Estudo da modelagem dinâmica de um circuito RLC
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Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Pato Branco Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica AS01PG - Análise de Sistemas Lineares
Estudo de um sistema de segunda ordem: Circuito RLC
Allan Gregori de Castro
22 de abril de 2015
1
1
Objetivo O objetivo deste trabalho é apresentar diferentes abordagens de modelagem de um circuito
de segunda ordem RLC. Dentre as abordagens possíveis serão apresentadas:
análise por
diagrama de blocos em software Simulink; análise por função de transferência; e análise por sistemas de equações em espaço de estados. As respostas da análise destes modelos é comparada à simulação no software PSIM.
2
Sistema a ser Analisado O circuito de segunda ordem RLC considerado está mostrado na gura 1. Com base nele
serão feitas simulações de seu comportamento nas seções seguintes.
L = 0, 5mH +
iL(t)
Vi (t)
C = 35µF
R = 10Ω −
− Figura 1:
2.1
+
+
Vo (t) −
Circuito do motor de indução trifásico.
Simulação do circuito no PSIM
A obtenção do comportamento dinâmico do circuito pode ser obtida com a simulação do circuito no software PSIM. A gura 2 apresenta o circuito da gura 1 esquematizado no software PSIM. O comportamento dinâmico da tensão de saída na entrada
Vi (t)
Vo (t) para uma degrau unitário de tensão
está mostrado na gura 3. O resultado da gura 3 será comparado aos re-
sultados obtidos pelas diferentes abordagens de modelagem do circuito das secções seguintes.
2
Figura 2: Circuito esquematizado no software PSIM para simulação da resposta ao degrau de tensão
Vi (t).
Resposta ao degrau do circuito RLC
Vi (t) Vo (t)
1.4
Tensão [V]
1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 −1
0
1
2
3
4 ·10−3
Tempo [s] Figura 3:
Comportamento dinâmico da tensão de saída conforme simulação no PSIM do
circuito RLC.
3
2.2
Equação dinâmica do Circuito
A tensão de saída do circuito
Vo (t)
é a variável de interesse da análise. Essa tensão pode
ser expressa por
Vo (t) = Vi (t) − VL (t) onde
VL (t)
é a tensão sobre o indutor
L.
Expandindo a tensão no indutor para
Vo (t) = Vi (t) − L Pela lei de Kircho das correntes, a corrente no resistor
iR (t) = Vo (t)/R
R
e
iC (t)
(1)
iL (t)
diL (t) . dt
(2)
pode ser expressa por
C. iC (t) = C.dVo (t)/dt,
é a corrente no capacitor
e a corrente no capacitor
L diLdt(t) ,
iR (t) + iC (t),
onde
iR (t)
é
Sendo a corrente no resistor então a o balanço de tensões
da equação 2 se torna
d Vo (t) = Vi (t) − L dt
dVo (t) Vo (t) +C R dt
.
(3)
Assumindo a notação de derivada temporal pelo sobrescrito ( ˙ ) e organizando apropriadamente a equação 3 tem-se
1 1 1 ˙ Vo (t) + Vo (t) − Vi (t) = 0 V¨o (t) + RC LC LC
(4)
A equação dinâmica 4 da tensão de saída do circuito será estudada nas formas descrita nas seções seguintes.
2.3
Diagrama de Blocos
A equação 4 pode ser reescrita na forma
1 ˙ 1 1 V¨o (t) = − Vo (t) − Vo (t) + Vi (t) = 0 RC LC LC
(5)
A equação 5 pode ser facilmente implementada, para simulação, na forma de diagrama de blocos elementares no ambiente Simulink do na gura 4. Na gura 4 os blocos
To Workspace
manipulação no
Tensão de Entrada
e
software
Tensão de saída
com a função de exportar os vetores
workspace
Vi (t)
Variable Name
e
são blocos denominados
Vo (t),
respectivamente, para
do MATLAB. Na janela de parâmetros desses blocos é preciso
escolher o armazenamento da variável medida no formato
MATLAB, conforme apresentado
array
e deve-se denir no campo
o nome com o qual a variável será salva.
Com base no diagrama da gura 4 é possível, então, plotar o comportamento da tensão de saída em função do tempo utilizando o comando
plot(tout,Vo) 4
a partir do e
tout
workspace ou script.
No comando,
V o é o nome denido do bloco To Workspace
é, por padrão, o nome do vetor de tempo de simulação do Simulink.
A resposta dinâmica da tensão de saída unitário de tensão de entrada
Vi (t)
Vo (t)
do circuito da gura 1 para um degrau
está apresentada na gura 5. É possível visualizar que se
trata da mesma dinâmica obtida através da simulação no software PSIM da gura 3.
Figura 4: Diagrama de blocos em Simulink representando a equação diferencial 5.
Resposta ao degrau do circuito RLC
Vi (t) Vo (t)
1.4 Tensão [V]
1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 −1
0
1
2
3
Tempo [s] Figura 5:
Resposta ao degrau do circuito RLC.
5
4 ·10−3
2.4
Função de Transferência do circuito RLC
Uma outra maneira de se estudar o comportamento dinâmico do sistema da gura 1 é analisando sua função de transferência. Para determinar a função de transferência
H(s) =
Vo (s) Vi (s)
(6)
do circuito, aplica-se a transformada de Laplace na equação 4, resultando
Vo (s)s2 +
1 1 1 Vo (s)s + Vo (s) − Vi (s) = 0 RC LC LC
para condições iniciais nulas de corrente no indutor (iL (t
0)).
Agrupando os termos com
Vo (s)
e estabelecendo
função de transferência
Vo (s) = H(s) = Vi (s)
(7)
= 0)) e tensão no capacitor (Vo (t = a razão Vo (s)/Vi (s) determina-se a
1 LC . 1 1 s2 + s+ RC LC
(8)
Uma função de transferência genérica de segunda ordem tem o formato
H(s) = onde
ζ
ωn2 , s2 + 2ζωn s + ωn2
é o coeciente de amortecimento do sistema,
do sistema.
ωn
(9)
é a frequência natural não amortecida
Comparando a função de transferência do circuito RLC (equação 8) com o
formato genérico da equação 9 determina-se
1 ωn = √ r LC L ζ = . 4R2 C
(10)
Aplicando os valores dos elementos do circuito da gura 1, o coeciente de amortecimento e a frequência natural não amortecida são
( ωn = 2390, 46 rad/s ζ = 0, 598. O valor do coeciente de amortecimento
(11)
ζ = 0, 598 indica que o sistema é subamortecido,
ou seja, com resposta ao degrau oscilatória e amortecida. A gura 6 apresenta a resposta ao degrau do circuito obtida através do comando
step do software MATLAB aplicada à função
de transferência da equação 8. Evidentemente, a resposta dinâmica da gura 6 é igual à da gura 5 por se tratar do mesmo circuito, porém, foram obtidas por meios diferentes.
6
Resposta ao degrau do circuito RLC 1.6 1.4
Tensão (V)
1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 −1
−0.5
0
0.5
1 1.5 2 Tempo (seconds)
2.5
3
3.5
4 −3
x 10
Figura 6: Resposta ao degrau obtida a partir da função de transferência.
2.5
Representação em Espaço de Estados do circuito RLC
Nessa seção é determinado o modelo em espaço de estados do circuito RLC da gura 1 tomando como estados as variáveis corrente no indutor
iL (t)
e tensão no capacitor
Vo (t).
Primeiramente, aplica-se a lei de Kircho das tensões, obtendo-se
Vi (t) − L Assumindo a notação
i˙L (t)
como
diL (t) − Vo (t) = 0. dt
(12)
diL (t) tem-se a primeira equação diferencial dt
1 1 i˙L (t) = Vi (t) − Vo (t). L L Outra equação que relaciona as grandezas
iL (t)
e
Vo (t)
(13) pode ser obtida da equação que
governa a corrente no capacitor
ic (t) = C V˙o (t),
C sua capacitância. Através da lei de Kircho das correntes sabe-se que ic (t) = iL (t) − iR (t), em que iR (t) é a corrente no resistor R. Aplicando
onde
ic (t)
(14)
é a corrente no capacitor e
essa consideração na equação 14 tem-se
iL (t) − iR (t) = C V˙o (t). Sendo a corrente no resistor
iR (t) = 7
Vo (t) , R
(15)
(16)
a equação 14 pode ser reorganizada para
1 1 V˙o (t) = iL (t) − Vo (t). C RC
(17)
A partir das equações 13 e 17 estabelece-se o modelo em espaço de estados do circuito RLC da gura 1 como
i˙ L (t) V˙ o (t)
=
0 1 C
iL (t) 1/L − L1 . + .Vi (t). 1 Vo (t) 0 − RC
(18)
Um sistema de equações em espaço de estados invariante no tempo pode ser expressa no formato
˙ X(t) = A.X(t) + B.U (t)
(19)
Comparando a equação 18 com a equação 19 pode-se extrair que variáveis de estado
iL (t)
e
Vo (t), U (t)
é a grandeza escalar
0 −1/L A= 1/C 1/C e
B=
1/L 0
X(t)
é o vetor das
Vi (t),
(20)
.
(21)
Pode-se encontrar numericamente a solução da equação 19 através do método de Euler. Para isso, primeiramente o vetor de derivadas dos estados é aproximado por
X(t + ∆t) − X(t) ˙ . X(t) = ∆t
(22)
∆t tendendo a zero, então a equação 22 seria X(t). Se o sistema for discretizado com período de amostragem X(t) = X(k∆t) com k inteiro, então a expressão aproximada da derivada passa
Se fosse tomado o limite da equação 22 com a denição de derivada de
∆t
tal que
a ser
Por uma questão de
X[(k + 1)∆t] − X[k∆t] ˙ . X[k∆t] = ∆t notação, será utilizado apenas X[k] para
(23) denotar
X[k∆t].
Dessa
forma
X[k + 1] − X[k] ˙ X[k] = . ∆t
(24)
Discretizando o sistema da equação 19 e aplicando a aproximação da equação 24 tem-se
X[k + 1] − X[k] = A.X[k] + B.U [k]. ∆t
(25)
Reorganizando a equação 25 apropriadamente tem-se
X[k + 1] = (I + ∆tA)X[k] + ∆tB.U [k]. Para simulação em MATLAB da equação 26 foi utilizado o seguinte código:
8
(26)
clear all; close all; clc; % Parâmetros de simulação tf = 5e-3; % Tempo de simulação dt = 1e-6; % Delta tempo nps= ceil(tf/dt); % número de passos em uma simulação t = 0:dt:(dt*nps); % vetor tempo discretizado % Parâmetros do circuito L = 5e-4; % Indutância [H] C = 35e-6; % Capacitância [C] R = 10; % Resistência [Ohms] Vi= heaviside(t-0); % Degrau de tensão no tempo 0 % Parâmetros do sistema Espaço de Estados I = eye(2); % Matriz identidade 2x2 A = [0 , -1/L ;... % Matriz A 1/C , -1/(R*C)]; B = [1/L ;... % Matriz/vetor coluna B 0 ]; U = Vi; % Entrada U % Inicialização de variáveis iL = zeros(1,length(nps)); % Vo = zeros(1,length(nps)); % X1 = [ 0 ;... % 0 ]; %
Vetor de corrente no indutor Vetor de tensão de saída Condição inicial do vetor coluna de estados
for k=1:1:(nps+1) % Espaço de estados - X2 = X(k+1) X1 = X(k) X2 = (I+dt*A)*X1 + dt*B*U(k); % Resultados iL(k)= X2(1);% iL - corrente no indutor [A] Vo(k)= X2(2);% Vo - tensão de saída [V] X1 = X2; % X1 da próx iteração é o X2 atual end figure(1) plot(t,Vo,'r','linewidth',2) A partir desse código pode-se obter a resposta dinâmica da tensão de saída do circuito
Vo (t),
tal como mostrado na gura 7.
9
Resposta ao degrau do circuito RLC
Vi (t) Vo (t)
1.4
Tensão [V]
1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 −1
0
1
2
3
4 ·10−3
Tempo [s] Figura 7:
Comportamento dinâmico de
Vo (t),
para um degrau unitário de tensão
Vi (t),
obtida pela resolução do sistema espaço de estados.
2.6
Outra representação em Espaço de Estados do circuito RLC
É possível modelar o comportamento dinâmico de outras variáveis do circuito RLC da gura 1. Nessa seção o interesse é encontrar uma representação em espaço de estados para a corrente no resistor
iR (t).
A tensão sobre o resistor é
Vo (t) = Vi (t) − Li˙L (t)
Vo (t) = iR (t)R.Pela
lei de Kircho das tensões sabe-se que
de forma que a tensão no resistor se torna
Vi (t) − Li˙L (t) = iR (t)R. Sendo a corrente no indutor a soma
iR (t) + iC (t),
então a partir da equação 27 tem-se
d (iR (t) + iC (t)) = iR (t)R. dt aplicando iC (t) = C V˙o (t) e a derivada, tem-se ¨ ˙ Vi (t) − LiR (t) − L Vo (t)C = iR (t)R. Vi (t) − L
Na equação 28
Resgatando a informação de que
(27)
(28)
(29)
Vo (t) = iR (t)R, aplicando-a na equação 29 e manipulando
apropriadamente,
Vi (t) − Li˙R (t) − L i¨R (t)RC = iR (t)R.
(30)
Reorganizando a equação 30 tem-se
1 1 1 ˙ i¨R (t) + iR (t) + iR (t) − Vi (t) = 0. RC LC RLC 10
(31)
A equação que modela a dinâmica da corrente no resistor (equação 31) é uma equação diferencial de segunda ordem. Portanto, para colocá-la no formato de sistema em espaço de estados é preciso realizar um ajuste de variáveis. Para isso, dene-se uma variável intermediária
x1 (t)
tal que
i˙R (t) = x1 (t).
(32)
Com essa consideração é possível readequar a equação 31 para o formato
x˙1 (t) +
1 1 1 x1 (t) + iR (t) − Vi (t) = 0, RC LC RLC
que é uma equação de primeira ordem.
(33)
Agora, a partir das equações 32 e 33 é possível
escrever o modelo na forma espaço de estado, dado por
i˙ R (t) x˙ 1 (t)
iR (t) 0 1 . + = 1 1 − RC x1 (t) − LC
0 1 RLC
.Vi (t).
(34)
Com base na equação 34 utiliza-se o mesmo procedimento da secção anterior para resolução de um sistema dinâmico em espaço de estados utilizando o método de Euler. Dessa forma, o comportamento dinâmico da corrente no resistor para um degrau de tensão
Vi (t)
está mostrada na gura 8. Resposta ao degrau do circuito RLC
iR (t)
0.14
Corrente [A]
0.12 0.1 8 · 10−2 6 · 10−2 4 · 10−2 2 · 10−2 0 −1
0
1
2
4 ·10−3
3
Tempo [s] Figura 8:
Comportamento dinâmico de iR (t), para degrau de tensão de entrada
Vi (t), obtida
pela resolução do sistema espaço de estados.
Analisando a gura 8 pode-se notar que o comportamento dinâmico de mesmo formato do comportamento da tensão
iR (t) = Vo (t)/R e R é uma constante.
Vo (t)
iR (t)
possui o
apresentado na gura 7, isso porque
Esse fato conrma a equivalência dos dois modelos, ou
11
seja, essa equiparação de resultados evidencia o fato de que um sistema pode ser modelado a partir de diferentes enfoques. É possível concluir então que embora as equações do sistema em espaço de estados sejam diferentes conforme a abordagem, os fenômenos não tem seu comportamento modicado.
12
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