Espaços de (in)visibilidade na produção de narrativas visuais: Fotojornalistas e fotógrafos populares nas favelas cariocas

May 27, 2017 | Autor: Alice Baroni | Categoria: Fotojornalismo, Favelas Cariocas, fotografia popular, narrativas visuais
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      SBPJor  –  Associação  Brasileira  de  Pesquisadores  em  Jornalismo   14º  Encontro  Nacional  de  Pesquisadores  em  Jornalismo   Palhoça  –  Unisul  –  Novembro  de  2016  

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Espaços  de  (in)visibilidade  na  produção  de  narrativas  visuais:   Fotojornalistas  e  fotógrafos  populares  nas  favelas  cariocas     Alice Baroni1

Resumo: O artigo explora as práticas e discursos dos fotojornalistas e fotógrafos populares, com o intuito de refletir sobre espaços de (in)visibilidade nas narrativas visuais sobre as favelas do Rio de Janeiro. A partir de conversas informais, entrevistas em profundidade e interpretação discursiva de vasto material visual não-editado, examinamos as práticas de trabalho desses dois grupos de fotógrafos, em um contexto de fluidas relações de poder e disputas territoriais entre traficantes, milicianos e policiais. O principal argumento deste artigo é que a produção de narrativas plurais sobre as favelas realizada por fotojornalistas e fotógrafos populares contribui com a luta diária de seus moradores pela garantia de direitos fundamentais. Palavras-chave: fotojornalismo; fotografia popular; narrativas visuais; favelas; Rio de Janeiro

1. Introdução O julgamento, tortura e morte do jornalista investigativo Tim Lopes em junho de 2002 foi um divisor de águas na relação entre a mídia hegemônica e os moradores das favelas cariocas. Por outro lado, o trágico episódio pouco influenciou as práticas de produção de conteúdo de dentro das favelas. Naquela época, a Agência de Notícias 1

Pós-doutoranda do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio. Doutorado em Filosofia (2014) pela Queensland University of Technology (QUT). Integra o grupo de pesquisa Teorias do Jornalismo e Experiências Profissionais. E-mail: [email protected]

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das Favelas e o Viva Favela, projeto da organização não-governamental Viva Rio, tinham acabado de ser instituídos, e o Imagens do Povo só iria ser fundado em 2004. Este artigo explora as práticas e discursos dos fotojornalistas de diferentes jornais impressos no Rio de Janeiro e também dos fotógrafos populares, formados pela Escola de Fotógrafos Populares, da agência-escola Imagens do Povo, com o intuito de refletir sobre espaços de (in)visibilidade nas narrativas visuais sobre as favelas. O fotógrafo popular é um fotógrafo profissional independente cujas práticas e rotinas de trabalho não são impostas por organizações de mídia. Isto é, um fotógrafo que controla o seu próprio fluxo de trabalho. O primeiro grupo são fotojornalistas que trabalham em jornais hegemônicos no Rio de Janeiro. O fotojornalista é um fotógrafo profissional cujas práticas são moldadas pela cultura profissional inerente às redações de organizações hegemônicas de mídia (BARONI, 2015). A agência-escola Imagens do Povo foi fundada em maio de 2004 pelo renomado fotógrafo documentarista João Roberto Ripper. Com o apoio da organização não-governamental Observatório de Favelas, localizada na Nova Holanda, no Complexo da Maré, a Escola de Fotógrafos Populares já formou mais de 200 moradores de favelas e periferias. Muitos deles se tornaram, posteriormente, multiplicadores de saberes, não, simplesmente, na Maré, mas em outras localidades. Este estudo reúne conversas informais, entrevistas em profundidade e interpretação discursiva do material visual não-editado e dois filmes do documentarista Guillermo Planel. Foram entrevistados 13 fotógrafos, três excoordenadores do projeto Imagens do Povo e o seu fundador, João Roberto Ripper. Para a interpretação discursiva, obtivemos, aproximadamente, 50 horas de video produzidos por Planel durante o seu processo de pesquisa e filmagem para o documentário Vivendo um Outro Olhar, que contém uma série de entrevistas e fóruns com fotógrafos populares e fotojornalistas. As entrevistas foram realizadas por Planel entre setembro 2008 e dezembro de 2009. Utilizamos também o documentário Abaixando a Máquina: Ética e dor no fotojornalismo carioca, que nos serviu como importante fonte de pesquisa para este trabalho.

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Abaixando a máquina: Ética e dor no fotojornalismo carioca (PLANEL, 2007) explora o modo como os fotojornalistas da imprensa hegemônica documentam as favelas e as questões éticas que permeiam a sua atividade no que concerne à cobertura da violência armada e também da dor alheia. O filme apresenta uma série de entrevistas com renomados fotojornalistas que tem uma longa trajetória na cobertura de confrontos sociais no Rio de Janeiro. Por outro lado, Vivendo um outro olhar (PLANEL, 2010) apresenta o modo como os fotógrafos populares documentam a vida cotidiana de suas comunidades. Similar ao Abaixando a Máquina, esse documentário reúne uma série de entrevistas com os fotógrafos populares, artistas, fotógrafos estrangeiros, professores universitários e moradores de favelas que falam sobre os seus modos de perceber as favelas e como as favelas e seus moradores são representados na imprensa hegemônica, além do direito dos moradores de favelas de se auto-representarem. Este artigo está dividido em três seções. Após apresentarmos algumas narrativas institucionais e midiáticas sobre as favelas produzidas desde o estabelecimento da primeira favela do Rio de Janeiro em 1897, Morro da Providência, refletiremos sobre as práticas desses dois grupos de fotógrafos em um contexto de fluidas relações de poder e disputas territoriais entre traficantes, milicianos e policiais, que constituem a violência urbana no Rio. Por fim, discutiremos os espaços de (in)visibilidade na cobertura visual das favelas cariocas e a importância da produção de narrativas plurais para a defesa dos direitos humanos.

2. As favelas cariocas e suas narrativas Zaluar e Alvito (2006) apontam que após três anos da fundação do Morro da Providência, conhecido, em um primeiro momento, como Morro da Favela, as narrativas dos jornais hegemônicos já apresentavam o local como um espaço perigoso, que deveria ser evitado. De modo similar, Valladares (2005) investiga as representações sociais sobre as favelas desde o seu mito originário: a Guerra de Canudos (1893-1897).

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O termo favela origina-se no Morro da Favela, onde as tropas do governo observavam o cotidiano dos canudenses no vilarejo de Canudos, que situava-se em um vale. Favela é também o nome de uma planta, um arbusto, muito comum na região do levante sertanejo, que deu origem ao nome ‘favela’, como reconhecemos hoje em dia. Com o fim da rebelião, no dia 1 de outubro de 1897, os soldados retornaram ao Rio de Janeiro, capital do Brasil à época, com o intuito de pressionar o governo federal a pagar os prometidos soldos e, assim, construíram casas, que se pretendiam ‘temporárias’, em um morro no bairro do Santo Cristo. Os soldados ao olharem as suas casas, as consideraram parecidas com as dos canudenses e, assim, denominaram o local ‘Morro da Favela’. Nas investigações de Williams (2008) e Valladares (2008) sobre as narrativas discursivas sobre as favelas, as autoras apontam que elas tendem a sucumbir a mitos e clichés. Três mitos dominam a percepção popular sobre as favelas. O primeiro as apresentam como espaços irregulares de transgressão ocupados ilegalmente, onde os residentes possuem baixa qualidade de vida. O segundo consolida a ideia de marginalidade e pobreza, reafirmando a associação entre moradores de favelas e vagabundos, incapazes de se integrar à sociedade carioca. O terceiro concebe a palavra favela no singular, ao invés de favelas, negando a multiplicidade e diversidade dessas comunidades. Mais recentemente, a cidade do Rio de Janeiro começou a ser reconhecida como uma ‘cidade partida’, termo que foi cunhado pelo jornalista Zuenir Ventura (1994/ 1995) em obra de mesmo nome. A metáfora sobre a cidade partida vem ganhando importância devido aos conflitos sociais, a desigualdade e, principalmente, a violência armada nas favelas (PEIXOTO, 2007, p. 170). Por outro lado, Zaluar e Alvito (2006) observam que, ao longo do século XX, as favelas foram tomando espaço no imaginário urbano como locais de epidemia de doenças; espaços, por excelência, de bandidos e vagabundos, onde a promiscuidade reina sem limites. No Rio de hoje, os traficantes substituem os vagabundos de outrora contribuindo com a escalada da violência (PEIXOTO, 2007, p. 171).

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Com o advento das plataformas e tecnologias digitais, iniciativas comunitárias foram capazes de formar produtores de media nas favelas. Significa uma transformação da produção da notícia que antes acontecia de fora para dentro, i.e., as favelas eram apresentadas, re-presentadas, pela mídia hegemônica, para o surgimento da contrainformação, quando os próprios moradores de favelas narram as suas próprias experiências cotidianas. Projetos como o Viva Favela e o Imagens do Povo buscam inspiração na terceira geração de direitos humanos que contém o clamor pelo direito à comunicação. Iniciativas como essas objetivam responder ás desigualdades sociais e digitais, apoiar a democratização da comunicação e, principalmente, servir à dignidade de indivíduos e grupos marginalizados. Na próxima seção iremos explorar como o processo da escalada da violência, envolvendo traficantes e policiais no Rio de Janeiro, culminou com o rompimento entre as organizações de mídia hegemônica e os moradores das favelas, após o assassinato do jornalista Tim Lopes.

3. A escalada da violência e a ruptura com a mídia hegemônica A campanha denominada O Rio contra o crime promovida pela Rede Globo em parceria com o IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, foi para Valladares (2008, p. 10) a expressão pública do sentimento de insegurança que vinha sendo gestado nas principais cidades brasileiras desde 1984. O crescimento da violência individual e de gangues, como sequestros, massacres e arrastões, que se alastraram nas praias de Copacabana e Ipanema. Por outro lado, acompanhou-se o envolvimento de policiais em corrupção, suborno, além de outras atividades criminosas, que foram denunciadas por ONGs nacionais e organizações de direitos humanos internacionais. Segundo Zaluar (2005) e Misse e Lima (2006), o crescimento da violência urbana no Brasil não pode ser compreendido, simplesmente, como um resultado da transição da ditadura militar para o subsequente processo de redemocratização do país. Eles argumentam, no entanto, que a escalada é devida ao tráfico ilegal de drogas. 5

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Antigos membros da ditadura militar tomaram parte em grupos de extorção, envolvendo-se no jogo do bicho e, mais tarde, no tráfico de drogas. Esses grupos de extorção executaram traficantes e impuseram o compartilhamento dos lucros das drogas. Misse e Lima (2006) identificaram duas fases distintas do mercado de drogas do Rio de Janeiro. A primeira, entre os anos 1970 e 80 foi comandada pelo Comando Vermelho e a segunda teve o seu início com o processo de segmentação do mercado da cocaina, quando diferentes grupos criminosos, i.e., Terceiro Comando e Amigo dos Amigos, começam a combater para disputar o controle sobre o território do tráfico com o Comando Vermelho. A essa transição acompanhou-se a escalada de confrontos armados nas favelas cariocas, particularmente, entre os anos de 1985 e 1992, envolvendo gangues rivais e a polícia. A repressão policial contra as gangues do tráfico combinada com as negociações de ‘mercadorias políticas’, i.e., fugas facilitadas, armas, documentos oficiais, etc, no dizer de Misse e Lima, compõem o cenário da violência sob o qual a economia da corrupção reina. Mas para os fotojornalistas entrevistados que trabalham em jornais cariocas hegemônicos, a escalada da violência chegou ao seu limite com o assassinato de Tim Lopes, no dia 3 de junho de 2002. Lopes Já havia sido ameaçado por traficantes devido à reportagem A Feira das Drogas que ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, em dezembro de 2001. Mas mesmo assim Lopes seguiu com a sua matéria investigativa sobre a exploração sexual de adolescentes em bailes funk nas favelas do Rio. Na quarta vez que ele retornou à Vila Cruzeiro, em junho de 2002, Lopes foi sequestrado e levado para a favela da Grota, no Complexo do Alemão, onde o ‘dono do morro’ Elias Pereira da Silva, conhecido como Elias Maluco, residia. Após passar pelo tribunal do tráfico, Lopes foi condenado à morte e reconhecido como um ‘x9’, um traidor. Por ser um ‘x9’, o jornalista foi morto brutalmente com uma espada e o seu corpo foi queimado. Os restos mortais foram enterrados em um cemitério clandestino. O caso Tim Lopes provocou um debate intenso entre diferentes grupos da sociedade civil, jornalistas e acadêmicos no Brasil, no que concerne às precauções de segurança para jornalistas, os métodos utilizados por eles, como o uso ou não da 6

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câmera escondida e os limites da cobertura de matérias investigativas em áreas de alto risco (MORETZSOHN, 2003). Há também um consenso entre os fotojornalistas entrevistados para a pesquisa que o caso Lopes marcou a ruptura entre as organizações de mídia hegemônica e as favelas (AGUIAR; BARONI, 2015). Em entrevista a um dos autores, o fotojornalista Wilton Júnior da Agência Estado narrou o processo da escalada da violência nas favelas, o caso Tim Lopes e a subsequente ruptura entre a mídia hegemônica e essas comunidades. ao passar da década de 80, as coisas foram piorando, por quê? Muito antes do Tim Lopes. O narcotráfico, de uma maneira geral, cada vez mais se armando; o Estado, a polícia, perdendo credibilidade, por quê? Porque cada vez mais você escuta história de policiais envolvidos com tráfico de drogas, policiais pegando dinheiro, porque eles usam um termo... ‘arrego’. Pegando um ‘arrego’ do tráfico para funcionar. Aí o tráfico vai... dá dinheiro para o policial dá dinheiro dá dinheiro, aí, num determinado dia, ele fala assim: ‘Oh não vou dar mais´. Não dá por um motivo qualquer. Os caras vão lá... matam um inocente daquela comunidade. Aí a comunidade vai... queima ônibus, faz isso e aquilo, e nada é feito. Só que, nesse meio, tá a imprensa, e a imprensa começa a cobrir e toda vez que ela vai cobrir, ela vai muito onde a polícia tá. Chega os jornais onde a polícia tá... a comunidade, de uma maneira geral, começa a generalizar. Pô, os jornalistas só vem aqui com a polícia. Só vem aqui com a polícia. E o mesmo policial que vai lá é o mesmo que estava ontem pegando o dinheiro e apertando a mão do traficante. Essas coisas, elas foram crescendo, ao longo do tempo, até chegar o episódio do Tim Lopes. Um jornalista, que um ano antes, tinha feito uma matéria que ganhou um prêmio, que era a feira do pó na favela da Grota (Complexo do Alemão), e foi pego na favela Vila Cruzeiro, um ano depois. Torturado e assassinado. Só que ele é pego e o tráfico em si, a bandidagem, o classifica como... um termo que eles usam... se chama X9, ou seja, um delator, uma pessoa que tá ali para entregar aquelas pessoas. Então, aí, o abismo, realmente, que estava sendo cavado, ele, de fato, foi concretizado naquele momento. E ficou aquela coisa assim, não pode mesmo. E aí, por uma questão de segurança, você não vai mais porque antes você até se esforçava, ia fazer... ‘ah não, a gente não tá aqui com a polícia, mas vai fazer um personagem outro dentro da comunidade’, mas ainda existe um acordo [entre jornalistas e membros da Associação de Moradores], mas, a partir da morte do Tim Lopes, isso tem que acabar. (WILTON JÚNIOR, entrevista, 10 de dezembro de 2010)

Após esse dramático episódio, algumas organizações de mídia modificaram as suas normas e rotinas de trabalho e, algumas delas, proibiram repórteres e fotojornalistas de fazerem matéria nas favelas. Apesar da proibição, as entrevistas mostraram que alguns fotojornalistas, que se sentiam comprometidos com os moradores de favelas, continuaram a buscar as suas fontes de informação nessas 7

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comunidades, independente delas possuírem a Unidade de Polícia Pacificadora ou UPP. Esse programa do governo do estado do Rio de Janeiro, que teve o seu início em 2008, encorajou o retorno da imprensa às favelas ‘pacificadas’, apesar dos repórteres e fotojornalistas decidirem se entrarão ou não nas favelas. Por outro lado, a morte de Tim Lopes pouco modificou as rotinas dos moradores de favelas, que são as maiores vítimas das disputas armadas entre traficantes, policiais e, mais recentemente, milicianos, que acontecem em suas comunidades. Como mencionado na introdução do artigo, no momento da morte de Lopes, o projeto Viva Favela estava iniciando as suas atividades e o Imagens do Povo somente seria fundado em maio de 2004. Em entrevista à autora, Ratão Diniz, que se formou pela Escola de Fotógrafos Populares e hoje é foto-documentarista independente, pontuou: _Cara, às vezes, eu ouço falar assim, pô, você não fotografa o tráfico lá não onde você mora?´ Eu falo: ´Cara, eu não fotografo não. Nem em outro lugar, sabe por quê? Porque eu tô há seis anos construindo uma relação para mim ter entrada em qualquer lugar que eu desejar, entendeu. E eu não quero desconstruir por um erro que eu possa cometer. E, ao mesmo tempo, também, eu tô lá dentro, entendeu, eu moro lá na Maré. Se eu fotografo, eu vou ser cobrado por aquilo que eu fiz, por aquele erro que eu cometi, entendeu. Se eu não morrer, eu vou ser taxado como um repórter e nunca mais eu vou entrar em outra favela, porque isso vai circular, saca. (RATÃO DINIZ, entrevista, 11 de novembro de 2010)

É muito interessante quando Diniz diz que ele será ´taxado como um repórter´, que reflete um processo de desconstrução da relação de confiança entre a mídia hegemônica e os moradores de favelas no Rio de Janeiro. Esse processo inicia-se nos anos 80, com a entrada da cocaína nos morros e o crescimento dos confrontos armados nas favelas até desembocar no caso Tim Lopes, quando acontece a ruptura. Nesse momento, os repórteres e fotojornalistas começam a ser identificados como ‘x9’, delatores, perdendo o acesso nessas comunidades, que resulta em uma perda de confiança na imprensa por parte de seus residentes. No debate que ocorreu no Ceasm – Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré, em 2009, reunindo fotojornalistas e fotógrafos populares, Francisco Valdean,

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que coordena o banco de imagens do Imagens do Povo, falou das dificuldades que os moradores da Maré enfrentam em sua vida cotidiana. a gente que mora na favela, o chorume do poder chega aqui com mais intensidade. Por exemplo, se tem um discurso, isso a nível de estado, não sei, que, por exemplo, problema da favela é o tráfico de drogas. São os grupos armados. Então, a gente combate a favela por conta dos grupos. Só que se você for pegar, por exemplo, os casos, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, você tem diferenciações nesses grupos, isso falando na favela. Só que a atuação do estado, ela é a mesma. Então, assim, esse argumento, ele para mim não vale. Eu que moro aqui na Maré, esse chorume, ele chega com mais intensidade para mim. Inclusive com os grupos armados que aqui atuam. A Maré se mobiliza contra isso, sempre se mobilizou. Então, assim, você ainda tem a questão do estado que combate essa violência e quem tá aqui? Você faz um muro para quem passa na linha vermelha, mas quem está aqui dentro, meu deus? [Francisco Valdean in (PLANEL, 2009)]

O depoimento de Valdean expressa a luta dos moradores de favelas para serem reconhecidos como cidadãos. O governo do estado do Rio de Janeiro financiou a construção dos muros na linha vermelha, alegando que a medida isolaria o barulho proveniente da pista de alta velocidade. Na época, os moradores se mobilizaram contra a decisão, mas não foram ouvidos. A fala de Valdean ilumina a impotência dos moradores de favelas e/ou fotógrafos populares perante os grupos armados que disputam o território. Tanto Valdean quanto Diniz enfatizaram a questão de ‘serem moradores da Maré’ e, logo, estarem inseridos em regras próprias do cotidiano desses lugares. Diniz enfatiza o cuidado em não ‘cometer erros’, para não ter de responder por eles. O cuidado em não cometer erros expressa o modo como os fotógrafos populares decidem não, simplesmente, o que fotografar, ver e dar a ver, como do mesmo modo, como fotografar.

4. Narrativas visuais e os espaços de (in)visibilidade Há pelo menos uma década, criminalistas começaram a se debruçar e a refletir sobre o poder, a força e a espetacularização da imagem. Hayward (2010, p. 6) nos diz sobre a multidimensionalidade do visual; podendo as imagens serem utilizadas tanto 9

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para servir quanto para criticar e diminuir o Estado. Já Campbell (2013, p. 35) enfatiza o caráter performático do crime, bem como, a sua capacidade de provocar experiências corporais, pelo seu poder de afetos. Para ela, “o crime desterritorializa espaços familiares do cotidiano e o seu efeito transgressor hibridiza as coordenadas da ordem espacial”. Em outras palavras, o crime tem o poder de nos afetar, excitar-nos, ameaçar-nos, deixar-nos raivosos, chocar-nos; o crime, por ser performático, redesenha o modo como a cidade pode ser pensada/ teorizada. A partir de um outro enfoque, Foucault (1967), em Des spaces autres, chama a nossa atenção para o caráter heterogêneo do espaço. “[V]ivemos no interior de um conjunto de relações que definem as localizações irredutíveis de um e de outros e absolutamente não sobrepostos”. Esses autores nos convocam a pensar sobre dimensões distintas do visual e também sobre a fluidez de relações de poder que desenham e re-desenham as relações que compõem os espaços sociais, bem como, o nosso entendimento sobre eles. A fluidez de relações interpessoais e de poder na constituição de espaços simbólico-sociais combinado ao caráter performático do crime contribui para a nossa reflexão sobre as práticas dos fotojornalistas e fotógrafos populares nas favelas. Isto se dá devido à fluida configuração de contextos e relações de poder nesses espaços, que influencia o modo de inserção, perspectiva e documentação sobre os acontecimentos, por esses dois grupos de fotógrafos. O caso Tim Lopes, por exemplo, ilustra muito bem o caráter performático do crime e o modo como os traficantes ‘educam’ os moradores de favelas e os outsiders, i.e., jornalistas, pesquisadores, curiosos, etc, sobre as suas próprias leis e possíveis consequências de sua transgressão. O ritual da morte de Lopes, que vai do sequestro no baile funk até a sua tortura e morte com uma espada, que realiza uma verdadeira via crucis do corpo, redesenhou não, simplesmente, o espaço da favela da Grota, no Complexo do Alemão, mas as relações entre a ‘cidade formal’ do Rio de Janeiro e as favelas. Rompeu o relacionamento entre a imprensa hegemônica e seus moradores; redesenhou a maneira como os moradores percebiam a imprensa e como deveria ser o relacionamento

entre

moradores

de

favelas

comandadas

pelo

tráfico

e

(foto)jornalistas, reforçando a ideia da ‘cidade partida’. 10

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A imprensa hegemônica se afasta das favelas nesse momento e as iniciativas de dentro, particularmente, o Imagens do Povo, fundado em 2004, nasce com o intuito de produzir contrainformação, criticar os discursos, as visualidades, estabelecidos, e formar fotógrafos documentaristas provenientes das favelas; para que eles pudessem exercitar o olhar sobre si mesmos e sobre as suas comunidades. Nesse percurso de descoberta da fotografia, os participantes da Escola de Fotógrafos Populares começam aos pouco ganhando espaço em suas comunidades para fotografar; construindo diálogo com os moradores; e recebendo a aceitação silenciosa dos grupos armados do tráfico. Eles documentam as lutas diárias do moradores de favelas, o seu cotidiano e sua ‘história dos fazeres’, no dizer de J.R. Ripper. Surge, com isso, uma produção, um arquivo visual, sobre as belezas das favelas e seus moradores: os mutirões, as celebrações, as rotinas da vida, os jogos de criança, as festas populares, etc. Mas, aos poucos, o mostrar as belezas dá espaço para outros olhares e, assim, os fotógrafos começam a documentar as várias violências as quais os seus moradores são submetidos. Não as disputas territoriais entre diferentes grupos do tráfico e os conflitos armados entre esses grupos e/ou também entre traficantes e policiais, mas as violências das remoções, do descaso; da falta de infraestrutura, saneamento básico; violências provenientes de violações de direitos fundamentais. Aqui os fluidos espaços das favelas são significados e re-significados; nesse espaço do convívio humano que não é um espaço vazio, como bem aponta Foucault, mas que se dá como um emaranhado de relações que configuram e re-configuram a posição de cada um nesse espaço simbólico/ geográfico de relações humanas e significados, os fotógrafos populares pensam e re-pensam o seu próprio habitar no mundo. Nas palavras de Ratão Diniz: para mim, representa uma coisa muito forte... que é esse processo mesmo de valorizar onde eu moro. Não é um olhar tipo, sabe, eu vou salvar a minha comunidade, não é isso. Não é esse discurso que eu quero colocar não. É um discurso de busca de identidade mesmo, assim, de pertencimento meu, assim, sabe. E eu acho muito legal uma coisa também, às vezes, não é sempre que acontece isso, mas vira e mexe aparece... não só isso acontece comigo, mas também com pessoas que eu fotografo, né. Se reconhecem na foto e falam: _’Cara, que bacana, né, assim, favela.. Não é só a violência’. (RATÃO DINIZ, entrevista, 11 de novembro de 2010)

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As iluminações/ visibilidades de certas dimensões do cotidiano das favelas mostradas na produção dos fotógrafos populares deixa na obscuridade, no entanto, uma série de violações de direitos humanos e abusos de poder cometidos por policiais, traficantes e, mais recentemente, milicianos. Os conflitos armados e as disputas territoriais ainda permanecem como pautas da imprensa hegemônica. A partir de 2008, com a instauração do programa de polícia pacificadora (UPP) houve um processo lento de retorno das organizações hegemônicas de mídia para as favelas, que não tem se mostrado muito promissor. À morte de Lopes, seguiu-se a tortura do motorista, repórter e fotojornalista do jornal O Dia, na favela do Batan, zona Oeste do Rio, por membros da milícia. Eles investigavam as suas práticas criminosas na comunidade quando foram abordados por milicianos e brutalmente torturados. Em novembro de 2011, o cinegrafista da Band, Gelson Domingos da Silva, foi morto na favela de Antares, também na zona Oeste, enquanto cobria uma troca de tiros entre policiais e traficantes. Recentemente, em fevereiro de 2014, outro cinegrafista da Band, Santiago Ilídio Andrade, foi atingido por um rojão na cabeça, enquanto filmava o confronto entre manifestantes e policiais no centro do Rio. Andrade foi submetido a uma cirurgia, mas subsequentemente teve morte cerebral. Em setembro de 2014, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro divulgou uma nota pedindo o fim da violência contra jornalistas. A instituição registrou 110 casos de violência contra jornalistas, freelancers, bloggers, e jornalistas amadores, desde maio de 2013. “Dessas agressões, 68% foram cometidas pela polícia, 29% por manifestantes e 3% por outros agentes” ("End all violence against journalists! ," 2014).

5. Considerações finais A importância em produzir narrativas plurais sobre as favelas está na possibilidade de prover a sociedade carioca e suas autoridades com perspectivas múltiplas sobre os seus moradores, pondo em questão discursos estabelecidos que insistem em criminalizar indivíduos e grupos provenientes desses espaços. O 12

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reconhecimento das favelas como parte integrante da cidade do Rio de Janeiro tem o potencial de influenciar políticas públicas de segurança e as relações entre cidadãos de dentro-e-de-fora das favelas. A fotografia documental popular apresenta um grande potencial em manifestar o bem-querer que questiona representações estabelecidas que associam as favelas como espaços exclusivos da violência e os seus moradores como potenciais criminosos. Por outro lado, o fotojornalismo hegemônico é de grande importância para trazer à discussão as disputas territoriais armadas entre traficantes, policiais e milicianos, bem como, cobrar das autoridades a investigação e punição dos assassinatos extrajudiciais e outras violações de direitos humanos cometidas nessas localidades. A fotografia popular e o fotojornalismo hegemônico, assim, devem ser concebidos enquanto dobra e não enquanto dicotomia, pois manifestam dimensões variadas da realidade social. Uma não exclui a outra, mas dialogam, complementamse, complexificam o pensar, as representações, e os discursos. Entretanto, a simbiose entre a corrupção, a impunidade policial e a presença de diferentes grupos armados, que vem ameaçando, agredindo, torturando e matando (foto)jornalistas profissionais e amadores ao longo dos anos, ameaça não, simplesmente, o direito à comunicação, mas também a liberdade de expressão no Brasil. Os moradores de favelas vem resistindo às violações de direitos humanos em suas comunidades; coletivos de mídia tem feito uso das mídias sociais e plataformas digitais para denunciar ameaças e assassinatos extrajudiciais cometidos por membros das Unidades de Polícia Pacificadora. Seria importante investigar o modo como a mídia hegemônica está utilizando o material visual sobre crime produzido e enviado para as redações pelos moradores de favelas, e como essas novas formas de comunicação e plataformas digitais vem redesenhando o fotojornalismo hegemônico. Outro tópico a ser explorado seria como os media tradicionais e novos poderiam contribuir para o diálogo social e o bem-querer, através de uma metodologia participativa, que envolvesse membros dos media hegemônico e comunitário.

Referências 13

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