados foram: administração de medicamentos (25%) e prescrição (25%). Falta de comunicação (informação) entre a equipe; Utilização de abreviaturas na transcrição da medicação; Prescrição médica ilegível; Distúrbios de saúde do profissional de enfermagem; Sobrecarga de trabalho e falta de atenção (enfermagem); Falta de conhecimento a respeito de interações medicamentosas; Falta de conferência; Elevado número de fármacos utilizados no curto espaço de tempo; Interrupções e sobrecarga assistencial foram as causas mais citadas com destaque para a sobrecarga de trabalho da enfermagem e falta de conhecimento sobre medicamentos. Com base nos resultados pode-se afirmar que os responsáveis pelas equipes de enfermagem

necessitam de maior atenção, tanto com relação a questão de

sobrecarga de trabalho, como também à questão salarial que leva o profissional a cumprir duplas jornadas de trabalho, com condiçoes precárias de atendimento, consequentemente induzindo ao erro. Uma proposta para redução dos riscos na administração de medicamentos é a educação continuada de modo a sanar as possíveis inquietações dos profissionais, também

podem

ser

adotadas

medidas

preventivas

como:

separação

de

medicamentos por cores, dispor medicamentos com embalagens semelhantes em gavetas distintas, melhorar a organização e dispensação dos medicamentos, reduzir o numero de interrupções durante o atendimento de emergencia, aumentar o numero de profissionais por quantidade de leitos/pacientes, entre outras melhorias que fariam a diferença na vida tanto do paciente quanto do profissional suceptível ao erro. Ressalta-se a necessidade de se realizar novas pesquisas na área, visto a escassez de publicações sobre a temática.

27

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-

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