EVOLUÇÃO E VARIÁVEIS TEÓRICO-EMPÍRICAS INTERDISCIPLINARES ASSOCIADAS ÀS CIDADES INTELIGENTES E À ECONOMIA SUSTENTÁVEL

June 2, 2017 | Autor: Diogo Librelon | Categoria: Smart Cities
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EVOLUÇÃO E VARIÁVEIS TEÓRICO-EMPÍRICAS INTERDISCIPLINARES ASSOCIADAS ÀS CIDADES INTELIGENTES E À ECONOMIA SUSTENTÁVEL Diogo Librelon 1 Simone Meister Sommer Bilessimo2 Patrícia de Sá Freire3 Solange Maria da Silva4 Katia Madruga 5 Paulo Cesar Leite Esteves 6 RESUMO: Um dos grandes desafios da sociedade moderna é encontrar caminhos que viabilizem a aplicação de inovações tecnológicas e incentivar a expansão econômica das cidades e, ao mesmo tempo, oferecer qualidade de vida para os cidadãos e redução do impacto ambiental. Neste contexto, as chamadas Cidades Inteligentes utilizam as tecnologias como caminho para construir uma economia sustentável e uma cidade apta a proporcionar qualidade de vida para seus habitantes. Diante deste fato, a complexidade inerente ao contexto das Cidades Indigentes e Economia Sustentável passa a exigir pesquisas interdisciplinares para sua melhor compreensão. Para responder a questão de como se processa a evolução dos estudos teóricos e empíricos interdisciplinares relacionados ao tema foi realizada uma pesquisa com o objetivo de compreender a evolução, a interdisciplinaridade e as variáveis teórico-empíricas relacionados ao tema, identificando as escolas invisíveis, as possíveis lacunas e oportunidades de futuras pesquisas. Este artigo apresenta os resultados da pesquisa exploratória realizada com procedimentos de revisão sistemática da literatura na base de dados digital Scopus seguida de análise bibliométrica. PALAVRAS CHAVE: Interdisciplinaridade; tecnologia da informação e da comunicação; cidades inteligentes; economia sustentável.

INTRODUÇÃO De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas, “até 2030, as cidades do mundo em desenvolvimento responderão por 80% da população urbana” (UNFPA, 2007, p. 1). Esta constante migração de pessoas faz com que a preocupação sobre questões relacionadas ao planejamento dos espaços urbanos torne-se ainda mais importante. Diversos países e regiões planejam novas estratégias para o crescimento populacional e os desafios inerentes. Neste cenário, cada vez mais, percebe-se que as universidades e governos têm realizado parcerias para gerar uma gestão mais sustentável das cidades. Uma das propostas para proporcionar um futuro com qualidade de vida no ambiente urbano são as chamadas Smart

1

Mestrando no Curso de Tecnologias da Informação e Comunicação, da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Araranguá, Santa Catarina, Brasil, [email protected] 2 Doutorado, vinculado ao Curso de Tecnologia de Informação e Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Araranguá, Santa Catarina, Brasil, [email protected] 3 Doutorado, vinculado ao Departamento de Engenharia do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, [email protected] 4 Doutorado, vinculado ao Curso de Tecnologias da Informação e Comunicação, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Campus Araranguá, Santa Catarina, Brasil, [email protected] 5 Doutorado, vinculado ao Curso de Tecnologia de Informação e Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Araranguá, Santa Catarina, Brasil, [email protected] 6 Doutorado, vinculado ao Curso de Tecnologia de Informação e Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Araranguá, Santa Catarina, Brasil, [email protected]

Cities ou Cidades Inteligentes. Segundo Carter e Brine (1995), as Cidades Inteligentes serão capazes de equilibrar o desenvolvimento econômico e social inovador além de serem tecnologicamente avançadas e ambientalmente sustentáveis. Portanto, é possível promover a melhoria de qualidade de vida dos cidadãos por meio de um planejamento inteligente da cidade (SHAPIRO, 2006. p. 334). Para Gama (2012), o termo cidade inteligente tem sido, cada vez mais, relacionado ao emprego eficiente de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) como uma ferramenta para melhorar a infraestrutura e serviços da cidade, consequentemente trazendo melhor qualidade de vida. Muitos autores discutem o verdadeiro sentido da palavra “Smart” na proposta de soluções para as Cidades. Um estudo chamado “Smart Cities, Ranking Of European medium sized cities”, realizado entre as instituições “Vienna University of Technology”, “University of Ljubljana” e “Delft University of Technology”, definiu seis áreas estratégicas para que o desenvolvimento das Cidades possa ser considerado “Smart”, e são elas: Economia, Pessoas, Governo, Mobilidade, Meio Ambiente e Qualidade de Vida (GIFFINGER et al., 2007). A discussão mundial sobre o tema sofreu, nos últimos cinco anos, um alto crescimento de produção, tendo um pico nos últimos três anos. O tema está em ampla discussão, principalmente entre instituições de pesquisa, europeias e asiáticas, proporcionando uma base de conhecimento e realização de novas pesquisas. A maioria dos trabalhos encontrados em recente busca dirigida ao tema Cidades Inteligentes na base de dados eletrônica Scopus (ELSEVIER, 2015), está relacionada à área da Ciência da Computação, com pesquisadores focados no desenvolvimento de tecnologia aplicada, como, por exemplo, os ambientes controlados por sensores e softwares. No Brasil, o contexto das Cidades Inteligentes começa a aparecer como objeto de pesquisa de maneira tímida, o que abre uma grande lacuna para discussões e reflexões. Entre as seis áreas estratégias do estudo (GIFFINGER et al., 2007), acima mencionado, as áreas econômicas e meio ambiente já representam grandes desafios, porque estão relacionadas a várias questões como competividade, inovação, preservação, proteção ambiental e uso eficiente de recursos. Nesse contexto, elabora-se a seguinte questão de pesquisa: como se processa a evolução dos estudos teóricos e empíricos interdisciplinares relacionados às Cidades Inteligentes e à Economia Sustentável e quais as variáveis propostas? Para responder a essa questão, definiuse como objetivo desse estudo, compreender a evolução, a interdisciplinaridade e as variáveis teórico- empíricas identificando as escolas invisíveis, as possíveis lacunas e oportunidades de futuras pesquisas sobre o tema. Para o alcance deste objetivo, as próximas seções apresentam as definições de Cidades Inteligentes e o Contexto de Economia Sustentável, dentro deste escopo das cidades, por diferentes autores. Logo após, os procedimentos metodológicos são apresentados. De modo a auxiliar na compreensão do objeto de estudo, este artigo apresenta os resultados de uma revisão sistemática da literatura em bases de dados eletrônicas sobre as variáveis associadas, identificadas em estudos teóricos e empíricos. CIDADES INTELIGENTES: ASPECTOS CONCEITUAIS A definição de Smart City é interpretada de diversas maneiras pelos autores que são referência na área. Ou seja, mesmo sendo complementares, as diferentes definições (Quadro 1) demonstram a falta de consenso sobre a conceituação do termo.

Autor

Definição de Cidade Inteligente

Hall (2000)

“Uma cidade que monitora e integra as condições de todas as suas infraestruturas críticas, incluindo estradas, pontes, túneis, trilhos, metrôs, aeroportos, portos, comunicações, água, energia, edifícios. Para poder melhor otimizar seus recursos, planejar, preventivamente, a maximização de serviços aos seus cidadãos” (HALL, 2000, p. 2).

Caragliu, A; Del Bo, C.; Nijkamp, P (2009)

“Uma cidade é inteligente quando investimentos em capital humano e social e infraestruturas de comunicação tradicionais (transporte) e modernas (TIC) promovem um crescimento econômico sustentável e uma elevada qualidade de vida, sob uma sábia gestão de recursos naturais e processos participativos de governança” (CARAGLIU, 2009, p. 58).

Harrison, C; Eckman, B; Hamilton, R.; Hartswick, P; Kalagnanam, J; Paraszczak, J.; Williams, P (2010)

“Um conjunto de instrumentos interconectados e inteligentes da cidade. A instrumentalização permite a captura e integração de dados do mundo real, ao vivo, por meio do uso de sensores, quiosques, metrôs, pessoas, dispositivos, equipamentos, máquinas fotográficas, telefones inteligentes, dispositivos médicos implantados, a web, e outros sistemas para aquisição de dados semelhantes, incluindo as redes sociais como redes de sensores humanos” (HARRISON, 2010, p. 21).

Fernandes; Gama (2009)

“A grande centralidade destes territórios advém da sólida combinação de capacidades individuais, esforços coletivos e novas tecnologias, integrando paralelamente a inteligência humana, coletiva e artificial. Esta abordagem reflete questões do contexto de cidades inteligentes como geradoras de inovação” (FERNANDES; GAMA, 2009, p, 4).

“[..] as cidades e regiões inteligentes são territórios com grande capacidade para a aprendizagem e inovação, construídas com base na criatividade da sua população, das suas instituições de criação de conhecimento e na sua infraestrutura digital de comunicação e gestão de conhecimento” (KOMNINOS 2006, p. 10). Quadro 1 – Definição do Termo Cidade inteligente Fonte: Elaborado pelos autores com base nos autores citados Komninos (2006)

Segundo Hall (2000, p. 2), a definição de Cidade Inteligente aborda questões de infraestrutura tecnológica, serviços e monitoramento dos dados gerados pela Cidade. Complementa Caragliu (2009, p. 58) que, as cidades precisam garantir e controlar a oferta de diversos serviços como oferta de energia, água, limpeza e mobilidade urbana, educação, entre outros. Um dos constructos de maior destaque nos estudos sobre Cidades Inteligentes é a “integração tecnológica” e seu conceito, normalmente, está relacionado ao uso da automação, da internet e de outros dispositivos e objetos capazes de ajudar o ser humano a facilitar suas tarefas. Corrobora com este discurso Harrison et al. (2010, p. 21), ao afirmar que a cidade inteligente faz uso intensivo de “um conjunto de instrumentos, interconectados e inteligentes”. A presença do uso intensivo das tecnologias da informação e comunicação como alternativa para a melhoria da gestão das cidades é o centro da ideia do modelo das cidades inteligentes. Contudo, a tecnologia aplicada não é o único caminho de alcançar o status de inteligência, como afirma Fernandes e Gama (2009, p. 4) ao destacar que “a grande centralidade destes territórios advém da sólida combinação de capacidades individuais, esforços coletivos e novas tecnologias, integrando paralelamente a inteligência humana, coletiva e artificial”. Komninos (2006), ao conceituar Cidades Inteligentes avança sobre a sua potencialidade para a aprendizagem e, consequentemente, para a inovação. Os próprios Fernandes e Gama (2009), já citados, compreendem que os ambientes criados pelas Cidades Inteligentes para a integração das capacidades individuais, de grupos e tecnologias são propícios à inovação.

Com base nas definições desenvolvidas por diferentes autores para Cidade Inteligente, pode-se compreender que o tema tem ainda um grande caminho a percorrer para se configurar em um constructo consolidado por estudos científicos. Reforçando, portanto, a necessidade de mais estudos sobre Cidades Inteligentes, tanto teóricos como empíricos, principalmente para preencher a grande lacuna de pesquisa interdisciplinar com o foco nos ambientes de integração para a inovação. A

SUSTENTABILIDADE

ECONÔMICA

NO

CONTEXTO

DAS

CIDADES

INTELIGENTE A redução dos recursos, o aumento dos problemas ambientais e a concentração das populações em áreas urbanas representa um grande desafio para a sustentabilidade econômica, social e ambiental. A cidade inteligente é uma ação direta para o desenvolvimento econômico sustentável global. O autor Hu (2015), apresenta um estudo de caso realizado na cidade de Sydney, o qual aponta a importância das políticas e estratégias que exploram as abordagens para o paradoxo da integração da sustentabilidade ambiental e a competitividade econômica na estratégia de desenvolvimento para a cidade. A figura 1 aponta sete abordagens políticas que integram a competitividade econômica e o desenvolvimento sustentável e que devem ser trabalhadas na gestão da cidade. Segundo Hu (2015, p. 4557), essas abordagens representam as inter-relações complexas entre sustentabilidade ambiental e competitividade econômica, que funcionam simultaneamente e de uma forma mutuamente proveitosa no âmbito da estratégia de desenvolvimento.

Figura 1 - Integrando a sustentabilidade ambiental e a competitividade econômica. Fonte: Adaptado de HU (2015, p. 4557)

Segundo o MCTI (2010, p. 27), a questão da sustentabilidade é um processo de transformação e de mudança, em contínuo aperfeiçoamento, envolvendo múltiplas dimensões econômica, social, ambiental e política. Neste contexto, um debate surgiu no caminho de novas soluções de base tecnológica, bem como novas abordagens para o planejamento urbano, que pode assegurar a viabilidade futura e prosperidade nas áreas metropolitanas (ALAWADHI et

al., 2012). Segundo Hollands (2008, p. 310), a sustentabilidade “tem sido objeto de crescente atenção e parece agora como um novo paradigma de desenvolvimento urbano inteligente e de crescimento socioeconômico sustentável”. Estes temas encontram-se na agenda das discussões sobre gestão das cidades. Neste sentido, governos, agências internacionais, universidades e organizações não governamentais tornam-se atores importantes para discussão e construção de cidades sustentáveis. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Esta pesquisa pode ser classificada como exploratória utilizando-se de procedimentos de revisão sistemática da literatura em bases de dados eletrônicas Scopus (ELSEVIER, 2015) propondo-se a realizar uma análise bibliométrica. REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA Para determinar a confiabilidade da pesquisa quanto aos seus resultados e análises, bem como, ser possível replicar seus procedimentos, foi utilizada a revisão sistemática da literatura e a analise bibliométrica. Segundo Freire (2013, p. 10), a RSL é um processo de levantamento de dados onde são exigidas revisões rigorosas de publicações acadêmicas à procura de índicos que possam levar à identificação de evidências sobre um tema de pesquisa na área pretendida. De fato, a RSL oferece procedimentos referentes a pesquisas de caráter exploratório, atuando diretamente na identificação, seleção e avaliação crítica sobre os estudos já realizados. (FREIRE, 2013). Para a análise dos dados levantada pela RSL, aplicou-se a técnica bibliométrica que, segundo Guedes e Borschiver (1995), é um instrumento que se utiliza do método quantitativo, permitindo minimizar a subjetividade inerente à indexação e recuperação das informações, permitindo ao pesquisador a organização e sistematização de informações. A próxima unidade apresenta os passos realizados na RSL aplicada para este estudo. PLANEJAMENTO DA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA No primeiro momento, caracterizou-se a problematização central da pesquisa, que foi identificar a interdisciplinaridade das variáveis de estudos que proporcionam a identificação de aprofundamento das discussões e trabalhos já publicados. Com isso, elaborou-se a pergunta da pesquisa: como se processa a evolução dos estudos teóricos e empíricos interdisciplinares relacionados às Cidades Inteligentes e à Economia Sustentável? Com as variáveis definidas, escolheu-se a base de dados digital, multidisciplinar e internacional, Scopus (ELSEVIER, 2015) como fonte de pesquisa para os termos estabelecidos, os quais serão apresentados na próxima unidade. Em um segundo momento, com a questão de pesquisa definida, fez-se a hierarquização das variáveis que foram utilizadas como termos de busca na base de dados, o que trouxe uma visão clara da relevância entre os termos de busca. Definiu-se como a primeira variável o termo “Smart* City*” (Cidade Inteligente) e a segunda “Sustainable Economic” (Economia Sustentável). Na terceira etapa do planejamento foram defidos os critérios de inclusão de trabalhos a serem analisados. O principal fator para escolher as obras representativas foi baseado no objetivo central da pesquisa, ou seja, todos os trabalhos selecionados deverão apresentar diretrizes de relacionar o desenvolvimento de uma economia sustentável no contexto das

cidades inteligentes. Aqueles outros que foram identificados fora deste escopo serão excluídos da análise. Também definiu-se que para os trabalhos selecionados para a construção da análise interdisciplinar, em seus resumos, listas de palavras chave e títulos, as variáveis de estudo que foram selecionadas (“Smart* City*” e “Sustainable Economic”) e que deveriam estar presentes. . Estratégias da Execução Na primeira parte da busca foram identificados no total 2.026 (dois mil e vinte e seis) documentos que satisfaziam a primeira condição da busca, que foi o termo “Smart* Cit*”, utilizou-se os asteriscos no termo, pois isso possibilita a busca sobre os termos no singular e no plural. O maior número de publicações foi encontrado em artigos submetidos em conferências (conference paper), que somam 1.136 (um mil e cento e trinta e seis) obras, seguidos dos artigos (Article) com 622 (seiscentos e vinte e dois), revisões 52 documentos (cinquenta e dois), já o número de capítulos de livros ficou em 33 (trinta e três) e livros em 6 (seis) publicações encontradas. A figura 2 apresenta de maneira organizada o resultado desta busca.

Figura 2 – Percentual de documentos publicados com o termo “Smart* City*. ” Fonte: Scopus (2015)

Quanto à análise temporal, percebe-se claramente que o tema é novo para a academia, tendo sido a primeira publicação no ano de 1995 (CARTER; BRINE, 1995). Na segunda parte da pesquisa, adicionou-se junto ao primeiro grupo de resultados a segunda variável de pesquisa definida como (“Sustainable Economic”), para que um cenário interdisciplinar fosse identificado.

Figura 3 – Busca realizada com as duas variáveis de pesquisa dentro da base Scopus Fonte: Scopus (2015)

O resultado da inclusão do segundo termo trouxe como resultado 10 (dez) documentos que representam a base de estudos interdisciplinares identificados para análise nesta pesquisa. Para encontrar as obras as quais seriam mais relevantes e respeitavam as condições de inclusão definidas na fase de planejamento, analisou-se o contexto da pesquisa, título, resumo e palavras chave. Isto permitiu selecionar pesquisas que apresentam alinhamento com os objetivos de responder a pergunta de pesquisa elaborada Apresentação e Análise dos Resultados O presente trabalho conta com a técnica de revisão bibliométrica sobre os dados coletados, que segundo Freire (2013, p.40) é “uma técnica para avaliar e medir os resultados de uma pesquisa bibliográfica sobre uma determinada questão de pesquisa ou sobre uma determinada variável específica”. Afirma Freire (2014) que leis elaboradas por autores da área apontam o caminho a ser percorrido para que haja uma coerência na aplicação deste método, estas leis estão representadas no quadro 2.

Nome da lei

Data

Objetivo da medição

Lotka

1926

Medição da produtividade dos autores – autores/ grupo de publicações.

Bradford ou da Dispersão.

1934

Zipf ou do Mínimo Esforço.

1949

Medição da produtividade das revistas assunto em um mesmo conjunto de revistas – assuntos/revista Medição da frequência do aparecimento das palavras em vários textos, gerando uma lista ordenada de termos de uma determinada disciplina ou assunto.

Quadro 2 :Leis da análise Bibliométrica Fonte: Elaborado por Freire (2014 p. 40) com base em Souza (1988)

Uma breve visão histórica e geográfica dos estudos. Através da análise temporal da variável de pesquisa “Smart* City*”, percebe-se que o tema é novo para a academia, tendo sido a primeira publicação no ano de 1995 (CARTER; BRINE, 1995). Observou-se um pico de publicações no ano de 2014 com 726 (setecentos e vinte e seis) publicações.

Nº de Publicações

Quando avaliada a evolução temporal , mostrada no gráfico 1, de publicações unindo a segunda variável (“Sustainable Economic”), percebe-se que o número de publicações diminui bruscamente apresentando um cenário muito mais jovem de publicações em relação ao composto pelas publicações da primeira variável. 800

726

600 400 209

200 0

1 1995

2 2002

1 2007

2 2012

4 2014

4 2 2015

Linha do Tempo "Smart City"

"Smart City + Sustainable Economic"

Gráfico 1 - Número de publicações realizadas ao longo dos anos. Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

Analisou-se através da constituição do gráfico 2, a distribuição geográfica das publicações entre 14 países. No caso do primeiro termo de pesquisa (“Smart* City*”) a Itália foi o país que mais apresentou publicações, apresentando um número elevado em relação aos outros países, com cerca de 300 (trezentas) publicações. Seguido de Espanha e China, com média de 206 (duzentos e seis) e 240 (duzentos e quarenta) pesquisas, respectivamente. Os Estados Unidos e Reino Unido com 183 (cento e oitenta e três) e 161 (cento e sessenta e um) trabalhos, respectivamente. A Alemanha, Japão e França variam entre 90 (noventa) e 100 (cem) publicações, cada um. E, por último, Grécia e Irlanda com 60 (sessenta) e 70 (setenta), publicações. Quando analisado o cenário composto pelas duas variáveis percebe-se novamente uma grande diferença sobre a quantidade de pesquisas. A Itália apresenta a maior quantidade 5 (cinco) em relação a outros países analisados. Seguidos de Espanha, Japão, Brasil, Rússia, Polônia e Holanda, cada um com 1 (uma) publicação.

Distribuição Geografica e Nº Publicações Smart City + Sustainable Economic

Smart City

5 1

Italy Spain China United States United Kingdom Germany Japan France Greece Ireland Brasil Russian Federation Poland Netherlands

303 244 206 183 161 126

1

106 95 74 60

1 1 1 1 0

50

100

150

200

250

300

Gráfico 2 - Distribuição Geográfica. Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

Descrição de periódicos e a elite de pesquisadores sobre o tema. Em busca de analisar os trabalhos que possam representar um cenário interdisciplinar e que apontam os principais pesquisadores da base de dados. Gerou-se o gráfico 3, com os autores que contribuíram com mais publicações, que constam os termos de pesquisa analisados.

Autores que mais publicaram 3 2 1 0 Penza, M Caragliu, A Castro, M

Cintra, J

Del Bo, C Fontana, C Gerboles, Guschin, A M

Jara, A

Khorov, E

Gráfico 3 – Autores que mais publicaram Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

Para cumprir com as diretrizes da análise bibliométrica são apresentados os resultados referentes à distribuição de publicações efetuadas nos periódicos dentro da Scopus. Essa ação ajuda a identificar as linhas de pesquisa que estão envolvidas, o que facilita construir um entendimento sobre o cenário interdisciplinar. Percebe-se através do gráfico 4, a variedade de revistas respeitadas que publicaram ao menos uma pesquisa que relaciona as variáveis de pesquisa proposta neste trabalho.

350

Número de artigos por Periódico 3 2 1 0

2

1

Proceedings of IEEE Sensors

Cities

1

1

1

1

Computer Studies in Regional Wit Transactions WSEAS Communications Science on Ecology and the Transactions on Environment Systems "Smart City + Sustainable Economic"

Gráfico 4 – Número de artigos por periódicos Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

Utilizou-se de uma ferramenta de própria plataforma Scopus, que organiza os resultados por autores mais citados. Após a aplicação, cria-se um grupo seleto dentro do resultado que observa as duas variáveis, para que a análise de resumos compreenda suas correlações e objetivos. O quadro 3 abaixo representa o resultado deste agrupamento.

Autor Castro, M., Jara, A.J.,

Título da Publicação Smart lighting solutions for smart cities

Ano

Número de Citações

2013

8

Skarmeta, A.F.G.

Caragliu, A., Del Bo, C., Kourtit, K., Nijkamp, P., Suzuki, S.

In search of incredible cities by means of superefficiency data envelopment analysis

2012

2

Khorov, E., Lyakhov, A., Krotov, A., Guschin, A.

A survey on IEEE 802.11ah: An enabling networking technology for smart cities

2015

1

Molinari, F.

Innovative business models for smart cities: Overview of recent trends

2012

1

Quadro 3 – Publicações mais citadas. Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

Análise da Interdisciplinaridade do Tema Analisou-se que a evolução dos estudos teóricos e empíricos interdisciplinares relacionados às cidades inteligentes e a economia sustentável acontece cada vez mais interconectada com as áreas do conhecimento da ciência da computação e gestão de negócios. Com uma forte tendência de relacionar áreas que também foram constatadas como escolas do pensamento envolvidas nas pesquisas identificadas, e são elas: ciências sociais, engenharia, arquitetura urbana, inovação e criatividade e ciências ambientais. Este resultado altamente interdisciplinar pode ser considerado como o reflexo da complexidade e diversidade que se dá na gestão de uma cidade. Todos os serviços básicos e críticos dos cidadãos, empresas e governo são analisados no cenário das cidades inteligentes, cada um com sua particularidade de funcionamento.

Em sua composição existe o encontro de diversas esferas do conhecimento, o que representa a principal característica da interdisciplinaridade. Segundo Japiassu (1991, p. 136), “a interdisciplinaridade é um método de pesquisa e de ensino suscetível de fazer com que duas ou mais disciplinas interajam ente si”. Esta interação pode ir da simples comunicação das ideias, até a integração mútua dos conceitos, da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da organização da pesquisa. O campo da Ciência da Computação foi o que mais apresentou documentos publicados, consequentemente, isso impacta em uma forte concentração de estudos e pesquisadores na área da tecnologia aplicada. As diferentes escolas do pensamento mostraram-se envolvidas no setor das cidades inteligentes, representando o alto grau de diversidade teórica. O desenvolvimento da parte física e de infraestrutura da tecnologia junto aos estudos de economia, ciências matemáticas, arquitetura, meio ambiente, que envolvem a construção de uma cidade inteligente pode ser um exemplo de caracterização da aplicação da interdisciplinaridade da área. Além de outras áreas de estudos que são observadas para compor o cenário da relação do homem com a tecnologia em suas atividades cotidianas, são observados como objetos de estudo da área interdisciplinar. O quadro 4 abaixo representa as publicações que foram analisadas, relacionando-as com a variáveis e as suas áreas de conhecimento.

Título

Variáveis

Área

Smart lighting solutions

Comunicação, Energia, Gases do efeito estufa, Engenharia de Iluminação, Interoperabilidade, Arquitetura de Rede, Desenvolvimento Sustentável

Ciência da Computação

Economia, Internet das coisas, Redes de energia, Redes, Cidades inteligentes, Economia sustentável

Ciência da Computação

Comércio eletrônico, Processamentos de dados, do governo, Inovação, Gestão, Internet, Desenvolvimento sustentável

Ciência da Computação

Economia, Engenharia ambiental, Sistemas de informação geográfica, Simulação computacional, Crescimento econômico sustentável

Ciência da Computação

Cidade criativa, cidade cultural, Cidade Inteligente, Marketing urbano

Negócios, Gestão e Contabilidade

Sustentabilidade, Urbanização, Cidades Inteligentes, benchmarking, Criatividade

Negócios, Gestão e Contabilidade

for smart cities

A survey on IEEE 802.11ah: An enabling networking technology for smart cities

Innovative business models for smart cities: Overview of recent trends

Optimal placement of sensor network hosted in public transport vehicles for environmental monitoring

The image of the creative city, eight years later: Turin, urban branding and

Sustentabilidade

Negócios, Gestão e Contabilidade

Negócios, Gestão e Contabilidade

Negócios, Gestão e Contabilidade

the economic crisis taboo

In search of incredible cities by means of super-efficiency data envelopment analysis

Ciência Ambiental Ciências Sociais

Quadro 4 – Publicações analisadas, relacionando-as com a variáveis e as suas áreas de conhecimento. Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

CONSIDERAÇÕES FINAIS Pela presente pesquisa, seguindo a metodologia bibliográfica e revisão sistemática da literatura, identificou-se que a interdisciplinaridade está presente nos estudos identificados e analisados. Questões importantes foram observadas em relação à variável de pesquisa “Sustainable Economy”, pois se observou que um melhor aproveitamento do tema proposto, que envolve questões de impactos ambientais, pode ser identificado pelo termo de pesquisa “Sustainable Development” (Desenvolvimento Sustentável). Este segundo termo pode representar todo e qualquer avanço associado às ações para o desenvolvimento econômico, com vistas a minimizar o impacto contra o meio ambiente. No caso da variável de busca “Smart* City*”, observou-se que as publicações identificadas obtiveram uma alta produção nos últimos anos, além de que o assunto destacouse entre a área da ciência da computação e gestão de negócios. A variável pode ser identificada em estudos que abordam a Cidade Inteligente em diferentes escopos de observações. Suas definições apresentam muitas visões diferentes do que é realmente ser “Smart”, contudo as presenças das tecnologias computacionais estão de maneira geral descrita em todos os cenários. Quando analisada presença brasileira, conclui-se que o cenário de pesquisa nacional precisa de uma forte produção para conseguir competir com outros países que são referências na área do estudo como Itália e Espanha. Sugere-se, para futuras pesquisas, a utilização de mais bases de dados digitais, que incluam mais autores e instituições nacionais, promovendo, assim, o cenário científico do Brasil. Outra questão que ficam como evidência para futuras pesquisas é a identificação das estratégias de políticas públicas desenvolvidas para a aplicação das regiões inteligentes, buscando entender como os gestores políticos estão organizando-se para proporcionar o aumento da qualidade de vida dos cidadãos e, assim, contribuir para o avanço tecnológico e sustentável do país.

REFERÊNCIAS ALAWADHI, S.; ALDAMA-NALDA, A.; CHOURABI, H.; GIL-GARICA, J. R.; LEUNG, S.; MELLOULI, S. Building understanding of Smart City initiatives. Electronic Government. 2012. CASTRO, M; JARA, J.; SKARMETA, F. Smart lighting solutions for smart cities. In: Advanced Information Networking and Applications Workshops (WAINA), 2013 27th International Conference on. IEEE, 2013. p. 1374-1379

CARTER, N; BRINE, J. MPF Australia: a vision of sustainable development for a postindustrial society. Australia. 1995. CARAGLIU, A; DEL BO, C.; NIJKAMP, P. Smart Cities In Europe. In 3rd Central European Conference In Regional Science – Cers, 2009, 7–9 October Košice, Slovak Republic. 2009. CARAGLIU, A., DEL BO, C., KOURTIT, K.,NIJKAMP, P., SUZUKI, S.. In Search of Incredible Cities by Means of Super-Efficiency Data Envelopment Analysis. 2012. ELSEVIER. Scopus. 2015. Disponível em: . Acessado em: 15 ago. 2015.

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