ESTUDO DO IMPACTO DO MOCHE RIP CURL PRO PORTUGAL 2015 Núcleo de Investigação em Surfing (NIS) -Grupo de Investigação em Turismo (GITUR

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ESTUDO DO IMPACTO DO MOCHE RIP CURL PRO PORTUGAL 2015

Núcleo de Investigação em Surfing (NIS) - Grupo de Investigação em Turismo (GITUR) Instituto Politécnico de Leiria Peniche 2015

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Estudo do impacto do Moche Rip Curl Pro Portugal 2015 ______________________________________________________________________________________________

ISBN: 978-989-98965-1-2 Editor: GITUR – Grupo de Investigação em Turismo / Instituto Politécnico de Leiria Prefixo de Editor: 989-97395 Dezembro 2015

Campus 4 Santuário de Nossa Senhora dos Remédios 2520–641 Peniche - PORTUGAL

O presente documento consiste na síntese do estudo de avaliação do Moche Rip Curl Pro Portugal 2015, elaborado pelo Núcleo de Investigação em Surfing (Grupo de Investigação em Turismo GITUR) do Instituto Politécnico de Leiria. A síntese e estudo resultam de uma parceria estabelecida com a Câmara Municipal de Peniche, a qual disponibilizou apoio financeiro e logístico.

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Estudo do impacto do Moche Rip Curl Pro Portugal 2015 ______________________________________________________________________________________________

Equipa de investigação Coordenação João Paulo C.S. Jorge | Sérgio Leandro

Investigadores Ana Sofia Viana Dulcineia Ramos Fernanda Oliveira José Miguel Nunes Sofia Eurico Susana Mendes

Trabalho de campo Adriana Bandeira Adriana Machado Alexandra Reis Alícia Igreja Ana Neves André Anastácio Beatriz Duarte Bernardo Horta Ruben Marques Isa Vieira João Pedro Ventura Luís Alvarez Mara Vieira Silvia Pellegrini

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Estudo do impacto do Moche Rip Curl Pro Portugal 2015 ______________________________________________________________________________________________

ÍNDICE

1. Introdução...........................................................................................

5

2. Metodologia........................................................................................

6

3. Caracterização sociodemográfica da amostra.....................................

7

4. Os visitantes e o evento……………………………………………………………………

10

5. Avaliação do destino de surf…………………………………………………………….

14

6. Estimativa do impacto económico……………………………………………………

17

7. Conclusões……………………………………………………………………………….........

22

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Estudo do impacto do Moche Rip Curl Pro Portugal 2015 ______________________________________________________________________________________________

1. INTRODUÇÃO Acolher eventos desportivos é considerado por muitas regiões um meio de assegurar o seu desenvolvimento sustentável, uma vez que a organização destes eventos traz potenciais benefícios económicos, sociais e ambientais. Um evento desportivo exige um conjunto alargado de compromissos nacionais e internacionais, de parcerias com organismos públicos, patrocinadores e media. No que diz respeito à comunidade (local, regional, nacional) um evento tem de ser encarado, explorado e desenvolvido a pensar nos benefícios que pode trazer relativamente à promoção turística, receitas fiscais, rentabilização de estruturas locais e dinamização da economia entre outros. Peniche é um bom exemplo de como os desportos de ondas - e toda uma estrutura física, humana e política - têm permitido desenvolver e valorizar a economia local e posicionar internacionalmente a cidade e o recurso mar. Nos últimos anos, a organização da edição nacional do evento internacional de surf RIP CURL PRO em Peniche tem contribuído para esta realidade. O presente documento tem o intuito de caracterizar a edição de 2015 do Moiche Rip Curl Pro Portugal (que ocorreu em Peniche, entre os dias 20 e 30 de Outubro), em termos sociodemográficos, ao nível da estrutura dos gastos dos visitantes e da estimativa do impacto económico global do evento. O que se pretende é contribuir para um conhecimento mais alargado e efectivo dos recursos e das dinâmicas socioeconómicas locais, regionais e nacionais decorrentes de um evento internacional. Este trabalho foi desenvolvido pelo Núcleo de Investigação em Surfing / Surfing Research Unit (NIS) do Grupo de Investigação em Turismo (GITUR), Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM), Instituto Politécnico de Leiria (IPL) . No que respeita à estrutura, este documento está organizado em quatro pontos principais – a metodologia, a caracterização sociodemográfica, a avaliação do destino de surf e a estimativa do impacto económico – complementados no final por uma abordagem conclusiva.

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2. METODOLOGIA

Este estudo teve na sua base a realização de inquéritos (por administração directa) ao público assistente do evento, através de um questionário estruturado, em português e em inglês. O questionário foi estruturado em quatro partes: prática da modalidade (I), evento Moche Rip Curl Pro Portugal (II), atributos mais valorizados num destino de surf (III) e caracterização sociodemográfica da amostra (IV). As entrevistas foram conduzidas pelo Núcleo de Investigação em Surfing / Surfing Research Unit (GITUR, IPL), tendo sido recolhidos 1103 questionários e considerados válidos 983 (n). a amostra contempla indivíduos maiores de 18 anos e de ambos os sexos, representativa dos visitantes que assistiram às provas de surf do Moche Rip Curl Pro Portugal 2015, etapa do WSP World Tour 2015 realizada em Peniche. A dimensão da amostra apresenta uma margem de erro máximo admissível de 3,32% para um grau de confiança de 95% (Quadro 1). O trabalho de campo foi realizado durante os dias 20 a 30 de Outubro de 2015, no local onde decorreram as provas. Os dados foram processados pelo software IBM SPSS Statistics 22.

Quadro 1 – Ficha Técnica Universo

Todos os visitantes que assistiram ao evento

Metodologia

Inquirição directa mediante questionário estruturado

Tamanho da amostra

983 questionários válidos

Erro da amostra

3,05%

Nível de confiança

95%

Data do trabalho de campo

20 a 30 Outubro de 2015

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3. CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DA AMOSTRA

A caracterização sociodemográfica dos inquiridos incidiu sobre género, estrutura etária, habilitações literárias e situação laboral. O quadro 1 mostra uma síntese do perfil demográfico da amostra.

Quadro 2 – Perfil sociodemográfico da amostra Total Nacionalidade

Portugueses

Estrangeiros

983

100%

636

64.7%

347

35.3%

Masculino

374

57.0%

304

54.6%

192

61.3%

Feminino

496

43.0%

253

45.4%

121

38.7%

18-24

386

39.3%

307

48.1%

79

22.8%

25-34

301

31.0%

156

25.0%

145

42.0%

35-44

169

16.9%

99

15.4%

70

20.3%

45-60

105

10.5%

61

9.7%

44

12.9%

60+

17

1.7%

10

1.7%

6

1.8%

Ensino Básico (< 9º ano)

14

1.4%

10

1,6%

4

1,2%

Ensino Básico (9º ano)

51

5.2%

35

5,5%

16

4,6%

Ensino secundário

373

38.2%

274

43,1%

99

28,7%

Ensino superior

527

53.6%

307

48,3%

220

63,8%

Outro

11

1.1%

5

0,8%

6

1,7%

Trabalhador conta de outrem

397

40,4%

239

37,6%

158

45,9%

Estudante

323

32,9%

258

40,6%

65

18,9%

Profissional liberal/empresário Reformado

126

12,8%

70

11,0%

56

16,3%

17

1,7%

9

1,4%

8

2,3%

Desempregado

90

9,2%

46

7,2%

44

12,8%

Outro

24

2,4%

11

1,7%

13

3,8%

Género

Estrutura etária

Habilitações literárias

Situação profissional

7

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Tal como observado nas anteriores edições do Moche Rip Curl Pro Portugal, no que respeita à proveniência dos visitantes, verifica-se uma proeminência daqueles que residem em Portugal (64,7%) face aos que provêm de outros países (35,3%). No que concerne aos portugueses é de salientar que estes são provenientes de 86 municípios diferentes - 55 em 2012 (Figura 1).

Figura 1 - Distribuição dos portugueses por concelho de origem (%)

29,9

12,7

4,6

4,5

4,0

3,4

3,3

3,1

3,0

2,7

2,3

2,1

2,1

2,0

1,9

1,9

Em relação à distribuição dos portugueses, excluindo os residentes no município de Peniche (14,4%), destaque para os que residem nos concelhos de Lisboa (12,7%), Santarém (4,6%), Cascais (4,5%) e Porto (4%). Relativamente a 2012 existe uma diminuição dos residentes no concelho de Peniche que então apresentavam um valor de 18,3% respectivamente, e um aumento do peso dos concelhos de Santarém e Porto. A partir de uma distribuição dos inquiridos por distritos, verifica-se que cerca de 63,7% dos inquiridos provêm dos distritos de Lisboa (35,9%) e de Leiria (27,8%). Santarém e Porto são os distritos que se seguem com 10,1 % e 6,4 % respectivamente.

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Relativamente a 2012 regista-se um acréscimo de visitantes estrangeiros, dado que a distribuição nesse ano foi de 67,2% e 32,8%, respectivamente. Na distribuição por país (figura 2) destacam-se a Espanha, França, Reino Unido e Alemanha que no seu conjunto totalizam 53,2% dos estrangeiros, sendo de notar a presença de mercados não tradicionais como os Estados Unidos e Austrália. No que se refere à proveniência dos inquiridos estrangeiros foram identificadas 32 nacionalidades diferentes.

Figura 2 – Países de proveniência dos estrangeiros (%) 35,0

32,3

30,0 25,0 20,0

22,9 19,9 16,7 13,3 11,5

15,0 10,0

13,8 11,2 9,1

8,2

7,8 5,4

4,84,9

6,3 3,6

4,9 3,3

Brasil

Austrália

EUA

Holanda

5,0 0,0 Espanha

Reino Alemanha França Unido 2012

Outros

2015

Do ponto de vista da estrutura etária a maior concentração de indivíduos verifica-se nos escalões etários entre os 18 e os 24 e os 25 e os 34 anos (figura 3). Estes resultados estão patentes quer nos inquiridos nacionais quer não nacionais, cuja soma dos referidos escalões, representam 73,1% e 64,8%, respectivamente. No entanto, existem algumas diferenças entre estes dois grupos: no caso dos nacionais , o escalão etário com maior representatividade é o dos 18 aos 24 anos, com 48,1%, enquanto nos estrangeiros é o escalão dos 25 aos 34 anos, com 42,0%. Esta situação também se verificou nos estudos realizado em 2012 e 2013.

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Figura 3 – Estrutura etária (%) 18-24

Portugueses

Estrangeiros

Total

25-34

35-44

48,1

22,8

60+

25

42

39,3

45-60

15,4

20,3

31,0

9,7 1,7

12,9

16,9

1,8

10,5 1,7

Em relação ao género dos inquiridos verificamos que a diferença nos nacionais é relativamente pequena, com 54,6% para o sexo masculino e 45,4% para o sexo feminino, enquanto os estrangeiros verifica-se uma maior incidência de sujeitos do sexo masculino, com 61,3% neste grupo e 38,7% no sexo feminino. O nível educacional dos sujeitos inquiridos incide maioritariamente no ensino superior e secundário, cujo peso total na amostra representa 91,8%. De salientar, relativamente aos estrangeiros, o valor elevado no que diz respeito ao ensino superior (63.8%). A nível profissional, os inquiridos distribuem-se pelas categorias “Trabalhador por conta de outrem” (40,4%), “Estudante” (32,9%), “Profissional liberal/Empresário” (12,8%) e, por fim os desempregados representam 9,2%. As restantes categorias têm uma expressão reduzida, sendo o seu peso residual na caracterização da amostra (4.1%).

4. OS VISITANTES E O EVENTO O total de inquiridos revela uma forte tendência de fidelização ao evento com 57.2% a afirmarem terem assistido a pelo menos uma das edições anteriores (figura 4). Este facto é particularmente vincado junto do público nacional, cuja percentagem é de 66.4%. Quanto aos estrangeiros, 40.3% assistiram, pelo menos, a uma das edições anteriores. São os espanhóis, os ingleses e os alemães os que mais referem já terem assistido a outras edições do Moche Rip Curl Pro Portugal. 10

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Figura 4 – Assistiram, pelo menos, a uma das edições anteriores (%) Sim

Portugueses

Não

66,4

Estrangeiros

33,6

40,3

Total

59,7

57,2

42,8

Dentro do conjunto de inquiridos que estiveram presentes pelo menos uma vez, de salientar o expressivo número de visitantes que assistiram a mais que uma edição do evento (figura 5): 46.8 % dos estrangeiros e 39,3 % dos portugueses estiveram presentes em 2-3 edições anteriores, sendo igualmente relevante o número de assistentes que estiveram presentes em todas as edições: estrangeiros (20%) e portugueses (25%).

Figura 5 – Número de edições anteriores assistidas (%) Total

Estrangeiros

Portugueses

46,8 43,2

41,1

39,3

27,2

25,0

21,9

20,0 13,8

11,6

1 vez

2--3 vezes

5,0

5,0

4-5 vezes

6 vezes

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Quando questionados sobre o tipo de alojamento que utilizaram durante o evento podemos verificar que cerca de 21,5% do total dos inquiridos afirmou ter ficado em casa própria (segunda residência), 18,2% ficaram em casa de amigos ou familiares, 16.0% em casa arrendada, 13,0% em hotel, 10,9% em hostel, 7,5% em autocaravana, 6,8% em parques de campismo e 4,0% ficou em surf camps (figura 6). De realçar que a principal diferença, neste aspecto, entre portugueses e estrangeiros reside na utilização de segunda residência e casa de amigos e familiares. Para os nacionais a utilização destes dois tipos de alojamento expressa-se em 58.8 % enquanto que para os estrangeiros os dois principais tipos de alojamento escolhido são os hotéis (22,1%) e casa arrendada (19.4%), destacando também a utilização de hostels (14.9%).

Figura 6 – Tipo de alojamento utilizado (inquiridos não alojados em residência principal) (%)

Total

21,5

Portugueses Estrangeiros

18,2

10,9

34,1

5,1

9,9

24,7

14,9

19,4

16

7,9

22,1

13

7,5

13,4

6

11,3

4

8,8

4,61,8 7,6

6,9

10,4

Casa própria (2ª residência)

Casa de amigos/familiares

Hostel

Casa arrendada

Hotel

Autocaravana

Surf Camp

Camping

Em relação ao concelho onde se alojaram (figura 7) podemos verificar que o factor proximidade tem muita influência pois, para além de Peniche que representa 55,5%, os concelhos mais referidos são os concelhos mais próximos como Lisboa, Óbidos, Lourinhã, Caldas da Rainha, Mafra, Leiria, Torres Vedras e Nazaré.

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Figura 7 – Concelho onde se aloja durante o evento (inquiridos não alojados em residência principal) 55,5

15,4 6,5

5,7

5,2

4,6

3

1,5

1,4

1,2

Em relação ao número de dias que os entrevistados assistiram ao evento a média global é de 3,3 dias, sendo para portugueses de 2,5 dias e para estrangeiros 4,8 dias (em 2012 esses valores foram de 2,7 e 4,6 dias respectivamente). O período de permanência mais indicado foi de 2-3 dias, respeitante a 38,8 % do público assistente ao evento (figura 8). Para os nacionais este foi igualmente o período de tempo mais referido (42,1%), sendo que para os estrangeiros o período de permanência mais indicado foi de 4-5 dias (33,5%)

Figura 8 – Número de dias no evento

Portugueses

Estrangeiros

25,6

6,5

Total

42,1

29,4

17,8

1 dia

14,3

33,5

38,8

2-3 dias

4-5 dias

14,6

22,2

6-8 dias

4,3

13,7

16,0

8,6

12,6

Todo o evento

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5. AVALIAÇÃO DO DESTINO DE SURF Em relação aos espectadores do evento foi solicitada a avaliação da onda Supertubos relativamente às ondas na Europa e no mundo (figura 9). Os inquiridos expressaram a sua opinião numa escala de 1 a 4, a que corresponde respectivamente: “Concordo totalmente”, “Concordo”, “Discordo” e “Discordo totalmente”, sendo ainda considerada a opção “Não sei”. Considerando os inquiridos na totalidade, 74,2 % concordam totalmente ou concordam em avaliar Supertubos como uma das três melhores ondas da Europa e 77,1 % como umas das dez melhores do Mundo.

Figura 9 – Avaliação da onda dos Supertubos (%) Concordo Totalmente

Concordo

Discordo

Discordo Totalmente

Não Sei

60 50

50 42,4

39,3 37,8

38,9 36,7

40

41

38,6 38

37,3

31,8

30 21,2

20

15,9 10,5

10

11,7

3,6

11,8

9,9

2,7

12 7,6

9,3

12,3

9,4

11,4

9,1

5,3 1,6

1,7

1,2

0 Total

Portugueses

Estrangeiros

Total

Portugueses

Estrangeiros

Supertubos está entre as 3 melhores ondas da Supertubos está entre as 10 melhores ondas Europa do Mundo

Foi solicitado igualmente a todos os inquiridos que se pronunciassem sobre os atributos importantes num destino de surf em geral, tendo sido selecionados previamente 12 desses atributos de acordo com a literatura sobre o tema e opinião de especialistas. Os inquiridos exprimiram a sua opinião numa escala de 4 pontos: “Nada importante”, “Pouco importante”, “Importante” e “Muito importante”, sendo ainda considerada a opção “Sem opinião”. Extraídos os resultados para a totalidade dos inquiridos os 5 atributos mais importantes (figura 10), considerando o conjunto das avaliações “Muito importante” e “Importante”, foram os seguintes: “Qualidade das ondas”, “Consistência das ondas”, “Limpeza do areal e espaço envolvente”, “Quantidade de ondas diferentes” e “Cultura do surf e lifestyle”. 14

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Os atributos considerados menos importantes foram os seguintes: “Proximidade ao centro urbano”, “Popularidade do destino” e “Proximidade ao local onde está alojado”.

Figura 10– Importância dos atributos num destino de surf (%) Nada importante 8,7

Pouco Importante 7

8,3

4,3

Importante 4,3

3,5

7,6

Muito Importante 3,3

2,9

Sem opinião

3,8 21,6

40,1

39,1 62

41,4

36,1

43,7

14,8

3,2 23

38,4

58

52,3

3,1

35,8 35 43,4

48,3

44,8 35,4

1,8 0,7

3,4 0,5

39

41,9 30,9

34,2

28,5 6,2 1,3

39,2

41,3

6,4 0,9

11,4 1,8

24,9 14,1

3,5 0,7

36,2

2,9

11,8 2,3

14,4 2,3

8,8

10,1

5,5

Considerando especificamente o municipio de Peniche, foi solicitado aos entrevistados que indicassem os atributos onde este destino mais se destacava (figura 11) e os atributos onde menos se destacava (figura 12). Assim, relativamente ao destino de Peniche, os atributos onde mais se destaca segundo a opinião dos inquiridos, são os seguintes: “Qualidade das ondas”, “Cultura de surf e lifestyle”, “Quantidade de ondas diferentes”, “Enquadramento natural” e “Consistência das ondas”. Relativamente aos atributos onde o destino Peniche menos se destaca temos os seguintes: “Proximidade ao centro urbano”, “Proximidade ao local onde está alojado” e “Nº de surfistas na água (crowd)”.

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Figura 11– Atributos que mais se destacam no destino Peniche (%) Total

Estrangeiros

Portugueses

20 21 19 14 13 13 12 13 13 12 10

12

11 8

9

888 6

4

8

6 334

4

3

5

4

6

5 2

222

4

221

Figura 12– Atributos que menos se destacam no destino Peniche (%) Total 17 17 17

Estrangeiros

Portugueses

151516 12 10 9 10 11 9

12 898

9

888 5

6 4

7 444

434

333

3

4 2

223

De salientar que quatro dos cinco atributos considerados mais importantes num destino de surf em geral são igualmente os mais destacados relativamente a Peniche. Assim como 3 dos atributos menos importantes no geral são também aqueles que menos se destacam neste destino. 16

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6. ESTIMATIVA DO IMPACTO ECONÓMICO

Quanto às despesas efectuadas pelos visitantes para assistir ao Moche Rip Curl Pro Portugal 2015, foi solicitado aos inquiridos para referirem o valor monetário diário gasto em cinco itens: transportes, alojamento, alimentação, compras e outros. A partir dos resultados obtidos apresentamos a análise individualizada de cada item (Quadro 2), complementada por uma análise da despesa agregada (somatório dos cinco itens). Em ambos os casos são discriminados os valores para os inquiridos nacionais e estrangeiros. Não foram consideradas as despesas efectuadas pelos residentes no município de Peniche assim como não foram consideradas as despesas em transportes, por parte dos estrangeiros, efectuadas fora do território nacional. Os valores da despesa diária para cada item permitem calcular um valor total agregado das despesas efectuadas pela totalidade de pessoas que assistiram ao evento. Segundo a estimativa da organização, o total de indivíduos que assistiram ao evento ronda os 100 000 (correspondendo ao somatório de indivíduos que assistiram ao evento na totalidade dos 10 dias em que este ocorreu).

Quadro 2 - Despesa média individual durante o Rip Curl Pro – valor por item de despesa (análise por nacionalidade do inquirido) n Tipo de despesa

Valor médio p/ inquirido (€)

Portugal

Estrangeiros

Portugal

Estrangeiros

Transporte

366

197

18,00

51,87

Alojamento

125

205

38,81

70,38

Alimentação

315

292

21,06

36,63

Compras

103

142

40,04

59,27

Outros

117

141

18,13

56,58

38,48

148,78

Despesa média Total (incluindo os 5 itens)

17

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A despesa média individual total, considerando o somatório de portugueses e estrangeiros, foi de 77,42 €. Desagregando por nacionais e estrangeiros obtiveram-se os valores de 38,48 € e 148,78 € respectivamente. No quadro 3 expõe-se o número total de assistentes, distribuindo entre residentes em Portugal e estrangeiros e a despesa média individual calculada. Quadro 3 - Estimativa do nº dos visitantes e despesa média individual

Estrangeiros

N.º de indivíduos que assistiram ao evento1 35 300

Nacionais Total

Despesa média individual (€) 148,78

64 700

38,48

100 000

77,42

1

Foi aplicada a proporcionalidade de 64,7% inquiridos nacionais e 35,3% de estrangeiros, verificada nos resultados dos questionários aplicados

O quadro 4 refere a despesa total efectuada, distribuída entre residentes em Portugal e estrangeiros. Assim temos que o valor global da despesa agregada dos cinco itens da despesa corresponde a 7 741 873 euros. Este valor engloba 5 252 093 euros correspondentes aos estrangeiros e 2 489 780 euros aos residentes em Portugal. Quadro 4 - Estimativa da despesa total por item (€) Tipo de despesa

Portugal (€)

Estrangeiros (€)

Total (€)

Transporte

576 806

1 382 496

1.959.302

Alojamento

493.515

1.467.742

1.961.256

Alimentação

784.126

734.091

1.518.217

Compras

419.544

856.189

1.275.733

Outros

215.789

811.575

1.027.364

2.489.780

5.252.093

7.741.873

Despesa Total (incluindo os 5 itens)

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Relativamente a 2012 a despesa total agregada aumentou 7,7 % embora o número total de pessoas que assistiram ao evento tenha diminuído de 120 000 para 100 000, segundo as estimativas da organização. O acréscimo deveu-se sobretudo aos gastos realizados por nacionais, que aumentaram em 26%, tendo os gastos efectuados por estrangeiros aumentado em 1% aproximadamente (Quadro 6).

Quadro 5 - Estimativa da despesa total agregada dos visitantes (2012 e 2015)

Estrangeiros Nacionais Total

2012 Despesa total agregada (€) 5 216 057

2015 Despesa total agregada (€) 5 252 093

1 969 451

2 489 780

26.4

7 185 508

7 741 873

7.7

Variação (%) 0.8

Nestes valores de despesa total agregada podemos evidenciar os valores das exportações de serviços no total de 3 058 022 euros, correspondente aos gastos efectuados por estrangeiros em Portugal, em alojamento, alimentação e compras. Este valor representa um acréscimo de 14% relativamente a 2012 (quadro 6): Quadro 6 - Exportações de serviços (€)

Exportações serviços

2012

2015

Variação (%)

2 683 758

3 058 022

13.9

Segundo a organização o orçamento total relativo ao Moche Rip Curl Pro Portugal 2015 foi de 2,2 milhões de euros sendo que 1,6 milhões correspondem a despesas efectuadas no país. Estas despesas foram realizadas pelas pessoas directamente ligadas ao evento - Staff, World Surf League (WSP), atletas e imprensa- e reportam-se essencialmente por serviços terceiros, logística, alojamento, marketing e imagem e despesas relacionadas com o staff. Considerando os valores do quadro 5 e do orçamento da organização, obtemos o volume de negócios, impacto directo, gerado pelo Moche Rip Curl Pro Portugal 2015, expresso no quadro 7.

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Estudo do impacto do Moche Rip Curl Pro Portugal 2015 ______________________________________________________________________________________________

Quadro 7 - Volume de negócio gerado pelo evento – impacto directo Visitantes (€)

Organização (€)

Total (€)

7 741 873

1 600 000

9 341 873

Tendo em conta a estimativa do volume de negócios gerado pelo evento podemos determinar o seu impacto fiscal directo em termos de IVA, IRC e IRS gerado. Para este cálculo não consideramos os transportes, uma vez que que os estrangeiros pagam grande parte deste valor no país de origem (Quadro 8).

Quadro 8 - Receita fiscal gerada com o evento (€) Impostos Indirectos IVA

1 129 243

Impostos directos IRS

81 225

Impostos directos IRC

77 418

Total

1 287 886

Por outro lado há ainda a ter em conta que os efeitos económicos não se resumem aos efeitos directos, sendo de considerar os efeitos indirectos e induzidos gerados na economia. O relatório do Turismo de Portugal (2011) “O Turismo na Economia: Evolução do contributo do Turismo para a economia portuguesa 2000-2010” indica que o efeito multiplicador do turismo na economia se traduz num coeficiente técnico de variação (k) de 1,21. O multiplicador captura os efeitos económicos secundários das actividades de turismo, representando as interdependências económicas entre os demais sectores. Pelas razões referidas anteriormente não foram consideradas as despesas efectuadas pelos estrangeiros em transportes. O volume de negócio gerado pelo evento (impacto directo) é, constituído pela despesa total dos visitantes (7 741 873 €) e pelas despesas da organização (1 600 000 €). Relativamente a esta última, não foi possível determinar os valores desagregados 20

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desta despesa, desconhecendo-se o valor em termos de despesa turística e outros itens, impossibilitando a determinação do valor do impacto indirecto e induzido. Assim, considerando todos os factores referidos anteriormente e aplicando o coeficiente técnico de variação (k= 1,21) para o cálculo dos impactos indirectos e induzidos obteve-se o valor de 1 335 469 €, o qual, somado ao valor do impacto directo, nos dá a estimativa do valor total do impacto económico do evento: 10 677 342 € (Quadro 9).

Quadro 9 - Estimativa do impacto económico do Moche Rip Curl Pro Portugal 2015 Impacto Directo (€) (volume de negócios)

Impacto Indirecto e Induzido (€) (k=1.21)

Impacto Total (€)

9 341 873

1 335 469

10 677 342

Não é contabilizado também o valor despendido pelos sponsors relativamente ao evento. De referir finalmente que os impactos económicos relativos à imagem em consequência da exposição mediática (comunicação social escrita, radio, TV, internet) não foram contemplados.

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7. CONCLUSÕES Da análise dos dados relativos à edição 2015 do evento Moche Rip Curl Pro Portugal, e considerando o histórico das edições de anos anteriores, especialmente a de 2012, verifica-se uma tendência para a estabilização da maior parte dos indicadores sociodemográficos. A proveniência dos públicos mantém-se em termos nacionais (sobretudo residentes em Peniche, e habitantes na região de Lisboa e Centro do país), mas com aumento da dispersão em termos da origem. No que diz respeito aos internacionais destacam-se a Espanha, Reino Unido, Alemanha e França que no seu conjunto totalizam 53,2% dos estrangeiros, sendo de notar a presença ainda de outros mercados como os Estados Unidos, Itália e Austrália. Também aqui se verifica um aumento significativo relativamente ao número de países representados. Verifica-se também uma forte tendência de fidelização ao evento particularmente junto do público nacional, cuja percentagem é de 66,4 %, face aos 40,3 % por parte do público estrangeiro (sobretudo espanhóis, franceses, ingleses e alemães). A realização do evento fora da época alta apresenta benefícios em termos comerciais e turísticos proporcionados por uma estada média de cerca de 4 dias pouco comum no mês em que ocorreu o evento. Os ganhos económicos do destino traduzem-se num volume de negócios total (impacto directo) de 9 341 873 euros e consequentemente incluindo receitas fiscais para o Estado no montante de 1 287 886 euros. Avaliando o impacto económico total, isto é, contabilizando também os efeitos indirectos e induzidos, os quais podem ser estimados através do coeficiente técnico de variação para as despesas turísticas, obteve-se como estimativa do impacto económico total o valor de 10 677 342 euros. Estes resultados confirmam a expressão internacional deste evento no qual os objectivos em termos dos impactos e organizacionais foram atingidos, contribuindo deste modo para a projecção da imagem e benefícios económicos da região e do país.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Breen, H.; Bull, A. & Walo, M. (2001). A comparison of survey methods to estimate visitor expenditure at a local event. Tourism Management, 22, 473-479. Brighenti, O.; Clivaz, C.; Délétroz, N. e Favre, N. (2005). Sports Event Network for Tourism and Economic, Development of the Alpine Space, Réseau transfontalier pour le développement touristique et économique de l’Arc Alpin au travers d’événements Sportifs. From Initial Idea To Success: A Guide To Bidding For Sports Events For Politicians And Administrators; Sentedalps Consortium. Switzerland. Edited by Chappelet. Maroco, João (2007). Análise Estatística com Utilização do SPSS (3ª ed.), Lisboa: Edições Sílabo. Turismo de Portugal (2007). Plano Estratégico Nacional do Turismo – Para o Desenvolvimento do Turismo em Portugal. Lisboa: Ministério da Economia e da Inovação. Turismo de Portugal (2001). O Turismo na Economia: Evolução do contributo do Turismo para a economia portuguesa 2000-2010. Direcção de Estudos e Planeamento Estratégico/ Departamento de Informação Estatística. Gratton, C.; Dobson, N. & Shibli, T. (2000). The economic importance of major sports events: a case-study of six events. Managing Leisure, 5, 17–28.

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Edição: GITUR – Grupo de Investigação em Turismo / Instituto Politécnico de Leiria Prefixo de Editor: 989-97395 ISBN: 978-989-98965-1-2

Dezembro 2015

Campus 4 Santuário de Nossa Senhora dos Remédios 2520 – 641 Peniche - PORTUGAL

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