Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

May 26, 2017 | Autor: Érika Zanoni | Categoria: Animal Behavior
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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal Editoras: Victoria Pereira Bengoa | Rosângela Ribeiro Gebara | Melania Gamboa

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal Editoras: Victoria Pereira Bengoa | Rosângela Ribeiro Gebara | Melania Gamboa

W927e World Animal Protection Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem - estar animal [livro eletrônico] / World Animal Protection; Victoria Pereira Bengoa, Rosangela Ribeiro, Melania Gamboa (Ed.) São Paulo : World Animal Protection, 2016. 4,131 Kb; PDF

Modo de Acesso: World Wide Web



ISBN: 978-85-63814-04-3

1.Bem-estar animal - Ensino. 2. Bem – estar animal – Práticas docentes. 3. Saúde animal. I. Autor II. Título.

CDU 614.9

Ficha Catalográfica elaborada por Renata Gonçalves - CRB – 8 nº 8248

Editado por: Victoria Pereira Bengoa Rosângela Ribeiro Gebara Melania Gamboa 2016

Sumário 15

Capítulo 1 Estratégias e práticas docentes direcionadas ao ensino de bem-estar animal em grandes animais

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O bem-estar animal no pré-abate: um aprendizado significativo Marlyn Hellen Romero Córdoba

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Estratégia interativa para o desenvolvimento e validação de protocolos científicos para avaliação do bem-estar animal Adroaldo José Zanella

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Avaliação a campo do bem-estar de animais de produção Sergio Alberto Parra

31

Identificação dos problemas comportamentais em cavalos de carroça de Bogotá, Colômbia, como indicador de bem-estar animal e brigada de saúde em equinos Juan David Córdoba Parra

37

Ensinando bem estar animal na zootecnia Priscila Cotta Palhares

41

Capítulo 2 Estratégias e práticas docentes direcionadas ao ensino de bem-estar animal em pequenos animais e à posse responsável de animais de estimação

42

Oficina de Enriquecimento Ambiental para animais em abrigo Carmen Luz Barrios Gómez

47

Aplicando o bem-estar animal na medicina de pequenos animais Ángela Olavarría Cortés

52

Palestras de Guarda Responsável de Animais de Estimação Graciela Estrada Dávila

55

Capítulo 3 Estratégias e práticas docentes que fomentam o uso humanitário de animais em educação e pesquisa

56

Desenvolvimento de Modelos de Simulação para a coleta de amostras sanguíneas e aplicação de medicamentos intravenosos como alternativas humanitárias no ensino da Medicina Veterinária Edison Alberto Cardona Zuluaga y Sergio Alejandro Salas Suárez

61

Uso de modelos de simulação no ensino-aprendizagem de habilidades clínicas em pequenos animais Cintya Boroni González and Alberto Goldsack Merino

68

Conservação de Peças Anatômicas e Criação de Coleção Embriológica Daniel Fernando González Mendoza

77

Qualidade, validade, reprodutibilidade, respeito e reconhecimento: um modelo integral transnacional para o aprendizado em ética em pesquisa com animais Carmen Alicia Cardozo de Martínez

83

Ética no Uso Animal e Bem-estar Animal Marta Luciane Fischer

88

Capítulo 4 Estratégias e práticas docentes de extensão à comunidade para o ensino efetivo de bem-estar animal

89

Todos pelo bem-estar dos animais domésticos Sandra Adelly Alves Rocha

93

Aprendendo sobre bem-estar animal além da sala de aula Rosemary Bastos

98

Bem estar de animais participantes de projetos psicopedagógicos e de educação ambiental em escolas municipais da cidade de Ponta Grossa Erika Zanoni

103

Educação Humanitária em Bem-estar Animal Marcia Marinho

109

Capítulo 5 Estratégias e práticas pedagógicas transversais e/ou transdisciplinares para o ensino efetivo de bem-estar animal

110

Construindo o conceito de bem-estar animal na UFFS (Campus Realeza) por meio da metodologia da problematização: desafios da prática pedagógica Denise Maria Sousa De Mello

117

Conhecer o comportamento dos animais em ambiente natural para promoção do mínimo de bem-estar Adriano Braga Brasileiro de Alvarenga

120

PIBAS - Programa Integral de Bem-estar Animal Sustentável Universidade “Ignacio Agramonte” - Camagüey, Cuba Elena de Varona Rodríguez

Informação dos autores Alves Rocha, Sandra Adelly Instituto Federal Goiano – Câmpus Ceres Brasil [email protected] Barrios Gómez, Carmen Luz Escuela de Medicina Veterinaria Universidad Mayor Chile [email protected] Bastos, Rosemary Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias LRMGA/ Setor de Comportamento e bem-estar animal Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro Brasil [email protected] Brasileiro de Alvarenga, Adriano Braga Faculdade de Medicina Veterinária, Campus de Castanha/ Licenciatura em Ciências Biológicas do Campus de Soure (Ilha do Marajó) Universidade Federal do Pará Brasil [email protected] Boroni González, Cintya Universidad Andres Bello Chile [email protected] Cardona Zuluaga, Edison Alberto Facultad de Medicina Veterinaria y Zootecnia Universidad CES Colombia [email protected]

Cardozo de Martínez, Carmen Alicia Instituto de Biotecnología Universidad Nacional de Colombia Colombia/Chile [email protected] Córdoba Parra, Juan David Facultad de Ciencias Pecuarias Universidad de Ciencias Aplicadas y Ambientales Colombia [email protected] Cotta Palhares, Priscila Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais Campus Rio Pomba Brasil [email protected] De Varona Rodríguez, Elena Facultad de Ciencias Agropecuarias Universidad de Camagüey - “Ignacio Agramonte” Cuba [email protected] Estrada Dávila, Graciela Carrera de Medicina Veterinaria y Zootecnia Universidad de Las Américas Ecuador [email protected]

Fischer, Marta Luciane Programa de Mestrado em Bioética - PUCPR Coordenadora do CEUA-PUCPR Editora Chefe Estudos de Biologia: Ambiente e Diversidade Laboratório NEC-PUCPR - ESB-PUCPR Pontificia Universidade Catolica de Paraná Brasil [email protected] Goldsack Merino, Alberto Universidad Andrés Bello Chile [email protected] González Mendoza, Daniel Fernando Facultad Ciencias Agrarias Centro de Investigaciones en Pequeños Rumiantes CIPER-JDC  Grupo Investigación INPANTA - línea de investigación en Producción de Rumiantes. Fundación Universitaria Juan De Castellanos Colombia [email protected] Marinho, Márcia Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Universidade Estadual de São Paulo Brasil [email protected] Olavarría Cortés, Angela Hospital Clínico Veterinario Universidad Católica de Temuco Chile [email protected]

Parra, Sergio Alberto

Facultad de Ciencias Veterinarias Universidad Nacional del Litoral Argentina [email protected] Romero Córdoba, Marlyn Hellen Facultad de Medicina Veterinaria y Zootecnia Universidad de Caldas Colombia [email protected] Salas Suárez, Sergio Alejandro Facultad de Medicina Veterinaria y Zootecnia Universidad CES Colombia [email protected] Sousa De Mello, Denise Maria Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza Brasil [email protected] Zanella, Adroaldo José Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal / Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia / Universidade de São Paulo - Campus Pirassununga Brasil [email protected] Zanoni, Erika Hospital Veterinário do Centro de Ensino dos Campos Gerais (CESCAGE) / Associação Pontagrossense de Portadores de deformidades faciais (APPDF) Brasil [email protected]

Prefácio Nos últimos anos, o Bem-Estar Animal teve um forte desenvolvimento em todo o mundo e a sociedade, os acadêmicos, os docentes e os pesquisadores têm demonstrado amplo interesse no assunto. Mas de forma alguma ainda é um tema novo. Para o setor educacional é de total importância o bem-estar animal não só para analisar os vários aspectos da produção e da utilização de animais, mas também para a sua divulgação à sociedade das atividades de ética e de respeito para com eles. A Proteção Animal Mundial desenvolveu em diferentes países uma série de atividades para a proteção e promoção do bem-estar dos animais, um exemplo é este trabalho que visa difundir não só atividades e práticas desen-

volvidas no setor acadêmico, mas também as estratégias para alcançá-las. Sem dúvida, a melhor maneira de se alcançar um objetivo ético e de respeito pelos animais, é através da educação da sociedade e de todos aqueles que têm contato próximo com animais, como os estudantes de Medicina Veterinária. É por isso que os trabalhos que foram selecionados neste documento, estão principalmente relacionados ao ensino e a prática de alternativas educacionais; bem como, estratégias e práticas para o ensino de bem-estar animal na produção e saúde animal. A Federação Pan-Americana de Faculdades de Ciências Veterinárias recebe favoravelmente esta iniciativa da Proteção Animal Mundial na elaboração deste documento. Dr. Juan de Jesus Taylor Preciado

Presidente Federação Pan-Americana de Faculdades e Escolas de Ciências Veterinárias

O desenvolvimento humano através da história exigiu a intervenção do homem sobre a natureza, do ambiente que o rodeia. Por muitos séculos, os seres humanos evoluíram e mudou de um indivíduo para formas sociais primitivas, em seguida, constituindo a família e a sociedade. O homem tem compartilhado com os outros membros de sua escala zoológica, as fontes de alimento, a água, o ar, as plantas, os minerais e as paisagens, mas sendo o Homo sapiens o “Rei da Criação” vem dispondo para seu uso exclusivo estes bens de maneira caótico e egoísta levando o planeta a uma encruzilhada crítica, que está se transformando em um ambiente hostil para a vida. E essa espiral evolutiva que atingimos em nossos dias, com grandes e maravilhosos progressos científicos e técnicos, esta em uma casa comum, que está caindo aos pedaços.

Por isso, é importante que tomemos a sério este fenômeno e abordemos com muito mais força e determinação, cada um em sua disciplina ou em sua função, a tarefa de contribuir, em primeiro lugar para diminuir a velocidade de deterioração e, ao mesmo tempo, aplicar medidas corretivas para reverter um pouco do que foi perdido. Parte desse trabalho é o que estamos vendo nos programas desenvolvidos pelo World Animal Protection, com ideias extraordinárias e planos de ação que enche-nos de esperança, porque proteger os animais e lutar por seu bem-estar beneficia diretamente aos seres humanos. Nós médicos veterinários apoiamos e aplaudimos o trabalho da World Animal Protection e a edição deste livro que é mais um grão de areia que apresenta para a humanidade, tão necessitada de orientação e de boas notícias. Obrigado amigos da World Animal Protection

Dr. Franklin Clavel L. Presidente do PANVET

Introdução A Proteção Animal Mundial (World Animal Protection) é uma organização global não governamental, sem fins lucrativos, com sede em Londres, que trabalha há mais de 50 anos para a proteção e o bem-estar dos animais. Com 14 escritórios em todo o mundo e programas em mais de 50 países, trabalha em quatro frentes principais: animais de produção, animais em situações de desastre, animais em comunidades e animais silvestres. A Proteção Animal Mundial é atualmente a única ONG internacional dedicada ao bem-estar dos animais com status consultivo junto à ONU, que trabalha em colaboração com a OIE e que possui representação entre as instituições europeias. Em 2014, o Programa de Educação da Proteção Animal, com o apoio do Conselho Pan-Americano de Educação em Ciências Veterinárias (COPEVET), da Associação Pan-Americana de Ciências Veterinárias (PANVET) e da Federação Pan-Americana de Faculdades de Ciências Veterinárias, lançou o concurso « Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo do bem-estar animal, destinado aos docentes das Faculdades de Medicina Veterinária, Zootecnia e Ciências Animais a fim de identificar as melhores e mais inovadoras estratégias e práticas de ensino em Bem-estar animal em nossa região. Esta iniciativa surgiu a partir da necessidade de conhecer a realidade educacional acerca do ensino de uma ciência cada vez mais necessária, mas ainda pouco conhecida e difundida em algumas partes do nosso continente

e desta forma fazer desta informação valiosa disponível para todos os professores e educadores, incentivando-os a replicar e a melhorar suas formas de ensinar Bem-estar animal. Este livro apresenta as 20 melhores estratégias que foram selecionadas por um júri composto de membros da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba e Equador e compreende práticas didáticas nas áreas do ensino de bem-estar em animais de grande porte, em pequenos animais, no ensino de práticas humanitárias no ensino e pesquisa, em projetos de extensão comunitária e alguns processos transdisciplinares. Gostaríamos de oferecer um agradecimento especial à Dra. Beatriz Zapata, à Dra. Carmen Gallo do Chile; à Dra. Stella Huertas do Uruguai; ao Dr. Nestor Calderon da Colômbia; ao Dr. Maximino Mendez e Dr. Apollo Carrasco do México; ao Dr. Jorge Quiroz da Costa Rica; à Dra. Carla Molento, ao Dr. Irã Oliveira e à Dra. Denise Leme do Brasil que colaboram com este livro, participando como juízes para a seleção das melhores estratégias que compõem este livro. Esperamos que este livro possa inspirar muitos professores através destes exemplos didáticos incríveis, e esperamos que possa inspirar os professores e lembra-los que sempre é possível mudar e melhorar o ensino de bem-estar animal, ciência essa tão importante e relevante para a formação atual do professional das Ciências Veterinárias.

Capítulo 1

Estratégias e práticas docentes direcionadas ao ensino de bem-estar animal em grandes animais

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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O bem-estar animal no pré-abate: um aprendizado significativo1

Marlyn Hellen Romero Córdoba Colômbia

Nome da área temática, programa ou disciplina onde a estratégia, prática ou atividade docente foi desenvolvid: Saúde Pública

Introdução, contexto e justificativa O pré-abate (período que inclui o embarque na fazenda até o abate) é uma etapa estressante para os animais, que gera perdas econômicas relacionadas a vísceras, perda de peso, mortalidade, alteração da qualidade da carne, entre outros. Da mesma forma, essa etapa impacta negativamente o bem-estar animal (BEA) porque os animais são submetidos a práticas cruéis, jejum prolongado e desafios ambientais que geram estresse físico e psicológico. Nas últimas décadas, os pesquisadores têm avançado no estudo do BEA, desenvolvendo indica-

dores de avaliação importantes, os quais têm tido pouca implementação na indústria da carne devido, em parte, à falta de conhecimento e formação de recursos humanos adequados. Um dos desafios que os docentes universitários têm que enfrentar é levar à aula os conteúdos e práticas que definem sua matéria de ensino, transformando-os por meio de recursos didáticos e estratégias metodológicas em aprendizados significativos para os estudantes. Uma das estratégias para obter um aprendizado significativo no ensino de BEA é a metodologia do aprender fazendo, levando os estudantes a relacionarem o novo conhecimento a conceitos prévios, situações cotidianas e à própria experiência em situações reais. Nessa perspectiva, o vínculo da pesquisa com as atividades docentes propicia condições ótimas para o aprendizado porque permite o questionamento dos conceitos que embasam as práticas tradicionais de manejo no

1. Esta foi a estratégia vencedora do concurso “Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo do bem-estar animal”, organizado pela World Animal Protection com o apoio da PANVET, COPEVET e a Federação de Faculdades de Medicina Veterinária e Zootecnia.

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

pré-abate, explica o porquê se deve implementar mudanças e define as implicações para o animal e para a indústria da carne, tendo como base os conceitos científicos que sustentam as novas mudanças, para conseguir que os usuários entendam e aceitem essa nova visão. No contexto do aprendizado significativo, o docente deve ter a formação e a capacidade de fazer com que o conhecimento científico de sua disciplina torne-se um conhecimento significativo para os estudantes. Este trabalho apresenta a implementação da estratégia aprender fazendo no ensino de BEA no pré-abate como um conhecimento significativo, a partir do relacionamento da pesquisa à aula, ao trabalho coletivo e à resolução de problemas da indústria.

Objetivos, habilidades e/ou intenção pedagógica alcançados com a implementação da estratégia, prática ou atividade docente As habilidades para alcançar o aprendizado significativo de BEA estão relacionadas à aquisição de uma estrutura conceitual que permita aos alunos compreenderem as implicações do pré-abate no estresse fisiológico e seu impacto econômico, sanitário e produtivo. Deve-se proporcionar atividades que despertem o interesse do aluno para vinculá-lo às atividades de pesquisa sobre BEA, visando que vivenciem novas situações a partir de uma necessidade (solução de um problema real) que o induza a relacionar seus conhecimentos prévios para gerar um aprendizado novo. Finalmente, fomenta-se sua capacidade de passar os conhecimentos adquiridos adiante, suas habilidades verbais e escritas. Na sequência, apresentam-se as habilidades que são desenvolvidas na metodologia aprender fazendo, descrevendo os componentes ou elementos que a sustentam: • Integrar conhecimentos das ciências básicas, conhecer a resposta fisiológica ao estresse, a resposta comportamental e o efeito sobre a qualidade da carne. • Manusear e avaliar os indicadores de BEA, valorar e selecionar técnicas de avaliação; definir o impacto do manejo pré-abate sobre a qualidade da carne. • Realizar diagnósticos sobre o nível de BEA nos sistema produtivos; administrar e gerir processos de manejo de acordo com práticas de BEA. • Dominar a terminologia científica e os conceitos de análise estatística; identificar e analisar problemas de BEA;

elaborar alternativas de manejo em condições comerciais; formular, gerir, avaliar e ajustar projetos de BEA. • Participar de grupos de pesquisa em BEA no pré-abate. Participar da discussão e análise dos problemas de BEA; discutir em grupo as medidas de melhoria; expor suas ideias e defender sua postura. Formular, implementar e avaliar projetos de pesquisa em BEA. • Liderar processos pessoais, sociais, produtivos, corporativos e empresariais com base em requerimentos e recursos da região. • Expressar por escrito e em forma oral a aplicação dos indicadores de BEA utilizados, os resultados obtidos e as oportunidades de melhoria. Transmitir ao grupo de forma adequada e em plenário; participar da capacitação dos funcionários nas plantas de abate.

Metodologia utilizada A estratégia pedagógica aprender fazendo foi implementada nas disciplinas de Saúde Pública dos programas: Medicina Veterinária, Zootecnia e Mestrado em Ciências Veterinárias, vinculando os projetos de pesquisa a estudantes de pós-graduação, doutorado, mestrado e ao Grupo de Pesquisa de BEA. • Definição e construção da estrutura conceitual: como a maioria dos alunos de graduação desconhecia o processo de abate de bovinos e suínos, foram programadas leituras prévias, visitas dirigidas a uma planta frigorífica e aulas sobre conceitos básicos do processo, com o objetivo de propiciar a conexão entre os conteúdos novos e os conhecimentos prévios. O docente identificou os conceitos e proposições mais relevantes sobre BEA durante o pré-abate, de acordo com os resultados de pesquisas prévias. Foram elaborados arquivos multimídia e uma cartilha didática. Essas apresentações consistiram em arquivos em PowerPoint, fotografias digitais, vídeos curtos e informação bibliográfica sobre situações que permitiam a avaliação do BEA por meio de indicadores fisiológicos, patológicos, físicos e comportamentais. Essa informação foi elaborada em diferentes granjas e plantas frigoríficas. Os estudantes discutiram cada um dos aspectos do BEA durante o pré-abate. • Validação do conhecimento com a experiência: os alunos motivados pelo BEA integraram-se ao grupo de pesquisa, onde se fomentou a metodologia aprender a aprender ao serem formados subgrupos que se aprofundaram no pré-abate e indicadores de avalia-

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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ção, com direcionamento de estudantes de pós-graduação por meio de reuniões de trabalho quinzenais. Foram consolidadas duas linhas de pesquisa e os estudantes de graduação e pós-graduação executaram os projetos. Realizaram-se reuniões de grupo para avaliar os processos e fortalecer o treinamento dos alunos nas atividades que necessitavam de apoio. • Capacitação dos funcionários das plantas: Nas plantas frigoríficas avaliadas, os funcionários foram capacitados de maneira geral em BEA, manejo dos animais com base nos princípios comportamentais e nas fraquezas detectadas nos diferentes estudos, em específico no que se refere ao manejo no desembarque e na condução, e em critérios de abate humanitário. • Divulgação dos resultados das pesquisas: Os estudantes participaram com trabalhos em eventos científicos nacionais e internacionais e elaboraram artigos que foram publicados em revistas indexadas. Uma avaliação foi realizada para detectar a capacidade dos alunos de definir conceitos básicos de BEA com suas próprias palavras, a atitude dos estudantes durante a execução das pesquisas, o aprendizado de procedimentos usuais de indicadores de BEA, a capacidade de transferência durante a capacitação dos funcionários das plantas frigoríficas e a capacidade analítica durante os trabalhos em grupo.

Conteúdos de bem-estar animal que incluem a estratégia, prática ou atividade docente Os temas selecionados são relevantes para garantir uma estrutura cognitiva para aprender significativamente o BEA no pré-abate, de acordo com orientações dadas por pesquisadores, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o programa STEPS da WSPA e a experiência do grupo. Visão geral do BEA • História, Comitê Brambell. Definições de BEA. As cinco liberdades. • Etologia bovina e suína. Conceitos básicos em cada espécie. Características sensoriais (visão, olfato, audição e comunicação). Indicadores comportamentais para avaliar o BEA, o estresse e comportamentos de fuga. Princípios de manejo animal: zona de fuga, ponto de equilíbrio. • Visão geral do manejo pré-abate. Legislação de BEA na Colômbia: granja, transporte, descanso na planta,

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abate (insensibilização e sangria). Orientações da OIE. Requisitos sanitários, requisitos legais, situação atual do pré-abate no mundo e no país. Características das instalações na granja, no transporte e na planta frigorífica. • Visão geral do transporte. Manejo pré-embarque na granja, condições de transporte, características dos caminhões, densidades animal e fatores de risco que afetam o BEA. • Manejo na planta frigorífica. Instalações, desembarque, condições de descanso na planta, manejo durante a condução, requisitos sanitários de bovinos e suínos. • Visão geral do abate (insensibilização e sangria). Princípios da insensibilização de bovinos e suínos. Sistemas de atordoamento aprovados, equipamento necessário, vantagens e desvantagens de cada método. Monitoramento da efetividade da insensibilização, características da sangria adequada, abate humanitário e ritual. • Indicadores de BEA durante o pré-abate. Conceito de estresse e formas de avaliação, conceitos e fatores que afetam a qualidade da carne (carne PSE e DFD), avaliação do pH, cor, capacidade de retenção de água e maciez. Indicadores fisiológicos, comportamentais, patológicos (claudicação, secreção nasal, vaginal, condição corporal, mortalidade, presença de suínos prostrados, etc.), monitoramento e avaliação de contusões de acordo com protocolos aprovados no país, perdas econômicas no pré-abate.

Resultados pedagógicos obtidos Os resultados pedagógicos listados evidenciam a capacidade que os estudantes desenvolveram de integrar e relacionar a nova formação com conhecimentos prévios e também de reorganizar a informação que aprenderam, aplicando-a na pesquisa de um problema específico de BEA. Na sequência, apresentam-se os principais resultados alcançados: • Fortalecimento do trabalho colaborativo e da capacidade de assumir responsabilidades Os estudantes alcançaram a construção coletiva do conhecimento por meio de discussão argumentativa, desenvolvimento de projetos de pesquisa e avaliação de indicadores com base em evidências. Esse processo favoreceu a validação de conceitos, como é feito nas comunidades acadêmicas, cumprindo a proposta de aprender fazendo pesquisa. Cada estudante foi responsável por seu trabalho participativo nos projetos e no processo de formulação, planejamento, aplicação e divulgação dos resultados.

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• Fomento de um ambiente de aprendizagem único com base no estudo de problemas reais da indústria. A metodologia aprender fazendo permitiu posicionar o estudante como pesquisador na realidade da aula e do meio de execução, estudando problemas que beneficiarão não apenas a sua experiência, mas também obtendo ferramentas para dimensionar o alcance e a complexidade de um processo de pesquisa. Os alunos obtiveram uma maior consciência sobre a importância do BEA durante o pré-abate, os indicadores disponíveis a serem implementados nas cadeias da carne avaliadas e a capacidade de elaborar estratégias para a resolução de problemas. O treinamento na tomada de decisões embasadas em aspectos éticos do abate humanitário e a oportunidade de participar dos programas de treinamento e capacitação dos funcionários das plantas frigoríficas permitiram aos estudantes o fortalecimento de seus trabalhos com produtores e a capacidade de se tornarem profissionais treinados em BEA para a indústria e a academia. • Articulação dos projetos de graduação e pós-graduação. O trabalho conjunto dos estudantes de graduação e pós-graduação favoreceu a integração dos conhecimentos e do raciocínio multidisciplinar. A articulação entre os conceitos acadêmicos oferecidos e a pesquisa, o trabalho colaborativo e o acompanhamento de pessoas com conhecimentos distintos fizeram com que o papel do docente e do estudante fosse mais flexível e efetivo. Para a universidade, o uso dos recursos foi mais eficiente e o impacto da pesquisa conduzida foi maior. • Desenvolvimento da habilidade oral e escrita dos alunos. A partir da participação na proposta e na divulgação dos projetos de pesquisa, os estudantes aprenderam técnicas comunicativas, análise de dados, busca de informações científicas, uso de programas, elaboração de pesquisa exploratória, entre outros. Além disso, a capacidade de liderança, iniciativa, trabalho em equipe e individual foi estimulada.

Impacto da estratégia, prática ou atividade docente nos estudantes, animais, comunidade, etc. • Impactos científicos e tecnológicos: A linha de base sobre o manejo pré-abate de bovinos e suínos na Colômbia foi estabelecida. No trabalho conjunto com os estudantes foram consolidadas cinco propostas de pesquisa em BEA. No concurso da WSPA sobre BEA (2008 e 2009), obtiveram segundo

e terceiro lugar respectivamente. No Encontro de Pesquisadores de Ciências Pecuárias (Encuentro de Investigadores en Ciencias Pecuarias) ENICIP 2011, obtiveram o primeiro lugar como melhor trabalho de pós-graduação e duas teses reconhecidas. • Fortalecimento da comunidade científica colombiana. A linha de pesquisa em Saúde Pública e BEA foi consolidada - ela dá apoio ao doutorado em Ciências Agrárias, ao mestrado em Ciências Veterinárias e ao Programa MVZ da Universidade de Caldas. Nesse processo, foram formados uma estudante de doutorado, três de mestrado, dois jovens pesquisadores e estudantes de graduação com seis teses e a consolidação de um Grupo de Pesquisa em BEA composto por 20 alunos. • Apropriação social/pública do conhecimento. Publicação de quinze artigos científicos sobre BEA no pré-abate em revistas nacionais e internacionais, elaboração de uma cartilha didática e submissão de quinze trabalhos a eventos científicos. • Impactos sobre a melhoria do BEA no pré-abate de bovinos e suínos. A capacitação dos funcionários das plantas frigoríficas teve ênfase na importância do manejo adequado dos animais, evitando o uso de práticas abusivas, e as implicações do BEA na produtividade da empresa. Foram implementadas melhorias no abate que consistiram na adequação dos boxes de insensibilização, eliminação do uso de bastão elétrico e implementação de indicadores para avaliar a eficiência do atordoamento. O docente foi convidado por grupos de pesquisa de universidades para fortalecer o estudo do pré-abate em plantas de exportação; pela Federação Colombiana de Criadores para a capacitação de gerentes de controle de qualidade e produção das plantas fornecedoras da ASOCARNICAS e ASOFRIGORIFICOS, como uma necessidade do setor da carne de fortalecer o BEA. A Asoporcicultores - Fondo Nacional de la Porcicultura, mediante um convênio de cooperação vigente, avaliará em conjunto com o grupo de pesquisa as condições de BEA durante o transporte suíno na Colômbia, visando fornecer orientações para o setor. A vinculação de profissionais formados no grupo, trabalhando e implementando práticas de BEA em granjas, no transporte e nas plantas é gratificante.

Conclusões/Observações/ Recomendações O ensino do BEA no pré-abate como um aprendizado significativo possibilitou um ponto de par-

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tida apropriado para a elaboração de técnicas educacionais pelo docente, que permitiu que os alunos tivessem maior entendimento a respeito do que estavam aprendendo, com base em evidências científicas. A implementação da estratégia pedagógica aprender fazendo por meio da vinculação da pesquisa às atividades docentes dos programas de graduação e pós-graduação criou condições ótimas para o aprendizado, fomentou o trabalho coletivo, a interdisciplinaridade e promoveu o estudo de problemas reais do meio. Nesse processo, o aluno fortaleceu habilidades como a capacidade de análise, a habilidade de resolver problemas, o pensamento crítico e suas habilidades cognitivas, participando

das tomadas de decisão e na construção de um conhecimento significativo. A formação de capital humano em áreas específicas do BEA e a divulgação por meio de artigos científicos e trabalhos em eventos acadêmicos sobre os resultados obtidos da pesquisa aplicada permitiu identificar os principais problemas que a indústria colombiana da carne tem que enfrentar com a vigência da nova legislação sanitária, que inclui requisitos de BEA no pré-abate de bovinos e suínos e o aumento do interesse pelo tema em nível nacional, colocando informação atualizada e profissionais capacitados à disposição da comunidade acadêmica e da indústria.

Registros e evidências de execução da estratégia, prática ou atividade docente Material didático – apresentações de Power Point

TALLER EVALUACIÓN DEL PRESACRIFICIO BOVINO

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Impacto científico e tecnológico

Capacitação em Plantas Frigoríficas

Bibliografia Ballester, A. (2002), (Ed). El aprendizaje significativo en la práctica. Antoni Ballester Vallori. Burton, R.J.F.; Peoples, S.; Cooper, M.H. (2012). Building “cowshed cultures”: A cultural perspective on the promotion of stockmanship and animal welfare on dairy farms. Journal of Rural Studies, 28:174-87. Fernández, C. (2012). Desarrollo de un proyecto educativo innovador a través de la metodología aprender haciendo: Aplicación a un curso de investigación de mercados. Revista Civilizar, 98-108. Heleski, C.R., Zanella, A.J., Pajor, E.A. (2003). Animal welfare judging teams- a way to interface welfare Science with traditional animal Science curricula? Journal of Applied Animal Behavior Science, 81:279-89. Koch, V.W. (2009). American veterinarian´s animal welfare limitations. Journal of Veterinary Behavior, 4(5):198-202. Velarde, A., Dalmau, A. (2012). Animal welfare assessment at slaughter in Europe: Moving from inputs to outputs. Meat Science, 92: 244-51.

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Estratégia interativa para o desenvolvimento e validação de protocolos científicos para avaliação do bem-estar animal

Adroaldo José Zanella Brasil

Nome do programa, área temática ou disciplina onde ocorreu a prática Disciplina Avaliação Científica de Bem-estar Animal

Introdução, o contexto e as razões para desenvolver tal estratégia ou prática docente A disciplina VPS5724-1/2 é ministrada para alunos matriculados no programa de pós-graduação. Os alunos que participam apresentam conhecimentos diversos sobre bem-estar, saúde e produção animal que, de certa forma, precisam ser aproveitados na disciplina para que a abordagem resulte em aprendizado efetivo. A proposta é de trazer para a sala de aula o conhecimento exis-

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tente de cada estudante e de uma forma participativa, organizar as informações de forma gráfica. A coleta de informações pode então ser transformada em protocolos de avaliação de bem-estar em aulas práticas. Na sala de aula o protocolo desenvolvido de forma colaborativa é comparado com os protocolos validados. Um novo exercício de validação através de simulação com vídeos interativos permite a harmonização das abordagens. As informações são compiladas através de adesivos coloridos em cartazes para espécies de interesse.

Objetivos pedagógicos alcançados com a implementação desta estratégia ou prática docente O objetivo é colocar a ciência de bem-estar animal próxima dos estudantes. A proposta é identificar elos para

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que a comunicação da informação agregue ao conhecimento existente dos estudantes.

com a literatura existente e finalmente validado por meio de observações de simulações interativas.

A estratégia oferece oportunidade para que todos os estudantes contribuam no desenvolvimento de protocolos de avaliação de bem-estar animal. Após a elaboração do protocolo tentativo, eles têm a oportunidade de aplicar os indicadores em aulas práticas e discutir os resultados por meio de simulações interativas.

Conteúdos de bem estar animal abordados na estratégia ou prática docente

Metodologia empregada Materiais e métodos: cartazes de 80 cm x 65 cm são utilizados para descrever indicadores de bem-estar nas seguintes espécies: a) aves b) animais silvestres c) bovinos; d) cães;

Foram abordadas no conteúdo as cinco liberdades, os indicadores de bem-estar animal baseados em recursos e também baseados nos animais. Foram integradas as informações sobre fisiologia, comportamento e dados epidemiológicos e realizadas discussões sobre a validade dos indicadores e a variabilidade na coleta de dados que os estudantes apresentaram. Também sobre como agregar os valores e sobre a harmonização das medidas. Durante a preparação da abordagem de avaliação de bem-estar também foram esclarecidas dúvidas sobre os indicadores e foi oferecida literatura para que os estudantes se aprofundem nas espécies e temas de interesse.

e) caprinos;

Resultados pedagógicos obtidos

f) equinos; g) gatos; h) ovinos; i) ratos; j) suínos; k) peixes No cartaz, um círculo com raio de 60 cm é demarcado e dividido em quatro quadrantes. Os quadrantes são marcados com as quatro áreas de interesse na avaliação do bem-estar animal: a) boa saúde; b) bom alojamento; c) boa nutrição e d) bom comportamento. Adesivos amarelos são oferecidos para que os estudantes listem os indicadores baseados nos recursos para avaliarem o bem-estar, que deverão ser colados no respectivo quadrante. Eles também recebem adesivos rosa que devem ser utilizados para listar nos quadrantes os indicadores baseados nos animais que refletem a área de interesse. Os estudantes também têm acesso a adesivos circulares vermelhos, laranja e verde, que eles podem utilizam para determinar, em cada espécie os riscos para o bem-estar que cada uma das áreas representa, na opinião deles. Os dados são agrupados e uma tabela para avaliação de bem-estar é criada com escala LIKERT ou VAS. Com esta tabela, os estudantes avaliam o bem-estar dos animais. Depois disso, preparam um relatório que é discutido na sala de aula e harmonizado

Os estudantes desenvolvem competência teórica e prática para avaliar o bem-estar dos animais. Na avaliação do curso eles consideram esta metodologia muito importante. Essa metodologia foi testada em estudantes de pós-graduação de áreas diversas. A forma como eles relacionam o conhecimento adquirido com os conhecimentos pré-existentes é realmente evidente. A avaliação dos estudantes e a avaliação formal permitiram assegurar que o aprendizado foi efetivo. Também foram feitas competições entre os estudantes com simulações interativas e desta forma foi analisado o aprendizado.

Impacto da estratégia ou prática docente nos alunos, nos animais, na comunidade, etc. A parte prática de implementação dos protocolos de avaliação do bem-estar é levado a efeito nas unidades de produção da Universidade de São Paulo. Os gerentes das granjas participam ativamente, oferecendo informações para os estudantes e também contribuem na formulação de perguntas mais objetivas. O processo de avaliação também oferece oportunidades para um retorno imediato ao gerente da unidade sobre os pontos positivos e pontos negativos do processo produtivo relacionados com o bem-estar animal.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Conclusões, observações, recomendações O autor implementou protocolos para o ensino de bem-estar animal nos Estados Unidos, na Michigan State University, utilizando cenários interativos. O Animal Welfare Judging/Assessment Competition (Heleski et al,, 2003; Siegford et al., 2005) continua

sendo muito importante nos Estados Unidos. Na Noruega, foram desenvolvidos pelo autor simulações interativas para avaliação de bem-estar animal, incluindo dor no programa de ensino na Norwegian School of Veterinary Science (Ellingsen et. al (2010). O método que é utilizado agora na USP se beneficia dos aprendizados anteriores e tem um potencial muito grande de aproximar a ciência de bem-estar animal dos estudantes de uma forma prática e objetiva.

Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino Cartazes – Protocolo participativo 12

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Coleta de dados e avaliação

Análise, harmonização e resultados

Bibliografia Ellingsen, K.; Zanella, A.J.; Bjerk, S,E.; Indreb, A. (2010). The Relationship between empathy, perception of pain and attitudes toward pets among norwegian dog owners. Anthrozoos (Hanover), 23: 231-243. Heleski, C.R., Zanella, A.J., Pajor, E.A. (2003). Animal welfare judging teams- a way to interface welfare Science with traditional animal Science curricula? Journal of Applied Animal Behavior Science, 81:279-89. Siegford, J.M.; Bernardo, T.M.; Malinowski, R.P.; Laughlin, K.; Zanella, A.J. (2005). Integrating animal welfare into veterinary education: using an online, interactive course. Journal of Veterinary Medical Education, 32:497-504.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Avaliação a campo do Bem-estar de animais de produção

Sergio Alberto Parra Argentina

Nome da área temática, programa ou disciplina onde a estratégia, prática ou atividade docente foi desenvolvida Bem-Estar Animal

Introdução, contexto e justificativa da estratégia, prática ou atividade docente Atualmente, conteúdos referentes ao bem-estar animal fazem parte do que a OIE recomenda dentro das habilidades básicas da formação de futuros veterinários e médicos veterinários. Na Argentina, dentro dos conteúdos curriculares básicos estabelecidos para a formalização de cursos de Veterinária e Medicina Veterinária, encontram-se os relativos ao bem-estar animal. Hoje, na minha instituição, o Bem-Estar Animal é uma disciplina obrigatória dentro do plano de estudos. Disciplina que ocorre no sexto semestre do curso de Medicina Veterinária e é oferecida aos alunos que já adquiriram

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conceitos de fisiologia e conhecimentos básicos de produção animal, patologia veterinária e zootecnia. Ocupa um lugar estratégico no currículo, visto que ocorre antes da maioria das atividades práticas que os alunos realizarão com os animais (clínica, sanidade, etc.).

Objetivos, habilidades e/ou intenção pedagógica alcançados com a implementação da estratégia, prática ou atividade docente O perfil do Médico Veterinário, segundo o plano de estudos do nosso curso, é caracterizado por uma pessoa com bases científicas fundamentais que possui as habilidades necessárias e as atitudes morais e criativas para buscar o bem comum nos mais diversos campos de aplicação da profissão. São eles: produção, saúde animal e saúde pública. Nesse contexto e levando em conta que o bem-estar animal apresenta uma incumbência sustentável nesses campos, é preciso incorporar essa disciplina como parte do currículo.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Os objetivos em relação ao bem-estar dos animais de produção são: • Entender os conceitos básicos do bem-estar dos animais de produção. • Interpretar problemas ou limitações em relação ao bem-estar dos animais mencionados anteriormente. • Avaliar possíveis melhoras para os animais de produção que se encontrem com seu bem-estar comprometido ou reduzido. • Obter conhecimentos teóricos e práticos relativos ao bem-estar de animais em explorações pecuárias para poder aplicá-los em outras disciplinas ou matérias. • Observar a importância da avaliação direta (produtos) embasada no animal, como também observar a avaliação indireta, embasada em insumos ou contribuições e aplicar a resolução de situações requeridas. • Entender o papel do Médico Veterinário como educador do setor pecuário e seu impacto no bem-estar dos animais de produção.

Avaliação de insumos e produtos Um guia básico pré-elaborado em forma de protocolo é entregue a cada aluno com o objetivo de estabelecer, de forma ampla, alguns acertos e erros relativos ao bem-estar que poderiam detectar na criação animal avaliada. Cada grupo deve completar esse guia para poder produzir depois um relatório detalhando a avaliação realizada. A atividade tem duração total aproximada de 90 minutos, e cada grupo é acompanhado por um docente ou tutor da disciplina. Depois da visita, na modalidade de seminário em classe, cada grupo deverá apresentar o relatório em formato impresso e expor de forma oral tudo o que foi observado durante a avaliação, da mesma forma, deverá propor melhorias para o bem-estar dos animais avaliados.

Metodologia empregada

Com a mesma modalidade, são realizados trabalhos práticos onde se avalia o bem-estar de vacas leiteiras, nesse caso, em uma visita a um estabelecimento leiteiro da região ou observando a produção leiteira que a escola agrotécnica de ensino médio que pertence à própria Faculdade possui. Nessa oportunidade, são contempladas as vacas em produção, os bezerros em cria e o rebanho de recria.

A atividade prática é executada em uma propriedade de sete hectares adquirida pela Faculdade denominada Unidade Acadêmica Produtiva (UAP). Nessa fazenda experimental, são realizadas tarefas que se baseiam na produção e criação de suínos, ovinos, caprinos, aves de postura e de consumo, entre outras espécies.

Conteúdos de bem-estar animal que incluem a estratégia, prática ou atividade docente

• Reforçar a forma de comunicação clara, tanto escrita, quanto oral. • Fortalecer a capacidade de trabalho em equipe.

Antes da atividade prática relativa à avaliação do bem-estar de alguns dos animais de produção, conceitos gerais relativos ao bem-estar da diferentes espécies de animais de produção e suas formas de avaliação (diretas e indiretas) são apresentados. Para a execução do trabalho prático, são formados grupos de, no máximo, cinco alunos, sendo atribuído a cada grupo uma das criações existentes na UAP (se o número de alunos cursando a disciplina for grande, são designados cerca de três ou quatro grupos independentes para cada espécie produtiva). Como a elaboração de um etograma demanda certa experiência e tempo para sua realização, ao início da prática, aproximadamente 20 minutos são dedicados à avaliação específica do comportamento, de modo que o aluno entenda a base de como realizar um etograma e que critérios deve adotar para sua execução.

Avaliação do bem-estar em grupos e em indivíduos: ambiente e animal/animais. Insumos e produtos. Importância da observação. O isolamento e o bem-estar. Liberdade e confinamento. A restrição e as gaiolas. Custos e benefícios para o bem-estar. Avaliação dos grupos. Grau de bem-estar: alto, médio ou pobre. A observação como método, vantagens e desvantagens versus medidas fisiológicas. Elaboração e procedimento de observação. Amostra e coleta de dados. Sequências de um comportamento. Etograma. Bem-estar de suínos, cabras, ovelhas e aves. Os sistemas e o bem-estar. Problemas inerentes e evitáveis. Os principais comportamentos e o ambiente. A seleção e adaptação ambiental. Os problemas de bem-estar nos sistemas produtivos. Possíveis correções.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Resultados pedagógicos obtidos Através da aplicação dessa estratégia de ensino para avaliar o bem-estar dos animais de produção, dá-se ao aluno a possibilidade de vivenciar situações reais no próprio contexto em que se desenvolvem. Ter contato direto com cenários onde o bem-estar pode estar comprometido permite que o aluno possa interpretar ou implementar o conteúdo da aula teórica, complementando o propósito do conhecimento e da interpretação do tema estudado. É preciso ressaltar o benefício do trabalho em grupo, onde as contribuições dos integrantes enriquecem o aprendizado individual e colocam em evidência o valor do trabalho em conjunto com seus pares, situação comum atualmente no desempenho profissional, onde o trabalho em equipe melhora substancialmente os resultados em relação ao rendimento produtivo.

Impacto da estratégia, prática ou atividade docente nos estudantes, animais, comunidade, etc. A partir das conclusões formuladas pelos alunos durante o seminário, a disciplina de Bem-Estar Animal alcança os responsáveis pelo funcionamento da UAP em forma de relatório e com o objetivo de passar o conhecimento das observações coletadas durante nossa atividade em relação às condições em que se encontram os animais alojados. Soluções e alternativas para melhorar o bem-estar dos animais que possa estar comprometido são propostas. Esses animais ou suas produções, como resultado do processo produtivo, são destinados ao consumo, onde a melhora das condições de bem-estar animal permite, de forma direta, aperfeiçoar os níveis de produção, assim como a qualidade da mesma.

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Para os estudantes, conhecer os pontos mais críticos a dar ênfase durante a observação das condições de bem-estar de animais de produção será de grande utilidade para o exercício dos que se dedicarão à área de produção animal, permitindo a detecção rápida de anomalias no sistema. Adquirir e implantar na prática esses conhecimentos é um grande benefício a ser aplicado em disciplinas posteriores do curso, como em produção de pequenos ruminantes, produção de aves, produção suína, clínica, etc. Ao final do curso, é realizada uma pesquisa para avaliar a opinião dos estudantes a respeito de mudanças que fariam tanto no conteúdo desenvolvido, quanto na metodologia de execução. Uma porcentagem maior que 75% avalia como essencial a atividade a campo, alegando que, na maioria dos casos, esse tipo de atividade os aproxima de trabalhos futuros que enfrentarão como futuros profissionais.

Conclusões/Observações/ Recomendações A aplicação dessa estratégia para o ensino de bem-estar de animais de produção cumpriu com os objetivos propostos. É uma proposta enriquecedora tanto para os alunos, quanto para os docentes e tutores da disciplina. O interesse dos alunos por temas relativos ao bem-estar animal e, especificamente, em como empregá-los no caso de produções familiares próprias é estimulado. Apesar de nem sempre se poder contar com espaços como a UAP para aplicar a atividade com todos os grupos de alunos, é possível propor que a cada grupo de alunos seja atribuída uma espécie produtiva específica e que eles visitem um estabelecimento produtivo particular, apliquem o plano de trabalho e a avaliação correspondente, para depois expor à classe na modalidade de seminário.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente Fazenda Experimental – Guia de Avaliação de BEA

Guía para la evaluar el bienestar de los animales de la Unidad Académico Productiva (UAP) 1- Realizar un registro de los diferentes comportamientos (Etograma) de los animales en el sistema asignado. Registrar los acontecimientos por un lapso de aproximadamente 20 (veinte) minutos de manera continua. Tener presente que se deben registrar todo tipo de actividades que efectúen los animales, como así también la duración de las mismas.

2- La aplicación de esta guía básica es de utilidad a los fines de establecer, a grandes rasgos, algunos aciertos y errores de bienestar animal que se podrían detectar en la práctica pecuaria que estamos evaluando. Dado que el bienestar animal es un concepto multidimensional, cuando queremos medirlo en un establecimiento, hay que considerar todas las variables, que a nuestro criterio, resultan indispensables a la hora de emitir un juicio con respecto al estado de bienestar de los animales alojados en el mismo. En base a la observación ejecutar una evaluación de Insumos y Productos, reconociendo todo lo que se considere de relevancia. A continuación se esboza un listado mínimo de criterios y variables a ser medidos para realizar una evaluación general. Datos generales: Fecha de la visita:..……………. Lugar:……………………………………………………………… Ubicación: ………………………………………………………………………………….. Tipo de explotación:

….........................................................

Nº de animales: …… Categoría

Raza:…………………… Número

Categorías: Ej: Lechones, madres, machos adultos, etc; Pollitos, pollos parrilleros, gallinas ponedoras, etc.

Execução do Trabalho Prático

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Bibliografia Aparicio, M.A.; Vargas, J.; Prieto, L. (2005). Consideraciones sobre el bienestar animal. VIII Encuentro de Nutrición y Producción de Animales Monogástricos. Universidad Nacional Experimental de los Llanos Occidentales “Ezequiel Zamora (UNELLEZ), Extremadura, España. Chapinal, N; Dalmau, A.; Fàbrega, E.; Manteca, X.; Ruiz de la Torre, J.L.; Velarde, A. (2006). Bienestar del lechón en la fase de cebo. Rev. Avances en Tecnología Porcina 3:40-50. Farm Animal Welfare Education Centre. (2012). Ficha técnica sobre bienestar en animales de granja. ¿Qué es el Bienestar Animal?. FAWEC. Farm Animal Welfare Education Centre. (2012). Ficha técnica sobre bienestar de animales de granja. Requerimientos legales sobre bienestar en explotaciones de porcino. FAWEC. Farm Animal Welfare Education Centre. (2013). Ficha técnica sobre bienestar de animales de granja. Estrés en los animales de granja: concepto y efecto sobre la producción. FAWEC. González, C.; Civit, D.; Díaz, M.; FaverioI, M.; Lamboglia, M. (2013). Bienestar animal en ovinos en establecimientos agropecuarios durante el transporte y en frigoríficos. Vet. Arg. Vol. XXX - Nº 29. Recuperado de: http:// bit.ly/1NCTHwG. Horgan, R. (2007). Legislación de la UE sobre bienestar animal: situación actual y perspectivas. REDVET. Revista electrónica de Veterinaria 1695-7504. Volumen VIII Número 12B. National Farm Animal Care Council (NFACC). (2014). Code of practice for the care and handling of pigs. Canadian Pork Council and the National Farm Animal Care Council. Mellor, D.J.; Bayvel, A.C.D. (2004). The application of legislation, scientific guidelines and codified standards to advancing animal welfare. En: Global Conference on Animal Welfare: an OIE initiative. Paris, France; 23-25 February, 2004. Ramírez, I.; Lílido, N. (2009). El bienestar animal. Revista Mundo Pecuario. V(3):158-164. Recuperado de: http://bit.ly/1KQKydK Tejeda Perea, A.; Telléz Isaías, G.; Galindo Moldonado, F. (1997). Técnica de medición de estrés en aves. Vet. Méx., 28:145-151. Temple, D.; Velarde, A.; Manteca, X.; Dalmau A. (2009). Evalaución del binestar animal mediante el protocolo Welfare Quality® en el cerdo ibérico de uso extensivo: resultados preliminares. Revista Solo Cerdo Ibérico. AECERIBER; Octubre 2009: 55-64. Recuperado de: http://bit.ly/1MXJQBJ WSPA (World Society for the Protection of Animals) and University of Bristol. Recopilación de Conceptos sobre Bienestar Animal. Módulo 13 y 14 “Animales de producción. Evaluación del bienestar”. WSPA.

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Identificação dos problemas comportamentais em cavalos de carroça de Bogotá, Colômbia, como indicador de Bem-Estar Animal e Brigada de Saúde em equinos

Juan David Córdoba Parra Colômbia

Nome da área temática, programa ou disciplina onde a estratégia, prática ou atividade docente foi desenvolvida Grupo de Pesquisa em bem-estar Animal - U.D.C.A

Introdução, contexto e justificativa da estratégia, prática ou atividade docente Na Colômbia, a lei 769 de 2002 contempla a remoção de veículos de tração animal, na qual as prefeituras devem promover atividades alternativas e substitutas para as pessoas que tiram seu sustento desse tipo de veículo. Parte deste projeto é o acolhimento, a manutenção e a adoção dos animais, liderado pela Prefeitura de Bogotá, implementando a campanha “Adote um amigo”, dirigida

a pessoas com capacidade econômica e terreno para apadrinhar esses animais. A Universidade de Ciências Aplicadas e Ambientais (U.D.C.A) vinculou-se a essa atividade para receber um grupo de 1200 animais enquanto tramitam os processos de adoção e entrega a um lar definitivo. A U.D.C.A. está comprometida com o bem-estar animal (BEA). Dessa forma, participou de feiras e fóruns de bioética e bem-estar. Também colaborou no Seminário Nacional e Internacional de BEA (2001 e 2011) e incluiu o curso de BEA em 2001. A Universidade criou o Grupo de Pesquisa em BEA, composto por acadêmicos e estudantes que trabalham para promover o BEA com enfoque nas diferentes espécies animais. A participação estudantil é essencial no desenvolvimento do trabalho de extensão e da pesquisa. Além disso, o vínculo com o grupo é voluntário e comple-

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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tamente independente de qualquer curso acadêmico; no qual o tempo dedicado é um valor agregado assumido com grande responsabilidade e paixão. Para maximizar a aquisição de conhecimento, existem diferentes estilos de aprendizagem, e o grupo busca trabalhar em temas de interesse coletivo, propostos em uma mesa redonda com os integrantes, analisando a pertinência de cada ideia e seu impacto sociocultural, a viabilidade de execução e a seleção da equipe integrante de acordo com seu grau de interesse. O projeto de pesquisa “Identificação dos problemas comportamentais em cavalos de carroça de Bogotá, Colômbia, como indicador de bem-estar animal” utilizou um modelo de aprendizagem “Orientadores, aprender fazendo (experimentação ativa e experimentação concreta)” que, segundo Barros (2011), visa à participação ativa do estudante e a interação com material e técnicas para sua aprendizagem. Além disso, promove a assimilação de uma informação nova (ao conhecer cada uma das alterações comportamentais com a revisão temática prévia sobre o assunto), o processamento dessa informação e a execução de associações (todas as formas que o animal pode expressar a mesma alteração comportamental), realizando um exercício pragmático e reflexivo. A atividade “Brigada de Saúde em equinos” consistiu em uma visita com os estudantes, onde foram resgatados 20 equinos alojados em um piquete em Suba, mantidos em condições subótimas de bem-estar. Segundo Barros (2011), esse modelo de aprendizado é “diferente, aprender sentindo (experiência concreta e observação reflexiva)”. O estudante aprende sobre os maus-tratos a equinos, reconhecendo a importância do tema e da busca de soluções.

Objetivos, habilidades e/ou intenção pedagógica alcançados com a implementação da estratégia, prática ou atividade docente Objetivo geral Fortalecer as atitudes e aptidões dos estudantes em trabalho em equipe, a pesquisa, o desenvolvimento e a aquisição de conhecimento científico relativo a alterações comportamentais em equinos de carroça de Bogotá, Colômbia, como indicador de bem-estar animal (BEA), aplicação teórico-prática da avaliação de BEA e a abordagem do paciente na brigada de saúde de equinos. Objetivos específicos • Aprender a buscar informação científica adequada,

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atualizada e verídica em um tema que gere motivação pessoal e o desejo de conhecer, aprender e aplicar o conhecimento; • Desenvolver análise crítica a partir das leituras realizadas; • Estruturar e formar juízo próprio de acordo com a prática de atividades a serem realizadas (estimar as alterações comportamentais em equinos e oferecer atendimento clínico aos animais da brigada de saúde); • Exercitar a discussão com base na experiência própria adquirida a partir da prática e com o relatado na literatura científica; • Integrar todo o conhecimento e experiência para participar de forma ativa como ator difusor dessa informação, com o objetivo de disseminar o saber e motivar os colegas para sua vinculação em futuros projetos. Habilidades • Os estudantes adquiriram responsabilidade e compromisso absoluto com as tarefas designadas; • Os estudantes desenvolveram habilidade em comunicação oral, capacidade de análise e de relacionar conceitos; • Promoveu-se a atitude crítica e reflexiva a seu próprio processo de aprendizagem; • Fortaleceu-se o trabalho colaborativo; • Suscitou-se a argumentação e a discussão argumentativa; • Aperfeiçoou-se a habilidade de abordagem clínica e manejo do paciente.

Metodologia No projeto “Identificação dos problemas comportamentais em cavalos de carroça de Bogotá, Colômbia, como indicador de bem-estar animal”, foi formado um grupo de três estudantes da Faculdade de Ciências Pecuárias, levando em conta sua afinidade por equinos, seu interesse em bem-estar animal e sua disposição e interesse em trabalhar no projeto. Posteriormente, foi entregue aos alunos literatura científica referente às alterações de comportamento em equinos (Tadich e Araya, 2010) e outros documentos para que iniciassem um reconhecimento e a introdução ao tema. Foram realizadas reuniões periódicas para solucionar dúvidas geradas nas leituras. Depois, iniciou-se a amostragem dos animais (que, ao final do estudo, somaram o total de 1325 avaliados), partindo

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

de um treinamento a campo com a orientação de um docente para que os estudantes conhecessem o protocolo de coleta de dados, o manejo dos animais e o registro de informações. Os estudantes acompanharam a amostra de 1325 animais durante o período de fevereiro de 2013 a março de 2014, realizando amostragens em todas as semanas. Eles colaboraram com a tabulação da informação no Microsoft Office Excel®, com o processamento e a análise dos resultados e a elaboração das discussões. Igualmente, os estudantes participaram de três encontros diferentes de pesquisa (V e VI encontro institucional de grupos de pesquisa U.D.C.A., e VII encontro regional de grupos de pesquisa), apresentando resultados preliminares. Dessa forma, foi desenvolvido o método “Experimentação ativa e Experimentação concreta”, mencionado anteriormente. Brigada de Saúde de Equinos: o grupo de bem-estar animal, o grupo de pesquisa em equinos e os docentes coordenadores foram ao pântano Juan Amarillo, em Bogotá, no dia 11 de março, em uma brigada de resgate e recuperação de equinos de carroça mal alojados, que receberam atendimento clínico e foram levados à UDCA. Aproximadamente 40 estudantes participaram dessa jornada - foram estudantes de Medicina Veterinária e Zootecnia de diferentes semestres com interesse na espécie, em bem-estar animal e na solução de problemas de maus-tratos a equinos de tração. Participaram da brigada de saúde em equipes de estudantes, orientados por docentes e profissionais veterinários, realizando a avaliação clínica dos pacientes. Dessa forma, os estudantes aprendem por meio do estilo “Experiência concreta e observação reflexiva”. Alguns resultados do projeto de pesquisa incluem estudantes com conhecimentos aprofundados em temas científicos específicos, com habilidades em apresentações orais em público, disseminação do conhecimento e com paixão pela pesquisa, visto que desejam vincular-se a outros projetos. Os resultados da brigada em saúde incluem o reconhecimento da abordagem clínica e segurança no manejo do paciente.

liberdades e nas necessidades dos animais. Por esse motivo, as diferentes atividades integraram o conhecimento dessas necessidades nas diferentes espécies e como abordá-las do ponto de vista científico e compassivo, considerando a vida e o respeito pelos animais como um elemento fundamental e uma diretriz operacional do grupo. O projeto “Identificação dos problemas comportamentais em cavalos de carroça de Bogotá, Colômbia, como indicador de bem-estar animal” foi embasado na revisão e abordagem integral das cinco liberdades nos equinos, que são afetadas pelas condições de alojamento e manejo específicas onde esse grupo de animais é mantido. Por outro lado, a brigada de bem-estar animal realizada para atender equinos de tração foi embasada na avaliação das liberdades: livre de fome e sede; livre de dor, lesões e doenças; livre de medo e estresse (WSPA, 2007). Também foi realizada a avaliação da condição corporal e o exame clínico geral, assim como avaliada a ausência de desconforto (avaliando as características de infraestrutura onde os animais estavam alojados) e a liberdade para expressar o comportamento natural (avaliando o manejo a que estavam submetidos).

Resultados pedagógicos obtidos No projeto: • Geração de compromisso, responsabilidade e dedicação para a execução do projeto; • Atitude e aptidão para pesquisa; • Habilidade na busca de informação científica e uso correto das bases de dados da Universidade; • Análise crítica de documentos científicos; • Organização da informação; • Análise de resultados, discussão e desenvolvimento de conhecimento; • Reconhecimento da importância da ordem metodológica para a coleta de amostras;

Conteúdos de bem-estar animal que incluem a estratégia, prática ou atividade docente

• Fortalecimento das relações interpessoais;

O grupo de bem-estar animal foca em atividades de extensão, pesquisa e docência orientadas nas cinco

• Interesse em continuar a se aprofundar no tema e vontade de pesquisar outros.

• Confiança e segurança para apresentações em público; • Participação em diferentes eventos de pesquisa;

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Na Brigada de Saúde: • Sensibilização e reconhecimento de maus-tratos a animais específicos que atentam contra as cinco liberdades de bem-estar dos animais; • Desenvolvimento de habilidades no manejo dos pacientes; • Aprendizagem sobre a interação médico – proprietário; • Fortalecimento do conhecimento da exploração semiológica e do exame clínico completo do paciente, conduzido em pacientes reais; • Conhecimento e execução prática de algumas abordagens terapêuticas paliativas em pacientes equinos. Essas técnicas incluem terapias com fluidos para reidratação e administração de vitaminas; • Realização de atendimento clínico veterinário como parte da aplicação de bem-estar em animais de trabalho.

Impacto da estratégia, prática ou atividade docente nos estudantes, animais, comunidade, etc. O impacto do projeto Nos estudantes: • Aumento de conhecimento, do conhecimento em si e da prática; • Aprofundamento do conhecimento sobre a importância do bem-estar em equinos a partir da alteração comportamental; • Conscientização sobre a importância do bem-estar animal (BEA) como um componente essencial para que o ser humano, os animais e o meio ambiente vivam em harmonia, e a responsabilidade do homem para alcançar essa meta; • Reconhecimento em nível local e regional como equipe de pesquisa no tema bem-estar; Nos animais: • Reconhecimento das diferentes doenças comportamentais para consideração na abordagem terapêutica das mesmas; • Atendimento clínico-etológico dos animais para a realização do exame clínico. Na comunidade:

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• Os equinos usados como veículos de tração animal (VTA) têm sido um problema sociocultural relevante que foi abordado no plano de ações da prefeitura de Bogotá e começou a ser abordado desde 2012. O apoio das comunidades, dos proprietários dos animais, da polícia, da prefeitura de Bogotá, das comunidades educacionais e do público em geral foi necessário para alcançar a meta de proibição do uso de animais como VTA na cidade. Portanto, o alcance desse macro projeto influenciou o pensamento sobre a responsabilidade do homem com os animais e seu redor, para a vivência em um lugar mais harmônico onde não se explore os recursos animais, podendo ser utilizadas novas tecnologias que os substituam. • As alterações comportamentais foram reconhecidas como doenças importantes, como as físicas, nos animais usados como VTA. O impacto da brigada Nos estudantes: • Aumento de conhecimento, do conhecimento em si e da prática; • Conscientização do papel do médico veterinário e sua responsabilidade de atuação de forma a promover o bem-estar a equinos e outras espécies; Reconhecimento do bem-estar animal como parte do exercício médico veterinário geral; • Reconhecimento da abordagem oportuna, exame, diagnóstico, prognóstico e tomada de decisão em condições específicas, como no caso de animais maltratados. Nos animais: • Recuperação clínica bem sucedida de todos os casos; • Melhora da qualidade de vida. Na comunidade: • A mesma comunidade foi a que denunciou às autoridades competentes condições de maus-tratos, solicitando ação imediata para a recuperação dos animais. Dessa forma, é evidente que os moradores da cidade demonstram uma preocupação específica com o tema e estão motivados a colaborar em prol do bem-estar dos animais, com intermediação de outras entidades que

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

facilitem a aproximação, a abordagem desses casos, a apreensão dos animais, o atendimento médico veterinário hospitalar e o encaminhamento para adoção.

Conclusões/observações/ recomendações As conclusões gerais dessas atividades que envolveram pesquisa e extensão são: O homem domesticou os equinos e tem a responsabilidade moral de cuidar e promover a saúde e bem-estar dos mesmos. Os estudantes assumiram o papel de indivíduos essenciais para a busca de um bem coletivo por meio de sua participação em ações específicas, que nesse caso se referiram ao bem-estar de equinos.

Os estudantes reconheceram a importância da pesquisa científica como pilar estrutural educativo e como fonte verdadeira de conhecimento. Os animais foram abordados clinicamente em busca de diferentes doenças para serem diagnosticados, prognosticados e tratados, com o objetivo da recuperação de qualquer alteração ou patologia e de oferecer melhores condições de vida. A comunidade em geral mostrou interesse em participar das ações em busca da recuperação dos animais, isso devido à consciência global diante da problemática sociocultural dos VTA e da consciência sobre o bem-estar animal e sobre a obrigação do homem nesse aspecto.

O primeiro passo para exercer um trabalho em bem-estar animal é a contextualização da problemática sobre todos os pontos de vista, a conscientização e a sensibilização de grupos de pessoas para o desenvolvimento das Os estudantes aprofundaram-se em diferentes áreas do atividades de forma completa e com toda a responsabiliconhecimento, que incluem bem-estar animal, semiologia, CONCURSO DE ENSEÑANZA EFECTIVA EN BIENESTAR ANIMAL medicina, terapêutica, entre outras. para alcançar os objetivos e as metas propostas. DE LA “WORLD ANIMALdade, PROTECTION” ACTIVIDAD

Identificación de los problemas conductuales en los caballos carretilleros de Bogotá, Colombia, como indicador de bienestar animal y Brigada de Salud en equinos.

Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente EVIDENCIAS DE LA REALIZACIÓN DE LA ACTIVIDAD

Encontro Regional1.deLos Grupos e Encontro de Pesquisadores Estudiantes integrantes del proyecto

de investigación “Identificación de los problemas conductuales en los caballos carretilleros de Bogotá, Colombia, como indicador de bienestar animal” asistieron a diferentes eventos. A continuación se adjuntan los diplomas de las asistencias: a. XII Encuentro Regional de Semilleros de Investigación; Diploma del estudiante Daniel Ramírez (MVZ)

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Brigadas de Saúde em Equinos

Bibliografia Barros, D.M.V. (2011). Estilos de aprendizagem na atualidade-volume 1. Tadich, T.A.; Araya, O. (2010). Conductas no deseadas en equinos. Arch. Med Vet 42:29-41. Congreso de la República. (2002). Ley 769 de 2002. (Agosto 6). Por la cual se expide el Código Nacional de Tránsito Terrestre y se dictan otras disposiciones. Colombia.

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Ensinando bem estar animal na zootecnia

Priscila Cotta Palhares Brasil

Nome do programa, área temática ou disciplina onde ocorreu a pratica Etologia e Bem-estar animal

Introdução, o contexto e as razões para desenvolver tal estratégia ou prática docente A Zootecnia tem exercido papel de extrema importância social desde sua regulamentação como curso de graduação pela Lei nº 5550 de 04 de dezembro de 1968 ao gerar empregos em seus diversos ramos, a saber, avicultura, suinocultura, bovinocultura, caprinocultura, ovinocultura, forragicultura, pastagens, equinocultura, piscicultura, apicultura, cunicultura, animais silvestres e de companhia, meio ambiente, fertilidade, manejo e conservação do solo e mecanização e implementos agrícolas. Nas últimas décadas a Zootecnia vem enfrentando enormes desafios para continuar produzindo produtos de origem animal. Dentro desse contexto podem-se citar as questões do bem-estar animal, poluição ambiental e segurança alimentar.

Sabe-se que o manejo inadequado além de causar estresse e sofrimento desnecessário, afeta diretamente a qualidade da carne em fatores como cor, pH, textura e vida útil do produto, além de reduzir significativamente o rendimento de carcaça. Por esta profissão estar diretamente relacionada com a produção animal, é de fundamental importância que este profissional ao sair da instituição de ensino esteja bem preparado para lidar com o manejo dos animais visando à produção associada ao bem estar animal. Para que isso ocorra, as medidas de bem estar devem ser inseridas desde o início do curso, para que o aluno se familiarize a aplicar esses conceitos à medida que vai aprendendo sobre as diversas produções animais.

Objetivos pedagógicos alcançados com a implementação desta estratégia ou prática docente Para que o bem estar animal seja aplicado de forma adequada é necessário que os futuros profissionais da área animal entendam de forma clara a essência da

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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aplicabilidade dessas medidas, a fim de obter resultados de produção sem tirar a qualidade de vida do animal. Esta metodologia de ensino prático do bem estar animal tem como objetivo aproximar os estudantes dos cursos de ciências animais, através do conhecimento investigativo das medidas de bem estar animal e suas aplicações.Tem por objetivo também, o de estimular o raciocínio do aluno para aplicar as medidas de forma racional e não impositiva e revolucionária, pois o mesmo terá contato direto com produtores com diversos níveis de conhecimento e conservadorismo de práticas de manejo em diversas produções animais. Além de auxiliar na introdução a prática de identificação e descrição do comportamento animal. E ainda, promover de forma continuada a importância de se adotar e de cobrar que sejam utilizadas na produção medidas que visem sempre o bem estar animal.

Metodologia empregada Essa metodologia pode ser desenvolvida por qualquer instituição e em qualquer curso de ciência animal, em nível de graduação ou pós-graduação, sendo o tempo de desenvolvimento ajustado conforme a disponibilidade na disciplina. Os alunos serão avaliados através de relatórios. Inicialmente, deve-se dividir a turma em duplas, trios ou grupos, conforme o tamanho da turma. Em seguida, cada grupo definirá ou poderá ser feito um sorteio, das espécies e a fase de criação a ser trabalhada. O desenvolvimento será através de etapas enumeradas abaixo: 1. Observação do comportamento do animal escolhido e desenvolvimento de um etograma: (14 dias) Os alunos deveram fazer observações diárias de aproximadamente duas horas, duas vezes ao dia (manhã e tarde), durante dez dias, do comportamento do animal escolhido, na fase de produção escolhida. Eles devem ser orientados a aguardar 15 a 30 minutos após a sua chegada para começar a observação, caso os animais se assustem com a chegada dos mesmos. Isso pode acontecer principalmente se os animais não tenham frequente contato com tratadores. A cada dia de observação, as informações comportamentais devem ser anotadas, para ao final ser elaborado um etograma (que já deve ter sido apresentado aos alunos). 2. Descrição do manejo utilizado: (sete dias) Os alunos devem observar e descrever de forma detalhada o manejo que esses animais recebem. 3. Revisão bibliográfica do comportamento natural do animal em questão na fase de criação escolhida (sete dias) .

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4. Revisão bibliográfica de medidas de bem estar animal para a espécie animal e fase de produção escolhida, de acordo com as normas nacionais e internacionais (sete dias). 5. Relatório correlacionando o manejo observado e as práticas de bem estar recomendadas para o manejo na fase de criação e espécie animal escolhida (sete dias). 6. Relatório com possíveis soluções para possíveis problemas encontrados na avaliação da criação. (sete dias). 7. Mesa redonda para discussão dos problemas encontrados e estratégias elaboradas para solucionar (um dia). Os alunos deverão levar em aula todo material e conhecimento até momento adquiridos para uma mesa redonda entre os alunos, sendo o professor um mediador dessa discussão. Dessa forma busca-se melhorar as sugestões de solução para os problemas encontrados. 8. Aplicar soluções (de acordo com as possibilidades de aplicação) e observar o comportamento dos animais. (14 dias). O aluno deverá introduzir uma ou mais soluções sugeridas para resolução do problema encontrado e acompanhar os resultados, conforme feito na etapa 1. 9. Elaborar relatório sobre os resultados obtidos em todo o trabalho (sete dias). 10. Preparar e apresentar um seminário para a sociedade acadêmica, produtores, escolas de ensino médio e/ou consumidores de produtos de origem animal. (21 dias). Cada grupo deverá elaborar um seminário sobre bem estar animal acrescido da experiência obtida na atividade, e de escolher ou por sorteio, uma instituição, evento ou local público para apresentação.

Conteúdos de bem estar animal abordados na estratégia ou prática docente • Definições de bem-estar animal e conceitos relacionados; • Ferramentas usadas na avaliação do bem-estar animal (indicadores de bem-estar animal); • Indicadores comportamentais de bem estar animal; • Efeitos ambientais no bem estar animal; • Avaliação do bem estar animal; • Importância do bem estar animal e a sociedade;

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• Bem estar para animais de produção e Bem estar para animais de companhia.

Resultados pedagógicos obtidos • Conscientização dos alunos sobre a importância do bem estar animal; • Aprendizagem sobre como avaliar as condições de bem estar animal nas diversas produções; • Aprendizagem da aplicação de medidas de bem estar para as diversas espécies animais; • Aprender a difundir a educação em bem estar animal para a sociedade leiga; • Desenvolvimento de etogramas visando o bem estar animal. • Desenvolver o senso crítico e a habilidade de encontrar soluções por parte dos alunos. • Desenvolver a habilidade de repassar o aprendizado de forma clara e objetiva sem ser radical.

Impacto da estratégia ou prática docente nos alunos, nos animais, na comunidade, etc. Melhor conscientização sobre a importância do bem estar animal para os alunos, professores, produtores rurais, consumidores de alimentos de origem animal e pela sociedade. Ampliar a afinidade do aluno com as medidas de bem estar animal, para que o mesmo seja capaz de aplicar tais conceitos e medidas como complemento de aprendizagem nas diversas disciplinas ministradas durante o curso.

Estimular o senso crítico de todos os envolvidos, para que sejam capazes de observar os animais em qualquer momento e ser capaz de identificar a ausência de bem estar. Assim como ser capaz de solucionar essas situações, seja de forma prática, seja na forma de orientação. Que os alunos sejam capazes de promover o bem estar animal e transmitir os conhecimentos obtidos na disciplina e na prática pedagógica aos produtores durante estágios e demais eventos, assim como após se formarem.

Conclusões/observações/ recomendações Essa prática pedagógica tem por finalidade contribuir e promover o bem estar animal através do aprendizado dos alunos dos cursos de ciências animais. E isso pode ser alcançado através do desenvolvimento do ensino prático, colocando os alunos para participarem ativamente da observação da ausência do bem estar, assim como da aplicabilidade das medidas de bem estar animal para as diversas espécies. Isso também contribui para que os mesmos possam promover o bem estar no cotidiano durante a faculdade e também durante a prática profissional, pois o mesmo estará mais bem conscientizado sobre a importância dessas medidas na produção e qualidade de vida dos animais. Essa prática pedagógica pode ser aplicada nos diversos âmbitos da educação, podendo ser utilizada nas produções de propriedades associadas às instituições de ensino, nas produções desenvolvidas na própria instituição de ensino ou ainda, nas produções ou animais criados pelos próprios alunos. O que facilita o desenvolvimento e obtenção de resultados da mesma.

Bibliografia Baeta, F. da C.; Souza, C.F. (2010). Ambiência em Edificações Rurais: conforto animal. 2ª edição. Editora UFV. Viçosa. Broom, D.M. (2010). Comportamento e bem estar de animais domésticos. Tradução: Carl Forte Maiolino Molento. 4ª edição. Editora Manole. Barueri, SP.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Capítulo 2

Estratégias e práticas docentes direcionadas ao ensino de bem-estar animal em pequenos animais e à posse responsável de animais de estimação

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Oficina de Enriquecimento Ambiental para animais em abrigo

Carmen Luz Barrios Gómez Chile

Nome da área temática, programa ou disciplina onde a estratégia, prática ou atividade docente foi desenvolvida: Disciplina de Etologia e Bem-Estar Animal

Introdução, contexto e justificativa da estratégia, prática ou atividade docente Atualmente no Chile existem por volta de 3,4 milhões de cães, dos quais 1,4 milhões estão na capital. Dos últimos, estima-se que 52,4% sejam cães comunitários e 21, 9 %, animais sem dono. A maioria desses animais que perambulam diariamente pelas ruas não tem condições mínimas de bem-estar animal, fazendo parte de diversos problemas, como: reprodução indiscriminada, morte por atropelamento, desnutrição, doenças, entre outros. Até o momento, o Chile não possui uma política integral de controle de populações caninas que solucione a problemática em nível nacional. Pessoas e ONGs de proteção criaram um número importante de abrigos para cães e gatos, nos quais, apesar de existirem boas intenções, em

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muitos casos, não se conta com os recursos para a manutenção de condições de bem-estar animal adequadas e os animais sofrem de problemas comportamentais em consequência da ausência de estímulo ambiental por períodos prolongados de confinamento, os quais repercutirão no reabandono e na diminuição das condições de vida dos animais durante sua estadia no abrigo. Considerando essa realidade, foi implementada uma “Oficina de enriquecimento ambiental para animais em abrigo” na disciplina de Etologia e Bem-Estar da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Mayor do Chile, onde os estudantes visitam um abrigo e avaliam as necessidades comportamentais que não são satisfeitas no local, e elaboram um item de enriquecimento ambiental. Aqui, o objetivo é aplicar os conhecimentos adquiridos na disciplina de Etologia e bem-estar animal, entre os quais, encontram-se: Comportamento de cães e gatos, Definição de bem-estar animal, Indicadores de bem-estar em animais de companhia, Avaliação científica do bem-estar animal, Problemas frequentes apresentados pelos animais de companhia em abrigos, Enriquecimento ambiental nas mesmas espécies e valorização do papel e das limitações dos abrigos de animais de companhia. Os estudantes realizam uma visita

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

ao abrigo onde avaliam as necessidades comportamentais que os animais do local têm. Depois, passam por duas oficinas, onde constroem um item de enriquecimento ambiental. Finalmente, uma segunda visita é realizada para a instalação dos elementos no abrigo.

Objetivos, habilidades e/ou intenção pedagógica alcançados com a implementação da estratégia, prática ou atividade docente Essa iniciativa pedagógica tem por objetivo integrar e aplicar conhecimentos de bem-estar animal em espécies de companhia na disciplina de Etologia e Bem-Estar Animal, que os estudantes de Medicina Veterinária da Universidade Mayor cursam no terceiro semestre, por meio da avaliação das condições de enriquecimento ambiental com que cães e gatos que vivem no abrigo “Unión de Amigos de los Animais” contam, identificando as necessidades e propondo alternativas de solução. A habilidade chave dessa iniciativa é a avaliação das condições de bem-estar animal e a implementação de uma medida de melhora por meio do enriquecimento ambiental. Pode ser avaliada, ao final, por meio de duas situações de avaliação: construção de um brinquedo de enriquecimento ambiental e desenvolvimento de um relatório para justificar a atividade.

Metodologia empregada Descrição da atividade: faz parte da disciplina Etologia e Bem-Estar Animal, que é dada no terceiro semestre do curso de Medicina Veterinária. A disciplina completa tem 90 horas pedagógicas e a oficina tem a duração de 30 horas pedagógicas, as quais são divididas em 16 horas teóricas e seis horas de oficina, as últimas são destinadas à construção dos elementos de enriquecimento após a visita de avaliação, e oito horas a campo. A atividade divide-se em cinco pontos: (1) Etapa de capacitação dos estudantes: Os alunos assistem a diversas aulas que fornecem uma base para a realização do processo avaliativo, analítico e de construção do enriquecimento ambiental. Nelas, são introduzidas temáticas como: Etologia Clínica: caninos e felinos, Introdução ao Bem-Estar animal e Problemas de bem-estar em animais de companhia – Enriquecimento ambiental. Da mesma forma, os estudantes recebem duas aulas introdutórias, nas quais são destacados os pontos em que devem focar no momento da visita de avaliação, e os critérios de avaliação que serão considerados tanto para o informativo, quanto para a construção do enriquecimento

ambiental. (2) Visita de avaliação do abrigo: Os alunos avaliarão as condições de bem-estar animal com que os animais do abrigo contam. Para isso, utilizam indicadores comportamentais de bem-estar animal, complementando com a informação coletada do ambiente. (3) Sessões de oficina de construção dos brinquedos de enriquecimento: Os estudantes, em grupos de quatro alunos, buscam informações complementares e reúnem os materiais necessários para a construção dos brinquedos (um para cães e outro para gatos), reúnem-se com dois docentes, os quais se encarregam de direcionar a construção dos elementos de enriquecimento, respondendo a perguntas que os alunos possam ter e entregam um guia escrito (Anexo 1). (4) Elaboração do relatório: O relatório conta com os seguintes pontos: Introdução, Justificativa da construção do enriquecimento ambiental, discussão e conclusões, evidenciando a integração dos conhecimentos adquiridos. Além disso, deve incluir fotos dos elementos construídos e dos animais utilizando-os. (5) Visita para a instalação dos brinquedos: Finalmente, realiza-se uma segunda visita ao abrigo, onde se entregam e se aplicam os brinquedos construídos. Materiais para a elaboração do item de enriquecimento ambiental: são levados em consideração materiais idealmente recicláveis, como: garrafas, pedaços de tapetes, entre outros. Finalmente, três profissionais supervisionam as fases anteriormente descritas, que estarão distribuídos nas diferentes etapas de formação. Processo de avaliação: os alunos são avaliados com duas notas, uma que avalia a construção do enriquecimento ambiental (Anexo 2) e outra que avalia o relatório (Anexo 3).

Conteúdos de bem-estar animal que incluem a estratégia, prática ou atividade docente Dentro dos temas que incluem a presente atividade estão: • Métodos de estudo do comportamento animal: métodos de amostragem e registro comportamental (Unidade I: Introdução à Etologia). • Comportamento de cães e gatos (Unidade II: Etologia Aplicada) • Introdução à ciência do Bem-Estar Animal (Unidade III: Bem-Estar Animal) • Indicadores comportamentais de Bem-Estar animal (Unidade III) Bem-estar em animais de companhia (Unidade III)

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Resultados pedagógicos obtidos Avaliar as condições de bem-estar animal em que se encontram os animais de abrigo: esse resultado de aprendizagem foi trabalhado inicialmente no processo de avaliação realizado pelo estudante em relação às condições em que os animais se encontram, e teve sequência por meio da construção de um relatório completo, onde inicialmente é necessário realizar uma revisão bibliográfica que permitirá o desenvolvimento da justificativa da construção do material de enriquecimento. Tudo isso após a análise da informação encontrada na literatura, as aulas e a coleta a campo. Integrar conhecimentos de bem-estar animal nos usuários/pacientes do abrigo: esse resultado de aprendizagem é trabalhado tanto na construção do brinquedo, quanto no desenvolvimento do relatório de justificativa. Após a avaliação a campo, o estudante deverá integrar os conhecimentos e aplicar os mesmos para criar e instalar um elemento de enriquecimento que cumpra com todas as características necessárias para cada uma das espécies com que estão trabalhando e, ao mesmo tempo, que atenda às necessidades comportamentais de um animal em condição de confinamento prolongado. Fundamentar a escolha dos elementos de enriquecimento ambiental construídos para os animais operados no abrigo: A fundamentação da escolha do elemento de enriquecimento dará solidez ao trabalho realizado anteriormente e evidenciará a compreensão da informação recebida em relação ao bem-estar animal.

Impacto da estratégia, prática ou atividade docente nos estudantes, animais, comunidade, etc. Essa atividade terá um impacto direto tanto nos estudantes participantes da atividade, quanto nos animais que receberem os elementos trabalhados durante toda a prática pedagógica, e, de maneira indireta, na equipe responsável da instituição do abrigo de animais e nos futuros proprietários dos animais. Na sequência, é elaborada uma tabela com os principais indicadores de impacto dessa experiência pedagógica. Indicadores de impacto: “Oficina de enriquecimento ambiental em animais de abrigo”, 95 estudantes, oito integrantes da equipe do abrigo “Unión de Amigos de los animais”, 40 gatos, 95 cães, 20 adotantes.

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Além disso, um grupo de sete estudantes iniciou um projeto de implementação de um abrigo motivados pela atividade, que se chama AMIDOGS. Ele tem sido apoiado por profissionais da Unidade de Etologia e Bem-Estar Animal da Universidade Mayor.

Conclusões/observações/ recomendações Conclusões: a integração dos conhecimentos recebidos nas aulas foi facilitada por essa forma de prática a campo, tudo isso produto da possibilidade de recriar uma situação avaliativa de bem-estar animal e depois propor soluções. É fundamental a incorporação de momentos analíticos para a assimilação integral de cada um dos conhecimentos adquiridos pelos estudantes em cada uma das etapas de capacitação. As experiências práticas a campo são de grande utilidade para potencializar as habilidades resolutivas dos estudantes, que são um dos principais focos no momento de capacitar um profissional completo. As atividades educativas nas quais os alunos se sentem envolvidos em uma contribuição social concreta (evidenciando a utilidade de seu trabalho para a sociedade) potencializam a dedicação ao trabalho e melhoram o rendimento da equipe. As atividades educativas em bem-estar animal que incorporam etapas sociais aumentam o impacto da intervenção, obtendo os benefícios dessa disciplina fora da sala de aula e potencializando o vínculo dos alunos à comunidade. Recomendações: para que uma atividade docente possa ser realmente bem sucedida e demonstrar seu potencial completo, os docentes deverão estruturar e escrever todas as instruções do trabalho. Se não o fizerem, correm o risco dos alunos não atingirem o objetivo desejado. Para conseguir uma maior adesão à intervenção educativa que deseja implementar, é fundamental introduzir de maneira integral e idealmente presencial (visitar os animais que serão abordados) o problema em que vão trabalhar. Apresentações de vídeos de experiências anteriores com alunos de outras gerações e as contribuições obtidas com outras matérias permitem aumentar o entusiasmo dos novos participantes. O feedback positivo por parte das pessoas que estão recebendo a intervenção ao grupo de profissionais

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que organizam a atividade e aos alunos é fundamental para potencializar o envolvimento dos estudantes e dos docentes nesse tipo de atividade. Por isso, sugere-se a incorporação de alguma etapa de interação entre algum representante da organização onde serão aplicadas as medidas de bem-estar e o curso que está participando da atividade educativa.

É uma boa ideia manter o registro de alguns elementos que foram construídos nos anos anteriores que contêm características esperadas para poder mostrá-los para as futuras gerações, e servirá de guia para realizar um trabalho melhor. Da mesma forma, registrar trabalhos anteriores que mostrem evidências de erros recorrentes, para prevenir os estudantes sobre possíveis complicações que teriam se cometessem os mesmos erros.

Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente Anexos metodologia

Atividades acadêmicas e de capacitação – “Oficina”

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Enriquecedores - brinquedos

Bibliografia Armstrong, W.A; Oberg, C.; Orellana, J.J. (2011). Presencia de huevos de parásitos con potencial zoonótico en parques y plazas públicas de la ciudad de Temuco, Región de La Araucanía, Chile. Arch Med Vet 43, 127134. Coalición Internacional para el Manejo de Animales de Compañía (ICAM). Guía para el manejo humanitario de poblaciones caninas. (2007). Recuperado de: http://bit.ly/1EZ4QVV Ibarra, L.; Espínola, F.; Echeverría, M. (2006). Una prospección a la población de perros existente en las calles de la ciudad de Santiago, Chile. Avances en Ciencias Veterinarias, 21: 33-39. Sánchez, P.; Raso, S.; Torrecillas, C.; Mellado, I.; Ñancufil, A.; Oyarzo, C.; Flores, M.; Córdoba, M.; Minvielle, M; Basualdo, J. (2003). Contaminación biológica con heces caninas y parásitos intestinales en espacios públicos urbanos en dos ciudades de la Provincia del Chubut. Patagonia Argentina. Parasitol Latinoam, 58:131-135. Torres, M.; López, J.; Solari, V.; Jofré, L.; Abarca, K.; Perret, C. (2005). Recomendaciones para el cuidado y manejo responsable de mascotas y su impacto en salud humana. Comité de Infecciones Emergentes, Sociedad Chilena de Infectología. Recuperado de: http://bit.ly/1UJK2Ue

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Aplicando o bem-estar animal na medicina de pequenos animais

Ángela Olavarría Cortés Chile

Nome da área temática, programa ou disciplina onde a estratégia, prática ou atividade docente foi desenvolvida Medicina de Pequenos Animais

Introdução, contexto e justificativa da estratégia, prática ou atividade docente Foi possível evidenciar, através de pesquisas e grupos focais, que os estudantes, apesar de conhecerem e trabalharem conceitualmente o bem-estar em anos anteriores na área de produção animal, não administram os temas básicos de bem-estar animal (BEA) nos animais de companhia, a menos que se trate de situações de maus-tratos graves e muito evidentes. Os alunos não reconhecem de forma cotidiana as situações que podem favorecer ou comprometer o bem-estar dos animais hospitalizados. Nesse contexto, será trabalhado, de forma inicial, o conceito das cinco liberdades para deixá-las evidentes no trabalho dos estudantes quando estiverem focados na área de pequenos animais.

O objetivo é que possam mudar a forma de ver o animal hospitalizado de modo tradicional, para visualizarem o BEA em pequenos animais já hospitalizados, nas consultas e em cães de trabalho. É preciso que estejam conscientes de todas as ações que desenvolvem com os animais que encontram. No hospital, existem três cães de trabalho que são usados para a prática de exame físico, e eles vivem nas dependências do hospital e são usados como exemplo de aplicação de BEA em animais de companhia. É uma atividade que, embora faça parte de uma área, não faz parte explícita das habilidades que devem ser desenvolvidas nessa unidade. Ela nasceu da avaliação do módulo pelos estudantes do ano anterior, onde se denota a falta de integração do tema de bem-estar animal na capacitação recebida em 2013 pela WSPA para docentes universitários na cidade de Valdívia e o interesse demonstrado pelos atuais estudantes de abordar essa temática. Os estudantes são do nono semestre do curso, da área que se divide em ruminantes, equinos, produção e pe-

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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quenos animais, sendo a última onde essa atividade é realizada. É a primeira vez que essa experiência é realizada de maneira concreta, sempre se questiona se os pacientes têm ou não bem-estar, e existem muitos argumentos teóricos que permitem analisar o bem-estar dos pacientes ou buscar estratégias de melhora diante de situações de falta de bem-estar. Por isso, foram usados cães de trabalho como modelos de animais de estimação, de forma que possam ser planejadas medidas corretivas, e pacientes hospitalizados, como um trabalho que consiga internalizar o BEA em todos os estudantes que passem pelo hospital clínico veterinário (HCVET).

Objetivos, habilidades e/ou intenção pedagógica alcançados com a implementação da estratégia, prática ou atividade docente • Analisar o bem-estar animal nos procedimentos diários da medicina de pequenos animais, visando o reconhecimento do nível de bem-estar dos pacientes hospitalizados e de trabalho. • Determinar o nível de conhecimento alcançado pelos estudantes na temática de bem-estar animal em medicina de pequenos animais. • Diagnosticar o nível de bem-estar dos animais no HCVET da Universidade Católica de Temuco e estabelecer melhorias relevantes. • Promover habilidades profissionais no âmbito da saúde animal: mediante a implementação de tratamentos médicos e/ou cirúrgicos de rotina, de acordo com as normas de bem-estar animal e com a ética profissional, que permitam recuperar o estado de saúde individual ou coletiva. • Promover habilidades transversais: orientando o trabalho em equipe e de qualidade. • A habilidade de trabalho em equipe, em nossa universidade, associa-se ao valor institucional de convivência fraterna. Ao mesmo tempo, na medida em que os indivíduos interagem, participam e tomam como seus os propósitos e objetivos de sua equipe, o vínculo com o grupo a que pertencem também se torna efetivo, demonstrando integração e colaboração de forma ativa na realização de objetivos comuns com outras pessoas, áreas e organizações. • A habilidade de qualidade refere-se à atuação de excelência que transcende o âmbito pessoal a outras esferas da vida, em específico ao desenvolvimento profissional, buscando a obtenção de resultados óti-

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mos em cada um dos esforços empreendidos e sistematizando permanentemente sua aprendizagem. O último permite que a pessoa melhore continuamente os processos sob sua responsabilidade para enfrentar de modo adequado um mundo globalizado em mudança constante, manifestando uma busca permanente de excelência de gestão profissional mediante a auto avaliação contínua, projeção e gestão de processos, com orientação à obtenção de resultados de qualidade. O objetivo é que os estudantes tomem a responsabilidade de desenvolver seu conhecimento, criando equipes de trabalho que alcancem a melhor solução aos problemas que surgem na Clínica de pequenos animais.

Metodologia empregada Trabalho colaborativo, classe dividida em quatro grupos, cada grupo com seis trios de estudantes, cada grupo realiza o diagnóstico do tema recebido e desenvolve uma proposta de solução, incluindo todo o bem-estar dos pacientes na clínica de pequenos animais. Existe um período de discussão em grupo através de trabalhos focados por grupo e documentos compartilhados pela internet. As propostas são compartilhadas por cada grupo no curso e corrigidas a partir do feedback do curso completo. O objetivo é que, durante o segundo semestre, as propostas de cada grupo possam ser implementadas e colocadas em fase experimental, para análise e aperfeiçoamento, de forma permanente no hospital durante o ano de 2015 em diante. É um ano para implementar ações que evidenciem o BEA dos pacientes hospitalizados. Grupo 1: desenvolver uma ficha de bem-estar animal para os pacientes hospitalizados. Deve-se desenvolver uma ficha, colocá-la em teste e receber feedback, corrigi-la e deixá-la em uso. O objetivo é que seja evidente que os pacientes estejam em boas condições hospitalares. Grupo 2: análise de bem-estar e sugestão de alterações do ambiente para os animais de trabalho do hospital. Os cães de trabalho usados em aulas anteriores vivem permanentemente em dependências exclusivas do HCVET. Apesar de terem espaço e manejo sanitário ótimo, queremos melhorar ao máximo suas condições. Além da fase de diagnóstico, serão implementadas as melhorias, inclusive com construções necessárias. Grupo 3: análise do bem-estar animal em espaços do hospital de gatos e implementação do conceito de enriquecimento ambiental. O conceito de enriquecimento ambiental para o bem-estar dos animais hospitalizados deve ser assegurado. Ao melhorar as condições do esta-

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

do mental dos gatos hospitalizados, é provável que sua recuperação seja mais rápida e seu manejo, mais fácil. Este grupo construirá elementos que permitam que os gatos se entretenham e se escondam na hospitalização, respeitando as áreas que os gatos precisam. Grupo 4: análise de BEA em espaços do hospital para cães e conceito de guarda responsável. O foco do trabalho principal é educar sobre a guarda responsável de animais de companhia, criando instrumentos que permitam educar os proprietários sobre as responsabilidades que assumem ao ter um animal de estimação. Além disso, esse grupo irá educar o nível básico (1 a 4 básico). Durante todo o período, estabelece-se uma política de portas abertas para discutir os avanços de cada grupo e contribuir nas melhorias que podem ser implementadas de maneira imediata, em uma atividade que inicia em abril de 2014 e termina no início de julho de 2014. Está planejada uma palestra informativa com o Fiscal encarregado de delitos ambientais para que oriente sobre os mecanismos legais que existem para denunciar maus-tratos a animais e deficiências de bem-estar animal, haja vista as mudanças legais que ocorreram recentemente no Chile.

Resultados pedagógicos obtidos É uma estratégia que está em desenvolvimento durante o semestre. Os progressos existentes são: 1. Primeira versão da ficha de bem-estar animal para analisar os pacientes hospitalizados. O objetivo é que essa ficha fique visível aos estudantes que passam pelo hospital veterinário, que as ações realizadas nos pacientes estejam relacionadas a alguma das liberdades e que tratá-los bem seja algo que vá além da empatia, mas um dever associado ao BEA do paciente. 2. Diagnóstico de ambiente com cães de trabalho, que, apesar de cumprir com o bem-estar animal, é melhorável. Estão sendo montados planos para melhorar o espaço do alojamento, melhorar o espaço para brincadeiras, e o que se conseguiu implementar para a saúde física e mental dos cães é a criação da consciência de que passear com eles é necessário, conseguindo que sejam passeados todos os dias, de duas a três vezes por dia, pelos estudantes de quinto ano, ou anos anteriores. A mudança de atitude dos estudantes em relação aos cães de trabalho é visível, e os cães estão mais calmos. Foi conquistado um compromisso com a saúde mental dos cães de trabalho.

3. O diagnóstico do hospital de gatos levou ao planejamento de grandes mudanças que devem ser implementadas na “hotelaria” do gato hospitalizado. Está sendo trabalhado o enriquecimento ambiental, com a criação de brinquedos descartáveis, aromaterapia e musicoterapia, que já está implantada e tem bons resultados. No hospital de cães, ainda não se iniciaram os trabalhos por questões de falta de tempo dos estudantes, mas esse grupo está comprometido com o trabalho semestral de seus colegas e deram o feedback ao trabalho de outros grupos contribuindo para as melhorias que estão sendo implementadas. As palestras educativas serão realizadas ao final do semestre, estão sendo feitos os contatos para acesso aos estudantes da educação primária.

Impacto da estratégia, prática ou atividade docente nos estudantes, animais, comunidade, etc. Nos estudantes: mantê-los motivados em uma temática que sabem que existe, mas que acham que não aplicam, como o BEA, mudar a visão das ações realizadas na prática clínica, responsabilizar-se pela saúde mental do paciente. Foi conquistada uma maior motivação dos estudantes em realizar trabalho em equipe que estejam associados à construção e criação de espaços para animais hospitalizados e de trabalho. Eles apresentaram um projeto aos fundos de iniciativas estudantis, associado ao bem-estar animal de pacientes hospitalizados. Nos animais: no caso dos cães de trabalho, melhora do seu ambiente, enriquecimento ambiental e, sobretudo, melhora de sua saúde mental; os estudantes conscientizaram-se sobre o passeio dos animais como uma atividade de distração, com turnos de passeios de duas a três vezes por dia. Os animais estão muito mais tranquilos e equilibrados em comparação a antes do início dessas ações. Os gatos hospitalizados têm um ambiente mais agradável no hospital, com seu manejo facilitado por estarem mais relaxados. Na escola: a ficha desenvolvida está permitindo o acesso a conceitos básicos de BEA aplicado por estudantes de anos anteriores que passam pelo hospital. Apoio da direção do curso em alguns custos associados às melhorias que os estudantes solicitaram para cada área de trabalho. Apesar de o projeto ser uma atividade incipiente, ele fomentou a existência de um trabalho de autoavaliação e processo de mudança do currículo ao integrar conceitos de forma mais explícita do que ocorria antes.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Conclusões/observações/ recomendações

significativos. Foi dada ênfase no tema de bem-estar ani-

A aplicação dos conceitos faz com que os estudantes visualizem e internalizem a aprendizagem, tornando-se

Católica de Temuco, tendo sido submetido à análise

mal na escola de Medicina Veterinária da Universidade para a criação de um novo currículo

Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente Análise do bem-estar animal e ficha para os pacientes hospitalizados

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Trabalho em equipe e integração colaborativa

Trabalho com os animais e implementação de melhorias para o bem-estar

Bibliografia Curso WSPA para docentes universitarios, Universidad Austral de Chile 2013.

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Palestras de Guarda Responsável de Animais de Estimação

Graciela Estrada Dávila Equador

Nome da área temática, programa ou disciplina onde a estratégia, prática ou atividade docente foi desenvolvida Etologia e Bem-Estar Animal

Introdução, contexto e justificativa da estratégia, prática ou atividade docente O programa de Guarda Responsável da UDLA é um trabalho colaborativo organizado pela docente e médica veterinária Graciela Estrada, que trabalha em conjunto com nove estudantes entre o quarto e sexto semestres, que, por sua vez, coordenam os estudantes que estão cursando a disciplina de Etologia e Bem-Estar Animal (terceiro semestre). Esses alunos formam grupos de cinco pessoas e são os que se encarregam de oferecer as palestras de guarda responsável, que é um dos requisitos para passar na disciplina. Essa tarefa faz parte de um projeto de Relacionamento com a sociedade que o curso de Medicina Veterinária e Zootecnia tem.

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O presente projeto justifica-se pela necessidade evidente de ensinar técnica e cientificamente à população equatoriana sobre a responsabilidade implicada na manutenção de um animal como parte da família (animal de estimação), pois é comum identificar polos opostos de cuidados com os animais: antropomorfização e maus-tratos. A estratégia foca em um processo de ensino participativo através do estabelecimento de um vínculo entre os estudantes universitários e os estudantes do ensino básico. Os estudantes do terceiro semestre de Veterinária lecionam palestras lúdicas, embasadas nas cinco liberdades, aos estudantes do quarto ano do ensino básico, tanto de escolas públicas, quanto privadas, pois são eles que exercem o maior impacto sobre as ações de seus pais, eles são os que os ensinam a como manter melhor um animal de estimação. No final da palestra, é firmado um compromisso com as crianças e entregue um boton com o logo do Programa, estimulando que os pais e os familiares os consultem sobre o tema e, dessa forma, eles transmitem a informação aprendida na palestra. A docente acompanha cada grupo de estudantes na apresentação da palestra para ajudar a solucionar dúvi-

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

das e apoiar a informação que os estudantes transmitem. Essa atividade começa após os alunos terem aulas de introdução e conceitos de Bem-Estar Animal e é posta em prática durante todo o semestre.

Objetivos, habilidades e/ou intenção pedagógica alcançados com a implementação da estratégia, prática ou atividade docente O Programa tem os seguintes objetivos: • Disseminar os aspectos básicos da guarda responsável de animais de estimação dentro da sociedade. • Formar estudantes e futuros profissionais da UDLA íntegros, que se preocupem e vejam o trabalho importante que possuem dentro da sociedade. • Incentivar a participação dos estudantes da Universidad de Las Américas no desenvolvimento e internalização das matérias aprendidas na vida cotidiana.

Metodologia empregada A metodologia empregada baseia-se na realização de uma explicação expositiva inicial por um grupo de cinco estudantes, embasada nas cinco liberdades como forma científica de avaliação do bem-estar dos animais. Isso é executado sob a supervisão e apoio da docente encarregada, Graciela Estrada, e dos estudantes do Grupo de Guarda Responsável de Animais de Estimação. As palestras, além disso, contam com o apoio de material audiovisual através do uso de pôsteres, Power Point, e são feitas perguntas sobre o tema exposto (participação das crianças assistentes) e brincadeiras didáticas para reforçar a informação fornecida durante a apresentação (foram utilizadas brincadeiras da WSPA). Finalmente, botons com o logotipo do Programa são entregues às crianças e é passada a responsabilidade de ensinarem o que aprenderam durante a palestra aos pais em casa. Os estudantes buscam bastante o apoio gráfico a essa informação. Nesse momento, mostram fotos e desenhos. O complemento é por meio de brincadeiras e, ao final, o compromisso é selado com as crianças, de que voltem para suas casas e ensinem a seus pais como devem manter seus animais de estimação com responsabilidade, com Bem-Estar Animal. A fase seguinte do Programa, que está planejada para todo o ano de 2015, incluirá a avaliação quali-quantitativa desse impacto.

Conteúdos de bem-estar animal que incluem a estratégia, prática ou atividade docente Os conteúdos que incluem a estratégia são as cinco liberdades com a explicação correspondente: Livres de fome e sede. Deve ser disponibilizada água limpa todo o tempo. É necessário seguir as indicações do alimento balanceado (ração) em relação à quantidade e necessidades nutricionais, de acordo com a idade e estado fisiológico do animal de estimação. Livres de desconforto. Que os animais contem com espaço suficiente para poderem andar livremente. Não quer dizer que o que é adequado para o ser humano seja adequado para os animais, devemos conhecer o comportamento normal e, com base nisso, fornecer o espaço e requisitos para que desenvolvam seu comportamento normal. Livres para expressar seu comportamento normal. Tem muita relação com a segunda liberdade, mas vai além, devemos deixar que se socializem com outros indivíduos da sua espécie e não restringir a liberdade de se mover livremente (por exemplo). Livres de dor, lesões e doenças. A explicação foca em levar os animais de estimação ao médico veterinário, a não medicá-los por conta própria se tiverem um processo doloroso devido às consequências do uso de anti-inflamatórios para seres humanos em animais de estimação. Livres de medo e estresse. É explicado com exemplos, que situações provocam medo nos animais, a razão fisiológica (com terminologia adequada) e o que se deve fazer em termos de comportamento.

Resultados pedagógicos obtidos De acordo com os objetivos traçados, tornou-se claro que os aspectos básicos sobre a guarda responsável de animais de estimação estão sendo disseminados dentro da sociedade. Até a data, um total de 1330 estudantes da educação básica assistiu à palestra, sendo de 27 unidades educativas dentro da cidade de Quito e Machachi. De acordo com as estatísticas em nível nacional, é apontado que cada pessoa pertence a um núcleo familiar de indivíduos, por isso, estima-se que, se cada uma dessas crianças disseminar a informação em suas casas, cerca de 5320 pessoas receberão indiretamente a mensagem. Os segundo e terceiro objetivos não foram quantificados, mas foi observado qualitativamente que, depois da apre-

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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sentação das palestras, os alunos assumem uma posição mais ativa e participativa em relação à comunicação de conhecimentos de Bem-Estar Animal. Os estudantes que agora são coordenadores foram selecionados a partir do grupo de estudantes que já vivenciaram a experiência.

Impacto da estratégia, prática ou atividade docente nos estudantes, animais, comunidade, etc. Desde o início do programa, foram quantificadas 1337 crianças beneficiadas com idades entre oito e 11 anos, de 27 colégios da Província de Pichincha, especificamente da periferia de Quito e Machachi.

De acordo com as estatísticas do Instituto Nacional de Normalização (INEN), estima-se que cada pessoa capacitada pertença a uma família de quatro integrantes, portanto, é possível estimar que se tenha atingido 5348 pessoas.

Conclusões/observações/ recomendações Pode-se dizer que a quantidade de crianças que assistiram às palestras recebeu o conhecimento prático em relação à Guarda Responsável de animais de estimação e, de forma indireta, seus familiares, e são a maior motivação para prosseguir com o programa com o planejamento de novos objetivos, complementos, para a obtenção de mais resultados e um impacto quantificável.

Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente Palestras de Guarda Responsável

Bibliografia Farm Animal Welfare Council. (1992). FAWC updates the five freedoms. Veterinary Record, 17:3-57. Instituto Nacional de Estadística y Censo (INEC). (2010). Resultados del Censo 2010 de población y vivienda en el Ecuador. Recuperado de: http://bit.ly/1i5e6xz

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Capítulo 3

Estratégias e práticas docentes que fomentam o uso humanitário de animais em educação e pesquisa

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Desenvolvimento de Modelos de Simulação para a coleta de amostras sanguíneas e aplicação de medicamentos intravenosos como alternativas humanitárias no ensino da Medicina Veterinária

Edison Alberto Cardona Zuluaga y Sergio Alejandro Salas Suárez Colômbia

Nome da área temática, programa ou disciplina onde a estratégia, prática ou atividade docente foi desenvolvida Disciplinas: Exame físico e Métodos de Exploração e Introdução à Medicina Veterinária e à Zootecnia

Introdução, contexto e justificativa da estratégia, prática ou atividade docente Em nosso exercício profissional, a coleta de amostras sanguíneas e a administração de medicamentos ou soluções para a reposição de líquidos e eletrólitos são quase rotineiras. Por isso, o profissional deve ter destreza e habilidade necessárias para coletar a amostra de maneira adequada ou acessar corretamente o vaso sanguíneo, sendo que nos processos de formação busca-se o desenvolvimento dessas habilidades violando conscientemente, mas sem intenção, alguns direitos dos animais, como

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estar livre de sofrimento e desconforto, de dor, lesões ou doenças, de medo ou estresse. No ensino da Medicina Veterinária, apesar do afeto e respeito pelos animais, práticas como essas violam suas liberdades porque qualquer ação, deliberada ou não, que afete o bem-estar atual ou futuro de um animal com o objetivo de aprendizagem pelo estudante é uma aproximação nociva. A universidade moderna deve preparar seus estudantes para desempenharem seu ofício de maneira adequada. É fundamental, portanto, que se analise o processo educativo por uma perspectiva dupla: como os nossos alunos aprendem e, como consequência, o que e como ensiná-los (Ruiz Esteban, 2002). Historicamente, para lecionar procedimentos em medicina veterinária, utilizam-se animais vivos. No entanto, na última década, foram produzidas novas tecnologias, como manuais, vídeos, imagens e simuladores de realidade virtual, buscando desenvolver habilidades e destreza nos estudantes (Perez-Rivero &

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Rendón-Franco, 2011). A medicina humana desenvolveu simuladores de alta precisão nos últimos anos (Fletcher, Militello, Schoeffler & Rogers, 2012); infelizmente, esses simuladores são inacessíveis para algumas instituições acadêmicas devido a seu custo alto. Essas razões justificam o desenvolvimento de simuladores em ciências animais, fáceis de fabricar, a baixo custo e portáteis. O objetivo desta estratégia pedagógica foi desenvolver simuladores para a venopunção, acesso venoso e coleta de amostras sanguíneas em caninos, felinos, equinos e bovinos, visando à aquisição de destreza pelos estudantes de ciências pecuárias; para aumentar o número de intervenções bem sucedidas sobre animais vivos e diminuir o estresse, o medo, a dor e o sofrimento a que podem ser submetidos nesse tipo de prática acadêmica.

Objetivos, habilidades e/ou intenção pedagógica alcançados com a implementação da estratégia, prática ou atividade docente O objetivo dessa estratégia pedagógica foi desenvolver simuladores para a venopunção, acesso venoso e coleta de amostras sanguíneas em caninos, felinos, equinos e bovinos, visando à aquisição de destreza pelos estudantes de ciências pecuárias; para aumentar o número de intervenções bem sucedidas sobre animais vivos e diminuir o estresse, o medo, a dor e o sofrimento a que podem ser submetidos nesse tipo de prática acadêmica. Habilidades e intenção pedagógica: • Aquisição de habilidades e destreza na coleta de amostras, aplicação de medicamentos e acesso venoso em diferentes espécies de animais. • Aprendizagem sobre técnicas padronizadas para a coleta de amostras de vasos sanguíneos; uso de desinfecção, manejo de torniquete, hemostasia e manipulação segura de pacientes. • Manejo adequado de dispositivos para intervenção de venopunção: sistema vacutainer, seringas, agulhas, cateteres, venóclises, uso de luvas e descarte final de resíduos hospitalares. • Aprendizagem embasada de manejo e restrição física humanitária na manipulação dos animais. • Redução de uso de animais nos processos de ensino e aprendizagem, substituindo a intervenção direta inicial através do uso de simuladores de venopunção, conseguindo o refinamento através da

redução da dor causada aos animais ao diminuir a intervenção direta sobre eles (princípio dos 3 Rs). • O desenvolvimento de modelos de simulação como ferramenta pedagógica cria um ambiente estimulante no ensino e na aprendizagem que facilita o acesso a estruturas cognitivas.

Metodologia empregada Este projeto desenvolve uma ferramenta pedagógica de modelo construtivista criando um ambiente estimulante de experiências que facilita o acesso a estruturas cognitivas (Flórez Ochoa, 2005). Foram desenvolvidos modelos físicos de regiões de acesso venoso nas diferentes espécies animais domésticas, buscando fidelidade anatômica e sensorial ao tato, chegando a texturas e proporções físicas similares a pacientes reais através do uso de materiais como mangueiras de látex, telas de textura e impressão que simulam a pele dos animais, bombas de circuito para a movimentação de fluidos e preparação de fluidos pigmentados para imitar o fluido vascular, utilizando como base estruturas de madeira cobertas por espuma. Os circuitos vasculares abastecem-se através da venóclise conectados a bombas propulsoras – expulsoras, que mantêm os fluidos em movimento. Antes do uso dos modelos de simulação, os estudantes tiveram aulas magistrais apoiadas por imagens e vídeos onde adquiriram os conhecimentos sobre manipulação de pacientes, anatomia topográfica, manejo e desinfecção da região de venopunção, indicações de coleta e manipulação de amostras, acesso venoso, aplicação de medicamentos, uso e escolha de elementos de intervenção (agulhas, seringas, catéteres, venóclises, desinfetantes e outros). No evento prático, o ensino é realizado em pacientes reais de modo a imobilizá-los de forma humanitária e o procedimento de torniquetes temporários é realizado para que possam identificar os vasos e observar sua ingurgitação. Sobre os modelos, os estudantes aplicam as técnicas de desinfecção, aplicação de torniquete, palpação do vaso sanguíneo e coleta de amostra, aplicação de medicamentos ou acesso venoso de acordo com a indicação dada pelo docente. O processo é orientado constantemente pelo docente, que realiza um feedback ativo da atividade com os estudantes. Na avaliação, são contempladas as ações ao redor do ato da venopunção e do próprio evento, ou seja: manipulação do paciente, desinfecção, uso de elementos para a coleta de amostras, aplicação de medicamentos e acesso venoso de

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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acordo com o cenário criado, manejo da amostra e descarte final dos resíduos hospitalares. Os estudantes que realizaram práticas prévias com os simuladores mostraram mais acertos qualitativamente na intervenção direta sobre os animais do que os que passaram da aula magistral à intervenção. O ato de intervenção direta sobre os animais foi realizado de forma justificada na coleta de amostras para perfis sanitários dos animais (amostras para diagnóstico de hemoparasitos, Brucella, Leptospira, encefalite equina, entre outros).

Conteúdos de bem-estar animal que incluem a estratégia, prática ou atividade docente • O bem-estar animal abordado pelas cinco liberdades; • Relação entre bem-estar animal, doença e produção; • O papel do veterinário no bem-estar dos animais e os problemas éticos; • Tomada de decisões na prática veterinária; • Atitudes dos estudantes e dos veterinários (incluindo o manejo da dor); • O papel do veterinário na mudança de atitudes.

Resultados pedagógicos obtidos Aquisição de habilidades e destreza na coleta de amostras, aplicação de medicamentos e acesso venoso em diferentes espécies animais; Aprendizagem sobre técnicas padronizadas para a coleta de amostras de vasos sanguíneos; uso da desinfecção, manipulação do torniquete, hemostasia e manipulação segura dos pacientes; Manejo adequado de dispositivos para intervenção de venopunção: sistema vacutainer, seringas, agulhas, catéteres, venóclises, uso de luvas e descarte final de resíduos hospitalares; Aprendizagem embasada de manejo e restrição física humanitária na manipulação dos animais; Redução do uso de animais nos processos de ensino e aprendizagem, substituindo a intervenção direta inicial através do uso de simuladores de venopunção, alcançando o refinamento através da redução da dor causada aos animais ao diminuir a intervenção direta sobre eles (princípio dos 3 Rs);

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O desenvolvimento de modelos de simulação como ferramenta pedagógica cria um ambiente estimulante ao ensino e à aprendizagem que facilita o acesso a estruturas cognitivas.

Impacto da estratégia, prática ou atividade docente nos estudantes, animais, comunidade, etc. Nos estudantes: O ambiente de simulação cria um desafio em forma de jogo onde eles assumem o papel do veterinário em exercício no contexto de uma situação cotidiana, como a aplicação de um medicamento, a coleta de amostras ou o acesso venoso, conseguindo assegurar os conhecimentos e a aquisição de habilidades e destreza. Nos animais: Seu uso direto foi reduzido no processo de ensino e aprendizagem, minimizando eventos dolorosos e estressantes a que seriam expostos com propósitos educativos. Na instituição: Desenvolvimento de ferramentas pedagógicas que melhoram seus processos de ensino e aprendizagem, as quais podem ter impacto sobre um número maior de estudantes ao deixar de depender diretamente dos animais como limitante do processo.

Conclusões/observações/ recomendações A afirmação de que os animais são sempre prejudicados na educação veterinária é controversa - ainda que em alguns tipos de práticas acadêmicas, como no aprendizado da venopunção para a coleta de amostras sanguíneas, acesso venoso e aplicação de medicamentos, isso poderia estar correto. No entanto, nas escolas ou faculdades de Medicina Veterinária e/ou Medicina Veterinária e Zootecnia, a resolução parcial desse paradigma poderia ser o uso de alternativas inanimadas como esses simuladores, que são relativamente fáceis de fabricar, têm baixo custo, são portáteis e manipuláveis para o ensino de alguns procedimentos como os descritos. Foi observado que a aplicação desses modelos de simulação, em geral, não causa resistência dos estudantes para sua utilização no desenvolvimento das práticas, e, além disso, os estudantes acham que são alternativas muito agradáveis. Nelas, por razões óbvias, há menor resistência na realização de repetições em busca do desenvolvimento de destreza ao saberem que não causam dor e sofrimento aos animais.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente Elaboração de simulador para venopunção de veia cefálica canina e felina

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Elaboração de Simulador para venopunção de veia coccígea em bovinos

Práticas em Sala de Aula

Bibliografia Fletcher, D.J.; Militello, R.; Schoeffler, G.L.; Rogers, C.L. (2012). Development and evaluation of a high-fidelity canine patient simulator for veterinary clinical training. Journal of Veterinary Medical Education, 39:7-12. Flórez Ochoa, R. (2005). Pedagogía del conocimiento. Bogotá; México: McGraw-Hill. Perez-Rivero, J.J.; Rendón-Franco, E. (2011). Validation of the educational potential of a simulator to develop abilities and skills for the creation and maintenance of an intravenous cannula. Alternatives to Laboratory Animals: ATLA, 39:257-260. Ruiz Esteban, C. (2002). Algunas claves para la enseñanza en la educación superior de veterinaria. Anales de Veterinaria de Murcia, 18:91-102. Recuperado de: http://bit.ly/1Lmwmth

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Uso de modelos de simulação no ensino-aprendizagem de habilidades clínicas em pequenos animais

Cintya Boroni González and Alberto Goldsack Merino Chile

Nome da área temática, programa ou disciplina onde a estratégia, prática ou atividade docente foi desenvolvida:

aos estudantes a oportunidade de aprender e exercitar uma técnica clínica, cometer erros e melhorar sem medo de prejudicar um paciente real.

Anatomia Clínica

Na prática de clínica de pequenos animais, técnicas como a colocação de acesso venoso periférico, a venopunção e a intubação orotraqueal são de uso frequente, mas, por serem invasivas, devem ser realizadas com boas práticas para minimizar danos a estruturas do paciente.

Introdução, contexto e justificativa da estratégia, prática ou atividade docente A simulação clínica é uma prática muito utilizada no ensino superior na área médica em nível mundial. Esta estratégia fornece aos estudantes a oportunidade de aprender, aperfeiçoar e apurar uma técnica clínica antes de aplicá-la em pacientes reais, melhorando, dessa forma, sua confiança e diminuindo a probabilidade de dano a sujeitos submetidos à técnica. Em Medicina Veterinária, a prática de simulação tem aumentado devido a fatores éticos e pedagógicos, que têm relação direta com o bem-estar animal, já que provê

Esse é o contexto em que o uso de modelos de simulação constitui uma grande ferramenta de ensino-aprendizagem de técnicas clínicas de uso frequente, já que permite que os estudantes fixem uma habilidade, conquistando, dessa forma, habilidades necessárias para seu exercício profissional, já que ao enfrentar pacientes reais serão capazes de realizar uma técnica bem sucedida e segura, minimizando o erro associado ao nervosismo e à ansiedade. A estratégia apresentada está relacionada com uma disciplina do 5o. semestre (de um total de dez semestres

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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letivos), denominada anatomia clínica, que corresponde à transição entre cursos básicos e profissionais. A primeira parte da disciplina consiste em trabalho com modelos de simulação para a aquisição de habilidades clínicas e técnicas, como sondagem urinária, toracocentese, intubação orotraqueal, auscultação cardíaca e pulmonar. Enquanto que, na segunda parte, trabalha-se com animais reais, ensinado os estudantes o manejo correto que devem fazer com seus futuros pacientes, desde a aproximação e formas de melhoria, até técnicas mais invasivas. Por isso que a incorporação dos modelos de simulação fornece, nesta etapa de formação de um Médico Veterinário, uma ferramenta importantíssima, já que prioriza o uso de animais para procedimentos onde são necessários e dificilmente substituíveis, e, com isso, reduz ao mínimo os pacientes que são utilizados para fixar técnicas mais básicas.

Objetivos, habilidades e/ou intenção pedagógica alcançados com a implementação da estratégia, prática ou atividade docente: Objetivo geral Obter habilidades técnicas para colocação de um cateter venoso periférico, venopunção e intubação orotraqueal em modelos de simulação animal. Objetivos específicos • Conhecer as técnicas clínicas rotineiras na clínica de pequenos animais, como a colocação de cateter venoso periférico, a venopunção e a entubação orotraqueal. • Compreender a utilização de modelos simulados para a formação de Médicos Veterinários de acordo com o manejo ético de animais para a docência e o bem-estar animal. • Executar as técnicas clínicas rotineiras em simuladores de baixa fidelidade para adquirir a habilidade desejada.

Metodologia empregada A metodologia pedagógica aplica-se na disciplina de anatomia clínica que ocorre no 5o. semestre do curso de Medicina Veterinária (de dez semestres no total). Esse curso possui três horas pedagógicas (135 min.) de classes teóricas e três de atividades práticas por semana. As atividades dividem-se em 15 práticas por semestre, dessas, oito correspondem ao trabalho com simuladores, cinco ao manejo com pacientes reais (duas práticas com pequenos animais, duas práticas com equinos e uma prática com bo-

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vinos) e duas correspondem a avaliações (uma com técnicas em simuladores, uma com exame clínico de equinos). Em cada passo prático, trabalha-se com cerca de 30 alunos, que se dividem em três grupos. As atividades realizadas são apoiadas por três docentes que orientam os estudantes nos procedimentos realizados. Para gerar as habilidades e técnicas clínicas rotineiras, trabalha-se com a ajuda de modelos de simulação animal de baixa fidelidade (Rescue Critters®), nessa disciplina, utilizam-se oito membros torácicos para venopunção e acesso venoso, duas cabeças para intubação orotraqueal, dois modelos de auscultação torácica, dois para toracocentese, dois para massagem cardíaca e dois para a introdução de cateter urinário, onde essa atividade é referente ao uso dos dois primeiros modelos mencionados. Além disso, utilizam-se materiais como cateteres venosos periféricos, seringas, borboletas, cinta adesiva, laringoscópio, traqueotubos, entre outros. Descrição das atividades: Na primeira aula, são apresentados conceitos básicos de bem-estar animal de forma a justificar e sociabilizar o estudante com o uso dos simuladores veterinários. A teoria fornece aos estudantes os conceitos necessários para a realização das técnicas clínicas, e também conta com o apoio de um documento que contém protocolos detalhados com os passos necessários para a realização de cada um dos procedimentos. As aulas práticas são realizadas no laboratório de anatomia, que tem espaço suficiente para o trabalho com os estudantes. No início da aula prática, é feita uma demonstração de cada técnica. No laboratório, existem três estações de trabalho, é exercitada uma técnica diferente em cada uma durante uma hora, e depois é feito o rodízio até completar as atividades. A técnica é realizada com respaldo de conhecimentos anatômicos e apoio audiovisual, que consiste em vídeos da mesma técnica realizada em pacientes reais. Nesses vídeos, são mostradas técnicas bem sucedidas e também erros comuns, para que os estudantes os conheçam e não os repliquem. Avaliação e feedback: A avaliação é somada através de uma nota que mede a técnica em si, o número de repetições e o tempo de desenvolvimento. O feedback é permanente durante cada prática e também na avaliação. Além disso, é feita uma avaliação mediante uma pesquisa sobre a percepção dos estudantes diante da prática com modelos de simulação.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Conteúdos de bem-estar animal que incluem a estratégia, prática ou atividade docente Módulo I: Introdução ao bem-estar animal. Apresentar conceitos básicos e definições de bem-estar animal. Módulo 2: Bem-estar de animais usados em Pesquisa, Testes e Educação. Esse módulo está relacionado com a Justificativa e a sociabilização do uso de modelos alternativos de simulação para a aprendizagem de técnicas clínicas. É baseado nos três “Rs”, já que se está reduzindo o número de animais para a prática, é permitido que o estudante realize diversas repetições de cada técnica, o que está de acordo com o refinamento, e finalmente permite substituir o uso de animais reais para a obtenção de uma determinada habilidade.

Resultados pedagógicos obtidos Os resultados são obtidos com base em uma pesquisa que mede a percepção dos estudantes diante das técnicas clínicas mediante o uso de modelos de simulação e sua relação com o bem-estar animal. Em 2013, iniciou-se um trabalho mais metódico e programado com modelos de simulação, a informação encontrada nesse semestre foi que 70,6% de 51 estudantes pesquisados acham que as práticas com simuladores permitiram que desenvolvessem suas habilidades em procedimentos clínicos. No primeiro semestre deste ano (2014), mensurou-se com mais detalhes a percepção dos estudantes, portanto, os dados apresentados a seguir correspondem ao segundo ano de implementação da metodologia de trabalho. De um total de 56 estudantes, 52 responderam à pesquisa que incluía perguntas específicas sobre a metodologia da disciplina, das avaliações e da percepção do uso de modelos. De todos os alunos pesquisados, 36,5% declarou que havia realizado alguma das técnicas vistas na disciplina em pacientes reais, antes de sua formação com simuladores; 63,5% desses estudantes pesquisados não haviam realizado essas técnicas clínicas em pacientes reais. 94,2% dos estudantes pesquisados acredita que o uso de modelos de simulação apoia-se no conceito de bem-estar animal e 96,2%, que seu uso diminui o sofrimento animal. 80,8% acham que sua preparação e formação em técni-

cas clínicas com simuladores foram adequadas. Enquanto que 19,2% acham que a formação não foi adequada. 67,3% responderam que o tempo destinado para a prática e a repetição das técnicas clínicas permitiu o desenvolvimento de habilidades, por outro lado, 21,2% dos estudantes pesquisados se mantiveram neutro. Em relação à motivação que o trabalho com modelos animais gera, 92,3% indicaram que o uso de modelos foi motivador e 7,7% foram neutros em sua resposta. Em relação à atitude dos estudantes durante seu trabalho com modelos, 90,4% disseram que tiveram uma atitude séria e profissional. Por outro lado, 53,8% indicaram que sentiram ansiedade e nervosismo no momento de executar técnicas clínicas nos modelos, enquanto que 23,1% se manifestaram neutros e o mesmo número não sentiu nervosismo. Por outro lado, 61,5% acham que a prática com simuladores foi preparatória para enfrentar um paciente real, 11,5% ficaram neutros e 26,9% acham que não. Finalmente, 94,2% recomendariam o trabalho com modelos de simulação animal a estudantes de anos anteriores.

Impacto da estratégia, prática ou atividade docente nos estudantes, animais, comunidade, etc. O trabalho com simuladores nas disciplinas básicas e de transição no curso de medicina veterinária é bem aceito pelos estudantes, que entendem em parte que esse passo é vantajoso para eles, já que ajuda na fixação de técnicas e habilidades clínicas sem o nervosismo envolvido na aprendizagem com animais vivos, como foi refletido na pesquisa de percepção realizada com os alunos neste ano de 2014. 53,8% dos estudantes pesquisados indicaram que sentiam ansiedade e nervosismo ao executar as técnicas clínicas, o que reforça o fato de que esse tipo de simulador traria vantagens aos estudantes que os utilizam. Eles reconhecem e se motivam pela redução do número de animais utilizados na docência. Essas novas gerações de estudantes são muito atraídas pela área de bem-estar animal, principalmente por animais que são usados com finalidades docentes, já que reconhecem que esses pacientes, por um lado, são necessários para a obtenção de uma formação integral, mas são muito críticos quando essa utilização é feita em atividades mais básicas de sua formação. Do ponto de vista da utilização docente, é de grande importância a sociabilização do uso dos modelos, tanto pela relação com o bem-estar animal, quanto pelos resultados de aprendizagem que se quer obter com sua incorporação.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Em nível institucional, a Universidade Andres Bello faz parte da rede de Universidades Laureate, que trabalha de maneira ativa na formação de um regulamento interno de Boas práticas Veterinárias, onde seu eixo principal é o bem-estar animal, favorecendo e recomendando o uso de simuladores de diversos tipos e casos simulados na formação dos estudantes de medicina veterinária. As principais críticas que os estudantes fazem ao trabalho com simuladores é que muitos deles não são anatomicamente corretos ou não têm uma boa textura em comparação aos animais, o que faz com que as repetições da técnica diminuam..

Conclusões/observações/ recomendações O uso de simuladores no treinamento de habilidade e técnicas clínicas básicas, mas invasivas, como a venopunção e a colocação de cateteres endovenosos, é muito bem recebido pelos estudantes, já que eles valorizam o treinamento e o refinamento das técnicas antes de usá-las em animais vivos em seu processo de formação. Essa utilização requer um processo de sociabilização e descrição dos resultados esperados com seu uso, para que se entenda a finalidade da atividade. Esse tipo de atividade

reforça o conceito de bem-estar animal com os três RS e o manejo ético de animais na docência da graduação em medicina veterinária. A experiência dos acadêmicos da Universidade que trabalham ativamente com simuladores reflete a preocupação com relação à fidelidade desses simuladores, assim como sua duração, já que o investimento em manequins não é menor, mas a baixa duração e fidelidade podem desmotivar o estudante a querer trabalhar de maneira mais ativa com eles. Outro ponto importante a ser considerado com sua utilização é o momento adequado para sua incorporação, já que os resultados da aprendizagem que se esperam obter devem ser fixados bem para maximizar o uso dessa ferramenta. É necessário, do ponto de vista docente, realizar pesquisas de satisfação e feedback para atender às preocupações dos estudantes em relação ao trabalho com manequins. Como também a geração de evidências suficientes para validar o trabalho com simuladores. Deve-se trabalhar na geração de curvas de aprendizagem de técnicas distintas para maximizar o uso dessa estratégia docente, e também realizar comparações do treinamento tradicional versus o treinamento com simulação, e levar os resultados para a literatura científica para a validação da metodologia.

Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente Aula prática com demonstração – Laboratório de Anatomia

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Passos práticos da metodologia de ensino empregada

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Avaliação e feedback – Pesquisa de Simuladores

Anatomía Clínica

NOTA: 1º PRUEBA PRÁCTICA ANATOMÍA CLÍNICA Sección:

Nombre: Firma:

VENOPUNCIÓN

1

Check List (bránula, tapa amarilla, alcohol, algodón y cinta). Ubica y fija el vaso sanguíneo

Todos los insumos o sobra uno. Ubica y fija

Le falta 1 insumo.

Desinfección

En una dirección y sin reinfectar la zona.

Desinfecta en varias direcciones y/o reinfecta la zona.

Posiciona el bisel hacia arriba Introduce la bránula dentro del vaso sanguíneo en al menos 3 intentos. Asegurándose de que salga líquido. Introduce el teflón

0.5

0

Ubica o fija.

Si Introduce correctamente la bránula.

Posicionamiento de la tapa de heparina.

Lo hace mientras saca el estilete y con una mano.. Aséptico Y atornilla

Lo realiza de manera incorrecta, ej: con el estilete completo. No saca el estilete y/o lo hace con dos manos. Aséptico O atornilla.

Pone correctamente la cinta en la bránula y tapa heparina.

Cinta en bránula Y tapa correctamente.

Cinta en bránula O tapa correctamente.

Elimina o Reenfunda el estilete Comprobar si está al interior del vaso mediante el uso de una jeringa

Si Sale sangre en la jeringa.

Ptje. obtenido

Le falta más de 1 insumo o no hace el check list. Ninguno o lo realiza de manera incorrecta. No desinfecta o lo realiza de manera incorrecta. No No logra introducir la bránula. No introduce el teflón o lo hace de forma incorrecta. Ninguna o lo realiza de manera incorrecta. En ambos de manera incorrecta o no pone la cinta. No No sale sangre en la jeringa.

TOTAL

Anatomía Clínica

Semana 05 Mayo 2014 RESULTADOS DE ENCUESTA DE EVALUACIÓN DEL USO DE SIMULADORES Las respuestas fueron planteadas con escala de likert con las siguientes opciones: TA: Totalmente de acuerdo, A: De acuerdo, PA: Parcialmente de acuerdo, N: Neutral, PD: Parcialmente en desacuerdo, D: Desacuerdo, TD: Totalmente en desacuerdo. Se sumaron los resultados de TA, A y PA y se consideraron como percepción positiva (POS), asimismo los PD, D y TD para obtener la percepción negativa (NEG) respecto a la pregunta planteada.

PREGUNTAS

A

PA

POS

N

PD

D

TD

NEG

El uso de modelos de simulación animal se apoya en el 76,9% (40) concepto de bienestar animal.

TA

15,4%(8)

1,9% (1)

94,2% (49)

5,8% (3)

0%

0%

0%

0%

El uso de simuladores disminuye el sufrimiento animal.

84,6% (44)

11,5% (6)

0%

96,2% (50)

1,9% (1)

1,9% (1)

0%

0%

1,9% (1)

La preparación y formación en técnicas clínicas (venopunción, 34,6% (18) canulación, auscultación, etc.) con simuladores fue adecuada.

26,9% (14)

19,2% (10)

80,8% (42)

0%

7,7 % (4)

3,9% (2)

7,7% (4)

19,2% (10)

El tiempo destinado a la práctica de cada técnica clínica en modelos de simulación me permitieron desarrollar habilidades clínicas.

15,4% (8)

28,9% (15)

23,1% (12)

67,3% (35)

21,1% (11)

5,77% (3)

5,77% (3)

0%

11,5% (6)

Mi actitud durante el trabajo práctico con simuladores fue 42,2% (22) seria y profesional

38,5% (20)

9,6% (5)

90,4% (47)

3,9% (2)

3,9% (2)

0%

1,92% (1)

5,8% (3)

Las prácticas con modelos de simulación motivaron mi 42,3% (22) proceso de aprendizaje.

36,5% (19)

13,5% (7)

92,3% (48)

7,7% (4)

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

Sentí ansiedad o nerviosismo al ejecutar las técnicas clínicas en los modelos.

25% (13)

15,4% (8)

13,5% (7)

53,8% (28)

23,1% (12)

3,9% (2)

13,4% (7)

5,8% (3)

23,1% (12)

La práctica con simuladores me ha preparado para enfrentar a un paciente real.

9,6% (5)

21,15% (11)

30,8% (16)

94,2% (49)

11,5% (6)

13,5% (7)

3,9% (2)

9,62% (5)

3,9% (2)

23,1% (12)

9,6% (5)

61,5% (32)

1,9% (1)

0%

3,9% (2)

0%

26,9% (14)

Recomendaría el trabajo con modelos de simulación animal a 61,5% (32) estudiantes de cursos inferiores

66

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal 2014

Bibliografia Colonius, T.; Swoboda, J. (2010). Student Perspectives on Animal-Welfare Education in American Veterinary Medical Curricula. Journal of veterinary medical education, 37: 56-60. Hart, L.A.; Wood, M.W.; Weng, H. (2005). Mainstreaming Alternatives in Veterinary Medical Education: Resource Development and Curricular Reform. Journal of veterinary medical education, 32: 473, 480. Scalese, R.J.; Issenberg, S.B. (2005). Effective Use of Simulations for the Teaching and Acquisition of Veterinary Professionaland Clinical Skills. Journal of veterinary medical education. 32: 461-467. Valliyate, M.; Robinson, N.G.; Goodman, J.R. (2012). Current concepts in simulation and other alternatives for veterinary education: a review. Veterinarni Medicina, 57: 325–337.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Conservação de Peças Anatômicas e Criação de Coleção Embriológica

Daniel Fernando González Mendoza Colômbia

Nome da área temática, programa ou disciplina onde a estratégia, prática ou atividade docente foi desenvolvida Anatomia, Embriologia e Reprodução animal

Introdução, contexto e justificativa da estratégia, prática ou atividade docente As universidades de hoje devem assumir uma atitude de inovação, mudança e atualização de suas metodologias para melhorar a formação acadêmica dos estudantes; a globalização e o uso da tecnologia promovem o aperfeiçoamento diário do ensino, os meios de transmitir a informação e o conhecimento. Na medicina veterinária e em outros cursos da área de saúde, o processo “Docente-Educativo” requer metodologia, procedimentos e meios de ensino capazes de absorver a maior quantidade possível de conhecimento para transmiti-los aos estudantes (Correa Flavio, 2005), e durante muitos anos foi desenvolvido sem

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levar em conta o bem-estar animal, onde se visa que os animais não sofram sob o pretexto de que o estudante adquira conhecimento. Este trabalho vem sendo desenvolvido por estudantes e docentes da Fundação Universitária Juan De Castellanos, é produto de busca de estratégias que motivem e facilitem o aprendizado dos estudantes em áreas como anatomia, embriologia e reprodução, sendo implementadas pelos docentes duas estratégias: o Aprendizado Embasado em Problemas (AEP) e o Aprendizado Orientado a Projectos (AOP). Por meio delas, eles pesquisam, desenvolvem e aplicam projetos que promovem o material de estudo dessas disciplinas, evitando que animais sejam afetados, porque um dos objetivos principais é proteger a saúde e o bem-estar dos estudantes e dos animais; obtendo como resultado a conservação de peças anatômicas e a criação de uma coleção de embriologia. Em cada um dos projetos, foram conservadas diferentes peças anatômicas por meio de técnicas como transparentização, diafanização, osteotecnia e plastinização, onde a matéria prima é cadáveres ou tecidos obtidos de animais que morreram naturalmente, em acidentes ou pacientes que vieram a óbito na clínica.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Objetivos, habilidades e/ou intenção pedagógica alcançados com a implementação da estratégia, prática ou atividade docente • Utilizar o Aprendizado Embasado em Problemas (AEP) e o Aprendizado Orientado a Projetos (AOP) como estratégia para melhorar o processo de aprendizagem das disciplinas de anatomia, reprodução e embriologia no Programa de Medicina Veterinária e Engenharia Agropecuária da Fundação Universitária Juan de Castellanos. • Criar material que motive e facilite o aprendizado de matérias como anatomia, embriologia e reprodução. Buscar técnicas de conservação de peças anatômicas e a criação de uma coleção de embriologia que proteja a saúde e o bem-estar de estudantes e animais. • Estimular em grupo um ambiente de pesquisa e aprendizagem adequado, propondo ideias inovadoras, criativas e construtivas, colaborando no desenvolvimento de atividades que promovem o conhecimento e a participação ativa, em busca de um melhor entendimento da disciplina como parte integral da profissão. Os estudantes desenvolvem habilidades como: • Conhecer e identificar a anatomia dos sistemas reprodutivos de machos e fêmeas • Conhecer e identificar as mudanças e as estruturas em idades fetais • Reconhecimento anatômico nas diferentes espécies domésticas.

Metodologia empregada Para a implementação da estratégia de ABP, foi organizada e proposta uma atividade voluntária a todos os estudantes que quisessem participar de projetos que gerem material para o aprendizado de matérias, como anatomia, reprodução e embriologia, onde se promova o bem-estar tanto de animais, quanto de estudantes, visando solucionar a problemática de conservação de peças anatômicas para o estudo na medicina veterinária, buscando evitar a dependência de animais que foram sacrificados para realizar trabalhos de dissecação e a utilização de meios tóxicos e irritantes que dificultam a manipulação, como formol, entre outros. Como resultado,

começou-se a trabalhar com estudantes de primeiro a quinto semestres e conseguiu-se uma maior aceitação em semestres anteriores, sendo construídos grupos de trabalho sob orientação do docente na elaboração de propostas de pesquisa e desenvolvimento de projetos que solucionem essa problemática. Os projetos experimentais foram desenvolvidos nas instalações do anfiteatro e nos laboratórios de morfologia da F.U.J.D.C., localizada na periferia “Outro Lado” do município de Soracá, no Departamento de Boyacá, durante os semestres de 2013 e o primeiro semestre de 2014. Foi organizado um espaço no anfiteatro para cada um dos grupos que, com recursos muito limitados, implementaram suas técnicas. Todas as técnicas foram realizadas com a doação dos animais, peças e fetos, que foram submetidos a processo de lavagem e desinfecção. Na obtenção de peças ósseas com uso de frutas, as peças ósseas são expostas e submergidas em frutas picadas (abacaxi e mamão) em quadros de aproximadamente 5x5 cm em um recipiente plástico por um período de um mês a um mês e meio, e antes disso, é necessário remover ao máximo as estruturas musculares, tendões, vasos sanguíneos e demais estruturas de tecidos moles presentes nas peças ósseas com equipamento de dissecação. Essas frutas possuem em suas características físico–químicas uma enzima denominada bromelina (abacaxi), que catalisa a reação de hidrólise de ligações peptídicas, apresentando um amplo espectro de ruptura de proteínas, a papaína (mamão) tem ações similares à anterior. Na diafanização e transparentização, os fetos foram desinfetados e algumas aves submetidas à remoção de penas e, em seguida, adição de substâncias, obtendo-se os dados via monitoramento detalhado, realizando um cronograma de acordo com a atividade que essas substâncias químicas agem sobre a peça anatômica, onde, no tempo transcorrido, obteve-se a transparência com o procedimento, durante uma média de dez meses, usamos diferentes soluções e manipulações para chegar ao processo de transparentização; e logo antes da liberação da coloração, a peça é depositada na glicerina para conservação. Atualmente, são desenvolvidas técnicas como a plastinização de maneira muito rudimentar, mas com resultados promissores.

Conteúdos de bem-estar animal que incluem a estratégia, prática ou atividade docente • Bem-estar animal • Bioética • Ética e bem-estar animal • Pesquisa e bem-estar animal

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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• Educação e bem-estar animal • Eutanásia e bem-estar animal • Utilização de animais em pesquisa e educação

Resultados pedagógicos obtidos Motivar os estudantes na aprendizagem da anatomia, embriologia e reprodução de animais domésticos, incentivando a pesquisa e a busca de alternativas à utilização de animais para estudo nessas áreas. Que vários estudantes se interessassem em participar voluntariamente de projetos que promovem a conservação das peças anatômicas e dos fetos de uma maneira mais amigável com os animais e o meio ambiente, fomentando uma cultura de respeito e bem-estar animal. Gerar um documento detalhado dos protocolos de cada processo, mediante o registro de cada um dos passos de desenvolvimento da técnica. As técnicas empregadas para a preservação das peças anatômicas e fetos apresentaram uma transparência perfeita que permite ver o sistema ósseo, os órgãos e tecidos internos, garantindo que os compostos utilizados se conservem sem a necessidade de utilizar substâncias toxicas ou elementos que ponham em risco a saúde dos funcionários do laboratório, docentes, alunos e visitantes que manipulem a coleção. Que a F.U.J.D.C. tenha uma coleção anatômica e embriológica, que será peça chave para o aprendizado da Medicina Veterinária.

Impacto da estratégia, prática ou atividade docente nos estudantes, animais, comunidade, etc. • Diminuição da evasão escolar porque a motivação de “aprender fazendo” promove um maior interesse e facilita a aquisição de conhecimento pelos estudantes. • Diminuição do número de animais em processos de dissecação e aumento considerável de material de apoio aos processos de ensino nas matérias de anatomia, embriologia e reprodução. • Aumento do número de estudantes em grupos de pesquisa na linha de bem-estar animal.

70

• Produtos acadêmicos, como pequenos abstracts, artigos e participações em eventos de pesquisa de estudantes sobre temas de conservação de peças anatômicas no aprendizado da Medicina Veterinária.

Conclusões/observações recomendações O propósito da educação não é aperfeiçoar os jovens em algumas ciências, mas conseguir abrir suas mentes, integrando os conceitos e os relacionando com uma realidade para depois serem aplicados em algum campo, buscando solução de problemas por meio da pesquisa. O ensino tradicional tem provocado muita desmotivação e desinteresse nos estudantes, refletido no baixo rendimento acadêmico, que cria uma necessidade de mudança de estratégia de aprendizagem. A pesquisa em aula é uma ferramenta que permite ao docente melhorar a compreensão e a qualidade do ensino. Facilidade de uso das peças pelos estudantes, já que não será mais necessário realizar sacrifícios e dissecações de animais continuamente para a observação de tecidos e órgãos, pois essas técnicas permitem uma observação real dos órgãos de forma permanente. Diminuir os custos de conservação de tecidos e ainda mais de eliminação dos resíduos dos laboratórios e tecidos decompostos, já que com o cuidado necessário as amostras durarão vários anos conservadas. A informação existente nos livros e documentos não é aplicável à realidade dos processos, o que fez com que executássemos experimentos desenvolvendo nossa própria técnica com os compostos e quantidades adequadas. Há a necessidade de realização de mais estudos para avaliar o tempo de duração dessas peças em laboratório e de estudos comparativos entre essas técnicas e técnicas convencionais de osteotecnia, com o objetivo de avaliar o tempo para obtenção das peças ósseas, as características delas, o impacto no meio ambiente e a avaliação da flora microbiana que se forma, entre outros. Os métodos de conservação podem ser implementados pelos docentes para a não realização de dissecações, favorecimento de fatores de sanidade animal e manutenção de cadáveres transparentizados para o estudo facilitado de animais domésticos.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente Diário de Campo

Cuadro Procesos Y Control De Investigacion Nombre De La Investigacion: Proceso De Conservación De Piezas Anatomicas Diafanizacion Cuarto Procedimiento Fecha Inicio: 23 Julio 2013 / Fecha Terminación: 01 Febrero 2.014 Fecha

23-07-2013

24-07-2013

Hora

Proceso

Observaciones

13:00 PM

Consecución

Se consigue una paloma pichona (Torcaza Naguiblanca; Zenaida Auriculata) de color café, que acaba de salir de su nido y aprendiendo a volar se estrella con un vidrio, cae al piso y muere, ya cuenta con su plumaje completo, no conocemos su edad.

13:30 PM

Alistamiento

Se ha pensado realizar un proceso de Diafanización, pero permitiendo realizar una disección, sustrayendo el sistema digestivo, incluyendo el corazón y los pulmones, para experimentar el proceso de transparencia en los órganos.

13:40 PM

Pelado

Se toma la paloma, se inicia a retirar el plumaje de su cuerpo en forma manual, muy suave para evitar laceraciones en su piel.Se termina de retirar el plumaje. Se lava la paloma desde la cabeza a las patas y se alista para fijación.

14:30 PM

Fijación

Se alista recipiente de vidrio con tapa, se agrega alcohol al 70% y se introduce el cuerpo de la paloma en el, se debe cubrir la paloma completamente de la sustancia fijadora. Se tapa y reserva en lugar seguro por 24 horas.

13:00 PM

Observación

Se retira la paloma de la sustancia fijadora, se lava con agua a chorro suave y se seca con toalla de papel absorbente.

Pesaje y medición

Se toma el cuerpo de la paloma ya lavado y seco, se coloca junto a una reglilla y se estira completamente para medir su cuerpo, en esta ocasión se hizo de largo desde su cabeza hasta las patas. También se realiza el pesaje, se estableció que mide 14 centímetros pesa 300 gramos

13:30 PM

Responsables

Realizando las maniobras de lavado, medición y pesado de la paloma, se alista el equipo de disección, con el ánimo de sacar el sistema digestivo junto con el corazón y los pulmones. 14:00 PM

Disección

Se inicia la maniobra desde la parte Craneal a la parte Cauda del ave (desde la cabeza, a la cloaca) se extrae con mucho cuidado el tracto digestivo, sin embargo se perdió la lengua y parte del esófago. Una vez se termine la disección de la paloma, se procede a lavar el cuerpo con agua, tratando de retirar sangre y tejido graso.

15:45 PM

Lavado

Luego procedemos a lavar el sistema digestivo con todo el cuidado posible para evitar ser dañado. Esta vez no se lavo a chorro, si no que se utiliza un recipiente para que la caída de agua sea muy suave y no dañe los tejidos.

16:00 PM

Diafanización

Una terminado el lavado, se procede a alista un recipiente de vidrio grande con tapa, se alista la mezcla Diafanizadora, Agua H2O, Hidróxido de Potasio KoH al 0.2 %. (En un Litro de Agua se agrega 2 gramos de KoH) se revuelve hasta obtener una mezcla uniforme. Se colocan las dos muestras anatómicas en el recipiente y se agrega la mezcla, se tapa y se deja en un lugar seguro lejos de la luz directa del sol y de la mano de extraños, se debe hacer observación sobre el material.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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31-07-2013

13:00 PM

Observación

Se puede percibir que la mezcla esta turbia, con sangre, con desechos de comida, difícilmente se puede hacer una observación clara sobre el cuerpo de la paloma y el sistema digestivo de la misma, al destapar el recipiente de vidrio, se percibe un olor desagradable, por esta razón se programa recambio de la mezcla diafanizadora. Se sustrae la mezcla diafanizadora del recipiente sobre un colador, tratando que las muestras no se dañen con el movimiento del líquido. Se lavan las piezas y se sustrae el material solido que se encuentra en el frasco, como es el caso de piedritas, arroz, que se encontraba en el tracto digestivo del ave, se extrae de igual forma piel de la paloma.

07-08-2013

13:00 PM

Recambio

En otro recipiente se mezcla un litro de Agua H2O, y 2 gramos de Hidróxido de Potasio KoH al 0.2 %. Se centrifugan los compuestos con la mano hasta obtener una mezcla uniforme. Se colocan las dos muestras anatómicas en el recipiente y se agrega la mezcla muy despacio, se tapa y se deja en un lugar seguro lejos de la luz directa del sol y de la mano de extraños, se debe hacer observación sobre el material.

17-08-2013

13:00 PM

Observación

Sustancia diafanizadora se encuentra transparente amarillento, la paloma está perdiendo piel, se observa trasparencia en alguna parte del cuerpo de la paloma como son las patas, alas. El sistema digestivo muestra un color negruzco.

24-08-2013

13:00 PM

Observación

El compuesto diafanizador se encuentra turbio amarillento, se observa bastante tejido suelto, al parecer es piel del ave, se puede distinguir transparencia en la mayoría del cuerpo de la muestra, el sistema digestivo esta oscuro sin progreso. Se encuentra el líquido un poco turbio, de color amarillento, permite hacer observación, se observa piel de la paloma suelta, por este motivo se sustraerá la muestra para limpiarse. Se alista un recipiente y un colador, se destapa la muestra, se puede percibir un olor fuerte, se desocupa el contenido del recipiente de vidrio sobre el colador. Se lava el frasco y la tapa y se alista para depositar nuevamente la paloma.

31-08-2013

13:00 PM

Observación

Mientras tanto se toma el ave, se nota su trasparencia, se distinguen los huesos de las extremidades, alas, cabeza, se observa el costillar, aros de la tráquea, huesos craneales y arcos oculares. Se lava a chorro suave para evitar su daño, se limpia la piel suelta, su textura es blanda, gelatinosa como de silicona. Se observa también el aparato digestivo, en él se puede distinguir los pulmones de color blanco amarillento, el corazón esta blanco, la mollera de color negro, esófago trasparente, el intestino de color negro. Se sustrae la mezcla diafanizadora del recipiente sobre un colador, tratando que las muestras no se dañen con el movimiento del líquido. En otro recipiente se mezcla un litro de Agua H2O, y 2 gramos de Hidróxido de Potasio KoH al 0.2 %.

07-09-2013

13:00 PM

Recambio

Se centrifugan los compuestos con la mano hasta obtener una mezcla uniforme. Se colocan las dos muestras anatómicas en el recipiente y se agrega la mezcla muy despacio, se tapa y se deja en un lugar seguro lejos de la luz directa del sol y de la mano de extraños, se debe hacer observación sobre el material.

14-09-2013

13:00 PM

Observación

El líquido de Diafanización está claro, se muestra la pieza (paloma) bien, permite visualizar en forma clara, no presenta sangre, se puede ver los huesos de la cabeza, cavidad torácica, alas, patas, anillos cartilaginosos de la tráquea, El sistema digestivo, se está aclarando, el esófago muestra unos pequeños anillos cartilaginosos, el corazón esta blanco al igual que los pulmones

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

21-09-2013

13:00 PM

Observación

Liquido de diafanización está claro, permite visualizar en forma clara, no presenta sangre, se puede ver los huesos de la cabeza, cavidad torácica, alas, patas, anillos cartilaginosos de la tráquea, el sistema digestivo, se está aclarando, el esófago muestra unos pequeños anillos cartilaginosos, el corazón esta blanco al igual que los pulmones, la molleja e intestinos están negros, al parecer por la materia fecal. Se hace recambio, a pesar que el líquido diafanizador no está turbio, permite hacer una observación perfecta, se cambia el compuesto para tratar de agilizar el proceso de transparencia, Se sustrae el líquido junto a los órganos sobre un colador, se reservan. Se lava el frasco donde se está haciendo el proceso, se lava el cuerpo de la paloma y se introduce nuevamente al frasco, se toma el aparato digestivo para lavarlo y cuando se está haciendo esta maniobra, inicia a salir restos de comida que se encontraban alojadas dentro de molleja y resto del tracto digestivo.

28-09-2013

13:00 PM

Recambio

Después de esto se colocó más claro el sistema, esperamos nos permita observar en próximos días partes de su estructura que a la fecha de hoy no se podían observar. Se coloca todo en el frasco y se alista el líquido diafanizador, así: En otro recipiente se mezcla un litro de Agua H2O, y 2 gramos de Hidróxido de Potasio KoH al 0.2 %. Se centrifugan los compuestos con la mano hasta obtener una mezcla uniforme. Se agrega la mezcla muy despacio, se tapa y se deja en un lugar seguro lejos de la luz directa del sol y de la mano de extraños, se debe hacer observación sobre el material. El líquido diafanizador se encuentra completamente limpio, trasparente, sin partículas. La paloma se deja ver en forma clara, se observan los huesos de la cabeza, alas, tronco y las patas.

05-10-2013

13:00 PM

Observación

El sistema digestivo inicio a mostrar trasparencia en el esófago, buche, intestino. La molleja está un poco oscura, pero esperamos se aclare. Se hará tinción el próximo 12 de octubre. Se alista el material requerido para el proceso de tinción, por esta razón se tiene un recipiente adecuado de laboratorio para mezclas, una pinza Kelly sin garra, pinza mosquito y gramera. Se alista 800 ml de fenol (C2H6O) al 99%, 5 gramos hidróxido de potasio (KoH) al 0.5% y 1 gramo Violeta Alizarina (C14H804). Se mezclan todos los compuestos Fenol (C2H6O), Hidróxido de Potasio (KoH), y Violeta Alizarina (C14H8O4) , se revuelven con cuidado en el recipiente especial con la pinza

12-10-2013

13:00 PM

Tinción

Se observa que la solución empieza a calentarse, a hervir y a emitir gases, para lo cual se debe tener mucho cuidado de no inhalar o que caiga en los ojos por su alta toxicidad. Se sacan de su frasco el cuerpo de la paloma y el sistema digestivo, se sumergen en la solución por espacio de tres minutos y se retiran. Se cambia solución diafanizadora, se alista 5 gramos de Hidróxido de potasio (KoH) al 0,5%, 2 litros de agua (H2O), se colocan estos dos elementos en un recipiente y se revuelve bien, se colocan las muestras en su recipiente y se agrega el compuesto hasta tapar las muestras. Después de este proceso se tapan y se conservan, se deben estar observando por espació de 15 días para ver su evolución y hacer recambio si es necesario de la sustancia diafanizadora.

19-10-2013

13:00 PM

Observación

Se hace observación de la muestra, se puede ver que el liquido diafanizador esta de color violeta, que la paloma se ve trasparente, muestra el sistema óseo, el sistema digestivo tiene un color violeta agradable, permite observar con facilidad algunos órganos como el corazón, bucle, partes del intestino. Se dejara unos días más y se hará recambio de la sustancia conservadora.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

73

26-10-2013

13:00 PM

Observación

Se toma la muestra y se puede ver que la paloma está mostrando una mejor transparencia, el sistema óseo está más vistoso y completo, se puede distinguir cada uno de los huesos del cuerpo. El Aparato digestivo está mucho más trasparente, se muestran algunos órganos con mayor claridad, de igual forma el corazón se observa blancuzco.

02-11-2013

13:00 PM

Observación

Se hace revisión del recipiente en el cual se encuentra la muestra de la paloma y su sistema digestivo, se observa que el líquido diafanizador ha adquirido un poco de tinción, la muestra permite ver sus sistema óseo completo y resaltado, el sistema digestivo ha tomado una mayor trasparencia.

09-11-2013

13:00 PM

Observación

Se hace observación de la muestra, se puede ver que el líquido diafanizador está mucho más lleno de tinción tomando un color rojizo pero sin partículas que enturbien el líquido, se hará un recambio de líquido diafanizador en la próxima visita. El líquido diafanizador se encuentra tintado ya que la paloma está soltando el exceso de pintura.

16-11-2013

13:00 PM

Observación

Los huesos de la paloma están claros se en perfectos, ya están listos para el siguiente proceso que es la fijación y glicerado. El sistema digestivo se presenta claro pudiéndose observar todos los órganos con claridad (tráquea, esófago, buche, hígado, corazón e intestinos). Se hace recambio, a pesar que el líquido diafanizador no está turbio, solamente está un poco tintado debido al proceso que se está llevando. Se sustrae el líquido junto a los órganos sobre un colador, se reservan. Se lava el frasco donde se está haciendo el proceso, se lava el cuerpo de la paloma y se introduce nuevamente al frasco, se toma el aparato digestivo para lavarlo y cuando se está haciendo esta maniobra, inicia a salir restos de comida que se encontraban alojadas dentro de molleja y resto del tracto digestivo.

23-11-2013

13:00 PM

Recambio

Después de esto se colocó más claro el sistema, esperamos nos permita observar en próximos días partes de su estructura que a la fecha de hoy no se podían observar. Se coloca todo en el frasco y se alista el líquido diafanizador, así: En otro recipiente se mezcla un litro de Agua H2O, y 2 gramos de Hidróxido de Potasio KoH al 0.2 %. Se centrifugan los compuestos con la mano hasta obtener una mezcla uniforme. Se agrega la mezcla muy despacio, se tapa y se deja en un lugar seguro lejos de la luz directa del sol y de la mano de extraños, se debe hacer observación sobre el material.

30-11-2013

07-12-2013

13:00 PM

13:00 PM

Observación

Observación

Se toma el recipiente donde se encuentra la muestra en proceso de Diafanización. Se aprecia que la muestra está soltando sustancia de tinción, en muy poca cantidad. se observa en forma clara la parte ósea de la paloma que se encuentra abierta para la extracción de su sistema digestivo, este sistema se encuentra en perfecto estado, en él se ve con claridad (tráquea, esófago, buche, hígado, corazón e intestinos) El líquido diafanizador está completamente limpio para este proceso, la paloma se observa con claridad, cada uno de los huesos que forman el sistema óseo de la paloma se observan perfectamente. Es claro que podemos pasar al proceso de sujeción, alistaremos los elementos necesarios para el proceso.

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Se han reunido los elementos requeridos para el proceso de sujeción. Entre los que encontramos Nailon, Recipiente de vidrio completamente redondo en forma de cilindro, tapa de vidrio que es perfecta para la abertura del frasco, lamina de vidrio de 3 mm y glicerina blanca transparente.)

14-12-2013

13:00 PM

Sujeción y Glicerado

Se retira el líquido diafanizador del frasco, se saca la pieza (paloma) del recipiente de vidrio donde reposa, se deja escurrir. Luego se coloca sobre la lámina de vidrio la paloma y el intestino y se busca la correcta ubicación para sujetarla, con el nailon se amarran las piezas (paloma y aparato digestivo a la lámina de vidrio, se da la forma deseada y se introduce con cuidado todo esto al recipiente de vidrio. Por último se agrega la glicerina hasta tapar las piezas anatómicas, se tapa y se deja en observación. Para este proceso se requiere 3.000 ml de glicerina.

21-12-2013

13:00 PM

Observación

Se puede observar que la glicerida donde se encuentra la paloma con su sistema digestivo está clara sin partículas, pero presenta burbujas y rayas de aire ya que no se ha homogenizado.

28-12-2013

13:00 PM

Observación

La glicerina está clara, presenta una pequeña macha de líquido de tinción que la paloma ha desprendido, la glicerina tiene burbujas y no se ha terminado de homogenizar.

04-01-2014

13:00 PM

Observación

La glicerina esta homogénea, trasparente, no hay partículas que contaminen la pieza anatómica (paloma y sistema digestivo, se observa completamente el sistema óseo de la muestra, la glicerina tiene una mancha de tinción leve.

Observación

De alguna manera la glicerina ha hecho que los órganos del sistema digestivo de la paloma tomen volumen haciéndolos más vistosos a nuestra observación, la paloma por otra parte, muestra en todo su esplendor el sistema óseo, la glicerina está un poco sucia con líquido de tinción que la paloma y sus órganos han desprendido, la paloma muestra una mayor trasparencia. Se ha pensado por el grupo de trabajo hacer recambio de glicerina y dar por terminado el proceso de Diafanización.

11-01-2014

13:00 PM

18-01-2014

13:00 PM

Observación

La muestra de la paloma sigue mostrando trasparencia, el sistema óseo está viéndose en todo su esplendor. El líquido de glicerina sigue mostrando desteñido de violeta alizarina pero se esperara unas semanas más para realizar un recambio de glicerina y dar por terminado el proceso de tras parentación.

25-01-2014

13:00 PM

Observación

La muestra de la paloma es todo un éxito, la trasparencia ha llegado a su feliz término, el grupo de trabajo está satisfecho por el resultado se programa para hacer recambio de glicerina y concluir el proceso.

Recambio

Se alista glicerina liquida trasparente, se toma el recipiente de vidrio donde reposa la paloma, se vierte el contenido de glicerina sucio donde está la paloma en un recipiente para ser reservado, se deja escurrir tanto el recipiente como la muestra para sacar lo más posible la antigua glicerina, se vierte nuevamente glicerina nueva y limpia sobre la paloma, se tapa y se limpia el vidrio del recipiente para dar una buena presentación, se reserva para su estudio.

01-02-2014

01-02-2014

13:00 PM

13:20 PM

Conclusión

Una vez terminados todos los procesos de trasparencia de la pieza anatómica denominada paloma, podemos concluir que todo el proceso fue un éxito, Que se logro el objetivo principal que era mostrar el sistema óseo completo, la paloma se puede ver en toda su magnitud, mostrando todos y cada uno de los huesos que la conforman. Esta lista para hacer los estudios que se requieran, esta muestra tendrá una tapa flotante no fija con el ánimo de poder sacar la paloma para su análisis y visualización.

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Projetos experimentais - Anfiteatro e Laboratórios de Morfologia - F.U.J.D.C.

Diafanização e transparentização de fetos

Bibliografia Correa Alarcón, F. (2005). Conservación de piezas anatómicas en seco mediante método de prives Revista Electrónica de Veterinaria: REDVET, VI mayo 2005. Recuperado de: http://bit.ly/1MeJ17t Cleves, D., Quiroga, M.A.; Villegas, A.C. (2009). Diafanización: Visualización del desarrollo óseo en fetos – Universidad de los Andes: Procedimientos de Diafanización, 6-8.

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Qualidade, validade, reprodutibilidade, respeito e reconhecimento: um modelo integral transnacional para o aprendizado em ética em pesquisa com animais

Carmen Alicia Cardozo de Martínez Colômbia/Chile

Nome da área temática, programa ou disciplina onde a estratégia, prática ou atividade docente que foi desenvolvida Universidade Nacional da Colômbia - Cursos de Contexto

Introdução, contexto e justificativa da estratégia, prática ou atividade docente A ética na pesquisa com animais tem um lugar de destaque no desenvolvimento científico atual, devido à urgência de manutenção de maiores padrões de qualidade nos resultados obtidos a partir de seu uso e cuidado, apoiado em valores de respeito e sensibilidade em relação à possibilidade de dor e sofrimento a que os animais podem estar expostos. Da mesma forma, observa-se a obrigatoriedade de cumprimento de normas e princípios que garantam o rigor em seu desenvolvimento, em um contexto de reflexão e reconhecimento da indivi-

dualidade e da obrigação moral diante de toda forma de vida. Ainda que tenham ocorrido grandes avanços no campo da saúde nos últimos 150 anos, os desafios pendentes dão espaço ao aumento da pesquisa na América Latina nesse campo. Nele, nem as regulamentações, nem as leis, tiveram sucesso em cumprir com os padrões internacionais - ainda que existam guias com especificações técnicas para produção, cuidado e uso, dentro das quais se promove a aplicação do princípio dos “três erres” como expressão de qualidade da pesquisa desenvolvida com cuidado e respeito pelos animais. Tal situação foi manifestada na Declaração de Basileia, assinada como compromisso que vincula aspectos técnicos (uso) a éticos (cuidado) em uma ação frontal pelo desenvolvimento de uma pesquisa responsável com as futuras gerações. Os programas de formação em veterinária e ciências relacionadas não incluem a formação em Ciência e Tecnologia de Animais de Laboratório, a

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qual requer espaços de capacitação técnica e de reflexão permanente. A reinterpretação e a busca de sentido entre as diferentes razões e sensibilidades pessoais e interpessoais por meio do diálogo cidadão libertário constituiriam um espaço analítico ideal para a definição de cursos de ação melhores em problemas complexos coletivos como o aqui descrito, situação que poderia ser solucionada, a princípio, por meio da bioética hermenêutica, como vem se desenvolvendo essa estratégia.

Objetivos, habilidades e/ou intenção pedagógica alcançados com a implementação da estratégia, prática ou atividade docente Objetivo geral do programa Atualizar, capacitar ou preparar profissionais para cuidar e usar animais de laboratório com uma orientação que permita conhecer o contexto mundial com critério para avaliar, formular e auxiliar projetos de pesquisa. Os participantes obterão cinco habilidades principais: • Serão capazes de assumir um papel ativo para elaborar e conduzir pesquisas com animais de acordo com princípios bioéticos que garantam o bem-estar do animal; • Terão um amplo espectro de elementos e ferramentas para aplicar os “três erres” em seus países de origem; • Serão capacitados para guiar e participar de comitês de avaliação ética científica; • Serão capazes de desenvolver conteúdo para programas de ética de pesquisa; • Serão capazes de integrar a ética da pesquisa em redes na internet. Objetivos específicos • Desenvolver habilidades técnicas de alto nível para uso e cuidado de animais em pesquisa; • Usar a metodologia deliberativa na análise relacionada à pesquisa em animais; • Gerar habilidades para a gestão e o desenvolvimento da pesquisa com animais, nas quais a capacitação e o conhecimento sobre os animais sejam primordiais; • Usar conhecimentos para análise e avaliação da pesquisa com animais, dentro dos quais a etologia é fundamental para garantir o bem-estar animal; • Conhecer regulamentações, normas e parâmetros da pesquisa com animais em nível mundial;

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• Abrir um espaço de debate e reflexão plural, interdisciplinar, internacional sobre o uso e cuidado de animais em pesquisa. Os conteúdos e métodos do programa permitirão que os participantes: • Desenvolvam na prática a bioética hermenêutica na metodologia “transformar pesquisando” para a reconsideração do valor de ações em pesquisa com animais; • Obtenham métodos dialógicos de mediação e negociação na solução de dilemas bioéticos e na tomada de decisões em comitês de avaliação ética científica; • Assumam posições de liderança em educação em bioética e em pesquisa em seus países; • Fortaleçam a capacidade de abordar temas éticos e sociais da pesquisa no contexto da pesquisa internacional intercultural; • Fortaleçam sua capacidade de identificar e discutir aspectos bioéticos referentes a políticas públicas.

Metodologia empregada A estratégia vincula participantes de todas as áreas do conhecimento e de todas as regiões da América Latina em um espaço aberto e plural de capacitação e construção coletiva. Utilizamos a metodologia denominada intervir-pesquisando, que é uma modalidade de trabalho com grupos, criando um ambiente de liberdade de participação a partir de experiências e vivências - o qual permite identificar pontos de encontro e potenciais para o desenvolvimento de intervenções nos conflitos que surgirem em relação a animais no âmbito da pesquisa. A base conceitual dessa metodologia é a bioética hermenêutica, que promove a aplicação de metodologias para analisar os conflitos e todos os conceitos relacionados a um problema dado para realizar ações justas. A metodologia dessa estratégia tem por um lado um espaço de capacitação técnica em aspectos validados, reconhecidos e exigidos em nível internacional em relação ao uso e cuidado de animais, e por outro lado abre um espaço de debate, reflexão e deliberação, onde há espaço para todas as posturas relativas à pesquisa com animais. A ideia é deixar o trabalho responsável com animais mais visível, e por outro lado escutar os pontos de vista dos que querem eliminar toda forma de uso de animais, buscando chegar a acordos minimamente éticos para alcançar uma melhor convivência nos espaços sociais relacionados à pesquisa.

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Dado que a pesquisa com animais requer a participação de etólogos, biólogos, químicos, geneticistas, estatísticos, matemáticos, etc., promove-se a participação de pessoas de todas as áreas do conhecimento que tenham interesse nesse campo e que queiram participar do debate - que finalmente expressa uma responsabilidade cidadã, gerando modelos menos violentos de convivência. A estratégia tem três etapas: uma virtual inicial de três meses, desenvolvida com a Universidade de Miami no programa CITI, uma presencial em Santiago do Chile por 12 semanas e posteriormente um trabalho de campo por seis meses no país de origem do participante, onde se deve centrar na aplicação do principio dos três erres em pesquisa.

Conteúdos de bem-estar animal que incluem a estratégia, prática ou atividade docente Cronologia e desenvolvimento sócio-histórico do uso de animais em pesquisa. Relação animal humano: aspectos éticos filosóficos. Princípios básicos da elaboração experimental da pesquisa que usa e cuida de animais. Etologia dos animais em cativeiro. Ética do cuidado, a responsabilidade e a proteção. Construção da intersubjetividade interespécies. Conceitualização do bem-estar humano e animal. Critérios para a escolha do modelo animal. Definição e controle de variáveis. A elaboração dos experimentos. A determinação do tamanho da amostra. Pacotes estatísticos básicos para a experimentação com animais. Garantia da qualidade dos produtos biotecnológicos: definições e características do conceito de qualidade aplicáveis aos produtos biológicos e biomédicos. Componentes da qualidade dos produtos, qualidade da elaboração, qualidade da conformidade, qualidade dos recursos, qualidade do processo. Modelos para resolver problemas. Técnicas de identificação de problemas. Administração da qualidade dos produtos biotecnológicos. Garantia de qualidade, boas práticas de laboratório e de produção, controle de qualidade, saneamento e higiene, validação, auto inspeção e auditorias de qualidade, funcionários, instalações e equipamentos, materiais e insumos, e documentação. Normas regulatórias da garantia de qualidade: práticas seguras nos biotérios e o uso de animais de laboratório, higiene e segurança do trabalho, normas regulatórias internacionais, serviço de higiene e segurança do trabalho, instalações elétricas, trabalhos com riscos específicos, proteção contra incêndios, capacitação, regras de

segurança relacionadas ao trabalho com animais, risco biológico, categorização dos laboratórios de pesquisa com animais, elaboração de artigos científicos que usam animais, descrição dos animais e da situação experimental, bem-estar e ambientes enriquecidos, análise da literatura científica, erros mais comuns em pesquisa com animais, condições ambientais requeridas pelos animais de laboratório e sua influência sobre os resultados experimentais, biologia e etologia das espécies mais usadas como animais de laboratório.

Resultados pedagógicos obtidos A aplicação do princípio dos três erres (3R´s) consiste abertamente em uma política pública que ainda não se aplica em nossos países e que é urgente - por um lado para dar o salto científico tecnológico que buscamos em pesquisa nesse campo, pela expressão aberta ao reconhecimento e respeito pelos animais e por sua garantia de bem-estar a favor do reconhecimento de sua individualidade, e, por outro, para a garantia de uma pesquisa que justifique o seu uso e cuidado. A redução implica necessariamente em um forte conhecimento técnico da ciência e da tecnologia em animais de laboratório e a existência de condições técnicas e de infraestrutura que cumpram padrões internacionais. A substituição obriga a busca exaustiva de modelos alternativos, a conveniência da parceria com engenheiros, matemáticos e todos os que possam trazer novos elementos para a construção de modelos que, equiparando-se parcial ou totalmente aos animais, permitam produzir provas equivalentes. O refinamento obriga o pesquisador a se aproximar responsavelmente do conhecimento do comportamento biológico e social dos animais, a conhecer sua neurobiologia e a etologia do animal de tal maneira que possa reconhecer a individualidade do animal e, portanto, a busca de seu bem-estar de acordo com sua própria urgência de obter resultados excelentes a partir de um animal saudável e em bom estado, e, por outro lado, à resposta de uma consciência justa em relação ao prosseguimento do uso do animal, o que faz com que seja um ser humano melhor, pois se torna sensível à dor e ao sofrimento do animal.

Impacto da estratégia, prática ou atividade docente nos estudantes, animais, comunidade, etc. A abertura de espaços com treinamento e capacitação, mas, em primeiro lugar, espaços para reflexão e debate,

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contribui para a transformação da realidade cotidiana. No desenvolvimento dessas atividades de formação, vimos que era possível que pessoas de posturas extremas (animalistas e não-animalistas) pudessem ter um diálogo respeitoso e tolerante sobre suas posturas diversas. A maioria dos participantes, ao finalizar as atividades, reconheceu seu desconhecimento sobre os avanços na pesquisa e da condição dos animais em aspectos sociais e afetivos, e suposições, crenças e avanços em etologia. É urgente que esses modelos sejam aplicados de maneira ampla em nossos países para diminuir os ruídos e a violência em relação ao uso de animais em pesquisa. A Declaração de Basileia é um compromisso aberto da comunidade científica para o uso racional dos animais, que conduz à sua substituição cada vez mais frequente, garantindo o bem-estar e o respeito a todas as formas de vida. Na Universidade Nacional da Colômbia, onde se iniciou a aplicação dessa estratégia há 25 anos, não havia uma política de respeito de uso e cuidado de animais, e não existiam espaços de debate para isso. Todo esse trabalho levou à formulação da política institucional para o uso e cuidado de animais, elaborada pelo Comitê Institucional de Ética em Pesquisa, liderado pelo vice-diretor de pesquisa em 2011. Essa conjuntura também permitiu que fossem convocadas reuniões dos comitês de ética sobre uso de animais com fins acadêmicos; a participação na nova formulação do Estatuto de Proteção dos Animais pelo Congresso da República da Colômbia e que mantivéssemos durante os últimos oito anos do curso de Ética em Pesquisa o módulo de ética em pesquisa com animais. Esse curso de contexto manteve 50 cotas de Estudantes de todas as áreas do conhecimento, dentro das quais estudantes de Veterinária e Zootecnia tiveram uma grande participação. Foi realizada também uma avaliação da situação de 28 instituições que utilizavam animais para pesquisa, evidenciando e conhecendo as maiores limitações para tentar superá-las. Foi gerado um grupo interdisciplinar de professores representantes de todas as áreas que tinham relação com os animais para propor a política e impulsionar a conformação dos comitês de ética ao uso de animais (CICUALES) dentro da instituição.

Conclusões/observações/ recomendações Essa estratégia foi aplicada primeiramente na Colômbia e agora no Chile, onde se abre um espaço para pesqui-

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sadores da América Latina, em um modelo que desenvolveu o Centro Interdisciplinar de Estudos em Bioética, durante dez anos, com apoio do Fogarty - em seres humanos e agora com animais. A transformação dos pesquisadores em relação ao uso e cuidados dos animais, quando têm conhecimento básico mínimo para compreender que a realização desse exercício, implica em uma enorme capacitação e treinamento em aspectos nunca considerados nos programas de formação, é palpável. O esforço de compreender seres vivos totalmente desconhecidos, desde seu comportamento social, afetivo e biológico, induz no pesquisador novas atitudes e considerações de valor que o tornam mais tolerante, respeitoso e com consideração a seus companheiros de trabalho, e ainda mais aos animais. É possível a aplicação do princípio dos três erres (3R´s) em grupos de pesquisa onde se apliquem com coerência os Princípios do CIOMS ou a Declaração de Basileia, porém garantindo a existência de espaços de capacitação, construção, pensamento distinto, aberto e plural em torno das necessidades de pesquisa. É possível conduzir e gerar modelos de trabalho a baixo custo, com qualidade, excelência, reprodutibilidade e respeito aos animais, se abrirmos espaços de construção e apoio interdisciplinar. A geração de redes de trabalho em relação ao uso e cuidado de animais em pesquisa é urgente em nossos países. Apoios como o de www.bioterios.com são uma amostra evidente de que são possíveis as mudanças e o conhecimento de um campo tão desenvolto como a ciência dos animais de pesquisa. Nossa experiência na Colômbia mostra como, depois de 20 anos de trabalho permanente capacitando um a um os pesquisadores e estudantes interessados no tema, é possível repensar os esquemas de inclusão de animais em pesquisa. Geramos um modelo de trabalho com qualidade, mas com compaixão, ou seja, tecnicamente muito forte e sustentado em valores também muito sólidos de respeito e consideração pelos animais. Muitas vezes aconteceram situações onde no início os pesquisadores solicitavam animais para seus projetos, e, visto que nossa premissa era capacitá-los primeiro, ao final do processo, eles optavam por outro plano ou outro modelo ou estratégia antes de usar os animais.

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Registros da realização da estratégia, prática ou atividade docente Ciência de Animais de Laboratório – IBUN Colômbia

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Bibliografia Cardozo de Martinez C.A.; Mrad de Osorio A. (2013). Etica en investigación con animales: validez, responsabilidad y protección. En: Bioetica. Lolas S.F.; De Freitas, J.G (Eds). Editorial Mediterráneo Santiago de Chile y Buenos Aires Argentina. Cardozo de Martinez C.A.; Mrad de Osorio A. (2013). Comités de ética en investigación: ¿una necesidad sentida o una realidad impuesta?. En: Bioetica. Lolas S.F.; De Freitas, J.G (Eds). Editorial Mediterráneo Santiago de Chile y Buenos Aires Argentina. Cardozo de Martinez C.A.; Mrad de Osorio A. (2013). Retos y dificultades para la conformación de comités institucionales de cuidado y uso de animales (CICUAL) en Colombia. En: Retos y dilemas de los comités de ética en investigacion. Velez, Ruiz y Torres Editores Académicos. Colección Textos de Medicina y Ciencias de la Salud Editorial Universidad el Rosario. 295-319. Bogotá. Garzón-Alvarado, D.A.; Ramírez-Martínez, A.M.; Cardozo de Martínez. C.A. (2012), Numerical test concerning bone mass apposition under electrical and mechanical stimulus. Theoretical Biology and Medical Modelling Journal. 9:14. Rodríguez, E.; Lolas, F.; Garbi-Novaes, M.R.; Cardozo de Martinez, C.A.; Castro, J.I.; Rodríguez, K.; Díaz, E.; Lilian, P.; Moncayo, Mondragón, L.; Valencia-Marroquín, H.E. (2011). Integridad ética en la investigación en latinoamérica Recuperado de: http://www.bioetica.uchile.cl/doc/Integridad_investigacion.pdf Cardozo de Martinez C.A., Mrad de Osorio, A. (2012). Aspectos técnicos y éticos del cuidado y uso de animales. (PABI). Recuperado de: http://bit.ly/1UERdT4 Cardozo de Martinez C.A. Hacia la conformación de una red iberoamericana de comités de cuidado y uso de animales. En: Leon, F.J. (Ed). Etica Clínica y Comités de Etica en Latinoamerica. Santiago de Chile. Cardozo de Martínez, C.A. (2010). Hacia la definición de una política nacional de uso y cuidado de animales. Suma Sicológica 17: 85-95. Cardozo de Martínez, C.A. Mrad de osorio, A. (2008). Etica en investigación con animales: una actitud responsable y respetuosa del investigador con rigor y calidad científica. Revista Latinoamericana de Bioética, 8:46-71. Cardozo de Martínez, C.A. Mrad de Osorio, A.; Maldonado, O.; Cely, G. (2008). Ética en investigación una responsabilidad social. En: Cardozo de Martínez, C.A y otros. El animal como sujeto experimental: aspectos técnicos y éticos. Centro Interdisciplinario de Estudios en Bioética, Vicerrectoría de Investigaciones Universidad de Chile. Cardozo de Martínez, C. A, Alvarez J. (2006). Etica en la investigación con animales. En: Lolas, F., Quezada, A.; Rodríguez, E. (Eds) Investigación en salud, dimensión ética. Centro Interdisciplinario de estudios de bioetica y Universidad de Chile. Cardozo de Martínez, C.A. (2005). El respeto a toda forma de vida: el modelo animal experimental. En: VI Congresso Brasileiro de Bioética, I Congreso de Bioética del Mercosur, 2005, Foz do Iguaçu. Anais do VI Congresso Brasileiro de Bioética. Foz do Iguaçu: Sociedad Brasilera de Bioética.

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Ética no Uso Animal e Bem-estar Animal

Marta Luciane Fischer Brasil

Nome do programa, área temática ou disciplina onde ocorreu a prática Ética no uso animal e Bem estar animal

Introdução, o contexto e as razões para desenvolver tal estratégia ou prática docente A ética do uso animal e bem-estar animal é um tema necessário de ser debatido por diferentes áreas profissionais e em diferentes níveis de formação. Tendo em vistas as novas demandas de fundamentos éticos que norteiam a tomada de decisões diante de um dilema ético, associado a uma nova realidade de um mundo globalizado, cujos interesses econômicos e valoração das percepções individuais, faz-se necessário uma nova intervenção. A Bioética surge nesse cenário como uma disciplina que faz a ponte entre as ciências biológicas e humanas, visando o diálogo de todos sujeitos/atores envolvidos na busca de novos paradigmas éticos que estabeleçam uma relação mais justa como todos os seres vivos. Dentre os parâmetros utilizados para atribuição de status moral aos animais

destaca-se a senciência e a capacidade de vivenciar prazer e sofrimento, sendo considerado imoral proporcionar sofrimento a qualquer ser senciente. Considerando que a nossa sociedade todavia pauta suas condutas em parâmetros utilitaristas e antropocêntricos, e que a curto e médio prazo é utópico se acreditar no abandono do uso dos animais para saciar as necessidades humanas, a ciência do bem-estar animal deve ser trabalhada em diferentes instâncias, a fim de se promover para esses animais que toda vida devem ser mantidos cativos, sob a tutela do homem, as melhores condições de sobrevivência possível. Desta forma, propõe-se apresentar para alunos de diferentes cursos e em diferentes níveis de formação as linhas gerais da ética animal e da ciência do bem-estar animal, a fim de criar uma rede de profissionais, cidadãos e seres humanos convictos de que é possível proporcionar uma boa existência para todos. Concomitantemente ao desenvolvimento de reflexões, debates e produção de material de informação, sensibilização e consicientização, se propõe incentivar e subsidiar a elaboração de métodos de diagnósticos de condições de bem-estar bem como a proposta de meios de minimizar as condições artificiais e estressantes do cativeiro.

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Objetivos pedagógicos alcançados com a implementação desta estratégia ou prática docente • Trabalhar a ética do uso animal e bem-estar animal no nível de mestrado, especialização, graduação, ensino médio em curso de extensão, disciplinas optativas, obrigatórias visando à capacitação de alunos e profissionais de diferentes áreas para atuação na área de ética e bem-estar animal. • Sensibilizar o aluno para percepção de questões éticas emergentes e tradicionais no uso de animais pela nossa sociedade • Capacitar o aluno para o diagnóstico das condições de bem-estar animal • Orientar o aluno para reflexão dos argumentos de todos os atores-sujeitos envolvidos na questão utilizando os princípios da Bioética como norteadora desse diálogo e direcionando a avaliação do animal através de informações biológicas e ecológicas, da sociedade e legais. • Conduzir o aluno a construir sua própria concepção sobre a questão e assim culminar na conscientização do seu papel como profissional, cidadão e ser humano na resolução desses conflitos. • Estimular o posicionamento do aluno através da capacitação para elaboração de material de divulgação científica em diferentes linguagens e posicionamento crítico em debates.

Metodologia empregada A proposta está sendo trabalhada abordando a ética do uso animal e bem-estar animal no nível de mestrado, especialização, graduação, ensino médio em curso de extensão, disciplinas optativas, obrigatórias. No caso das disciplinas obrigatórias para o curso de biologia e psicologia, a temática é trabalhada na disciplina de Etologia, conjuntamente com o desenvolvimento da técnica de elaboração de etograma e quantificação comportamental. A proposta pedagógica inclui inicialmente o posicionamento histórico e conceitual das bases teóricas para o desenvolvimento da disciplina. Os alunos são motivados a desenvolverem uma pesquisa aprofundada em tópicos específicos de cunho ético nas inúmeras utilizações de animais pela nossa sociedade. A pesquisa deve ser apresentada em forma de ensaio que é divulgado no Blog http://etologia-no-dia-a-dia.blogspot.com.br/ e finalizado com um debate à

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distância (sistema interno da universidade) e presencial. No ensaio o aluno deve desenvolver a linguagem de Blog com ampla pesquiso para inclusão de hiperlinks e vídeos, apresentar os temas ética no uso de animal e bem-estar animal e um estudo de caso real noticiado na mídia, abordando as questões biológicas e ecológicas do animal, as questões sociais e legais relacionadas ao problema ético identificado. E, então, apresentar o seu posicionamento crítico. Os resultados têm sido fantásticos, com uma ampla utilização do material por pessoas de todo o mundo tanto via blog quanto via redes sociais onde o material é divulgado. Nas disciplinas de etologia, a elaboração do etograma, também tem capacitado os alunos a desenvolverem técnicas para quantificação do comportamento e identificação de parâmetros para diagnósticos das condições de bem-estar e, assim, subsidiar propostas para melhoria das condições de vida de animais, principalmente mantidos cativos em zoológicos ou em centros urbanos.

Conteúdos de bem estar animal abordados na estratégia ou prática docente Os conteúdos trabalhados são: histórico da interação homem-animal desde o surgimento do homem até a atualidade; origem da vida e dos animais e as bases biológicas do comportamento animal; apresentação de algumas questões éticas envolvidas no uso de animais para alimentação, vestimenta, serviços, indústria, pesquisa e ensino, entretenimento e companhia; apresentação dos principais marcos éticos teóricos no desenvolvimento da ética animal e sua inserção na bioética; apresentação das linhas éticas aplicadas na condução das condutas humanas com relação aos animais; conceito histórico e novas compreensões a respeito das emoções nos animais e apresentação de estudos contemporâneos; discussão a respeito dos sistemas emocionais dos animais e sua utilização no diagnóstico de bem estar; definição de cada sistema e exemplos de aplicação prática em animais de produção, companhia e selvagens; aspectos biológicos e éticos da domesticação; discussão das bases biológicas e éticas dos comportemos anormais e estereotipias; enriquecimento ambiental e sua aplicação na amenização das condições do cativeiro: tipos e exemplos; fundamentação ética: as cinco liberdades; legislação aplicada ao uso de animais; métodos de estudos em etologia – aplicação prática do método ad libutum na elaboração do etograma e de um método quantitativo para responder uma questão específica.

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Resultados pedagógicos obtidos Os resultados das disciplinas trabalhadas sobre a ética do uso animal e bem-estar animal no nível de mestrado, especialização, graduação, ensino médio em curso de extensão, disciplinas optativas, obrigatórias, tem trazido resultados fantásticos. Na produção teórica solicitada em todos os níveis de aplicação os alunos apresentam o relato de um caso de real de uso de animal analisado sobre o ponto de vista técnico (considerações sobre o bem-estar do animal de acordo com sua biologia, ecologia e comportamento), éticos (reflexão dos procedimentos que tratem o animal com um ser vivo, logo digno de respeito. Levar em consideração os sistemas emocionais e a senciência da dor física e psicológica), político (leis que regulamentam o uso desse animal na situação avaliada) e inferência (sugestão de procedimentos para amenizar os efeitos sobre o seu BEA). O ensaio é veiculado no Blog http://etologia-no-dia-a-dia.blogspot.com.br/ e divulgado nas redes sociais, sendo os resultados parciais já apresentados em congressos da área da educação (http://educere.bruc. com.br/ANAIS2013/pdf/8982_4770.pdf e http:// educere.bruc.com.br/ANAIS2013/pdf/10278_5315. pdf). O etograma é apresentado na forma de artigo científico e em apresentação. Os dados são categorizados em fluxogramas e gráficos e os alunos instigados a avaliarem as condições de bem-estar proporcionadas para esses animais, e reflexão do que seria possível se fazer para mitigar essas condições. Ressalva-se que deste trabalho se desenvolvem inúmeros trabalhos de conclusão de curso e dissertações de mestrado. Como resultados pedagógicos destaca-se o desenvolvimento de habilidades de elaboração de textos para diferentes linguagens, a pesquisa investigativa, a reflexão sobre os sujeitos/atores envolvidos e a argumentação para o posicionamento crítico.

Impacto da estratégia ou prática docente nos alunos, nos animais, na comunidade, etc Os resultados das disciplinas trabalhadas sobre a ética do uso animal e bem-estar animal no nível de mestrado, especialização, graduação, ensino médio em

curso de extensão, disciplinas optativas, obrigatórias, tem proporcionado impactos significativos na sociedade local e global. O aluno após uma base teórica é capaz de investigar um tema específico e construir um argumento sólido e bioético da temática, além de se capacitar na exploração de diferentes linguagens que podem atingir diferentes públicos. Sua produção e posicionamento não se limita nas fronteiras da sala de aula, mas alcança o mundo, sensibilizando outras pessoas, que se posicionam tantos nas redes sociais como no próprio blog, despertando, inclusive, interesse da mídia que procura os autores a fim de desenvolverem matérias sobre a temática. Os debates que ocorrem no sistema virtual interno da instituição e na sala de aula trazem novidades continuamente e uma nítida mudança na percepção do aluno que relata a satisfação com a nova realidade proposta. O que fará diferença na atuação do mesmo como cidadão, profissional e principalmente, como pessoa.

Conclusões/observações/ recomendações A área de ética no uso de animal e bem-estar animal é extremante desafiadora para qualquer profissional que queria implantá-la, principalmente no Brasil. Além de ser uma disciplina nova, o poder econômico e as enraizadas crenças culturais impõem muitas barreiras que tornam tanto o profissional quanto o cidadão vulnerável a aceitar certar condutas como normais, mesmo não concordando com elas. O antropocentrismo distancia o homem dos animais, levando a descrença de suas capacidades sencientes e cognitivas, o que subsidia muitas práticas. Logo, é um grande desafio formar profissionais que desde a sua base perceba de forma mais respeitosa e igualitária essas relações. Atualmente, estamos em um momento que precisamos do esforço de diferentes profissionais, tanto na área da bioética na busca de novos paradigmas norteadores das condutas sociais, quanto de veterinários, zootecnistas e biólogos que desenvolvam tecnologias para diagnosticar as condições de bem-estar animal e propor novas formas de tornar o cativeiro desses animais, que todavia necessitamos manter sob nossa tutela, menos sofrida. Assim, incentivo a todos os profissionais de as áreas que incluam em suas disciplinas esses temas.

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Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino Fluxograma dos temas e metodologia na utilização da ética no uso de animais e bem-estar animal em diferentes níveis de formação profissional

Ensaios veiculados no Blog http://etologia-no-dia-a-dia.blogspot.com.br/ e Interface do grupo para divulgação em redes sociais

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Resultados parciais já apresentados em congressos da área da educação

Bibliografia Bauman, Z. (2000). Modernidade líquida. Rio de Janeiro. Zahar. Bauman, Z. (2004). Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro. Zahar. Broom, D.M.; Fraser, A.F. (2010). Comportamento e bem-estar de animais domésticos. 4. ed. São Paulo. Manole. Diniz, A.L.F.; Amend, F.R.G.; Fischer, M.L. (2013). Ética no uso de animais: percepção do aluno do ensino fundamental e médio da rede pública e privada. Congresso Nacional de Educação Educere de 23 a 26 de setembro de 2013. Recuperado de: http://bit.ly/1ElFb9n Felipe, S.T. (2009). Antropocentrismo, sencientismo e biocentrismo: Perspectivas éticas abolicionistas, bem-estaristas e conservadoras e o estatuto de animais não-humanos. Páginas de Filosofia,1(1):2-30. Fischer, M.L. (2013). Utilização do blog como ferramenta didática no ensino superior. XI Congresso Nacional de Educação Educere de 23 a 26 de setembro de 2013. Recuperado de: http://bit.ly/1KRl4gx Grandin, T.; Johnson, C. (2010). O bem estar dos animais: proposta de uma vida melhor para todos os bichos. Rio de Janeiro. Rocco. Potter, V.R. (1970). Bioethics, science of survival. Biol. Med., 14:173-153. Regan, T. (2006). Jaulas Vazias, encarando o desafio dos direitos dos animais. Porto Alegre. Lugano. Singer, P. (2004). Libertação animal. Porto Alegre. Lugano.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Capítulo 4

Estratégias e práticas docentes de extensão à comunidade para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Todos pelo bem-estar dos animais domésticos

Sandra Adelly Alves Rocha Brasil

Nome do programa, área temática ou disciplina onde ocorreu a pratica Oficina de práticas pedagógicas, metodologia em Biologia e Ecologia, entre outras.

Introdução, o contexto e as razões para desenvolver tal estratégia ou prática docente O Instituto Federal Goiano – Campus Ceres possui cursos de Licenciatura em Biologia, Licenciatura em Química, Agronomia, Zootecnia, Ensino Médio e Técnico em Informática e Agropecuária, além de contemplar diversos programas do Ministério da Educação como Mulheres Mil, PRONATEC, Educação à distância, entre outros. Na maioria dos cursos ofertados podem ser inseridos temas relacionados ao bem-estar de animais domésticos (BEAD). As estratégias e práticas pedagógicas para o ensino eficaz de bem-estar animal aqui apresentadas, fazem parte do projeto “A sociedade e o bem-estar animal”, cadastrado em setembro de 2013, como projeto de extensão do Instituto Federal Goiano, porém as ações e reflexões são anteriores ao cadastramento, sendo que as mesmas foram

iniciadas no segundo semestre de 2010. O projeto tem como proposta principal inserir a guarda responsável de animais domésticos como tema de relevância no ensino formal e informal e implementar políticas públicas para o bem estar animal, incluindo a organização de eventos na área, o cadastramento e o acompanhamento da população atual de animais domésticos, bem como dar apoio técnico a lares temporários e abrigos, além de trabalhar com programas de esterilização voluntária, gratuita e/ ou de baixo custo dos animais domésticos. Essas ações favorecem a diminuição do problema de abandono, maus tratos, falta de conhecimentos básicos sobre as necessidades e cuidados com os animais domésticos, bem como promovem o controle de zoonoses e acidentes ocasionados por animais soltos nas ruas. Foram firmadas parcerias entre os IFs Goiano, seus servidores, educandos, entidades educacionais, empresas e prefeituras dos municípios interessados, além da comunidade em geral. Essa cooperação entre os diversos setores da sociedade é uma solução viável e real oferecida aos municípios. Salienta-se que os municípios do Ceres e Rialma (Goiás, Brasil) não contam com projetos efetivos que promovam o

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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bem-estar animal. Apesar disso, muitas pessoas residentes nos municípios são preocupadas com essa questão e atuam voluntária e desordenadamente no cuidado com esses indivíduos, sejam eles domiciliados ou não. Dessa forma, se faz urgente à continuação da implantação das ações de “Todos pelo bem-estar animal”. Estes 22 benefícios não têm preço e justificam por si a implantação e manutenção do Projeto “A sociedade e o Bem Estar Animal”.

Objetivos pedagógicos alcançados com a implementação desta estratégia ou prática docente Objetivo geral Implantar no município de Ceres a estratégia “Todos pelo bem-estar animal”.

• Acompanhar os indivíduos não domiciliados da população canino-felina • Criar um site para cadastrar, acompanhar os animais e divulgar as ações do projeto, mantendo-o.

Metodologia empregada Em setembro de 2013 as atividades foram formalizadas em um projeto de bem-estar animal, cadastrado como projeto de extensão do Instituto Federal Goiano. Para tanto, as pessoas envolvidas foram divididas em quatro subgrupos, denominados forças-tarefas (FTs). Cada força-tarefa possui um administrador e alunos da instituição. No quadro abaixo estão contidas as informações relacionadas a características das forças-tarefa.

• Formar agentes de educação ambiental capacitados para intervir em situações que os animais estão sofrendo e modificar essas realidades, tendo como base os princípios de bem-estar animal.

• FT Comunicação: teoria, site, ONG, promove eventos/campanhas/legislação/ documentação. Dois alunos. Computador com acesso a Internet, matérias de escritório e de gráfica. Avaliação: Manutenção do site; qualidade das campanhas; banco de bibliografias atualizado e alimentado. Apoio técnico à prefeitura e comunidade

• Conceber e realizar uma educação ambiental voltada para a guarda responsável, com a implementação de programas educativos utilizando diferentes mídias e ações, de forma a envolver toda a sociedade para que ela cumpra sua parte no cuidado com os animais, incluindo o poder público.

• FT Educação: conscientização da comunidade e divulgação do projeto. Dois alunos e voluntários das comunidades. Cartilhas e folders educativos. Computador e data show. Avaliação: Qualidade do material produzido e número de estudantes e não estudantes assistidos, apoio técnico à prefeitura e comunidade.

• Acompanhar a criação de lar temporário, desde a concepção até a manutenção do local, considerando todo o contexto relacionado aos responsáveis pelos lares.

• FT Censo e monitoramento: levantamento de dados e cadastramento. Dois estudantes, agentes comunitários e de saúde do município. Computador e matérias de escritório. Avaliação: Censo/Apoio técnico à prefeitura e comunidade

Objetivos específicos

• Acompanhar e dar apoio técnico aos lares temporários e abrigos não-formalizados. • Contribuir na organização relacionada à esterilização voluntária e gratuita de parte da população canino-felina dos municípios de Ceres e Rialma. • Organizar e promover mutirões de esterilização em parceria com instituições formadoras de profissionais médicos veterinários e veterinários, acompanhando o processo de cicatrização. • Realizar cuidados básicos com cachorros e/ou gatos doentes da população de baixa renda, animais da comunidade e/ou errantes, em caso de extrema urgência. • Contribuir com os municípios na criação e promoção de políticas públicas e ações protetivas aos animais; • Realizar censos e monitoramento da população canino-felina do município de Ceres e Rialma.

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• FT Pegando no Bicho: anjos, lares temporários e lares e esterilização. Três alunos e voluntários das comunidades. Meio de transporte terrestre, pontos de esterilização, remédios e acompanhamento dos lares, apoio técnico à prefeitura e comunidade. Avaliação: acompanhamento de no mínimo de oito animais castrados ao mês.

Conteúdos de bem estar animal abordados na estratégia ou prática docente Saúde física do animal, principais doenças, como evitá-las e tratá-las (vacinação, vermifugação e tratamento básico). Higiene básica e manutenção considerando o

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

bem-estar animal. Técnicas de captura. Saúde psicológica do animal e comportamento de cães e gatos. Noções básicas de adestramento;

Impacto da estratégia ou prática docente nos alunos, nos animais, na comunidade, etc.

Lares temporários e abrigos, ambiência, administração, legislação...

Impacto na comunidade:

Resultados pedagógicos obtidos Força-tarefa comunicação: Site • Corrida ecológica (trilha com campanha de bem-estar animal e guarda responsável); • Banco com diferentes bibliografias e legislação; Força-tarefa educação: Banners

Impacto nos alunos: Abordagem dos educandos em diferentes matérias sobre o bem-estar animal; Formação de “fiscais de bem-estar dentro do IFGoiano”;

• Semana do meio ambiente “pegando carona” em diferentes projetos: 300 crianças do município de Ceres assistiram ao teatro de fantoche sobre animais, com ênfase na guarda responsável de cães e gatos; • Artigos científicos, oito palestras no Instituto Federal Goiano, duas cartilhas para colorir. • Folders, teatro de fantoches e vinheta de bem-estar animal; • Projeto votado e aceito pela Câmara de Vereadores de Ceres e de Rialma; • Conteúdos trabalhados em diferentes disciplinas, incluindo para 2000 alunos de educação a distância. Força-tarefa censo e monitoramento: • Treinamento de 80 agentes comunitários, quatro mil casas visitadas e cadastramento dos animais, censo de animais errantes em teste; Força-tarefa pegando o animal; • Cadastramento de lares temporários e lares. • Animais esterilizados pela prefeitura em parceria com clínica veterinária local e pelo grupo de bem-estar animal. • Acompanhamento de animais da população de baixa renda e errantes; • Croqui de novos lares temporários.

quatro mil famílias visitadas, 300 crianças assistiram o teatro de fantoche, movimentação da comunidade, incluindo prefeitura de Ceres. Análise dos dados, cinco lares assistidos.

Capacidade de trabalhar de forma transdisciplinar. Em torno de 200 alunos produziram ou assistiram as palestras de educação ambiental. Percepção da quantidade de animais abandonados. Análise dos dados.

Impacto nos animais: Acompanhamento do bem-estar de 200 animais cadastrados; Análise dos dados: 40 animais castrados pela prefeitura, 40 animais castrados pelo grupo, aplicação de mais de 100 vacinas.

Conclusões/ observações/ recomendações A estratégia mostrou-se eficaz e está em processo de ajustamento. O censo nos ajudou a ter uma visão real da quantidade de animais do município e a traçar metas mais reais. As forças-tarefa comunicação e educação nos colocaram em evidência em relação à comunidade, compreendendo melhor e ajudando a cuidar melhor dos animais domésticos, sendo o apoio técnico de suma importância para a comunidade e prefeituras locais. A esterilização mostrou-se uma ação que a comunidade anseia, havendo lista de espera. Ficou evidente que o trabalho realizado pela ação conjunta entre diferentes grupos da sociedade se torna eficaz, cabendo à Instituição de ensino e aos alunos integrantes do Projeto direcionar as ações.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino? Edital do processo seletivo para concessão de bolsas de extensão para estudantes

Estudantes e animais no Lixão de Ceres

Imagem da Cartilha “Dogão” e Teatro de Fantoche sobre animais.

Bibliografia Brasil. Lei N° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, Lei dos Crimes Ambientais. Recuperado de: http://www2. camara.leg.br/legin/fed/lei/1998/lei-9605-12-fevereiro-1998-365397-publicacaooriginal-1-pl.html GOIAS. Lei nº 17.767, de 10 de setembro de 2012. Dispõe sobre o controle da reprodução de cães e gatos e dá outras providências. Instituto Nina Rosa. (2012). Controle Populacional de Cães e Gatos. Recuperado de: http://www.institutoninarosa.org.br/site/ Junior, S. (2012). Animais abandonados: um problema humanitário e de saúde pública. Santana, H.J.; Santana, L.R. (2006). Revista Brasileira de Direito Animal. (2006). Vol. 1 nº 1. Recuperado de: http://bit.ly/1EZ29Uh Sociedade Mundial de Proteção Animal. (2005). Educação em bem-estar animal. Recuperado de: http://bit. ly/1Q4o1hD

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Aprendendo sobre bem-estar animal além da sala de aula

Rosemary Bastos Brasil

Nome do programa, área temática ou disciplina onde ocorreu a prática Bem-estar animal

Introdução, o contexto e as razões para desenvolver tal estratégia ou prática docente A disciplina bem-estar animal foi implantada na Instituição no ano de 2007, a partir da visita da WSPA, com o intuito de incentivar a introdução do ensino de bem-estar animal no currículo do curso de medicina veterinária e após a realização do curso em docência em bem-estar animal. A Instituição acatou a introdução da disciplina, e, atualmente, discentes de outros cursos (agronomia e zootecnia) também têm interesse em realizar a disciplina. A disciplina deu abertura para palestras/cursos sobre o tema dentro da Instituição, discussão em mesas redondas, entrevistas para jornais, cursos e abertura de linhas de pesquisa relacionadas ao tema. A utilização do material oferecida pela WSPA foi de fundamental importância para iniciar a troca de saberes; des-

pertar o aprendizado dos discentes e introdução de novas práticas de ensino. Desta forma, ao longo dos anos de experiência na disciplina, ficou nítido que apenas transmitir o conteúdo teórico da disciplina não era suficiente para ser fixado pelos discentes surgindo assim a necessidade de que os discentes aplicassem estes conhecimentos além da sala de aula - seja dentro ou fora da Instituição. Em complementação à metodologia utilizada, surgiu a ideia de trabalhar com os discentes empregando a metodologia “aprendizagem baseada em problemas”, que estabelece uma prática pedagógica centrada nos discentes. Este tipo de metodologia tem sido bastante aceito no meio acadêmico, sendo um método educativo surgido na Universidade de Maastricht. Dentro deste contexto, os discentes estabelecem grupos de trabalho para identificar os problemas relacionados à questão do bem-estar animal, pesquisam, debatem colocando suas opiniões e interpretam os resultados obtidos no sentido de produzir possíveis soluções ou recomendações. De acordo com a teoria do conhecimento, a problematização é destacada como elemento central na metodologia de trabalho em sala de aula e, nesta linha, as perguntas devem provocar e direcionar de forma significativa e participativa

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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o processo de construção do conhecimento por parte do discente, sendo também um elemento mobilizador para esta construção (Vasconcellos, 1999, p. 147). As discussões geradas integram o ensino do bem-estar animal com as diferentes disciplinas dos cursos de graduação, e, portanto, os discentes aprendem a apreender e a se preparar para solucionar problemas relacionados à sua profissão em que a ciência do bem-estar animal está envolvida.

Objetivos pedagógicos alcançados com a implementação desta estratégia ou prática docente O objetivo da prática implantada é desmistificar o conceito de bem-estar animal no sentido de que possa ser aplicada pelos discentes, ou seja, que a disciplina não se torne apenas teórica, mas que esteja presente no dia-a-dia dos discentes, seja dentro da Instituição com o intuito de questionamentos em relação às diversas práticas utilizadas com animais, seja fora da Instituição no sentido de observação dos vários tipos de animais: produção, trabalho, companhia, experimentação e silvestres. Também podemos incluir como objetivos um debate dentro das questões éticas e o despertar dos discentes em relação à legislação de proteção. Os discentes tem a possibilidade de aprender a observar por meio das cinco liberdades os problemas encontrados, desenvolvendo um pensamento crítico e construindo em conjunto soluções possíveis e viáveis, visto que trabalham em conjunto. Além disso, através da apresentação destes dados observa-se uma nítida conscientização em relação aos problemas observados. Junto com esta prática também os discentes são capacitados na preparação de palestras para diversos públicos alvo: carroceiros, tratadores, fazendeiros, discentes do ensino fundamental, discentes de iniciação científica da própria Instituição, apresentando em uma linguagem simples os conceitos de bem-estar animal.

Metodologia empregada A disciplina é dividida em três etapas: Etapa 1: é ministrada a parte teórica com os conceitos (introdução e avaliação); indicadores fisiológicos, imunológicos e comportamentais; ética; legislação; avaliações e questões de bem-estar em animais de produção, trabalho, companhia, utilizados no entretenimento, utilizados em experimentos e animais silvestres. Etapa 2: os discentes realizam um trabalho prático, com o objetivo de conhecer o tema, observar os problemas, formular perguntas, encontrar respostas para solucionar

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os problemas através das observações práticas e embasado na literatura científica. Após a realização do trabalho prático, os discentes entregam o trabalho escrito e a apresentação dos resultados ocorre após a preparação do material. Esse passo é importante para que ocorra a discussão/debate dos problemas encontrados, da criação e aceitação do conhecimento, levando à troca de saberes e buscando soluções. Para esta prática os discentes são divididos em cinco grupos: • Grupo 1: Bem-estar em animais de produção: visita e avalia uma fazenda particular e escolhe uma espécie (suína, bovina, bubalina ou ovina); • Grupo 2: Bem-estar em animais de trabalho: avalia entre 6-8 equídeos nas ruas da cidade; • Grupo 3: Bem-estar em animais de companhia: avalia entre 6-8 cães e/ou gatos em suas respectivas casas, associação protetora e CCZ do Município; • Grupo 4: Bem-estar em animais silvestres: escolhe um ou mais espécies vendidas em pet-shop; • Grupo 5: Bem-estar em animais de experimentação: visita e avalia animais da unidade de apoio ou o colégio agrícola (locais onde é realizada experimentação animal na Instituição); De acordo com as cinco liberdades cada grupo realiza uma pontuação (0-10) para cada liberdade. Após esta avaliação os grupos descrevem os principais problemas de bem-estar e montam um programa prático para a melhoria do bem-estar, levando em consideração as cinco liberdades. As questões éticas e a legislação também são debatidas dentro do contexto. Como descrito anteriormente, os resultados encontrados são apresentados na forma escrita e apresentados para toda a turma, com o intuito de levar a uma discussão/ debate e soluções possíveis dos problemas encontrados. Etapa 3: O objetivo é capacitar os discentes param se tornarem também multiplicadores. Os grupos montam uma palestra enfocando as cinco liberdades, cada grupo leva em consideração o público alvo. A turma é dividida em cinco grupos: • Grupo 1: Bem-estar em animais de produção: palestra para proprietários e tratadores; • Grupo 2: Bem-estar em animais de trabalho: para carroceiros; • Grupo 3: Bem-estar em animais de companhia: palestra para discentes de escolas de ensino fundamental;

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

• Grupo 4: Bem-estar em animais silvestres: para discentes de escolas de ensino fundamental;

placement-, Redução e Refinamento); tipos de legislação referente ao uso de animais na ciência.

• Grupo 5: Bem-estar em animais de experimentação: para os bolsistas de iniciação científica da Instituição.

Resultados pedagógicos obtidos

As palestras são apresentadas com auxílio de data show para a turma com o intuito de também levar a uma discussão/debate.

Conteúdos de bem estar animal abordados na estratégia ou prática docente Avaliação do bem-estar utilizando as cinco liberdades. Indicadores fisiológicos de bem-estar animal bom/pobre: a relação entre bem-estar e fisiologia. Indicadores comportamentais de bem-estar animal bom/pobre: Identificar como os indicadores comportamentais contribuem para o entendimento do bem-estar animal; aprender como identificar possíveis causas de comportamento anormal. Indicadores imunológicos e de produção de bem-estar animal bom/pobre: Entender a relação entre bem-estar e doença e a relação entre bem-estar e desempenho de produção. Ética: status moral dos animais; senciência. Legislação de proteção: leis brasileiras. Avaliação e questões de bem-estar de animais de produção: causas de bem-estar pobre; avaliação do bem-estar na fazenda baseada nas cinco liberdades; problemas relacionados às mutilações; transporte e abate. Avaliação e questões de bem-estar de animais de trabalho: avaliação do bem-estar baseada nas cinco liberdades; identificar os problemas que afetam o bem-estar; sugerir melhorias e alternativas de curto e de longos prazos; entender os benefícios da melhoria do bem-estar de animais de trabalho para o proprietário. Avaliação e questões de bem-estar de animais de companhia: avaliação do bem-estar baseada nas cinco liberdades; guarda responsável; estratégias de controle populacional. Avaliação e questões de bem-estar de animais silvestres: avaliação do bem-estar baseada nas cinco liberdades; problemas relacionados à conservação; identificar questões de bem-estar que afetam animais silvestres de vida livre; animais silvestres em cativeiro; identificar soluções potenciais para essas questões de bem-estar. Avaliação e questões de bem-estar de animais utilizados em experimentos: avaliação do bem-estar baseada nas cinco liberdades; principais questões relativas ao bem-estar dos animais em laboratórios; procedimentos e métodos de eutanásia; o uso dos “3 Rs” (Substituição -Re-

A participação ativa dos discentes para aprender sobre o ensino do bem-estar animal foi mais produtiva quando comparada aos anos anteriores, em que ocorria na maior parte das aulas uma preocupação em transferir as informações do docente para o discente. Isso mostrava que o processo de aprender deve ser centralizado no discente, visto que pelas observações em sala de aula os discentes foram instigados a observar os problemas, pesquisar, refletir, entender e criar soluções dentro do contexto de suas profissões em relação ao tema abordado. A discussão dos problemas encontrados em grupo em relação ao bem-estar animal promoveu uma ligação entre as ideias e conceitos e favoreceu também a cooperação entre os discentes, enriquecendo as aulas através de suas discussões. Através do conhecimento adquirido anteriormente pelos discentes, a formulação de suas perguntas em relação ao que precisam saber e a construção ativa do conhecimento demonstraram que com comunicação e reflexão é possível que as novas informações adquiridas sobre o tema possam ser promovidas por meio da retenção em longo prazo. Dentro deste contexto, a prática utilizada serviu como um incentivo para motivar o discente a aprender e integrar a disciplina de bem-estar com outras disciplinas. Além disso, através das discussões/debate foi possível permitir um destaque em outros aspectos importantes na preparação do discente, tais como a comunicação, o trabalho em equipe, atitudes, valores éticos e profissionais em relação ao tema estudado, permitindo uma interface com outras disciplinas. Também podemos refletir que o papel do docente passou a ser de um facilitador da aprendizagem em relação ao ensino de bem-estar animal, uma vez que direcionou o discente por meio da estratégia utilizada a uma aprendizagem autodirigida.

Impacto da estratégia ou prática docente nos alunos, nos animais, na comunidade, etc. Discentes: inserção dos conceitos de bem-estar animal; aprendizagem de como avaliar o bem-estar utilizando as cinco liberdades nos vários tipos de animais estudados; sensibilização aos principais problemas relacionados ao bem-estar para os vários tipos de animais estudados seja dentro ou fora da Instituição; conscientização e interpretação da legislação brasileira; capacitação para realização de palestras/cursos sobre o tema para públicos-alvo diferentes, despertar para o interesse na ciência do bem-estar animal para realização de projetos de monografia.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Comunidade: conscientização dos principais problemas sobre bem-estar animal através da apresentação de palestras/cursos em bem-estar animal na semana do produtor rural e escolas públicas e privadas para a população local envolvendo os discentes; maior procura da mídia sobre o tema - seja por meio de entrevistas, artigos em revistas locais e/ou debates. Instituição: maior preocupação com os problemas observados pelos discentes, principalmente relacionados com a experimentação animal, interesse do tema pelos discentes e/ou professores responsáveis pela semana acadêmica, no sentido de introduzir palestras/cursos em bem-estar animal, abertura para entrevista no site da Instituição sobre o tema. Animais: a conscientização direta dos discentes, da comunidade e Instituição sobre o tema sugere que pode ocorrer uma preocupação com os animais, no sentido de levar em consideração não apenas as questões relacionadas ao bem-estar, mas também os direitos destes animais. Espera-se que em todos os sentidos haja uma sensibilização por parte da população e que, junto com políticas públicas competentes, possamos encontrar soluções cabíveis para os problemas encontrados. Indicadores de impacto: • Maior número de discentes interessados na disciplina bem-estar animal; • Maior número de palestras/cursos ministrados para população em geral. • Maior procura da mídia sobre o tema abordado;

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• Maior interesse de outros docentes com o tema abordado. • Maior procura para realização de monografias direcionadas a ciência do bem-estar animal. Com a apresentação dos indicadores de impacto anteriores, sugere-se que um maior número de animais seja beneficiado.

Conclusões/observações/ recomendações Os discentes apresentaram uma maior motivação na aprendizagem, demonstrando interesse na inserção de seu pensamento crítico e sua criatividade. Também desenvolveram a habilidade e competências de trabalhar em grupo, de analisar os resultados encontrados e principalmente de criar novas soluções para os problemas observados. Os discentes apresentaram uma maior sensibilização aos temas abordados, mostrando uma inquietação no sentido de questionar as atitudes tomadas não apenas fora, mas também dentro da Instituição em relação a determinadas práticas ainda utilizadas. Além disso, observa-se por meio das discussões/debate dos grupos a nítida compreensão da importância da disciplina bem-estar animal e sua relação com outras disciplinas. Dentro deste contexto é possível concluir que o emprego desta metodologia seja viável não apenas em outras disciplinas, mas também possa ser utilizada em outros seguimentos da Instituição, no sentido de conduzir a uma maior interação do discente com a comunidade acadêmica, levando uma maior discussão/debate dos problemas e possibilidades de soluções.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino Alunos da disciplina de BEA 2013 Avaliação de Bem-estar animal: Cães e Gatos – Instituição - Araras e papagaios 10

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Livre de Dor, lesões e doenças

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Livre para expressar comportamento natural

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Livre de Medo e estresse

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Avaliação de Bem-estar animal: suínos e aves 12

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Bibliografia Berbel, N.A.N. (1998). A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? Interface: Comunicação, Saúde, Educação, 2:139-154. Cabral, H.S.R.; Almeida, K.K.V.G. (2014). Problem based learning: aprendizagem baseada em problemas [resumo]. Revista Interfaces: Saúde, Humanas e Tecnologia, 2(edição especial) Faculdade Leão Sampaio. Carine Vignochi, C.; Benetti, C.S.; Machado, C.L.B.; Manfroi, W.C. (2009). Considerações sobre a aprendizagem baseada em problemas na educação em saúde. Revista Hospital das Clínicas de Porto Alegre, 29:45-50. Rodrigues, M.L.V.; Figueiredo, J.F.C. (1996). Aprendizado centrado em problemas. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, 29:396-402. Vasconcellos, C.S. (1999). Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico. São Paulo: Libertad. WSPA. (2004) Conceitos em bem-estar animal. [CD-ROM]. 2ª ed. London.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Bem estar de animais participantes de projetos psicopedagógicos e de educação ambiental em escolas municipais da cidade de Ponta Grossa

Erika Zanoni Brasil

Nome do programa, área temática ou disciplina onde ocorreu a pratica: Extensão

Introdução, o contexto e as razões para desenvolver tal estratégia ou prática docente Bem estar animal é o estado de um animal em relação às suas tentativas de se relacionar com o ambiente (Broom & Fraser, 2010). O estresse é uma resposta biocomportamental do organismo diante de qualquer desafio (estressor) capaz de perturbar a homeostase a ponto de danificar a regulação da resposta, sendo inerente a todos os seres vivos (SGAI, 2010). Diversos autores têm realizado pesquisas que nos levam a reconhecer que os animais são agentes motivadores no tratamento de crianças com problemas emocionais,

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de aprendizagem e de linguagem. O animal ajuda a criança a desenvolver sentimentos de compaixão e empatia, além da capacidade de interpretar aspectos da linguagem não-verbal. Ajuda também a desenvolver atitudes humanitárias em relação aos animais e o contato com eles incentiva a consciência ecológica. Para o acadêmico, esse tipo de atividade de extensão incentiva sentimentos positivos em relação à responsabilidade social de cada um e reforça a aplicabilidade de conhecimentos do bem-estar animal na prática.

Objetivos pedagógicos alcançados com a implementação desta estratégia ou prática docente O objetivo do trabalho foi despertar nas crianças uma maior motivação aos estudos, leitura e nos assuntos relacionados ao meio ambiente e posse responsável dos animais. Além de proporcionar aos alunos de graduação

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

uma oportunidade de aplicar de forma lúdica seus conhecimentos absorvidos em aula, que seria uma alternativa eficaz e criativa de aprendizagem e também determinar estratégias para garantir que os animais participassem de sessões de Educação Assistida por Animais (EAA) e Terapia Assistida por animais (TAA) ficassem livres de estresse, angústia e medo na hipótese de que tal atividade possa desencadear estresse, utilizando-se como meios a mensuração de alterações fisiológicas e de comportamento.

• Calmo – aquele que permanecia com as orelhas e cauda abaixadas;

Metodologia empregada

• Medo– o animal permanecia abaixado, com a cauda entre as pernas e as orelhas caídas.

Crianças entre três e 14 anos com atraso de linguagem (oral), que demonstraram interesse e motivação mediante contato com animal, com problema de autoestima e dificuldade de aprendizagem foram pré-selecionadas pelas pedagogas das escolas municipais participantes do projeto e atendidas semanalmente durante seis meses nas modalidades de Educação e Terapia Assistida por Animais. Foram utilizados o porquinho da índia (Cavia porcellus) , gato (Felis catus) e cachorro (Canis lupus familiaris). Todos os animais fazem parte do projeto de extensão Mascotes da Alegria-CESCAGE, que utiliza animais como facilitadores do atendimento de crianças e de pacientes especiais, em três diferentes instituições na cidade de Ponta Grossa, PR. Todos os animais selecionados foram avaliados com base nos critérios sanitários estabelecidos pela médica veterinária responsável. O bem estar dos animais também foi priorizado, assim como, a busca pelo respeito e cumprimento das cinco liberdades preconizadas pelo conselho de bem-estar animal, Todos os animais eram de propriedade dos participantes e/ou de voluntários do projeto, estavam habituados e treinados para a rotina.

• Alerta – aquele cuja cauda e orelhas permaneciam apontadas para cima e/ou com um dos pés apontados para frente; • Agressivo – pêlos do dorso eriçados, lábios retraídos caudalmente, orelhas para frente e cauda abanando lentamente;

Além da classificação para cães, foram desenvolvidas pelo grupo, uma tabela de sinais e caso algum animal apresentasse, seria poupado do trabalho: • Os pequenos roedores: tentar morder o assistido, vocalizar, ficar ofegante, não aceitar petiscos e ficar apático. • Cães: lamber o focinho constantemente, comportamento destrutivo, distúrbio de eliminação, farejar constantemente o chão, tentativas de fuga, aumento das frequências cardíaca e respiratória e vocalização excessiva. • Felinos: procurar se isolar buscando esconderijo, vocalização excessiva e diminuem a ingestão de alimentos.

Conteúdos de bem estar animal abordados na estratégia ou prática docente Vários conteúdos foram explorados durante os projetos, tais como:

As sessões foram realizadas por terapeutas da área de saúde, educação ou em forma de palestra dos acadêmicos do curso de medicina veterinária, pelo período máximo de uma hora, tendo água à disposição, cama e brinquedos específicos aos animais. Os materiais utilizados nas sessões terapêuticas foram: pente, cama e bebedor de água para animais; alimentos, ração e petiscos.

• Fundamentos comportamentais: as bases do comportamento dos animais utilizados foram estudadas para a identificação dos possíveis sinais de estresse e distúrbios de comportamento.

A observação do comportamento animal foi realizada pela equipe de médicos veterinários responsável por garantir o bem estar desses animais em todas as sessões de terapia e educação assistida por animais. Estabeleceu-se que quando observados sinais comportamentais compatíveis com ansiedade e medo, a sessão seria interrompida imediatamente.

• Mecanismos do estresse: estudos acerca de todo mecanismo neuroendócrino que envolve o estresse.

Inicialmente os cães eram classificados de acordo Houpt (2005) em:

• Avaliação do bem-estar animal: aprender a avaliar e transportar para uma escala o bem estar animal.

• Medo, ansiedade e o sofrimento: conhecimento de “comportamentos deslocados” ou estereotipias em que essas situações ficavam evidentes.

• Transporte de animais de pequeno e médio porte - cães e gatos: como esses animais eram transportados até as escolas para as sessões, o conhecimento de mecanismos para minimizar o estresse provocado pelo transporte se fez necessário.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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• Cinco liberdades que regem o bem estar animal: estudo e aplicabilidade na prática. • Senciência: a capacidade de sentir é uma discussão muito atual em nossa sociedade e que cada vez mais tenta mudar os hábitos para minimizar o sofrimento animal. • Dor: discussão sobre a relevância da dor nos animais. • Desconforto: sinais e prejuízos causados. • Indicadores de bem-estar animal: • Indicadores comportamentais de estresse (sinais de estresse através das reações posturais e de locomoção). • Indicadores fisiológicos de estresse (temperatura retal, frequência cardíaca, respiratória). • Indicadores de prazer: sinais comportamentais e fisiológicos de satisfação e bem estar de cada espécie. Além do projeto que é realizado há quatro anos nas escolas, existe um grupo de estudos que se reúne semanalmente para uma discussão crítica em sala de aula. O aluno deve compreender os mecanismos que envolvem o sofrimento animal e as práticas para tentar minimizá-lo.

Resultados pedagógicos obtidos Em todas as sessões observou-se uma aproximação entre criança-animal e a expressão de alguma emoção. Nas 25 sessões realizadas, o estímulo animal resultou em motivação na ampla maioria das vezes (96% 24/25). A TAA e a EAA resultou em fala espontânea por parte dos participantes em todos os encontros. A avaliação comportamental apresentou dois resultados negativos, ou seja, um cão apresentou comportamento considerado agressivo e outro ame-

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drontado (2/20). Durante o estudo, não foi observado nenhuma estereotipia. Os acadêmicos do curso tiveram a oportunidade de avaliar através das fichas de avaliação e “entrar” mais no mundo dos sentimentos de seus futuros pacientes e conhecer na prática os conceitos de bem estar animal.

Impacto da estratégia ou prática docente nos alunos, nos animais, na comunidade, etc. O contato com os animais parece promover melhores condições na qualidade de vida de crianças e que a simples presença deles é capaz de criar um meio interativo minimizando o as dificuldades. Além de desenvolver consciência ecológica através das palestras dos alunos. Por outro lado, para os acadêmicos, é uma forma de estimular o respeito às diferenças, dificuldades e o despertar de sentimentos de solidariedade e o conhecimento do bem-estar animal.

Conclusões/observações/ recomendações Os animais são seres como nós com sentimentos e emoções e devem ser respeitados. O médico veterinário é o profissional habilitado em grupos de Terapia Assistida por Animais para identificar sinais de estresse, medo e angustia que ferem o bem estar animal. A presença de animais no processo terapêutico (TAA) e de educação parece ser um preditor forte de motivação para a manifestação de emoções nesse grupo de crianças. Os acadêmicos demonstraram espírito solidário além de desenvolver habilidades de oratória e conhecimentos sobre o bem animal..

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Registros e provas da utilização da estratégia de ensino, prática ou atividade Palestras

As sessões foram conduzidas por terapeutas de saúde e educacionais

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Sessões - assistida por animais Educação (AAE) e Terapia Animal - Assistida (AAT)

Bibliografia Broom, D.M.; Fraser, A.F. (2007). Comportamento e Bem estar de animais Domésticos, 4ed., Manole. Sgai, M.G.F.G.; Pizzutto, C.S.; Guimaraes, M.A.V. (2010). Estresse, estereotipias e enriquecimento ambiental em animais selvagens cativos: revisão. Clínica Veterinária, São Paulo, 15 (88):88-98.

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Educação Humanitária em Bem-estar Animal

Marcia Marinho Brasil

Nome do programa, área temática ou disciplina onde ocorreu a prática Comportamento e Bem-estar Animal

Introdução, o contexto e as razões para desenvolver tal estratégia ou prática docente A introdução da disciplina de Bem-estar animal (BEA) ocorreu devido a uma exigência externa, e a pressão da sociedade diante da constatação científica da senciência animal. A capacidade de sentir dor e de consciência deixou de ser um estado atribuído exclusivamente aos seres humanos. A disciplina de bem-estar animal fundamenta-se pela ciência do bem-estar, por princípios éticos que considera as atitudes do homem com os animais e a legislação que determina a forma como somos obrigados a tratá-los. A partir daí, e de inúmeras pressões da sociedade a disciplina de Bem-estar animal vem sendo incluída nas

grades curriculares dos cursos de graduação na área das Ciências Agrárias. Em nossa Unidade, a disciplina de Comportamento e Bem-estar animal foi criada, em 2000, com a finalidade de unificar o ensino nas três unidades da Universidade Estadual Paulista, sendo então, oferecida como disciplina optativa para os alunos dos 3º e 4º anos do curso de Graduação em Medicina Veterinária. Como proposta de estratégias e práticas pedagógicas para o ensino efetivo em Bem-estar, foram utilizados como diferencial de aprendizagem, princípios da Educação Humanitária que foram associados e introduzidos ao conteúdo programático da disciplina. Ressalta-se ainda que a interdisciplinaridade foi adotada, estabelecendo um link multidisciplinar, fazendo com que a disciplina de BEA interaja com as demais disciplinas que compõem a grade curricular, também temos como proposta tornar a disciplina obrigatória. Nesta perspectiva, a disciplina vem sendo consolidada com a finalidade de enriquecer o projeto político pedagógico do Curso de Medicina Veterinária, consolidado os princípios da Educação Humanitária em Bem-estar animal. Construindo, assim, o conhecimento, fundamentado nas premissas do ensino e do aprendizado, corrobo-

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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rando para o surgimento de mudanças paradigmáticas no exercício profissional e da cidadania.

Objetivos pedagógicos alcançados com a implementação desta estratégia ou prática docente O objetivo do curso é a formação de um profissional generalista, apto a compreender e traduzir as necessidades de indivíduos, grupos sociais e comunidades com relação às atividades inerentes aos médicos veterinários no exercício de sua profissão. Considerando-se a importância desse profissional no contexto socioeconômico e político do país, como cidadão comprometido com os interesses e os permanentes e renovados desafios que emanam da sociedade, o profissional deve desenvolver suas responsabilidade com as vocações regionais e com a preservação dos ecossistemas, com o desenvolvimento da agropecuária, a produção de alimentos , a saúde animal e pública, sem comprometer o futuro do homem e da humanidade. Neste contexto, busca-se estimular e fomentar o pensamento crítico e reflexivo, corroborando assim, para a construção do conhecimento como fator transformador. Pelo exposto o presente projeto teve por objetivo: Formar e capacitar médicos veterinários generalistas, fundamentados nos princípios da Educação Humanitária em Bem-estar-animal; Promover e fomentar o pensamento crítico e reflexivo, pelo debate em sala de aula, estimulando a busca por soluções práticas, fundamentadas no manejo humanitário; Propugnar pela excelência da qualidade de vida da população, das comunidades, bem como da produção, da saúde e do bem–estar animal; Promover o equilíbrio ecológico e o desenvolvimento sustentável em sintonia entre a pecuária e o meio ambiente; Lutar e zelar pela valorização da medicina veterinária como ciência ética e fundamentada nos direitos dos animais; Promover o respeito e a proteção aos animais em todas as esferas do processo: seja no ensino, na pesquisa ou na extensão; Fomentar a valorização da cidadania e da ética na Medicina Veterinária com o objetivo de promover a construção de uma sociedade justa ilibada fundamentada nos princípios da educação humanitária e do bem-estar animal. (Texto adaptado do Projeto Político–Pedagógico do Curso de Medicina Veterinária, 2013).

Metodologia empregada Pressupostos teóricos e metodológicos são ministrados em aulas teóricas expositivas e práticas, compartimentadas e correlacionadas em três módulos principais: I Conceitos fundamentais de BEA e de Educação Humanitária (EDUH-

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BEA); II EDUHBEA aplicados aos animais de companhia; de produção; silvestres; biotério, de entretenimento e de trabalho; e III Propostas de EDUHBEA, que são apresentadas na forma de projetos de extensão e de pesquisa, desenvolvidos pelos alunos em sala de aula. Diferencial de Aprendizagem: Educação Humanitária - Princípios da Educação Humanitária serão associados ao conteúdo programático da disciplina de BEA compondo assim o complexo Educação Humanitária em Bem–estar Animal (EDUHBEA) Interdisciplinaridade - Estabelecer um currículo integrado e articulado entre EDUHBEA e as demais disciplinas interligadas que compõem a grade curricular. Sob esta perspectiva haverá a substituição gradual de cadáveres de animais por manequins, e softwares auxiliando nas aulas de Anatomia, Técnicas Cirúrgicas e Clínicas. Pensamento crítico e reflexivo – Promover e incentivar o debate, buscando soluções práticas fundamentadas no manejo humanitário. Metodologia: Após a administração do conteúdo teórico, promoveremos atividades práticas como visitas a fazendas, criações de animais, centro de controle de zoonoses, zoológicos e biotérios, com a finalidade de estabelecer um diagnóstico da situação. Como ferramenta prática, utiliza-se um questionário que contém informações sobre o sistema de criação, a ambiência, presença ou não de enriquecimento ambiental, além da resenha do animal, composto das seguintes informações: escore corpóreo, grau, intensidade e local de lesão, avaliação do estado mental, que inclui estereotipia, interatividade intra e inter-espécie ou animal não responsivo. Abordam-se questões a respeito das condições sanitárias do rebanho, para animais de produção e trabalho, colônias para biotérios, zoológicos e ou do animal quando de companhia. Posteriormente, ao diagnóstico da situação, são elaborados projetos de pesquisa e de extensão, fundamentados nos princípios da Educação Humanitária em Bem-estar animal. Ainda neste contexto, busca-se: desenvolver projetos em ação conjunta com a comunidade e o poder público, como as campanhas de castração em massa, chipagem de animais, campanhas de vacinação e de práticas de bem-estar animal. Participar de projetos de conscientização da população sobre práticas sanitárias, guarda responsável e senciência animal; e por fim, estimular a participação dos alunos, junto aos Comitês de Ética em Experimentação Animal da unidade, primando por um ensino ético e responsável

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Critérios de avaliação: os alunos para serem aprovados, deverão apresentar um projeto fundamentado ou um programa circunstanciado fundamentados nos princípios da Educação Humanitária em Bem-Estar-animal, sendo de comum acordo com o docente.

9. Abate de animais de produção; abate como “processo”; aspectos relacionados ao pré-abate, embarcadouro, sala de espera, jejum transporte; efetividade da legislação sobre a proteção de animais ao abate; métodos humanitários de abate; identificar a proteção legal dos animais no momento do abate;

Conteúdos de bem estar animal abordados na estratégia ou prática docente

10. Eutanásia; critérios para eutanásia técnicas e procedimentos.

1. Introdução ao Comportamento Animal; bases fundamentais do comportamento e Educação Humanitária; ciência, ética e lei; introdução à ética do bem-estar animal; estabelecer pontos de vista diferentes sobre o “status moral” de um animal; conhecer as principais teorias éticas e sua relação com os animais; reflexão e argumentos éticos sobre animais; bem-estar físico, mental e natural; conceito de necessidade; bem-estar e morte; antropomorfismo; 2. Avaliação do bem-estar e as cinco liberdades; conceito e o uso potencial das cinco liberdades; 3. Diferença entre fatores que afetam o bem-estar (dados do sistema) e o desempenho real de bem-estar (efeitos); usar o conjunto Severidade, Duração e Número (SDN) para quantificar o bem-estar; 4. Indicadores fisiológicos de Bem-estar; estudar a relação entre bem-estar e fisiologia; investigar de que forma o sistema nervoso autônomo e neuroendocrino estão associado às alterações do bem-estar; avaliação dos indicadores, fisiológicos, hormonais e comportamentais e fisiologia do estresse; os prós e os contra dos diferentes indicadores de avaliação do bem-estar; 5. Indicadores Comportamentais; estereotipias; escolhas do animal; 6. Indicadores imunológicos e de produção de bem-estar animal; compreender a relação entre bem-estar e doença e desempenho de produção; quantificação de doença e produção; 7. Avaliação e manejo do bem-estar em grupo, entender os princípios da avaliação do bem-estar em nível de grupo; reconhecer as aplicações da avaliação em nível de grupo; gerenciamento da saúde e do bem-estar em sistemas de grupo; princípios da avaliação do bem-estar (métodos, aplicações, pesquisa); esquemas de certificação voluntária; legislação; ferramenta para assessoria – medicina preventiva; gestão da saúde e do bem-estar; programas de saúde para rebanhos; 8. Interações homem-animal: companhia, utilidade, trabalho, selvagens e produção;

Resultados pedagógicos obtidos Projetos desenvolvidos ao longo da implantação da disciplina: 2004 - Realização do Curso FOCA, em nossa Unidade em parceria com a Prefeitura Municipal de Araçatuba e a Secretaria do Estado de São Paulo. 2006 - Projeto “Conscientizar para o bem–estar” Atividade lúdica, compartimentado em dois módulos: modulo I apresentado na forma de um teatro de fantoches, que realiza apresentações junto as escolas das redes públicas e privadas do ensino fundamental, módulo II voltado para o ensino médio com palestras expositivas.. 2009 - Projetos “Cuidados e boas práticas de Bem-estar animal”: Consiste de um projeto compartimentado em Práticas de Bem estar aplicados a Cães e Gatos com ênfase na Guarda Responsável, em animais de Centro de Controle de Zoonose (CCZ) e ou abrigos. Práticas de Bem estar aplicados a animais em cativeiro (Zoológico): Realização de palestras para os funcionários dos zoos sobre segurança, zoonoses e práticas de BEA. Elaboração de atividade prática de enriquecimento ambiental. Auxiliamos na confecção de mobiliário e de brinquedos, e realizamos a documentação em forma de vídeo. Práticas de Bem-estar animais de produção: Palestras sobre o manejo sanitário, visando capacitar os trabalhadores, enfatizando o respeito mútuo e o desenvolvimento sustentável principalmente para pequenos proprietários rurais ou em assentamentos, distribuímos material para ser utilizado em práticas confeccionados a partir de material reciclável do tipo garrafinha pet. 2011 - Projeto ECOVET: Foi idealizado a partir da proposta do plantio de mudas de árvores, como parte das atividades de recepção dos alunos. Visando a arborização planejada do nosso campus, e a integração entre veteranos e ingressantes, propiciando assim a construção do aprendizado pela sedimentação do conhecimento considerando-se a dinâmica da natu-

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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reza. Ao grupo que obtiver êxito no desenvolvimento da árvore será contemplado com um premio simbólico “Premio ECOVET”, concedido ao término do curso, durante a formatura. 2013 - Práticas de Bem estar aplicados a Animais de Biotério: Enfatizamos os princípios éticos, a legislação e manejo humanitário e senciência animal. Com este escopo realizamos um Workshop intitulado “Práticas de Bem-estar aplicados a animais de Biotério”, com a finalidade de capacitar, técnicos, pesquisadores e alunos para BEA. Atividades de Pós Graduação: ministramos a Disciplina de Tópicos em Bem-estar animal para os alunos do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal, orientamos teses de Dissertação de Mestrado. Ressalta-se ainda, que participamos de eventos científicos com a apresentação de trabalhos em congressos, simpósios e reuniões científicas e acadêmicas com a elaboração e a publicação dos resultados na forma de textos científicos que são publicados em revistas indexadas da área, provendo assim a difusão do conhecimento.

Impacto da estratégia ou prática docente nos alunos, nos animais, na comunidade, etc Diante do conjunto de atividades desenvolvidas ao longo dos anos, verifica-se crescente preocupação com o bem-estar dos animais nas diferentes esferas do processo produtivo e de criação. A conscientização do corpo técnico, pesquisadores e alunos sobre a senciência, como também a introdução de conceitos sobre o bem-estar animal e a educação humanitária vem sendo incorporada em nosso meio acadêmico por muitos colegas, facilitando a interdisciplinaridade e contribuindo para a construção de uma dinâmica plena voltada para o bem-estar animal. Nesta mesma perspectiva acreditasse embora, de forma empírica, que mais de mil animais tenham sido atendidos junto aos programas (de boas práticas, castração e guarda responsável) desenvolvidos em nossa unidade. Reduzindo de forma significativa a população canina e felina, principalmente das ruas do município. Colaborando também para a redução das zoonoses e consequentemente, dos maus tratos. Outro ponto importante foi a capacitação de técnicos, pesquisadores e alunos sobre o manejo humanitário e técnicas de contenção, favorecendo sobremaneira a redução dos maus tratos e da violência. Primando assim,

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para a melhoria do bem-estar animal junto às criações, biotérios e abrigos. Ainda neste escopo, a elaboração de projetos em sanidade animal, voltados para pequenas criações, carroceiros e assentamentos contribuiu para a redução das doenças, melhorando a produtividade e consequentemente a promoção não só do bem-estar animal, como também do indivíduo, e do ambiente. Participamos de iniciativas junto ao zoológico buscando capacitar os tratadores e técnicos, auxiliamos no desenvolvimento de atividades de enriquecimento ambiental junto aos animais em cativeiro e na elaboração de sugestões de melhoria para os recintos. Estimulamos e promovemos campanhas de educação humanitária e conscientização para o bem-estar animal junto às escolas, fóruns, câmaras e plenárias, provendo a guarda responsável, o manejo e as boas práticas de bem-estar animal. Promovemos e participamos de eventos, juntamente com o poder público e a sociedade com o objetivo de auxiliar na construção de políticas publicas inteligentes que culminou com a criação de um Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais de Araçatuba. Diante da parceria firmada entre a universidade, o poder público e a sociedade, criamos um elo em prol de atividades voltadas para o bem-estar animal e coletivo. Na medida em que a educação atua como um fator transformador corroborando para o surgimento de mudanças paradigmáticas no exercício profissional e da cidadania, juntos voltados para a construção de uma sociedade justa fundamentada nos pilares da educação e do bem-estar animal.

Conclusões/observações/ recomendações Pelo exposto, concluímos que o aprendizado demanda de um processo contínuo e linear. À medida que o conhecimento é sedimentado, adquirisse o saber. Como em qualquer processo construtivo somente o conhecimento tecnológico por si só não basta é fundamental associá-lo ao desenvolvimento de práticas, que juntas se associem na busca por soluções. Como recomendações sugerimos: que todo o conteúdo da disciplina seja associado a dinâmicas práticas; a interdisciplinaridade é outro fator importantíssimo no êxito da consolidação plena da disciplina. E no âmbito da extensão há que se estabelecer parcerias entre a universidade, o poder público, e a sociedade, buscando em ações conjuntas a consolidação de uma sociedade justa fundamentada nos princípios da Educação Humanitária e no bem- animal.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino Projeto “Conscientizar para o bem–estar”

Projeto “Cuidados e boas práticas de Bem-estar animal”

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Material Didático da Disciplina de Comportamento e Bem-estar Animal Projeto de Extensão “Conscientizar para o Bem-estar” – PROEX 4958 Cartilha sobre Posse Responsável e Cuidados com os animais Texto elaborado pelos alunos de Graduação1 em Medicina Veterinária e de Pós Graduação em Ciência Animal2 do Curso de Medicina Veterinária e pós Graduação da Unesp- Campus de Araçatuba Textos: Matheus Marussi Ribeiro1, Gabriela Gallo1, Luciano Nery Tencate2, Acompanhamento Cilene Vidovix Táparo – Auxiliar Acadêmico II do Curso de Medicina Veterinária Unesp- Campus de Araçatuba Desenhos: Leopoldo Alexandre Neves da Costa1 Criação gráfica: Guilherme Dias de Melo1 Supervisão: Profª. Ass. Drª. Márcia Marinho Professora responsável pela disciplina de Comportamento e Bem-estar Animal: Prof. Ass. Dr. Márcia Marinho - [email protected]

Araçatuba, Junho de 2009 1ª Edição

PROEX 4958

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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BEM-ESTAR ANIMAL E ZOONOSES: CUIDANDO DE NOSSOS AMIGOS! Animal não é brinquedo - cuide bem de seu amigo!

Texto elaborado : Erivelto Correa de Araújo Junior- Médico Veterinário Aluno do Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da UNESP – Campus de Araçatuba Colaboração : Alunos de Graduação :Fernanda Pires Rosa; Rodrigo Garcia Barros; Felipe Sales dos Santos. Cilene Vidovix Táparo - Ass. Sup. Acadêmico II. Ilustração da capa: Telênia Tavares de Almeida Albuquerque. Ilustrações do texto: www.goole.com.br Coordenadora: Profa.Adjunto. Márcia Marinho da Faculdade de Medicina Veterinária da UNESP – Campus de Araçatuba

Bibliografia Alcock J. (1997). Animal behaviour: evolutionary approach. 6 th ed. Sunderland: Sianuer Associetes. Appleby, M.C.; Hughes, B.O. (1997). Animal welfare. CAB International. Arnold, G.; Dudzinsk, M.L. (1978). Ethology of free ranging domestic animals. Amsterdan Elsevier Scientific Publishing company. Beauchamp, T.L.; Childress, J.F. (1994). Principles of biomedical ethics. 4th ed.. Oxford University Press. Broom, D.M.; Johnson, K.G.; (1993). Stress and animal welfare. Chapman and Hall. Dawkins, M.S. (1998). Through our eyes only? A journey into animal consciousness. Oxford University Press. Grier J. W. (1984). Biology of animal behaviour. St Louis, Times Minor/Masby. Konarska, M.; Stewart, R.E.; Mccarthy, R. (1989). Habituation of sympathetic-adrenal medullary responses following exposure to chronic intermittent stress. Physiology and Behavior 45: 255-261. Manning, A.N.; Dawkins, M.S. (1998). An Introduction into Animal Behaviour. 5th ed. Cambridge University Press. Rollin, B.E. (1999). An Introduction to Veterinary ethics: Theory and cases. Iowa State University Press. UNESP: Projeto Político –Pedagógico. (2013). Curso de Medicina Veterinária –FMVA. 41p. Webster, A.J.F. (1995). Animal welfare: A cool eye towards eden. Blackwell Word Society for the Protection of Animals (WSPA) (2003). Conceitos em bem-estar animal: um roteiro para auxiliar no ensino de bem-estar animal em faculdades de medicina Veterinária. London: WSPA.

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Capítulo 5

Estratégias e práticas pedagógicas transversais e/ou transdisciplinares para o ensino efetivo de bem-estar animal

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Construindo o conceito de bem-estar animal na UFFS (Campus Realeza) por meio da metodologia da problematização: desafios da prática pedagógica

Denise Maria Sousa De Mello Brasil

Nome do programa, área temática ou disciplina onde ocorreu a prática: Grupo de estudos em Bem-estar Animal

Introdução, o contexto e as razões para desenvolver tal estratégia ou prática docente Juntamente com as questões ambientais e de segurança alimentar, o bem-estar animal (BEA) está entre os três maiores desafios que confrontam a agricultura e a produção animal. No entanto, historicamente os cursos de Medicina Veterinária resistem em incorporar o BEA como disciplina específica considerando que o tema deve ser tratado como a ética, que permeia as outras disciplinas, sem a necessidade de particularizá-lo. A matriz do curso

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de medicina veterinária da UFFS apesar de contemplar o componente curricular (CC) de BEA, oferece no final do curso, com apenas dois créditos. O BEA é uma nova ciência, indispensável aos profissionais que trabalham em torno da interação entre humanos e animais e deve estar relacionado com conceitos como: necessidades, liberdades, felicidade, adaptação, controle, capacidade de previsão, sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade, medo, tédio, estresse e saúde. O currículo dos cursos de medicina veterinária é dedicado à manutenção da saúde física dos animais, prestando-se atenção à criação, à nutrição, à higiene, à medicina preventiva e ao tratamento de ferimentos e doenças; no entanto, menos atenção foi dada ao estudo de como animais se sentem frente às condições de vida que lhes são impostas pelo ser humano. Para o curso de medicina veterinária da UFFS, questionou-se: por que não construir o componente curricular,

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

de forma gradativa, envolvendo a comunidade acadêmica, antes de sua oferta regular? O que sabem/conhecem os sujeitos (alunos, professores, comunidade externa) sobre o conceito de BEA? Diante da situação, foi criado um grupo de estudos em BEA, como um espaço e ensino-aprendizagem, de discussão, de diálogo com as comunidades acadêmica/externa para que fosse construído uma concepção de BEA na UFFS. No que diz respeito ao processo pedagógico e curricular, compreendemos que todo conhecimento que perpassa o processo formativo precisa ser significativo para quem aprende. A tendência de aumento do número de instituições que ofertam a disciplina de BEA no Brasil está descrita na literatura e provavelmente está relacionada à compreensão de que, ao inserirem a disciplina de BEA em seus currículos, as universidades aumentam a adequação dos seus egressos ao mundo de trabalho atual e contribuem para um avanço na ética da relação ser humano-animal. Tendo como desafio despertar na comunidade acadêmica a vontade de construir um componente curricular em bem-estar animal, de forma coletiva, participativa e significativa, rompendo com práticas educacionais tradicionais de ensino, centradas na cultura da transmissão por meio de aulas expositivas, é que se adotou a “metodologia da problematização a partir do Arco de Maguerez”. A metodologia da problematização busca aumentar a capacidade do aluno enquanto sujeito participante e transformador da realidade social; estimula o desenvolvimento do aluno de forma coletiva, para que ele seja preparado para os desafios da sociedade.

Objetivos pedagógicos alcançados com a implementação desta estratégia ou prática docente O componente curricular de Etologia e Bem-estar animal no curso de medicina veterinária da UFFS, Campus Realeza, é ofertado somente no nono semestre. O aluno está praticamente saindo da universidade. O tema é superficialmente tratado em outros componentes curriculares. Portanto, a intenção da aplicação da metodologia da problematização com o arco de Manguerez – como estratégia pedagógica, foi construir gradativamente o conceito de bem-estar animal envolvendo os alunos do curso de medicina veterinária, a comunidade acadêmica, o local e o entorno. Para atingir o objetivo, era necessário romper com o processo tradicional (formal) de ensino. Queríamos falar de BEA, antes de apenas cumprir com um conteúdo programático fechado em uma carga-horária restrita, e terminal.

O ser professor, no contexto atual, exige certa ousadia aliada a diferentes saberes, bem como a consciência da complexidade que envolve o ato pedagógico. O professor é um profissional que deveria dominar a arte de reencantar, de despertar nas pessoas a capacidade de engajar-se e mudar. A partir dessa intenção primeira, outros objetivos foram delineados: conhecer a percepção da comunidade acadêmica sobre o tema bem-estar animal; criar a cultura universitária para as questões científicas, éticas e legais com relação à produção e ao uso do animal pelo homem; dialogar com os sujeitos envolvidos na cadeia produtiva de produtos de origem animal sobre as questões relacionadas com o bem-estar animal; investigar na comunidade externa a percepção sobre bem-estar animal; propor ações educativas com a educação básica, provocando crianças e jovens a discutir as questões ambientais, de sustentabilidade, de segurança alimentar e bem-estar animal; propor ações na comunidade externa de orientação para as questões ambientais, de sustentabilidade, de segurança alimentar e BEA; propor ações de pesquisa que investigue as questões ambientais, de sustentabilidade, de segurança alimentar e bem-estar animal; instigar o poder público local a rever as normas/ legislação para as questões ambientais, de sustentabilidade, de segurança alimentar e BEA; sistematizar todo esse movimento e conhecimento produzido como ferramenta para trabalhar o ementário no componente curricular de Etologia e Bem-estar animal ofertado no nono período do curso de medicina veterinária para os estudantes da UFFS.

Metodologia empregada Aplicação da MP com o arco de Maguerez: • 1ª etapa - Observação da realidade e elaboração da situação-problema: o CC de BEA é ofertado no nono semestre, no curso de medicina veterinária. Era preciso conhecer e construir o conceito de BEA da UFFS, aprovamos o projeto “O BEA na concepção dos estudantes da UFFS”. Envolvidos: três professores, quatro alunos. • 2ª etapa - Definição dos pontos-chave: foram identificados pelo grupo os pontos-chave a serem estudados e discutidos, que sustentariam a resolução da situação-problema: BEA; senciência; cinco liberdades; relação humano-animal; legislação de proteção animal; educação humanitária. Um marco de referência é uma relação de conceitos que se entrelaçam e através desta mutualidade cria-se uma correlação de significados e valores para uma determinada concepção e ação. Nesse momento iniciamos uma ação paralela para consolidar percepções/concei-

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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tos em BEA (A construção do conceito de educação humanitária nas escolas: ensinando o BEA). O grupo cresceu, somos oito. • 3ª etapa – Teorização: momento em que os sujeitos passam a perceber o problema e indagar o porquê dos acontecimentos observados nas fases anteriores. Uma teorização bem desenvolvida leva o sujeito a compreender o problema, não somente em suas manifestações baseadas nas experiências ou situações, mas também os princípios teóricos que os explicam. Ampliarmos nossa situação-problema para a comunidade externa - o grupo foi conhecer a percepção sobre BEA dos consumidores e profissionais médicos veterinários do município de Realeza, PR. Somos em dez. Somos reconhecidos como Grupo BEA. • 4ª etapa – Hipóteses e Soluções: o grupo concluiu que essa quarta etapa aconteceu precocemente, mesclada com as etapas anteriores, porque à medida que as discussões aconteciam, o grupo foi se consolidando, e muitas ações foram implantadas. Esta etapa deve ser bastante criativa; esse momento deve superar os conhecimentos e as ações anteriores que visam à realização de alguma mudança daquela parcela da realidade estudada. Foi o que aconteceu. O grupo percebeu que era o momento de conversar com os agricultores familiares produtores de leite (projeto-O BEA na percepção dos produtores de leite da agricultura familiar do município de Realeza, PR). O que aprendemos com essa experiência possibilitou ousar, e implantamos os segundo projeto de pesquisa, “BEA: avaliação das cinco liberdades em gado de leite da agricultura familiar do município de Realeza, PR”. • 5ª etapa – Aplicação à realidade: Acredita-se que o arco se completou, pois nesta metodologia pelo menos uma ação deve ser realizada dentro da aplicabilidade proposta, buscando a transformação da realidade existente. Começamos na contramão do processo. Não começamos com o ensino formal da sala de aula; não somos um grupo de pesquisa; e só fomos dialogar com a comunidade externa, depois de conhecer a realidade interna e entorno. Próxima etapa, institucionalização do Grupo BEA da UFFS.

Conteúdos de bem estar animal abordados na estratégia ou prática docente Bem-estar animal é um conceito de dimensão ampla, e se apresenta em um continuum, desde alto nível de

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bem-estar a bem-estar pobre, considerando todas as suas variáveis. O BEA não é um atributo conferido pelo homem, mas uma qualidade inerente à vida do animal. O conceito de BEA deve obrigatoriamente incluir suas necessidades biológicas e etológicas, o evitar do sofrimento, do medo e da dor. Os animais são seres sencientes e, portanto, credores de tratamento humanitário. Um indivíduo que experimenta dor, sofrimento e prazer, pode ser considerado sob o ponto de vista filosófico um ser senciente, atributo que o torna objeto de consideração moral e obriga ao ser humano cumprir com os seus deveres e atender os seus interesses. A maioria das tentativas dos cientistas de conceituar o bem-estar animal resume-se em três pontos de vista que expressam diferentes tipos de preocupações com a qualidade de vida dos animais: a) os animais devem sentir-se bem, isto é, não serem submetidos ao medo, à dor ou estados desagradáveis de forma intensa ou prolongada; b) os animais devem funcionar bem, no sentido de saúde, crescimento e funcionamento comportamental e fisiológico normal; c) os animais devem levar vidas naturais através do desenvolvimento e do uso de suas adaptações naturais. A avaliação do BEA é outro desafio com o qual os profissionais envolvidos nesta área se deparam. Os critérios utilizados para avaliar o BEA são convencionalmente divididos em dois grupos: medidas «baseadas nos recursos», relacionadas com o ambiente onde o animal se encontra, e medidas «baseadas no animal», que dizem respeito ao estado do animal. A Farm Animal Welfare Council (FAWC) preconiza cinco princípios básicos, as cinco liberdades a serem atendidos em relação ao BEA: 1. Livre de sede e fome; 2. Livre de desconforto; 3. Livre de dor, lesões, doenças; 4. Liberdade para expressar o comportamento normal; 5. Livre de medo e estresse. Atualmente, as profissões que trabalham com animais passam por uma transformação central para atender a valorização do BEA, com uma demanda de conhecimento e atuação nesta área. Ao inserir o ensino de BEA em seus currículos, as universidades aumentam a adequação dos seus egressos ao mundo do trabalho atual e contribuem para um avanço na ética da relação ser humano-animal. A educação é a maneira mais eficiente de informar, mudar hábitos, valores e transformar as pessoas em difusoras de conhecimento e em vigilantes ativos.

Resultados pedagógicos obtidos Quando iniciamos em 2011, percebia-se uma resistência por parte da comunidade acadêmica em discutir as

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

questões relacionadas ao BEA. Um dos pontos positivos do Grupo BEA foi verificar que os alunos participantes desempenharam o papel de “facilitadores” na comunidade acadêmica. Geralmente os alunos que procuravam o grupo BEA, estavam motivados por algum dos membros. Outra forma de trabalhar o componente curricular de EBEA foi à inserção de colóquios envolvendo outros docentes da UFFS, numa proposta de diálogo entre o BEA e seus componentes curriculares. Serviram de exemplo e fonte de referência nas aulas os resultados das ações de extensão e pesquisa do Grupo BEA. Desde a criação do Grupo BEA foram aprovados seis projetos de extensão, quatro projetos de pesquisa, um projeto de cultura, quatro trabalhos de conclusão de curso. Esses projetos não surgiram por acaso, foram sempre pensados para responder as questões fundadoras do Grupo BEA. Entrevistamos os estudantes dos cursos de graduação em medicina veterinária, nutrição e licenciatura em biologia. Dos três cursos entrevistados, somente no curso de medicina veterinária o bem-estar animal aparece como componente curricular obrigatório. Os resultados mostraram que a percepção dos estudantes sobre BEA ainda é muito focada na dimensão biológica. Repetimos o mesmo questionário, para os mesmos alunos do curso de medicina veterinária, antes de cursarem o componente curricular em EBEA (dois anos e meio depois). Verificou-se que o conceito de BEA foi mais elaborado, junto com as questões biológicas, apareceram conceitos éticos. A percepção do conceito de BEA também foi investigada com os profissionais médicos veterinários, com os consumidores de produtos de origem animal e com os agricultores familiares, todos do município de Realeza. Os médicos veterinários apresentaram respostas muito parecidas com as obtidas dos estudantes da UFFS, demostraram um pouco mais de conhecimento com relação à legislação referente ao tema. Consumidores e agricultores declaram conhecer o assunto, mas conseguiram definir bem-estar animal. O Grupo BEA desenvolveu atividades educativas para o BEA nas escolas da rede municipal e particular, com alunos e professores do ensino fundamental. Retornamos com uma proposta ampliada: consolidar a construção do conceito de bem-estar animal na comunidade realezense (escolas, rádio, câmara de vereadores, praça, feira do produtor), provocando mudanças de percepção, de valores e de comportamento com relação ao tema. Todos os momentos vivenciados pelo Grupo BEA, foram e são importantes, tanto para a formação plena e humanizada de profissionais atentos às necessidades e anseios da sociedade, como para fomentar a pesquisa, a extensão e o ensino na UFFS. A tríade ensino, pesquisa e extensão, trabalhada de forma articulada, tem sido uma realidade

nas ações do Grupo BEA. A pesquisa e as atividades de ensino têm permitido a compreensão da realidade e, a extensão, a possibilidade de transformá-la.

Impacto da estratégia ou prática docente nos alunos, nos animais, na comunidade, etc. Na instituição: O grupo, em três anos gerou cinco projetos de extensão e quatro projetos de pesquisa. Em maio de 2014 o Grupo aprovou o Projeto Cultural - O Teatro como Ferramenta de Educação Humanitária: as Cinco Liberdades do Bem-Estar Animal. Na comunidade externa: O Grupo BEA tem uma caminhada com a comunidade realezense. Muitas por demanda da sociedade carente em experimentar um diálogo com a academia, e outras pela carência da universidade em significar seu papel social na comunidade onde ela está inserida. O maior indicador de impacto das atividades do Grupo BEA foi o estabelecimento de parcerias: Prefeitura Municipal de Realeza; Escolas da rede municipal/particular de ensino; Câmara de Vereadores: O Grupo BEA teve um espaço na tribuna da Câmara de Vereadores de Realeza (segunda sessão/2014), para apresentação do Grupo BEA e informações sobre o conceito e importância do BEA. O Grupo BEA pediu a parceria e apoio aos vereadores para a elaboração do Projeto Lei para a criação do Fundo Municipal de Proteção e Bem-Estar Animal; Feira do Produtor; Sindicato Trabalhador Rural; Radio Clube de Realeza Propriedades da Agricultura Familiar. Muitas propriedades são usadas para as aulas de campo do componente curricular de Etologia e Bem-Estar Animal. Os animais: O contato do Grupo BEA diretamente com os animais é muito recente. Iniciamos com projetos de pesquisa de avaliação do bem-estar, e agora temos três trabalhos de conclusão de curso em andamento. Indiretamente, fazendo ações de e para educação humanitária acredita-se que as pessoas conheçam um pouco mais sobre os animais não humanos e percebam que eles têm necessidades imprescindíveis para viver bem, não importando o “uso” que se faça dele. Alunos: Quando iniciamos as atividades do Grupo, tínhamos poucos alunos que procuravam informações sobe as atividades do grupo. Com o passar do tempo, a atuação do Grupo na comunidade acadêmica foi despertando o interesse e muitos estudantes espontaneamente buscavam a participação no grupo. A maioria deles iniciou as atividades de forma voluntária. Passaram pelo Grupo, desde 2011 (de forma efetiva, e não eventual), mais de 20 estudantes. Os alunos procuram o Grupo para participação

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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das atividades (temos uma lista de voluntários na espera). Optamos por não manter um número muito grande de participantes porque o grupo tem atividades quinzenais (estudo) e em alguns momentos semanais, como os participantes são de cursos e fases diferentes, temos um problema no ajuste dos horários das reuniões. O Grupo BEA participou da gincana do Bem-Estar Animal promovida pela WSPA em 2011 (300o. lugar) e em 2012 (100o. lugar) – “Veterinários da Fronteira”. No curso de medicina veterinária, temos quatro alunos orientados por professores do Grupo; e quatro alunos com projetos que abordam o tema BEA, orientados por outros docentes do curso de medicina veterinária. No grupo temos alunos do curso de medicina veterinária, nutrição e ciências biológicas.

Conclusões/observações/ recomendações Concluindo esse relato (porque não concluímos o percurso), podemos dizer que um dos grandes desafios deste século é a crescente busca por metodologias inovadoras que possibilitem uma práxis pedagógica capaz de ultrapassar os limites do treinamento puramente técnico e tradicional, para efetivamente alcançar a formação do sujeito como um ser ético, histórico, crítico, reflexivo, transformador e humanizado. Selecionamos a Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez, porque é uma alternativa metodológica com potencial transformador e dialógico, que parte de uma parcela da realidade e retorna para ela, visando transformá-la em algum grau. Esta metodologia possui cinco etapas e inclui um movimento que influi na ação prática

na realidade, intencionalmente, para interferir sobre ela, demonstrando uma relação de coerência entre o pensar e o fazer, entre a teoria e a prática, entre o discurso e ação. A riqueza dessa metodologia está em suas características e etapas, mobilizadoras de diferentes habilidades intelectuais dos sujeitos, demandando, no entanto, disposição e esforços pelos que a desenvolvem no sentido de seguir sistematizadamente a sua orientação básica, para alcançar os resultados educativos pretendidos. Valoriza-se neste processo educacional a mudança de comportamento que, embora aconteça de forma gradual, completa-se com a passagem da intenção para ação. As ações desenvolvidas pelo Grupo BEA foram quanti e qualitativamente significativas no sentido de consolidar as questões sobre o bem-estar animal, ora tento um caráter educativo/informativo, ora avaliando na prática o BEA. Há um número significativo de trabalhos que divulgam os resultados da aplicação dessa metodologia, elaborada particularmente para o ensino superior. Concluindo este trabalho, recorremos a Paulo Freire e seu convite para uma constante reflexão/ação quando diz “saber que devo respeito à autonomia, à dignidade e à identidade do educando e, na prática, procurar a coerência com este saber, me leva inapelavelmente à criação de algumas virtudes ou qualidades sem as quais aquele saber vira inautêntico, palavreado vazio e inoperante” (FREIRE,2000).

Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino Avaliação do BEA em gado de leite da agricultura familiar do município de Realeza

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Atividades de extensão nas Escolas

Atividades de extensão nos meios e na “Feira Produtor”

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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Bibliografia Berbel, N.A.N. (1996). Metodologia da Problematização no Ensino Superior e sua contribuição para o plano da praxis. Semina, 17:7-17. Berbel, N.A.N. (1998). A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? Interface – Comunic., Saúde, Educ., 2:139-154. Bordenave, J.D.E.; Pereira, A.M.P. (2004). Estratégias de ensino-aprendizagem. 25ed. Rio de Janeiro: Vozes. Broom, D.M. (2005). Animal welfare education: development ad prospects. Journal of Veterinary Medical Education, 32:438-441. Broom, D.M.; Molento, C.F.M. (2004). Bem-estar animal: conceito e questões relacionadas – Revisão. Archives of Veterinary Science, 9:1-11. Duncan, I.J.H. (2005). Science-based assessment of animal welfare: farm animals. Revue Scientifique et Technique (International Office of Epizootics), 24:483-492. Estol, L.R. (2004). Animal welfare in the veterinary curriculum. En: Global Animal Welfare Conference, 2004, Paris. Anais.OIE, 51-63. Farm Animal Welfare Council–FAWC. (2009). Farm animal welfare in Great Britain: past, present and future. London, United Kingdom: Farm Animal Welfare Council. Fraser, D.A. (1997). Scientific conception of animal welfare that reflects ethical concerns. Animal Welfare, 6:187-205. Freire, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. Hurnik, J.F. et al. Farm Animal Behaviour: Laboratory Manual for 10-439. University of Guelph, Guelph, ON, 145p. 1995. Molento, C.F.M. (2005). Bem-estar e orodução animal: aspectos econômicos. Archives of Veterinary Science,10:1-11. Molento, C.F.M.; Bond, G.B. (2008). Produção e bem-estar animal - Aspectos éticos e técnicos da produção de bovinos. Ciênc. Vet. Tróp., Recife-PE, 11:36-42. Molento, C.F.M.; Calderón, N. (2009). Essential directions for teaching animal welfare in South America. Rev. Scientifique et Technique, 28:617-625. Pimenta, S.G.; Anastasiou, L.G.C. (2008). Docência no ensino superior. 3 ed. São Paulo: Cortez. Pinheiro Machado Filho, L.C.; Hötzel, M.J. (2000). Bem-estar dos suínos. Anais do V Seminário Internacional de Suinocultura (p. 70-82). São Paulo. Quadros, J.; Molento, C.F.M. (2008). Ensino de bem-estar animal para médicos-veterinários no Brasil: atualização 2008. En: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 35. Conbravet, 2008. Vasconcelos, M.L.M.C. (1996). A formação do professor de 3º Grau. São Paulo: Pioneira. Webster, A. (1994). Animal Welfare: A Cool Eye Towards Eden. Oxford: Blackwell Science.

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Conhecer o comportamento dos animais em ambiente natural para promoção do mínimo de bem-estar

Adriano Braga Brasileiro de Alvarenga Brasil

Nome do programa, área temática ou disciplina onde ocorreu a prática Bases Teóricas e Tópicos Especiais em Comportamento Animal

Introdução, o contexto e as razões para desenvolver tal estratégia ou prática docente O curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Campus de Soure (Ilha do Marajó) possui aproximadamente quatro anos e seu Projeto Político Pedagógico (PPC) contempla algumas disciplinas como Zoologia e Fisiologia. No entanto, tais disciplinas abordam as mais variadas categorias comportamentais dos animais de forma muito superficial, subestimando alguns comportamentos que são indispensáveis para minimizar e/ou impedir o

estresse dos animais e, consequentemente, garantir o mínimo de bem-estar animal. O curso está em uma localidade com um dos menores IDH do País, convivendo com caninos que são as maiores vítimas de leishmaniose do País (maior índice) e sem controle de crescimento populacional, vivenciando práticas de tratamento e transporte de animais em péssimas condições, como por exemplo, suínos amarrados em bicicletas e uma cultura local de maus tratos e consumo de carne oriunda de animais silvestres como iguana e primata. Diante do exposto acima e considerando a minha formação acadêmica como etólogo, resolvi inserir no currículo do curso uma disciplina optativa que fosse capaz de formar uma opinião discente e cidadã mais crítica sobre os direitos dos animais. A disciplina “Bases Teóricas e Tópicos Especiais em Comportamento Animal” já foi ofertada em duas turmas nos últimos dois anos e desperta muito interesse por parte dos alunos do curso de Biologia que serão futuros docentes da Rede Pública de Ensino no Município e

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proximidades. A disciplina inclui saídas de campo, na qual uma delas é realizada em colaboração com uma Médica Veterinária (doutora e ex-docente da Universidade Federal Rural da Amazônia) considerada uma dos maiores criadores de búfalos do País, com ênfase em comportamento e Bem-estar dos mesmos. Trata-se de um trabalho em que os alunos serão agentes multiplicadores no intuito de minimizar o sofrimento dos animais da região e cobrar, como futuros formadores de opinião, um mínimo de respeito aos animais, garantindo-lhes uma boa qualidade de vida.

Objetivos pedagógicos alcançados com a implementação desta estratégia ou prática docente • Apresentar os conceitos básicos de comportamento animal; • Demonstrar os comportamentos dos animais em ambiente natural e suas necessidades enquanto cativos; • Apresentar conceitos básicos relacionados com estresse e bem-estar animal; • Construir uma consciência crítica sobre os direitos dos animais de companhia e de produção; • Sensibilizar e conscientizar futuros educadores sobre os maus tratos animais presentes no município; • Conscientizar os discentes sobre o papel individual na garantia dos direitos dos animais; • Preparar e formar cidadãos que possam cobrar do Poder Público algumas medidas que visem o Bem-estar animal.

Metodologia empregada As aulas foram ministradas de forma expositiva com o uso de recurso audiovisual (projetor de slides) durante o semestre e duas vezes por semana, com carga horária total de 102 horas. Os assuntos foram divididos em categorias comportamentais e foram realizadas leituras e apresentações (em duplas) de artigos científicos correlacionados ao tema comportamento e bem-estar animal. Foram apresentados (em grupo de quatro alunos) seminários sobre a mesma temática anteriormente mencionada. A disciplina conta com uma visita a uma fazenda particular do Município onde a criadora é uma Médica Veterinária (Doutora, ex-docente UFRA) citada na “Introdução”. Nesta atividade os alunos conhecem a rotina de manejo dos búfalos e práticas que reduzem ou evitem o estresse animal, bem como algumas estratégias adotadas pela propriedade no intuito de oferecer o máximo de bem-estar aos animais.

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Conteúdos de bem estar animal abordados na estratégia ou prática docente Introdução ao comportamento animal; introdução ao estresse e bem-estar animal: eixo HPA e efeitos da corticosterona e do cortisol; noções de bem-estar em animais de companhia e de produção: manejo, instalações, densidade populacional, agonismo, agressão, etc., evolução, adaptação e função dos comportamentos (ontogenia comportamental); custos e benefícios do comportamento; genética e fisiologia do comportamento; mecanismos neurais do controle do comportamento; ritmos biológicos, ambientais e endócrinos; comportamento alimentar; comportamento anti-predador e anti-parasitário; comportamento sexual; comportamento social; evolução da cooperação (altruísmo), custos da vida em grupo e ecologia comportamental e comunicação animal.

Resultados pedagógicos obtidos Os resultados pedagógicos são constatados em diversos âmbitos, como por exemplo, um maior índice de envolvimento dos discentes nas atividades correlatas com a disciplina, menores taxas de evasão do curso, melhores rendimentos na referida disciplina e outras afins. A disciplina contribuiu com o surgimento de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) relacionados ao tema e participação de um discente como apresentador de pôster no Encontro Nacional de Etologia na Universidade de São Paulo (USP) no ano de 2013.

Impacto da estratégia ou prática docente nos alunos, nos animais, na comunidade, etc. Os discentes apresentaram maiores rendimentos em disciplinas correlacionadas, exemplificaram as suas mudanças de condutas em relação aos animais e, paulatinamente, estão modificando a forma de agir e pensar de seus colegas, amigos e familiares. O maior impacto na comunidade está previsto no momento em que a primeira turma se formar (2015) e que os discentes iniciarem o seu papel de educador multiplicando ações voltadas para o bem-estar animal.

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Conclusões/observações/ recomendações Com a implementação da estratégia, pode-se concluir que se trata de uma atividade que alcançará resultados em longo prazo. No entanto, iniciar tais ações em uma população carente em todos os quesitos e perceber uma alteração comportamental em uma minoria que seja, confirma que é possível contribuir com a redução do sofrimento animal oriundos de maus tratos.

Uma pequena massa crítica de discentes pode iniciar um processo de cobrança pessoal e do poder público local para a implantação de ações que promovam o bem-estar animal. É válida a sugestão de que outros docentes envolvam os seus colegas de trabalho e extrapolem as atividades para as escolas do município inserindo a temática no cotidiano da mesma em forma de dinâmicas, palestras, oficinas, etc.

Registros e provas da implementação da estratégia, prática ou ensino Visita fazenda particular do município - rotina de manejo dos búfalos e práticas que reduzem o estresse animal, estratégias adotadas pela propriedade no intuito de oferecer o máximo de bem-estar aos animais.

Bibliografia Alcock, J. (2001). Comportamento animal: uma abordagem evolutiva. 9ª ed. Artmed. Ed. Barnes, R.S.K.; Calow, P.; Olive, P.J.W. (1995). Os invertebrados - uma nova síntese. Atheneu Ed., São Paulo. Del-Claro, K. (2002). Comportamento Aniamal. Uma introdução à ecologia comportamental. Livraria Conceito. Hickman, C.P.J.R.; Roberts, L.S.; Larson, L. (2004). Princípios integrados de Zoologia. 11ª. ed. Guanabara Ed. Rio de Janeiro. Krebs, J.R.; Davies, N.B. (1996). Introdução à Ecologia Comportamental. Atheneu Ed., São Paulo. Lorenz, K. (1995). Os Fundamentos da Etologia. Unesp Ed. Ruppert, E.; Barnes, R.D. (1996). Zoologia dos invertebrados. 6ª ed., Roca Ed., São Paulo.

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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PIBAS - Programa Integral de Bem-estar Animal Sustentável. Universidade “Ignacio Agramonte”. Camagüey, Cuba

Elena de Varona Rodríguez Cuba

Nome da área temática, programa ou disciplina onde a estratégia, prática ou atividade docente foi desenvolvida Prática Veterinária e Curso Especial de José Marti aplicado à profissão

Introdução, contexto e justificativa da estratégia, prática ou atividade docente O tema bem-estar animal é importante em nível social, legislativo e profissional. Além disso, pesquisadores e políticos vinculam o bem-estar animal à segurança do alimento, sugerindo que, com a melhora do bem-estar animal, são produzidos alimentos inócuos e seguros. Manter o bem-estar dos animais implica no respeito às cinco liberdades (Brambell, 1965). Esses conceitos coincidem com cinco grandes campos de estudos da produção e reprodução, nutrição, projeto de alojamentos, sanidade animal, comportamento animal e fisiologia.

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É necessário reconhecer Dewey, que formulou uma das primeiras e mais importantes contribuições do ensino como atividade prática, com seu famoso princípio pedagógico de aprender pela ação (“learning by doing”) e sua proposta não menos relevante de formar alunos que combinem as capacidades de busca e pesquisa com as atitudes de abertura mental, responsabilidade e honestidade; tecendo uma rede com pontes que conectam as capacidades latentes de alunos, docentes e comunidade. Quando essas capacidades se juntam, a única coisa que permanece inalterável é a evolução constante. A Faculdade de Ciências Agropecuárias da Universidade de Camagüey tem participado, de forma contínua, com bons resultados desde 2008, de diversos fóruns científicos, como: Dias das Ciências, Fóruns Estudantis e Eventos Provinciais, Nacionais e Internacionais, onde foram estreitados vínculos de colaboração e intercâmbio acadêmico, entre os quais se destaca a Escola Agropecuária Provincial N°1, Governador Gregores, Santa

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Cruz, Argentina. Esse vínculo e cooperação permitiram o desenvolvimento da temática do Bem-estar Animal com uma visão holística, já que, como explicado, essa colaboração é de importância fundamental para que os alunos ampliem sua visão sobre o bem-estar animal em outros países e com outro enfoque, por um lado universitário, mas, por outro lado, muito mais amplo devido às características do conhecimento. O principal objetivo desse projeto foi contribuir com a formação de especialistas com uma visão atualizada da problemática mundial e nacional relativa à sanidade animal, dos principais enfoques do seu desenvolvimento e das tendências atuais. Os projetos, conteúdos e estratégias de ensino de Ciências da Educação devem, portanto, adequar-se aos interesses e experiências dos estudantes, permitindo a construção de novos modelos explicativos de feitos e fenômenos nos diferentes contextos e campos do conhecimento. A aula, os âmbitos institucionais, como a extensão universitária, se transforma em espaços de intercâmbio, de formas distintas de ver, pensar e viver a vida cotidiana.

Objetivos, habilidades e/ou intenção pedagógica alcançados com a implementação da estratégia, prática ou atividade docente • Contribuir para o desenvolvimento de ações educativas que propiciem e facilitem a aquisição de habilidades de indagação e divulgação, que permitam o descobrimento e a apropriação tanto de valores, quanto de princípios e metodologias, próprios das ciências e da tecnologia, fornecendo um espaço adequado para o aperfeiçoamento e aprofundamento do saber como construção social. • Fomentar e desenvolver habilidades de comunicação dos estudantes através da exposição dos trabalhos de ciência e tecnologia • Realizar projetos de ciência e de tecnologia das instituições participantes. • Intercâmbio de experiências educativas entre os diferentes participantes. • Promover o intercâmbio e a participação colaborativa dos estudantes com as diferentes Associações e Fundações de Bem-estar Animal da América Latina e do Caribe (comunicação por e-mail). • Implementar dentro do evento CYTDES (Ciência e Tecnologia por um Desenvolvimento Sustentável) em nossa Universidade a realização de um Simpósio dedicado à Bioética e ao Bem-estar Animal.

Metodologia empregada A que aplicamos é a que contempla as etapas essenciais da metodologia científica: reconhecimento do problema, busca de informação, formulação da hipótese, escolha das estratégias de resolução e confirmação ou negação da hipótese. Proposta de Programa: (Para Grupo Científico Estudantil) Distribuição por Forma de Ensino: aula - 60 Horas, prática laboral - 60 horas, avaliação através de entrega e discussão de protocolo de pesquisa (capa do projeto a aplicar) e oficina final - duas horas. Distribuição por tipo de aula: conferências - 14 horas, seminários - 14 horas, aulas práticas - 32 horas, em um total de 60 horas. Processo de avaliação dos estudantes: ao início de cada aula (conferência), e o tema a ser desenvolvido na oficina final (último encontro) é indicado Elaboração de um protocolo de pesquisa e avaliação de destrezas e habilidades que os estudantes vão adquirindo. *Realizado no Projeto comunitário, assim como a viagem dos estudantes a Havana, ao Zoo Nacional e ao Aquário Nacional. Oficina Final Integradora: o relatório da pesquisa da PL é recebido com uma semana de antecedência e os trabalhos são expostos (com as temáticas entregues no primeiro encontro). Essas exposições são avaliadas individualmente, mas são apresentadas em equipe de pesquisa (compostas por três a quatro estudantes). Métodos para a disseminação e aplicação dos princípios de bem-estar animal: pesquisa sobre práticas de manejo e condições de exploração, entrega de material informativo, embasamento teórico com apoio de material audiovisual, realização de dias de campo e /ou visitas para a avaliação prática e demonstração, discussão e intercâmbio de experiências e avaliação anônima pelos participantes.

Conteúdos de bem-estar animal que incluem a estratégia, prática ou atividade docente Em nossa Faculdade, ensinamos o BEA como tema dentro de disciplinas ou matérias como: Prática Veterinária • C. Generalidades (Introdução e marco conceitual) Cinco Liberdades ou Direitos. S. Filme Temple Grandin. Cine debate.

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• S. Legislação Nacional e Internacional relacionada ao Bem-estar Animal (em conjunto com professores da Faculdade de Direito) • CP. Entrega do Guia de Pesquisa de BEA, que será utilizado no curso. Busca de informação e contato dos estudantes com sites de BEA da América Latina e do Caribe. Pensamento Martiano vinculado à profissão. • Atividade extraclasse (José Martí: a proteção e o BEA) • S. Uso de alternativas na Educação Veterinária (LABTED) • CP. Busca de sites dedicados ao BEA Fisiologia • C. Fisiologia do estresse. Resposta fisiológica. • Recomenda-se tarefa extraclasse sobre o Capítulo 3 de Libertação Animal de Peter Singer • C. Etologia e sistemas motivacionais do comportamento. • Recomenda-se tarefa extraclasse • CP. Etologia (Biotério) • C. Aspectos fisiológicos da dor e do medo • CP. Avaliação do bem-estar animal e Indicadores Fisiológicos. Realização de pesquisas (Zoológico) • Clínica e cirurgia • C. Bem-estar Animal e Ética (Clínica Veterinária)

Epizotiologia • C. Animais em desastres. Gestão de riscos. Atividades de extensão Universitária. • São coordenadas e são convidados tanto especialistas em BEA nacionais, quanto internacionais • PL. Avaliação do bem-estar animal e Indicadores Fisiológicos. • BEA Animais de companhia. Problemas de bem-estar em grupos de animais e suas implicações (cães, gatos, Aquário Nacional e Zoológico Nacional) • CP. Montagem da apresentação de apresentação em PowerPoint. • TF. Apresentação e/ou Exposição de trabalhos, pesquisas em BEA

Resultados pedagógicos obtidos Entre os resultados, está a motivação dos estudantes e sua transformação em protagonistas de ações que se desenvolvem entre todos os fatores do centro, que vão desde a própria Faculdade, até o Departamento de Extensão Universitária. Juntamos esforços para as atividades de extensão, que foram realizadas com estudantes de outras Faculdades, como Direito, Civil, Jornalismo, Estudos Socioculturais e Economia; assim como com estudantes da Universidade de Ciências Médicas “Carlos J. Finlay”, participantes do Clube de 120 anos da AMECA.

Zootecnia e saúde

A Faculdade continuará ensinando estudantes de pré e pós-graduação, mas, ao converter o estudo em uma atividade para toda a vida, ao invés de algo que deixamos de fazer quando nos tornamos “adultos”, as escolas terão que se organizar para um ensino para toda a vida. As escolas terão que se converter em “sistemas abertos”.

• CP. Realização de trabalho com animais e pacientes (Centro de Equoterapia, Zoológico da cidade) Pré e pós-graduação (Mestrado PAS, Menção: Bovino)

A essa estratégia, foram inseridas a Sociedade Cultural José Martí e a Cátedra Honorífica “Antonio Núñez Jiménez” da Natureza e do Homem, única desse tipo no país, sendo atribuída à Fundação de mesmo nome.

• CP. Realização de pesquisas com clientes (Clínica Veterinária).

• C. Bem-estar Animal e Produção Animal Sustentável. • Conteúdo: os sentidos do animal, o princípio da zona de fuga, desenho das instalações, dispositivos de imobilização, manejo e estresse, abate humanitário, o bem-estar animal no manejo e o processamento. • CP. Processamento estatístico das pesquisas.

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Agora precisamos de um novo axioma: “Quanto mais instrução uma pessoa tem, mais frequentemente ela precisará de mais educação e cultura”. Mas existe algo mais importante: a manutenção do acesso à educação superior aberto, sem levar em conta a idade ou credenciais educativas anteriores, é uma necessidade social. Cada indivíduo deve poder, em qualquer etapa da sua

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

vida, continuar sua educação formal e se capacitar para um trabalho do saber (aqui se sobressai o território da carreira acadêmica dos mais velhos).

Contribuir para o estabelecimento de uma relação humana significativa entre docentes, estudantes, especialistas, ambiente familiar e sociedade em geral.

A formação do saber é o maior investimento em qualquer país. Com certeza, o retorno que um país ou empresa recebe do saber será cada vez mais um fator determinante de sua competitividade. De forma crescente, a produtividade do saber será decisiva no sucesso econômico e social e no rendimento econômico global. E sabemos que existem grandes diferenças de produtividade em escala mundial entre indústrias e entre organizações individuais.

Tornar públicas as expressões na esfera do conhecimento, a educação e a indagação que gerem reconhecimento e inclusão social (Associações como: ANSOC (Surdos mudos), ANCI (Cegos e deficientes visuais) e ACLIFIM (pessoas com problemas físicos motores), todas membros do Clube de 120 anos da AMECA).

Impacto da estratégia, prática ou atividade docente nos estudantes, animais, comunidade, etc. Nos animais: contribui para o resgate, a melhoria e a proteção animal *Com ênfase em espécies autóctones ou endêmicas (hispano-americanas). Nos Estudantes: estimular atitudes, valores e vocação com senso ético e profissional no futuro médico veterinário. Transformar o cenário ao convertê-los de simples espectadores a protagonistas ativos, uma vez que desempenham o papel de promotores culturais do BEA. Institucional: viabilizar algumas necessidades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico associado. Ampliar a visão do mundo científico – tecnológico de quem participa e aproximá-los da realidade nacional. Deixar o caráter inter e transdisciplinar do conhecimento visível. Na comunidade: favorecer a consolidação de comunidades de práticas, de ensino e de saber, contribuindo para estreitar laços entre elas e a comunidade.

Conclusões/ observações/ recomendações Contribuímos para a formação de líderes de BEA, capazes de reconhecer os benefícios tanto éticos, quanto produtivos das boas práticas de trabalho e de imobilização por meio do ensino de princípios de manejo embasados no comportamento animal. Nesse contexto, é interessante o retorno do bem-estar animal, que resultará em mais e melhor qualidade e quantidade de alimentos inócuos e seguros. A educação superior está entrando em um novo período histórico, onde a experiência acumulada determinará um salto qualitativo notável, com grandes perspectivas para o desenvolvimento integral dos nossos países, que resultará no ápice exitoso de todos os projetos de BEA existentes a favor do aumento da qualidade de vida dos povos da América Latina e do Caribe. Recomendações: Essa experiência destina-se (adaptada a suas condições) à Escola Agropecuária Provincial N°1, Governador Gregores, Santa Cruz, Argentina, aplicada pelo Professor Juan Beltramino. Trabalhar em busca da implementação colaborativa de uma Rede Acadêmica Latinoamericana e Caribenha de BEA.

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Registros e evidências da realização da estratégia, prática ou atividade docente Estudo independente e por equipes – Jornada Estudantil e Oficina final

Laboratório de Tecnologia educativa, cine debate e busca de informação

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Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

Atividades de Extensão Universitária

Estratégias, práticas e atividades docentes para o ensino efetivo de bem-estar animal

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