\"Estrada camarária de Santa Catarina a Quinta da Sardinha: 1927-29\", in «Luz da Serra», Ano XLI, n.º 498, março de 2016, p. 14.

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LUZ DA SERRA

MARÇO

-- histórias da História --

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2016

Estrada camarária de Santa Catarina a Quinta da Sardinha: 1927-29 Na sequência dos acontecimentos na paróquia de Fátima, a afluência, cada vez mais evidente, de peregrinos à Cova da Iria tornou-se um facto constatado, pelo que era imperioso o melhoramento efetivo das vias de comunicação então existentes na freguesia de Santa Catarina da Serra. É, assim, neste contexto que a Junta de Freguesia resolve fazer uma estrada que liguasse a sede à Quinta, sem ser, claro está, pelo senecto caminho, referido em 1716. Assim, na década de 20 de novecentos, a edilidade informa que andava em construção a via Santa Catarina / Quinta da Sardinha, uma vez que, a 7 de agosto de 1927, a Câmara de Leiria resolve auxiliar a «conclusão da estrada de Santa Catarina à Quinta da Sardinha», designadamente a terraplanagem e o empedramento do mencionado caminho, sendo Manuel Parente, da freguesia da Caranguejeira, o empreiteiro do mesmo. «Aos sete de Agosto de mil novecentos e vinte e sete, reuniu em sessão ordinaria a Comissão Administrativa, lida, aprovada e assinada a acta da sessão anterior, foi apresentado um oficio da Comissão Administrativa da Camara Municipal de Leiria, com o numero seiscentos e vinte e nove, digo, como nada houvesse a tratar o presidente digo, foi apresentado um oficio na Cama[ra] de Leiria com fecho de trinta de Julho do corrente ano do teor seguinte: Comunico a Vossa Excelencia [fl. 7] que sobre o cilindro vira a ser dispensado por esta

Camara se encontra sem cabeçalha tendo-se de mandar fazer uma, logo que esteja em ordem sera Vossa Excelencia avisado para o poder vir buscar. Foi apresentado outro oficio com o numero quatrocentos e quarenta e nove, vindo da mesma Camara, do seguinte teor: Communico-lhe que a Comissão Administrativa da minha presidencia, em sua ultima sessão deliberou conceder a essa Junta, o subsidio de quinhentos escudos destinados a auxiliar a conclusão da estrada de Santa Catarina à Quinta da Sardinha. Esta importancia só será paga com apresentação como digo, de documentos com assinatura de Vossa Excelencia autenticada com o respectivo selo branco. Um oficio enviado a Comissão Administrativa da Camara de Leiria, tendo esta Comissão resolvido continuar a estrada de Santa Catarina a Quinta da Sardinha, ha muitos anos principiada, e que se torna absolutamente necessaria, mas necessitando tambem do auxilio da Excelentissima Camara, de que Vossa Excelencia e mui digno presidente, vem a Junta desta freguezia solicitar de Vossa Excelencia o auxilio monetário para ir custeando as obras de terraplanagem e empedramento, pois que e certo que todos os homens teem ido voluntariamente para este serviço sem remuneração alguma, é insuficiente este auxilio necessitando de dinheiro para comprar algumas pequenas fachas de terreno para alinhamento da mesma estrada».

Em 1927, procurou-se fazer a cilindragem da via de comunicação, mas, a 11 de agosto desse ano o cilindro que a Câmara Municipal de Leiria possuía para obras do género encontrava-se junto da adega de José Chartres, em Cortes. Uma vez na Serra, o cilindro só seria devolvido 1931, uma vez que, a 12 de fevereiro, o Município leiriense assim solicitou. O cilindro compunha-se de um rolo compressor em rocha calcária, com eixo em ferro. Era puxado por animais, numa primeira fase. De facto, só mais tarde é que os cilindros passam a ser deslocados por máquinas, isto antes de se inventarem os rolos compressores incorporados, como hoje, em maquinaria apropriada. No ano seguinte, a 5 de agosto, a Comissão Administrativa da Serra solicita à de Leiria novo subsídio para a construção da estrada municipal supra. Por fim, a 2 de janeiro de 1929, aquela via encontrava-se terminada: «No dia dois de Janeiro de mil novecentos e vinte e nove, reuniu em sessão ordinaria a Comissão Administrativa. Lida e assinada a acta da sessão anterior, deliberou o seguinte: Tendo sido concluida a estrada de Santa Ca[fl. 14]tarina a Quinta da Sardinha e havendo a pagar a importancia de mil quinhentos e oitenta e quatro escudos e des centavos (1.584$10) de britagem de pedra e pagamento a trabalhadores, que foi necessario para mais rapidamente se concluir a estrada antes do Inverno, resolveu esta

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Junta solicitar da Excelentissima Comissão Administrativa da Camara Municipal, para conceder a verba já referida para o mesmo pagamento». Procurou-se ainda abrir as valetas na mesma estrada e serventias respectivas». Uma vez concluída a estrada, a Junta de Freguesia procedeu, seguidamente, ao alinhamento da mesma, pelo que, em ata de 16 de junho de 1929, resolve solicitar a isenção dos proprietários de fazendas junto da via da Serra à Quinta de qualquer licença para fazerem novos muros, para que se pudesse concluir o alinhamento daquela. No mês seguinte, no dia 7, ao comandante da Guarda Nacional Republicana foi dado a saber que no prazo de seis meses, os donos estariam isentos do pagamento de qualquer multa, de modo a murarem os terrenos junto à estrada. Esta não principiava já no cruzamento, ou cruz, para Siróis, na Quinta da Sardinha, como o fazia desde pelo menos o século XVII, passando pelo Balancho e pelo Tojal, até à atual Rua de São Guilherme, na aldeia de Magueigia, em direção à de Pedrome, mas também não fazia ainda a ligação direta da Quinta ao Pedrome, pela Rua da Vela. Na realidade, a via camarária de Quinta da Sardinha a Santa Catarina da Serra tinha início, à Barroqueira, na Quinta da Sardinha, passava depois pelo sítio do Outeiro, em Magueigia, até à Rua de São Guilherme, seguindo até Pedrome. Neste po-

voado, subia pela atual EM 357, até ao corte para Cova Alta, transitando entre a cabine de eletricidade e a propriedade de Franklin da Costa e Silva, até entrar na hodierna Rua da Estrada Velha. Esta terminava (e ainda termina) na mencionada EM 357. Aí, encontravase com a Rua da Cisterna Pública, o senecto caminho documentado em 1716. Seguia, a estrada municipal, a oeste daquele, voltando a cruzarse junto à cisterna pública. Enquanto o caminho seguia pela Estrada Romana, a camarária entrava pela Rua de Santa Cruz, que, à época, isto é, nos anos 20-30 de novecentos, passou a ser a principal. A estrada camarária passava junto do sítio onde se encontra a de Américo Marques, de Pedrome, mas também no sítio do Passadouro. O antigo caminho passava (e ainda passa) por trás. Ao sítio da Bemposta, a camarária virava para a sede de freguesia, onde

Vasco Jorge Rosa da Silva Paleógrafo e Epigrafista Leiria - Ourém

terminava. Principiava, então, a EM 593. Bibliografia sumária: - Correspondência recebida (1927), AJFSCS-C, documento avulso. - Livro 6 de atas da Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra (1910-26), AJFSCS-C, fls. 6v-7. - Livro 8 de atas da Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra (1927-46), AJFSCS-C, fls. 14 e 16v-17. - Registo de correspondência entrada (1928-33), AJFSCS-C, fl. 29. - Serviço na estrada camarária de Santa Catarina da Serra à Quinta da Sardinha (31 de junho de 1927), AJFSCS-C, documentos avulsos. pub

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