EXPLORANDO O CONTEXTO DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS: UMA EXPERIÊNCIA COM O HARDWARE TEACHER

June 15, 2017 | Autor: João Aloísio Winck | Categoria: Educação, Acessibilidade, Inclusão, Tecnologias Assistivas
Share Embed


Descrição do Produto

EXPLORANDO O CONTEXTO DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS: UMA EXPERIÊNCIA COM O HARDWARE TEACHER

WINCK, João Aloísio¹ RISKE, Marcelo Augusto²

Introdução Um dos fatores mais marcantes no cenário educacional é a diversidade proporcionada pelos sujeitos que constituem os processos de ensino. Essa diversidade torna-se mais visível quando se tratam de sujeitos que possuem algum tipo de deficiência específica que podem limitar seu acesso aos conteúdos propostos em sala de aula. A tecnologia abriga uma série de recursos que podem facilitar a aprendizagem dos alunos, amenizando as carências apresentadas. Para tal, é necessário que o docente consiga adequar sua prática a situação evidenciada, com isso pode-se afirmar que: “[...] é preciso que esse profissional tenha tempo e oportunidades de familiarização com as novas tecnologias educativas, suas possibilidades e seus limites, para que, na prática, faça escolhas conscientes sobre o uso das formas mais adequadas ao ensino de um determinado tipo de conhecimento, em um determinado nível de complexidade, para um grupo especifico de alunos e no tempo disponível. (KENSKI, 2003, p.48-49).”

Essa afirmativa ressalta a qualificação do profissional que atua na área da educação, mas é preciso pensar em outro requisito para que o mesmo atenda melhor as demandas entregues através de situações educacionais. O desenvolvimento de tecnologias assistivas é um dos caminhos mais palpáveis para integrar professor e aluno, além de promover a inclusão desse sujeito no espaço escolar contemplando toda sua complexidade. A técnica de desenvolvimento dessas tecnologias é uma ação que promove mudanças significativas no que diz respeito a elaboração de projetos na área da educação inclusiva, que deve ser uma das temáticas presentes na organização e no planejamento escolar. Vale lembrar que isto está previsto e evidenciados em projetos do MEC: “No desenvolvimento de sistemas educacionais inclusivos, as ajudas técnicas e a tecnologia assistiva estão inseridas no contexto da educação brasileira, dirigidas à promoção da inclusão dos alunos nas escolas. Portanto, o espaço escolar deve ser estruturado como aquele que oferece também os serviços de tecnologia assistiva (MEC, 2006, p.19).”

¹Acadêmico do Curso de Licenciatura em Computação, IF Farroupilha- Câmpus Santo Augusto. E-mail: joaowinck@hotmail ²Acadêmico do Curso de Licenciatura em Computação, IF Farroupilha- Câmpus Santo Augusto. E-mail: marceloriske@gmail

A ideia é fortalecer essas iniciativas, incentivando o desenvolvimento de novas ferramentas que sejam sinônimo de acessibilidade. Materiais e métodos Bases estruturantes do projeto A busca por subsídios relacionados à tecnologias assistivas foi um dos elementos que permitiu a realização de um planejamento sobre a temática do projeto, permitindo associação do conteúdo do software com a metodologia que contemplasse com maior amplitude sua finalidade. Tendo em vista o estudo das dificuldades pode-se dizer que as tecnologias assistivas tem como objetivo proporcionar: “[...] maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação da comunicação, mobilidade, controle do seu ambiente, habilidades de seu aprendizado, competição, trabalho e integração com a família, amigos e sociedade. [...] podem variar de um par de óculos ou uma simples bengala a um complexo sistema computadorizado. (BERSCH; TONOLLI, 2006).”

Essas melhorias implicam não apenas na vida acadêmica do sujeito, mas sim no seu relacionamento com a sociedade, ou seja, o contexto deixa de ser educacional para se tornar também social e cultural implicando diretamente na sua autonomia. Dessa forma, a ligação entre tecnologia e educação estabelecida nesse processo tem como objetivo sanar dificuldades no ensino e na aprendizagem de pessoas especiais. Com isso é necessário levar em consideração a seguinte afirmação, “O desenvolvimento de projetos e estudos que resultam em aplicações de natureza reabilitacional tratam de incapacidades específicas. Servem para compensar dificuldades de adaptação, cobrindo déficits de visão, audição, mobilidade, compreensão. Assim sendo, tais aplicações, na maioria das vezes, conseguem reduzir as incapacidades, atenuar os déficits: Fazem falar, andar, ouvir, ver, aprender. Mas tudo isto só não basta. O que é o falar sem o ensejo e o desejo de nos comunicarmos uns com os outros? O que é o andar se não podemos traçar nossos próprios caminhos, para buscar o que desejamos, para explorar o mundo que nos cerca? O que é o aprender sem uma visão crítica, sem viver a aventura fantástica da construção do conhecimento? E criar, aplicar o que sabemos, sem as amarras dos treinos e dos condicionamentos? Daí a necessidade de um encontro da tecnologia com a educação, entre duas áreas que se propõem a integrar seus propósitos e conhecimentos, buscando complementos uma na outra (MANTOAN, 2005).”

Essa complementação citada pelo autor só é possível se existirem práticas que promovam a ligação entre as áreas além de projetos que garantam resultados que beneficiem os sujeitos com necessidades especiais e que retornem aos desenvolvedores dos projetos um feedback de uso das tecnologias, para que as mesmas possam ser otimizadas constituindo assim um fluxo constante de ideias renováveis.

Desenvolvimento do software A construção do software ocorreu através do aplicativo Microsoft Office PowerPoint e tinha como finalidade o ensino de conceito de hardware para surdos. Apesar de simplória, a interface é amigável e funcional e visa atender as demandas. Para o ensino dos conceitos selecionados, foram utilizados sinais em Libras, onde cada um deles conta com um vídeo expressivo para exemplificar e representar o conceito escolhido pelo usuário no momento da utilização. O exercício da autoria do software foi de grande valia e vem ao encontro dos conceitos estudados no decorrer do curso relacionados à tecnologias assistivas, e a proposta desenvolvida é uma maneira de acrescentar mais um recurso aos que já se encontram disponíveis no Instituto Federal Farroupilha – Câmpus Santo Augusto e que no momento atendem algumas das necessidades dos deficientes que frequentam o ambiente. Essa prática nos proporcionou uma visão do que se tem disponível quando se trata de tecnologias assistivas, fornecendo ideias para os próximos projetos, todos com o intuito de promover o bem-estar dos sujeitos além do enriquecimento intelectual de nós como desenvolvedores proporcionado também uma reflexão sobre essas práticas de acordo com as experiências vivenciadas.

Figura 1 – Interface do software desenvolvido

Resultados e Discussão A experiência com o desenvolvimento do software ressignificou nosso pensamento sobre ações inclusivas servindo como base para uma reflexão sobre essa prática, intensificando a ideia de elaboração de projetos nessa área, oferecendo ao sujeito com necessidades especiais oportunidades mais amplas independendo de sua condição. A avaliação do software foi realizada por surdos, esses tiveram a oportunidade de testar a ferramenta, avaliando suas funcionalidades e seus objetivos além de sugerirem mudanças para otimizá-la. Portanto, pode-se dizer que o projeto não apresentou aspectos negativos, visto que, sua avaliação direta com o público alvo possibilitou a correção de possíveis defeitos, tornando o software mais robusto para utilização final, sem

deixar de lado a possibilidade de implementação de novos recursos na medida que as demandas forem surgindo.

Conclusão Analisando os resultados alcançados, espera-se que a iniciativa seja vista como forma de inspirar e incentivar projetos nessa área e com isso suprir as necessidades apresentadas tanto no processo de ensino quanto no convívio social de pessoas com necessidades educacionais especiais. Dessa forma, utilizar a tecnologia não apenas para propor soluções, mas sim para valorizar a diversidade encontrada nos mais diferentes contextos da sociedade. Referências BERSCH, R.; TONOLLI, J. C. Tecnologia Assistiva. 2006. Disponível em: < http://www. assistiva. com.br/ >. Acesso em: 25 jun. 2015. BRASIL. Sala de Recursos Multifuncionais: espaços para o Atendimento Educacional Especializado. Brasília: MEC/SEESP, 2006. KENSKI, V. M. Tecnologias e ensino presencial e a distância. Campinas, SP: Papirus, 2003. MANTOAN, M. T. E. A tecnologia aplicada à educação na perspectiva inclusiva. mimeo, 2005.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.