ESTUDO 03 - SERMÃO DO MONTE - OS HUMILDES DE ESPÍRITO – DEPENDÊNCIA DE DEUS (MT 5.3)

July 23, 2017 | Autor: Antônio de Pádua | Categoria: Teologia biblica
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ESTUDO 03 – OS HUMILDES DE ESPÍRITO – DEPENDÊNCIA DE DEUS (MT 5.3) INTRODUÇÃO A idéia que domina o mundo do nosso tempo é – “você precisa confiar em si mesmo”. Os livros mais vendidos na atualidade são os que ajudam as pessoas a desenvolver uma auto-imagem positiva – você precisa despertar o deus que existe dentro de você. 1 Até mesmo os evangélicos cantam: “você tem valor” – o lema é “chega de baixa estima, chega de falar em pecado, falemos de prosperidade, falemos de realizações e feitos poderosos”. Para o mundo, os felizes (bem-aventurados) são os ricos, os que nunca precisam chorar, os valentes, os que aproveitam á vida, os que nunca precisam abrir mão de coisa alguma. O desafio de Jesus nesta bem-aventurança é bem diferente. I. OS HUMILDES DE ESPÍRITO - CONCEITOS Em sua versão, o evangelista Lucas diz simplesmente – “os pobres” (Lc 6.20). Não há diferença entre os “humildes” de Mateus e os “pobres” de Lucas. Há duas palavras no grego para “pobres” ou humildes”.2 a) Penes – esta palavra descreve o homem que precisa trabalhar para ganhar o pão. Ele trabalha para suprir as suas próprias necessidades. Portanto, esta não é a palavra usada por Jesus. b) Ptochos – Fala do homem que não tem absolutamente nada. Esta é a palavra usada neste texto. Não poderia haver uma frase mais chocante para os ouvintes de Jesus, pois entendemos que as bênçãos ou felicidade estão inseparavelmente ligadas a prosperidade material. Surge então a grande questão – “como uma pessoa pode ser pobre e feliz ao mesmo tempo?”. Mas será que Jesus referia-se aos pobres no sentido social? Alguns têm sustentado que sim. Mas a partir do texto não é possível manter tal idéia. Quando Jesus disse que os pobres eram bem aventurados não estava pensando nos pobres no sentido social, mas nos pobres de espírito. Portanto, a palavra “pobre” passou a ter o sentido de uma humilde dependência de Deus. 3 II. OS HUMILDES DE ESPÍRITO – QUEM SÃO? O que significa ser humilde de espírito? No sentido exato da palavra, é alguém que não tem absolutamente nada. É alguém completamente incapaz de manter-se por si mesmo. Ele necessita de ajuda externa. Ser pobre de espírito é reconhecer nossa absoluta pobreza, ou como disse Jonh Stott – “nossa falência espiritual diante de Deus, pois somos pecadores, sob a santa ira de Deus”. 4 1

GODEFROY, Christian H. O Poder da mente. São Paulo, SP: Editora Novos Rumos, 2010 RIENECKER, Fritz & ROGERS, Cleon. Chave Lingüística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida Nova.1995. 3 RICHARDS, L. O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed., Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2007. 4 STOTT, John. A Mensagem do Sermão do Monte: Contracultura Cristã. São Paulo: ABU Editora, 2008, p. 28. 2

Pobres de espírito são aqueles que tornaram-se consciente de sua miséria e necessidade. a) seu velho orgulho foi quebrado, puseram-se a clamar por Deus, Lc 18.13. b) São de um espírito contrito e temente a Deus, Is 57.15 c) perceberam sua total miséria, Rm 7.14 d) Não esperam nada de si mesmo (auto-suficiência); esperam tudo de Deus. O mais rico deles (materialmente falando) ainda confessa: “miserável homem que sou!”. Não tem nada a ver com a pobreza material, embora a maioria deles seja pobre de bens materiais. Há pobres de bens terrenos que são mais orgulhosos que muitos ricos. Wiilian Barclay parafraseia a primeira bem-aventurança de modo desafiador – “Bem aventurado o homem que reconhece sua própria debilidade extrema e confia exclusivamente em Deus”. 5 III. OS HUMILDES DE ESPÍRITO – SUAS EVIDÊNCIAS As manifestações da humildade de espírito são observados através da Palavra de Deus através de três valores que deve transparecer: 1. A verdadeira humildade exalta o próximo, Fp 2.3-4 - A humildade nada mais é do que a manifestação plena e perfeita do amor cristão, que é amar ao próximo acima de si mesmo além de preocupar-se egoisticamente com seus próprios interesses, Mt 23.12. 2. A verdadeira humildade exalta a graça de Deus, I Co 15.9-10. – A verdadeira humildade confere à graça de Deus o devido valor quando esta transforma vidas e atitudes. 3. A verdadeira humildade é exaltada por Deus, I Pe 5.5-6 – O verdadeiro sentido de humildade cristã é exaltada por Deus, ao passo que o orgulho tem a queda como sua conseqüência, Pv 16.18-19. O evangelista João registra um exemplo excelente de humildade de espírito quando este colocou água numa bacia e lavou os pés dos discípulos, Jo 13.2-11. IV. HUMILDES DE ESPÍRITO – SUA RECOMPENSA O reconhecimento de pobreza espiritual é a condição indispensável para receber o Reino dos Céus. O que Jesus enfatiza é que o Reino dos Céus é oferecido somente aqueles que são humildes de espírito. Isso significa que ricos de Espírito e os soberbos não têm acesso à comunhão com Deus, nem agora, nem no futuro, Lc 18.9-14. Orlando Boyer escreveu – “Os grandes, com aparente grandeza de espírito recebem a homenagem dos reinos da terra. Mas as almas humildes mansas e submissas recebem a glória do Reino dos Céus”.6 PARA CONCLUIR Portanto, os mais felizes, em primeiro lugar, de acordo com o Senhor Jesus, são os pobres ou humildes de Espírito. Eles não são felizes por ser pobres, mas pelo reconhecimento de sua pobreza espiritual. O fato de reconhecerem que não possuem nenhum mérito e nenhuma vantagem pessoal faz com que recebam da parte de Deus o próprio reino dos céus, II Co 6.10. Ser pobre em espírito é uma característica exclusiva do cristão.

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BARKLEY, William. Mateus - Comentário Bíblico (The Gospel of Matthew). Buenos Aires: Ediciones La Aurora,1984. BOYER, Orlando, Mateus: O Evangelho do Rei, Rio de Janeiro: Emprevan Editora, 1969.

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