Explorando um Acervo Primário Sobre Arquitetura Moderna Residencial em Natal, RN

May 23, 2017 | Autor: Nicholas Martino | Categoria: Modernismo, Arquitetura Moderna, Modernismo Potiguar, Formação do Arquiteto, Linguagem Modernista
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Eixo Temático A: História e Historiografia da Arquitetura e do Urbanismo Modernos: o Norte e o Nordeste

EXPLORANDO UM ACERVO PRIMÁRIO SOBRE ARQUITETURA MODERNA RESIDENCIAL EM NATAL, RN Discovering a primary collection on residential modern architecture in Natal, RN

Nicholas Saraiva Martino Graduando, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, [email protected]

Helisson Camargo Salviano Graduando, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, [email protected]

Resumo O estudo enfoca a arquitetura residencial modernista produzida dos anos 1950 aos 1970 em Natal visando identificar características definidoras de tipos vinculados às variáveis: localização, época de construção e formação profissional do projetista, e verificando como essa produção se compara a outros casos referidos na literatura sobre arquitetura modernista residencial do Nordeste, em particular do caso potiguar. Foram examinados aspectos funcionais e formais, consubstanciados no programa de necessidades e nas caixas murais em vinte e oito residências distribuídas em seis bairros de Natal. Embora os resultados apontem algumas recorrências segundo as variáveis examinadas, estas não parecem suficientes para caracterizar tipos distintos, aspecto que reforça o argumento da aceitação da linguagem modernista, através de instâncias sócio-espaciais distintas no Brasil. Palavras-chave: modernismo potiguar; formação do arquiteto; linguagem modernista

Abstract This study addresses the modernist residential architecture produced in Natal, capital city of the state of Rio Grande do Norte (RN), Brazil, from the 1950s through the 1970s, aiming to identify the defining features linked to variables such as location, time of construction and professional training of the designer and also to verify how this production compares against other cases referred in the literature about modernist residential architecture in the northeast of Brazil, particularly in the RN. Functional and formal aspects were examined as incorporated in the spatial layout and in the built shells of twenty eight houses located in six neighbourhoods. Although the results point toward some recurrences concerning the examined variables, those do not seem strong enough to characterize distinct types, thus reinforcing the argument of a general acceptance of the modernist language across different socio-spatial instances in Brazil. Keywords: potiguar modernism; architect’s training; modernist language

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EXPLORANDO UM ACERVO PRIMÁRIO SOBRE ARQUITETURA MODERNA RESIDENCIAL EM NATAL/RN Introdução Este estudo enfoca residências modernistas potiguares construídas nas décadas de 1950, 1960 e 1970, período de introdução, disseminação, consolidação e diversificação do modernismo em Natal. Buscou-se verificar a existência de características formais e funcionais capazes de revelar tipologias específicas associadas a fatores como época de construção, localização e autoria. Foram examinadas referências provenientes de trabalhos disciplinares, sobre vinte e oito residências estudadas em monografias, dissertações e teses, cujas informações constam do banco de dados do grupo de pesquisa em Morfologia e Usos da Arquitetura - MUsA. O acervo distribui-se em quatro bairros da cidade considerados hoje como “de elite” (Areia Preta, Lagoa Nova, Petrópolis e Tirol) e dois considerados “populares” (Alecrim, Praia do Meio), englobando três regiões da cidade (sul, leste e oeste). O estudo é, predominantemente, de natureza morfológica, sendo assim enfatizados números de variáveis resultantes dos arranjos espaciais e da composição dos programas analisados de acordo com o número de andares, a quantidade de cada cômodo, de espaço por função e de espaço por setores, e variáveis qualitativas da caixa mural. Considerando que a presença de profissionais arquitetos ocorre tardiamente em Natal, comparativamente a outras cidades do Nordeste – aspecto ressaltado na literatura sobre a produção modernista potiguar - um enfoque será dado às diferenças e semelhanças entre as residências projetadas por engenheiros, arquitetos, desenhistas ou outros profissionais. Por fim, a análise será comparada com estudos sobre a casa modernista brasileira e mais especificamente nordestina com base nos achados de Santos (1998), Lima (2002), Melo (2004), Amorim e Griz (2008), Trigueiro (2010) e Sobral (2011).

Arquitetura modernista potiguar no contexto nacional “A modernidade brasileira, caracterizada pela sua linguagem mais livre, surgiu a partir da mescla entre os preceitos racionalistas e os elementos da tradição colonial, entre as características formais nativas - incluindo os estilos historicizantes, as novas técnicas construtivas e as necessidades de adequação da nova arquitetura ao clima local.” (MELO, 2004:20)

A destruição presente no pós-guerra europeu e a necessidade da reconstrução rápida definiram, segundo Benévolo (1976) apud Melo (2004), os direcionamentos para o movimento moderno. No Brasil, a inserção do movimento se deu durante o governo populista de Getúlio Vargas - na década de 1920 - com a implementação de habitações de caráter popular, porém, “(...) somente após a Segunda Guerra, segundo Bonduki (1998), constitui-se como uma cartilha eficaz para a implantação de uma política habitacional estatal de construção em massa de casas para a classe trabalhadora” (Melo, 2004:20). Diferentes interpretações da cartilha corbuseriana definiriam duas vertentes pioneiras responsáveis por disseminar, indiretamente, o movimento no país: a Escola Carioca e a 5° Seminário DOCOMOMO Norte/Nordeste - Fortaleza - 2014

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Escola Paulista. Em 1925 Le Corbusier ministra uma palestra na Escola Nacional de Belas Artes - ENBA que será decisiva para a reforma do ensino por Lúcio Costa quando se torna diretor da instituição em 1930 resultando, segundo Knoll (2002), no espírito moderno da Escola Carioca através da nomeação de docentes “alinhados com conceitos de arte moderna” (Segawa, 1999:78). O próprio Corbusier presta consultoria, em 1936, ao projeto de Lúcio Costa, o Ministério da Educação e Saúde contribuindo para diversas soluções adequadas ao clima local. Essas influências foram responsáveis pela formação de profissionais mais ligados aos “cinco pontos” do arquiteto franco-suíço - pilotis, planta livre, fachada livre, tetojardim e aberturas horizontais. Tal Escola torna-se, mais tarde, influência para os arquitetos formados na Universidade Federal de Pernambuco e, com a disseminação do movimento moderno, as ideias chegam a Natal no início da década de 1950 através dos pernambucanos. Apesar da falta de materiais considerados modernos em Natal, o modernismo - assim como no resto do nordeste e do país - teve uma ampla aceitação por diferentes classes da sociedade.

Procedimentos de análise A partir de estudos de casos de residências modernistas armazenados no banco de dados do grupo de pesquisa em Morfologia e Usos da Arquitetura - MUsA foram compilados dados de natureza funcional e quantitativa, referentes ao programa, e de natureza formal e qualitativa, referentes às caixas murais. Foram observados onze itens quanto ao programa tais como: número de andares, de quartos (com e sem banheiro), de banheiros privados e sociais, de salas (estar, jantar, única, copa), de cozinhas/áreas de serviço e de cômodos de empregados. A caixa mural foi analisada morfologicamente baseada em cinco categorias: relação do lote com a rua e suas barreiras físicas (p. 5) que aparecem nas classificações: grades altas, grades baixas e com ou sem muros; implantação (p. 6) resultando nas classes: implantação com dois recuos laterais e um frontal (fig. 1), com um recuo lateral e um frontal (fig. 2) e sem recuos (fig. 3); volumetria, em três tipos volumétricos dominantes: prisma único, dois prismas compostos por ajuntamento e mais de dois prismas compostos por ajuntamento, porém quatro das vinte e oito casas não se enquadraram nessas classificações e fachada que foram classificadas como platibanda reta, porém ainda foram encontradas residências com cobertura de fibrocimento aparente e outras com empena invertida.

Figuras 1, 2 e 3: Representação das categorias de análise da caixa mural. Fonte: Acervo do grupo de pesquisa em Morfologia e Usos da Arquitetura.

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Figura 4: Residência com platibanda reta. Fonte: Acervo do grupo de pesquisa em Morfologia e Usos da Arquitetura.

Figura 5: Residência com com cobertura de fibrocimento aparente. Fonte: Acervo do grupo de pesquisa em Morfologia e Usos da Arquitetura.

Figura 6: Residência com com empena invertida. Fonte: Acervo do grupo de pesquisa em Morfologia e Usos da Arquitetura.

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Com o auxílio da ferramenta de manejo e representação de dados Google Fusion Tables (Martino, 2014), as informações foram cruzadas entre si com base nas três variáveis enfocadas para a definição dos tipos – localização, temporalidade e autoria – com ênfase na relação entre essas categorias e as características morfológicas, espaciais e estilísticas (i.e. definidores da linguagem modernista).

Resultados Da caixa mural Relação do lote com a rua e suas barreiras físicas Não são vistos grandes muros, pelo contrário, apenas grades circundam a maioria dos exemplares, variando de altura, algumas mais altas, mas em grande parte elas são baixas (figs. 5 e 7). O muro aparece como suporte para as grades, também de baixa altura. Com isso é possível perceber a relação direta que a casa tem com a rua já que fica inteiramente à mostra remetendo a um dos princípios formais da cartilha modernista. Quanto às barreiras físicas das residências, também não foram encontradas diferenças. As únicas barreiras são as plantas que fazem parte do jardim, presente no recuo frontal de quase todas as casas, ou mesmo nas calçadas.

Figura 7: Barreiras físicas entre o edifício e a rua - grades, muros baixos e vegetação. Fonte: Acervo do grupo de pesquisa em Morfologia e Usos da Arquitetura.

Implantação Em geral, os lotes apresentam alta taxa de ocupação e implantação com recuos assimétricos. A maioria das casas encontra-se isoladas das divisas do lote, sem recuos, outra parte apresenta recuo frontal e em uma das laterais e uma minoria não é recuada. Segundo Melo (2004:86), a locação de forma assimétrica vista em grande parte dos exemplares modernistas, geralmente apresenta-se em forma de uma alta taxa de ocupação e com as residências coladas em diversos limites do terreno. Volumetria Quanto à forma dos volumes, predomina a sobreposição de prismas ortogonais (fig. 4) 5° Seminário DOCOMOMO Norte/Nordeste - Fortaleza - 2014

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(quadrangulares ou retangulares) e trapezoidais (fig. 6) – quando no caso do emprego do telhado-borboleta, sendo mais comum o volume inferior recuado, formando varandas, terraços, abrigos ou áreas sociais comumente envolvidas por paredes envidraçadas. (Melo, 2004:93). Na década de 1960, outro tipo volumétrico torna-se predominante em Natal: a caixa térrea marcada pela horizontalidade. (Melo, 2004:95). Fachada A grande maioria apresenta-se com platibanda reta, porém essas variações de cobertura podem ser vistas, também, na década de 1970. Segundo Melo (2004:106) Nas residências projetadas com telhado plano nos anos 1960 há duas variações: a cobertura com platibanda, com ou sem beiral e a cobertura sem platibanda, com telha, estrutura e calhas impermeabilizadas aparentes. Quanto aos revestimentos, são muito utilizados revestimentos cerâmicos, pedras naturais, argamassas com texturas variadas. O que fica claro nas observações de Melo (2004) sobre a diversidade de planos e texturas nas fachadas modernistas potiguares (2004:91). Os principais materiais utilizados nas esquadrias são madeira e vidro, variando apenas o fato de serem apenas de vidro, apenas de madeira ou de madeira e vidro. Há ainda o uso de metal e vidro, porém restrito a poucos exemplares. O tipo de porta mais visto nas casas são as envidraçadas de correr. Já os tipos mais vistos de janelas são as longitudinais, sendo estas de giro, de correr ou basculantes. Há um destaque para o tipo veneziana em madeira seja na própria bandeirola ou na parte superior e não só nas janelas como nas portas também. A utilização dessas esquadrias em vidro, segundo Melo (2004), busca atingir, através de uma solução acessível ao contexto local, o mesmo propósito da transparência (luminosidade) e fluidez dos ambientes, assim como a permeabilidade entre interior e exterior, incansavelmente praticada pela matriz europeia e brasileira. (Melo, 2004:102) Os elementos vazados que contribuem para o conforto ambiental (brise-soleils, pérgolas e cobogós), foram empregados nas fachadas de muitas residências, os cobogós, por exemplo em suas mais variadas formas e cores, conferem forte valor estético e funcional.

Figura 8: Residência com uso de cobogó como elemento estético e funcional. Fonte: Acervo do grupo de pesquisa em Morfologia e Usos da Arquitetura.

Arranjo espacial e composição do programa 5° Seminário DOCOMOMO Norte/Nordeste - Fortaleza - 2014

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No geral as casas não apresentaram grandes dissonâncias quanto à natureza funcional e à disposição espacial do programa, os maiores contrastes aparecem na quantidade dos espaços. O número de banheiros apresentou o maior contraste na amostra, variando de seis até um em algumas residências. A sala única e a copa, quando comparadas à variável temporalidade (Melo, 2004:8), desaparecem ao longo do tempo.

Dos tipos Do resultado da análise surgiram alguns tipos dominantes, ou seja, residências da amostra que apresentaram características recorrentes associadas a cada uma das três variáveis examinadas no estudo: localização, temporalidade e autoria. A fim de cruzar os dados coletados com as categorias de análise, gráficos de natureza quantitativa foram produzidos com o auxílio do aplicativo de visualização de dados Fusion Tables1 (Martino, 2014). Localização Quanto ao arranjo espacial, as casas dos bairros populares apresentam uma maior quantidade percentual de espaços funcionais em relação a espaços de transição, bem como um número menor de quartos com banheiro e de salas referidas como “sala única” – aquelas em que o espaço flui para acomodar dois (estar, jantar) ou mais ambientes. As únicas residências que apresentam sala única, nesses moldes, localizam-se em Tirol e Petrópolis. Temporalidade O intervalo de construção das casas da amostra vai do início da década de 1950 ao final da década de 1970. Essa produção foi dividida em três grupos por década de construção: grupo 1.0 (1953 a 1959), grupo 2.0 (1962 a 1969) e grupo 3.0 (1970 a 1977) indicados nos gráficos. Percebeu-se ao longo dos anos um aumento do número de banheiros, em especial dos banheiros privados (ou diretamente conectados a quartos). A copa diminui de quantidade e chega a desaparecer no último intervalo de tempo. Houve uma tendência de divisão dos espaços sala de estar/ jantar.

Gráfico 1: Eixo vertical - média de quartos com banheiro e Eixo horizontal - grupo temporal. Fonte: Elaborado pelos autores.

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Gráfico 2: Eixo vertical - média total de banheiros e Eixo horizontal - grupo temporal. Fonte: Elaborado pelos autores.

Gráfico 3: Eixo vertical - média de copas e Eixo horizontal - grupo temporal. Fonte: Elaborado pelos autores.

Alguns elementos que compõem a fachada foram afetados pela variável temporalidade. A cobertura, por exemplo, que no início era sempre encoberta pela platibanda, passou a apresentar maior diversidade de soluções, como, por exemplo, a adoção da telha de fibrocimento deixada aparente. Autoria O programa de funções revelou mais semelhanças que dessemelhanças entre residências concebidas por profissionais formados na área e os demais. As casas projetadas por engenheiros têm menos banheiros privados, maior proporção de espaços funcionais e reduzido número de espaços de serviço.

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Gráfico 4: Média de banheiros em cada categoria profissional. Fonte: Elaborado pelos autores.

Gráfico 5: Média de dependência de empregados em cada categoria profissional. Fonte: Elaborado pelos autores.

Os arquitetos projetaram mais espaços reservados aos hóspedes, e mais espaços privados. No geral, não são notadas grandes diferenças entre a configuração espacial das residências projetadas por profissionais formados e pelos não formados.

Do repertório É possível encontrar aspectos comuns resultantes de estudos examinados na bibliografia que serviu de referência na pesquisa. O aumento no número de banheiros, de salas de estar e jantar fracionadas em detrimento da fluidez espacial de uma sala única vai ao encontro dos estudos de Melo (2004:124) e Sobral (2011:24) que citam a crescente fragmentação espacial da casa em ambientes privados e semiprivados como salas para tevê, gabinetes de trabalho e acomodações específicas para lazer íntimo e social. Na amostra estudada não há uma diferença projetual significativa entre as residências projetadas por profissionais formados ou por leigos, entretanto verificou-se uma quantidade 5° Seminário DOCOMOMO Norte/Nordeste - Fortaleza - 2014

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superior de elementos caracterizadores modernistas (brises, cobogós e pilotis), em edifícios (66,6%) que foram projetados por profissionais formados. Tal resultado vai de encontro às opiniões de Lima (2002:99) e Melo (2004:101) que consideram haver uma razoável diferença quanto à evidente erudição no projeto do profissional formado se comparado ao do leigo. Os bairros de Tirol e Petrópolis apresentam um maior aproveitamento do lote com maior número de sala única, copa e quartos sem banheiros. Alguns dados dos bairros reforçam o fato de serem – desde seu planejamento – local das residências de elite como explica Santos (1998:38) apud Melo (2004:37) com uma média de 0,81 quartos de empregados nas casas analisadas contra 0,75 dos outros bairros e um maior número de banheiros sendo uma média de 3,19 da Cidade Nova contra 2,88 dos outros bairros. Tais achados podem ser considerados compatíveis com comentários tecidos por Melo (2004:84) sobre a dimensão do lote e a implantação da edificação nos terrenos. “O loteamento de Tirol e Petrópolis – principal área de disseminação da arquitetura residencial moderna – deu origem a terrenos de pequenas dimensões, onde o tamanho dos lotes, geralmente retangulares, alcança em média os 12, 15 metros de largura por 30 metros de comprimento, ou seja, aproximadamente 450m². Esse fato direcionou os projetistas a optarem por soluções de implantação caracterizadas pelo máximo de aproveitamento do terreno. Por isso, é comum ver lotes com uma alta taxa de ocupação, onde, quase invariavelmente, a locação estende-se no sentido longitudinal do terreno.” (MELO, 2004:84)

Bairro/Categoria

Amostra

Melo (2004)

Alecrim

4%

0%

Areia Preta

4%

2%

Cidade Alta

0%

2%

Lagoa Nova

7%

0%

Não identificado

0%

4%

Tirol/Petrópolis

75%

92%

Praia do Meio

10%

0%

Década de 1950

42%

15%

Década de 1960

42%

85%

Década de 1970

16%

0%

Arquiteto

26%

33%

Engenheiro

21%

17%

Outros

53%

50%

Tabela 1: contrastes da amostra se comparada com Melo (2004). Fonte: Elaborado pelos autores e Melo (2004).

A amostra está distribuída em maior diversidade de bairros do que aquela identificada por 5° Seminário DOCOMOMO Norte/Nordeste - Fortaleza - 2014

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Melo (2004), embora ambas as amostras apresentem uma maioria de casos localizados nos bairros de Tirol e Petrópolis – os quais reuniram o que de melhor se produziu em arquitetura modernista na cidade, segundo Trigueiro et al (2007). “Tais mudanças de uso acarretaram a substituição do conjunto edilício de Petrópolis e Tirol e ameaçam extinguir qualquer vestígio do que de melhor se produziu em termos do patrimônio edificado modernista residencial da cidade.” (TRIGUEIRO et al, 2007:2)

Percebe-se, também, alguma semelhança entre os casos da amostra e os analisados por Melo (2004) com relação à quantidade de obras de acordo com o tempo - decresce após um pico nos anos de 1955 a 1964. Nota-se uma semelhança entre os dados analisados pelas 68 casas de Melo (2004) e as 29 analisadas na amostra quanto à autoria das obras. A categoria “Outros” engloba desenhistas, projetistas, proprietários, mestre de obras ou práticos. “[...] a massa populacional, assimilando tudo o que há de novo apenas visualmente por não ter outras fontes além do que se via em jornais, nas ruas e na TV, viu o diferente pilar em V e utilizou-o como ornamento da “nova moda” da construção, fazendo com que este perdesse todo o seu valor funcional ao ser transportado para a casa popular brasileira e, consequentemente, a casa popular potiguar.” (MACÊDO et al, 2011:6)

Em que pesem as sutis diferenças tipológicas identificadas como mais recorrentes em certos bairros, períodos de tempo ou edifícios concebidos por projetistas com experiências profissionais distintas, os resultados desse breve estudo de caso não autorizam concluir que tais singularidades caracterizam tipos distintos. Tais resultados reforçam o argumento da aceitação da linguagem modernista através de instâncias sócio-espaciais distintas, conforme já se apontou em relação ao quadro modernista nacional. “Foi através do caráter socializador do seu legado que o modernismo brasileiro conquistou todas as camadas sociais, e independentemente da disponibilidade de recursos financeiros, transformou o cenário arquitetônico nacional.” (LARA apud MELO, 2004:97)

Agradecimentos Agradecemos à orientação da Prfª. Edja Trigueiro durante todo o processo de pesquisa e análise das informações e a outros professores e bolsistas vinculados à base de pesquisa em Morfologia e Usos da Arquitetura - MUsA.

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