Estudo Bíblico: Salmo 8 - Quem é o ser humano diante de deus

May 31, 2017 | Autor: A. Stahlhoefer | Categoria: Old Testament, Bible Study, Old Testament Exegesis
Share Embed


Descrição do Produto

Estudo nº 2 – salmo 8
Quem é o ser humano diante de deus?

Alexander De Bona Stahlhoefer
O Salmo 8 louva a Deus o criador e ao mesmo tempo apresenta o ser humano como a coroa da sua criação. Seria a coroação do ser humano algo em que ele devesse se apegar?
Louvor a Glória de Deus (vv.1a, 9)
Este salmo é iniciado e concluído com a mesma frase de louvor a Deus: "Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome!". O nome de Deus (ARA: SENHOR; BJ: Iahweh) é glorificado como presença de Deus. O nome de Deus não é apenas uma ideia abstrata, uma qualidade, ou uma designação para alguém outro. O nome, assim como a glória, é a presença ativa de Deus (Is 30.27; Dt 12.5). Esta presença de Deus é claramente demonstrada pelo salmista ao dizer "Senhor nosso". Schökel traduziu "dono nosso", indicando que nós somos propriedade de Deus, e que Ele é Senhor nosso. Ao chamar Deus de "Senhor nosso" e nomeá-lo de SENHOR (Iahweh) não domamos a Deus, não o tornamos em nossa propriedade particular, antes somos feitos por Ele em propriedade exclusiva dele mesmo.
Diálogo
Na história do Cristianismo, muitos mataram e cometeram atrocidades em nome de Deus (Cruzadas na Idade Média; Guerra entre Católicos e Protestantes na Europa; Conflitos atuais na África e Oriente Médio). Diante destas histórias, dizer que Deus é "Senhor nosso" seria prepotência? Somos donos de Deus?
Facilmente dizemos que Jesus é nosso Salvador. Você reconhece a Deus como Senhor? Como "nosso dono"?

A majestade no céu (vv.1b-4)
Céu é ao mesmo tempo o céu físico, onde estão os astros celestes, e o céu como morada de Deus. O Salmo 8 refere-se ao céu físico como obra dos dedos de Deus, firmado e alicerçado pelo próprio criador. A grandeza do céu, a sua infindável quantidade de estrelas, os astros maiores (sol e lua) revelam a majestade do criador. Porém a glória de Deus está além da terra e céu (Sl 148.13). O salmista ao olhar para as obras da criação, repetidas vezes atesta a glória de Deus, com a qual ele se veste (Sl 145, Sl 104).
Muitos se recusam a reconhecer a majestade de Deus sobre a criação. Os inimigos e adversários de Deus se emudecem diante da confissão singela e inocente das crianças. O poder de Deus se manifesta em humildade e pequenez. O que o mundo em sua sabedoria e inteligência considerou fraco e incapaz, Deus o fez força e louvor (cf. Mt 21.16, seguindo a tradução da Septuginta).
Diálogo
Diante da glória e majestade de Deus, que é o ser humano? Que importância ele tem para Deus?
Qual é o lugar do ser humano diante de Deus?

O domínio na terra (vv.5-8)
O v. 4 colocou a questão para nosso diálogo sobre a importância do homem diante de Deus e sobre sua esfera de ação na criação. Note que nos primeiros versículos que falam do céu e da majestade de Deus, o ser humano apenas contempla e confessa. O céu, enquanto habitação de Deus, não é o âmbito de atuação do ser humano. O céu de Deus não é acessível para o ser humano aqui na terra. A glória e majestade de Deus no céu revelam uma diferença substancial entre Deus e o homem. Deus habita nos altos céus, mas nem por isto deixa de dar testemunho na terra que criou. Ao ser humano criado da terra pelo Deus dos céus compete o cuidado com a criação, o domínio sobre aquilo que é tangível (tudo que habita e vive na água, terra, e ar).
Entretanto o v.5 diferencia o ser humano de Deus e do restante dos seres vivos da criação. Deus o fez um pouco menor do que "seres celestiais", ou "Deus". Este versículo pode ser lido paralelamente a Gn 1.26, onde o ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus. O que deve ser ressaltado é a glória e honra concedida ao ser humano. Todo homem e mulher criados por Deus são dignos e amados por Ele. Todo tipo de desrespeito, agressão, violação a vida humana é uma agressão à honra e dignidade de Deus, que a criou. A posição de destaque dado ao ser humano, por sua vez, não é motivo para que este se coloque como juiz da criação, utilizando-a de formas descabidas, sem sabedoria, como se esta fosse menos criação de Deus. O domínio da terra não pode ser compreendido como escravidão da terra, do ar, e dos seres vivos em geral, pois roda a criação é considerada por Deus como boa. O domínio implica em responsabilidade. Dos cristãos se espera uma atitude diferenciada com relação à criação, como indica Paulo em Rm 8.22-23 "a criação (...) geme e suporta angústias (...) igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção de nosso corpo". Tanto o ser humano quanto a criação suportam as dores da maldade e do pecado. Porém o cristão é nova criação (2Co 5.17) e se espera dele que tenha especial cuidado com tudo que Deus criou.
Diálogo
O teólogo Eugen Drewermann disse que Gn 1.28 "enchei a terra, sujeitai-a e dominai-a" é o versículo mais levado ao pé-da-letra nos últimos séculos. Domínio implica em responsabilidade. O que você e sua comunidade tem feito pela preservação da criação?
O ser humano é digno por ser criado por Deus. Faça uma autoanálise: você tem discriminado pessoas de outras religiões? Tem feito piadas de pessoas de outras etnias? Qual é o nosso desafio em relação as pessoas que são maltratadas pela sociedade?

Conclusão
O louvor a Deus nos conduz a adoração prática no dia-a-dia. Paulo nos ensinou a prestarmos culto espiritual com nosso corpo (Rm 12.1-2). O Deus que adoramos como "nosso dono", como salvador em Cristo Jesus, como criador e mantenedor da vida, é o mesmo Deus que nos concedeu a honra de sermos imagem e semelhança sua. É uma grande responsabilidade. E para nós cristãos, o cuidado com a criação sempre será uma tarefa espiritual.

Referências Bibliográficas
KEIL, C. F., DELITZSCH, F. Commentary on the Old Testament: Psalms. Vol. 5. Grand Rapids: William B. Eerdmans, 1970.
SCHÖKEL, Luis Alonso, CARNITI, Cecília. Salmos I (Sl 1-72): Tradução, introdução e comentário. São Paulo: Paulus, 1996
KIDNER, Derek. Salmos 1-72: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, Mundo Cristão, 1980.
WEISER, Artur. Os Salmos. São Paulo: Paulus, 1994.
CRAIGIE, Peter C. Word Biblical Commentary: Psalms 1-50. Vol. 19. Dallas: Word Books, 1983.
DUNN, James D. G. A teologia do apóstolo Paulo. São Paulo: Paulus, 2003.
HARRIS, R. L., ARCHER, G. L. WALTKE, B. K. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998







Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.