Estação Coletiva de trabalho Adaptada

July 7, 2017 | Autor: Marcelle Müller | Categoria: Special Education Needs and Inclusive Practice
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Descrição do Produto

Estação Coletiva de trabalho Adaptada Adapted Collective Work Station Müller, Marcelle Suzete; Mestranda em Design com Ênfase em Tecnologia; UFRGS [email protected] Malysz , Simone Cristina; Mestranda em Design com Ênfase em Tecnologia; UFRGS [email protected] Batista, Vilson João. Prof° Pós-Dr., UFRGS [email protected] Pacheco, Joyson; Prof° Dr.; UFRGS [email protected] Teixeira, Fábio Gonçalves. Prof° Pós-Dr., UFRGS [email protected]

Resumo O projeto consiste em uma estação de trabalho adaptada para integração infantil no âmbito escolar. A base teórica envolveu estudos prévios sobre Tecnologia Assistiva, desenvolvimento de crianças com deficiência, inclusão social, paralisia cerebral, ergonomia e um estudo de caso. A metodologia abrangeu 4 etapas distintas e interdependentes: projeto informacional, conceitual, executivo e otimização. Palavras Chave: Tecnologia Assistiva; Inclusão Social; Paralisia Cerebral; Ergonomia.

Abstract The project this is a work station adapted for integration of infant in school scope. The theoretical base previous studies involved about Assistive Technology, development of child’s with disability, social inclusion, cerebral palsy, ergonomic and case study. The methodology involved four distinct stages and interdependent: Informational project, conceptual, executive and optimization. Keywords: Assistive Technology; Social Inclusion; Cerebral Palsy; Ergonomics.

10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA)

1. Introdução Andrade (1996) usa as palavras Paralisias e Cerebrais para descrever uma condição de ser, um estado de saúde, uma deficiência física adquirida, um Distúrbio de Eficiência Física que durante muito tempo foi significado de "invalidez". Atualmente, o termo Paralisia Cerebral (P.C.) vem sendo usado como o significado do resultado de um dano cerebral, que leva à inabilidade, à dificuldade ou ao descontrole de músculos e de certos movimentos do corpo. Uma forma de ampliar os movimentos, bem como inserir essas crianças em atividades que ampliem suas habilidades é através da inclusão delas em ambientes de ensino com crianças sem deficiência, pois o conhecimento é construído através da vivência, com uma profunda interação entre as nossas primeiras experiências, como tocar, ouvir, cheirar, ver e sentir. A notável demanda por instrumentos que facilitem o aprendizado de crianças cadeirantes foi fator motivador para o desenvolvimento desse projeto, que vem a ser uma contribuição na ampliação de instrumentos de Tecnologia Assistiva. Aplicando o design como ferramenta facilitadora da acessibilidade no âmbito escolar, a proposta é inovar o mobiliário escolar, de maneira que seja adaptado à criança com lesões cerebrais que façam ou não o uso de cadeira de rodas. Tendo como objetivos específicos: promover a autonomia da criança com deficiência de acordo com as limitações individuais; proporcionar segurança e conforto na realização das atividades propostas e gerar a integração da criança cadeirante com os demais colegas a partir da proposta de mobiliário modular. O presente trabalho utilizou como estudo de caso uma Instituição que atende crianças com paralisia cerebral em Porto Alegre, onde se constatou uma carência por mobiliários que atendam a realização das atividades de ensino e que supram as necessidades de crianças com limitações motoras, assim o interesse pelo projeto de mobiliário poderá estender-se às demais instituições que atendam crianças com deficiência. A realização deste projeto se justifica pela sua relevância e contribuição social, dada esta importância, a busca por realizar um projeto baseado em situações e necessidades reais proporcionou relevante apoio na coleta de dados e delimitação do problema, caracterizando assim o início desta pesquisa.

2. Inclusão Escolar através da Tecnologia Assistiva Andrade (1996) usa as palavras Paralisias e Cerebrais para descrever uma condição de ser, um estado de saúde, uma deficiência física adquirida, um Distúrbio de Eficiência Física que durante muito tempo foi significado de "invalidez". Atualmente, o termo Paralisia Cerebral (P.C.) vem sendo usado como o significado do resultado de um dano cerebral, que leva à inabilidade, à dificuldade ou ao descontrole de músculos e de certos movimentos do corpo. Uma forma de ampliar os movimentos, bem como inserir essas crianças em atividades que ampliem suas habilidades é através da inclusão dessas crianças em ambientes de ensino com crianças sem deficiência, pois o conhecimento é construído através da vivência, com uma profunda interação entre as nossas primeiras experiências, como tocar, ouvir, cheirar, ver e sentir. Bersch (2007, p.25) defende que a oportunidade de realizar um trabalho rentável depende hoje de escolaridade e capacitação específica. Por isso, serão fundamentais as políticas de inclusão escolar e formação profissional para pessoas com deficiência, pois a qualificação é que criará oportunidades de inserção no mercado de trabalho. A integração escolar é mais do que solucionar problemas práticos de conformação ambiental ou adequação curricular. Falar em educação inclusiva é pensar em estratégias que busquem melhorar a autonomia e a qualidade de vida dos indivíduos. Essa ligação é fruto da preocupação com o desenvolvimento de serviços, produtos, equipamentos e tecnologias 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA).

adaptadas a usos que favoreçam e simplifiquem atividades cotidianas desses grupos. A esse campo dá-se o nome de Tecnologia Assistiva (TA). Segundo BERSCH (2005), o termo Assistive Technology, traduzido no Brasil como Tecnologia Assistiva, foi criado oficialmente em 1988 como importante elemento jurídico dentro da legislação norte americana, conhecida como Public Law 100-407, que compõe, com outras leis, o ADA - American with Disabilities Act. Essas leis regulamentam os direitos dos cidadãos com deficiência nos EUA, além de prover a base legal dos fundos públicos para compra dos recursos que estes necessitam. Essa legislação entende Assistive Technology como Recursos e Serviços. Recursos, no texto da ADA é “todo e qualquer item, equipamento ou parte dele, produto ou sistema fabricado em série ou sob medida, utilizado para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficiência”.

3. Acessibilidade em sala de aula Para a sala de aula ser acessível, a escola deve seguir os preceitos do desenho universal, desde a sua edificação. Esta abordagem ainda é incipiente, pois se identifica facilmente lacunas desde a construção civil do prédio, como na fabricação dos móveis e equipamentos de uso escolar. Em casos específicos poderá haver salas de recursos dotadas de equipamentos e ajudas técnicas dirigidas à educação complementar. A norma NBR 14006:2008 – Móveis Escolares – estabelece que as salas de aula devem estar preparadas com mobiliário e equipamentos adequados a todos os usuários. A norma não aborda especificamente o mobiliário escolar acessível, em seu escopo destaca a diversidade dos padrões antropométricos da população escolar: os móveis que compõem as salas de aula devem ser disponibilizados em até 8 tamanhos proporcionais às estaturas e dimensões dos usuários. (Prado; Lopes; Ornstein, 2010). Nas escolas públicas e privadas de nosso país as salas de aula possuem em média a área mínima de 1,00 m² a 1,20 m² /aluno. São as medidas mínimas recomendadas pelas normas técnicas, dificultando o uso de mobiliário que possuem dimensões relativamente maiores para abrigar um cadeirante. A NBR 9050:2004, estabelece que toda escola deva ter no mínimo uma mesa acessível para pessoas usuárias de cadeira de rodas a cada duas salas de aula. (Prado; Lopes; Ornstein, 2010). A bibliografia não traz referências quanto ao arranjo de mobiliário em ambientes escolares relativos à pré-escola. De acordo com relatos das pedagogas da instituição pesquisada, a disposição de classes nas séries iniciais é normalmente arranjada de forma não linear, ou seja, os alunos ocupam o ambiente de maneira que possam perceber e interagir com as atividades desenvolvidas pelo grupo.

4. Postura e equilíbrio Bersch (2007, p.25) considera que postura e equilíbrio são as bases da atividade motora, que, por sua vez, é a plataforma onde se apóiam os processos de aprendizagem. Resolvidas as questões fundamentais de alinhamento e estabilidade postural, somos capazes de explorar o meio, mantendo atenção em tempo prolongado e interferindo nele em processo criativo. Os alunos que se beneficiarão com este projeto possuem disfunções neuromotoras e precisam de recursos específicos que supram suas necessidades posturais. Bersch (2007) observa que desconfortáveis, as crianças têm dificuldades em manter contato visual com o professor e colegas. Assim, utilizam grande parte de suas energias preocupadas em não cair e dificilmente conseguem manusear materiais escolares e explorálos criativamente. A figura 01 demonstra duas crianças que, em um primeiro momento, encontram-se mal posicionadas, instáveis ou tensas. 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA)

Figura 01: Exemplos de adequação postural. Fonte: Atendimento Educacional Especializado (BERSCH Rita, 2007)

5. Metodologia Não existe uma fórmula exata para a resolução de problemas de design. Cada profissional, com base em sua experiência, desenvolve sua metodologia própria baseada em outras já existentes. O método projetual pode ser considerado o processo do qual o designer faz uso com a finalidade de encontrar alguma solução, levando-se em consideração todas as características e processos pelos quais um produto deverá passar para atender satisfatoriamente aos seus pré-requisitos. Partindo desses conceitos e da clara necessidade da adoção de um método projetual que sirva de apoio no desenvolvimento deste projeto, o modelo auxiliar escolhido será o proposto por Löbach (2001). Segundo o autor, o conceito de design compreende a concretização de uma ideia em forma de projetos ou modelos, mediante a construção e configuração, resultando em um produto industrial passível de produção em série. O designer realiza então o processo configurativo do objeto desenhado, estabelecendo uma relação que pode ser denominada de “processo de design”. Sendo dividido em quatro fases distintas: preparação; geração; avaliação e realização. Tal metodologia possibilitou o desenvolvimento deste projeto em três etapas evolutivas e complementares: projeto informacional, conceitual, executivo e otimização.

6. Projeto Informacional Nesta etapa, se fez necessário um estudo de caso, tendo como objetivo coletar dados, comprovar ou contradizer hipóteses quanto à formulação e resolução do problema. Esta pesquisa contou com análises in loco na instituição denominada Cerepal, Centro de Reabilitação de Porto Alegre, que recebe crianças com lesão cerebral por meio de um atendimento especializado. O estudo focou-se na Educação Infantil Nível 01. A Cerepal foi fundada em 1964 e é caracterizada como entidade privada sem fins lucrativos, realiza um atendimento multidisciplinar, buscando alcançar o máximo desenvolvimento potencial e possibilitar aos alunos a independência e integração na sociedade.

6.1. Análise da situação real Interessam-se na solução desta demanda os usuários primários, sendo os alunos iniciantes nas atividades escolares, com idade entre 4 e 7 anos. Por conta da lesão cerebral, alguns alunos não apresentam controle satisfatório de tronco, possuem em maior ou menor grau dificuldades funcionais nos movimentos, assim são dependentes da cadeira de rodas. Com o projeto desenvolvido, as pedagogas (usuários secundários) serão também beneficiadas 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA).

de modo que o mobiliário facilite a execução, rendimento e gerenciamento das atividades propostas, como por exemplo: pintura, desenhos e colagens. Na instituição Cerepal, a mesa utilizada para realização das tarefas não contempla todo o grupo de alunos. Constitui-se em uma bancada que impossibilita a aproximação física, gerando assim uma sensação de isolamento às crianças cadeirantes, como pode ser observado na figura 02.

Figura 02: Oficina pedagógica/Cerepal – Situação real de integração das crianças.

A impossibilidade de aproximação das crianças cadeirantes ao tampo da mesa dificulta a realização das tarefas. Considerando isso, as próprias pedagogas mobilizaram-se para a confecção de equipamentos facilitadores das atividades. São soluções tecnológicas de baixo custo, com características de TA, apresentados na figura 03.

Situação 01

Situação 02

Situação 03

Figura 03: Prancheta adaptada para realização de tarefas.

O projeto da bancada adaptada busca promover a realização das atividades de modo coletivo e com maior autonomia pelo aluno, como indivíduo capaz de realizar as atividades com conforto e sem o constante apoio físico do cuidador.

6.2. Análise da relação produto-usuário por meio da antropometria infantil A seleção de dados antropométricos adequados baseia-se no problema específico de cada projeto. São poucos autores que abordam a antropometria infantil, e as variáveis de medidas geralmente partem dos 6 anos de idade. Tilley e Dreyfuss (2005) abordam estes padrões como na figura 04 e figura 05.

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Figura 04: Antropometria Infantil para crianças com idade de 4 anos. Fonte: Tilley (2005).

Figura 05: Antropometria Infantil para crianças com idade de 2,5 a 3 anos. Fonte: Tilley (2005).

A carência de bibliografia acerca da antropometria de crianças de 4 a 7 anos com paralisia cerebral e que fazem uso de cadeira de rodas com reclinação, demandou um estudo de novas medidas. Fez-se necessária a coleta e análise de medidas das cadeiras de rodas utilizadas pelo público alvo, exemplificadas na figura 06.

Figura 06: Coleta de medidas.

Realizou-se um parâmetro (quadro B/figura 07) baseado nos dados antropométricos de Tilley e Dreyfuss (quadro A/figura 07) e as medidas coletadas das crianças na Instituição 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA).

Cerepal, resultando assim em um estudo antropométrico mais preciso para dimensionar a estação de trabalho adaptada. A B

Figura 07: Estações de trabalho e lazer para crianças. A: Antropometria de Dreyfuss. Fonte: Tilley e Dreyfuss (2005). B: Estudo antropométrico desenvolvido para crianças cadeirantes.

7. Projeto Conceitual Com base nas pesquisas bibliográficas, coleta e análise de dados realizados, formularam-se os requisitos projetuais que configurarão o produto: Regulagem de altura; regulagem angular para inclinação do tampo (30° e 70°); projeto modular; possibilitar a integração de 6 crianças (usuárias ou não de cadeira de rodas); fácil transporte; resistente a impactos; bom acabamento com material atóxico e resistente ao uso (prolongar a vida útil); ausência de cantos vivos; seguir os preceitos do desenho universal sendo acessível ao universo pesquisado; atender às diferentes dificuldades de cada criança; permitir aproximação do tampo até o usuário; conter suporte para objetos; obedecer a normas técnicas e não conter componentes facilmente removíveis. 7.1 Alternativas de projeto Ao considerar os requisitos de projeto e uma prévia análise de similares indiretos, a primeira preocupação foi propor diferentes maneiras de combinação de módulos (tampos). E, assim, selecionar o arranjo que permitisse que o módulo quando utilizado em grupo ou individualmente tivesse seu aspecto visual associado ao funcional. Buscou-se o conceito baseado em um catavento girando, as formas orgânicas e o arranjo divertido visam propor sensação visual de dinamismo. Para tal configuração considerou-se a hipótese de inserir módulos com recorte para acomodação do tronco do usuário e sem recorte. Parte do processo criativo que gerou alternativas de soluções, pode ser conferido nas imagens 08,09 e 10 por meio esboços manuais.

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Figura 08: Alternativa 01 – Estudo de arranjos e tampo.

Figura 09: Alternativa 02 – Estudo de tampo e arranjo.

Figura 10 – Estudo de novas possibilidades de tampo.

Após a geração dos primeiros conceitos, fez-se uma avaliação procurando definir qual deles melhor se adequaria à solução do problema. Considerando a otimização de espaço no ambiente e para realização das tarefas, inserção de regulagens e viabilidade de fabricação, o 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA).

arranjo trapezoidal foi escolhido devido à sua forma simplificada e que atendia os requisitos necessários. Dessa forma, gerou-se uma nova alternativa (figura 11).

Figura 11: Melhor alternativa de arranjo

Na seqüência, partiu-se para a geração de um modelo que unisse características de algumas das alternativas anteriores por meio de uma matriz combinatória (figura 12):

Figura 12: Matriz combinatória de alternativas.

Como resultado prévio, gerou-se um modelo virtual (figura 13), considerado mais viável em relação ao funcionamento das regulagens.

Figura 13: Render esquemático solução gerada.

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8. Projeto Executivo: Análise funcional e estrutural Por meio de desenhos esquemáticos simulatórios foram realizadas análises funcionais, com o objetivo de visualizar a configuração do módulo desenvolvido com os demais módulos e também a integração dos usuários (figura 14).

Figura 14: Teste simulatório de funcionalidade – uso individual e coletivo.

9. Otimização Neste capítulo serão apresentadas as intervenções feitas no produto com o objetivo de obter melhorias funcionais. Considerou-se além do uso, o processo produtivo, de distribuição e a sustentabilidade ambiental, realizando as seguintes intervenções:

9.1 Redução de Peso e Volume Por meio de uma análise da forma do produto aliada à sua funcionalidade e simplificação, levantou-se a seguinte hipótese: retirando o porta-objeto do local antes determinado, permite-se reduzir o tamanho do tampo, volume, material e consequentemente o peso. Permitindo também maior integração visual aos usuários. A figura nº 15 apresenta o antes e depois da intervenção.

Figura 15: Antes e depois da intervenção no tampo.

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9.2. Readequações estruturais Com a redução do tampo, o porta-objetos deveria ser recolocado em um local que facilitasse seu uso, permitir melhor alcance das mãos do usuário e ser removível para facilitar a manutenção e limpeza. Definiu-se então fixa-lo por manípulo em um dos pés da mesa (figura 16). Antes

Depois Figura 16: Render esquemático comparativo – porta objetos.

Buscando simplificar o produto e conservar de sua funcionalidade, a inclusão da corrediça e cremalheira foi revisada pelo fato de ter que produzi-la por termoformagem, o que elevaria o custo do produto. Buscou-se então uma nova solução: retirar o sistema com corrediça e substituir a cremalheira pelo articulador angular que permite a regulagem através de um roscamento por manípulo, trava o tampo na angulação estipulada (30° e 70°) pela pressão exercida sobre o articulador que fica fixo entre o manípulo e o tampo. A figura nº 17 ilustra esta otimização. Depois

Antes

Figura 17: Render esquemático comparativo – regulagens.

9.3. Modificação nos tubos/pés A remoção da corrediça implicou no seguinte problema: o conflito dos pés do usuário com o tubo central (ilustrado na figura º18). Tal situação demandou uma readequação nos pés tubulares, estrutura que sustenta o tampo.

Figura 18: situação problema – pés do usuário em atrito com o tubo central. 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA)

A função da corrediça seria permitir a aproximação do tampo até a criança que utiliza a cadeira de rodas inclinada, proporcionando uma altura máxima do tampo de 86 cm. A quantidade e posicionamento dos pés/tubo da mesa foram modificados, impedindo desta maneira o desconfortável atrito já descrito. A figura nº19 ilustra a solução para o problema. O modo de junção desses tubos também foi substituído pelo processo de roscamento. Antes

Depois Figura 19: Alteração na estrutura tubular.

9.4. Melhoria Ergonômica Preocupações com a ergonomia do produto foram consideradas e realizaram-se intervenções a fim de adequar melhor o produto ao usuário:  Redução do peso e volume: maior facilidade na montagem e regulagem pelo usuário secundário.  Readaptação do porta-objetos: melhor aproximação das mãos dos usuários, evitando assim a fadiga muscular dos braços.  Novo mecanismo para angulação do tampo: melhor estabilidade e segurança.  Modificação na pega e maior angulação dos cantos: conforto e suavidade no manuseio. Conhecer a capacidade humana máxima para levantar e transportar cargas é fator essencial para que tarefas, máquinas e produtos sejam corretamente dimensionadas dentro desses limites. IIDA (2005, p. 179) classifica em dois tipos as situações de trabalho quanto ao levantamento de pesos: levantamento esporádico e trabalho repetitivo. O levantamento esporádico de cargas, que está relacionado com a capacidade muscular, é foco de estudo desta etapa. O autor destaca também que a capacidade de carga máxima é variável de uma pessoa para outra e depende dos músculos usados, pernas, braços ou dorso. Com base nas orientações disponíveis no quadro 01, determinou-se que o peso máximo para o tampo deve ser de 32 kg.

Quadro 01: Força para movimentos (Chaffin in Garg, 1980). Fonte: IIDA (2005). 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA).

De acordo com cálculos realizados, o peso do tampo em polímero será de aprox. 8,2 kg, adequado para um levantamento esporádico. Somando ao peso dos tubos em alumínio, tem-se o peso total do produto estimado em 14,6 Kg.

9.5. Embalagem e transporte O produto é de fácil montagem e desmontagem, tanto na fase de produção quanto na fase de uso, sendo assim fator importante para facilitar o processo de reciclagem e/ou reaproveitamento dos componentes; facilitar a manutenção e limpeza e otimizar o espaço na embalagem e transporte. Visando uma possível redução no custo de produção, buscou-se aproveitar componentes disponíveis no mercado. O produto foi planejado de forma a minimizar o uso da embalagem, otimizando o espaço interno por ela proporcionado. As vantagens decorrentes disto são: Redução do emprego de matéria prima (papelão) e otimização dos espaços nos containers, o que contribui para reduzir a emissão de resíduos gerados pelos meios de transporte, bem como um melhor aproveitamento dos espaços nos locais de armazenamento. O quadro 02 ilustra o planejamento desta embalagem.

Estocagem

Quadro nº 02: planejamento da embalagem.

10. Descrição da solução final Nesta etapa, realizou-se uma lista de apoio ao marketing, destacando os diferenciais do produto para futura comercialização, entre elas estão: atender a necessidade de ampliar a integração de crianças com deficiência; uso coletivo ou individual, doméstico ou escolar; possibilidade de diferentes arranjos em sala de aula; cores: voltada para um uso confortável e atrativo; possibilidade de ajustes de altura e angulação do tampo, propondo conforto no uso; facilidade de montagem e ajuste. Os ajustes atendem a crianças de diferentes tamanhos e idades, propondo assim um prolongamento da vida útil do mobiliário. No planejamento da vida útil do produto considerou-se as fases de concepção, produção, uso e descarte de um produto, que estão sujeitas a causar os mais variados danos 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA)

ambientais, assim é imprescindível que se busque alternativas que reduzam o impacto ambiental. Manzini e Vezzoli (2005) consideram que quando um produto tem sua vida útil reduzida, ele não só gera precocemente mais lixo, mas determina também outros impactos indiretos, como a necessidade de ter que substituí-lo. Com base nestas orientações, buscou-se empregar as seguintes medidas que amenizassem o impacto ambiental gerado durante o ciclo de vida do produto:  Produção: Uso de materiais recicláveis (polipropileno e alumínio); não utilização de cola para fixação de componentes facilitando a reciclagem do material após o descarte.  Distribuição: Os pés desmontáveis propõem uma otimização de espaço para a embalagem e consequentemente na armazenagem e transporte.  Uso: A facilidade de montagem e ajuste do mobiliário atende a crianças de diferentes tamanhos e idades, propondo assim um prolongamento da vida útil do produto. A facilidade na manutenção e higiene também contribuirá para uma maior durabilidade do mobiliário.  Facilitar a atualização e adaptabilidade de produto: O projeto modular permite sua reconfiguração para a adaptação em diversos ambientes. Por fim, o resultado final alcançou os requisitos de projeto de forma satisfatória contemplando 6 crianças, sejam elas usuárias de cadeira de rodas ou não. A configuração do produto permite a disposição dos módulos em arranjos circulares, semicirculares, intercalados ou lineares. As figuras 19, 20 e 21 demonstram por meio de renderings, o resultado final. .

Figura 19: arranjo coletivo e individual.

Figura 20: arranjo coletivo e individual. 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA).

Figura 21: simulação de uso.

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS As quatro etapas do projeto, informativa, conceitual, executivo e otimização caracterizaram uma metodologia complementar, evolutiva e interdependente, onde o sucesso no desenvolvimento de uma, garantiria o desempenho das posteriores. Por algumas vezes foi necessário e inevitável revisar etapas anteriores no sentido de solucionar lacunas e rever informações, processo natural em projetos de design. A validação do resultado será possível por meio de estudos com a confecção de um protótipo a ser experimentado pelos usuários primários e secundários, que fornecerão informações sobre o grau de satisfação em relação ao uso e percepção do produto. Um relevante fator favorável foi a excelente receptividade que a equipe deste projeto teve na instituição Cerepal, bem como o apoio do professor orientador para a continuidade e melhoria do projeto. Na instituição foram encontrados diversos mobiliários que são alternativas de TA de baixo custo e, mesmo com seus problemas, são exemplos da preocupação por parte das pedagogas em proporcionar segurança para as crianças, e as falhas podem ser resultantes dos limites de projeto, materiais, confecção e até mesmo custo. A partir dessas observações associadas a depoimentos das pedagogas quanto à necessidade de mobiliários adequados no âmbito escolar, revela-se a importante necessidade e contribuição do design como elemento facilitador para a inclusão social. Caracterizando assim um dos fatores gratificantes da profissão sob a ótica do design inclusivo. NOTA Este projeto foi desenvolvido como atividade integrante da disciplina Metodologia de Projeto de Produto, cursada em 2011 no Mestrado em Design com ênfase em Tecnologia da UFRGS, ministrada pelo Prof° Dr. Joyson Pacheco.

REFERÊNCIAS ANDRADE, J. Site Defnet. Disponível em www.defnet.org.br. Acesso em 18 de agosto de 2011.

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1406:2008 – Móveis escolares: cadeiras e mesas para conjunto de aluno individual. Rio de Janeiro, 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050, Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, 2004. BERSCH, Rita; TONOLLI, José C. Bersch (Fisioterapeuta - diretora do CEDI - Centro Especializado em Desenvolvimento Infantil - ATACP 2006 - Assistive Technology Applications Certificate Program / CSUN California State University - Northridge - EUA) e Tonolli (ATACP 1998 - Assistive Technology Applications Certificate Program / CSUN California State University - Northridge - EUA). Disponível em: www.cedionline.com.br. Acesso em 10 de agosto de 2011. BERSCH, R.; MORAES, H.; PASSERINO, L.; BATISTA, V. Tecnologia Assistiva & Design na Realidade Brasileira. In: 3º Worshop Design e Materiais, Porto Alegre, 2007. IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. [2. ed.] São Paulo, SP: Ed. Edgard Blücher, 2005. 614 p. LÖBACH, B. Design Industrial: bases para a configuração de produtos industriais. São Paulo: Edgard Blücher, 2001. MANZINI, E.; VEZZOLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. SãoPaulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005. PRADO, Adriana Romeiro Almeida; LOPES, Maria Elisabete; ORNSTEIN, Sheila Walbe. Desenho universal: caminhos da acessibilidade no Brasil.São Paulo : Annablume, 2010. 305 p. RABELO, A.S. Adaptação curricular na inclusão. Revista Integração. Brasília, v.9, n. 21, p.19-20, TILLEY, Alvin R.; DREYFUSS, Henry Associates. As medidas do homem e da mulher fatores humanos em design. Editora Bookman, 2005.

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