ESCRITORES GALEGOS DE EXPRESSÃO PORTUGUESA: ESCRITORES INVISÍVEIS? Xavier Frias Conde (UNED)
Nem os galegos falam português nem os portugueses falam galego, mas ambos os povos falam a mesma língua
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Questões prévias • Onde começa e acaba a Lusofonia? • • • • • •
Países PALOP Brasil Portugal Timor-Leste Goa e Macau A Galiza?
• O galego faz parte da Lusofonia? • Onde se fala português para além da fronteira internacional? • É Espanha um país lusófono?
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A Galiza e a Lusofonia • Onde nasce o português? • Na Galécia
• O que é de facto o português antigo?
• É galego antigo • O conceito de galego-português é moderno • O português moderno nasce do galego medieval, também o galego moderno.
• São o galego e o português atuais tão diferentes como para serem considerados duas línguas independentes? Escritores Galegos de Expressão Portuguesa. Xavier Frias Conde
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Galego reintegrado • O galego reintegrado possui uma norma autónoma
• Ortografia portuguesa • Pronúncia galega • Léxico galego com frequentes incorporações do português • Fazem-se escolhas portuguesas frente às espanholas (carro ~ coche, copo ~ vaso, etc.) • Léxico tipicamente galego: aginha (PT asinha), bico, acougar, daquela, etc.
• Morfologia própria do galego: falache, comeche, partiche; trouxem, dixem; falárom ~ falaram.
• A norma não é homogénea ainda. Oscila-se entre galego reintegrado e português da Galiza Escritores Galegos de Expressão Portuguesa. Xavier Frias Conde
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Questão de ortografia? PORTUGUÊS PADRÃO
GALEGO REINTEGRADO
GALEGO ILG
O temível dragão Kilokombo acabou indo ao psiquiatra após perder a autoestima. Cada vez que o dragão atacava o seu pior inimigo, o cavaleiro Levedoso, este usava o seu lume tremendo para preparar uns ovos estrelados e coxas de frango na grelha.
O temível dragom Kilokombo acabou indo ao psiquiatra após perder a autoestima. Cada vez que o dragom atacava o seu pior inimigo, o cavaleiro Levedoso, este usava o seu lume tremendo para preparar uns ovos estrelados e coxas de pôlo na grelha.
O temíbel dragón Kilokombo acabou indo ao psiquiatra após perder a autoestima. Cada vez que o dragón atacaba o seu peor inimigo, o cabaleiro Levedoso, este usaba o seu lume tremendo para preparar uns ovos estrelados e coxas de polo na grella.
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Visão sobre a prol e contra a Lusofonia
LUSOFONIA Norma reintegrada
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Norma isolacionista
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Escritores galegos de expressão portuguesa
Mario Herrero Valeiro
Carlos Quiroga Teresa Moure Verónica Martínez Delgado Escritores Galegos de Expressão Portuguesa. Xavier Frias Conde
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Escritores galegos de expressão portuguesa
Ramiro Vidal Alvarinho
Séchu Sende
Pedro Casteleiro
Ramiro Torres
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O reintegracionismo e a oficialidade • A única norma oficial para o galego é a do ILG-RAG • Uso administrativo (Governo autónomo, instituições) • Uso escolar/académico • Uso literário
• A norma reintegrada não tem qualquer valor oficial • Uso literário • Uso em eventos • Uso nas redes sociais
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Panorama editorial
As editoras que apenas aceitam as edições na norma isolacionista representam entre 80 e 90% do mundo editorial galego. As editoras espanholas que publicam em galego, por exemplo LIJ, só utilizam a norma oficial.
Editoras
Só em Reint.
Só em ILG
Xerais
Galaxia
Ed. Embora
Sotelo Blanco
Editoras estatais
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Através Ed.
Sem obriga
Laiovento
Urco
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No decénio 2005-15 aumentou consideravelmente a produção em galego reintegrado. Um dos fitos foi a criação da primeira editora para textos reintegrados, a Através Editora.
Tipos de textos
Textos
Oficial
Textos administrativos
Literatura convencional
Literatura infantil
Reintegrado
Textos adcadémicos
Jornais
Redes sociais
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Literatura convencional
Textos académicos
Jornais
Redes sociais
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Literatura e norma • Não dispomos de estudos estatísticos, mas vamos medir as edições com os seguintes valores: 0 (mínimo) ~ 5 (máximo) a partir das nossas próprias observações Reintegrado
Isolacionista
Literatura infantil
0,5
4,5
Narrativa adultos
1,5
3,5
Poesia
2
3
Ensaio
1,5
3,5
Jornalismo
1,5
3,5
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O que envolve ser escritor em reintegrado na Galiza? • Amiúde não ser considerado autor da literatura galega. • Não dispor de acesso a 85% das editoras. • Não dispor de muito público leitor na Galiza, porque as pessoas não estão educadas na norma reintegrada. • Não ter acesso a subsídios nem prémios (a grande maioria exigem que os textos sejam redigidos na norma oficial). • Ostracismo.
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O que envolve ser escritor em reintegrado em Portugal/Brasil? • Não são aceites textos escritos numa norma diferente da portuguesa ou da brasileira. • Os autores galegos são considerados escritores espanhóis e, portanto, escritores estrangeiros.
• Existem traduções de galego para português e de português para galego.
• Ter imensas dificuldades para o acesso a • O público leitor • As editoras • As livrarias
de facto são os agentes da literatura
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Por que ser escritor em reintegrado na Galiza? • Se tudo parece estar contra, é um ato de masoquismo? • Motivos para escrever em reintegrado • Visão universal da lusofonia • Convicção lusófona.
• Procura de um público potencial de 250 milhões de leitores frente aos 2,5 milhões que leem com a grafia oficial • Fazer parte de correntes e tendências literárias universais • Não ser considerado um escritor menor que escreve numa língua menor • O galego como assimilado ao espanhol, como dialeto e como subcultura.
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Quais as soluções? • Aceitar desde a Lusofonia que o galego faz parte dela • Com uma norma portuguesa autónoma • Com a norma isolacionista
• Não existe qualquer história da literatura galega redigida em português
• Promover ainda mais encontros
• Já se fazem ao nível de escritores • Não há encontros institucionais demais • ILP Valentim Paz-Andrade
• Fazer publicidade da literatura galega nos países de língua portuguesa Escritores Galegos de Expressão Portuguesa. Xavier Frias Conde
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Quais as soluções? • Introduzir estudos de literatura galega nos currícula dos países lusófonos (pelo menos na universidade). • Profundar na ideia que o galego faz parte da Lusofonia nos média. • Incluir a literatura galega na crítica. • Se calhar: um padrão literário português que permita um uso literário? • Português da Galiza: sobre o padrão português europeu, galeguizar o português principalmente no léxico.
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E isto não se pode ler em Portugal/Brasil? Vou ter que mudar de ofício. Nom podo ser tradutor. Cada vez que procuro algo no Google, este ri-se de mim. Mata-me assim a autoestima.
"Acouga ho. Embora eu seja vegetariana, meus pais som carnívoros", dixo-me a minha moça, mas nom me explicou que, ademais de carnívoros, eram canibais
Como sou abstémio, nom banho as penas em álcool. Banho-as em café. O ruim é que assim as malditas nunca adormecem.
Quando cativo quiso ser pirata. Quando moço quiso ser rico. Quando maior combinou ambos os desejos: hoje é banqueiro.
© Frantz Ferentz Escritores Galegos de Expressão Portuguesa. Xavier Frias Conde
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A mesma coisa em português da Galiza? Vou ter que mudar de ofício. Não podo ser tradutor. Cada vez que procuro algo no Google, este ri-se de mim. Mata-me assim a autoestima.
"Acouga, ho. Embora eu seja vegetariana, meus pais são carnívoros", disse-me a minha moça, mas não me explicou que, ademais de carnívoros, eram canibais
Como sou abstémio, não banho as penas em álcool. Banho-as em café. O ruim é que assim as malditas nunca adormecem.
Quando cativo quis ser pirata. Quando moço quis ser rico. Quando maior combinou ambos os desejos: hoje é banqueiro.
© Frantz Ferentz Escritores Galegos de Expressão Portuguesa. Xavier Frias Conde
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Obrigado / Gracinhas pela vossa atenção
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