Estudo do impacto do uso de Instrumentos Musicais tradicionais no ensino da Acústica: caso do chitende

August 20, 2017 | Autor: Alberto Halar | Categoria: Estudos Culturais, Ensino de Física, Pesquisa científica em Educação, Inovação científica
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Jorge Moisés Mabunda

ESTUDO DO IMPACTO DO USO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS TRADICIONAIS NO ENSINO DA ACÚSTICA: Caso do Chitende

Licenciatura em ensino de Física

UNIVERSIDADE PEDAGOGICA- MOÇAMBIQUE GAZA 2014

Jorge Moisés Mabunda

ESTUDO DO IMPACTO DO USO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS TRADICIONAIS NO ENSINO DA ACÚSTICA: Caso do Chitende

Licenciatura em ensino de Física

Monografia científica apresentada na Faculdade de Ciências Naturais e Matemática, Delegação de Gaza, Departamento de Física, para obtenção do grau académico de Licenciatura em Ensino de Física.

Supervisor: Msc. Alberto Marcos Halar.

UNIVERSIDADE PEDAGOGICA- MOÇAMBIQUE GAZA 2014

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Declaração Declaro por minha honra que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. Este trabalho nunca foi apresentado em alguma outra instituição para a obtenção de qualquer outro grau académico.

Xai-Xai, Julho de 2013 ___________________________ (Jorge Moisés Mabunda)

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Dedicatória Dedico este trabalho aos meus filhos que serviram de fonte de inspiração para a minha caminhada em todas as acções.

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Agradecimentos Quero, em primeiro lugar, agradecer a Deus pela vida que me concedeu e o espírito de valorizar o conhecimento científico como a melhor arma para vencer os obstáculos que se encontram no meu caminho, obrigado Senhor! Agradeço, ao MSc. Alberto Marcos Halar, meu supervisor, que de forma incansável soube mostrar os melhores caminhos para o sucesso desta monografia; A todos os docentes de Física da UP Gaza, pelo conhecimento partilhado e por tudo de bom que junto deles foi possível aprender; Os agradecimentos são extensivos à direcção de Escola Secundária de Manjacaze e aos professores de Física, pelo acompanhamento no trabalho de pesquisa, bem como aos alunos inqueridos; Aos meus colegas da turma e amigos pelo companheirismo, irmandade, serenidade no trabalho e dedicação em todas as actividades que juntos realizávamos; Aos colegas e dirigentes do Instituto de Formação de Professores Eduardo Chivambo Mondlane, local onde trabalho, que sempre que tive uma necessidade ligada aos meus estudos souberam dar a sua mão no devido momento; À minha família, que conseguiu valorizar o meu esforço no meio de muitas dificuldades, especialmente para os meus pais, Moisés Jonas Mabunda (em memória) e Rosa Djedje que deram o seu suor, ajudando-me a cuidar das crianças depois de terem perdido a mãe. Aos meus filhos que sempre puderam compreender que um dia isto teria um fim; A todos os que, directa ou indirectamente, contribuíram para a realização deste trabalho, endereço o meu muito obrigado.

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Resumo O presente estudo debruça-se sobre o impacto do uso do Chitende como um instrumento tradicional para o ensino da acústica, sendo uma forma de despertar no contributo que os nossos instrumentos musicais podem trazer no desenvolvimento da ciência. O ensino da Física tem sido teorizado e isso torna o acto do saber dissociado do saber fazer e do saber ser/estar. O presente trabalho foi desenvolvido no Distrito de Manjacaze, em colaboração com os professores de Física da Escola Secundária de Manjacaze e o principal objectivo foi o de colher informações que poderão comprovar as hipóteses traçadas em relação ao uso do Chitende no ensino da Acústica, bem como compreender dos praticantes da música tradicional, as características físicosonoras que o Chitende pode apresentar. A pesquisa feita constatou que o Chitende é um instrumento que pode facilitar a explicação do fenómeno da acústica, pois possui a maioria das características que são estudadas na acústica, tais como ondas sonoras, características qualitativas do som, ressonância sonora, interferência sonora, etc. Palavras-chave: Acústica, som, ressonância, Chitende, ondas sonoras.

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Lista de abreviatura e símbolos PEA

– Processo de Ensino-Aprendizagem

NIS

– Nível de Intensidade Sonora

BPM

– Batimentos por minuto

PCESG

– Plano curricular do Ensino Secundário Geral

ESG

– Ensino Secundário Geral

ESEMA

– Escola Secundária de Manjacaze.

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Lista de Tabelas Tabela 2. 1 - Sobre pesquisadores do uso de instrumentos tradicionais no ensino da acustica .................. 28 Tabela 2. 2 - Dados comparativos dos alunos antes e depois de usar o Chitende como material diactico . 38 Tabela 2. 3 - O comportamento do som da caixa de ressonância do Chitende ........................................... 41 Tabela 2. 4 - Variação da frequência do Chitende (altura) ......................................................................... 42

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Lista de Figuras Figura 2.1 – Vista parcial de um violino (corte longitudinal) Figura 2.2 – Metrónomo Figura 2.3 – Composição do Chitende Figura 2.4 – Cabaça: Caixa de ressonância do Chitende Figura 2.5 – A oscilação mecânica de um fio do Chitende Figura 4.1 – O Chitende como oscilador Figura 4.2 – Caixa de ressonância do Chitende Figura 4.3 – Envelope sonoro do Chitende sem cabaça Figura 4.4 – Envelope sonoro do Chitende com cabaça

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ÍNDICE Declaração ....................................................................................................................................... ii Dedicatória ..................................................................................................................................... iii Agradecimentos ............................................................................................................................. iv Resumo............................................................................................................................................ v Lista de abreviatura e símbolos ...................................................................................................... vi Lista de Tabelas ............................................................................................................................ vii Lista de Figuras ............................................................................................................................ viii CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ..................................................................................................... xi 11 Justificativa ........................................................................................................................................ 14 1.2 Relevância e actualidade do tema ..................................................................................................... 15 1.3 Apresentação do problema da pesquisa ............................................................................................ 15 1.4 Perguntas científicas ......................................................................................................................... 16 1.5 Variáveis ........................................................................................................................................... 16 1.5.1 Variáveis dependentes ................................................................................................................... 16 1.5.2 Variáveis independentes ................................................................................................................ 16 1.6 Hipóteses........................................................................................................................................... 16 1.7 Objectivos ......................................................................................................................................... 17 1.7.1. Objectivo Geral ............................................................................................................................. 17 1.7.2. Objectivos Específicos .................................................................................................................. 17 1.8 Caracterização do objecto de estudo ................................................................................................. 17

CAPITULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 18 2.1. Conceitos Básicos ............................................................................................................................ 19 2.2. Relação entre a Física e a Música. ................................................................................................... 20 2.3. Características qualitativas e quantitativas do som musical ............................................................ 21 2.4. Instrumentos musicais como fontes sonoras .................................................................................... 23 2.5.Os instrumentos tradicionais musicais .............................................................................................. 24 2.5.1 Constituição do Chitende ............................................................................................................... 24 2.5.2 Características acústicas do Chitende ............................................................................................ 25

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2.5.2.1 A intensidade do som.................................................................................................................. 26 2.5.2.2 A altura do som ........................................................................................................................... 26 2.5.2.3 O timbre do som ......................................................................................................................... 26 2.6. Pesquisas levadas a cabo sobre o uso de instrumentos tradicionais no ensino da acústica e os principais resultados. .............................................................................................................................. 27

CAPITULO 3: METODOLOGIA DO TRABALHO ................................................................... 30 3.1. Natureza do estudo .......................................................................................................................... 31 3.2. Técnicas de recolha de dados........................................................................................................... 31 3.3. População e amostra ........................................................................................................................ 32 3.4. Procedimentos de Recolha de dados ................................................................................................ 32 3.5. Análise de dados .............................................................................................................................. 32

CAPITULO 4: RESULTADOS DE PESQUISA ......................................................................... 34 4.1. Resultados colhidos com base na Entrevista aos Professores .......................................................... 35 4.2. Resultados recolhidos com base no Inquérito aos alunos ................................................................ 36 4.3. Resultados recolhidos com base na entrevista com os músicos, tocadores de Chitende. ................ 36 4.4. Resultados recolhidos durante a aula de Física................................................................................ 37

CAPITILO 5: ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA .......... 39 5.1. O Chitende como um oscilador ....................................................................................................... 40 5.2. A ressonância através do Chitende .................................................................................................. 40 5.3. Altura do som através do Chitende .................................................................................................. 41 5.4. A intensidade do som através do Chitende ...................................................................................... 42 5.5. O timbre do som através do Chitende .............................................................................................. 42

7. CONCLUSÃO E SUGESTÕES ............................................................................................... 44 7.1 Conclusão ......................................................................................................................................... 44 7.2 Sugestões .......................................................................................................................................... 45

APÊNDICES ................................................................................................................................. 47 APÊNDICES 1 - EXPERIÊNCIAS ........................................................................................................ 48 Apêndices 1- Guião de entrevista destinado ao professor ...................................................................... 52 Apêndices 1- Inquérito destinado ao aluno............................................................................................. 55

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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

O sistema de ensino-aprendizagem envolve diversas actividades que permitem o desenvolvimento integral e integrado da personalidade. Sendo a Física uma ciência experimental que estuda as leis que interpretam os fenómenos naturais, e faz uma ligação directa entre a vida do homem e o meio circundante, é necessário que se desenvolvam conceitos através das novas descobertas e através dos recursos disponíveis para o Processo de Ensino e Aprendizagem. Quando o aluno começa a estudar a Física, é importante que este desenvolva conceitos sólidos no seu intelecto, descobrindo por si só a importância e a necessidade da Física na vida de cada um e na sociedade em geral. Esta visão é dada em acções práticas das quais o aluno pode (em casa) praticar demonstrando o que aprendera teoricamente na escola. Isto passa do descobrimento do potencial que o aluno traz do seu dia-a-dia. Neste contexto, o estudo que se apresenta pretende incentivar a aplicação dos instrumentos tradicionais nacionais, à volta do educando, para explicar fenómenos da Acústica, na Escola Secundária de Manjacaze, no Distrito do mesmo nome. A sociedade em que vivemos está em permanente transformação, exigindo dos cidadãos adaptações no dia-a-dia. Através deste estudo, será possível trazer novos procedimentos para o PEA dos fenómenos da Acústica, capitalizando o meio circundante como fonte dos meios de ensino para a Física. As aulas expositivas dominam, actualmente, as disciplinas de Física nas escolas secundárias e toda a aprendizagem está centrada no professor, desprezando os conhecimentos do dia-a-dia do aluno, facto que se constatou aquando da realização das Praticas Pedagógicas nas escolas secundárias. O presente trabalho está organizado em seis capítulos, a saber: 1º Capítulo: Introdução geral do trabalho 2º Capítulo: Fundamentação Teórica, que foca os pontos de vista de diversos autores em termos dos conceitos de Acústica e instrumentos musicais tradicionais. 3º Capítulo: Estudo empírico, onde se apresenta de forma resumida o projecto de pesquisa.

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3º Capítulo: Metodologia usada para a elaboração do trabalho, que por sua vez, inclui o tipo de pesquisa, instrumentos usados para a colecta de dados, método de análise de dados bem como a amostra da população em estudo; 4º Apresentação dos dados, que comporta apenas a “colagem” dos pontos de vista dos participantes da pesquisa em relação às questões que lhes foram colocados; 5º Capítulo: Análise e interpretação dos resultados, que se apresenta como parte da discussão e interpretação dos resultados apresentados apoiando-se em vários autores; e, 6º Capítulo: Conclusão e sugestões, como parte dos pontos de vista em relação aos dados discutidos e das sugestões que o autor levanta.

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11 Justificativa O desenvolvimento de conceitos físicos pode ser defeituoso se o seu manuseamento não for de acordo com as exigências da disciplina. Os conhecimentos da Física não devem ser teorizados apenas, mas a sua concretização é bastante importante para visualizar o que as leis retratam teoricamente. Tem se verificado que nas escolas o PEA de fenómenos físicos muitas vezes é meramente teórico, o que faz com que a disciplina não assuma a sua posição privilegiada na transformação e desenvolvimento da humanidade. O estudo das ondas sonoras está incorporado no ensino da Física, através do capítulo da Acústica. Muitos dos exemplos aqui tratados não trazem o dia-a-dia dos alunos, ou melhor, os conceitos são tratados de forma teórica, não tornando, deste modo sólidos os conhecimentos sobre as características das ondas sonoras A aplicação de instrumentos musicais tradicionais no ensino da Acústica será um ganho muito maior, não só para o aluno que vai aprender, mas também para o professor que terá a oportunidade de demonstrar as suas aulas, através de fontes sonoras que estão à sua volta. Devido à inconsciência do que faz, o aluno depara diariamente com muitas situações em que toca vários instrumentos musicais, quer sejam aerófonos, cordófonos, membranófonos, ideófonos e outros, mas nunca sabe explicar o que está por de trás de todos estes instrumentos que produzem som. Trazendo uma nova visão sobre aplicação dos instrumentos musicais tradicionais no ensino da Acústica, irá melhorar o desenvolvimento de conceitos e compreensão da Física que está por detrás dos instrumentos musicais tradicionais que ele toca diariamente. Trabalhando desta forma, Julga-se que os conteúdos da Física serão mais facilmente compreendidos pelos alunos e reduzir-se-á o tempo de trabalho com os conteúdos. Na sala de aulas, o aluno trabalha conjuntamente com os seus colegas sob orientação do professor (no contexto, o professor orienta a realização das experiências de forma lógica e ajuda a organizar os pensamentos dos alunos) para que, estes façam seus juízos, e tenham mais autonomia e criatividade para melhor preparação da vida particular e profissional, estabelecendo relação entre o quotidiano e os conteúdos escolares.

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A realização deste estudo seria, para o ensino de Física, uma das estratégias da integração do educando na descoberta e resolução dos vários problemas que possam afligir a sua comunidade, escola, etc., problemas como a falta de máquinas que auxiliam a vida do homem, combate à pobreza, em fim, aquilo que é o dia-a-dia da sociedade. 1.2 Relevância e actualidade do tema O PEA de Física nos remete ao uso de métodos práticos e/ou experimentais, colocando o aluno em acção. Este posicionamento desenvolve as competências durante a aprendizagem. A visualização do ensino é uma das prioridades propostas pelo PCESG para o trabalho com todos os conteúdos da Física. O uso de experiências como procedimento de ensino encontra-se numa posição privilegiada na abordagem dos conteúdos de Física. Interessa aqui destacar que o aluno é orientado com instrumentos musicais tradicionais colocando suas ideias sobre aquilo que observa quando executa um instrumento musical e que esteja relacionado com a Física. Desta forma o aluno poderá conquistar o caminho que lhe leva a relacionar os conteúdos da Física com o seu dia-adia, podendo assim valoriza-la Èmile Jaques-Dalcroze (1865-1950), um pedagogo e compositor musical, citado por SILVA, C. A. (2008), afirma que “Música é Movimento e Movimento é Música”. Isto nos permite perceber que todos os sons musicais expressam um movimento mecânico que pode ser estudado, também, pela Física ondulatória, especificamente, na Acústica. Os nossos instrumentos musicais tradicionais são ricos em características sonoras que com mais facilidade podem possibilitar o estudo e compressão dos processos da Acústica. 1.3 Apresentação do problema da pesquisa As reformas curriculares do processo de ensino no nosso Pais são constantes e, isto nos remete a novos pensamentos no PEA da Física. O ensino de Física sempre tem sido criticado no sentido de apresentar uma baixa qualidade, resultados vergonhosos nas pautas e cadernetas de registo. Isto acontece porque o ensino da Física tem sido teorizado nas escolas do ESG, senão vejamos “...Frequentemente a física é apresentada como uma série de “fórmulas” prontas, com as quais o aluno opera sem lhes dar sentido ou fazer qualquer relação com o seu quotidiano”, (KRUMMENAUER, et al. 2009, pg22).

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Se o ensino é teorizado, orienta o aluno a memorização, uma forma de aquisição de aprendizagem que não torna os conhecimentos mais duradoiros. Sendo a Física uma disciplina experimental, é necessário que esta esteja ligada a realidade do dia-a-dia. A Física ondulatória, especificamente, a Acústica é composta por conteúdos com carácter observável, ou melhor, o aluno pode observar os fenómenos ondulatórios do som, fazendo assim a visualização do ensino. 1.4 Perguntas científicas a) Como usar o Chitende como um meio didáctico na sala de aulas para desenvolver conceitos sólidos e aliados ao dia-a-dia? b) Que impacto o uso do Chitende, como material didáctico, poderá trazer no PEA da acústica? 1.5 Variáveis 1.5.1 Variáveis dependentes O processo do ensino e aprendizagem da Acústica. 1.5.2 Variáveis independentes O uso do Chitende como meio didáctico no ensino da acústica. 1.6 Hipóteses A não realização de experiências com recurso a instrumentos tradicionais no ensino da Acústica, pode concorrer para a perda de valores bem como dos conceitos a serem definidos; 

O uso do Chitende como meio didáctico no processo de ensino e aprendizagem pode concorrer para a melhoria do processo do ensino e aprendizagem da Acústica



As características exploradas no Chitende como uma fonte sonora, podem ser analisadas posteriormente na acústica em forma de Frequência, Comprimento de Onda, ressonância e interferência, relacionando as características qualitativas e quantitativas de um som

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1.7 Objectivos 1.7.1. Objectivo Geral Monitorar a aplicação de instrumentos musicais tradicionais no ensino da Acústica. 1.7.2. Objectivos Específicos a) Testar o uso do Chitende como material didáctico para a concretização de fenómenos acústicos. b) Estimular a inserção de instrumentos musicais tradicionais no PEA da acústica como forma de aliar os conceitos teóricos à vida quotidiana dos alunos. 1.8 Caracterização do objecto de estudo Este trabalho de pesquisa, visa trazer uma nova visão no ensino dos fenómenos acústicos recorrendo-se aos meios circundantes para a sua concretização. A preocupação neste estudo é basicamente perceber o que os professores fazem para que o dia-a-dia dos alunos se alie ao conhecimento científico que adquirem na sala de aulas tal como já o dissera REZENDE &OSTERMANN (2005) quando levantou o problema de que “os professores encontram dificuldades em relacionar o conteúdo teórico com fenómenos do quotidiano”. Nos últimos anos temos visto crescer o interesse pela relação Física-Música, tanto por parte dos físicos quanto dos músicos. Cada um em sua área pode trazer contribuições importantes e, assim podem ser desenvolvidos conhecimentos que de outra forma seriam muito difíceis de serem alcançados. Estudar Acústica através da Música, é misturar as linguagens que isoladas são incompletas por si só. A Música preocupa-se com estética, termos não muito precisos numericamente, qualidades sonoras, enquanto à Física correspondem os números, ou seja, as quantidades. Neste estudo a base será o “Chitende”, um instrumento musical monocórdio muito tocado na zona sul de Moçambique. Este instrumento possui um som natural que nos permite avaliar de forma mais concisa o comportamento das ondas sonoras. Na sua totalidade este trabalho irá analisar o comportamento deste instrumento como uma fonte sonora natural que pode nos facilitar o estudo da frequência, comprimento de onda, ressonância, interferência, entre outros fenómenos da acústica.

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CAPITULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo, far-se-á um breve resumo sobre os dados que foram colhidos, aliados ao tema de pesquisa e que servirão de suporte científico para o presente trabalho.

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2.1. Conceitos Básicos “Acústica é a parte da Física que estuda o som e a propagação das ondas sonoras num determinado meio elástico” (GUIDORZI, 1997). Este capítulo permite-nos perceber o comportamento do som como onda sonora quando se encontra em determinados meios elásticos ( liquido, sólido ou gasoso). “A Física acústica investiga a forma como a energia sonora se transmite através dos meios materiais de propagação...”,(http.//p.t.m.wikpedia.org/wiki/Física acústica) “A Psicoacústica é um ramo da Psicofísica que estuda a relação entre os estímulos acústicos e as sensações auditivas” (ROEDERER, 1995) De acordo com LAZZARINI.1998, pg5 a Acústica Física estuda a parte material do fenómeno sonoro, enquanto a Psicoacústica trata da percepção do fenómeno sonoro pelos sentidos. Estas duas áreas são das mais relevantes para o estudo da Acústica. A estas áreas está subordinada a parte que estuda a fisiologia que trata das estruturas do aparelho fonador e auditivo dos seres vivos. Este subcapítulo chamado Acústica musical, relaciona os dados dessas duas áreas com a actividade artística. Na óptica de RASCH & PLOMP.1982, pg24 a Psicoacústica musical é uma área em que se estudam as características subjectivas dos sons musicais assim como os fenómenos que ocorrem quando ouvimos os diversos sons simultaneamente, como é o caso da música. Para a existência do som é necessário que haja vibrações e as vibrações são ondas mecânicas. LAZZARINI (1998:5) refere que “o som é uma qualidade perceptível que é resultado da percepção de distúrbios das moléculas de um meio em um certo espaço de tempo”. Esses distúrbios, por sua vez, apresentam-se em forma de ondas em sua propagação pelo meio. De acordo com FERREIRA e CYRILLO (s/d), Música é arte de exprimir sentimentos, pensamentos, culturas, hábitos, … por meio da combinação de sons agradáveis ao ouvido”. A música é basicamente uma área que depende muito de actividades práticas, o que nos leva a definir métodos práticos como base para a sua leccionação.

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2.2. Relação entre a Física e a Música. A Arte e a Ciência são dois conceitos que em determinados períodos tiveram um carácter de oposição, e noutros se complementaram como se pertencessem a um corpo de conhecimento alargado. Por exemplo a harmonia, o equilíbrio, a proporção, a simetria – arte e a matemática. Para clarificar este assunto, LEIPP (1965) analisou os traçados de muitos luthiers1 antigos para analisar o número de ouro2 no traçado da forma externa do instrumento (Figura 2.1)

Figura 2. 1- Vista parcial de um violino (Corte Longitudinal)

O número de ouro pode se obter da figura 2.1 acima fazendo os seguintes cálculos:

Isto mostra que desde à longos anos os músicos usaram bastante a Física e a Matemática na construção dos seus instrumentos musicais. São estes instrumentos musicais que servirão de objecto de estudo para o desenvolvimento deste trabalho. Estudar Física através da Música - é misturar as linguagens que isoladas são incompletas por si só. A Música interessa-se pela estética, pelos termos não muito precisos numericamente, pelas qualidades e, a Física trata dos números, das quantidades. 1

Luthier- nome que se dá a um profissional especializado no fabrico de instrumentos de corda com caixa de ressonância sem teclado, tais como violões, cavaquinhos, violinos, contrabaixos, etc. 2

Número de Ouro, também conhecido por proporção de áurea, é uma constante real algébrica irracional denotada pela letra grega (Phi), e é igual a 1,618

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2.3. Características qualitativas e quantitativas do som musical3 A análise das principais características do som musical pode ser feita qualitativa e quantitativamente: - Qualitativamente (percepção) o som caracteriza-se pela altura, intensidade, timbre e duração. - Quantitativamente (características Físicas) o som caracteriza-se pela frequência, amplitude, superposição de diferentes componentes de Fourier e tempo. Altura – Na Música: é a maior ou menor diferença de entoação dos sons podendo ser agudos, médios ou graves – Na Física: é a quantidade em Hertz (Hz) de vibrações por segundo, ou seja é a frequência com que se produz o som. De acordo com a frequência para o ouvido humano, os sons podem ser infra-sons (abaixo de 20Hz), sons audíveis ou perceptíveis (entre 20 e 20000Hz) e ultra sons (acima de 20000Hz). A Voz humana pode produzir sons a partir dos 80 a 1100Hz, sendo 80 a 300Hz para o Baixo e 300 a 1100Hz para o Soprano. Os instrumentos musicais conseguem intervalos muito maiores e muito baixos em relação a voz humana. Intensidade - Na Música: caracteriza a força com que se produz o som, isto é, permite-nos distinguir sons fortes e fracos (piano, mezzo-forte, forte, fortíssimo). - Na Física: é a quantidade de energia que se propaga por unidade de área e tempo. É a variação de pressão ou variação de massa específica do meio em que se verifica a sua propagação – fluxo de energia ou amplitude de oscilação de pressão da onda sonora. O Nível de Intensidade Sonora pode se determinar da seguinte maneira: ( ), 3

In RASCH & PLOMP, 1982

onde

.

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Sendo :

- Intensidade sonora mais baixa;

-Instensidade sonora mais elevada

Timbre - Na Música: é personalidade do som, permite identificar a procedência do som, se relaciona directamente com a composição harmónica da onda sonora. - Na Física: permite distinguir sons com mesma altura e intensidade, mas com diferentes componentes de Fourier, isto é, a superposição de ondas com frequências múltiplas da fundamental, distribuídas com diferentes amplitudes. Através do timbre podemos saber seleccionar o melhor instrumento musical a usar, pois esta corresponde a característica específica de cada fonte sonora. Duração do Som - É representada pelas figuras musicais e pelos andamentos que determinam o tempo de vida de um som, define se os sons são longos ou curtos. As figuras musicais têm valores pré definidos e é através destas que se representa graficamente a duração de um determinado som.

Figura 2.2 - Metrónomo, instrumento usado para regular o anda mento de uma canção

A Duração na música é determinada por um instrumento chamado Metrónomo (Figura 2.2), inventado, em princípios do século XIX, pelo mecânico Austríaco Johann Nepomuk Maelzel. É utilizado para indicar com precisão o andamento de uma música. A indicação feita pelo metrónomo se refere a uma quantidade específica de pulsações (ou de oscilações) por minuto. A velocidade do pêndulo pode variar de 40 a 208 BPM.

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Um metrónomo é muito útil para todos os que estudam a música. Na Física temos os movimentos oscilatórios e ondulatórios, num determinado tempo, medido em segundos do pêndulo do metrónomo. 2.4. Instrumentos musicais como fontes sonoras De acordo com KRUMMENAUER (2009:22), estudos feitos sobre o uso de instrumentos musicais este assunto mostram que a exploração destes como meios de ensino é um ganho no processo de visualização dos fenómenos acústicos. Através de instrumentos musicais podemos exprimir e transmitir ideias e sentimentos. Tomando como exemplo um violino, do ponto de vista físico, como instrumento cordófono, observamos a vibração das fios. Contudo, aqui é difícil analisar o movimento vibratório de toda a estrutura do instrumento, pois comporta-se como um conjunto de osciladores. Um instrumento musical é constituído por três sistemas básicos nomeadamente: - Sistema excitador - Sistema ressonador - Sistema radiante O Sistema excitador é um mecanismo Físico que gera as vibrações transformando a energia não vibratória em energia vibratória. Isto se verifica quando percutimos, dedilhamos, beliscamos uma fio de um instrumento musical criando assim uma vibração que produzirá o som. O Sistema ressonador consiste na amplificação das oscilações geradas no sistema excitador. Aqui as oscilações, para além de serem amplificadas, filtradas e/ou modificadas para que se adequem ao que se pretende. Por exemplo, na viola acústica, a caixa de ressonância é um sistema ressonador pois serve para amplificar o som produzido pela vibração da fio beliscada. Num Chitende, a cabaça amplifica e dá brilho ao som produzido pela vibração do fio percutido. O Sistema radiante transmite as vibrações ao ar circundante originando a onda sonora que se propaga no meio até atingir qualquer detector de som. A energia vibratória e acústica, resultante dos sistemas excitador e ressonador, é transformada em energia vibratória do ar – a energia acústica radiante.

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De uma forma resumida, podemos dizer que: - Sistema excitador – energia; - Sistema ressonador – ondas estacionárias no interior do instrumento; - Sistema radiante – energia transferida por radiação para o exterior (não pode ser total). 2.5.Os instrumentos tradicionais musicais Os instrumentos tradicionais musicais de Moçambique são normalmente de fácil construção. O material usado é natural e pode ser encontrado à nossa volta. Todos estes instrumentos não estão fora das características dos instrumentos convencionais, a única diferença com os convencionais é que estes são mais naturais, pois não sofreram transformações industriais para alterar o seu timbre. Tal como os instrumentos convencionais de produção do som, os instrumentos tradicionais também se dividem em Membranofonos, Cordofonos e Aerofonos. Neste estudo, o instrumento básico é o Chitende (figura 2.3), um instrumento cordófono de umfio esticado sobre um arco de madeira que contém uma cabaça presa por um pequeno fio neste arco. Corda de aço

Arco de madeira

Cabaça Figura 2.3 - Composição do Chitende

O Chitende é um instrumento que pode substituir perfeitamente o Diapasão pois produz um som natural e sem perturbações das oscilações visto que este é um monocórdio. Com base no som produzido pelo Chitende podemos facilmente estudar os fenómenos da acústica. 2.5.1 Constituição do Chitende O Chitende é um instrumento de música tradicional, normalmente praticado na zona Sul de Moçambique. É constituído por um arco feito com uma árvore considerada própria para tal, “O construtor experiente usa para melhorar o som do instrumento um arco de madeira

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extraído de árvores específicas como Matsama a bolile ou Mphehla quadi” (HALAR. 2011:32). Neste arco está esticado um fio metálico (geralmente de aço) que une as pontas do arco. No centro do arco contém um pequeno fio ou arame de aço que une o arco com o fio de aço dividindo o instrumento em duas partes. Para ampliar o som do instrumento existe uma caixa de ressonância feita de uma cabaça (figura 2.4) fixada no arco e virada para o exterior com vista a dar brilho e maior intensidade ao som produzido pela fio metálica quando é percutida.

a)

b)

Figura 2.4 – Cabaça: Caixa de ressonância do Chitende: a)Parte exterior; b)Parte interior

É tocado por meio de um pequeno pau – a palheta. Uma das mãos principalmente a esquerda segura o instrumento e com a mão direita que segura a palheta vai se percutindo a fio esticada sobre o arco produzindo o som. Abrindo e fechando a cabaça com o peito o músico vai variando a intensidade do som de acordo com o seu gosto. 2.5.2 Características acústicas do Chitende Primeiro é preciso perceber que com o Chitende pode-se explicar muitos conceitos físicos ligados as oscilações e ondas. Por definição o Som é um conjunto de vibrações. Isto quer dizer que quando se percute a fio do Chitende, ela produz som como resultado das oscilações (figura 2.5). Este som Para que seja audível, precisa de uma caixa de ressonância que o vai amplificar – neste caso a cabaça (figura 2.4).

L L

a)

b)

Figura2.5-A oscilação mecânica de um fio do Chitende: a) Chitende; b) Representação gráfica

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2.5.2.1 A intensidade do som A caixa de ressonância presa no arco do Chitende responsabiliza-se pela ampliação do som produzido pelo fio quando é percutido. O músico varia a distância entre a boca da cabaça e o seu peito procurando assim variar a intensidade sonora do Chitende. Aqui será possível analisar a quantidade de energia transportada pelas ondas sonoras por unidade de tempo através de uma secção transversal de um plano perpendicular à propagação das ondas. De acordo com L.S.JDÁNOV & G.L. JDÁNOV (1981, p389), pode-se então determinar a intensidade sonora. Considerando que a energia é proporcional a frequência e a amplitude da onda sonora, podemos então afirmar que

Quando o músico aproxima ou afasta a cabaça do peito varia a amplitude da onda sonora produzida. 2.5.2.2 A altura do som A variação da altura do som corresponde à variação do tom do mesmo som, isto é, o som pode variar do grave para o agudo ou vice-versa. Quando se pretende variar a altura do som é preciso alterar a frequência das oscilações da fio percutida. O músico consegue variar a altura do som esticando e aliviando o fio do Chitende. Segundo L. S. JDÁNOV & G. L. JDÁNOV (1981, p391), “…, a altura de um som pode ser caracterizada pelo comprimento de onda das ondas sonoras que se propagam através do ar. Assim, para o ar a uma temperatura de 0º temos

Sendo

. Desta formula podemos afirmar que

; e; é

2.5.2.3 O timbre do som A escolha do melhor som produzido pelo Chitende depende da matéria de que é feito o instrumento. Existem árvores específicas para extracção da madeira com a qual se produz o

27

Chitende. Na região onde se efectuou esta pesquisa, usa-se uma árvore que na língua local chama-se “Mbesso”. É uma árvore com características similares às de uma acácia. Depois de secar é muito leve e por isso garante maior sonoridade. A caixa de ressonância deve ser de uma cabaça, pois os outros objectos ocos são mais pesados e não garante maior produção e propagação do som. Por esta razão é possivel perceber que a qualidade do som depende, essencialmente, da fonte e não da amplitude como muitos pensam. 2.6. Pesquisas levadas a cabo sobre o uso de instrumentos tradicionais no ensino da acústica e os principais resultados. A luta pela melhoria da qualidade do PEA da acústica já foi matéria de estudo de vários pesquisadores, dai que algumas dissertações e monografias retratam as actividades desenvolvidas. Os autores em causa procuram aproximar a ciência ao aluno, mostrando o impacto da valorização do material local para a visualização do ensino, como um dos princípios didácticos. A acústica trata do estudo do som, por isso o uso de instrumentos musicais como fontes sonoras com alturas definidas é indispensável. Os instrumentos tradicionais possuem características que tornam o conhecimento da acústica mais fácil. Os progressos e as limitações dos estudos já feitos sobre o uso de instrumentos tradicionais no ensino da acústica marcaram o fulcro das investigações, como ilustra a tabela da figura 8 (pagina seguinte).

Tabela 2. 1 - Sobre pesquisadores do uso de instrumentos tradicionais no ensino da acústica

Autor

Tema

Wilson Leandro O Uso de Instrumentos Krummenauer, Musicais Como TerrimarIgnácioPa ferramenta motivadora squaletto& Para o ensino da acústica Sayonara Salvador no ensino médio Cabral da Costa

Objectivo do Tema

Resultado da Pesquisa

Ficou evidenciado que a Proposta alcançou os instrumentos musicais para objectivos, pois a grande maioria dos alunos motivação nas aulas de aprendeu com prazer, acústica achou as aulas atractivas e comentou que gostaria que mais conteúdos fossem abordados da mesma maneira Avaliar o impacto do uso de

Limitações do Pesquisador A pesquisa esteve Apenas virada

para

o

uso

de

instrumentos musicais como instrumentos de motivação, mas que não entram para a demonstração

dos

fenómenos físicos

Daniel De Andrade Dar ao professor de Física O ensino da acústica no Foi esclarecido que A pesquisa não especificou Moura& Pedro mais uma ferramenta para o ensino médio por meio de processo Bernardes Neto de ensino- entre a ciência e a arte os instrumentos básicos, mas aprendizagem da acústica instrumentos musicais de não existe antagonismo. sim desenvolve a acústica baixo custo

São dois assuntos que se sob ponto de vista geral ou complementam

seja todos os instrumentos musicais de baixo custo foram considerados

29

Alberto Halar

Marcos Chitende-Um instrumento Explorar as potencialidades Evidência com clareza a Este trabalho não mostra musical no ensino de de um instrumento musical da necessidade do uso do com clareza a relação entre oscilações e ondas

tradição moçambicana,

cultural Chitende para o ensino as características Físicas e o

Chitende, das oscilações e ondas qualitativas

do

para o ensino e aprendizagem mostrando os devidos produzido por Chitende. de oscilações e ondas no procedimentos para a Ensino Secundário Geral

sua aplicação.

som

___________________________________________________________________________ ___ CAPITULO 3: METODOLOGIA DO TRABALHO O sucesso de um trabalho depende da escolha dos melhores métodos como caminhos a seguir para realização do mesmo. Nesta óptica, o presente capitulo apresenta os métodos usados durante e depois da recolha de dados para esta pesquisa.

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3.1. Natureza do estudo O trabalho desenvolvido é de Natureza Qualitativa, baseado num estudo de caso, uma vez que postula o contacto com os professores de Física da Escola Secundária de Manjacaze, alunos de uma turma da 12ª Classe da mesma escola e alguns elementos da população que tocam instrumentos tradicionais, O caso de Chitende. Este estudo poderá mostrar claramente a possibilidade de demonstrar os fenómenos da acústica durante as aulas de Física. A partir dos resultados desta pesquisa os professores poderão melhorar a sua actuação na sala de aulas podendo, desse modo colher melhores resultados no PEA da Física. Segundo RODRIGUES.2007, pg5, o contacto directo com a situação em que ocorre o fenómeno, permite detectar os factores e contexto que influenciam o seu decorrer. Então, este tipo de pesquisa favorece a interacção com o ambiente da sala de aulas e da escola onde está a leccionar o professor de Física. Esta pesquisa contou com o auxílio da pesquisa bibliográfica que consistiu na consulta de algumas obras que versam sobre a Acústica e sobre os instrumentos musicais. Com base nesta pesquisa recolheu-se subsídios que corporizaram o marco teórico e auxiliaram na interpretação dos resultados obtidos nos locais de estudo. 3.2. Técnicas de recolha de dados Dada a natureza do estudo, para a pesquisa foram utilizadas as técnicas de entrevista, inquérito e observação. As entrevistas foram direccionadas aos professores do 2º ciclo de Física da ESEMA. Para os alunos fez-se um inquérito que ajudou a recolher informações sobre a situação actual do PEA das aulas de Física naquela escola. A Observação consistiu na assistência de algumas aulas dos professores que leccionam a Física no 2º ciclo. O principal motivo da escolha desta entrevista é a possibilidade de esta garantir a comparação com o mesmo conjunto de perguntas, cujas diferenças reflectem nas diferenças entre os respondentes e não diferença nas perguntas. Os inquéritos garantem a relação entre as respostas dos professores e dos alunos dando assim uma consistência aos resultados desta pesquisa.

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3.3. População e amostra O estudo contou com a participação de professores de Física do 2º ciclo da Escola Secundária de Manjacaze, uma escola que se encontra numa zona rural onde é possível encontrar população praticante de música tradicional especialmente do instrumento em estudo. Foram também inqueridos cerca de 40 alunos da 12ª classe para recolher a sua sensibilidade em relação ao impacto que o Chitende pode trazer na melhoria dos seus conhecimentos sobre a acústica. Escolheu-se a 12ª classe pois pretendia-se que eles comparassem o que aprenderam sobre acústica sem o uso do Chitende com a nova proposta de aprendizagem. Inquiriu-se, também, alguns elementos da população, que tocam o Chitende, próximos da escola. Esta serviu de amostra populacional dos vários professores que leccionam a Física nas diversas escolas do ESG. 3.4. Procedimentos de Recolha de dados A recolha de dados obedeceu três momentos: primeiro, o do reconhecimento do terreno que consistiu na apresentação do pesquisador à Direcção da ESEMA e aos Professores de Física. O segundo momento foi o da recolha de dados em que os professores foram solicitados a dar os seus pontos de vista em relação a questões da entrevista e a distribuição dos inquéritos pelos alunos de uma turma. Por último organizou-se uma turma da qual foi possível analisar o comportamento dos alunos antes e depois de usar o Chitende como meio didáctico. O processo da entrevista consistiu em cada professor responder por escrito a cada questão patente da folha da entrevista. Privilegiou-se este procedimento para não paralisar as actividades normais dos professores, podendo, cada um, responder o questionário da entrevista no momento em que estiver livre. Por fim, chegou o momento da colecção de toda a informação que serviu de instrumentos básicos para a construção deste documento. Para garantir a privacidade de todos os entrevistados, todas as entrevistas bem como os inquéritos não foram respondidos em anonimato. 3.5. Análise de dados Para o tratamento de dados optou-se pelo método de análise de conteúdo, que compreende um conjunto de técnicas de pesquisa cujo objectivo é a busca do sentido ou dos sentidos de um

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documento ou pensamento dos indivíduos. Segundo CAMPOS (2004:612), o método de análise de conteúdo é limitado por duas fronteiras: de um lado a fronteira da linguística tradicional e do outro o território da interpretação do sentido das palavras. Com este método, procurou-se penetrar na linguagem do sujeito e na forma como orienta a sua prática, desde a planificação, leccionação até a avaliação das aulas de Física na ESEMA.

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CAPITULO 4: RESULTADOS DE PESQUISA Neste capítulo apresenta-se, duma forma detalhada, os depoimentos dos professores de Física da ESEMA, recolhidos com base nos guiões de entrevistas, inquéritos e observação. Assim, a apresentação é feita em quatro (4) partes:  1ª Parte, Apresentação dos resultados colhidos das entrevistas dos professores da ESEMA, compilados de acordo com a tendência e coincidência das respostas;  2ª Parte, correspondente aos dados colhidos com base na observação do decurso do Processo de Ensino e Aprendizagem (PEA) nas salas de aulas. Ou seja, é a parte da apresentação da síntese da assistência de aulas de alguns professores de Física da ESEMA.  3ª Parte, Aqui far-se-á a apresentação dos resultados obtidos sobre a opinião dos alunos que responderam ao inquérito.  4ª Parte, Apresentação dos resultados colhidos de alguns membros da população que tocam o Chitende.

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4.1. Resultados colhidos com base na Entrevista aos Professores Cada professor entrevistado respondeu a um questionário com 6 perguntas relacionadas com o uso do Chitende no ensino da acústica. Foram no seu total 7 professores que leccionam a disciplina de Física. Para a questão número um (1), da qual se pretendia saber se durante as suas aulas os professores usam instrumentos tradicionais para concretização de fenómenos acústicos, os professores na sua maioria afirmaram que não usavam pois estes tem dificuldades em construi-los e as pessoas que praticam moram longe da vila, recorrendo apenas a fontes sonoras convencionais e por vezes as aulas são dadas de forma teórica Em relação à questão número dois (2), onde se pretendia saber qual seria o impacto do uso de instrumentos musicais no ensino da acústica, os professores afirmaram que estes seriam muito úteis pois são fontes do som que vai se precisar como objecto de estudo na acústica. Afirmaram que os alunos poderiam se sentir mais motivados por usar instrumentos que estão à sua volta. Na questão número três (3), na qual se pedia para definir a função de cada elemento da composição do Chitende, quanto ao arco de madeira os professores na sua maioria afirmaram que era apenas para esticar o fio. Quanto ao fio todos foram unânimes em afirmar que apenas serve para produzir o som, não houve maior desenvolvimento sobre a função deste fio. Questionados sobre a contribuição do Chitende na demonstração de fenómenos acústicos (pergunta 4), todos deixaram transparecer que este instrumento era uma verdadeira fonte de ensino da acústica, contudo haveria muitas dificuldades em aplicar pois muitos dos professores não o sabem tocar. A pergunta 5 pedia que os professores mencionassem outros instrumentos praticados na região que também pudessem ser usados no ensino da acústica e as suas respectivas características. O mais indicado foi o Chipendane, um instrumento cordófono do tipo monocórdio que apenas difere do Chitende por este não possuir a cabaça, usando-se a boca como caixa de ressonância. Outro instrumento mencionado foi o xizambi, este é um instrumento tradicional também praticado naquela região. É feito de palha esticada sobre um pequeno arco de madeira. Este arco encontra-se com pequenas fendas do tipo “reco-reco”.

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4.2. Resultados recolhidos com base no Inquérito aos alunos Os resultados do inquérito dos alunos sobre o tema em questão trazem uma visão geral do que é o pensamento dos alunos acerca do uso do Chitende no ensino da Acústica. Deste inquérito, constatou-se que cerca de 90% dos alunos conhecem o Chitende, contudo apenas 5% afirmaram que sabem tocar este instrumento. Quando se procurou saber se usavam este instrumento nas suas brincadeiras, cerca de 60% respondeu que não usava este instrumento nas suas brincadeiras, mas afirmam que já viram as pessoas mais idosas a tocarem o Chitende e até gostavam de assistir estes a tocarem. Dos vários fenómenos colocados aleatoriamente, os alunos foram capazes, em cerca de 95% dos inqueridos, de identificar as ondas sonoras como fenómenos físicos a serem estudados através do Chitende. Quanto a amplificação do som do Chitende cerca de 40% dos alunos prefere que seja feita por uma cabaça, 37% prefere usar Massala e os restantes 23% escolheram a casca de coco. Acerca da questão que pedia saber se o Chitende poderia ser útil no ensino da acústica, cerca de 93% afirmou que este instrumento seria muito útil no ensino da acústica. 4.3. Resultados recolhidos com base na entrevista com os músicos, tocadores de Chitende. Para melhor perceber as reais características do Chitende, foram igualmente entrevistados alguns tocadores deste instrumento na região. Na conversa com estes praticantes colheu-se a seguinte informação: Sobre a árvore que se usa na construção deste instrumento naquela região, a maior inclinação foi para mbesso e mafureira, uma árvore que se encontra em maior abundância naquela região e que dificilmente é perfurada por insectos parasitas. Alguns chegaram a mencionar a chanfuta mas esta apresenta uma grande desvantagem pois quando seca fica muito dura e perde a elasticidade podendo se partir por uma simples queda. Quanto aos componentes do Chitende, todos foram unânimes em afirmar que o Chitende é constituído por arco, fio de aço, cabaça e a palheta. Não existe uma medida certa do Chitende,

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mas podemos encontrar alguns com cerca de 150 a 200 centímetros de comprimento do arco de madeira. O arco do Chitende tem a função de esticar o fio, mas não só garante a variação de altura do som produzido. A cabaça serve como amplificador, aumenta a Intensidade do som e dá brilho a música; o fio é que produz o som do Chitende. A palheta serve para percutir o fio o qual por sua vez ira produzir o som. Nos últimos dias o Chitende já não faz parte dos vários instrumentos Cordófonos que são praticados naquela região, pois a geração actual já não se preocupa com o património cultural da região. Muitos dos jovens actuais nem conhecem este instrumento. Contudo ainda existem algumas pessoas de idade já avançada que ainda tocam e valorizam este instrumento pois ele tem um valor cultural muito grande na sociedade. 4.4. Resultados recolhidos durante a aula de Física Para aliar os assuntos tratados teoricamente sobre o Chitende com a prática, foi necessário realizar uma actividade prática que consistiu na leccionação de aulas sobre a acústica numa turma da 12ª classe. A 1ª aula consistiu no diagnóstico do comportamento dos alunos em relação a acústica através de um questionário pré-elaborado. Deste pré-teste foi possível verificar que os alunos assimilavam em menor percentagem os conteúdos uma vez que a maior parte nao conseguiu responder ao questionário. Depois do deste diagnóstico os alunos foram submetidos a uma série de experiências para clarificar os conteúdos da acústica usando como um material didáctico o Chitende. Depois da aula fez-se uma avaliação para verificar o impacto que o uso do Chitende pode trazer para o ensino dos conceitos de acústica. A percentagem de sucesso foi maior pois, neste caso, foi possível os alunos verificarem na prática o que acontece quando percutimos o fio de Chitende . Para a obtenção destes dados fizeram-se experiências4 práticas com Chitende para demonstrar e explicar as características qualitativas do som (intensidade, altura, duração e timbre) e as características quantitativas do som (oscilações, frequência e comprimento de onda, 4

Os apêndices contem algumas das experiências e as conclusões tiradas em relação a estas experiências.

38

ressonância). Como mostra a tabela (Tabela 2.2) uma percentagem considerável melhorou o seu comportamento em relação a apreensão dos conteúdos da acústica (com o uso de Chitende) Tabela 2. 2 - Dados comparativos dos alunos antes e depois de usar o Chitende como material didáctico

Pré-teste

Pós-teste

Avaliados Positivos Negativos

% de

Avaliados Positivos Negativos

positivos 40

10

30

25%

% de positivos

40

27

13

67.5%

39

__________________________________________________________________________________ ___

CAPITILO 5: ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA A pesquisa efectuada trouxe um conjunto de resultados que encorajam o desenvolvimento do processo do uso do Chitende, no ensino da acústica. Vamos em seguida discutir os resultados recolhidos com esta pesquisa.

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5.1. O Chitende como um oscilador O som é um conjunto de vibrações dos corpos, ou seja, o som é produzido pela vibração de materiais sólidos, líquidos e gasosos. Os materiais vibram quando se agitam de um lado para o outro, isso faz com que exista o som. Durante a aula efectuada para comprovar os resultados da pesquisa, constatou-se que o Chitende era um instrumento apropriado para a demonstração do som como um oscilador. Para tal, pediu-se alguns alunos para percutir no fio do Chitende e observar o comportamento deste fio enquanto escuta o som amplificado pela cabaça. Da Figura 5.1 pode-se verificar que a corda do Chitende é fixa nas duas extremidades, dando-nos um comprimento L podemos determinar a frequência e o comprimento de onda do som produzido.

L

L

Figura 5.1 - O Chitende como um oscilador: a) Chitende b)Movimento oscilatório do fio do Chitende

Sendo o L o comprimento da corta e

o Comprimento de onda das oscilações

5.2. A ressonância através do Chitende Para compreender o fenómeno de ressonância, fez-se uma experiência com Chitende: indicouse um aluno para segurar o Chitende na posição de quem quer tocar e tapar a boca da cabaça com o peito e de seguida percutir na corda enquanto afasta ligeiramente, cerca de 1cm, a boca da cabaça do peito criando uma pequena abertura. Este exercício foi repetido variando o

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afastamento da cabaça do peito. Para cada experiência5 registou-se o comportamento do som, como mostra a tabela (Tabela 2. 3): Tabela 2. 4 - O comportamento do som da caixa de ressonância do Chitende

Distância peito boca da cabaça 0 cm intensidade da onda sonora

1 cm

2 cm

4 cm

-33dB -24dB -27dB -29dB

Terminado o exercício, concluiu-se junto com os alunos que a variação da distância entre a boca da cabaça e o peito, varia a intensidade do som produzido pelo Chitende, mas isso até uma certa medida. Desse modo, até os sons considerados de pequena intensidade podem ganhar maiores amplitudes dado que o sistema armazena energia vibracional. Desta experiência pode-se observar que a intensidade do som aumenta quando aumentamos a distância entre o peito e a boca da cabaça, contudo, se se aumentar cada vez mais a distância a intensidade diminui. As vibrações da corda entram em ressonância com a estrutura da madeira e transmite para a cabaça (Figura 5.2) que por sua vez amplifica o som, acrescentando a sua intensidade.

Figura 5.2 - Caixa de ressonância do Chitende

5.3. Altura do som através do Chitende O som produzido por uma corda do Chitende varia com o diâmetro da corda, comprimento e a força com que foi esticada a corda, ou seja, o som é mais grave quando as cordas são mais grossa, mais comprida e menos esticada. O contrário disso significa que o som será mais agudo. Para explicar o conceito de altura com o recurso a Chitende, pediu-se que os alunos variassem o comprimento da corda do Chitende, esticando ou aliviando a corda através do 5

Esta experiencia foi feita com ajuda do computador para registar a variação da intensidade sonora produzida pela caixa de ressonância do Chitende.

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pequeno fio que está no centro do arco. Depois de mandar tocar com a palheta ou baqueta, pediu-se que se fizesse a comparação dos sons em comprimentos diferentes, como mostra a tabela (Tabela 2. 5): Tabela 2. 6 - Variação da frequência do Chitende (altura)

Comprimento da 60 cm 80 cm corda Frequência Nota Sol (396Hz) Nota Dó (264Hz)

70 cm Nota Fá (352Hz)

5.4. A intensidade do som através do Chitende Durante as discussões, para explorar a intensidade sonora produzida por Chitende, primeiro fez-se um diagnóstico para perceber dos alunos o que estava por detrás da intensidade sonora do Chitende. Contudo, a prática mostrou que a variação da distância entre a boca da cabaça do Chitende o peito do tocador era bastante relevantes bem como o tamanho da cabaça (Experiência 4). O mais ideal é usar uma cabaça e nunca casca de coco ou de massala como alguns o afirmaram durante a entrevista. A cabaça é mais leve e tem menos resistência à propagação sonora, permitindo, assim, a maior amplificação do som. Enquanto se toca o instrumento é necessário variar a distância entre a boca da cabaça e o peito do músico que tapa a cabaça para permitir que a ressonância ocorra. 5.5. O timbre do som através do Chitende Segundo JDANOV (1985:392) “… é pelo timbre que nós conseguimos reconhecer quem fala, quem canta ou que instrumento esta a tocar”.O timbre caracteriza a beleza do som, ou seja, a qualidade da fonte que produz o som garante a beleza deste mesmo som. É muito importante saber escolher a árvore adequada para o arco do Chitende, o tipo de matéria de que é feito o fio do Chitende e o tipo de caixa de ressonância. Como forma de explorar o conceito de timbre do som, foi necessário comparar sons produzidos com massala, casca de coco e cabaça como caixa de ressonância. Os gráficos seguintes Figuras 5.3 e 5.2 indicam as diferenças de qualidades sonoras captados por computador6 enquanto se produzia os sons com o chitende.

6

Captado por um software de captação de sons externos – Cool Edit

43

Figura 5.3 - Envelope sonoro do Chitende sem cabaça

Figura 5.41 - Envelope sonoro do Chitende com cabaça

44

7. CONCLUSÃO E SUGESTÕES 7.1 Conclusão Este trabalho apresenta o resumo daquilo que é o impacto do uso de instrumentos tradicionais, em especial o Chitende, para o ensino da acústica no ensino secundário geral. Da análise dos resultados da pesquisa feita em Manjacaze sobre o uso do Chitende no ensino da acústica, avança-se as seguintes conclusões: O Chitende é um instrumento musical recomendável para a demonstração dos fenómenos de acústica, especialmente para analisar as características do som tais como Altura, Intensidade, Duração e Timbre. Os alunos ficam com conhecimentos sólidos e duradoiros quando se usa instrumentos do seu dia-a-dia para demonstrar os fenómenos da acústica durante as aulas. Para além das características qualitativas do som, o Chitende é ideal para explicar a ressonância acústica do som produzido por um fio esticado. O Chitende serve, também, para explicar o fenómeno das oscilações de um fio preso nas duas extremidades. Os instrumentos Musicais tradicionais de Moçambique possuem características sonoras com maior valor acústico e podem ser usados para demonstrar fenómenos da acústica.

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7.2 Sugestões Em relação as conclusões observadas neste trabalho, levantam-se as seguintes sugestões: i.

Que as aulas de física passem da teoria para a prática, valorizando os métodos práticos e activos que levam o aluno para a acção. Isto permitirá a valorização do material concretizador;

ii.

Que os professores aprendam a construir instrumentos musicais tradicionais mais tocados ao redor da escola;

iii.

Que os professores sejam capacitados em matérias de aplicação de instrumentos tradicionais no ensino da acústica em especial o Chitende;

iv.

Que se desenvolvam jornadas pedagógicas para explorar os conhecimentos dos alunos no uso de instrumentos tradicionais no ensino de acústica;

v.

Que se desenvolvam entre as escolas secundarias, sessões de aperfeiçoamento para se transmitirem experiências no uso dos instrumentos musicais tradicionais no ensino da acústica;

vi.

Que o Chitende passe um dos meios didácticos recomendados para o PEA da acústica.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CAMPOS, Claudinei José Gomes. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Brasília. 2004 2. DALCROZE, E. J. O metodo dalcroze. Geneve, 1935 3. FERREIRA, A. E.C. & CYRILLO, I. G. S. ABC Musical e Cancioneiro – Para o ensino da Musica e do Canto Coral, Editora: Olimpio Medina, 4ª edição, s/d. 4. HALAR, A. M. Chitende – Um instrumento musical no ensino de oscilações. Universidade Pedagogica, 2011 5. JDANOV, L. S & JDANOV, G. L. Fisica. Editora Mir, Moscovo, 1985 6. LAZZARINI, V. E. P. Acoustical Elements, Music Department, National University of Ireland, Maynooth3. 7. LEIPP, E. Le Violon, Paris. 2005 8. RASCH & PLOMP. The Psicology of music, Nova York, 1982 9. REZENDE, F. & OSTERMANN, F. Ensenanza-aprendizaje de Fisica en Brasil: Confontando teoria y practica en el inicio do siglo XXI. Barcelo v.24, 2006 10. RODRIGUES, W. C., Metodologia Científica. FAETEC/IST. Paracambi, 2007 p.2 11. SILVA, J.M. A Experiência Musical - Da interpretação musical à Psicoacústica 12. http://p.t.m.wikipedia.org/wiki/fisica

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__________________________________________________________________________________ ___

APÊNDICES

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APÊNDICES 1 - EXPERIÊNCIAS Experiência Tema: Demonstração de Oscilações atraves do chitende Objectivos: Visualisar as oscilações atraves do fio do chietende Material: - xitende - Detector de frequencias - dois alunos

Esquema de montagem

Procedimento experimental: - Um aluno segura o chitende ja montado e percute com palheta um dos lados do fio preso em duas extremidades. - O segundo aluno segura e aproxima o detector de frequencias e regista a frequencia marcada no detector.

Resultados: - O chitende produz uma vibração sonora que amortece com o tempo. - O chitende é um instrumento apropriado para a demonstração do som como uma vibração, resultado das oscilações.

Experiencia

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Tema: Demostração da ressonancia e intensidade sonora Objectivos: Explicar a variação da intensidade na caixa de ressonancia do chitende; Relacionar a variação da intensidade com a distancia que separa a boca da cabaça com a mesa Material: Um chitende previamente construido; Dois alunos; Computador com software Cool edit pro 2.0; Um microfone de 600Ω Procedimentos: Um aluno pega no chitende e tapa a cabça com o tampo da mesa; Toca enquanto varia a distância entre o tampo da mesa e a cabaça seguindo os dados da tabela da figura 11 O segundo aluno controla todo o processo com o computador e regista os resultados na tabela.

Distância peito boca da cabaça 0 cm intensidade da onda sonora

1 cm

2 cm

4 cm

-33dB -24dB -27dB -29dB

Resultados e discussão: Terminado o exercício podemos avançar que: - A intensidade do som produzido pelo Chitende, varia com variação da distância entre a boca da cabaça e o tampo da mesa. Desse modo, pode se verificar que até os sons considerados de pequena intensidade podem ganhar maiores amplitudes dado que o sistema armazena energia vibracional.

50

- Quando se aumenta cada vez mais a distancia entre a boca da cabaça e o tampo da mesa, a intensidade diminui ligeiramente. - As vibrações do fio entram em ressonância com a estrutura da madeira e transmite para a cabaça (fig. 12) que por sua vez amplifica o som, acrescentando a sua intensidade.

Experiencia 3 – Altura (frequência do som) O som produzido por um fio do Chitende varia com o diâmetro do fio, comprimento e a força tensora do mesmo, ou seja o som é mais grave quando o fio é mais grosso, mais comprido e menos esticado. O contrário disso significa que o som será mais agudo. Material: Chitende; Masala, cabaça, casca de coco Computador com software Cool edit pro 2.0; Um microfone de 600Ω

Procedimentos: Para explicar o conceito de altura com o recurso ao Chitende, pediu-se que os alunos variassem o comprimento do fio, esticando ou aliviando através do pequeno arrame que está no centro do arco. Depois de mandar tocar com a palheta ou baqueta um dos lados do fio, pediu-se que se fizesse a comparação dos sons em comprimentos diferentes, como mostra a tabela (figura 13): Comprimento da 60 cm

80 cm

70 cm

51

fio Frequência

Nota Sol (396Hz) Nota Dó (264Hz)

Nota Fá (352Hz)

Resultados: Observando os dados da tabela foi possivel os alunos concluirem que quando se aumenta o comprimento do fio o som produzido, fica mais grave o que prova que a a altura varia com o comprimento do fio do xitende. Como forma de explorar o conceito de timbre do som, foi necessário comparar sons produzidos com massala, casca de coco e cabaça como caixa de ressonância. Os gráficos seguintes indicam as diferenças de qualidades sonoras captados por computador7 enquanto se produzia os sons.

6. Experiencia 4 Tema: Relação entre a Duração e Intensidade sonora do Chitende através do Software Cool Edit Pro 2.0 Objectivos: Relacionar a intensidade com a duração sonora atraves do chitende Material    

Chitende Computador com o software Cool Edit Pro 2.0 (previamente instalado) Mesa lisa Um microfone de 600

Realização da experiência 1. Pedir um aluno para tocar o Chitende sem a cabaça; 2. Pedir outro aluno para tocar o Chitende com a cabaça separada por 2 cm com o tampo da mesa. 7

Captado por um software de captação de sons externos – Cool Edit pro 2.0

52

3. Pedir outro aluno para tocar o Chitende afastado cerva de 10 cm do tampo da mesa; 4. Gravar com o microfone conectado ao computador todos os sons emitidos pelo Chitende 5. Registar todos os resultados obtidos; Para que não haja interferência externa é necessário que se observe um silêncio total na sala. Resultados da experiência Sem cabaça

Com cabaça próximo do Com cabaça afastada do tampo da mesa ( ) tampo da mesa ( )

Intensidade do som Duração som

do

00:21s

01:00s

00:33s

Desta experiência, em relação a Intensidade do som, conclui-se que: - Com o Chitende sem cabaça a intensidade do som produzido é menor. - Ao colocar a cabaça no Chitende aproximar cerca de 1 centímetro a sua boca ao tampo da mesa a intensidade aumenta, contudo quando aumenta cada vez mais a distancia entre a boca da cabaça e o tampo da mesa (cerca de 5 centímetros ou mais), a intensidade sonora diminui ligeiramente. - em relação a Duração do som concluiu-se que com a cabaça perto do tampo da mesa o som é audível por mais tempo. - sem a cabaça o som tem pouco tempo de vida.

Apêndices 1- Guião de entrevista destinado ao professor

Este questionário destina-se a recolher informações sobre o impacto do uso de instrumentos tradicionais no ensino das ondas sonoras. O anonimato e a confidencialidade das respostas serão integralmente garantidos, agradecendo desde já a vossa colaboração. Pedimos que

53

responda com sinceridade às questões apresentadas. Não há respostas correctas nem erradas, a sua opinião é sempre válida.

1- A Física é uma ciência experimental. Todos os fenómenos aqui tratados so serão melhor compreendidos quando aliados à pratica. Os professores usam, nas suas aulas, instrumentos musicais tradicionais no ensino de fenómenos da acústica? .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. ..................................................................................................................................................

2- Que impacto pode trazer o uso de instrumentos musicais tradicionais no ensino da acústica? .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. ..................................................................................................................................................

3- O Chitende é um instrumento musical tradicional do tipo monocórdio que produz som através da vibração de uma fio percutida. Na sua opinião, qual é a função de cada elemento da estrutura do Chitende? Arco:......................................................................................................................................... ................................................................................................................................................ Corta:........................................................................................................................................ ............................................................................................................................................ Palheta:……………………………………………………………………………………… ………………………………….……………………………………………………………. Cabaça:..................................................................................................................................... ..................................................................................................................................................

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4- Tomando em consideração a composição do Chitende, qual seria a contribuição deste instrumento na demonstração dos fenómenos da acústica? .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. ..................................................................................................................................................

5- Para alem do Chitende, qual é outro instrumento tradicional praticado nesta região que se pode usar para demonstrar os fenómenos da acústica? Caracterize-o. ……………………………………………………………………………………………… ……………………………………………………………………………………………… ……………………………………………………………………………………………… ……………………………………………………………………………………………… ……………………………………………………………………………………………… ……………………………………………………………………………………………… ………………..........................................................................................................................

6- De uma forma geral de sua opinião para o sucesso no ensino da acústica. .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................

Muito Obrigado

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Apêndices 1- Inquérito destinado ao aluno. Este Inquérito destina-se a recolher informações sobre o impacto do uso de instrumentos tradicionais no ensino das ondas sonoras. O anonimato e a confidencialidade das respostas serão integralmente garantidos, agradecendo desde já a vossa colaboração. Pedimos que respondam com sinceridade às questões apresentadas. Não há respostas correctas nem erradas, a sua opinião é sempre válida.

Idade ______

Sexo: Masculino________

Feminino_________

Assinale com X as alternativas que achar certas. 1- Conhece o Chitende? a. Sim (

)

b. Não (

)

c. Nãosei (

)

2- Sabestocar o Chitende? a. Sim (

)

b. Não (

)

c. Um pouco (

)

3- Sera que já usou este instrumento nas brincadeiras do seu dia-a-dia a. Sim (

)

b. Não (

)

c. Um pouco (

)

4- Já viu alguém a tocar o Chitende? a. Sim (

)

b. Não (

)

5- Destes fenómenos físicos, qual deles pode ser demonstrado através do Chitende? a. Movimento de um carro ( b. Ondassonoras ( c. Relâmpago (

) )

d. Radiação solar (

)

)

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6- A Caixa de ressonância8 do Chitende pode ser feita de: a. Casca de coco ( b. Cabaça ( c. Massala (

)

) )

7- Achas que o uso do chitende nas aulas de acústica9 pode trazer resultados positivos? a. Sim (

)

b. Não (

)

c. Um pouco (

)

Muito Obrigado

8

9

Que serve para amplificar o som.

Capitulo da Física que estuda o comportamento do som.

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Apêndices 1- Guião de entrevista destinado aos que tocam o chitende

“O Chitende é um instrumento tradicional praticado na região sul de Moçambique”. 1. De que árvore é fabricado? Porquê? 2. De que material (componentes) é feito este instrumento? 3. Quais as dimensões básicas deste instrumento? 4. Para que serve cada componente do chitende? 5. Nos últimos dias ainda se pratica o chitende com frequência? 6. Existe um outro instrumento com características semelhantes às do chitende? Qual? 7. Que diferenças básicas existem entre este instrumento e o chitende. 8. Como é que se constrói (procedimentos) o chitende?

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