Expressões de correferencialidade na história de línguas Tupí-Guaraní

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08/01/13

www.sbpcnet.org.br/livro/64ra/resumos/resumos/1791.htm

64ª Reunião Anual da SBPC

H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 4. Línguas Indígenas Expressões de correferencialidade na história de línguas Tupí-Guaraní Ariel Pheula do Couto e Silva 1 Ana Suelly Arruda Câmara Cabral 2 1. Laboratório de Línguas Indígenas / Instituto de Letras - UnB 2. Profa. Dra. / Orientadora - Laboratório de Línguas Indígenas / Instituto de Letras - UnB INTRODUÇÃO: Neste trabalho analisamos expressões do fenômeno de correferencialidade na família linguística Tupí-Guaraní (cf. Rodrigues 1985), tendo como objeto de estudo as línguas: Guaraní Nhandeva e Mbyá (sub-ramo I), Tupinambá (sub-ramo III), Asuriní do Tocantins, Parakanã e Tenetehára (subramo IV), Araweté (sub-ramo V), Kamaiurá (sub-ramo VII), e Zo’é e Wayampí (sub-ramo VIII), levando em consideração a literatura existente sobre correferência alternada e função alternada (cf. Foley e Van Valin 1984; Dixon 1994, Stirling 1993). Em Tupí-Guaraní, o sistema de referência alternada foi descrito como sendo uma das características das línguas mais conservadoras desta família (cf. Rodrigues e Cabral 2005), bem como línguas que fazem uso de prefixos pessoais correferenciais advindos das protoformas (PTG): -wi(t), e- e o-, respectivamente 1ªp.s., 2ªp.s. e 3ªp. (Cabral 2003). Este trabalho integra um estudo maior que, pela primeira vez, focaliza o fenômeno da correferência associado ao alinhamento. METODOLOGIA: Levou-se em conta estudos especializados sobre correferencialidade nas línguas do mundo, sobretudo os que tratam dos fenômenos conhecidos, respectivamente, como “switch-reference” e “switch-function” (Foley e Van Valin 1984; Dixon 1994), para melhor definir o fenômeno da alternância mesmo sujeito (MS) e sujeito diferente (SD), que têm sido identificados nas línguas mais conservadoras da família Tupí-Guaraní (Rodrigues e Cabral 2005), e também os trabalhos que contemplam “switch-reference” em línguas Tupí-Guaraní (cf. Rodrigues e Cabral 2005, Seki 2000, Jensen 1998). Os dados que fundamentam este estudo provêm do Banco de Dados de Línguas Indígenas da UnB e de outros trabalhos já feitos, com ênfase em estudos recentes de estudantes indígenas da PPGL/UnB. Este trabalho serviu-se de uma análise contrastiva dos dados, permitindo a identificação dos contextos e das motivações para a existência e o acionamento da referência alternada, bem como para o uso de prefixos pessoais correferenciais. RESULTADOS: Evidenciou-se que, sincronicamente, há forte variação do sistema de correferencialidade nas línguas TupíGuaraní representativas de seus respectivos sub-ramos. Enquanto algumas línguas mantêm a marcação MS e DS, como Asuriní do Tocantins e Parakanã, Tupinambá e Kamaiurá, outras não fazem mais uso destas marcas, como Guaraní Nhandeva, Araweté e Zo’é, fazendo ou não uso de outras estratégias morfossintáticas. Já outras línguas ampliaram as marcas pessoais correferenciais para todas as pessoas do discurso e, também, para o uso destas marcas em nomes e posposições, como em Asuriní do Tocantins e Parakanã; há ainda outras que apresentam o uso de uma única forma, a da terceira pessoa, nestas últimas situações, como é o caso da língua Kamaiurá. Finalmente, outras línguas reduziram o paradigma à 3ª p., como é o caso da língua Zo’é, mas em que o prefixo só se combina com nomes, ou não fazem mais uso de marcas pessoais correferenciais, como é o caso da língua Guaraní Nhandeva. CONCLUSÃO: Concluiu-se que: (a) quanto à modificação do sistema de referência alternada, concluímos que os sub-ramos III, IV e VII mantiveram o uso de seus afixos, enquanto os sub-ramos I, V e VIII reduziram a marcação à zero, mas fazendo uso de novas estratégias morfossintáticas; (b) quanto aos prefixos pessoais correferenciais, os sub-ramos III, IV, V e VII expandiram o paradigma, sendo que os sub-ramos IV e VII expandiram também seus contextos de uso, enquanto os sub-ramos I, V e VIII reduziram o paradigma à 3ªp. ou a zero. Verificamos ainda que o sistema de correferência na família é um sistema de “switch-reference” que interage com dois tipos de alinhamento: nominativo e nominativo-absolutivo. Em trabalhos futuros buscaremos dados de mais línguas por sub-ramo com vistas a embasar hipóteses que fundamentem as motivações do desenvolvimento desta grande variedade de expressões de correferencialidade na família Tupí-Guaraní. Palavras-chave: família Tupí-Guaraní, Correferencialidade, morfossintaxe.

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