Estudos sobre a natureza do agir em projetos de divulgação científica nos espaços escolares

May 28, 2017 | Autor: C. Passinato | Categoria: Semiotics, Chemistry, Education
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Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) Departamento de Química da Universidade Federal de Ouro Preto (DEQUI/UFOP)

EFD

Estudos sobre a natureza do agir em projetos de divulgação científica nos espaços escolares 1,2,3

Cristiana de Barcellos Passinato*

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(PG), Cássia Curan Turci (PQ), Waldmir Araujo Neto (PQ).

*[email protected] 1 – Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; 2 – Curso de Especialização Saberes e Práticas na Educação Básica – CESPEB - Faculdade de Educação – UFRJ; 3 – Secretaria de Estado de Educação – SEEDUC – RJ Palavras-Chave: Palavra, ação, semiótica.

Introdução

Resultados e Discussão

O presente trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de um estudo sobre os desdobramentos na ação de um projeto de ensino e extensão da UFRJ com ampla repercussão no cenário acadêmico, chamado “ciência para poetas na escola”. Especificamente, delimita-se aqui uma defesa sobre a validade de um aporte teórico centrado na conflu1 ência entre a hermenêutica e a fenomenologia . O projeto que tomamos como caso faz parte de um projeto maior de divulgação científica que se chama “ciência para poetas”. A metodologia prevê estudar a documentação do projeto e verificar a natureza dos processos de divulgação que foram realizados, entrevistar os responsáveis nas diferentes instâncias envolvidas e estabelecer as relações entre os aspectos intencionais movimentados no discurso (texto do projeto e texto das atividades) e confrontálos com os modos de ação decorrentes dessa iniciativa. O estudo da função narrativa colocou pela primeira vez o problema da relação entre mito e mimese na Poética de Aristóteles. A ficção narrativa, por exemplo, imita a ação humana, pois contribui para remodelar suas estruturas e dimensões segundo uma configuração imaginária na intriga. A ficção tem o poder de refazer a realidade, já que o texto aspira 2 intencionalmente um horizonte de realidade nova . Toma-se como recurso teórico a relação entre texto e ação, ou seja, o campo de estudo das potenciais modificações que os discursos podem produzir no mundo. Considera-se que o modo de agir (componentes da ação) são condicionados pela compreensão, a qual depende do reconhecimento daquilo que o outro sujeito quer dizer. Obviamente, considera-se que esse é um pressuposto “a priori” de qualquer projeto de divulgação: fazer-se entender. Todavia, em nossa defesa se estabelece 3 a necessidade de haver uma relação indicial (como uma formulação semiótica) de vinculação entre os representantes do projeto e o público. Busca-se compreender a delimitação de território que o grupo de professores da área de ciências quer encaminhar através da ação desse projeto junto aos “poetas” que são indicados como grupo contemplado pelas visitas, palestras e ações executadas.

Nessa etapa do estudo entrevistou-se a pedagoga que coordena o projeto desde 2012, e os responsáveis locais de uma escola atendida pelo projeto. As entrevistas foram registradas em áudio e transcritas para avaliação e estudo. O processo de ação associado ao projeto indica a necessidade do grupo social (membros da academia) dar-se uma imagem de si mesmo, de representar-se, pôr-se em jogo, em cena, e nesse sentido justificar-se o valor fenomenológico dado. O processo encontrado na instância documental do projeto “ciência para poetas” demonstra que o grupo pretende ter razão em ser o que é. Assim, pode-se perceber que o projeto é não somente reflexo, mas justificação. Possui função generativa a partir de processos simplificadores e esquemáticos da atividade científica, com o objetivo de atribuir valor de verdade à prática da pesquisa científica em geral.

Conclusões A atribuição da palavra “poeta” como endereço de público no projeto preconiza o sentido de alcançar o público leigo. Todavia, o propósito da ação do projeto, ao estar situado na escola, justifica uma extensão desse sentido original, pois vai ao encontro de sujeitos que podem tirar proveito acadêmico de uma atividade escolar. Propõe-se a necessidade de estudar a ação como um fenômeno ideológico, motivado pelo discurso derivado do texto. Todavia, é importante considerar a ideologia como um fenômeno mais vasto, que pode ser indicado como 1 uma “integração cultural” .

Agradecimentos IQ – UFRJ; Casa da Ciência da UFRJ; Colégio Brigadeiro Newton Braga (Min. Aeronáutica) ____________________ 1

RICOEUR, P. Del texto a la accion. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2000. 2 DILTHEY, W. Poetry and experience. New York: Princenton Univ. Press, 1985. 3 CRESSWELL, M. J. Semantic Indexicality. New York: Kluwer, 2010.

XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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