Estudo Preliminar para a Conservação dos Materiais Provenientes de Sítios Arqueológicos de Naufrágio, Litoral do Rio Grande do Sul, Brasil (Torres, 2008).

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ESTUDO PRELIMINAR PARA A CONSERVAÇÃO DOS MATERIAIS PROVENIENTES DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE NAUFRÁGIO, LITORAL DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL Rodrigo de Oliveira Torres

Ao longo do cordão de dunas do litoral do Rio Grande do Sul encontram-se embarcações naufragadas, representativas de diversos períodos da navegação neste litoral (TORRES, 2003, 2007). Estudos sugerem uma maior representatividade de acidentes marítimos ocorridos nos últimos 200 anos, mormente no século XIX, decorrentes de encalhes costeiros de veleiros do contexto mercantil-marítimo oitocentista (CASTRO, 1938; TORRES, 2005). No trecho de abrangência deste estudo (litoral centro-sul do Rio Grande do Sul) foram identificadas dezenove embarcações naufragadas, sendo 4 delas identificadas como possíveis veleiros oitocentistas. Observa-se nestes sítios a presença de partes estruturais remanescentes (quilha, costado e cavername1) e de elementos metálicos em ferro, cobre e bronze (cravos, cavilhas, forros metálicos2 e etc.) (Fig. 1)3.

1

Quilha: peça sólida de madeira, posicionada ao longo da parte inferior do casco para conferir resistência longitudinal à embarcação. Costado: laterais do casco de uma embarcação. Cavername: conjunto de peças em madeira dispostas em sentido transversal à quilha, formando a ossatura sobre a qual são assentadas às tábuas do costado. 2 Cravo: nome dado aos longos pregos utilizados na construção naval em madeira, tipicamente confeccionados em ferro (forjado ou fundido) ou ligas de cobre. Cavilha: pino confeccionado em madeira ou metal, utilizado na estruturação de diversas partes de uma embarcação. Forro metálico: cobertura metálica exterior, utilizada nas partes inferiores de alguns cascos construídos em madeira, para sua preservação contra a ação de agentes xilófagos (moluscos, crustáceos, etc.). 3 Todas as fotos e figuras são do autor, exceto quando mencionado o contrário.

MICHELON, F. F.; TAVARES, F. S. (orgs). Memória e Patrimônio: ensaios sobre a diversidade cultural. Vol. 2. Pelotas: Ed. e Gráfica Universitária UFPel, 2008.

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Figura 1: Sítio arqueológico de naufrágio, litoral centro do RS.

É particularmente notável a ocorrência de concreções ferruginosas associadas à presença combinada dos metais, da matéria orgânica em decomposição (proveniente do madeirame soterrado das embarcações) e de materiais culturais tais como carvão mineral, vidro e cerâmica. Neste

ensaio

apresentamos

primeiramente

uma

caracterização

geral

do

ambiente e dos materiais provenientes destes sítios arqueológicos de naufrágio, sob o ponto de vista da problemática da conservação e, em seguida, os resultados preliminares do estudo realizado com as peças de uma embarcação oitocentista (NAV Mostardas RS/LC), atualmente na coleção do Museu Oceanográfico da cidade do Rio Grande/RS. A falta de um programa para a conservação do material resgatado durante o salvamento arqueológico, e posteriormente no transporte e acondicionamento das peças no museu, acarretou severos danos às estruturas remanescentes e a perda irreparável de informações arqueológicas. A exposição do material às variações nas condições ambientais, os esforços mecânicos, a proliferação de fungos e insetos e a ativação de corrosões em processos eletrolíticos foram identificadas como as principais patologias incidentes sobre esse material. Vale ressaltar que os sítios arqueológicos de naufrágios, localizados nas zonas emersas do litoral do Estado, constituem um patrimônio eminentemente ameaçado pela ação antrópica e em acelerado processo de deterioração. Faz-se necessário, portanto,

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ampliarmos nosso conhecimento sobre esses sítios, considerando sua importância histórica e a possibilidade futura de resgate e musealização deste patrimônio. Este trabalho constitui uma primeira aproximação da problemática da conservação de materiais arqueológicos parcialmente soterrados, provenientes de sítios arqueológicos de naufrágio do litoral do Rio Grande do Sul.

Material e métodos O estudo dos sítios litorâneos de naufrágio do RS iniciou-se no ano de 2001, no escopo do projeto: "Mapeamento e caracterização dos sítios litorâneos de naufrágio do RS"4. O projeto, resultado de uma parceria entre o Museu Náutico e o Laboratório de Arqueologia da FURG - LEPAN, envolve atividades de revisão bibliográfica, saídas de campo, mapeamento das ocorrências, registro e identificação dos elementos de arquitetura naval presentes nestes sítios. Recentemente, no âmbito da disciplina de Tecnologia da Conservação e Restauro do PPG Memória Social e Patrimônio Cultural da UFPel, iniciamos um estudo particular das partes estruturais de um veleiro oitocentista, depositadas sob salvaguarda do Museu Oceanográfico da cidade do Rio Grande. Com intuito de conhecermos o histórico das peças, foi realizado primeiramente o levantamento das informações disponíveis sobre a trajetória do material desde a escavação, e durante o transporte e acondicionamento das peças. Em seguida desenvolvemos uma ficha para o levantamento cadastral das partes estruturais, com os objetivos iniciais de quantificar o acervo, caracterizar o ambiente onde se encontram as peças e identificar as principais patologias incidentes sobre o material. Para o estudo das condições gerais de conservação, procedemos à revisão de trabalhos científicos sobre a problemática da conservação de materiais arqueológicos, particularmente madeiras e ligas metálicas em ambiente saturado de água. Sobre identificação botânica e prevenção contra agentes de deterioração da madeira, consultamos especialistas da Engenharia Industrial Madeireira da

UFPel, enquanto a

4 TORRES, R. O. - “Mapeamento e caracterização dos sítios litorâneos de naufrágio do litoral centrosul do RS". XII Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira. Livro de Resumos. São Paulo: All print produções. 2003. Pp.155 – 155. TORRES, R. O. - "Estudo sobre a causalidade dos acidentes marítimos no litoral do Rio Grande do Sul”. Monografia de conclusão de curso de Oceanologia. Fundação Universidade Federal do Rio Grande - FURG. Rio Grande. 2005. 73p. TORRES, R. O. - "Arqueologia Histórica e os sítios litorâneos de naufrágio: perspectivas da Arqueologia náutica no RS". Congresso Internacional de Estudos Ibero-atlânticos. PUCRS. Porto Alegre, 2006. Painel. Prêmio destaque. TORRES, R. O. “Mapeamento e caracterização dos sítios arqueológicos de naufrágio do litoral do Rio Grande do Sul, Brasil”. Simpósio Internacional de Arqueologia Marítima nas Américas. Itaparica, Bahia, 2007.

MICHELON, F. F.; TAVARES, F. S. (orgs). Memória e Patrimônio: ensaios sobre a diversidade cultural. Vol. 2. Pelotas: Ed. e Gráfica Universitária UFPel, 2008.

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caracterização biogeoquímica e ambiental dos sítios litorâneos de naufrágio foi realizada a partir da revisão de artigos científicos e da consulta a especialistas do Laboratório de Oceanografia Geológica (LOG/DEGEO/FURG).

O ambiente deposicional e os materiais arqueológicos provenientes dos sítios litorâneos de naufrágio O ambiente de deposição dos materiais estudados – o campo de dunas do litoral do Rio Grande do Sul - caracteriza-se pela variabilidade geomorfológica e hidrológica típica de ambientes praiais dinâmicos5 (Fig. 2).

Figura 2: Sítios litorâneos de naufrágio no Rio Grande do Sul. Alguns exemplos do ambiente de deposição.

5

CALLIARI, L. J. & KLEIN, A. H. F. - "Características morfodinâmicas e sedimentológicas das praias oceânicas entre Rio Grande e Chuí, RS". Revista Pesquisas 20(I) 1993.

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As embarcações naufragadas, cujos materiais são o objeto do estudo proposto, encontram-se parcialmente soterradas em sedimento arenoso, geralmente próximas às dunas ou nas regiões intermareais. Observa-se nestas regiões da praia uma alternância cíclica (sazonal) e outra acíclica (eventos meteorológicos) de períodos naturais de alagamento, soterramento e exposição (VILLWOCK; TOMAZELLI, 1995), resultando em um equilíbrio físico-químico dinâmico excepcional, com significativas implicações sobre a preservação dos materiais estudados. O material orgânico mais abundante nestes sítios são as madeiras, utilizadas como matéria-prima na construção dos cascos e outras partes estruturais das embarcações. O madeirame encharcado e parcialmente soterrado sob as condições acima disponibiliza grande quantidade de matéria orgânica em decomposição, responsável pela alteração das condições naturais de pH, Eh e concentração de oxigênio no sedimento (GENTIL, 1970; LORÊDO, 1994). Podemos esperar a formação de um ambiente redutor anóxico na sub-superfície, banhado por um eletrólito forte (água do mar), e um ambiente oxidante na superfície exposta. Além das madeiras, cravos, cavilhas abotoaduras e pinos metálicos são utilizados nas junções das partes estruturais do casco. O material metálico parcialmente soterrado, particularmente ferro, cobre e bronze, sofre processos complexos de ativação eletrolítica, responsáveis pela formação de concreções ferruginosas conspícuas, com o sacrifício dos metais menos nobres na série eletroquímica (Fig. 3).

Figura 3: Concreção proveniente do sítio NAV LG Peixe RS-LC, com a associação de carvão mineral (carga da embarcação), cano de cobre, fragmentos de vidro e cerâmica. Escala de 15 cm.

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As

formações

minerais

resultantes

apresentam

tipicamente

um

aspecto

concrecional amorfo, de coloração marrom-avermelhada, recobrindo peças metálicas e agregando materiais culturais contemporâneos ao naufrágio, entre outros. A composição química e o aspecto da concreção resultante, entretanto, podem variar em função da disponibilidade de elementos minerais no sedimento e nos materiais, do caráter físicoquímico do meio (condições de pH, Eh, sal e concentração de oxigênio) e da mediação microbiológica nos processos de oxi-redução (LIMBREY, 1975; LUNDGREN; DEAN, 1979; KRUMBEIN, 1983; OLSON, 1993).

Cadastro e a identificação das patologias: estudo do naufrágio NAV Mostardas RS-LC No ano de 2002, o Ministério Público de Mostardas/RS consultou a equipe do Museu Oceanográfico do Rio Grande sobre a possibilidade de resgatar os restos de uma embarcação abandonados em uma fazenda do município, após um trabalho de salvamento arqueológico parcial

realizado na década de 90, acompanhado por

arqueólogos designados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN. Os despojos foram transportados para Rio Grande em caminhões cedidos pela Marinha do Brasil e uma porção da estrutura remanescente foi preparada para a exposição no Museu Náutico da cidade do Rio Grande, inaugurada em 2003, sendo o restante do madeirame abrigado em um contêiner. Em 2006, por ocasião da instalação de uma nova exposição para o Museu Náutico, as peças foram retiradas e levadas para as dependências do Museu Oceanográfico e em seguida, no ano de 2008, transportadas para a área externa do Centro de Convívio dos Meninos do Mar - CCMar/FURG, em Rio Grande, onde se encontram atualmente. Em 2007, havia sido iniciada a classificação das peças e o estudo dos elementos de arquitetura naval remanescentes da embarcação, durante atividades do projeto "Sítio Arqueológico Escola: Arqueologia náutica. LEPAN/MN"6. Recentemente, no âmbito da disciplina de Tecnologia da Conservação e Restauro (PPG Memória Social e Patrimônio Cultural - UFPel), foi desenvolvida e aplicada uma ficha cadastral específica para os materiais arqueológicos de sítios de naufrágio, seguindo uma avaliação geral dos principais danos e patologias incidentes sobre o material. Durante o cadastro, foram

6

TORRES, 2008 - "A campanha 2007 do Projeto Sítio Arqueológico Escola: Arqueologia náutica. Rio Grande/RS". VI Encontro do Núcleo Regional da Sociedade de Arqueologia Brasileira - SABSul. Resumo aceito pra comunicação. Tubarão, SC, 2008.

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registradas 193 peças entre fragmentos e estruturas7. As fichas individuais foram aplicadas em parte do material, como forma de avaliação da metodologia para a futura aplicação extensiva, numeração, classificação e análise das peças, quando estiverem abrigadas em local definitivo (Fig. 4). Pela avaliação das peças, identificamos três danos e patologias principais, atuando sobre o material: 1.

Destruição mecânica pelo manuseio e transporte inadequados: A falta de planejamento e suporte técnico especializado desde o momento da escavação, e durante as ações seguintes de manuseio e transporte, resultou na fragmentação da grande estrutura escavada em 1992, com perdas irreparáveis de material e informações arqueológicas.

2.

Proliferação de fungos saprófitas e infestação por insetos: A umidade decorrente do contato direto do material com o solo tem permitido condições ideais para o ataque localizado de agentes biológicos do deterioro, como fungos e insetos8.

3.

Corrosão ativa: Variações prejudiciais nos parâmetros ambientais, particularmente temperatura e umidade,

resultam

na

instabilidade

físico-química

dos

materiais,

ativando

processos corrosivos e eletrolíticos.

7 Entendemos por estruturas, as peças atadas com algum tipo de junção (pregos, cavilhas ou abotoaduras), remanescentes da estrutura construtiva da embarcação. 8 O mofo branco foi verificado em apenas uma peça no local atual de deposição do material. É possível que o ataque biológico esteja em parte sendo inibido pela presença das ligas cobre e bronze, atuando como biocidas.

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Figura 4: Exemplo da ficha cadastral desenvolvida e aplicada para identificação do material proveniente do sítio de naufrágio, depositado no CCMar/FURG.

Considerações finais O estado de conservação de um objeto cultural depende de dois fatores: do tipo de material e do ambiente ao qual ele fica exposto durante sua vida (BACHMANN; RUSHFIELD, 2001). Qualquer proposta de estabilização e conservação dos materiais arqueológicos provenientes dos sítios litorâneos de naufrágio deverá necessariamente aprofundar-se na identificação das características botânicas das madeiras e no conhecimento das ligas metálicas (tipos e processo de produção) empregadas na construção naval antiga. Além disso, o nível de compreensão dos processos físicos, químicos e biogênicos complexos que atuam sobre os diversos materiais dos sítios estudados, antes e após a retirada do contexto arqueológico original, é fundamental para

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a tomada de decisões baseadas em situações específicas, tendo em vista a problemática em questão. Considerando a possibilidade futura de resgate e musealização dos materiais provenientes destes sítios, sugerimos o estudo aprofundado dos materiais e do equilíbrio físico-químico em que se encontram as peças depositadas na praia. O monitoramento das condições e da amplitude de variação dos parâmetros ambientais: temperatura, umidade, pH, Eh, salinidade e concentração de oxigênio poderiam fornecer dados valiosos para o planejamento de equilíbrios conservadores para este material. A ação de agentes biológicos macroscópicos do deterioro, isto é: fungos, bolores, insetos, moluscos e crustáceos, não foi verificada em nenhum dos sítios litorâneos de naufrágio. Baseando-se em uma avaliação meramente qualitativa, isto pode estar relacionado à variabilidade extrema dos parâmetros ambientais (temperatura, umidade, pH, Eh, salinidade e concentração de oxigênio) do ambiente praial, associada à ação biocida dos produtos da corrosão das ligas metálicas. No material proveniente do sítio NAV Mostardas RS-LC, a ocorrência do mofo branco em apenas três peças da embarcação indica a ação oportunista dos fungos saprófitas. A despeito das condições ideais de proliferação desses organismos - matéria orgânica em contato com o solo úmido, em presença do oxigênio - não há uma generalização do ataque biológico, o que reforça a hipótese da ação biocida dos elementos metálicos. Ainda que variados métodos de conservação para madeiras saturadas de água hajam sido propostos9, sugerimos que algumas medidas básicas para a conservação das madeiras depositadas provenientes dos sítios estudados: 1) Identificação botânica (gênero e espécie vegetal), permitindo o conhecimento das características intrínsecas das madeiras utilizadas, como densidade específica e estrutura celular; 2) Determinação do nível de saturação de água e do grau de desintegração da madeira: 3) Tratamento contra a ação de fungos e bactérias, por aspersão ou imersão em soluções de fungicidas e bactericidas (GRATTAN, 1983);

9 HAMILTON (1999) menciona outras técnicas testadas de estabilização e conservação da madeira saturada de água: impregnação com sacarose (açúcar); com acetona e resina de pinho; substituição da água por álcool ou éter (secagem); método de secagem com álcool e cânfora (sublimação); congelamento e secagem a vácuo (liofilização). Para mais detalhes, acessar: http://nautarch.tamu.edu/class/anth605/File0.htm. Acesso em 01/10/08. Hamilton, D. L - "Methods of conserving archaeological material from underwater sites". Conservation Research Laboratory, Texas A&M University. 1999. Primeira revisão.

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4) Secagem controlada (GRATTAN, 1983). No caso específico do material proveniente do sítio NAV Mostardas RC-LC, seria necessário primeiramente abrigar as peças em local livre da umidade, ventilado e sem a incidência solar direta, permitindo assim uma secagem natural da madeira. A limpeza das peças e a aplicação de fungicidas poderiam ser usadas como medidas profiláticas imediatas para o controle do ataque biológico. Além disso, é importante que todo o manuseio seja realizado com o cuidado de reduzir a carga de esforço sobre as peças, de preferência com a construção de suportes e o reforço das estruturas mais fragilizadas. Ainda que fora do contexto arqueológico original e extremamente fragmentado após os danos decorrentes da escavação e manuseio, este é o único veleiro oitocentista em coleção museológica do país, constituindo assim um valioso recurso para o estudo da arquitetura naval e da cultura marítima do século XIX. Estes resultados, ainda que preliminares, serão de fundamental utilidade no planejamento de futuras intervenções arqueológicas em sítios litorâneos de naufrágio no Rio Grande do Sul.

Referências

BACHMANN, K. & RUSHFIELD, R. A. - "Princípios de armazenamento". In: MENDES, M. et alli - "Conservação: conceitos e práticas". Editora da UFRJ: Rio de Janeiro, 2001. p. 83-93.

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CASTRO, D. P. L. - Subsídios para a História Marítima do Brasil, vol. I – Ministério da Marinha, EMA – Rio de Janeiro, 1938.

GENTIL, V. - Corrosão. Instituto de Química, UFRJ, 1970.

GRATTAN, David W. - "Los últimos adelantos en la conservación de la madera saturada de agua". In:

Revista Museum - Museos y patrimonio subacuático nº 137 (vol.

XXXV, nº 1). Unesco. Paris, 1983. MICHELON, F. F.; TAVARES, F. S. (orgs). Memória e Patrimônio: ensaios sobre a diversidade cultural. Vol. 2. Pelotas: Ed. e Gráfica Universitária UFPel, 2008.

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KRUMBEIN, W. E. - Microbial Geochemistry. Blackwell Scientific Publications. Londres, 1983.

LIMBREY, S. - Soil science and Archaeology. Academic Press. Londres, 1975.

LORÊDO, W. M. - "Manual de conservação em Arqueologia de campo". IBPC DEPROT. Série Técnica. RJ, 1994.

LUNDGREN, D.G. & DEAN, W. - "Biochemistry of iron". In: TRUDINGER, P. A. & SWAINE D. J. - Biogeochemical cycling of mineral-forming elements. Elsevier Scientific Publishing Co.: Holanda, 1979. p 211-251.

OLSON, B H. - "Microbial mediation of biogeochemical cycling of metals". In: Applied environmental geochemistry. Academic Press: Londres, 1993.

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____________.

"A campanha

2007

do

Projeto

Sítio

Arqueológico

Escola:

Arqueologia náutica. Rio Grande/RS". VI Encontro do Núcleo Regional da Sociedade de Arqueologia Brasileira - SABSul. Resumo aceito pra comunicação. Tubarão, SC, 2008.

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