Estudo Biblico: Juízes 11.1-40 - Jefté livra os israelitas e o voto de Jefté

May 31, 2017 | Autor: A. Stahlhoefer | Categoria: Old Testament, Bible Study, Old Testament Exegesis
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ESTUDO Nº 15
JUIZES 11.1-40 - Jefté livra os israelitas e o voto de Jefté
Alexander De Bona Stahlhoefer

Introdução
A história se repete em Israel: após Deus mostrar sua fidelidade
através da libertação do seu povo, este cai na tentação da idolatria.
Preferem dar ouvidos aos seus vizinhos e se esquecem dos atos de amor de
Deus. Mais uma vez abandonam a verdadeira fé e correm como cegos atrás do
que nada pode lhes dar. A conseqüência é dura, a ruína é grande. Agora mais
uma vez o povo clama a Deus, porém desta vez recebe primeiro a repreensão e
só depois o perdão e a libertação através de Jefté.


1) Jefté, de filho rejeitado à líder em Israel (v.1-28)
a) A origem não define o destino (v.1-3)
Jefté, homem corajoso, é filho de uma prostituta. Ele não pode herdar
os bens da família pois fora expulso pela esposa de seu pai. Já conhecemos
uma história semelhante, a de Abimeleque. Seria Jefté "predestinado" a ser
ganancioso e egoísta como Abimeleque, por causa do conflito famliar? Num
primeiro momento pode até parecer que sim, pois também se ajuntam a Jefté
homens mau intencionados e desocupados, que lhe servem como um pequeno
exército mercenário.
b) Não só comandante, mas também o cabeça (v.4-11)
Não fica claro qual a razão para os líderes de Gileade convocarem
Jefté para lhes auxiliar. O v.4 relata um ataque de Amom contra Israel.
Parece-nos que Israel estava enfraquecido e buscou apoio de Jefté para
fortalecer a sua defesa. A primeira proposta feita à Jefté foi a de assumir
a função de comandante militar (NVI, cf. Js 10.24 = capitão). A oferta não
o convence. Ele questiona os interesses dos líderes gileaditas, que após
apoiarem sua expulsão, retornam pedindo ajuda.
Jefté faz uma contraproposta: se é para ser comandante do exercito,
então também a liderança política de Israel precisa estar inclusa no
pacote. Os líderes de Gileade aceitam a contraposta de Jefté e se
comprometem perante o Senhor em cumpri-la. Da mesma forma Jefté se
compromete perante o Senhor e foi pelo povo aclamado como líder.

2) Uma tentativa diplomática (v.12-28)
O primeiro ato de Jefté como líder de Israel é uma tentativa de
conciliação pacífica com os amonitas. Jefté sabe que guerras trazem perdas
para ambos os lados, além dos custos despedidos nela. É mais sábio negociar
uma saída. Para tanto ele relembra o rei de Amom da historia de Israel e de
como seu povo 300 anos antes havia ali se estabelecido. Amom reivindica
para si a posse das terras que anteriormente pertenceram aos amorreus, e
que foram tomadas por Israel. Se de fato Amom tinha direitos sobre esta
terra porque não a reivindicou 300 anos atrás? Por fim, Jefté clama ao
Senhor para que seja juíz entre os dois povos e que conceda vitória àquele
que está agindo conforme o direito e a justiça. Amom porém, não dá ouvidos
à defesa de Jefté.

3) O voto de Jefté (v.29-40)
Jefté inicia sua campanha militar contra os amonitas guiado pelo
Espírito de Deus. Note que o Espírito Santo atua em Jefté para lhe conceder
a vitória, enquanto que para Abimeleque Deus envia um espírito mau que
promove a derrota deste (9.23). Como demonstração de fidelidade e submissão
ele faz um voto, algo comum à época. Em Gn 28.20-21 Jacó faz um voto, que
mais tarde em Gn 31.13 será cobrado por Deus. A Lei de Moisés prevê os
votos e como eles devem ser feitos em Lv 22.21. Era comum que o voto
acompanhava uma oferta, especificamente, um sacrifício de um animal. Até
mesmo Paulo fez um voto (At 18.18). Os votos eram aceitos como pratica
espiritual, porém seu cumprimento era exigido, uma vez que o voto
simbolizava a fidelidade de quem o empenhava. Se você não tem a intenção ou
força para cumprir, então não faça voto algum, ensina Ec 5.4-5.
O voto de Jefté consistia em sacrificar a primeira pessoa/animal que
saísse à porta de sua casa quando ele voltasse vitorioso. Ao retornar da
batalha com sucesso, Jefté vê a filha saindo por primeiro à porta da casa e
louvando pela vitória. Ele percebe com grande tristeza e dor que sua filha
terá que ser sacrificada para cumprir o voto. Como compreender um
sacrifício humano oferecido a Deus?
Deus havia solicitado algo assim de Abraão, porém impediu o mesmo de
cumprir o voto, e salvou a vida de Isaque diante do sacrifício iminente (Gn
22). A Lei de Moisés, entretanto, abomina o sacrifico humano (Dt 12.31).
O que fica claro é que Jefté transgrediu a lei mosaica e fez um voto
contrario à vontade de Deus (cf. entende também Flavio Josefo), o qual no
final teve de cumprir. Sua fidelidade custou a vida da filha e a
continuidade da sua familia. A conseqüência do ato impensado de Jefté
refletiu gravemente dentro da família. Não por último, foi esta quem mais
sofreu com o voto. Um voto não aparado nas Escritura é portanto muito
perigoso (João Crisóstomo).
A filha de Jefté, apesar da tristeza e dos dois meses de luto por sua
vida e por sua impossibilidade de casar-se, recebe a sentença sobre si
mesma. Ela assume o voto do pai e cumpre a Palavra deste. Ela dá-se a si
mesma em favor da honra de seu pai. É nesta perspectiva que Agostinho vê
Cristo prefigurado na história da filha de Jefté. E talvez, seja esta a
única interpretação positiva possível deste episódio.


Perguntas para reflexão:
1) É correto julgar o conteúdo do produto pelo rótulo da embalagem? Quais
as diferenças entre Abimeleque e Jefté até este trecho da história?
2) Você tem buscado resolver conflitos por meio do diálogo e de forma
pacífica? Lembre-se da recomendação de Paulo para uma solução amigável de
conflitos, antes de partires para um tribunal comum (1Co 6.1-6).
3) O voto, ou a promessa, ainda pode ter lugar na nossa relação com Deus
hoje? Quais as possíveis conseqüências decorrentes de um compromisso
impensado? Que tipo de sacrifício agrada a Deus?




Bibliografia
Bíblia de Estudo Nova Versão Internacional, Vida Nova,
GROß, Walter. Richter. (HThKAT)Freiburg, Herder, 2009.
MARCOS, Natalio Fernándes. Biblia Hebraica Quinta: Judges. Stuttgart,
Deustsche Bibelgesellschaft, 2011.
RENDTORFF, Rolf. Theologie des Alten Testaments: ein kanonischer
Entwurf. Neukirchen-Vluyn: Neukirchner Verlag, 1999, vol. 1.
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