\"Estrada municipal 593 (Cardosos / Santa Catarina da Serra): 1887-89\", in «Luz da Serra», Ano XLI, n.º 495, dezembro de 2015, p. 14

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LUZ DA SERRA

DEZEMBRO

-- histórias da História --

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2015

Estrada municipal 593 (Cardosos / Santa Catarina da Serra): 1887-89 A EM593 foi a primeira estrada municipal da freguesia de Santa Catarina da Serra. Ligava diretamente a atual N113, à época ER15, à sede de paróquia. Foi edificada em 1887-89, ou seja, na transição do período de governação de D. Luís (1861-89) para o de D. Carlos (18891908), permitindo o desenvolvimento das aldeias do noroeste da freguesia, desde Cardosos até Santa Catarina, passando por Cercal, Quinta do Salgueiro, Gordaria, Casal das Figueiras, Donairia, Barreiria e Pinheiria. A 3 de agosto de 1887, a Junta de Paróquia, presidida por Manuel Francisco Barbeiro, de Chainça, propôs a elaboração de um requerimento a remeter à Câmara Municipal para que a estrada de Cardosos até Santa Catarina tivesse a classificação de municipal. No documento consta a seguinte informação: «Excelentissimo Senhor Presidente e veriadores da Camara Municipal de Leiria, constando a esta Junta que a Camara Municipal vae fazer a classificação de algumas estradas, vem respeitozamente pedir a Vossas Excelências se dignem classifica-la como estrada municipal, a estrada para Santa Catharina, sendo considerada como municipal, digo, complementar da estrada, que de Leiria vae ao Soutosico, e Arrabal, a ceguir pelo Cercal Santa Catherina e a terminar em São Guilherme na estrada de Leiria a Thomar. [fl. 26] A importancia das povoações, a que cabe é de Vossas Excelências bem conhecidas para servir de justificação ao pedido desta Junta». No dia 16 de outubro de 1887, a Junta de Paróquia acusou a receção, da Câ-

mara Municipal de Leiria, da importância de um milhão de réis para a estrada de Cardosos. Por sua vez, a 30 de outubro, o presidente, na sacristia da igreja matriz, onde se realizavam as sessões da edilidade, expôs aos vogais, sob a observância de Francisco da Gama Reis, pároco, o orçamento suplementar para a estrada de Cardosos, «a fim de ser descutido e approvado pela mesma Junta, sendo a totalidade das verbas de 1.288.300 réis». No término do dito ano, a 4 de dezembro, a autarquia tinha-se reunido para discutir a arrematação da «empreitada de um lanço de estrada, dos Cardosos a Santa Catharina na extensão de 1.298,95» metros. A 18, o presidente chamou a atenção dos vogais para se colocar em «hasta publica no dia oito do proximo futuro mez a abertura de uma caixa em terra», que deveria ficar compacta, assim como o «empedramento, saibramento e ciplindramento ate ao perfil setenta e quatro, na extensão de mil novecentos e vinte e cinco [metros] e oitenta e cinco centimetroz e mais obras accessorias de escavação de cincoenta e um metros cubicos e cincoenta e um centimetros, aterro quarenta e seis metros cubicos e oitenta e nove centimetros, calçada dusentos e cincoenta e um metros quadrados e desasseis centimetros em serventias, onze metros d' alvenaria» e, entre outros materiais, «nas valletas, tres sessenta sentimetros de lages, na estrada dos Cardosos a Santa Catharina». No ano seguinte, a 8 de janeiro de 1888, deliberou-se para se efetuar a arrematação de tres empreitadas no «caminho a macadam dos Cardozos a Santa Catharina sendo a primeira dos Cardozos, digo, da Estrada Real número quinze [ER15] proximo aos Car-

«Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos, oitenta e oito, aos oito dias do mez de Janeiro do dicto anno, na sala das suas sessões reuniu a Junta de Parochia de Santa Catharina sob a presidencia de Manuel Francisco Barbeiro sendo ahi presentes os vogaes, e o reverendo prior, Francisco da Gama Reis, Manuel das Neves, Constantino Pereira, Francisco Joze e Francisco Vieira. Sendo ahi presente o regedor Jose [fl. 32] Pereira Bento, abriu o presidente a sessão e expoz a Junta que segundo a ordem do dia tinta apresentar, que estava determinado este dia d' hoje para a arrematação de tres empreitadas no caminho a macadam dos Cardosos, digo, da Estrada Real numero quinze proximo aos Cardosos ao perfil , a outra dahi ate ao perfil setenta e quatro, e de obras accessorias d' arte e por este modo se concluiu a sessão não havendo nada mais a tractar, mandando o presidente lavrar os autos em o competente livro e que disto se desse parte ao excellentissimo senhor Administrador do Concelho, lavrando-se esta acta do que depois de ser lida e approvada vai ser assignada pelo presidente, vogaes e por mim secretario que a escrevi e assignei. O presidente Manoel Francisco Barbeiro. O vogal Manoel das Neves. O vogal Constantino Pereira. O vogal Francisco Joze. O vogal. O vogal. O regedor».

barão do Salgueiro, para que este pudesse levantar mais «quinhentos reis da Camara Municipal do concelho de Leiria, que a mesma Cama[ra] tinha concedido como subsidio a esta mesma Junta para as despezas da estrada dos Cardozos a Santa Catharina da Serra». Alguns dias mais tarde, a 8, discutiu-se o orçamento atribuído pela Câmara Municipal, num valor superior a um conto, ou um milhão de réis, para a estrada de Cardosos a Santa Catarina da Serra. Como a verba não era suficiente, a Junta assentiu, a 19 de agosto, na receção de esmolas em azeite concedidas pela população, de modo a reforçar o orçamento suplementar para 1888, devido às obras na mencionada estrada. A 9 de setembro de 1888, a Junta de Paróquia decidiu que Francisco de Oliveira, de Cardosos, seria o empreiteiro das obras «accessorias d' arte (calçada e lajes, por exemplo) no primeiro lanço da estrada dos Cardozos a Santa Catharina da Serra». A 23 deliberou-se para que se dessem «ordens aos empreiteiros das obras assessorias no primeiro lanço da estrada dos Cardozos a Santa Catharina da Serra, a fim das servintias serem mais largas [fl.43] aumentando-lhe uns metros». No dia 24 de fevereiro de 1889, a edilidade liquidou as contas com Francisco de Oliveira, de Cardosos, empreiteiro, como se disse, das obras de arte. Por fim, a 10 de março, em sessão ordinária, colocaram-se em ordem as contas referentes a 1887-88, para serem remetidas ao administrador do concelho de Leiria, por causa dos trabalhos efetuados na citada estrada.

No dia 4 de julho, a Junta de Paróquia concedeu uma procuração ao Dr. José de Albergaria, 2.º

No que se refere às expropriações, a 13 de novembro de 1887, a Junta de Freguesia de Santa Cata-

dozos ao perfil , a outra dahi ate ao perfil setenta e quatro, e de obras accessoerias d' arte».

rina da Serra clarificou a necessidade de se passarem «alguns mandados para se fazerem algumas expropriações da estrada dos Cardosos a Santa Catharina». Em 1889, a 10 de fevereiro, na fase final dos trabalhos, a autarquia procedeu à «revisão das expropriações feitas no lanço da estrada que vem dos Cardozos a esta parochial Igreja; lanço comprehendido entre a Gordaria e Cardozos». Uma das expropriadas foi Lucrécia, de Cercal, cujo pagamento da expropriação ocorreu mais tarde, «pelo motivo de contrato da construção dum muro na sua terra expropriada».

Vasco Jorge Rosa da Silva Paleógrafo e Epigrafista Leiria - Ourém

28-29, 30-32, 39-39v, 42-43 e 47v-48. - SILVA, Vasco Jorge Rosa da, e VICENTE, Joaquim das Neves, Santa Catarina da Serra: Estudo Histórico e Documental, Santa Catarina da Serra, Junta de Freguesia, 2013, pp. 133-134.

Bibliografia sumária: - CABRAL, João, Anais do Município de Leiria, Leiria, Câmara Municipal, 1993, vol. I, pp. 156 e 159. - Livro 2 de Atas da Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra, AJFSCSC, 1885-90, fls. 26-26v, pub

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