Evolução das fachadas no Brasil-Revolução Industrial ao Modernismo

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Evolução das fachadas no Brasil - Revolução Industrial ao Modernismo

O modernismo ja vinha sendo garimpado antes da Revolução Industrial, seus ideais começaram quando o mundo prestou atenção na evolução do seu entorno, através dos pensamentos progressistas, iluministas e nas primeiras engatinhadas da revolução acarretando preocupações na evolução da arquitetura. Assim o pensamento de um novo estilo foi nascendo, mas a dúvida de como representá-lo foi concomitante. Um dos pensamentos foi a representação de algum estilo do passado, mas com uma adaptação a nova realidade contemporânea, a realidade social e tecnológica. Mesmo assim com a insegurança sobre qual seria o novo conteúdo da arquitetura, o seguimento era retomar a um estilo antigo. Diante de tudo, a nova concepção era fundir esses estilos para achar novas combinações, ideal conhecido como Ecletismo, acreditando-se que a utilização desse novo conceito iriam chegar em um ideal próximo as necessidades do novo tempo.
Uma das grandes obras ecléticas no Brasil foi o Teatro Municipal do Rio de Janeiro inaugurado em 1909, projetado por Francisco de Oliveira Passos junto ao francês Albert Guilbert com o desenho inspirado na Ópera de Paris. A sua fachada frontal, destacam a escadaria de acesso de granito dando visão aos dois andares, as suas cúpulas da cobertura, 14 colunas principais e suas entradas em arcos. Na parte inferior da fachada frontal e das laterais, as escadarias também são de granito, mas acima é visto um frontão com esculturas e janelas imensas com vitrais. Mesmo com a tentativa de criar um estilo que representasse o novo mundo, Entende-se que o preceito era a representação do glamour, da riqueza.
As fachadas das edificações eram caracterizadas com uma linhagem colonial. Ornamentada, dinâmica, teatral, elas seguiam as necessidades de época passadas – representar o belo. O estilo internacional se misturava a sua arquitetura "nacional". As construções erguidas por materiais arcaicos, naturais que eram achados com facilidade na sua própria região, definida como uma arquitetura vernacular utilizando em suas paredes erguidas - barro e cascalho comprimida pelo impacto, conhecida como técnica da Taipa de Pilão.
Como Gregori Warchavchik diz em seu Manifesto "Acerca da arquitetura Moderna" – 1925 "O arquiteto educado no espírito das tradições clássicas, não compreendendo que o edifício é um organismo construtivo cuja fachada é sua cara prega uma fachada postiça imitação de algum velho estilo e chega muitas vezes a sacrificar as nossas comodidades por uma beleza ilusória. " Ainda em sua concepção, o progresso da criação da arquitetura moderna não caminhava para um rumo diferente.
Com a Revolução Industrial houve uma transformação enorme para a arquitetura, a linguagem de fachadas foi totalmente mudada através do aparecimento de novos materiais e novas técnicas arquitetônicas. A Revolução teve início na Inglaterra e logo se difundiu para todo o mundo, assim foi se miscigenando com arquiteturas anteriores como a arquitetura clássica, gótica, renascentista dentre outras, trazendo uma nova leitura desses estilos. As edificações religiosas ainda possuíam uma estética voltada a essas fases, com torres imensas, frontões triangulares, colunas, escadarias, múltiplas esquadrias e ornamentos sem fim. As residências populares seguindo a mesma influência. As edificações inicializavam no Brasil um novo período histórico tendo o mesmo seguimento internacional.
A partir da Revolução novos materiais como aço, vidro, concreto e zinco passam a dar aos arquitetos oportunidades diferentes de criação. Esta nova fase - moderna - é caracterizada pela utilização de formas simples, e sem ornamentação, as linhas são retilíneas e angulosas.
Com a chegada de novas possibilidades tecnológicas, a ornamentação foi sendo abandonada, a utilização da mesma não tinha mais lógica, e o minimalismo veio aparecendo com sua racionalidade evidenciando mais a função da edificação. Aos poucos a ideia racionalista ia se desenvolvendo.
Entretanto isso não acarreta na falta de estética, se o básico fosse resolvido, esse problema também seria. Desse modo a arquitetura foi se modelando novamente, agora com seus traços libertos de qualquer limitação, apenas extraindo o máximo do que a tecnologia estava a oferecer. As fachadas começaram a achar o ideal para o novo estilo arquitetônico, as formas seriam criadas autênticas ao programa e aos métodos de construção. E o Moderno ia sendo criado em detrimento da revolução industrial. Com isso arquitetos de grande renome procuravam estabelecer uma base para esse novo estilo arquitetônico, universalizando o modo de fazer arquitetura, simplificando-a. Dentre os arquitetos estavam Frank Lloyd Wright, Mies Van der Rohe, Corbusier. Essa simplificação veio com a forma abstrata coincidindo com a ideia da arte abstrata, e com uma arquitetura que tivesse harmonia com seu entorno, ligado aos preceitos do racionalismo. Uma das propostas foi o do arquiteto Franco - Suíço - Le Corbusier que propôs possibilidades estéticas que em 1927 com o seu estudo trouxe os 5 pontos da nova arquitetura:
Pilotis, libera o espaço inferior para total circulação, um espaço antes ocupado agora público, permitindo inclusive a circulação de automóveis;
Terraço jardim, fugindo das edificações tradicionais, com telhados inclinados com duas águas, agora podendo ser habitável, com circulação e a presença da vegetação.
Planta livre, uma liberdade de divisão de paredes, não necessitando da parede superior se encontrar por cima com a estrutura da parede inferior para suportar o mesmo peso, ou vice-versa. Essa possibilidade deu mais liberdade na disponibilização dos cômodos.
Fachada livre, trata-se da sua abertura máxima, sem necessitar do seu fim estrutural, possibilitando a utilização de grandes estruturas em vidro, elementos vazados ou grandes vãos;
A janela em fita, também torna-se independente a sua estrutura das vedações. Trata de aberturas imensas que passam por toda extensão do edifício, permitindo uma iluminação e ventilação mais uniforme e uma visibilidade maior do exterior.
Esses foram preceitos publicados na revista francesa L'Esprit Nouveau em 1927, formulados por ele - um dos precursores da arquitetura moderna, com o intuito de reagir a nova era das máquinas, integrando-se totalmente ao período inovador.
Sendo assim, Le Corbusier apresenta esses preceitos em seu novo projeto – Casa Villa Savoye, uma casa de campo francesa. A beleza ilusória é deixada de lado e o funcionalismo floresce. Destacando-se pelas suas formas minimalistas e seu cunho racional, a fachada branca se mistura junto as suas imensas janelas horizontais em vidro com seus perfis metálicos, que parecem dar uma continuidade a casa, uma total mobilidade contínua entre seus cômodos, cada um dos seus três pavimentos possui uma leitura diferente, simétrica, o conjunto possui uma harmonia. No pavimento inferior o vidro se encurva, uma revolução arquitetônica, pilotis o suportando, com a sua coluna livre de qualquer ornamentação de ordens greco-romanas, rampas levando para o jardim no terraço, cada fachada com uma configuração.
A primeira residência moderna no Brasil, foi a residência de Gregori Warchavchik projetada por ele mesmo em 1927, localiza-se na Rua Santa Cruz, Vila Mariana em São Paulo, é considerado a primeira obra arquitetônica moderna no Brasil. Para conseguir aprovação da prefeitura, por causa da sua fuga das residências tradicionais, Warchavchik apresentou um projeto todo ornamentado que era o estilo da época, e após o término da construção alegou falta de recursos para a utilização dos acabamentos. Ele alegava que a beleza exterior deve resultar a racionalidade do plano interior, com outras palavras a forma segue a função, um dos principais ideais modernistas.
Formada por vários volumes, uns maiores, outros menores, uns avançados outros recuados, telhado embutido sobre a estrutura das paredes (platibanda), com suas formas retilíneas, sua fachada convém com alguns dos preceitos de Corbusier, fachada livre permitindo a separação da estrutura interna e o terraço jardim, apresentando também um novo paisagismo, com a utilização de plantas nativas, o que não eram utilizados, nacionalizando cada vez mais a edificação. A casa foi tombada pelo CONDEPHAAT ( Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e pelo IPHAN ( Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ), contudo em 2000 iniciaram projetos e as obras para a sua revitalização, completados em 2007.
E não parou por ai, Warchavchik foi elogiado e nomeado como um representante da arquitetura moderna de toda América do Sul e participante do Congrés Internationaux d'Architecuture Moderne (CIAM), pelo seu ídolo Corbusier, em decorrência de seu novo projeto - A Casa Rua Itápolis, em Pacaembu, São Paulo, este projeto impulsionou a nova arquitetura brasileira. Nesse projeto, ele procurou atingir todos os preceitos de seu Manifesto "Acerca da Arquitetura Moderna", resolver as questões de seu tempo, a nova lógica, na qual a questão econômica e funcional predominava sobre todas as mais, racionalizando tanta a área externa, quanto a parte interna. O seu volume extrudido do terreno possui uma assimetria, a fachada frontal, encontra-se uma varanda com uma cobertura que proteje a sua entrada lateral, uma escadaria e uma rampa para a circulação do carro na garagem, na fachada posterior possui um par de linhas que apoia as pérgolas de concreto, a curva do muro que separa a garagem do seu jardim, todas as fachadas com esquadrias de tamanhos diferenciados e com uma configuração mais livre. Apesar da utilização de coberturas para a proteção de intempéries climáticas nas esquadrias inferiores, as janelas do pavimento superior não possuem proteção como beirais, brises soleil, deixando-as expostas, sendo no caso a sua única proteção as suas venezianas externas de madeira recolhida por um sistema de enrolar. Junto a Warchavchik outros arquitetos como Flávio de Carvalho, Rino Levi se aventuraram na projeção de residências particulares.
Apesar de toda revolução arquitetônica com as obras de Warchavchik, sendo um dos pioneiros da arquitetura moderna no Brasil, a primeira obra de repercussão nacional que tornou o símbolo da vinda da modernidade foi o Ministério da Educação e Saúde (MES) - Edifício Gustavo Capanema -1936, Rio de Janeiro. Quando proposto o concurso para o projeto do Ministério seria escolhido os profissionais que iriam projetar o edifício, entretanto o júri que estava na implicância da escolha de tais propostas tinha o caráter mais conservador levando então a escolha do projeto de tal caráter. Todavia, essa escolha não agradou o ministro Gustavo Capanema, chamando então Lucio Costa, dando-lhe o poder de montar uma nova equipe para a projeção do MES, Lucio assim chama Oscar Niemeyer, Le Corbusier como consultor, nos quais compuseram também a equipe: Afonso Eduardo Reidy, Jorge Machado Moreira, Carlos Leão, Ernani Vasconcelos e Roberto Burle Marx. A edificação é configurada pelo encontro de dois edifícios perpendicularmente, um horizontal e um vertical, ambos possuem pilotis deixando uma parte do nível do chão livre separando a entrada do pavimento térreo. A sua fachada sul começa pela área livre dos pilotis, uma parte em concreto do edifício horizontal e o seu vertical todo em janelas em fita , as suas fachadas laterais leste e oeste, além da parte de concreto do edifício vertical, encontra-se com a área aberta do horizontal e por último a sua fachada norte diferencia-se da sul pela utilização de brises soleil de fibrocimento pintados de azul e sua estrutura de concreto distanciando da fachada de vidro logo atrás. Além do Jardim de Burle Marx que envolve a edificação, a parte externa do edifício horizontal é decorado por um grande painel de azulejos de Cândido Portinari, e pinturas e esculturas de outros artistas, totalmente já mais liberto das limitações dos preceitos tradicionais e assim evidenciando realmente os preceitos de Corbusier.
Após a difusão do projeto MES em todo Brasil e no exterior, todos os olhares voltaram a nova fase arquitetônica, desde estudantes de arquitetura a arquitetos os novos projetos baseavam-se no ideal moderno. Destacando os dois edifícios envolta do Ministério da Educação e Saúde:
O Edifício Esther de Álvaro Vital Brazil que contribuiu bastante para a arquitetura moderna brasileira. Projetado em 1936 mesmo ano do projeto do MES, mas apenas concluído em 1938. Ao lado do MES e do edifício da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Composto por uma estrutura independente, terraço-jardim, janela em fita e sua planta livre, as suas fachadas mostram novos recursos plásticos, como o vidrolite preto e seus planos em massa raspada de cor amarela.
E o projeto dos Irmãos Roberto da Sede da Associação Brasileira de Imprensa com inicialização também em 1936, o prédio foi bastante discutido, não pela sua estrutura de concreto ou pela sua planta livre, mas das suas fachadas que parecem que rompem a sua configuração, composto por 7 fileiras de brises verticais ortogonais acima dos pilotis e o mezanino, na sua fachada norte, o enquadramento de uma janela quadrada dividida em outras 9 janelas menores possui um espaçamento maior para a continuação dos brises e os seus tamanho sendo diminuídos distorcendo a sua legibilidade. Essa janela é caracterizada como a única que possui abertura sem nenhum tipo de proteção solar. Já em sua fachada Oeste é visto as iniciais "ABI" acima das 7 fileiras de brises verticais, talvez contracenando com a janela quadrada da facha norte, sendo mais próxima da quina do prédio e a janela centralizada em sua fachada tendo então uma quebra a uniformidade mostrando o seu caráter inovador.
Porém a arquitetura moderna no Brasil só começa a se nacionalizar criando o seu próprio estilo moderno, com as obras de Oscar Niemeyer. Tornando o primeiro país a ter uma própria arquitetura moderna, sendo reconhecido internacionalmente. Influenciado pelos seus mentores Lucio Costa e Le Corbusier, Niemeyer explorou a plasticidade que o concreto possibilitava, abandonando o funcionalismo exagerado e utilizando formas mais curvas, não voltadas a função, mas sim a beleza, como o diz: "Fui talvez o primeiro a dizer francamente que o funcionalismo ortodoxo não me interessava e que a beleza era também uma função, e das mais importantes na arquitetura. Na verdade, o ângulo reto nunca me entusiasmou, nem as formas rígidas e repetidas dos primeiros anos da arquitetura contemporânea. A curva me atrai intensamente com a sua sensualidade barroca, e a nossa tradição colonial e o próprio concreto armado,a sugerem e recomendam." – a sua visão dessas novas possibilidades arquitetônicas, acarretou-lhe o status de maior arquiteto brasileiro, a beleza florescia novamente como um novo preceito, mas agora na arquitetura moderna alia-se ao funcionalismo, pelos traços de Niemeyer.
Após as suas primeiras participações e projetos individuais, sendo um deles o projeto construído em 1938, sob o sugestivo nome de Obra do Berço seguindo os preceitos de seus mestres. Niemeyer foi chamado pelo governador de Minas Gerais - Benedito Valadares para a construção do cassino em Belo Horizonte, não o fazendo em sua posse. Juscelino Kubitschek tomando posse da prefeitura da cidade também o chama para criar um bairro de lazer na Pampulha, mantendo a criação do cassino, mas agora também uma igreja, um clube e um restaurante. Aceitando a proposta, Niemeyer chama vários artistas para compor o projeto, desde Portinari para fazer as pinturas, os azulejos de Paulo Werneck e também Burle Marx para a criação dos jardins. A extrema maleabilidade das formas plásticas do conjunto da Pampulha, representou o seu maior passo. A catedral da Pampulha - São Francisco de Assis simboliza o princípio da moderna arquitetura religiosa brasileira. Inaugurada em 1943, recebeu muitas críticas das autoridades eclesiásticas que por aproximadamente 14 anos esteve fechada, pela não autorização da consagração da capela devido a sua forma nada "convencional", fugindo das formas monótonas das igrejas tradicionais. Suas flexibilidade pela suas curvas dão uma assimetria a obra, dividida em 4 abóbodas com formatos de arco, as duas maiores, no mesmo alinhamento são o teto da nave e do altar, as outras três que se encontram na parte de trás servem de apoio, composto por uma uniformidade existe apenas um elemento que forma a cobertura e as paredes. Além disso, na sua fachada frontal possui uma marquise sobreposta por duas estruturas metálicas, juntas a estrutura do arco maior e a uma estrutura vertical, na qual encontra-se o sino, logo atrás da marquise um grande pano de vidro no pavimento térreo e no pavimento superior vários brises verticais ortogonais. A segunda abóboda recuada na extremidade direita possui uma entrada; a primeira - janelas verticais; e a única do lado esquerdo toda de pano de vidro. A fachada posterior, na qual todas estão em alinhamento possui um grande painel de Portinari representando São Francisco de Assis.
Com as curvaturas da ilha artificial da Pampulha, a Casa do Baile seguiu a plasticidade de sua ilha, tomando o mesmo caminho, mas pelo concreto. Inaugurada para conter um restaurante, pista de dança, cozinha e toaletes, o projeto em relação a sua funcionalização não obteve sucesso. Hoje é utilizado como espaço de lazer e entretenimento por atividades musicais, além da permanência das pessoas apenas para admirar a sua paisagem. Composta por uma imensa marquise suportada por várias colunas, unindo um cômodo com uma grande fachada envidraçada e seus painéis a uma pequena estrutura na qual fica o palco de apresentação. Não menos importantes, o Iate Tênis Clube - comportava várias atividades, desde natação até jogos de tênis. A sua arquitetura remete a um barco refletindo a sua imagem nas águas da Pampulha, sua fachada inspirada nas imagens náuticas famosas por Le Corbusier e por final o Cassino - Museu com suas fachadas em concreto aparente, a sua forma de volume retangular sobre pilotis, com várias rampas, escadas e passagens, a sua fachada frontal possui colunas com uma marquise protegendo o hall de entrada e já a sua fachada posterior toda envidraçada com um recúo mínimo ficando exposta a radiação solar; um projeto com total harmonia com o seu exterior e aproveitando a sua implantação. Tempo depois os jogos de cassinos foram declarados ilegais provocando o fechamento da edificação e reabrindo anos mais tarde como um Museu de Arte Contemporânea.
A sua casa também foi uma das obras que proporcionaram uma evolução na arquitetura residencial, implantado no meio da floresta da Tijuca na Estrada de Canoas, em São Conrado, Rio de Janeiro, a obra se harmoniza com seu exterior, comparando-a com a Casa da Cascata de Frank Lloyd Wright, projetada em 1951, mas sendo construída em 1953, a sua preocupação era um projeto que não modificasse a natureza ao seu redor permitindo que a natureza adentrasse sobre a edificação. O projeto é composto por dois pavimentos, o pavimento inferior fica aterrado, na qual se encontra a parte íntima da casa, acessado pela escada ao lado da rocha externa que adentra a casa. Apesar de estar abaixo do nível do terreno, o pavimento inferior recebe luz natural através das aberturas e esquadrias, e o pavimento superior que esta ao nível do terreno formada pelos ambientes sociais: sala de estar, jantar, lavabo e cozinha. Nota-se pelas suas fachadas que a casa praticamente surge pela presença da rocha, no qual a residência gira em torno dela, na sua fachada frontal se vê a piscina utilizando a grande rocha como parte de sua estrutura; o pequeno peitoril do pavimento superior ligado ao longo pano de vidro com suas estruturas metálicas pretas e suas colunas cilíndricas suportam a laje plana que toma curva através da existência da rocha seguindo a mesma ideia da marquise da Casa do Baile, contracenando com a natureza ou melhor dizendo, sendo seu coadjuvante. Em 2007 a residência foi tombada pelo IPHAN funcionando hoje como espaço cultural.
Contrariando as formas retilíneas do projeto do Ministério da Educação e Saúde, em que participou, Niemeyer projeta o Edifício Copan - 1951 em São Paulo. Com 115 metros de altura e 35 andares considerado o maior edifício residencial na América Latina, também é considerado a maior estrutura de concreto armado no Brasil. Com o seu formato de onda, o edifício foi inspirado no Rockefeller Center, de Nova York - um edifício com vários âmbitos, desde comércio, residências e áreas de lazer. Contudo, o Copan é caracterizado pela sua forma curvilínea, igualando-se a uma onda, a sua fachada é dividida em 4 partes, a primeira sendo a parte comercial do edifício, e as outras três partes residenciais, subdividas em várias linhas horizontais de concreto com o espaçamento menor do que as dadas pelas estruturas verticais. A estrutura horizontal separa os apartamentos vizinhos na sua direção norte e sul, que dão a continuidade a divisão seguinte, tornando uma malha retangular. Essas duas estruturas formam os brises soleil que recuam a estrutura em pano de vidro levando assim o seu sombreamento.
Por último, a construção da nova capital do Brasil, Brasília. Juscelino Kubitschek já presidente do Brasil leva a ideia disposta na primeira constituição republicana, de 1891 que previa a mudança da Capital para o interior do país indo parar na região do Planalto Central. O projeto ganhador do concurso público nacional dos traçados das ruas de Brasília foi o de Lúcio Costa. Niemeyer ja conhecido por JK é chamado para projetar as principais obras públicas da cidade.
Começando pelo Palácio da Alvorada, obra na qual seria a residência oficial do Presidente da República, inaugurada em 1958, o Palácio é um grande volume retangular, com seus imensos panos de vidro estruturadas por perfis metálicos de cor branca recuados pela sua laje plana seguradas por grandes colunas que de baixo para cima vão se afunilando até o encontro com a laje. Algo nunca visto pelo mundo, a nova percepção de coluna trás uma elegância e beleza revolucionário para a nova época e uma marca para a história, o belo foi alcançado pela simplicidade. Na fachada frontal, as suas colunas são interrompidas pelo vão de acesso para a edificação; com uma bifurcação, criam-se os corredores. O seu pano de vidro é protegido por brise soleil de tom azul claro, e toda a sua forma é refletida pelos seus espelhos d'águas.
Segundo pela Igrejinha Nossa Senhora de Fátima localizada na 307/308 Sul, inaugurada em 1958, sendo o primeiro templo de alvenaria erguido em Brasília, ela foi construída com o objetivo de pagar uma promessa da primeira-dama Sarah Kubitschek. Com a sua forma lembrando um chapéu de freiras, a sua cobertura é sustentada por três pilares segurando a forma do triângulo. A sua fachada principal possui o pilar central com o pé direito mais alto elevando a parte inicial da cobertura dando um possível sentido de transcendência e logo atrás a parte da entrada da igreja recuada com suas paredes revestidas pelos painéis de Athos Bulcão.
No percurso final do Eixo Monumental de Brasília é localizado o Palácio do Congresso Nacional, o edifício foi projetado para comportar a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Ele consiste em um edifício na horizontal servindo como plataforma para a transição dos três volumes, sendo duas cúpulas situadas uma do lado esquerdo e outra do lado direito e uma edificação central dividida em duas partes, cada uma representando um dos plenários. A cúpula menor voltada para baixo, comporta o Plenário do Senado Federal e a cúpula maior situada para cima, comporta o Plenário da Câmara dos Deputados. Pela sua fachada se vê o desenho das formas puras e geométricas, um retângulo na linha no horizonte; acima, um arco em cada lado e no centro duas formas retangulares.
Do lado direito do Eixo Monumental com sua configuração parecida com a do Palácio da Alvorada, entretanto com mínimos traços, o diferenciando de todos os outros. É feito o Palácio do Itamaraty - edifício do Ministério das Relações Exteriores. A sua fachada frontal possui um volume que parece flutuar sobre o espelho d'água com jardins de Burle Marx, a sua entrada é localizada pelo caminho acima do espelho d'água chegando ao grande painel de vidro que é sombreado pela laje suportada por uma estrutura de concreto fina e imensa formando um arco.
Por final a Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida, fazendo parte do conjunto dos edifícios do Eixo Monumental, a Catedral é composta por 16 pilares de concreto em forma de bumerangue, no qual se unem quase no meio de sua inclinação. No espaçamento de um pilar para o outro , tanto na parte inferior de sua união e na parte superior da sua separação é composto por vitrais feitos por Marianne Peretti fazendo os seus fechamentos. Ao lado da Catedral está o campanário com uma estrutura vertical formando quatro pilares e uma estrutura horizontal no final apoiando os quatro sinos, e do lado contrário o batistério. Além dessas edificações, ainda em Brasília é encontrada assinados por Oscar Niemeyer o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal, o Teatro Nacional, Museu Nacional Honestino Guimarães, Memorial JK, Brasília Pallace, Panteão da Pátria e da Liberdade de Tancredo Neves, Complexo Cultural da República, dentre outros projetos.
Talvez seja esse desenvolvimento de sentimento estético que Warchavichik dizia, respondendo as necessidades da época, com o equilíbrio do funcional e do belo, sentimento possibilitado pela tecnologia, levando assim então Niemeyer a concretizar tudo que ela poderia oferecer, conhecendo o material de construção na qual dispomos e os ideais dos velhos mestres.
" Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível... o que me atrai é uma curva livre e sensual...". Niemeyer, Oscar.












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