Exegese e Pregação

May 31, 2017 | Autor: William Lane | Categoria: Exegese Bíblica, Pregação, Preparo de sermão, Exposição bíblica
Share Embed


Descrição do Produto

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 61 Exegese e Pregação William Lacy Lane Uma Homenagem Uma das minhas lembranças mais remotas da infância na igreja está justamente relacionada à pessoa do Rev. Joás e à sua pregação. Por volta de 1967-68 a Igreja Presbiteriana do Jardim Guanabara se reunia ainda nas dependências do nosso Seminário e a memória que tenho até o dia de hoje desse período era da eloquência do Rev. Joás no púlpito. Não entendia nada, mas era bonito! Na minha incompreensão dos meus 4 anos de idade me perguntava o que as pessoas tinham feito de tão errado para aquele homem ficar tão zangado com a gente. No decorrer dos anos, crescendo na igreja durante o pastorado do Rev. Joás, fui entendendo o sentido de igreja e da pregação. Fiz minha profissão de fé com o Rev. Joás. Desde então tenho tido profunda admiração por este servo de Deus. Mais de 25 anos depois daqueles primeiros dias da Igreja do Jd. Guanabara no Seminário nós nos achamos novamente no auditório do Seminário, desta vez, ambos como professores do SPS. O Rev. Joás, como professor da cadeira de prática da pregação, convidava os professores da casa para a tarefa de avaliar sermões de alunos. Por isso, é para mim um privilégio muito grande poder compartilhar e dedicar à ele este artigo. I.

Introdução O grande desafio de um estudioso da Bíblia é expô-la de um modo claro e organizado que o ouvinte possa compreender com certa facilidade. A pregação requer um estudo cuidadoso do texto bíblico e, ao mesmo tempo, uma habilidade de exposição. Alguém já comparou o pregador a um cozinheiro. O cozinheiro leva à mesa não às receitas e instruções de como preparar o prato, mas o prato acabado e pronto para ser digerido. É óbvio que para preparar aquele prato o cozinheiro precisou de usar suas técnicas e habilidades de preparo de temperos e etc. De modo semelhante,

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 62 o pregador leva ao púlpito o resultado de seus estudos sobre o texto bíblico ou tema que discute. No entanto, isto consiste justamente no grande desafio do exegeta e do pregador: como comunicar de um modo claro aos seus ouvintes tudo aquilo que aprendeu em seus estudos. Ao falar de exegese e pregação estamos falando de dois campos distintos do processo de preparo de um sermão. De um lado, há o enfoque sobre o conteúdo. A exegese é a tarefa que investiga o texto, busca significados originais das palavras, penetra no mundo histórico, social, cultural e religioso do texto em questão, procura conceitos teológicos do autor do texto e, ainda, analisa o texto na sua forma literária. A pregação, por outro lado, se concentra na maneira própria de comunicar toda essa bagagem teológica, histórica e literária do texto. A pregação busca um esquema de comunicação compreensível ao público, se utiliza de exemplos e ilustrações do cotidiano dos ouvintes para melhor comunicar um conceito antigo, procura também de tal modo organizar as ideias para que a comunicação seja fluente e clara. Raros são, contudo, pregadores que conseguem conciliar satisfatoriamente o conteúdo com a comunicação. Quem se preocupa demais com o conteúdo perde na comunicação e, por outro lado, muita ênfase na comunicação frequentemente é fraca no conteúdo. Já se disse que no preparo de um sermão atinge-se um bom nível quando a gente começa a tirar fora e sintetizar o conteúdo. O bom sermão é aquele que no preparo o pregador deixou de lado ideias, informações, ilustrações, etc. Isso reflete que o conteúdo precisou ser peneirado para uma melhor comunicação ou, em outros termos, a exegese esteve à serviço da pregação. Este artigo não pretende ensinar a exegese, nem apresentar novas técnicas de pregação. Pretende-se aqui apresentar algumas dicas de como preparar um texto e transformar o estudo detalhado do texto bíblico em uma pregação. Embora, essa apresentação pareça se aplicar mais ao sermão chamado textual, na verdade, pode-se aplicar a qualquer tipo de sermão, levando-se em conta que o texto bíblico é o objeto da exposição homilética.

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 63 II.

O preparo do sermão

A maior dificuldade que encontrava no início do ministério não era tanto o preparo de um texto para a pregação, mas decidir o que pregar. Isso, de certo modo, acompanha sempre o pregador de um modo ou de outro. Para se resolver tal dificuldade é possível se recorrer a um programa de pregação, a pregação capítulo por capítulo de um livro bíblico e etc. Sem entrar em detalhes sobre esse assunto, basta apenas dizer que um bom começo para o preparo do sermão é saber o que se tem em mente para pregar. Isto pode partir de uma preocupação temática. Por exemplo, o pregador pode querer falar da missão da igreja. O tema por sua vez orientará o estudo do texto bíblico de modo à chegar-se a uma exposição sobre o assunto. Por outro lado, ao invés de um tema, pode-se preferir pregar sobre um texto em específico. Uma vez escolhido o texto, o pregador precisa se debruçar sobre ele para conhecê-lo mais à fundo. De qualquer modo, o ponto de partida para um bom preparo é saber exatamente com o que se pretende trabalhar. 1) A exegese: O que o texto significou Falar de exegese é falar de significados. A tarefa da exegese é resgatar significados originais do texto para se extrair sua mensagem. Em outras palavras, para que saibamos o que o texto significa é preciso primeiro perguntar o que o texto significou para o autor. Estas são duas perguntas básicas mas necessárias no estudo de qualquer texto (cf. Gabler, 1980:142 e Stott, 1982:221). Há um princípio hermenêutico que afirma que o texto não significa aquilo que nunca significou. Seu significado para hoje precisa refletir o que significou para o leitor original. Cada vez que o leitor da Bíblia faz uma pergunta do tipo, o que significa essa palavra? ou qual o sentido de tal costume para a época do autor? está fazendo perguntas exegéticas. A exegese pretende, então, resgatar o significado do texto à partir de seu autor e transpô-lo para os dias de hoje. O sermão propriamente é uma tentativa de expor o que o texto significa para a comunidade do povo de Deus hoje ou, em outros termos,

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 64 como o leitor hoje entenderá o texto. Por enquanto, vamos nos ater à pergunta o que o texto significou? Quando estamos diante de um texto, podemos fazer várias perguntas ao texto. Seja quais forem as perguntas a preocupação principal é fazer sentido daquelas palavras. De modo mais específico, podemos dizer que o leitor da Bíblia tem uma preocupação mais direta que é o que Deus está falando para mim? Para respondermos essa pergunta podemos e devemos fazer outras. Contudo, devemos nos lembrar que a resposta estará de acordo com a pergunta que fizermos, por exemplo, se pergunto qual é a doutrina ensinada neste texto, obviamente, extrairei algum ponto doutrinário. Se pergunto qual é a moral ensinada aqui, então, tirarei uma lição de moral e etc. Portanto, costumo dizer que a exegese é a arte de saber fazer perguntas ao texto bíblico.1 Dentro do campo do significado para o ouvinte original temos uma série de perguntas a fazer. Essas perguntas tem caráter literário, linguístico, histórico, social e cultural. Fee e Stuart em seu livro Entendes o que Lês? dividem as perguntas em dois grupos. O primeiro grupo é do contexto e o segundo do conteúdo. Com respeito ao contexto, faz-se perguntas sobre o contexto histórico e o contexto literário. Quanto ao conteúdo, faz-se perguntas relacionadas ao significado das palavras, questões gramático sintáticas, escolhas textuais da melhor leitura e etc. (1984:21). Tal divisão tem finalidade didática de nos ajudar a dar os passos corretos na análise do texto. Para fins deste artigo, destacaremos, primeiramente, aspectos literários, depois aspectos históricos, incluindo elementos sociais e culturais e, por fim, destacaremos aspectos semânticos. Todas essas questões dizem respeito ao significado original do texto. a) Aspecto literários O ponto de partida é reconhecer que a Bíblia não foi escrita em versículos e capítulos. Temos a tendência de lembrar e memorizar 1

G. Fee e D. Stuart de modo semelhante diz que a chave para uma boa exegese é uma leitura cuidadosa do texto e fazer as perguntas certas ao texto (1984:22).

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 65 versículos, que tem sua grande utilidade, contudo, no preparo e exposição de sermões não podemos nos esquecer que o versículo pertence a um parágrafo e uma unidade literária maior. Cartas foram escritas como cartas com saudações iniciais, conteúdo e saudações finais. Salmos são coleções de hinos que tem um sentido em seu todo. Profecias contém oráculos que vão além dos limites de um versículo. Enfim, um passo inicial é termos em mente que o texto com o qual estamos trabalhando tem sua unidade e estrutura. Stenger define texto como "um enunciado linguístico coerente e estruturado que, ao menos relativamente, se completa e que se propõe a um fim determinado" (1990:48). A própria palavra texto vem do latim textus que significa "tecido, textura". Todo texto, portanto, é um tecido de ideia que fazem sentido no seu todo. Não podemos perder isso de vista. O texto em si já é uma costura cujas ideias e palavras não podem ser simplesmente cortada de seu contexto. É comum ouvirmos exposições sobre o significado de uma palavra no grego ou no hebraico em que se explora sua etimologia e semântica, deixando de lado seu significado dentro do texto em estudo. As palavras não tem significados à parte de seus contextos literários. A sentença ou parágrafo é que em grande parte determina o significado de uma palavra. Há uma regra hermenêutica que diz que o contexto de uma palavra é seu versículo e o contexto de um versículo é seu capítulo. O princípio é válido, porém, aqui, como já mencionamos, estamos observando as divisões naturais do texto. Por isso, poderíamos reformular esse princípio dizendo que o contexto de uma palavra é sua sentença, o contexto da sentença é o parágrafo o contexto do parágrafo é a perícope e o contexto da perícope é a seção ou unidade literária em que se situa num livro bíblico. Em termos práticos, isto significa que quando procuramos um texto para reflexão precisamos analisar qual é o seu começo e o seu fim. As edições da Bíblia, frequentemente dividem grupos de versículos sob temas, por exemplo, toma-se uma carta de Paulo, Filipenses 2.1-4, na versão Revista e Atualizada da SBB, está sob o tema "Exortação ao amor fraternal e à humildade", já os vv. 5-11 estão sob o tema "O exemplo de Cristo na humilhação". Embora os editores tenham sido criteriosos na divisão dessas

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 66 seções e tais divisões ajudem o leitor é importante lembrar que elas não são divisões absolutas. Ou seja, às vezes, o editor dividiu o texto onde não deveria. De todo modo, deve-se buscar as divisões naturais do texto. Para ilustrar esse passo, basta pensarmos num texto bastante conhecido, At 1.8: mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra. Quantos não são os sermões que se desenvolvem à partir desse versículo! De fato, o versículo é rico e há muito que se possa falar só sobre ele. Contudo, o versículo já começa com uma conjunção adversativa "mas", que indica um contraste com o que fôra dito anteriormente. De acordo com o 1.4, Jesus estava numa refeição com os discípulos e havia ordenado à eles que aguardassem em Jerusalém a promessa. Os discípulos, então, indagam, "será este o tempo em que restaures o reino a Israel?" (1.6). A pergunta é escatológica. Eles queriam saber quando Jesus restauraria o reino. Jesus responde: "Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder..." A promessa do Espírito Santo em At 1.8 vem responder uma pergunta sobre o dia da salvação. Os discípulos estavam achando que seria o fim, Jesus dizia que eles receberiam o poder para serem testemunhas por toda parte. A aplicação disso é que o testemunho dos discípulos precederá a vinda. Em outros termos, antes de querermos saber dias e mêses precisamos nos engajar na missão da igreja. Deve-se ter em mente que o texto tem um sentido no seu todo e precisa ser respeitado como tal. Por mais que queiramos expor um versículo apenas, precisamos estar cientes do contexto literário em que se situa. Contudo, não basta apenas conhecer o princípio e o fim da unidade literária. É preciso também relacioná-la com o que vem antes e o que vem depois. Qualquer unidade está dentro do desenvolvimento do pensamento do autor do livro como um todo e precisamos nos perguntar sobre a importância daquelas ideias no contexto maior do livro. A cura do cego em Jerico em Lc 18.35-42, por exemplo, está muito bem relacionada com o que vem antes e o que vem depois. Nos vv. 31-34, Jesus anuncia sua morte e ressurreição e o v. 34 diz: "Eles, porém, nada compreenderam acerca

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 67 destas coisas; e o sentido destas palavras era-lhes encoberto, de sorte que não percebiam o que ele dizia." Em seguida, um cego é curado em Jerico ao ser restaurada sua vista o cego seguia Jesus "glorificando a Deus"(v. 43). O cap. 19 fala de Zaqueu que "procurava ver quem era Jesus" (19.3) e precisou subir numa árvore para enxergá-lo. A cura do cego em Jerico é sugestiva mas mostra que o maior problema não era a cegueira física, antes, as pessoas não compreendiam o que Jesus dizia à respeito de sua missão. Podemos ainda citar mais um caso em que a análise do contexto literário é importante para a compreensão do texto. É o caso polêmico de 1 Sm 18.1 sobre o amor de Jônatas à Davi. O texto diz: "Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma." Não só o versículo é muito forte dando margem à especulação de muitos de que Jônatas era homossexual, mas a palavra amou também parece não muito usual para expressar a relação entre dois homens. Entretanto, observando-se seu contexto literário, nota-se que das nove vezes que a raiz da palavra amar (heb. 'ahabh) ocorre em 1 Samuel, uma vez é a referência do amor de Elcana para com Ana sua esposa (1.5), duas vezes se refere ao amor de Saul para com Davi (16.21; 18.22), três vezes de Jônatas para com Davi (18.1, 3; 20.17), duas vezes de Mical, filha de Saul, à Davi (18.20, 28) e uma vez o amor de todo o Israel e Judá para com Davi (18.16). Dessas nove vezes, seis estão no capítulo 18. Portanto, levando-se em conta este contexto literário, percebe-se que o enfoque é no quanto Davi era amado. Além disso, em 2 Sm 1.23 Saul e Jônatas são chamados de "queridos e amáveis" e 2 Sm 19.6 Davi é acusado por Joab de amar os que lhe aborreciam e aborrecer os que lhe amavam. A análise do contexto literário evita que cometamos erros elementares na compreensão de um texto. É preciso que se tenha em mente e que se exercite a leitura do contexto em que se insere um versículo ou tema a que se pretende elaborar. Muito dessa análise literária é possível se fazer sem ter que recorrer a obras de referência ou comentários. Uma boa e cuidadosa leitura

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 68 do texto prestando atenção em temas e palavras que se repetem, divisões de ideias, já possibilita alguns resultados substanciais. Um outro elemento importante na análise literária é observar a estrutura literária do texto. Muitas vezes a estrutura será um indicador dos enfoque que o autor quer dar ao texto. Nos textos poéticos essa estrutura pode ser analisada com o auxílio do estudo do paralelismo ou métrica, enfim, da poesia hebraica. Mas, não é somente os textos poéticos que apresentam uma estrutura literária. Textos narrativos, relatos e até genealogias tem suas estruturas. A estrutura de um texto se estabelece por elementos formais como formação das orações, sentenças e parágrafos. Por exemplo, uma genealogia é bem estruturada nos seguintes termos: fulano viveu tantos anos e gerou a siclano. Depois que gerou siclano, viveu fulano tantos anos e morreu (cf. Gn 5.1-31). Essa estrutura se repete várias vezes em Gn 5. Interessante observar que no v. 21-24 a estrutura varia. Esse é um modo do autor chamar a atenção para o fato. Nestes versículo a genealogia reportase a Enoque que andou com Deus. Também no caso de Noé (5.32) apenas a primeira parte dessa estrutura ocorre: "Era Noé da idade de quinhentos anos, e gerou a Sem, Cão e Jafé." No entanto, em Gn 9.28, 29 temos: "Noé, passado o dilúvio, viveu ainda trezentos e cinquenta anos. Todos os dias de Noé foram novecentos e cinquenta anos: e morreu". Se juntássemos o 5.32 com 9.28, 29 teríamos Noé como mais um daquela genealogia do cap. 5. Da maneira em como está todo o relato da maldade do gênero humano e do dilúvio dos caps, 6-9 estão dentro da história de vida de Noé. A análise da estrutura das orações possibilita-nos ver que Noé está não como mais um na lista de muitos, mas um que se destacou. A estrutura de um texto também pode ser estabelecida na observação da repetição de palavras chaves, frase, ideias ou temas. Ex 6.28, por exemplo, está bem delimitado pela frase "Eu sou o Senhor" que se encontra em 6.2, 6, 8. Os vv. 3-5 falam da relação passada de Deus com os

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 69 patriarcas e os vv. 6-8 falam dos atos de salvação que Deus realizará. O texto pode ser estruturado do seguinte modo:2 EU SOU O SENHOR (v. 2b) Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó... mas pelo meu nome...não lhes fui conhecido Estabeleci a minha aliança... para dar-lhes a terra Ainda ouvi o gemido... os quais os egípcios escravizam me lembrei da minha aliança EU SOU O SENHOR (v. 6) vos tirarei... vos livrarei... vos resgatarei... Tomar-vos-ei serei vosso Deus e sabereis que EU SOU O SENHOR (v.7c) que vos tiro... E vos levarei à terra... a qual jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó; e vo-la darei... EU SOU O SENHOR (v. 8) Fica evidente por essa estrutura que a ação de libertação do Egito está associada com o nome divino SENHOR (Jeová) e que tão importante quanto a ação divina é a revelação de seu nome. Também fica evidente, nos vv. 6-8 que a ideia central é o v. 7c: "e sabereis que EU SOU O SENHOR". A libertação do Egito tem como preocupação central mostrar quem é o Senhor. Isto está diretamente relacionado com a pergunta de Faraó no 5.2: "Quem é o SENHOR para que lhe ouça eu a voz, e deixe ir a 2

J. S. Croatto fez uma análise detalhada desse texto e apresenta vários esquemas de estrutura: ´Sabreis que yo soy Yave', Revista Biblica, Buenos Aires, 45 (1983) 77-94.

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 70 Israel? Não conheço (não sei) o SENHOR..." O v. 7 vem responder a pergunta de Faraó.3 Seja qual for o critério de estruturação de um texto, pode-se observar que, uma vez atestada, a estrutura oferece indicação da mensagem central do texto. A estruturação de um texto, então, é essencial na análise literária. É verdade que nem todos textos apresentam estruturas tão harmoniosas e claras e, por isso, deve-se ter o cuidado de não forçar uma estrutura que não existe. Entretanto, vale à pena analisar o texto em busca de uma estrutura literária. b) Aspectos Históricos A análise histórica envolve percorrer o mundo "por trás" do texto. Frequentemente, para entendermos a mensagem do texto, precisamos conhecer o contexto histórico-social em que foi escrito. A organização dos livros bíblicos nos dá a falsa impressão de que estejam numa ordem cronológica dos acontecimentos bíblicos. Existe de fato alguns livros que descrevem eventos sequenciais como por exemplo, o Pentateuco os livros históricos. Mas, naturalmente, o contexto histórico do livro não é o evento à que se reporta. Os livros foram escritos depois dos acontecimentos narrados neles. A análise histórica pretende situar o autor e sua obra no eixo da história bíblica. Os livros proféticos nos ajudam em algum sentido, pois em geral são introduzidos com referencial cronológico. Amos 1.1, por exemplo, situa o profeta nos tempos de Uzias e Jeroboão: "Palavras que, em visão, vieram a Amos, que era entre os pastores de Tecoa, a respeito de Israel, nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, dois anos antes do terremoto." Este referencial, já é um bom caminho andado, pois o próximo passo é procurar conhecer os acontecimentos dessa época. Neste caso, podemos investigar o texto de 2 Rs 14-15 que descreve o reinado desse reis. No entanto, nem sempre 3

Em outro artigo explorei essa temática em Êxodo ("Quem é o SENHOR?" RevTeol 42 (1995) 27-33).

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 71 podemos nos valer de textos paralelos, por isso, precisamos depender também de dicionários bíblicos, mapas geográficos e etc. Alguns pontos importantes na investigação histórica é fazer um levantamento de palavras citadas que representem nomes de cidades ou regiões, informações geográficas, nome de pessoas, referência a costumes ou rituais e a pessoas e suas ocupações. Uma vez feito esse levantamento, precisa-se buscar as informações à respeito de seus significados. Convém, também, procurar saber outras referências na Bíblia dos respectivos nomes. Assim, obtém-se um apanhado de informações que poderão auxiliar na compreensão do texto bíblico. Muito dessa análise dependerá de obras de referência, como já foi dito, mas, independentemente da consulta de obras desse gênero, é importante que o pregador tenha em mente o momento histórico da passagem, a situação de vida do povo de Deus, seja Israel no AT ou a Igreja no NT e, também, as questões sociais, teológicas e históricas em jogo naquele momento. A leitura de um compêndio de história de Israel para o AT, por exemplo, é fundamental para que o pregador se familiarize com os acontecimentos históricos da nação.4 Não só isso, mas é bom lembrar que muita gente que está ouvindo o sermão semanalmente não tem menor ideia se Davi vem antes de Noé! Ou seja, é bom lembrar que além de ter em mente os acontecimentos históricos, o pregador muitas vezes terá que explicar brevemente alguns acontecimentos que antecederam ao fato relacionado no texto em estudo. Finalmente, há de se ter em mente que o contexto literário muitas vezes se coincide ou confunde com o contexto histórico. Por isso, falar de contexto histórico, frequentemente, é tratar também de aspectos literários (Stuart, 1984:77). Para exemplificar, podemos tomar o Salmo 138. Os salmos em geral são difíceis de localizá-los historicamente por haver pouca referência concreta de eventos históricos. Sua linguagem é mais universal e geral de modo a poder se aplicar em qualquer situação. O Sl 138 começa da seguinte maneira: "Render-te-ei graças, SENHOR, de todo o meu coração; na presença dos poderosos te cantarei louvores." (RA) A 4

Neste sentido a obra de John Bright, A História de Israel, S. Paulo: Edições Paulinas, 1985.

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 72 expressão "poderosos" na Revista e Corrigida, assim como na BLH, está traduzido por "deuses". De fato, a palavra hebraica é elohim que pode ser traduzida por Deus, deuses, anjos e poderosos. O v. 2 deste salmo também diz: "Prostrar-me-ei para o teu santo templo e louvarei o teu nome..." O prostrar para sugere que o salmista esteja fora do templo. A referência, também, ao templo sugere o templo em Jerusalém. Se entendermos neste sentido, o título "salmo de Davi" é uma atribuição autoral à Davi, pois, na época de Davi o templo não havia sido construído. Do contrário, se entendermos como sendo um salmo de Davi, então, "templo" é um anacronismo. De qualquer forma, este salmo sugere alguém que esteja distante do lugar de adoração e se prostra em direção ao local de adoração. Bem, se aplicarmos o que temos falado aqui, mesmo sendo cada salmo uma unidade literária em si, precisamos olhar para o salmo anterior e o salmo posterior. O Sl 137, ao contrário de muitos, tem um referencial histórico e geográfico bem definido: "Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião" (v. 1). O povo está no exílio, longe do lugar de adoração. A questão principal é como o povo pode adorar à Deus em terra estranha: "Como, porém, haveríamos de entoar o canto do SENHOR em terra estranha?" (v. 4). A crise do povo no Sl 137 é respondida pelo Sl 138, na presença dos deuses (estranhos) "prostrar-me-ei ao teu santo templo". O o Sl 139 vai além e reconhece a presença de Deus em todo o lugar: "Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também" (vv. 7, 8). O contexto literário do Sl 138 nos possibilita conhecer também o contexto histórico do salmo. c) Aspectos Semânticos O estudo semântico trata do significado das palavras. Para isso, é sempre importante recorrer aos originais. Muitos pregadores, infelizmente, já abandonaram o costume consultar o hebraico e o grego, entretanto, há de se reconhecer os benefícios de se familiarizar-se mais com os originais. Hoje maior número deferramentas tem sido disponibilizadas para o

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 73 pregador especializado e leigo de modo a facilitar a consulta aos originais.5 Mas independentemente do acesso aos originais, o pregador deve estar pronto para explicar termos não muito claros. Podemos falar do estudo semântico em dois níveis. Um nível é o estudo de palavras em si, tecnicamente chamado de lexicografia. O outro é o nível do significado da palavra em seu contexto, daí, se discute o campo semântico. Em outras palavras, um trata do significado conforme dicionários e léxicos, o outro, conforme o texto apresenta. Para ilustrar isso, tomemos a expressão "se arrependeu" de Gn 6:6: "então, se arrependeu o SENHOR de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração." Este termo traz dificuldades quando pensamos no sentido grego de arrependimento que é frequentemente enfatizado em sermões doutrinários: arrependimento como o mudar de mente. Isto é incompatível com a ideia de que Deus é imutável. Como, então, entender que Deus se arrependeu? No primeiro nível analisamos o termo arrepender-se que vem da palavra hebraica naham cujo sentido primário é ter compaixão, entristecer e consolar. Este dado apenas, já é o suficiente para fugirmos daquela preocupação de que Deus tenha mudado de ideia. A visão de Deus como tendo compaixão já é mais compatível à definição de Deus da doutrina reformada. No segundo nível, é importante que se analise como essa palavra é usada em outros textos. Para isso, uma boa concordância é fundamental. Fazendo uma busca do termo no original, constatamos que a primeira ocorrência dessa raiz na Bíblia está em Gn 5.29 quando o pai de Noé lhe dá o nome e diz: "Este nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mãos..." E, há outros textos em Gn cujo sentido principal é o de consolo (24.67; 27.42; 37.35, etc). Êxodo, contudo, apresenta outro sentido, mais próximo de Gn 6.6, que é o sentido do "arrepender-se do 5

Um exemplo disso é o lançamento do CD-ROM Bíblia Online pela Sociedade Bíblica do Brasil. Neste programa de computador a versão Revista e Atualizada está codificada com os números da concordância de Strong de modo que dois cliques sobre o número abre uma janela contendo o significada da palavra de acordo com o original hebraico ou grego.

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 74 mal" (Ex 32.12,14). Relacionado a este sentido estão também textos como o de Jr 26.3,13,19; Jn 3.10; 4.2; Jl 2.13,14. Nestes textos, fica claro a relação da expressão "arrepender-se" com expressões da misericórdia e compaixão de Deus: "E orou ao SENHOR e disse: Ah! SENHOR! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do mal" (Jn 4.2). "Arrepender-se do mal", portanto, não significa dizer que Deus fez algo errado e se arrependeu, mas que na sua ira resolveu não enviar o mal (o castigo) sobre seu povo. Esta análise possibilita constatar que a palavra "arrepender" é usada em vários sentidos no AT. Nossa tendência é partir do nosso conceito desse termo, mas uma pesquisa do termo original e seu uso no AT traz nuances ao texto e resolve dúvidas no nível semântico. Ou seja, nem estamos apelando para questões teológicas do antropopatismo para explicar como Deus se arrepende. Todo sermão seja temático ou textual que se preocupe em expor o texto bíblico terá que tratar de significados de palavras e expressões. Muito desse significado poderá ter seu sentido mais próprio no ambiente social e cultural do autor e de seus ouvintes originais. Aí, então, o significado terá que ser transportado para hoje. Por exemplo, o Sl 23 usa toda uma linguagem de alguém familiarizado com o campo e o pastoreio. Na sociedade moderna e urbana é preciso se resgatar o significado dos termos ali contidos e, como o próximo passo nos mostrará, atualizá-los para o ouvinte de hoje, de modo a fazer sentido para a comunidade que lê o texto hoje. 2) O sermão: O que o texto significa Um dos alvos principais da exegese é a exposição bíblica diante da comunidade. A comunidade contemporânea do povo de Deus se interessa no que o texto bíblico significa hoje. O pregador não pode perder de vista que o texto bíblico precisa fazer sentido para seus ouvintes. Isto não significa, contudo, que a exegese está sujeita ao sentido que a comunidade

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 75 queira dar hoje. Essa é uma grande discussão hermenêutica que tem profunda implicações para a hermenêutica bíblica.6 Entretanto, desde que a exposição bíblica esteja controlada por uma boa exegese, as chances de lermos para dentro do texto o que queremos que o texto nos diga é minimizada.7 O sermão, então, será a apresentação dos resultados do estudo do texto bíblico de uma maneira compreensível ao ouvinte de modo também a contribuir para o seu fortalecimento e crescimento no conhecimento de Deus. Portanto, se o alvo da exegese é a exposição bíblica, o alvo da exposição bíblica não é explicar o texto, mas anunciar a Palavra de Deus ao povo para a edificação do corpo. Todo pregador que se agrada no estudo do texto fica entusiasmado diante de novas descobertas que fez em seus estudos. A questão é como levar os ouvintes a ter um entusiasmo semelhante e, principalmente, a serem edificados através da exposição. Isto se constitui num dos desafios da pregação. Neste ponto, devemos tratar de alguns aspectos hermenêuticos que dizem respeito ao sentido do texto para hoje e também de estruturação do sermão. John Stott em um de seus livros sobre pregação (Between Two Worlds), ao falar da estrutura do sermão, diz que a primeira regra para se obter um esboço de sermão é deixar que o texto mesmo forneça um esboço (1982:229). Deste modo, cada sermão poderia ter uma estrutura diferente dependendo do texto bíblico que se usa. Isto significa, também, que chegar a um nível nas análises literária, histórica e semântica que nos possibilite extrair as ideias principais e suas subdivisões do texto em estudo.8 O Sl 133, por ser pequeno, é um bom texto para exemplificar este ponto. Este salmo começa com uma proposição básica que, naturalmente, 6

Kaiser, 1981:17ss. Cf. Fee & Stuart, 1984:25. 8 Kaiser tem feito um estudo extenso de estruturação de texto baseado em critérios sintáticos. Ele propõe o Método Sintático-Teológico que se fundamental, primordialmente, numa análise gramático-histórica e procura estruturação homilética (1981:165ss). 7

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 76 precisa ser o tema central: a união dos irmãos. Em seguida, esta ideia é comparada a duas figuras: o óleo e o orvalho, finalmente, a conclusão, benção e vida. Os dois argumentos básicos são exemplificações através das figuras do óleo e do orvalho de como é a união. A análise semântica e histórica também é de grande valia neste caso para identificar a função do óleo e do orvalho para a época em que o salmo foi escrito. O óleo é associado à purificação e tem também seu sentido mais geral de elemento medicinal. Aqui está claramente associado à unção sacerdotal pela menção de Arão. O orvalho está relacionado à humidade suficiente para o crescimento da vegetação numa terra árida. Simboliza então a manutenção da vida. Sem orvalho, não se fazia possível manter a vida vegetal ou animal na região. Em outras palavras, a união dos irmãos tem esse caráter de purificar e ungir as pessoas e de ser o elemento básico para a manutenção da vida. Ali, na união dos irmãos, Deus ordena benção e vida, Deus envia seu óleo e seu orvalho. Também, há de se destacar que nesse pequeno salmo a raiz da palavra "descer" ocorre três vezes. Isso, para um salmo deste tamanho significa uma ênfase. Ainda mais, quando se trata de um "Salmo de subida" (ver o título). Qual a implicação disso? Deus é aquele quem derrama a benção e a vida sobre o povo. Um pequeno salmo apresenta uma estrutura bem definida que deve orientar a exposição bíblica. É certo que muitos textos possuem estruturas mais complexas, mas por mais complexas que sejam nunca será mais difícil extrair a mensagem de um texto estruturado do que de um texto cuja estrutura não foi analisada. Até agora temos dado ênfase na análise de um texto o que é natural se o sermão for textual, porém, há de se perguntar se é possível aplicar isso ao sermão temático. Por mais que esta análise pareça inconsistente com o sermão temático é preciso que se tenha em mente que ao se escolher um tema para discorrê-lo num sermão não basta simplesmente buscar qualquer texto onde aquela ideia ou termo ocorre na Bíblia. É preciso ter semelhante cuidado em entender a palavra ou ideia no contexto em que se encontra e, à medida do possível, reconhecer a função que a palavra ocupa no parágrafo, seção e outras unidades do texto.

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 77 Para ilustrar isto, digamos que queiramos falar do "conhecimento de Deus" na Bíblia. Não basta pergarmos uma concordância e tomar todos os textos onde a palavra conhecimento ocorre. Naturalmente, esse palavra ocorrerá em situações em que não se trata do conhecimento de Deus. Mas mesmo quando a palavra se refere ao conhecimento de Deus há ainda uma porção de variações à respeito. Ex. 6.7, por exemplo, onde ocorre o verbo conhecer precedido pela expressão para que. Como já demonstramos nesse artigo, essa oração estabelece o propósito da libertação da escravidão. Nestes termos, o conhecimento ocupa a finalidade da nossa salvação. Nesse sentido, a expressão é extensamente usada por Ezequiel e, em menor frequência, por Isaías e Jeremias. Já em Joel 6.5 a expressão para que conheças é seguida do objeto atos de justiça do Senhor. O conhecimento aqui não se trata da relação do ser humano com Deus, mas de vir a conhecer e reconhecer a ação divina. Os vv. 3-5 recordam os atos de Deus no passado. O povo escolhido havia aparentemente esquecido dos atos de Deus, então, Deus envia esse oráculo para fazê-lo reconhecer seus atos. O oráculo aqui é de condenação a um povo que se esqueceu de Deus. Em Oseias 6.3 também encontramos a expressão numa exortação à permanecer firme na esperança: "Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor". Aqui se trata de viver diário e, acima de tudo, da cautela para que ninguém se esqueça de Deus. A este sentido podemos relacionar Jo 17.3: "A vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro..." Mesmo o sermão temático exige cuidados exegéticos que envolvem buscar o sentido de o que significou? e de o que significa?. A estruturação de sermões temáticos, neste caso, poderá seguir, por exemplo, uma ordem cronológica, isto é, pode-se discorrer sobre o conhecimento de Deus em vários momentos da vida do povo de Deus. Ou, então, pode-se usar uma sequência lógica do tipo fé -> conhecimento -> perseverança no conhecimento... De qualquer modo, a exposição do tema precisa estar bem fundamentada numa boa exegese. III.

Conclusão

Revista Teológica do SPS – Vol. 59, nº 49, p. 61-76 - 78 A ponte que se deve fazer entre o texto bíblico e o ouvinte de hoje sempre deve caminhar na direção do texto para a realidade contemporânea. O texto bíblico deverá nos guiar em como o sermão se esboçará.

Bibliografia BRIGHT, J. A História de Israel. S. Paulo: Edições Paulinas, 1985. CROATTO, J. S. ´Sabreis que yo soy Yave'. Revista Biblica, Buenos Aires, 45 (1983) 77-94. FEE, G. & STUART, D. Entendes o que Lês?. Trad. Gordon Chown. S. Paulo: Edições Vida Nova, 1984. GABLER, J. P. J. P. Gabler and the Distinction between Biblical and Dogmatic Theology: Translation, Commentary, and Discussion of His Originality. Trad. John Sandys-Wunsch e Laurence Eldredge. Scottish Journal of Theology 33 (1980) 133-144. KAISER, W. C., Jr. Toward an Exegetical Theology. Grand Rapids: Baker Book House, 1981. KEARLEY, F. F., MYERS, E. P. & HADLEY, T. D. Biblical interpretation: principles and practice. Grand Rapids: Baker Book House, 1986. LANE, W. L. Quem é o SENHOR?. RevTeol 42 (1995) 27-33. PERRY, L. M. Biblical Preaching for Today's World. Chicago: Moody Press, 1973. STOTT, J. R. W. Between Two Worlds. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 1982. STUART, D. Old Testament Exegesis. 2a edição. Philadelphia: Westminster Press, 1984.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.