Estudo Bíblico: Atos 16.1-15 - CONDUZIDOS PELO DEUS DO “CAMINHO”

May 31, 2017 | Autor: A. Stahlhoefer | Categoria: New Testament, New testament exegesis, Bible Study
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Estudo nº 19 – atos dos apóstolos 16.1-15
conduzidos pelo deus do "caminho"

Alexander De Bona Stahlhoefer
No livro de Atos os cristãos foram chamados inicialmente de "os do caminho". A primeira parte deste capítulo trata de situações vivenciadas por Paulo e demais companheiros à caminho da sua segunda viagem missionária. A fé naquele que é o único caminho para Deus conduziu o caminho daqueles discípulos que se mantiveram à caminho de discernir a vontade de Deus.
Timóteo a caminho da missão de Deus (vv.1-5)
Paulo e Silas chegam à Derbe e Listra. Não é a primeira vez que estão ali, já havia passado por estas cidades evangelizando, quando antes estiveram na Panfília e Frigia (At 14.8ss). Estão ali para fortalecer os irmãos e ver como está a obra do Senhor (At 14.22, cf. 15.36). Em Listra encontram um jovem adulto, Timóteo. Por ascendência materna judeu, mas por parte de pai um grego. Não era circuncidado, talvez por ser considerado um "bastardo" pelos judeus, pois era filho de um casamento ilícito (Ed 10.2). Porém, havia recebido instrução na fé cristã por parte de sua mãe Eunice e de sua avó Loide (2Tm 1.5). Tal ensinamento o capacitou para assumir uma função que exigia coragem no testemunho (cf. 2Tm 1.7s). Suas atitudes coerentes com a fé evangélica e seu serviço ativo na obra eram bem conhecidos entre todos os irmãos nas cidades vizinhas (v. 2).
Seu caminho ao lado de Paulo e demais companheiros no ministério não seria fácil. Quantos judeus poderiam acusa-lo de não ser circuncidado? Outros poderiam desacreditar todo o ministério de Paulo por sua falta de compromisso com o cristianismo judaico. Paulo não está com medo da perseguição judaica, muito menos tem "duas caras". Ele sabe que a circuncisão compromete a pessoa com a lei judaica (Gl 5.3). Porém, tendo em vista o progresso na pregação do Evangelho entre os judeus é necessário "proceder como um judeu entre os judeus" (1Co 9.20). Para que um judeu ouvisse a pregação de Timóteo era necessário que este fosse plenamente judeu. Porém um pagão não teria tal necessidade. Por este motivo a circuncisão traria benefícios ao ministério de Timóteo, e não empecilhos.
A questão judaica era de fato importante, tanto que o Concílio de Jerusalém havia recentemente se reunido para deliberar a respeito do cumprimento da lei judaica por parte dos convertidos à fé cristã. Estas deliberações foram transmitidas em primeira mão por Silas, enviado pelo Concílio nesta tarefa. O pedido de que se abstivessem da carne sacrificada aos ídolos e da imoralidade sexual não foi um peso para estas comunidades, pelo contrário, foram "fortalecidas na fé e cresciam em número a cada dia". Não é necessário negociar a verdade em prol do crescimento numérico. Comunidades que vivem numa fé obediente crescem à medida que o Senhor acrescenta novos convertidos (At 2.47).
Diálogo
Sua comunidade está observando o bom procedimento e o serviço de seus jovens de forma a poder enviar missionários para novos campos, tal como Paulo fez com Timóteo?
Dependendo de onde formos viver precisamos nos submeter a outras formas de cultura para poder pregar o Evangelho. Até onde podemos ceder sem negociar a verdade do Evangelho?

Quais são os caminhos de Deus? (vv.5-10)
Longas estradas e muitas cidades estão no caminho de Paulo, Silas e do jovem Timóteo. O que os espera a frente? Onde irão pregar o Evangelho? Em nossa lógica iriamos escolher um centro urbano estratégico e mapear a região. Tentar verificar as cidades de maior importância e que estivessem no mesmo caminho. Desta forma poderíamos concentrar esforços de forma a iniciar igrejas em locais estratégicos. A ideia parece muito boa. E de fato algum planejamento foi feito por Paulo. Parece que seus planos eram de levar o Evangelho para o norte até à Misia, no caminho passariam por partes da Pisídia e Frigia, Galácia, Bitínia, Ásia e Misia. Algo estava na mente dos servos do Senhor. Porém algo acontece que aparentemente não cabe dentro das nossas concepções modernas de avanço missionário: o Espírito Santo os impede de pregar a palavra na Ásia (v. 6). E mais uma vez o Espirito de Jesus os impediu de entrar na Bitínia (v. 7).
Estando em Trôade algo acontece que os surpreende pela manhã. Paulo teve uma visão de um homem da Macedônia pedindo ajuda. Ora, a Macedônia era nada mais nada menos que ao norte da Grécia. Paulo e seus companheiros planejaram pregar o evangelho nas regiões vizinhas, indo um passo de cada vez rumo a afamada Grécia. E agora, em visão, a Macedonia pede ajuda?
Ali em Trôade, Lucas junta-se ao grupo (no v.10 há uma mudança de narrador, da terceira pessoa do singular para a primeira do plural). A conclusão de todos é simples: soma-se os fatos de que não foi pessoal pregar onde planejado com a visão de uma macedônio pedindo ajuda, fica claro que Deus tem um plano muito maior do que aquele que originalmente as mentes humanas cogitaram.
Diálogo
Costumamos fazer planos e depois pedir que Deus os abençoe. Será que orientação de Deus necessariamente significa que não podemos fazer planos (cf. Pv 16.1,9)?

Uma nova estrada se abre (vv.11-15)
Após a revelação da vontade de Deus, o grupo de missionários não espera. Claro que naquela época tomar um navio para atravessar o mar não era como comprar um bilhete de ônibus hoje. Porém o Senhor tem um propósito e com isto permite uma viagem segura e rápida até Filipos. Ali eles permanecem por alguns dias. Possivelmente neste primeiro momento tomaram conhecimento da grande e importante cidade. Agora eles estão na Europa! Filipos é uma cidade autônoma naquela província, de grande importância para toda a região. Possivelmente há um bom número de judeus ali, porém não há referencias a uma sinagoga. Paulo então procura um lugar de oração no sábado. Ele deseja se encontrar com judeus para anuncia o evangelho. Bem que Paulo faz indo ao rio que passa perto da cidade, pois os judeus necessitavam da água para os rituais de purificação (cf. a prática no Sl 137.1). Não encontram um mestre ensinando, tão somente algumas mulheres. Uma delas é "temente a Deus", i.é, uma gentia que crê no Deus de Israel. Possivelmente era também rica, mas muito devotada ao trabalho. Ela vende púrpura, um tecido luxuoso, e dali provém o seu sustento. Também possui escravos, uma referencia "aos de sua casa" (v. 15).
A Igreja Cristã tem seu inicio na Europa com uma mulher gentia, rica e que teme ao Deus de Israel. Que futuro terá esta Igreja? Como ir adiante apenas com algumas mulheres (v. 13)? Deus não vê a aparência exterior. Pouco importa a opinião das pessoas quando há o propósito de Deus. Lidia ouve a mensagem dia após dia (v.14a), o Senhor abre o seu coração (v. 14b) por meio da sua graça. E desta forma Lidia pode aderir ao ensino de Jesus. Após seu batismo e de toda a sua casa (provavelmente servos) esta mulher dispõe de toda a sua vida e seus recursos para o Senhor. Ela insiste com o grupo de missionários que fiquem em sua casa. A principio parece que o grupo não desejava assim. Porém ela insiste, e os convence. O caminho que conduziu Paulo e seus colegas até Filipos foi cheio de voltas, porém certeiro aos olhos de Deus. A partir da vivencia de Paulo nesta casa em Filipos o apóstolo poderá dizer "alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se!" (Fp 4.4).
Diálogo
Um começo pequeno não significa que Deus não possa fazer um grande obra. Que pequenas coisas Deus espera de nós?

Conclusão

Não são os planos de Paulo, sua perspicácia e dedicação, sua sabedoria e discernimento, nem sua devoção que fazem dele um grande missionário. É tão somente a graça de Deus que transforma um judeu adepto do farisaísmo em alguém que se lança num caminho sem volta, numa estrada tortuosa e sem garantias seguindo o mestre Jesus. Quando pensamos nos "empreendimentos missionários" pensamos nas garantias que precisamos oferecer e nos resultados que queremos obter. Mas o Senhor nos surpreende e nem sempre aquilo que é o lógico e o óbvio é necessariamente o que Deus quer.
Referências Bibliográficas
WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Atos. São Paulo: Vida, 1996.
DE BOOR, Werner. Comentário Esperança: Atos dos Apóstolos. Curitiba: Esperança, 2002.





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