Espetáculos e Celebrações e as Políticas Públicas de Fomento da Economia Criativa: Contribuições A Partir do Estudo da Casa da Ribeira, em Natal/RN

June 3, 2017 | Autor: C. Rn | Categoria: Cultural Studies, Políticas Públicas, Economia Criativa
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Descrição do Produto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE-UFRN CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES-CCHLA DEPARTAMENTO POLÍTICAS PÚBLICAS GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

RYDAN ANDREZA COSME DA SILVA

ESPETÁCULOS E CELEBRAÇÕES E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO DA ECONOMIA CRIATIVA: CONTRIBUIÇÕES A PARTIR DO ESTUDO DA CASA DA RIBEIRA, EM NATAL/RN

Natal RN 2015 1

RYDAN ANDREZA COSME DA SILVA

ESPETÁCULOS E CELEBRAÇÕES E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO DA ECONOMIA CRIATIVA: CONTRIBUIÇÕES A PARTIR DO ESTUDO DA CASA DA RIBEIRA, EM NATAL/RN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Superior de Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais como requesito parcial à obtenção do título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz

Natal RN 2015

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RYDAN ANDREZA COSME DA SILVA

ESPETÁCULOS E CELEBRAÇÕES E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO DA ECONOMIA CRIATIVA: CONTRIBUIÇÕES A PARTIR DO ESTUDO DA CASA DA RIBEIRA, EM NATAL/RN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Superior de Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do título Bacharel em Gestão de Políticas Públicas.

Natal, 07 de dezembro de 2015.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Professor Doutor Fernando Manuel Rocha da Cruz (Orientador – UFRN/CCHLA/DPP)

___________________________________________ Professora Doutora Sara Raquel Fernandes Queiroz de Medeiros

(Examinadora Interna – UFRN)

___________________________________________ Professora Mestra Érica Priscila Carvalho de Lima (Examinadora Externa)

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UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede Catalogação da Publicação na Fonte

Silva, Rydan Andreza Cosme da. Espetáculos e celebrações e as políticas públicas de fomento da economia criativa: contribuições a partir do estudo da Casa da Ribeira, em Natal/RN / Rydan Andreza Cosme da Silva – Natal, RN, 2016. 49 f.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz. Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Curso de Gestão de Políticas Públicas. 1. Economia criativa – Monografia. 2. Políticas públicas – Monografia. 3. Cultura – Monografia. 4. Espaço Cultural Casa da Ribeira – Monografia. I. Cruz, Fernando Manuel da. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BCZM

CDU 351:39(813.2)

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Dedico toda minha formação pessoal e profissional à minha mãe Francisca Lucia, pessoa guerreira, gentil e meu ponto de equilíbrio para todos os momentos, me incentivou e apoiou para a realização de mais um sonho, minha graduação. 5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado saúde e discernimento para superar as dificuldades e adversidades encontradas ao longo de minha vida.

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Aos meus pais, Francisca Lucia Cosme da Silva e Francisco Cosme da Silva, por todo o incentivo, apoio e amor dedicados a mim para alçar novo projetos. Aos parentes, ao esposo Alex Rodrigues de Araújo e aos amigos pela força e compreensão pelos momentos de ausência nesta fase de encerramento de graduação, agradeço aos meus colegas de curso de Gestão de Políticas Públicas demonstrando companheirismo que me propulsionou e auxiliou para finalizar o trabalho de conclusão. A universidade e ao corpo docente pela oportunidade de vislumbrar um futuro com formação diferenciada tendo como foco o ser humano, agradeço pela prestatividade para sanar as dúvidas que surgiram, principalmente, ao meu orientador Fernando Manuel Rocha da Cruz por acolher todos aqueles que o solicitaram e auxiliar com tanta dedicação seus orientandos. A todos que diretamente e indiretamente contribuíram para minha formação pessoal e acadêmica, os meus mais sinceros agradecimentos.

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“A mente que se abre a uma nova ideia jamais votará ao seu tamanho original.” (OLIVER WENDELL HOLMES) 7

RESUMO

A economia criativa chega ao Brasil e se institui no ano de 2012 com a criação da Secretaria de Economia Criativa, órgão vinculado ao Ministério da Cultura. A partir de então definiu-se seu escopo e conceitos levando em consideração a especificidade cultural do país. Classificaram-se os seus setores criativos, sendo um deles, espetáculos e celebrações, nos quais o Espaço Cultural Casa da Ribeira se enquadra. É a partir da experiência deste empreendimento que se forja este estudo, tendo em vista investigar, com a metodologia da pesquisa qualitativa, através das técnicas de entrevista e da observação, o desenvolvimento das políticas públicas de fomento da economia criativa na cidade do Natal. Além disso, são objetivos da pesquisa identificar as atividades da Casa, contextualizar o empreendimento e compreender como a referida ONG contribui para dinamizar o setor criativo dos espetáculos e celebrações. Como resultado, salientamos a divergência das políticas públicas da cultura entre os poderes públicos, no que diz respeito às parcerias e ao fomento das atividades criativas.

Palavras-chave: Cultura. Economia Criativa. Políticas Públicas.

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ABSTRACT

The creative economy arrives in Brazil and is established in 2012 with the creation of the Creative Economy Department, an agency under the Ministry of Culture. From then set up its scope and concepts taking into account the cultural specificity of the country. They were classified by their creative sectors, one of them, shows and celebrations, where the cultural space “Casa da Ribeira” fit. It is from the experience of this enterprise that forges this study in order to investigate, with the methodology of qualitative research, through the techniques of interview and observation, the development of public policies to encourage the creative economy in the city of Natal. In addition, research objectives are to identify the activities of the “Casa da Ribeira”, contextualize the project and understand how the NGO helps to streamline the creative sector of shows and celebrations. As a result, we stress the divergence of public policies of culture between the public authorities, with regard to partnerships and the promotion of creative activities.

Keywords: Culture. Creative Economy. Public Policy.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Vista geral da praça Augusto Severo----------------------------------------------25 Figura 2 – Teatro Alberto Maranhão-------------------------------------------------------------25 Figura 3 – Casa da Ribeira ------------------------------------------------------------------------26 Figura 4 – Detalhes da Rua Frei Miguelinho --------------------------------------------------26 Figura 5 – Vista do público e palco --------------------------------------------------------------29 Figura 6 – Detalhe do palco -----------------------------------------------------------------------29 Figura 7 – Café Cultural ----------------------------------------------------------------------------29 Figura 8 – Sala de Exposições -------------------------------------------------------------------29 Figura 9 – Prevenção contra incêndio ----------------------------------------------------------30 Figura 10 – Acervo Literário------------------------------------------------------------------------30

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SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 2.ECONOMIA CRIATIVA .......................................................................................... 15 3. A CASA DA RIBEIRA: ASPECTOS HISTÓRICOS, PROJETOS E AS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO CULTURAL ................................................ 24 3.1 Aspectos Históricos e Projetos da Casa da Ribeira ......................................... 24 3.2 Políticas de Desenvolvimento Cultural ............................................................. 31 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 39 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 43 6. APÊNDICES ........................................................................................................ 46

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1. INTRODUÇÃO

O tema das políticas públicas tem sido objeto de debate nos diversos setores da sociedade brasileira, passando pelas universidades, escolas especializadas (de governo, por exemplo), envolvendo o parlamento e outros segmentos da sociedade civil organizada. Dentre as questões abordadas por esses debates, a que trata da pasta cultural, pelas evidências dos fatos, é a que menos tem recebido destaques, especialmente da parte do Poder Público. E por que ao Poder Público recai a maior crítica desse enunciado? Ora, é ele o ente que, no processo decisório, pode atuar como inibidor das ações de políticas públicas – no caso, de cultura – ou se constituir o principal responsável pelos projetos e iniciativas de fomentos, para assim atender às demandas da pasta em apreço. Mas os fatos denunciam as poucas iniciativas das políticas culturais, sobretudo, quando o recorte se trata do município de Natal/RN. Apesar do potencial atrativo da cidade, com suas belezas naturais e riquezas do seu patrimônio cultural, com diversas expressões artísticas e da tradição do nosso povo, o que se verifica é um certo desinteresse no incremento de prioridades que fomentem esse potencial econômico. Assim, o presente trabalho permeia o campo relativamente novo da economia: A criativa. Sua conceituação e associação com as políticas públicas serão discorridas mais adiante, no capítulo 1. Mas antes disso, ressalva-se que o trabalho tem como objeto de estudo o Espaço Cultural Casa da Ribeira, situada na Zona Leste da cidade do Natal/RN, localidade esta inserida no entorno da área de interesse do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura. Trata-se, portanto, a sede da Casa da Ribeira de um estabelecimento tombado e, dessa forma, protegido por legislação específica. Em outras palavras, o trabalho abraça basicamente três campos do conhecimento humano, quais sejam, o de políticas públicas, estando este associado ao da economia criativa, e finalmente o campo da cultura. Essas abordagens foram desenvolvidas com a seguinte estrutura: uma introdução, dois capítulos e uma 12

conclusão, além dos elementos pré e pós-textuais, incluindo nestes o apêndice com o roteiro da entrevista e os anexos contendo algumas fotos. Com relação aos capítulos deste trabalho, o primeiro trata da revisão da literatura, onde foram apresentados os conceitos das principais abordagens referidas no parágrafo anterior (políticas públicas, economia criativa e cultura), constituindo, dessa forma, a fundamentação teórica do trabalho. Quanto ao segundo capítulo, destacaram-se a caracterização sociodemográfica da localidade onde está inserido o objeto de estudo, a análise e discussão dos resultados da pesquisa de campo, nesse caso, as entrevistas. Dois principais questionamentos provocaram a tomada de decisão para o desenvolvimento do trabalho em curso, ou seja, a pergunta de partida se desdobrou em duas curiosidades, que posteriormente foram investigadas. A primeira quis saber como a Casa da Ribeira financia as atividades artísticas e culturais do espaço que administra? Em seguida, qual a relevância e aplicabilidade das políticas púbicas de fomento da economia criativa nas atividades culturais e artísticas desenvolvidas no referido espaço? A busca das respostas sobre o financiamento e a relevância das políticas públicas que contemplassem o interesse do objeto de estudo em discussão, possibilitou a análise dessas políticas, e com isso constituir o objetivo geral do trabalho, qual seja, analisar as políticas públicas de fomento da economia criativa relativamente às atividades culturais realizadas no Espaço Cultural Casa da Ribeira, em Natal/RN. Quanto aos objetivos específicos, o trabalho se desdobra visando também conceituar as políticas públicas de fomento da economia criativa; contextualizar histórica e geograficamente o Espaço Cultural Casa da Ribeira, Natal/RN; identificar as atividades culturais promovidas no referido espaço cultural; criticar as atividades do Espaço em apreço, a partir do viés das políticas públicas de fomento da economia criativa; e compreender o modo como o Espaço Cultural Casa da Ribeira contribui para promover o desenvolvimento econômico, social e cultural local. Para o alcance desses objetivos e o desenvolvimento do trabalho, foram adotadas na metodologia a observação in locu, a revisão bibliográfica – incluindo

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pesquisa na internet – e também a pesquisa qualitativa, contendo um roteiro de questionamentos na aplicação das entrevistas. Na observação in locu, foram feitos registros fotográficos do Espaço Cultural Casa da Ribeira, bem como do seu entorno. Na ocasião, verificou-se os ambientes internos que constituem o estabelecimento, que ora passam por reparos e pinturas (vê fotos em anexo). No capítulo 2 consta a descrição do imóvel em detalhes. Dentre as referências bibliográficas elencadas, ressalva-se a página virtual do Espaço Cultural em debate, cuja consulta valeu para enriquecer as informações, tanto para a parte textual do trabalho como para subsidiar a conversa com o Presidente da ONG, Henrique Fontes, na ocasião da entrevista. O tipo da pesquisa escolhida fora a qualitativa no formato de entrevista. No seu delineamento, determinou-se quem serão pesquisados e quais as questões comporão o roteiro da entrevista. Como o método cuida de um estudo de caso, a técnica de coleta de dados aplicada destinou-se a uma população-alvo limitada, constituída basicamente de três entrevistas individuais. As entrevistas individuais aplicadas corresponderam ao Presidente/Diretor Artístico e Educativo do Espaço Cultural Casa da Ribeira, Henrique Fontes, ao Diretor Geral da Fundação José Augusto, Rodrigo Bico, e a um grupo cultural que não atue regularmente na referida ONG. A análise dessas entrevistas está inserida com detalhes no capítulo dois do presente trabalho. Assim, espera-se que ao final deste estudo, seus objetivos tenham sido alcançados em parte, uma vez que outras expectativas foram geradas, cujo resultado depende de um tempo mais longo, isto é, outras ações são necessárias, mas que elas não se enquadram, enquanto obrigações acadêmicas impostas ao formando.

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2. ECONOMIA CRIATIVA A existência dos seres humanos como espécie estaria comprometida se não fosse sua capacidade de pensar, uma vez que não tem muitos dos atributos de outros animais que vivem ou convivem no planeta Terra. Com sua mandíbula relativamente fraca, comparada aos ferozes felinos, como sobreviveria a espécie humana sem a inteligência que supera seus pontos fracos? Martinez (2010, p.9) explica: “as fraquezas levaram a humanidade a criar os instrumentos, extensões de si mesma, que hoje culmina em invenções... Já a proximidade por um longo período com os filhos e grupos tornou-se uma forma de compartilhar a cultura, isto é, o conjunto de padrões de comportamento, conhecimento, crença, costumes, etc, que distingue um grupo social do outro. ”

E há quem duvide das conclusões de Charles Darwin, quanto aos mais fortes que sobreviveram no processo de evolução das espécies. Certamente esse enunciado não combina bem com o atributo da criatividade. Esta sim, possibilitou ao homem a sobrevivência e o domínio sobre a natureza. O fato é que o homem avançou na história das civilizações usando suas mãos, sob o comando da inteligência para transformar a realidade. De nômades à espécie humana conseguiu se fixar, passando a cultivar a terra, e assim dar início à agricultura e criações. Conquistou os mares e inventou a escrita, tecnologia que permitiu unificar e transmitir saberes. Os avanços progridem em ciclos cada vez mais curtos, novas fontes energéticas mudam a forma de vida social. A eletricidade modifica a sociedade que acelera a urbanização e as relações de trabalho. Como afirma Martinez (2010, p.14): “Não é mais a criação única do artesão que interessa, mas produtos de baixo preço derramado em quantidade no mercado”. Entra em cena o paradigma capitalista com foco no individuo como protagonista na produção das riquezas. A relação entre o capital e a força de trabalho avança já não sendo uma relação de subordinação plena. Agora ela está mediada por contratos, onde as partes firmam entendimentos, onde de um lado respondem os patrões e do outro a 15

representação dos trabalhadores (o sindicato). Nasce a convenção coletiva de trabalho. Mas nem sempre os acordos se dão em bases conciliáveis. Daí a necessidade da intervenção estatal como afirma Assis (2000, p.37): “...o garantidor do contrato, em última instância, é a lei, e leis, mesmo quando referidas há relações internacionais, são prerrogativas dos estados nacionais”. O solidarismo emerge nesse contexto, com a categoria política reflexa da sociedade contratualista. A cooperação, como imperativo da convivência social, está implicada profundamente nas novas relações, valendo-se da criatividade das partes envolvidas. E cita o referido autor: “numa sociedade como as da Europa do Norte, especialmente a alemã, isso se tornou realidade desde pós-guerra, mediante o sistema de co-gestão e do contrato ou convenção coletiva de trabalho, mediados pelo sindicato. (ASSIS, 2000, p. 16). Mas a compreensão desse solidarismo ainda não constitui uma economia baseada na participação dos lucros não só entre os que trabalham na empresa ou que nela investiram os próprios talentos, criatividade, esforços e poupanças, mas também entre outros cidadãos necessitados, excluídos do processo produtivo tradicional que alimenta o capitalismo. Uma economia que encoraja a todos – mesmo aqueles que, segundo o pensamento geral, nada têm para investir – a entrarem no sistema econômico com pleno direito, na qualidade de pequenos acionistas das empresas, cuja propriedade está distribuída entre muitas pessoas. Uma economia que, embora mantendo a propriedade privada de cada cidadão, reage contra o superpoder do capital sobre o trabalho, inibindo a exploração sem medida e promovendo a lógica gerencial sob o princípio da ética, do talento, da criatividade, do capitalismo de mercado voltado para as potencialidades humanas. Quisera que o solidarismo venha impor ao mercado o ideal dessa economia de ganhos, se utilizando da sensibilidade criativa das forças produtivas para o bem da coletividade. Dessa forma, as Organizações Não-Governamentais – ONGs, poderiam constituir parte da resposta para esse apelo em prol da economia colaborativa. No contexto da economia criativa as ONGs vêm contribuindo com as parcerias focadas no campo da cultura. Tratando-se especificamente sobre essas organizações. Tenório (2002, p. 11) apresenta o seguinte conceito: 16

“As ONGs caracterizam-se por serem organizações sem fins lucrativos, autônomas, isto é, sem vínculo com o governo, voltadas para o atendimento das necessidades de organizações de base popular, complementando a ação do Estado. Tem suas ações financiadas por agências de cooperação internacional, com função de projetos a serem desenvolvidos, e contam com trabalho voluntário.”

Mas, em termos de eficácia, ainda são questionáveis os resultados dessas organizações na economia; e em eficiência, elas apresentam também algumas limitações na área administrativa, como desempenho gerencial, profissionalização de pessoal, diminuição de custos indiretos entre outros, como avalia o Banco Mundial e, conforme esclarece Tenório (2002, p. 14-15). Nesse sentido, para superar esses desafios, as ONGs têm que pensar em acrescentar novos instrumentos de gestão nas suas atividades, trabalhando por meio de redes, de forma a compartilhar ou dividir mercados, como orienta o citado autor. Em outras palavras, o homem tem que se valer, mais uma vez, da criatividade para superar suas limitações e desafios impostos pelo “novo” habitat: o ambiente organizacional. Sternberg (apud MARTINEZ, 2010, p.16), discorrendo sobre a criatividade do povo alemão afirma que “uma ideia é considerada nova se contribui com elementos úteis para a solução de um problema.” Diferente da visão anglo-saxã, donde se vê o empreendedor individual com exemplo a ser imitado e celebrado. Nesses termos, pode-se concluir que há duas formas de criatividade: uma de caráter individualista voltada para superar desafios profissionais e pessoais. E a criatividade social, de alcance coletivo,“...aquela que produz descobertas, seja no campo das ideias ou nas práticas que rompem padrões e melhoram a vida em sociedade.” (MARTINEZ, 2010, P. 22). Notadamente, em qualquer uma das formas, a criatividade é o elemento que faz a diferença, e isso pressupõe a ação do conhecimento. Com o acúmulo do conhecimento o homem cria ou inova bens de consumo e serviço, sejam para atender necessidades individuais ou da coletividade. Peter Drucker, num discurso entusiasmado sobre a economia do conhecimento faz referência ao trabalhador que se utiliza do saber para se diferenciar dos demais. Explica Drucker (2011) que esse 17

trabalhador tem a posse dos meios de produção e os leva consigo. Sim, o indivíduo dotado de conhecimento tem potencial criativo e naturalmente está mais apto a protagonizar as mudanças. No contexto da organização, a complexidade cultural que permeia a sua dinâmica operacional não favorece ao processo de mudança, constituindo uma força resistente às inovações. E mais uma vez Peter Druker argumenta: “...para os gerentes, a dinâmica do conhecimento impõe um imperativo claro: toda organização precisa construir a administração da mudança em sua própria estrutura. Por outro lado, isto significa que toda organização precisa se preocupar para abandonar tudo o que faz. Os gerentes precisam aprender a questionar a cada poucos anos, todo processo, produto, procedimento e política...” (DRUKER, 2011, p. 43).

De fato, na lógica da sociedade contemporânea, onde a inovação dos bens e serviços aparece com certa celeridade, as organizações devem se planejar para inventar e reinventar produtos, eliminando, para tanto, o obsoleto, seja um bem ou serviço, uma política econômica ou mesmo até uma prática bem-sucedida. Isso requer novas estratégias que importam a dedicação à criatividade. Howkins (2013, p. 13) também afirma que “as pessoas com ideias se tornam mais poderosas do que aquelas que operam máquinas e, em muitos casos, até mais do que aquelas que possuem máquinas”. A criatividade por si mesma não se configura uma atividade econômica, a não ser que seu resultado tenha uma implicação econômica ou um produto comercializável. Mas não é só. Ainda é necessário a existência do ambiente favorável para florescimento da criatividade, e ela é mais presente onde é mais recompensada. Tal argumentação traz a ideia de fomento. Daí porque a necessidade de políticas públicas apropriadas para o desenvolvimento da economia criativa. No caso em estudo, a Casa da Ribeira como um Ponto de Cultura, é o ambiente que favorece o florescimento da criatividade (artística), mas se o meio for desprovido de fomento, indubitavelmente seu produto, enquanto um bem do mercado cultural e criativo, estará fadado ao fracasso. Tanto Howkins (2013) como Druker (2011) apontam um paralelo entre o indivíduo e a organização. Para o primeiro, as pessoas e as organizações criativas 18

se assemelham cada vez mais às empresas, e estas, por sua vez, ficando cada vez mais dependentes da criatividade. Druker afirma que os trabalhadores de conhecimento estão avançando e determinando o formato das organizações empregadoras bem-sucedidas. Tais enunciados explicam, de certa forma, a resistência da ONG Casa da Ribeira, uma vez que seus dirigentes fazem uso da criatividade para manter o empreendimento em atividade. Há três condições essenciais para todos os tipos de criatividade, afirma Howkins. A personalidade é uma delas, pois na atividade produtiva o ser criativo imprime sua característica peculiar, seja no resultado (produto acabado) ou no processo (modo de fazer). Outra condição diz respeito à originalidade. Howkins ressalta a diferença entre novidade e unicidade, onde o primeiro tem a ver com o ineditismo, algo diferente, renovado. Quanto ao segundo, implica noção de absoluto, algo notadamente nunca visto. No entanto, o referido autor é cético nesse absolutismo da criatividade: “o mundo é muito vasto e muito dinâmico – repleto de ideias para sermos capazes de dizer definitivamente em todos casos se uma coisa é realmente original e outra não.” (HOWKINS, 2013, p. 30). Quanto ao terceiro critério, está relacionado ao significado que se dão aos inventos. Aqui Howkins se refere à utilidade da criatividade. Sim, para que um certo produto seja criativo na lógica econômica, é de se esperar que haja nele um agregado valor, cuja utilidade justifique o preço de aquisição. Nota-se, nesse argumento, a relação da criatividade com a economia, entendida como um sistema para a produção, troca e consumo de bens e serviços. Ainda

sobre

os

estudos

da

criatividade,

Howkins

aponta

algumas

características, das quais a de que ela serve para divertimento. Nesse sentido, ele levanta um olhar entusiasta sobre o futuro da economia criativa, inclusive, projetando esta como setor dominante no século XXI. Alguns fatores foram e continuam sendo decisivo para tal enunciado, e o primeiro deles “...é a maneira como evoluímos como seres vivos e sociais”, explica Howkins (2013). Ele fundamenta sua tese nos estudos do psicólogo Abraham Maslow que trata da ascensão das necessidades do homem, cuja trajetória parte dos níveis mais básicos (necessidade de sobrevivência), até chegar às necessidades de crescimento pessoal. O autor faz um paralelo com a ideia de Maslow, apresentando a evolução 19

da economia criativa, que sai de um patamar elementar (estágio incipiente com pouca expressividade econômica), evolui para uma posição mais significativa, agora com um certo empoderamento, aumentado os investimentos destinados, cada vez mais, para a prática do lazer, capaz de proporcionar o bem-estar psicossocial e melhor qualidade de vida ao cidadão. A procura pelo lazer tornou imperativo com o capitalismo industrial. Este separou os espaços de moradia e trabalho. Dessa forma, o cidadão para dispor de tempo para atividades transformou-se em necessidade para recompor as forças despendidas no trabalho. Daí afirmar-se o conceito de lazer, que ganha o sentido de tempo livre para que os indivíduos possam viver melhor, isto é, o lazer se torna um bem de consumo, gerando um mercado para iniciativas tipo casas de espetáculo, atividades turísticas etc. Esses setores culturais estão se tornando cada vez mais competitivos, atuando na economia de mercado para atender as necessidades de entretenimento. Por outro lado, vem empregando força de trabalho, onde os jovens, sem oportunidade de emprego – principalmente em épocas de crise econômica – estão buscando outras opções de trabalho, e muitos encontram nos setores criativos, com possibilidades de recompensa econômica bem satisfatória. Nesse entendimento, e para se ter uma ideia da criatividade capitalista, quando se trata de aproveitamento de mão de obra, Flórida anuncia: “O capitalismo também expandiu seus horizontes para abarcar talentos de grupos marginais e inconformista que até agora eram excluídos. Com isso, desencadeou outra reviravolta impressionante: levou os que antes eram vistos como rebeldes excêntricos atuando à margem para o centro do processo de inovação e crescimento econômico...o indivíduo criativo não é mais encarado como iconoclasta; ele – ou ela – faz parte da nova cultura predominante.” (FLORIDA, 2011, p. 5-6).

Dados divulgado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, através do Guia do Empreendedor Criativo (2014), revela que o mercado cultural tem se desenvolvido significativamente em diversos estados e municípios brasileiros. Consequentemente, o empreendedor cultural vem se beneficiando desse mercado criativo, uma vez que atua como mobilizador de 20

recursos econômicos e criativos, assumindo, desta feita, o papel de gestor e organizador desses empreendimentos de pequeno e médio porte. E o mais interessante é que os negócios se dão em bases sustentáveis. Assim, o empreendedor cultural se desdoba em dois campos distintos dessa dinâmica produtiva da criatividade, quais sejam, o da economia que se entrelaça com a administração e o campo da cultura. De fato, o empreendedor cultural no contexto da economia criativa, se articula com

outros colaboradores,

igualmente atores

de

negócio, como artistas,

patrocinadores, operadores de serviços técnicos e gerais e público interessado. Nesse entrelaçamento se constitui a cadeia produtiva, gerando emprego e renda, promovendo o desenvolvimento econômico e cultural da localidade. Diferentemente das organizações empresariais, o empreendimento cultural impõe outra lógica de dinâmica e de localidade, como afirma Florida: “...as pessoas, na medida em que são a principal fonte de criatividade, representam o principal recurso da era nova. Essa constatação tem amplas consequências, por exemplo, na geografia social e econômica, bem como nas características da comunidade (FLORIDA, 2011, p. 6). “Os indivíduos criativos, por sua vez, não se concentram onde estão os empregos. Eles se reúnem em centros de criatividade e onde gostam de viver.” (FLORIDA, 2011, p. 7).

Em termos de área cultural, voltando ao documento publicado pelo SEBRAE anteriormente citado – desde os anos de 1980 que a indústria cultural vem sendo conhecida por abranger uma diversidade de área, tais como a música, a arte, a escrita, a moda, o design e as indústrias da mídia (rádio, publicações, produção cinematográfica e televisiva...). Ressalva-se que a noção dessa economia da cultura fundamentou o conceito de economia criativa, popularizada com a obra do britânico John Howkins, em 2001 (publicada no Brasil com o título Economia Criativa: Como ganhar dinheiro com ideias criativas). O tema abrange não só bens e serviços culturais produzidos por setores dessa indústria em comento, mas outras formas de manifestações da criatividade que estão além do domínio da cultura. No Brasil, a economia criativa se institucionalizou a partir do ano de 2012, com a criação da Secretaria da Economia Criativa, Órgão do Ministério da Cultura. 21

Mas era preciso definir o conceito de economia criativa em termos de brasilidade, considerando as particularidades culturais e outras características relevantes à identidade nacional. Dessa forma, conforme cita o Plano da referida Secretaria, a primeira tarefa dela era de forjar os fundamentos da economia criativa baseada nos princípios da inclusão social, sustentabilidade, inovação e diversidade cultural brasileira. Um outro entrave a ser considerado, ainda conforme o Plano, era a terminologia, uma vez que a economia criativa se originou da cultura anglo-saxã, e daí, as traduções das publicações certamente poderiam gerar incompreensões semânticas, como, por exemplo, o termo “indústria criativa”, onde na língua inglesa “indústria” significa setor, mas no Brasil tem outro significado (atividade fabris de larga escala). Assim, adotou-se “setores criativos” para representar um conjunto de empreendimentos da economia criativa. O Plano da Secretaria também ressalva a importância da distinção entre setores econômicos tradicionais e os setores dotados de atividades criativas, tendo em vista constituir um escopo de atuação daquela instituição. Assim, define-se setores criativos “aqueles cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de um produto, bem ou serviço, cuja dimensão simbólica é determinante do seu valor, resultando em produção de riqueza cultural, econômica e social.” (BRASIL, 2012, p. 22). Dessa forma, criou-se um escopo separando aquelas atividades ligadas diretamente com o processo criativo, ou seja, os Setores Criativos Nucleares, e aquelas que não estão nesse hall de atividades, mas que se conectam de alguma forma, os chamados Setores Criativos Relacionados. O primeiro compõese: A – Patrimônio Natural e Cultural; B – Espetáculos e Celebrações; C – Artes Visuais e Artesanatos; E – Design e Serviços Criativos; F – Audiovisuais e Mídias Interativas. Quanto ao segundo (Setores Criativos Relacionados), tem-se o escopo G – Turismo e o H – Esporte e Lazer. Além desses dois setores, no escopo geral também inclui os Setores Transversais constituídos do Patrimônio Imaterial; Educação e Capacitação; Registro, Memória e Preservação; Equipamentos e Materiais de Apoio (BRASIL, 2012, p. 27) Nesse contexto, chega-se à classificação dos setores criativos propriamente dito, onde o Plano em discussão faz referência ao relatório publicado pela 22

Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD -, relativos aos anos 2008 e 2010. No documento, os setores criativos estão agrupados nas seguintes áreas: Patrimônio, Artes, Mídias Criações Funcionais. Na área de Patrimônio classificam os setores criativos relativos aos Sítios Culturais e Manifestações Tradicionais; na área das Artes, classificam as Artes Visuais e Artes Performáticas; na área das Mídias, classificam as Publicações e Mídias Impressas e os Audiovisuais; na área das Criações Funcionais, classificam o Design, Serviços Criativos e as Novas Mídias, de modo que se constituem nove setores criativos. Finalmente, com o escopo montado para tratar a economia em questão, o Plano da Secretaria estabelece a definição de economia criativa nos seguintes termos: “...partindo das dinâmicas culturais, sociais e econômicas construídas a partir do ciclo de produção, distribuição/circulação/difusão/fruição de bens e serviços oriundos dos setores criativos, caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica.” (BRASIL, 2012, p. 23). Para Cruz (2014), “...propomos que a economia seja definida pelas atividades econômicas que têm como objeto a cultura e a arte, ou que englobam elementos culturais ou artísticos de modo a alterar o valor do bem ou serviço prestado.” Como se observa, ambas as definições ressaltam o valor simbólico da cultura e da arte, que se agrega à economia, seja através de um bem de consumo ou serviço. Algumas medidas foram avaliadas como desafios para o desenvolvimento da economia criativa no Brasil, conforme o Plano da Secretaria em comento, tais como: “1º - Levantamento de informações e dados da economia criativa; 2º Articulação e estímulo ao fomento de empreendimentos criativos; 3º Educação para competências criativas; 4º - Infraestrutura de criação, produção, distribuição, circulação e consumo/fruição de bens e serviços criativos; 5º - Criação/adequação de Marcos Legais para os setores criativos.” (BRASIL, 2012, p. 36-37).

Trata-se, portanto, de um novo olhar sobre o empreendedorismo de forma sistematizada, com a lógica da economia colaborativa, envolvendo governo (com suas políticas públicas de cultura) e sociedade, procurando revelar modelos de negócios inovadores. Muitas Organizações Não-Governamentais - ONGs, se 23

instituíram com esse propósito, como é o caso da Casa da Ribeira. Nela, como não envolve a criação de um objeto a ser consumido, como ocorre com um produto tangível, a atividade passa, necessariamente, pelo talento e criatividade cultural, especificamente vinculada ao ramo artístico das artes performáticas, dos espetáculos e celebrações. Diante do que foi dito, em resumo, a economia criativa vincula-se ao processo de formulação, implementação e avaliação de políticas públicas, tendo em vista atender a determinada demanda socioeconômico e cultural. No estudo em debate, a ONG Casa da Ribeira trabalha com a cultura do espetáculo, sendo parte da sua missão promover o desenvolvimento econômico e cultural da cidade do Natal/RN, com respaldo na inclusão social, sustentabilidade, inovação e diversidade da cultura.

3. A CASA DA RIBEIRA: ASPECTOS HISTÓRICOS, PROJETOS E AS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO CULTURAL

3.1 Aspectos Históricos e Projetos da Casa da Ribeira

O Espaço Cultural Casa da Ribeira foi fundado no dia seis de março de 2001, sendo sediada na Rua Frei Miguelinho, 52, no bairro da Ribeira, Natal/RN. O casarão que abriga o empreendimento fora construído em 1911, de estilo neoclássico, recentemente tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional – IPHAN, passando, desde então, a constituir patrimônio cultural brasileiro. Para compreensão desse valor histórico e patrimonial, e entendendo o tema como também parte integrante da cultura patrimonialista e imaterial, se faz necessário proceder ao retrospecto do tempo e do espaço construído. Até porque qualquer estudo que envolva o bairro da Ribeira, não se deve deixar de fora sua história, cujo tempo primordial coincide com as origens históricas da cidade do Natal/RN.

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Fig. 01 - VISTA GERAL DA PRAÇA AUGUSTO SEVERO

Fonte: Autoria própria

Fig. 02 - TEATRO ALBERTO MARANHÃO

Fonte: Autoria própria

“E por que a Ribeira?” Pergunta Cascudo (1980, p. 131), que logo em seguida responde afirmando que o nome está associado à praça Augusto Severo, situada entre o Teatro Alberto Maranhão e a antiga Rodoviária (hoje Museu da Cultura Popular). O escritor fala que aquela localidade, em fins do século XIX, era uma campina alagada pelas marés do rio Potengi. E acrescenta: “O português julgava estar vendo uma ribeira, como enxergar um rio no Rio de Janeiro.” (op. cit.). Em vários pontos da Ribeira foram trechos alagados, como constata Miranda (1999), “A rua da Campina, hoje Duque de Caxias, ligava-se à rua da Praia – hoje Silva Jardim, onde a maré tomava conta espraiando-se até as Rocas...” Nesse trecho atualmente funcionam o Banco do Brasil, Receita Federal e a sede do Ministério da Fazenda no RN. Em termos urbanísticos, os historiadores registram que, no início da sua urbanização, Natal seguiu o traçado de ruas estreitas e sinuosas, e que também acompanhava a topografia natural da localidade. Documentos do século XVIII registram que havia plantio de coqueiros, e que “as construções de casas seriam pelas atuais ruas Doutor Barata, Chile e General Glicério. A Ribeira era zona de sítios para plantações...” (CASCUDO, 1980, p. 133).

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Fig. 03 - CASA DA RIBEIRA

Fig. 04 - DETALHE DA RUA FREI MIGUELINHO

Fonte: Autoria própria

Fonte: Autoria própria

Miranda (1999, p.53) revela sobre os primeiros limites da cidade do Natal/RN, envolvendo o bairro da Ribeira: Pela lei provincial n° 118, de 9/11/1844, são fixados os limites urbanos: começam no Baldo até a Gamboa de João da Costinha, hoje praça Augusto Severo, e da margem direita do rio Grande à Estrada Nova ou rua da Aurora, hoje avenida Rio Branco. (MIRANDA, 1999, p.53).

Como se pode ver, Natal começou a se urbanizar a partir desses dois núcleos, quais sejam, Cidade Alta e Ribeira. Ambos sinalizavam formações de atividades comerciais, onde até aos dias atuais perduraram essas características, e sendo localidades de valor histórico, explica hoje o potencial para o desenvolvimento da economia criativa. “A Ribeira conservou os grandes hotéis da época, as casas comerciais, armarinhos, alfaiates, farmácias, clubes de dança...” (CASCUDO, 1980, p. 137). Na arquitetura, a Ribeira se destaca com alguns prédios de estilos neoclássicos. É o caso do Teatro Carlos Gomes (hoje Alberto Maranhão), inaugurado no ano de 1904, construído onde existia um barracão, local que abrigava uns retirantes, conforme Cascudo: “inaugurou-se na noite de 24 de março de 1904, com um festival de caridade. Natal estava cheia de retirantes, pobres sertanejos que a seca arrastara dos lares.” (CASCUDO, 1980, p.200). Fala ainda o historiador que a 26

arrecadação desse espetáculo fora empregada na compra de vestimentas para os pobres retirantes. Com a inauguração do Teatro, algumas companhias foram aparecendo. O maior acontecimento daqueles tempos ocorreu com a encenação da primeira revista teatral de costumes locais, “Natal em camisa”, conforme Cascudo (op. cit.), peça de Segundo Wanderley, a 15 de agosto de 1907, apresentada pela Cia Germano Alves, com a participação de Apolônia Pinto, a primeira atriz. O Teatro fora reformado nos anos de 1910 a 1912, a mando do governador Alberto Maranhão, e no ano de 1946 passa a ter seu aspecto atual. Mudou de nome, sendo agora denominado Alberto Maranhão. “Teatro, edifício, vida teatral, profissionais e amadores...Natal conheceu esse movimento e sempre gostou do assunto”, relata Cascudo (1980, p.195). Os primeiros registros das casas de teatro da cidade tratam do ano de 1841. Diz Cascudo: “...já esse teatro de palha alegrara aos natalenses, com os exemplos de uma distração proveitosa...” (op.cit.). Localizava-se na atual praça Gonçalves Ledo (Cidade Alta), um barracão de palha que, no ano de 1853 é destruído pelo fogo, morrendo também a Sociedade de Teatro Natalense. Em 1880 erguia-se um novo teatro em Natal: o Santa Cruz. Localizado na rua conhecida hoje por João Pessoa (Centro da cidade), de iniciativa particular. O teatro pertencia ao comerciante João Crisóstomo de Oliveira que não pretendia lucrar com o empreendimento. Como relata Cascudo (1980, p. 199), “João Crisóstomo levantou o teatro como os barões feudais abriam uma fonte pública para a sede anônima ou um milionário americano faz passar uma ponte de aço, dando-a aos seus concidadãos.” O teatro Santa Cruz era o orgulho da cidade considerado o melhor prédio particular, a sede artística da sociedade natalense da época. Após a morte de João Crisóstomo, o teatro ficou sob os cuidados do seu filho, José Domingues de Oliveira, mas se desfez dele, vendendo-o quando foi morar em Recife. Fato curioso é que outro teatro sucumbe na cidade do Natal, desta vez, destruído pelas águas da chuva de 1894. A Ribeira nessa época era bairro comercial, e exigia também seu teatro, mas os moradores seguiram a improvisação da Cidade Alta, utilizando armazéns

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comerciais da rua do Comércio (rua Chile) e transformando-os em casa de espetáculos. E afirma Cascudo: “Transformistas, prestidigitadores, chamados popularmente mágicos, cantoras desgarradas, grupinho de artistas, casal de cançonetistas exaustos, esbarravam e faziam pela vida nesses armazéns, ao alto preço de dois mil-réis a cadeira, preço caro se pensarmos no poder aquisitivo da moeda, há meio século”. (CASCUDO, 1980, p. 200)

Da citação de Cascudo exposta acima, conclui-se que o valor considerado alto da pauta cobrada pelas casas de espetáculos já vem de muito tempo. No presente ano de 2015, também se reclama desse valor cobrado pela Casa da Ribeira (R$1.560,00), e o próprio presidente da ONG reconhece que a cifra está além da capacidade financeira dos artistas da terra, o que contribui para a exclusão, indubitavelmente, dos pequenos grupos culturais e artísticos desse cenário. Mas, por outro lado, a referida ONG não busca fins lucrativos. Procura estabelecer parcerias com os grupos menos favorecidos, no trato da ocupação da Casa para eventos culturais e artísticos, e aí se negociam os custos de manutenção. Conforme informações da página virtual da Casa da Ribeira, o casarão de numero 52 da rua Frei Miguelinho nasceu como uma modesta hospedaria em 1911. Depois foi transformado em oficina de navios, e posteriormente ocupado por uma das principais panificadoras do bairro, a padaria Palmeiras. Também o referido prédio serviu de espaço comercial do Armazém Pará, onde se vendia material de construção. A partir de 1988, o casarão deixou de ser ocupado, ficando em completo desuso até à fundação da Casa da Ribeira. O grupo de teatro Clowns de Shakespeare que idealizou o empreendimento recorreu às empresas para viabilizar o sonho de montar uma casa de espetáculos de qualidade técnica. E conseguiu. A primeira empresa que acreditou no projeto foi a Telemar que atuou como copatrocinadora, investindo 90 mil reais. Depois o Armazém Pará que doou 70 por cento do material da obra. Nessas circunstâncias entraram como apoiadores grupos de artistas e amigos. Traçaram uma estratégia de marketing conseguindo envolver veículos de comunicação como as principais redes de radio e TV do estado. Veio a Cosern que decidiu investir com a cota de patrocínio 28

no valor de R$ 326 mil reais, tornando-se a principal empresa patrocinadora. Em seguida a Petrobras firmou seu copatrocínio de R$ 122 mil. Em 6 de março de 2001, após quatro anos de trabalho de captação de recursos e apenas quatro meses de construção, o Centro Cultural Casa da Ribeira foi finalmente inaugurado. Fig. 05 - VISTA DO PÚBLICO E PALCO

Fonte: Autoria própria

Fig. 06 - DETALHES DO PALCO

Fonte: Autoria própria

A Casa da Ribeira comporta no prédio histórico um teatro de 164 lugares, sendo o ambiente climatizado, teto com forro de madeira, sinalizações e equipamento de prevenção contra incêndio. Além deste, fazem parte da estrutura física uma sala de exposições, um laboratório de ideias, um acervo literário com mais de 1.400 títulos e um café cultural. Fig. 07 - CAFÉ CULTURAL

Fonte: Autoria própria

Fig. 08 - SALA DE EXPOSIÇÕES

Fonte: Autoria própria

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Fig. 09 - PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO

Fonte: Autoria própria

Fig. 10 - ACERVO LITERÁRIO

Fonte: Autoria própria

Os projetos desenvolvidos pela Casa resultam de parcerias, com patrocínio de algumas empresas e empreendimentos congêneres. Destacam-se o ArteAção, um projeto educativo desenvolvido nas escolas públicas, com jovens de 14 a 18 anos. Busca ainda, através da arte, envolver a comunidade escolar tendo em vista promover a consciência para a qualidade da educação. O Cena Aberta é um dos maiores projetos realizados pela Casa, disponibilizando 80 ocupações do teatro para os artistas da área de música, dança e teatro, além de outras atividades como seminários, oficinas e workshops. O projeto Cena Aberta Nordeste trabalha a adversidade de gêneros, a inovação e o intercâmbio, cuja disponibilização do espaço é feita através de edital. O critério de seleção passa pela análise da qualidade artística. Com isso, a Casa oferece a oportunidade dos grupos locais e do interior de projetarem suas performances, ideias e espetáculos. Outros projetos interativos se dão com a iniciativa do Circuito Cultural Ribeira, que busca valorizar o bairro, ressaltando seus aspectos históricos e culturais. As edições ocorrem no primeiro domingo de cada mês. O Rede EEI – Encontros de Espaços Culturais Independentes atua na mobilização de parceiros independentes, buscando alternativas de acesso, fruição, formação, produção e difusão da cultura. Ademais, o Cena Contemporânea, o Casa da Ribeira em Cena e o Quando é Arte, também se incluem na agenda dos projetos da ONG, formando o arcabouço de suas ações políticas e administrativas, fomentado, dessa maneira, o desenvolvimento cultural da cidade. 30

3.2 Políticas de Desenvolvimento Cultural Para a investigação do estudo de caso em foco, contou-se com a realização de uma pesquisa de campo de caráter qualitativa, sendo aplicadas três entrevistas, baseadas em um questionário semiestruturado, ou seja, com roteiro de perguntas abertas. Para tanto, foram selecionados três entrevistados, sendo que, para cada um deles foi definido um roteiro de perguntas específicas. Assim, estabeleceu-se o critério comparativo para a investigação da realidade, onde se cruzariam as informações obtidas pela entrevista do presidente da ONG Casa da Ribeira, com as demais entrevistas, quais sejam, a do gestor público – nesse caso, diretor geral da Fundação José Augusto – e a de um usuário do espaço da Casa. Obviamente, cada entrevistado representa o segmento de interesse do estudo em questão. Dessa forma, foram escolhidos o presidente da ONG Centro Cultural Casa da Ribeira, Henrique Fontes; o diretor geral da Fundação José Augusto, órgão responsável pela política de cultura do Estado do RN, Rodrigo Bico; e um ator/diretor, usuário do espaço do estabelecimento em foco, sem vínculo administrativo, Marcos Damasceno. Feitas as entrevistas, agora resta proceder as suas análises. Inicialmente o presidente da ONG, Henrique Fontes, explicou sobre as atividades desenvolvidas no referido empreendimento. Falou que a Casa é um espaço que tem como missão facilitar o acesso ao publico e aos artistas, para a fruição da arte com prazer, conceito que inclui qualidade, compromisso social, sustentabilidade e o pensamento da arte como transformador social, tanto através da formação do público que participa dos eventos, como das parcerias e projetos que vão além das paredes da ONG. Como parece, Henrique Fontes coloca o ideal da Casa, seus propósitos e compromisso social, o que coadunam com os objetivos dos Pontos de Culturas instituídos pelo Ministério da Cultura. Conforme se anuncia na página eletrônica do Órgão, os Pontos de Cultura constituem uma base social capilarizada, com possibilidades de penetração nas comunidades, especialmente nos segmentos sociais mais vulneráveis. Trata-se de uma política cultural que em articulação com programas sociais do governo, pode evoluir para ganhos econômicos, a partir do 31

incremento cultural. Ressalva-se que a Casa da Ribeira tem reconhecimento de utilidade pública e obteve o certificado do Governo brasileiro para atuar como Ponto de Cultura. As parcerias tratadas pelo presidente da ONG, Henrique Fontes, foram também citadas pelo ator Marcos Damasceno, ao responder que na divulgação a Casa da Ribeira é extremamente organizada e conta com parceiros e apoiadores de grande porte. O ator também é da opinião de que a Casa desenvolve uma política de fomento para a arte de representar, considerando esse feito relevante para a cultura da cidade. Da mesma forma, o diretor geral da Fundação José Augusto, Rodrigo Bico, concorda de que haja essa relevância relacionada às ações culturais como a dança, teatro e a música. Apesar dos entrevistados concordarem sobre o compromisso social da Casa, quando esta se propõe a atuar como facilitadora na acessibilidade de artistas e grupos locais, não fica claro quando o próprio presidente admite que o valor da pauta cobrada para a realização de espetáculos, não seja considerado razoável para os usuários menos favorecidos. Explica Henrique que a pauta da Casa é de R$1.560,00 (mil e quinhentos e sessenta reais). Considera esse valor alto para os artistas da terra, infelizmente, mas afirma que é dessa quantia que a ONG também sobrevive. Para reforçar essa contradição, Rodrigo Bico também considera a pauta da Casa da Ribeira de valor elevado, o que compromete o acesso de muitos artistas e com isso provoca o afastamento de grupos menores. Diferente da pauta cobrada pelo Teatro da Cultura Popular, espaço vinculado ao prédio da Fundação José Augusto e que se integra à estrutura organizacional desta, cujo valor é de R$ 500,00 (quinhentos reais). É claro que é preciso levar em consideração as estruturas de ambas as casas, suas dinâmicas de funcionamento, instalações etc., no entanto, a comparação é salutar para se ter uma ideia de valores cobrados para a utilização desses espaços. A Casa da Ribeira não tem fins lucrativos por se constituir uma Organização Não-Governamental. Os recursos oriundos dos projetos são destinados para a manutenção da casa e para a realização dos eventos. Daí porque a dedicação e esforços para a elaboração e aprovação dos projetos, conforme fala o presidente da ONG. Mas, o diretor geral da Fundação Jose Augusto revela que a Casa tem um 32

certo respaldo junto às empresas que atuam no mercado de Natal/RN, favorecendo, desta feita, a aprovação dos projetos que a Casa apresenta através das leis de incentivo a cultura. Nesse sentido, subentende-se que o mercado não se encontra tão fechado para os projetos apresentados pela ONG, e sendo assim, há uma certa fruição dos financiamentos advindos dos patrocinadores locais. Rodrigo Bico admite que o pessoal da Casa da Ribeira sabe muito bem administrar os recursos que são captados, o que só qualifica o trabalho dos administradores da ONG, dotados de profissionalismo de capacitação técnica para lidar com a gestão do negócio. Nesses termos, Bico compara a gestão pública de uma organização não-estatal. Explica o diretor que a burocracia estatal não favorece a agilização dos processos de lidar com verba publica, em virtude da necessidade de se cumprir a legislação, como por exemplo, aquelas que tratam com licitações públicas). O gestor da Fundação José Augusto admite que quatro equipamentos públicos de cultura teatral, que estão sob a responsabilidade do Estado, passam atualmente por problemas de manutenção, em virtude da burocracia que não agiliza as providencias necessárias. De fato, Henrique Fontes não se queixa desses entraves na gestão da sua ONG, o que sinaliza que as tomadas de decisão são mais diretas e desburocratizadas, sem a necessidade de cumprirem procedimentos técnicos rigorosamente regrados por legislação. Nesse caso, o processo de lidar com a celeridade dos atos administrativos é mais favorável às ONGs. Para Marcos Damasceno – que além de ator também exerce um cargo público -, as duas gestões se relacionam de forma profissional. Desconhece se existe apoio direto da Fundação Jose Augusto em beneficio da Casa da Ribeira, o que seria um ato ilícito caso exista. O ator é da opinião de que os recursos públicos não devam favorecer iniciativas privadas particularmente. Nesse caso, qualquer processo de captação de recursos deve sim estar compatível com o que estabelece a legislação competente. Isso é racional, e espera-se que a legislação seja assim cumprida. Mas, não prescinde dos instrumentos de controle, sejam por parte dos órgãos fiscalizadores como da ação individual do cidadão. Nesses termos, a Casa da Ribeira sofreu uma penalidade no ano de 2013, quando fora acusada por um parecer técnico que tratava de desvio dos recursos recebidos dos projetos aprovados. O fato é contado pelo próprio presidente da ONG 33

que se acha injustiçado pelo episódio, uma vez que trouxe desastrosas consequências no funcionamento da Casa. Conforme o parecer, e como revela Henrique Fontes, 43% (quarenta e três por cento) dos recursos captados para a realização do projeto Cena Jovem foram destinados para a conta dos diretores da ONG. Fontes discorda da acusação. O presidente se defende insinuando que é preciso ter “jogo de cintura”, às vezes, quando é preciso, para lidar com decisões políticas. Disse ele que assume a responsabilidade pela própria arrogância e inabilidade no trato da política de conveniência. O fato é que nesse episódio a Casa praticamente encerrou suas atividades, sendo reprovados três projetos no mesmo ano. O processo de apuração foi demorado, se estendendo por oito meses, e assim comprometeu o prazo para a liberação do recurso que seria captado da Petrobras, empresa financiadora. Com a crise, a ONG demitiu seus funcionários. O presidente Henrique considerou a atitude da parecerista irresponsável. Após essa experiência desastrosa, a Casa da Ribeira passou a trabalhar por projetos, e hoje integra seu quadro de funcionários apenas um ASG e uma gerente administrativa, mas contrata temporariamente, quando é preciso outros funcionários prestadores de serviço. Disse o presidente que a duração de cada projeto é de quatro meses. Com isso faz seu planejamento anual, estabelecendo uma meta de se trabalhar três projetos devidamente aprovados. Levando em consideração a estimativa das despesas anuais (para o ano 2012), publicada pela Casa na sua página eletrônica, no valor de R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais), dividindo-se por três, isso corresponde a R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) por projetos. Para se ter uma ideia do volume de recursos dispensados pelos patrocinadores para os projetos da Casa da Ribeira, destacam-se R$ 90.000,00 (noventa mil reais) doados pela Telemar, primeira empresa financiadora da história da ONG, e R$ 122.000,00 (cento e vinte e dois mil reais) proveniente da copatrocinadora Petrobrás, nos primórdios tempos da Casa. Disse o presidente da ONG que, se houvesse políticas de fomento, esse recurso poderia ser garantido: “A Casa da Ribeira, por se constituir um equipamento cultural, poderia ser ocupada para realização de eventos, através de políticas públicas que promovessem a publicação de editais específicos visando tal

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finalidade. No caso, os recursos destinariam à manutenção e ao funcionamento da Casa, como espaço independente, e em contrapartida, esta disponibilizaria toda a estrutura para a realização dos espetáculos e eventos culturais”. (FONTES, 2015).

Henrique Fontes estimou o valor de R$300.000,00 (trezentos mil reais) para essa iniciativa, ficando a Casa disponível para as atividades de terça-feira a domingo, com a presença dos seus funcionários e garantindo o acesso facilitado, com o valor da pauta 50% (cinquenta por cento) a menos do que se paga hoje. Comparou esse valor com o que o governo gasta com banheiros químicos na realização do espetáculo Natal em Natal. E radicalizou: “Em vez de pagar três milhões de reais com um festival musical que se pretende fazer, trazendo Daniela Mercury e Elba Ramalho, com apenas trezentos mil reais se manteria a Casa da Ribeira funcionando o ano todo, além de também assegurar em atividade uma cadeia produtiva. O presidente da ONG não se intimidou em fazer a critica contra as leis de incentivo à cultura. Disse que são os únicos instrumentos que atendem a necessidade de captação de recursos para os fins culturais, mas que deveriam integrar a uma política maior. Conforme as informações constantes no site da Casa, 80% (oitenta por cento) das verbas utilizadas para as atividades do empreendimento é oriundo das leis de incentivo à cultura. 20% (vinte por cento) decorre da pauta. Mas, o presidente foi ainda mais incisivo na crítica contra à maneira de se fazer políticas públicas de cultura em Natal/RN, dizendo que é preciso mudar o paradigma, ao invés da Secretaria de Cultura ser protagonista na produção cultural, que ela seja fomentadora. Acha o presidente um absurdo a atitude de um gestor público se utilizar da lei de incentivo à cultura, para captar recurso da COSERN ou Shopping Midway Mall, tendo em vista a realização de um show. Como exemplo, acusou o Prefeito, considerando imoral sua maneira de captar recursos, através da lei, colocando um projeto debaixo do braço para realização do show dos Paralamas do Sucesso. O nome do Prefeito tem peso na decisão dos patrocinadores, diferente de um simples presidente da Casa da Ribeira. Suspeita o responsável pela referida ONG de haver algum ganho financeiro nessa forma de captação de recurso.

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O gestor publico Bico também é da opinião de que o Estado deva ser o fomentador dessas políticas, uma vez que esses Pontos de Cultura não têm fins lucrativos. Argumentou sobre a importância das verbas publicas chegarem nesses lugares, “...pois quem faz a cultura da cidade são os artistas, suas entidades e associações, pois não dá para o Estado assumir o papel de produtor cultural, mas ser um fomentador de cultura”.

Por outro lado, Rodrigo Bico critica a mídia

globalizada que impõe a cultura de massa, e o Estado, de certa forma, tem culpa nessa historia quando, na verdade, o processo de concessão desses veículos de comunicação social passa pela anuência do poder publico. Afirma Bico que as políticas publicas precisam assumir o papel de reaproximação do povo com sua arte e cultura, fazendo com que os recursos cheguem nesses pontos, ou seja, fomentando os eventos, elaborando e publicando editais e chamamentos públicos, para que o povo possa reatar os laços com suas raízes culturais. Os recursos que mantém a Casa da Ribeira em atividade são provenientes de projetos aprovados, através das leis de incentivo à cultura (Lei 4.838/97 – Djalma Maranhão; Lei 7.799/99 – Câmara Cascudo; Lei 8.313/91 – Rouanet), únicas fontes de financiamento utilizada pela Casa. Portanto, não recebe diretamente nenhum recurso ou apoio por parte de órgãos públicos, é o que afirma o presidente da ONG. Tal argumento se compatibiliza com o que fala o diretor geral da Fundação José Augusto, Rodrigo Bico. Perguntado se a Fundação presta algum tipo de apoio à Casa da Ribeira, ele falou que através da lei de incentivo a cultura Câmara Cascudo. E citou como exemplos o Circuito Cultural da Ribeira, Cena Jovem e Arte Praia. O presidente Henrique contou na entrevista alguns detalhes sobre a programação da Casa que, uma vez contratada, o grupo ou profissionais decidem como vão realizar o evento, durante a temporada de quatro meses. Atualmente existem quatro grupos ocupando os espaços da ONG, com duração prevista de quatro meses. Na opinião de Rodrigo Bico, que também é ator de formação acadêmica (UFRN), “...a programação da Casa sofreu nos últimos anos uma redução do numero de apresentações culturais em virtude das dificuldades da captação de recursos...” (BICO, 2015). Mas no entendimento do ator Marcos, a programação da Casa favorece os grupos que vêm de fora, principalmente do Sul do

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país. Talvez isso seja um dos motivos para manter a pauta elevada, e assim poder cobrir os custos de manutenção do empreendimento. Quanto à divulgação, Henrique Fontes acha isso meio complicado. Quando se tem projeto aprovado está garantido a verba para cobrir as despesas com a divulgação, desembolsando pagamento para folhas de imprensa e profissionais especializados em comunicação. Mas quando não tem recursos assegurados pelos projetos, a Casa se vira como pode, se utilizando dos meios necessários e possíveis para a divulgação. Nesse quesito, Rodrigo Bico informou que a Casa possui um marketing interessante, o site da Casa é didático e comunicativo e atua também através de redes sociais. Falou ainda que o seu pessoal tem acesso à imprensa dessa forma consegue manter seu publico. No ato da visita ao estabelecimento, foram entregues alguns anúncios da programação da Casa, cuja qualidade gráfica não se deixa a desejar. Percebe-se o profissionalismo nesse processo de divulgação, comparado ao material distribuído pelo histórico Teatro Alberto Maranhão e pelo o mais nobre teatro de Natal: Riachuelo. Falou o diretor da Fundação sobre o território da Ribeira, ressalvando a sua dinâmica, funcionando durante o dia como área comercial e a noite, praticamente vazia. Nesse aspecto, o presidente da ONG concordou com a concepção de Bico, denominando de território de resistência. Tem vocação para área cultural, contendo seus bares, restaurantes e clubes, contudo, precisa de investimentos. Mas ressalta: “...tem dois entraves que dificultam o desenvolvimento do bairro: Um está relacionado com as atividades portuária (os investimentos seriam canalizados para essas atividades); o outro é Ponta Negra, também como destaque as belezas naturais que servem como atrativos turísticos. Nesse caso, supõe-se que há um interesse maior para os investimentos em Ponta Negra”. (FONTES, 2015)

As duas concepções convergem em direção a um outro ponto da economia criativa, qual seja, ao do Setor Criativo Relacionado, anteriormente falado. Trata-se do turismo, outro potencial da cidade, e nesse sentido, ambas localidades se portam de maneira diferente. Enquanto Ponta Negra se destaca pelas belezas naturais, atraindo o turista para as praias e serviços de hotelaria e gastronômicos, a Ribeira 37

preserva o sítio histórico, patrimônio arquitetônico, e serviços relacionados às atividades portuárias, sendo que à noite se destaca com ofertas de entretenimentos, incluindo-se no Setor Criativo Nuclear (patrimônio cultural, espetáculos e celebrações). Em se tratando do histórico Teatro Alberto Maranhão (TAM), também localizado na Ribeira, Henrique Fontes não considera um concorrente da ONG. Falou que a Casa, de certa forma, influenciou algumas mudanças na organização do TAM, cintando exemplo do uniforme dos porteiros, quando estes passaram a usar ternos como usam os da Casa da Ribeira. Historicamente não se permitia entrada de público vestindo bermudas no TAM, mas depois do funcionamento da Casa, onde lá não há restrição ao uso dessa vestimenta, o TAM também seguiu o exemplo desta, liberando o acesso da bermuda. Finalmente o presente da Casa critica a falta de vontade política dos gestores público da pasta cultural da cidade. Disse que é preciso um novo entendimento, onde o Poder público passe de protagonista de produção cultural para fomentador. Falou que a política de cultura não tem continuidade em Natal/RN. Tal julgamento não parece contraditório. Pelo contrário, veio confirmar a prática do Poder público municipal, voltado para a cultura e o desenvolvimento da economia criativa. Como prova maior dessa lógica criticada pelo gestor da Casa da Ribeira, é oportuno ser conhecedor da entrevista feita pelo prefeito Carlos Eduardo, publicada no jornal Tribuna do Norte – de propriedade da sua família -, no dia 17 de novembro de 2015. Com o título “Apostas na Economia Criativa”, a matéria deixa claro o tratamento do Executivo para com a cultura da cidade do Natal/RN. Comenta o prefeito ao ser perguntado sobre a relação do investimento próprio versus captação de recursos junto à iniciativa privada: “Este ano estamos com vários patrocinadores. Desde fevereiro, quando vimos a crise e que ela estaria ainda mais aguda no fim do ano, resolvemos trabalhar questão dos patrocínios...o festival literário, os grandes shows, o Natal em Cena, o Cine Natal, o Carnaval. Mostrava o potencial do projeto para om setor de marketing das empresas que procuramos”. (TRIBUNA DO NORTE, 2015).

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Portanto, quando o chefe do Poder Executivo levanta tal entendimento sobre financiamento para os projetos de cultura, já se tem uma ideia de como é tratada as políticas públicas para o setor criativo de Natal, ou seja, as leis de incentivo de cultura estão aí para servir a todos, inclusive ao próprio Poder que as promulga. Nesse caso, a relação público/privado deixa de ser estabelecida de forma parceira para se colocar como competitiva, refletindo a lógica do mercado capitalista. Nesses termos, os pequenos empreendedores que investem no negócio criativo, terão que enfrentar o seu maior concorrente, ao invés de ser este (o Poder público) o maior e o melhor aliado. Com isso, fica impossível as atividades produtivas que compõem a economia criativa se desenvolver, com os parâmetros da sustentabilidade, como recomenda o Plano da Secretaria da Economia Criativa do Ministério da Cultura Brasileira.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A

compreensão

de

que

o

conhecimento

é

fundamental

para

o

desenvolvimento das sociedades globalizadas, e de que, para uma intensa economia fundada no conhecimento, não basta garantir o acesso das pessoas à informação, mas é preciso trabalhar a qualidade desse conhecimento e de como ele é utilizado na resolução dos problemas humanos, constituem, indubitavelmente, mais um desafio do campo das políticas públicas, especialmente da economia criativa. Howkins (2013, p. 19) afirma que “a economia criativa tem sido ajudada pelas tecnologias da informação e de comunicação na geração de novos conceitos e produtos”. Em outras palavras, e compreendendo a inclusão social como um dos princípios norteadores da economia criativa, as novas tecnologias têm contribuído com o baixo custo do processo produtivo, e assim vem permitindo a inclusão das pessoas no mercado corporativo. No entanto, as regras desse mercado, considerando as sociedades capitalistas, enfatizam a competitividade, sendo esta uma das características do senso de criatividade, conforme o autor.

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Outra classificação das pessoas criativas é feita por Peter Bazalgette (apud Howkins, 2013, p. 35). Ele afirma que existem seis características das pessoas criativas, quais sejam, elas estão abertas as novas ideias, infringem as regras, não têm medo das mudanças, se sentem desafiadas por espaços em branco e, portanto, se motivam a preenchê-los, têm senso de humor aguçado e são pessoas competitivas e ambiciosas. Ademais, ressalva-se o entendimento de Cruz (2015) sobre a criatividade. Diz que “...esta se funda na arte e na cultura, uma vez que os valores estéticos justificam cada vez as opções coletivas e individuais”. O autor vincula o proceder criativo à experiência do cotidiano, que se potencializa pela cadeia produtiva em que se integra. Nesse contexto, as tecnologias de informação e comunicação contribuem decisivamente na propagação dessa cadeia e a cidade se coloca como espaço que conjuga o local com o global. Tais considerações foram tratadas neste estudo sobre as políticas públicas de fomento da economia criativa em Natal/RN, a partir das experiências do Espaço Cultural Casa da Ribeira. Foi compreendido que a economia criativa se respalda no conhecimento, o que por sua vez, gera inovações. Todavia, a referida economia é forjada de escopo próprio, com conceitos e teorias estabelecidos, mas que se entrelaçam com outras áreas da atividade humana, como as artes, cultura, tecnologia e gestão de políticas públicas. Importa ainda considerar a relação de poder, que no caso, envolve o empreendimento (Casa da Ribeira) e as três esferas de governo: a federal, por se tratar de políticas de interesse da Secretaria da Economia Criativa, órgão vinculado ao Ministério da Cultura, bem como, do Programa Nacional de Incentivo à Cultura – PRONAC, ou Lei Rouanet (Lei nº 8.313/91); a estadual, através da Lei Câmara Cascudo (Lei nº 7.799/99) e a municipal, com a Lei Djalma Maranhão (Lei nº 4.838/97). A ONG tem se beneficiado com recursos gerados a partir desses instrumentos normativos. Nesse sentido, ressalva-se a relação da ONG com o poder local, que não só se estabelece pela necessidade de captação de recursos, mas de forma competitiva, uma vez que o município concorre para a realização de eventos culturais, e assim, atuando mais como protagonista no fazer cultural. Pela lógica do empreendedor, o Poder público deveria ser o principal fomentador dessas atividades. De certa forma, 40

isso tem provocado obstáculos ao pleno desenvolvimento da cultura local, quando o próprio Poder público se autobeneficia, em detrimento de outros segmentos culturais, integrantes da cadeia produtiva em questão. Se a lógica da gestão pública gerencialista, que vem se impondo pelo liberalismo nas sociedades de economia de mercado, é a descentralização da ação do Estado, que para isso deve contar com as parcerias, nesse caso, em Natal/RN, parece ser contraditório. Ressalva-se que o Plano da Secretaria da Economia Criativa destaca: [...] foi definido que a Economia Criativa Brasileira somente seria desenvolvida de modo consistente e adequado à realidade nacional se incorporasse na sua conceituação a compreensão da importância da diversidade cultural do país, a percepção da sustentabilidade como fator de desenvolvimento local e regional, a inovação como vetor de desenvolvimento da cultura e das expressões de vanguarda e, por último, a inclusão produtiva como base de uma economia cooperativa e solidária. (BRASIL, 2012, p. 33).

Cunha, citado no documento “Guia do Empreendedor Criativo (SEBRAE, 2014, p.28), “explica que as atuações do produtor (mais executivo) e do gestor (mais estratégico) se confundem enquanto ocupação de espaço de atuação no mercado cultural...” De fato, como dito, o Poder público local atua no mesmo espaço do empreendimento Casa da Ribeira, quando se utiliza das Leis de incentivo à cultura para captar recursos do setor privado e assim estabelecer parcerias no patrocínio de eventos culturais. Eis aí outro desafio da Economia Criativa Brasileira, como elenca o Plano da referida Secretaria, em segunda ordem: “Articulação e estímulo ao fomento de empreendimentos criativos”. Nesse caso, não se poderia primeiro o Estado se entender entre suas esferas de governo, como uma das medidas para enfrentar tal desafio? Dallari (1985, p. 14) fala que “...devemos reconhecer que as prefeituras e as formas de articulação política municipal são a face local do Estado, a face local do poder...”. Afirma ainda que, pelo fato do Poder municipal está mais próximo da população, será mais fácil esta exercer sobre ele uma pressão direta. Assim, dependendo da forma de gestão de quem ocupa esse Poder local, é possível atender às reivindicações de grupos sociais, setores organizados da sociedade e da 41

população de modo geral. No entanto, a despeito da lógica adotada pela prefeitura de Natal, através da sua Secretaria de Cultura, de atuar também como protagonista cultural, é cabível se exercer um contrapeso por parte desses segmentos organizados. Nessa perspectiva, é preciso se articular com outros atores políticos da localidade. Citando novamente Dallari (1985, p. 15), para compreensão da abrangência desse Poder local, verifica-se que ele não apenas se concentra no Executivo: Mas não é só a chegada às administrações municipais que nos permite controlar essa rede de relações de poder, que tem a ver com a imprensa local, as empresas privadas, as companhias públicas, com a forma como se dá a educação, e com todas as demais relações que de alguma maneira, organizam as formas de dominação. Tais instituições concentram o poder, que não está apenas no governo.

Nesse entendimento, nota-se a necessidade de mudança das políticas públicas de desenvolvimento cultural em Natal/RN, mas que não seja de forma efêmera, sem consistência que assegure sua sustentabilidade. A matéria requer mais envolvimento e compromisso dos empreendedores de cultura, no sentido de buscar alternativas em conjunto com essas outras forças do Poder local, tendo em vista a mudança de paradigma no processo decisório que elabora e implementa políticas públicas de desenvolvimento cultural na cidade. Que ao invés de concorrente, o Poder público se porte também como fomentador das atividades culturais, e assim abrindo oportunidades para os empreendimentos criativos se desenvolverem, criando emprego e renda, desenvolvendo a economia criativa, beneficiando a coletividade e a cultura de Natal/RN. Finalmente, a Casa do Cordel se apresenta como espaço disponível para os projetos culturais a cidade, abrangendo uma diversidade de gêneros da arte e cultura, atuando como articuladora de grupos artísticos da capital e do interior, constituindo, portanto, um importante Ponto de Cultura para as políticas de desenvolvimento cultural da cidade. Cabe a ONG consolidar as parcerias que lhe conferiram melhores resultados. Mas precisa resgatar a confiança do mercado patrocinador, em virtude da experiência que resultou em problemas de ordem 42

financeira – crise dos financiamentos dos seus projetos – como relatado anteriormente pelo presidente da Casa. As acusações de desvio de recursos certamente afetaram a imagem do empreendimento. Isso é um problema de gestão que deve ser avaliado. Para tanto, torna-se imperativo a eficiência do planejamento estratégico, com acompanhamento e avaliação, sobretudo, com o incremento de um sistema de controle das operações administrativas e financeiras. Ademais, urge a necessidade de expandir as ofertas da Casa, quem sabe se projetando também como referência na formação de grupos, ou seja, como escola de cultura. Enfim, a Casa da Ribeira tem feito – de certa forma – o papel do Estado ao fomentar o desenvolvimento da economia criativa, no campo da cultura, na cidade do Natal.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CRUZ, Fernando Manuel Rocha da. Políticas Públicas e Economia Criativa: subsídios da Música, Teatro e Museus na cidade de Natal/RN. Linhares, B. F. (orgs). In [Anais do] IV Encontro Internacional de Ciências Sociais: espaços públicos, identidades e diferenças, de 18 a 21 de novembro de 2014. Pelotas, RS: UFPel. 2014.

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TENÓRIO, Fernando G. (Org.). Gestão de ONGs: principais funções gerenciais. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002.

TINOCO, Dinah dos Santos e outros (Orgs.). Políticas e gestão públicas: Recortes da realidade do RN. Natal: Editora da UFRN, 2005.

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6. APÊNDICES

ROTEIRO DA ENTREVISTA (Casa da Ribeira)

1. Quais são as atividades desenvolvidas na Casa da Ribeira? 2. A Casa da Ribeira possui recursos próprios? 3. A casa da Ribeira tem apoio financeiro de algum órgão público? 4. A casa da Ribeira presta algum tipo de auxílio a algum grupo cultural? 5. Como é definida a programação da Casa da Ribeira? 6. Como é realizada a divulgação das suas atividades? 7. Que medidas ou políticas públicas existem ou poderiam existir para apoiar a Casa da Ribeira?

ROTEIRO DA ENTREVISTA (Fundação José Augusto)

1. Qual a relevância da Casa da Ribeira no panorama cultural de Natal? 2. O que pensa da programação cultural da Casa da Ribeira? 3. Qual é a sua opinião sobre a divulgação da programação cultural da Casa da Ribeira? 4. A Fundação José Augusto presta algum tipo de apoio à Casa da Ribeira? 5. Que medidas ou políticas públicas existem ou poderiam existir para apoiar instituições como a Casa da Ribeira? 46

ROTEIRO DA ENTREVISTA (Ator/usuário da Casa da Ribeira)

1. Qual a relevância da Casa da Ribeira no panorama cultural de Natal? 2. O que pensa da programação cultural da Casa da Ribeira? 3. Qual é a sua opinião sobre a divulgação da programação cultural da Casa da Ribeira? 4. A Fundação José Augusto presta algum tipo de apoio à Casa da Ribeira? 5. Que medidas ou políticas públicas existem ou poderiam existir para apoiar instituições como a Casa da Ribeira?

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