Estrutura populacional Parkia cachimboensis H. C. Hopkins (FABACEAE) em Cerrado Rupestre e Campinarana Gramíneo-lenhosa em Nova Canaã do Norte, MT, Brasil

May 23, 2017 | Autor: R. da Silva Ribeiro | Categoria: Botany
Share Embed


Descrição do Produto

Scientific Electronic Archives: Especial Edition Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste _____________________________________________________________________________

Estrutura populacional Parkia cachimboensis H. C. Hopkins (FABACEAE) em Cerrado Rupestre e Campinarana Gramíneo-lenhosa em Nova Canaã do Norte, MT, Brasil 1

1

Claudielaine Nogueira de Oliveira, Aline Gonçalves Spletozer , Cleiton Rosa dos Santos , Lucas Gomes 1 1 1 Santos , Dennis Rodrigues da Silva , Francis Junior Araújo Lopes , Anderson Alex Sandro Domingos de 1 1 1 1 1 Almeida , David Sousa Verão , Ricardo da Silva Ribeiro , José Hypolito Piva , Lucirene Rodrigues , Célia 1 Regina Araújo Soares Lopes * 1

Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT/AF, Centro de Biodiversidade da Amazônia Meridional - CEBIAM, Herbário da Amazônia Meridional – HERBAM, Alta Floresta, Mato Grosso. *[email protected]

Resumo. Esse estudo compara a densidade populacional Parkia cachimboensis H. C. Hopkins entre Cerrado Rupestre e Campinarana Gramíneo-Lenhosa em Nova Canaã do Norte, MT. Foram instaladas em cada fitofisionomia 03 parcelas de 20 m x 100 m subdivididas em 20 subparcelas de 10 m x10 m cada. Foram medidos em altura e circunferência a altura do solo (CAS) todos os indivíduos independentes da classe diamétrica. A análise da estrutura populacional foi realizada a partir de parâmetros fitossociológicos através do programa Fitoptac 2.1. Amostrou-se um total de 393 indivíduos, sendo a grande maioria (313 indivíduos) no cerrado rupestre e apenas 80 indivíduos na Campinarana. As alturas variaram de 0,07m a 10m, com indivíduos em todas as classes de altura, indicando a automanutenção da população nas duas áreas. Esse fato pode indicar que a espécie P. cachimboensis tem preferências por áreas com a presença de afloramento rochosos, visto que nessas áreas ocorre o maior número de indivíduos dessa espécie. Palavras-chave: Afloramentos rochosos; Populações vegetais; Fitofisionomias.

Introdução O Estado de Mato Grosso apresenta ao longo da Bacia Amazônica formações vegetais que se desenvolvem em solos distróficos, rasos e arenosos, formando pequenas manchas de vegetação chamadas de Campinaranas, caracterizada por vegetação que varia de uma floresta densa com o dossel fechado e baixo, com arbóreas de 8 a 10 metros de altura, chamada de Campinarana Florestada até uma vegetação mais esparsa, denominada de Campinarana Gramíneo-Lenhosa onde predominam herbáceas (Zappi et al., 2011). O Cerrado Rupestre é uma fitofisionomia conhecida pelos solos rasos, concrecionários e com presença de afloramentos rochosos. É dominado por espécies adaptadas a este ambiente, onde as plantas nascem sobre as fendas e/ou entre as rochas e a densidade varia dependendo do volume do solo. Essas plantas são adaptadas a condições extremas, com alta insolação, baixa umidade, baixa fertilidade, cobertura arbórea variando de 5 a 20% e altura média de 2m a 4m Ribeiro & Walter (2008). Cerrados Rupestres também ocorrem em domínio amazônico no norte de MT. A espécie arbórea Parkia cachimboensis H. C. Hopkins pertence à família Fabaceae e foi descrita como endêmica da Serra do Cachimbo (Hopkins, 1982). Esta espécie encontra-se associada às tipologias de Campinarana e Cerrado Rupestre, com domínio fitogeográfico nos biomas Amazônia e Cerrado e distribuição geográfica no norte dos estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso (Flora do Brasil, 2016). A estrutura das comunidades onde P. cachimboensis ocorre é influenciada por fatores bióticos e abióticos, como o fogo, que pode afetar a distribuição, crescimento e mortalidade da espécie, provocando mudanças no ambiente e também revelando como essa espécie explora o ambiente (Hutchings, 1997). Esses fatores também influenciam nas mudanças temporais e no número de indivíduos das populações vegetais na área (Marques & Joly, 2000). Neste contexto, este trabalho teve como objetivo analisar e comparar a estrutura populacional de populações de Parkia cachimboensis em duas fitofisionomias savânicas no município de Nova Canaã do Norte, Mato Grosso, Brasil. Métodos O presente estudo foi desenvolvido em Cerrado Rupestre (0,6) ha¹ e Campinarana Gramíneo-Lenhosa com 0,6 ha cada, totalizando 1,2 ha. As duas fitofisionomias estão localizadas na área de influência da UHE Colíder, a 36 km do município de Nova Canaã do Norte (Figura 1), localizado na Bacia Amazônica, próximo da Serra dos Caiabis e da Serra do Cachimbo, no extremo norte de Mato Grosso, entre as coordenadas geográficas de 9° 53’ 02” latitude S e 56° 14’ 38” longitude W. A altitude é de 301 metros e o clima é do tipo AW, segundo classificação Köppen (tropical chuvoso) com duas estações bem definidas: uma seca de junho a agosto e outra chuvosa de setembro a maio (IBGE, 2014). A área está inserida na depressão interplanáltica da Amazônia Meridional,

332

Scientific Electronic Archives: Especial Edition Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste _____________________________________________________________________________ com relevo variando de plano a ondulado, fortemente ondulado e escarpo (Bezerra, 2006), ocorrendo solos do tipo Litossolo e Neossolo quartzarênico.

Figura 1. Localização das fitofisionomias amostradas no município de Nova Canaã do Norte, MT.

Foram amostradas três parcelas de 20 x 100m, subdividido em 20 subparcelas de 10x10m, em cada área, sendo mensurados todos os indivíduos independentes da circunferência à altura do solo (CAS), medindo-se os caules de todos os perfilhos, quando ocorreram. Os cálculos de densidade e dominância (DA) foram realizados com auxílio do programa FITOPAC 2.1 (Shepherd, 2010). Foi elaborada a análise do relevo através de cenas de radar orbital SRTM, com resolução espacial 90x90 e software Arcgis 10.2, com auxílio da ferramenta Create TIN. Resultados e discussão -1 -1 Foram amostrados 393 indivíduos de P. cachimboensis, sendo 313 ind.ha e área basal de 1,59 m².ha -1 -1 (DA de 2,66) no Cerrado Rupestre, 80 ind.ha e área basal de 0,37 m². ha (DA 0,62) na Campinarana, denotando preferência da espécie por áreas de afloramentos rochosos. A altitude variou entre 366 a 432 m em ambas as áreas, corroborando com os dados de Maracahipes et al. (2011) e diferindo dos demais autores (Amaral et al., 2006; Moura et al., 2007; Lima et al., 2010), que relatam que a altitude da área está acima de 700m. Altura média dos indivíduos foi de 2,39m no Cerrado Rupestre, sendo registrado o maior número de indivíduos na terceira classe (2,17 – 3,19m) com 91 indivíduos, seguida pela primeira classe (0,1 – 1,13m) representada por 75 indivíduos e a segunda classe (1,14 – 2,16m) com 67 indivíduos. Na Campinarana, os indivíduos apresentaram altura média de 1,75 m, com maior número de indivíduos na primeira classe (0,1 – 1,13) e segunda classe (1,14 – 2,16), com 28 indivíduos em cada. A terceira classe (2,17 – 3,19m) apresentou 14 indivíduos, indicando que a espécie apresentou maior número de indivíduos de pequeno porte no Cerrado Rupestre. A Altura mínima encontrada no Cerrado Rupestre foi de 0,14 m e na Campinarana 0,07 m e máxima de 10 m e 5,30 m, respectivamente. Ambas as áreas obtiveram altura máxima acima das descrições morfológicas da planta desta espécie registradas por Hopkins (1982) e Sasaki (2010). Segundo essas autoras, a espécie P. cachimboensis é um arbusto ou arvoreta que apresenta de 4 m à 5 m de altura, diferindo do encontrado nesse trabalho. O cerrado rupestre apresentou maior número de indivíduos na terceira classe de altura (2,17m a 3,19m), com a média de 2,39 m de altura. A população de P. cachimboensis na fitofisionomia de Cerrado Rupestre apresenta maior número de indivíduos jovens encaminhado para as classes intermediárias, enquanto na Campinarana houve predominância de indivíduos na primeira classe (0,1m a 1,13m) e também na segunda classe (1,14m – 2,16m), com a média de 1,75 m de altura, revelando a presença de muitas plântulas. Segundo Miranda et al. (2007), esse padrão indica uma taxa de recrutamento maior do que a de mortalidade e que as duas populações, assim distribuídas, apresentam um potencial autorregenerativo. Segundo Bernasol & LimaRibeiro (2010), o fogo é um dos fatores que determinam a densidade de plantas no cerrado, além de patógenos, ataques herbívoros, competição entre plântulas e indivíduos adultos. Portanto, as duas áreas apresentaram vestígios de passagem de fogo e esse pode ser o motivo que explica o fato das duas

333

Scientific Electronic Archives: Especial Edition Anais do XI Encontro de Botânicos do Centro-Oeste _____________________________________________________________________________ populações de P. cachimboensis estarem representadas com maior número de indivíduos nas classes iniciais de altura. Contudo, nas duas fitofisionomias há representantes em todas classes, indicando a manutenção da população em ambos os ambientes. Conclusão A estrutura na Campinarana encontra-se nos limites inferior de densidade e área basal, em comparação com a amostragem diamétrica e vertical com a área Cerrado Rupestre. Esse fato pode indicar que P. cachimboensis tem preferências por áreas com a presença de afloramento rochosos. Referências AMARAL, A.G., PEREIRA, F.F.O., MUNHOZ, C.B.R. Fitossociologia de uma área de cerrado rupestre na fazenda sucupira, Brasília – DF. Revista Cerne 12(4): 350-359, 2006. BERNASOL, W.P., LIMA-RIBEIRO, M.S. Estrutura espacial e diamétrica de espécies arbóreas e seus condicionantes em um fragmento de Cerrado sentido restrito no sudoeste goiano. Revista Hoehnea 37(2): 181-198, 2010. BEZERRA, J.F. Solo: Substrato da Vida. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, DF. Brasília. Editora Embrapa, p.156, 2006. HOPKINS, H.C. Three new species of Parkia (Leguminosae: Mimosoideae) from tropical South America. Brittonia 34(3): 346-350, 1982. HUTCHINGS, M.J. The structure of plant populations. In: Crawley MJ Plant ecology. Oxford: Blackwell Science, p. 325-358. 1997. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=510025

E

ESTATÍSTICA

(IBGE).

Censo

2007.

LIMA, T.A., PINTO, J.R.R., LENZA, E., PINTO, A.S. Florística e estrutura da vegetação arbustivo-arbórea em uma área de cerrado rupestre no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas, Goiás. Biota Neotrop. 10(2): 2010. http://www.biotaneotropica.org.br/v10n2/pt/abstract?article+bn04010022010. FLORA DO BRASIL 2020 http://floradobrasil.jbrj.gov.br/

em

construção.

Jardim

Botânico

do

Rio

de

Janeiro.

2016.

MARACAHIPES, L., LENZA, E., MARIMON, B.S., OLIVEIRA, E.A., PINTO, J.R.R., MARIMON JR., B.H. Estrutura e composição florística da vegetação lenhosa em cerrado rupestre na transição Cerrado-Floresta Amazônica, Mato Grosso, Brasil. Biota Neotrop. 11(1): bn0211 101. 2011. MARQUES, M.C.M., JOLY, C.A. Estrutura e dinâmica de uma população de Calophyllum brasiliense Camb. em floresta higrófita do sudoeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica 23(1) 107-112, 2000. MOURA, I.O., GOMES-KLEIN, V.L., FELFILI, J.M., FERREIRA, H.D. Fitossociologia da comunidade lenhosa de uma área de cerrado rupestre no Parque Estadual dos Pireneus, Pirenópolis, Goiás. Revista de Biologia Neotropical 4:83-100, 2007. RIBEIRO, J.F., WALTER, B.M.T. As principais fitofisionomias do bioma cerrado. In: Sano SM, Almeida SP, Ribeiro JF (Ed.) Cerrado: ecologia e flora. p. 151-212. Brasília-DF: Embrapa Informação Tecnológica. 2008. SASAKI, D., ZAPPI, D., MILLIKEN, W., HENICKA, G.S., PIVA, J.H. Vegetação e plantas do Cristalino: Um Manual. Alta Floresta, Mato Grosso: Royal Botanic Gardens, Kew/ Fundação Ecológica Cristalino. p. 128. 2010. SHEPHERD, G.J. Fitopac 2.1. Manual do usuário. Campinas: UNICAMP. 2010. ZAPPI, D.C., SASAKI, D., MILLIKEN, W., IVA, J., HENICKA, G.S., BIGGS, N., FRISBY, S. Plantas Vasculares da Região do Parque Estadual do Cristalino, Norte de Mato Grosso, Brasil. Acta Amazônica 41(1) 29-30, 2011.

334

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.