Estônia: As Possibilidades do Tigre Báltico para o Mercado Brasileiro.

August 13, 2017 | Autor: T. Silva De Oliveira | Categoria: Estonia, Relacoes Internacionais, Relações Brasil-Estônia
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FACULDADE ASSOCIAÇÃO CARUARUENSE DE ENSINO SUPERIOR (ASCES).

Thales Silva de Oliveira. Curso: Relações Internacionais. Disciplina: Metodologia do Trabalho Acadêmico. Professora: Tatiana Ferraz. 1º Período. Turno: Matutino.

ESTÔNIA: AS POSSIBILIDADES DO TIGRE BÁLTICO PARA O MERCADO BRASILEIRO.

A Estônia é um país localizado no nordeste do continente europeu, faz fronteira a leste com a Rússia, com a Letônia a Sul e é banhado pelo mar báltico a norte e a oeste. Forma junto com a Letônia e a Lituânia o conjunto de países conhecidos como os “países bálticos”. A capital Tallin está localizada a 10.633,63 km, em linha reta, de Brasília, capital brasileira. Sua bandeira oficial possui desenhada nela a já conhecida forma tricolor das bandeiras europeias, onde estão presentes as cores: Azul, que representa o céu e os lagos estonianos, o Preto que além de representar a terra do país também representa o passado negro do povo estoniano que tiveram sua cultura reprimida durante séculos ao serem colonizados por diversos povos diferentes e o Branco representa a neve e as virtudes conquistadas. A bandeira é hoje um dos principais símbolos nacionais, sendo o povo estoniano, um povo extremamente patriota. A Estônia possui um território bastante pequeno, se comparado com o território brasileiro, são apenas 45.226 km², com mais de 1.500 ilhas no mar báltico e

um relevo composto, principalmente, por planícies. O clima estoniano é temperado continental, com invernos fortes e bastante longos e verões suaves. A História da Estônia é dividida em varias fases já que o país foi dominado por diversos povos diferentes durante os séculos. A ocupação do território estoniano teria começado ainda na idade antiga por povos nômades de origem fínica, que não constituíram uma unidade organizada. Formando então diversas tribos de cultura pagã. Mais tarde no século XIII, a Igreja Católica, através da Dinamarca, manda uma cruzada com a missão de cristianizar essas tribos pagãs, estabelecendo o comando dinamarquês no norte do atual território Estoniano, no sul a Ordem dos Livônios, poderosa instituição cristã conseguiu derrotar todas as tribos e dominar boa parte do território. Em 1248, Tallin (Reval) adota um governo autônomo e alguns anos depois entra para a Liga Hanseática, oque torna a região importante comercialmente, o que da início a queda do poder dinamarquês na região. Mais tarde, foram feitos vários tratados

com

os

russos

e

os

lituanos

e

a

força

militar

na

região

da Lyndanisse cresceu, aumentando o poder dos vassalos da região, que em sua maioria eram de Véstfalia. Porém o poder dos estonianos da região também aumentou bastante oque fez com que o Rei da Dinamarca aceitasse tê-los como vassalos. Os vassalos Estonianos, até então subestimados organizaram, então, a Revolta da Noite de São Jorge em 1343, onde estes não aceitavam a dominação cristã no território. A Ordem Teutônica (que comandava a Livônia na época) acabou com a revolta e iniciou o período de dominação teutônica na Estônia. Dois séculos depois, os russos julgando que a região da Ordem Teutônica pertencia a seus ancestrais invadiram a região oque não agradou a Dinamarca, a Suécia e a Polônia que com medo do imperialismo russo não aprovaram essa dominação em territórios tão próximos. Foi então em 1559 que teve início a Guerra da Livônia que juntou os três países supracitados contra o avanço russo. Ao vencerem os territórios foram divididos entre os três países e então houve a Guerra Nórdica dos Sete Anos, onde se consolidou o domínio sueco. O domínio sueco foi o que mais beneficiou o território estoniano tirando os povos nativos da condição de servos e construindo as primeiras escolas da região.

Mais tarde, é aberta também, em Tartu, pelo rei Gustavus II Adolphus a primeira universidade da Estônia. Após uma guerra com o príncipe de Brandemburgo, a Suécia fez uma reforma nas terras dos nobres estonianos, oque gerou certo descontentamento e provocou a volta de outras nações ao território. Foi então, que em 1700, houve a Grande Guerra do Norte, com a participação novamente da Dinamarca, da Polônia, da Rússia e da Saxônia contra a dominação sueca e depois de muitas batalhas os russos finalmente consegue dominar a região de Tallin. Porém, como já haviam sido construídas diversas universidades na Estônia, foi crescendo cada vez mais um desejo de independência daquele povo que já valorizavam mais a sua cultura e usavam mais a sua língua, o estoniano. Então, usando da inevitável queda do Império Russo e já descontentes com várias decisões tomadas pelo império, a classe intelectual estoniana organizou a chamada Revolução de 1905, que foi o primeiro passo, apesar de bastante reprimido para a criação de uma nação independente, foi então em que, após a Revolução de 1917, que nasceu a Republica da Estônia. Durante 22 anos, após a independência, a Estônia passou por um período onde as decisões políticas foram bastante conturbadas, crescendo apenas culturalmente com um sentimento patriota cada vez mais forte. Porém, mesmo assim, por causa dessa política neutra que a Estônia foi ocupada mais uma vez pela URSS, em 1940. Em 1942, o exercito alemão também tenta tomar a Estônia em resposta à invasão soviética, porém tal tomada fracassou e saiu dos planos do governo de Hitler oque tornou a invasão soviética inevitável e tornou a Estônia parte da URSS. Várias foram as tentativas de revolta, porém só em 1989 com a queda da URSS é que a reestruturação da Estônia começou, se tornando independente novamente em 1991, com a eleição do presidente Lennart Meri. Após isso a Estônia começou a estabelecer lações cada vez mais fortes com os países do leste europeu e com uma política de livre comércio deu um boom econômico e recebeu a alcunha de “Tigre Báltico”, entrando para a União Europeia em 2004. A cultura estoniana tem fortes influencias das diversas misturas dos povos que ocuparam a região durante toda a sua história e do folclore de sua cultura original. Ela também possui várias influencias do nacionalismo finlandês, o que pode

explicar a escrita da epopeia Kalevipoeg de Friedrich Kreutzwald. A Estônia também possui a característica de ser um povo extremamente cantante o que mostra suas influencias dos diversos outros países que ocuparam seu território, sendo a cítara um importante símbolo da musica estoniana clássica. Atualmente e até por suas influencias históricas os estonianos são bastante simpáticos com os estrangeiros e valorizam bastante a sua cultura, sendo um povo extremamente patriota. Pode-se dizer também que cresceu, na Estônia, juntamente com o patriotismo um sentimento de libertação em resposta ao conservadorismo soviético que, por anos, dominou a região. Esse sentimento acabou dando abertura para o surgimento de artistas como as componentes da banda Vanilla Ninja e de cantoras como Kerli que surge com um estilo extremamente diferente que mistura elementos da cultura pop, infantis e góticos. A cantora, atualmente com 27 anos fez sucesso ao promover uma parceria com o diretor Tim Burton na trilha sonora de sua versão de Alice No País das Maravilhas para os cinemas em 2010, mais especificadamente com o single Tea Party. Com uma população de cerca de 1,4 milhões de habitantes, sendo a maioria de origem estoniana, russa, ucraniana e bielorrussa a Estônia possui um IDH de número 0,812, oque é considerado muito alto e a língua oficial do país é o Estoniano. O Regime político é a Republica Parlamentarista onde o primeiro-ministro governa o país, esse primeiro-ministro é nomeado pelo Parlamento com indicação do presidente da republica quem também é eleito pelo parlamento. Os 101 deputados componentes do parlamento são eleitos pelo povo, por voto direto e não podem ser reeleitos. Como existe o parlamento, o presidente não é quem comanda o poder executivo, sendo este mais responsável diretamente pelas relações internacionais, sendo o representante estoniano fora do país, é ele também quem elege os diplomatas da Estônia em outros países e também quem trata de assuntos militares. Em

questões

econômicas

a

Estônia

conseguiu

um

alto

nível

de

desenvolvimento depois da independência da URSS, sendo conhecida atualmente como “Tigre Báltico”. O PIB estoniano soma atualmente: US$ 29.570.000 e uma renda per capita de US$ 22.400, seus mercados mais fortes são os da engenharia, eletrônica, madeira e derivados, têxtil, tecnologia da informação e telecomunicações.

O que se pode esperar de uma relação entre a Estônia e o Brasil? Bom, inicialmente é bom saber que a principal fonte energética da Estônia atualmente é o Xisto Betuminoso, o xisto é um mineral que quando sofre algumas reações químicas transforma-se em um gás que é bastante potente na produção de energia. A Estônia é, atualmente, bastante autossuficiente na questão energética, pois 90% da sua demanda energética é coberta internamente pelas suas reservas de xisto. O grande problema do xisto é que ele é extremamente danoso ao meio ambiente.

“A combustão do xisto emite mais dióxido de carbono do que outros tipos de minerais. A Estônia precisa, portanto, de mais licenças de poluição. Os funcionários europeus recordam constantemente ao país que precisa diversificar as suas fontes de produção de eletricidade. As críticas da UE justificam-se. Para produzir um terawatt/hora, os estónios produzem duas vezes mais dióxido de carbono do que a média europeia. [...] O dióxido de carbono não é o único efeito secundário do xisto betuminoso, sendo o outro as escórias. Podem ser comparadas a cinzas produzidas pela combustão do xisto. Uma tonelada de xisto produz 450 quilos de escórias. A Estónia extrai todos os anos cerca de 17 milhões de toneladas de xisto, queimado maioritariamente nas centrais. Ficam, portanto, sete

milhões

de

toneladas

de

escórias”

(http://www.voxeurop.eu/pt/content/article/3693441o-xisto-e-chique, acessado em 25/05/2014).

Sabendo que a União Europeia tem uma das mais rígidas politicas ambientais do mundo, a Estônia, mesmo que lentamente, vem tentado investir no mercado de energias renováveis, principalmente em energia eólica, podendo usar como vantagem os fortes ventos do mar báltico. O Brasil, mesmo possuindo um mercado

ainda em crescimento, já é o 5º país que mais investe em energias renováveis, investindo com mais força neste mercado do que todos os 53 países africanos juntos. O Brasil pode então, exportar essa tecnologia para a Estônia, promovendo também, junto a entidades estonianas o intercambio de estudantes de engenharia que visariam fariam pesquisas e promoveriam o aprimoramento dessas tecnologias de acordo com o tempo. Além disso, o Brasil também terá uma solução (parcial) e de curto prazo para a problemática da falta de engenheiros formados no mercado, oque faz com que o Brasil perca cerca de 15 bilhões por ano, segundo estudo. A Estônia também ganharia, pois, além de estar lidando com uma tecnologia mais barata ela estaria atendendo a rígida política ambiental da União Europeia. A indústria alimentícia brasileira também pode se beneficiar bastante da relação com os estonianos, O BrasilGlobalNet, entidade vinculada ao Ministério das Relações Exteriores brasileiro fez juntamente à Câmara Estoniana de Comercio e Indústria um questionário respondido por 34 empresas da Estônia perguntando se estas estariam interessadas em comprar produtos alimentícios do Brasil, o resultado mostrou que 20 das 34 mostraram, sim, interesse em receber informações e ofertas do Brasil para produtos alimentares variados, mostrando estar bem interessadas pelos nossos produtos. “Apesar de que o povo da Estônia tem ampla

preferência

pelos

produtos

domésticos ainda existem muitos produtos, em especial na área da agricultura, que não estão

disponíveis

na

Estônia,

mas

a

necessidade existe. Apesar de que várias das empresas contatadas

mencionaram

que

as

suas

quantidades provavelmente não são tão grandes

como

as empresas

brasileiras

gostariam que elas fossem, ainda assim elas estriam interessadas em receber informação e lista de preços de diversos tipos de produtos alimentícios. O desenvolvimento

dessa cooperação depende de diversos aspectos: preço, condições de compra, suporte de marketing etc. Essa será definitivamente a forma mais fácil de entrar no mercado estoniano – por meio do distribuidor local. Não se pode esperar sucesso imediato, dado o tamanho reduzido do mercado estoniano (1.4 milhões de habitantes), a competição e os hábitos de compra dos consumidores, fatores que devem ser considerados. São necessários esforços de marketing para promover os produtos e apresentá-los ao consumidor final.” (http://www.brasilglobalnet.gov.br/Arquivos/P esquisasMercado/PMR1390000111.PDF, acessado em 25/05/2014).

Apesar das advertências a Câmara Estoniana de Comércio e Indústria mostra acreditar nas novas relações comerciais Brasil e Estônia e diz que as empresas precisam ser apenas mais pacientes no alcance dos resultados, afirmando ainda que estes virão, pois existe sim uma escassez de mercados agricultores na Estônia. A entidade afirma ainda que ficaria feliz em ajudar as empresas brasileiras no processo de entrada no mercado estoniano. Percebe-se então, que para a Indústria Alimentícia a cooperação entre Brasil e Estônia se caracteriza, também, como bastante benéfica. A tecnologia de portos também pode ser um forte na relação Brasil-Estônia. O país báltico é conhecido por possuir uma sofisticada tecnologia nos mesmos. Um dos maiores exemplos é o Porto de Muuga, que fica na região metropolitana de Tallin, ele possui modernas instalações antigelo e uma boa capacidade de receber navios cargueiros, elevadores de grãos de alta capacidade, câmaras de refrigeração, tanques de combustível para abastecer os navios e etc. No Brasil a

falta de investimento nos portos tem causado varias perdas para a Economia do país. Os portos são pequenos demais para receber a grande quantidade de volumes que chegam a nosso litoral o que causa uma grande “fila” que congestiona nossos portos todos os dias. Além disso, se os portos brasileiros receberem mais investimentos tecnológicos, assim como também aumentarem sua capacidade de recebimento de mercadorias, o Brasil poderia usar do transporte marítimo como uma opção melhor, mais barata e que carregasse muito mais mercadorias através dos portos brasileiros surgindo como uma solução ao problema do transporte rodoviário brasileiro que nem sempre da a segurança necessária a essas mercadorias, além de ser mais caro, transportar pouco e exigir um prazo maior na entrega desses produtos. A Estônia então poderia nos ajudar, importando essa tecnologia para os portos brasileiros. Outra opção de relação entre o Brasil e o Tigre Báltico é a importação da tecnologia de comunicações estonianas, além de possuir uma ótima qualidade, graças a uma liberalização que criou um mercado extremamente competitivo a Estônia já vem exportando grandes quantidades desse serviço para diversos países do globo, o que também barateia o custo dessa tecnologia, já bastante forte, forte no mercado Estoniano, oque entra em contraste com os péssimos serviços da área das comunicações que vem sido oferecidas ao povo brasileiro. Beneficiando assim os dois lados. Conclui-se então que as oportunidades do mercado brasileiro com a Estônia são muitas e todas bastante desenvolvíveis. Trata-se de um país que esta em constante crescimento e que já ganha certo destaque no mercado do Leste europeu. Portanto, torna-se bastante viável que se invista na Estônia, chamando atenção para outros países do Leste Europeu e principalmente na região dos países bálticos, propondo então uma abertura de mercado extremamente benéfica e com certeza, bastante crescente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.



http://www.infopedia.pt/$estonia, acessado em fevereiro de 2014.



http://europa.eu/about-eu/countries/member-countries/estonia/index_pt.htm, acessado em fevereiro de 2014.



http://www.brasilescola.com/geografia/estonia.htm, acessado fevereiro de 2014.



http://kerliorg.blogspot.com.br/, acessado em 25/05/2014.



http://www.voxeurop.eu/pt/content/article/3693441-o-xisto-e-chique, acessado em 25/05/2014).



http://europa.eu/pol/env/index_pt.htm, acessado em 25/05/2014.



(www.publico.pt/ciencia/noticia/portugal-esta-entre-os-maiores-produtores-deenergias-renovaveis-da-uniao-europeia-1550908, acessado em 25/05/2014).



(http://www.dw.de/mais-barata-energia-e%C3%B3lica-registraexpans%C3%A3o-mundial/a-16814392, acessado em 25/05/2014).



http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2106201001.htm, acessado em março de 2014.



http://unpo13minionu.wordpress.com/2012/08/13/dossie-estonia/, em 28/04/2014.

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