ESTIMATIVA DE ESTOQUE DE CARBONO NA BIOMASSA VIVA ACIMA DO SOLO EM SISTEMA SILVIPASTORIL COM CASTANHEIRA E BRAQUIARÃO NO PARÁ David Reis Cunha da Silva Junior1 Dariany Rodrigues de Brito Rosana Quaresma Maneschy2 Marília Sousa Pantoja Romildo Torres da Gama Kleverson Cícero Aires Guará Diórgenes Silva de Oliveira 1
Bolsista PIBEX, Universidade Federal do Pará, Agronomia,
[email protected] 2 Prof.ª, Dra., Universidade Federal do Pará,
[email protected]
RESUMO A inclusão de árvores nos tradicionais sistemas pecuários praticados na Amazônia pode auxiliar no sequestro de carbono. Melhorando o balanço de gases de efeito estufa emitido nesta atividade em função da ação bacteriana no processo digestivo dos ruminantes. Objetivou-se estimar o estoque de carbono acima do solo em sistema silvipastoril com castanheira (Bertholetia excelsa) e braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu) pastejado por bovinos de corte e em pastagem aberta. Para isso foi realizado um levantamento de campo da biomassa viva (árvore e pastagem) em uma propriedade em São Domingos do Araguaia - Pará. Não houve diferença significativa entre a estimativa do estoque total de carbono na biomassa viva acima do solo nos sistemas avaliados. PALAVRAS-CHAVE: Bertholetia excelsa, biomassa, Brachiaria brizantha.
ABSTRACT The inclusion of trees in traditional livestock systems practiced in the Amazon can aid in carbon sequestration. Improving the balance of greenhouse gases emitted in this activity as a function of bacterial action in the digestive process of ruminants. The objective was to estimate the carbon stock above ground in silvopastoral system with nut (Bertholletia excelsa) and grazed (Brachiaria brizantha cv. Marandu) by beef cattle and in open grassland. For this we performed a field survey of living biomass (tree and grass) on a property in São Domingos do Araguaia – Para. No significant difference between the estimated total carbon stock in living biomass above the soil systems evaluated. KEYWORDS: Bertholetia excelsa, biomass, Brachiaria brizantha.
INTRODUÇÃO A atividade pecuária no Brasil tem sido desenvolvida em áreas de monoculturas de pastagens. Recentemente a integração com componente arbóreo tem sido estimulada por políticas e programas do Governo Federal, amparada por pesquisas realizadas pela Embrapa, Empresas de assistência técnica, Universidades, entre outros. 1
Assim, a inclusão do componente arbóreo nos tradicionais sistemas pecuários pode auxiliar na mitigação dos problemas ambientais relacionados à atividade, como desmatamento e emissão de gases efeito estufa emitidos por quilo de carne produzida (De Zen et al., 2008). A grande emissão metano a atmosfera ocorre devido ao processo digestivo de bovinos e outros ruminantes (Ciesla, 1996 apud Andrade & Ibrahim, 2003). Ao capturar o carbono mantendo-o o maior tempo possível na biomassa, através da fotossíntese e no solo, através da decomposição e mineralização da matéria orgânica (Dixon, 1995), é possível produzir de forma mais equilibrada a partir do uso sustentável dos recursos naturais e a melhoria econômica e ambiental das comunidades rurais. Essa pesquisa teve por objetivo quantificar o estoque de carbono da biomassa viva acima do solo de SSP com os seguintes componentes: castanheira (Bertholletia excelsa Humb. e Bonpl.) e braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu.) pastejado por bovinos de corte.
MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado na propriedade da Associação dos Industriais e Madeireiros de Marabá e Região (ASSIMAR), localizada no Km75 da BR-230, município de São Domingos do Araguaia - Pará. Segundo a classificação de Koppen o clima na região é do tipo Afi (Almeida, 2007). A área foi descrita e avaliada segundo Guará (2011), como uma pastagem degradada de braquiarão que em 2004 foi reabilitada com o plantio florestal de castanheira. Em 2009 foi reintroduzida a pastagem e em 2010 foram introduzidos bovinos de corte. Em dezembro de 2010 foram demarcadas quatro parcelas em SSP e quatro em pastagem aberta de 1600m2 para a avaliação da biomassa da vegetação arbórea e herbácea. A biomassa do componente arbóreo foi obtida a partir da avaliação de campo em que foi mensurado o diâmetro a altura do peito (DAP) de todas as árvores da parcela e estimada a partir da equação BA = 0,1184 DAP2,53, onde: BA = biomassa de árvores vivas; 0,1184 = constante; DAP em cm; 2,53 = constante (adaptado de Arevalo et al., 2002). A biomassa arbórea por hectare foi dada a partir do cálculo: BA = (ΣBA/1000) x (10000/área da parcela) e o estoque de carbono foi estimado a partir de ΔCBA = (BA x CF), onde: ΔCBA = quantidade de carbono na biomassa viva acima do solo (t C/ha); BA = biomassa viva acima do solo arbórea (t MS/ha); CF = é a fração de carbono (t C /t MS) que segundo o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) o valor padrão é de 0,5. A biomassa viva da vegetação não arbórea de pequeno porte foi quantificada a partir de quatro amostras de 1m2 dispostas aleatoriamente em cada parcela, o material foi cortado e pesado (matéria fresca) e depois seco em estufa a 60⁰C (matéria seca). A quantidade de carbono da vegetação não arbórea foi dada por ΔCBN (t C/ha) = (10000 m 2/1 m2) x [(ΣΔCBN Amostras/número de amostras)/1000] onde ΔCBN = e ΣΔCBN Amostras = somatória da quantidade de carbono de todas as amostras (kg.C/1m2). Para o cálculo do estoque de carbono da biomassa viva acima do solo foi utilizada a equação ΔCBAS = ΔCBA + ΔCBN, onde: ΔCBAS = quantidade de carbono na biomassa viva acima do solo (t C/ha), ΔCBA = quantidade de carbono na biomassa viva de vegetação arbórea (t C/ha) e ΔCBN = quantidade de carbono na biomassa viva de vegetação não arbórea (t C/ha) (Andrade & Ibrahim, 2003; Rugnitz et al., 2009). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado. A análise dos dados de CBAS foi realizada com o software SISVAR e seguiu as recomendações de Furtado (2000), utilizou-se o teste F a 5% para verificar a significância entre os tratamentos e o teste Tukey a 5% de probabilidade para a comparação entre as médias.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO Nota-se que a média de quantidade de carbono estocado pelas arvores foi baixa (Tabela 1). Uma hipótese para explicar esses resultados é que o SSP possui castanheiras (com sete anos) que apresenta uma redução de taxa de crescimento diametral e saturação do crescimento por volta de 6,5 anos (Fernandes & Alencar, 1993) diminuindo o sequestro de carbono pela espécie arbórea. Essa lenta taxa de crescimento influiu no estoque de carbono baixo em SSP, quando comparado a sistemas com espécies de rápido crescimento como o eucalipto (Eucalyptus grandi Hill ex. Maiden) e a acácia (Acacia mangium Willd.) (Müller et al., 2009). Tabela 1 – Estoque de carbono na biomassa viva acima do solo (ΔCBAS) em sistema silvipastoril com castanheira e em pastagem (t C/ha), São Domingos do Araguaia - PA. ΔCBA ΔCBN ΔCBAS Tratamento Densidade (n° árvores/ha) SSP PAST
225 0 CV%
0,32 a 0,00 b 48,38
4,59 a 4,73 a 29,09
4,91a 4,73 a 27,92
Onde ΔCBA é a quantidade de carbono na biomassa viva de vegetação arbórea e ΔCBN é a quantidade de carbono na biomassa de vegetação não arbórea. *Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna não diferem significativamente entre si (P
