EXPRESSÕES NA ARTE SACRA - A Iconografia dos Arcanjos

June 1, 2017 | Autor: Silvana Borges | Categoria: Iconography, Angelology, Angels, Sacred Art, Iconografia, Arte sacra
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SEJAM BEM VINDOS! Conteúdo Programático do Curso: A iconografia dos putti na arte sacra cristã. Iconografia e atribuições na representação dos arcanjos na arte (pintura e escultura). Os sete arcanjos ortodoxos: Miguel, Gabriel, Rafael, Uriel, Jegudiel, Salatiel e Baraquiel. A pintura em tempera de imagens sacras. Exemplificação de algumas técnicas seculares e materiais artísticos atuais. Prática: Pintura de um anjo (escultura em gesso) com uso de tempera cola e pigmentos naturais, aplicação de reserva de ouro imitação e esquemas de pintura decorativa.

OS PUTTI DO LATIM PUTUS OU DO ITALIANO PUTTUS = MENINO

ICONOGRAFIA DOS PUTTI NA ARTE

Putti é a forma plural de putto (do latim putus ou do italiano puttus, menino) é um termo que, no campo das artes, se refere a pinturas ou esculturas de um menino rechonchudo e nu, representado às vezes com asas, derivando da figura mitológica grega do cupido jovem, simbolizando o amor e pureza. Um putto representando um cupido também é chamado de amorino (plural amorini). (DEMPSEY, 2001).

PUTTI NA ARTE SACRA CRISTÃ MICHELANGELO Buonarroti Putti - 1511 Fresco - Cappella Sistina, Vatican

Mestre desconhecido.Virgem e o Menino com Putti tocando música. Século XVI. Desenho à pincel, 344 x 192 mm. Rijksmuseum, Amsterdam

 Putti são um motivo clássico encontrado nos chamados

sarcófagos Guirlanda do século II d.C. onde eles são retratados dançando, participando dos rituais de Baco ou praticando esportes. Exemplo de um Sarcófago Guirlanda (Roma, Século II d.C.), Metropolitan Museum of Art (NY). (DEMPSEY, 2001).

As crianças erotes “A iconografia cristã absorveu algumas figuras da mitologia greco-romana [...] São as crianças-erotes, com sua pureza e inocência, que surgem em grande quantidade nos baixosrelevos das urnas funerárias, nas catacumbas e em outros lugares de devoção cristã. Símbolos pagãos como as uvas e videiras passam a ser incorporados nas representações cristãs, ilustrando as palavras de Jesus, quando diz: “Eu sou a videira e vocês são os ramos” (João, 15:5). E ao redor dessas videiras, multidões de erotes colhem uvas e preparam o vinho; nos sarcófagos apanham flores e tecem guirlandas, motivos comuns ao paganismo, agora adaptados à nova crença, simbolizando a vida eterna (HENRIQUES, 2008, p.19)”.

Na Idade Média a representação do putto desapareceu e foi revivida durante o Quattrocento italiano. A criação da figura do putto nesse período é geralmente atribuída a Donatello (13861466) em Florença no ano de 1420, embora haja algumas manifestações anteriores, por exemplo, o relevo com putti e guirlandas esculpido por Jacopo della Quercia (1374-1438) no túmulo de Ilaria del Carretto, ca. 1413 (Catedral de San Martino em Lucca - Itália ). (DEMPSEY, 2001).

PUTTO DANZANTE Historicamente considera-se que as primeiras representações escultóricas pós-antiguidade dos putti foram realizadas por Donatello, chamado de o autor do putto por sua contribuição para a arte em restaurar a sua forma clássica, com um caráter distinto, infundindo significados cristãos ao usá-lo em novos contextos, tais como o relevo dos anjos músicos, ou o seu intitulado Putto Danzante, (c.1423-27), bronze, 37,8cm. Museu Nacional do Bargello (Florença)

SPIRITELLO O

menino nu, rechonchudo, de cabelos encaracolados, surgiu na arte romana clássica para representar um espírito no sentido latino, ou no uso italiano do século XV, um spiritello, cuja função, portando as suas guirlandas, era a sua posição como figuras de fronteira entre o espaço terreno e o celeste, consistente em toda a plena expansão do Renascimento, quando a sua colocação dentro de locais sagrados e monumentos religiosos foi aceita sem contestação (GÁLDY, 2013).

Nesse período as figuras dos putti ou spiritello se tornaram populares como figuras da mitologia clássica presentes na arquitetura religiosa, exemplo da sacristia da Catedral de Florença, Giuliano da Maiano (1432-1490), Spiritello, Catedral de Florença. (Foto: Nicolo Orsi Battaglini, DEMPSEY,2001).

PUTTI, CUPIDOS e ANJOS A representação dos putti, cupidos e anjos pode ser encontrada na arte religiosa secular a partir de 1420, na Itália, na virada do século XVI na Holanda e Alemanha, no período maneirista e renascença tardia na França, e durante todo Barroco nas pinturas de afrescos de igrejas na Europa, na talha dourada de altares e objetos sacros em Portugal, como também nos retábulos mineiros do século XVIII no Brasil.

São João da Tarouca (sec.XII) - Portugal

Putti e guirlandas em cadeiral na nave central séc. XVI - Foto: Silvana Borges, 2012

À esquerda o detalhe do retábulo da capela-mor da Igreja de São João da Tarouca, (sec.XVI) Portugal. E a direita o Retábulo mor lateral do altar de Santo Antônio, século XVIII da Igreja Matriz de São João Batista (Barão de Cocais – MG) Foto: Silvana Borges, 2012

Foto: http://patrimonioespiritual.org/2015/09/14/matriz-desao-joao-batista-barao-de-cocais-mg/

O RESTAURO DOS PUTTI  No

ano de 2014 é constituída uma equipe multidisciplinar, atualmente formada pelos conservadores-restauradores, Juarez da Costa Oliveira, Sylvia Moore e Cleyton Dutra; a arquiteta especialista em conservação de pinturas murais, Silvana Borges, a arquiteta Débora Rodeguer; os auxiliares de restauro: Diego Gonçalves de Souza, Thais Mariano e ED Leal na execução dos trabalhos de Conservação e Restauro da Igreja Matriz da Freguesia do Ó e das pinturas do artista Salvador Ligabue (1905-1982). (BORGES, 2015)

Na lateral direita mais conservada, acima do nível do presbitério da Igreja Matriz da Freguesia do Ó em São Paulo, existe uma faixa de pintura com meninos de torso nu segurando guirlandas de flores adornadas de rocalhas e concheados. Convencionou-se denominar este nível de Putti e Guirlandas, baseando-se no estudo da iconografia desses elementos. (BORGES, 2015) Foto: Silvana Borges, 2015

Processo de restauro dos putti - Fotos: Silvana Borges, 2015

Lateral com perda total da pintura e repinte sobreposto, Foto: Silvana Borges, 2015

Reconstituição de figura perdida - Fotos: Silvana Borges, 2015

Viollet-le-Duc (2006) diz que restaurar não é manter, reparar ou refazer, mas restabelecer a obra em um estado completo que pode não ter existido anteriormente.

Reconstituição de elemento perdido - Foto: Silvana Borges, 2015

“o restauro é considerado como intervenção sobre a matéria, mas também como salvaguarda das condições ambientais que assegurem a melhor fruição do objeto e, quando necessário, como forma de resolver a ligação entre espaço físico, em que tanto o observador quanto a obra se inserem, e a espacialidade própria da obra.” (Brandi, 2004, p.12)

Fotos: Silvana Borges, 2015

“o restauro baseia-se na harmonização de requisitos histórico e estéticos” (Brandi apud Calvo, 2006, p.13)

O objetivo no restauro de pinturas murais é também reconstituir a ambientação do espaço, onde a arquitetura, escultura e pintura se relacionam na percepção do conjunto da obra. No caso da Freguesia do Ó, trata-se de uma igreja “viva” onde ocorrem as celebrações litúrgicas, os fiéis tem a expectativa de usufruir de um espaço com suas características originais reconstituídas como eram antes. No entanto, em edifícios onde a exposição museológica como função, sobrepôs o uso original litúrgico do espaço arquitetônico, as lacunas são mantidas e não são reintegradas, preservando as marcas da passagem do tempo. (BORGES, 2015) Foto: Silvana Borges, 2015

Querubim?

“nenhum querubim ou grupo de querubins é tão famoso como essa dupla” (KOBBÉ, Gustav. Cherubs in Art. Associated Newspaper School, 1913)

Madona Sistina Autor: Rafael Sanzio Data: 1512 Técnica: Óleo sobre tela Dimensões: 265 × 196 mm Localização: Pinacoteca dos Mestres Antigos, Dresden, Alemanha

Querubins e Anjos Alados

A pintura a óleo mede 265 x 196 cm. No quadro, a Madona, carregando o menino Jesus é flanqueada por São Sisto e Santa Bárbara, está de pé sobre nuvens e à frente de dezenas de querubins, enquanto dois anjos alados distintos descansam logo abaixo dos pés da Virgem.

CONCLUSÃO O querubim é descrito na Bíblia e representado nos ícones, mosaicos e iluminuras como tendo três pares de asas. Mas na tradição cristã, pela influência Helenistica, e em especial a partir do Renascimento, os querubins se tornaram associados com o putto, e a deidade Greco-Romana do Cupido/Eros, resultando no equívoco de interpretação das representações dos querubins como pequenas e rechonchudas crianças aladas.

Querubins no capitel de um pilar no palácio Zwinger (séc.XVIII) centro histórico de Dresden - Alemanha

HIERARQUIA DOS ANJOS AS NOVE ORDENS DE ANJOS

Anjos nas Citações Bíblicas A fonte primária ao estudo dos anjos no Cristianismo são as citações da história narrada na Bíblia, onde os anjos aparecem em vários momentos: São Paulo faz alusão a cinco ordens de anjos, Isaías fala de serafins; a Virgem Maria recebe a visita do anjo que anuncia o futuro nascimento de Cristo, Jesus menciona as figuras angélicas na tentação no deserto e na cena do horto das oliveiras. Assim como a Bíblia, a Hagiografia dos santos originou algumas das representações iconográficas conhecidas dos Anjos.

Um anjo conforta Jesus antes de sua prisão no Jardim de Gethsemane ao pé do Monte das Oliveiras.

Cristo em Gethsemane (1873) Carl Heinrich Bloch (1834-1890). Óleo sobre cobre, 104x83cm, Museu de História Nacional do Castelo de Frederiksborg, Dinamarca.

Um anjo leva pão para Elias (1 Reis, 19)

Ferdinand Bol (1616-1680) Elias alimentado por um anjo 1660-63 - Óleo sobre tela, 135 x 153 cm Coleção particular

Um anjo afunda uma flecha no coração de Santa Tereza d’Ávila

Gian Lorenzo Bernini (1598-1680) Êxtase de Santa Teresa (1645-1652), escultura em mármore Capela Cornaro, Igreja de Santa Maria della Vittoria, Roma

Um anjo acende a vela apagada de Santa Genoveva

Charles Le Brun (1619-1690) Santa Genoveva (c.1635) Museu de Belas Artes, Rouen - França

Três anjos visitam Abraão (Gen 18:1-19) e profetizam que Sarah terá um filho, Isaac Abraão e os Três Anjos (1656) Gerbrand van den Eeckhout (1621-1674) Óleo sobre tela, 71x82cm Museu Hermitage, São Petersburgo

Deus ordena a Abraão que oferecesse seu filho Isaque em sacrifício [Gen 22: 2-8] . O anjo de Deus impede Abraão no último minuto, dizendo "agora eu sei que temes a Deus."

O sacrifício de Isaac (1627-28) Domenichino (1581-1641) Óleo sobre tela. 147x140cm. Museu do Prado, Madri.

Anjos caídos Os anjos caídos, chamados “demônios” aparecem quando alguns desses seres livres, se rebelaram contra Deus e se opuseram aos seus projetos. Esse seria o caso de Lucifer, também chamado Satã, cuja influência estaria na origem do mal. (Graviers, 2008)

Arcanjo Miguel lança os anjos rebeldes no abismo (c.1666) Luca Giordano(1634-1705), óleo sobre tela (419x283cm). Museu de Belas Artes de Viena - Áustria

O Anjo da Guarda tem origem em uma antiga tradição cristã que diz que cada um de nós tem designado um anjo cuja missão é proteger-nos. A Igreja, sem impô-la, respeita essa crença tradicional. (Graviers, 2008) Anjo da Guarda – Bernhard Plockhorst (1825-1907)

HIERARQUIAS ANGÉLICAS  No Cristianismo os anjos foram estudados,

recebendo ao longo dos séculos diversos sistemas de classificação em coros ou hierarquias angélicas.  A mais influente classificação com nove coros foi estabelecida por Dionísio, o Areopagita entre os séculos IV e V, em seu livro De Coelesti Hierarchia.  São Clemente, em Constituições Apostólicas, (séc.I) foi o primeiro a propor um sistema organizado do estudo dos anjos, ao qual se sucederam vários escritos, como de Santo Ambrósio, São Jerônimo e até Dante Alighieri na sua Divina Comédia.

 A Assunção da Virgem por Francesco Botticini (1446-1497),

National Gallery (Londres), mostra as três hierarquias e nove ordens de anjos, cada um com características diferentes.

Autores e as hierarquias propostas São Clemente, em Constituições Apostólicas, século I: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Éons, 4. Hostes, 5. Potestades, 6. Autoridades, 7. Principados, 8. Tronos, 9. Arcanjos, 10. Anjos, 11. Dominações. Santo Ambrósio, em Apologia do Profeta David, século IV: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Dominações, 4. Tronos, 5. Principados, 6. Potestades, 7. Virtudes, 8. Anjos, 9. Arcanjos. São Jerônimo, século IV: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Dominações, 5. Tronos, 6. Arcanjos, 7. Anjos. Pseudo-Dionísio, o Areopagita, em De Coelesti Hierarchia, c. século V: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos. São Gregório Magno, em Homilia, século VI: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Principados, 6. Potestades, 7. Virtudes, 8. Arcanjos, 9. Anjos. Santo Isidoro de Sevilha, em Etymologiae, século VII: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Principados, 5. Virtudes, 6. Dominações, 7. Tronos, 8. Arcanjos, 9. Anjos. João de Damasco, em De Fide Orthodoxa, século VIII: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Potestades, 6. Autoridades (Virtudes), 7. Governantes (Principados), 8. Arcanjos, 9. Anjos. São Tomás de Aquino, em Summa Theologica, (1225-1274): 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos. Dante Alighieri, na Divina Comédia (1308-1321): 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Arcanjos, 8. Principados, 9. Anjos.

Rosa Celeste : Dante e Beatrice contemplam o mais alto dos céus. Ilustração de Gustave Doré (1832-1883) para a Divina Comédia de Dante Alighieri, ed. 1892.

A HIERARQUIA ANGÉLICA  Na Idade Média surgiram muitos outros esquemas ,

mas os escritos de maior influência são os do Pseudo-Dionísio, o Aeropagita, e Tomás de Aquino que basearam-se em passagens do Novo Testamento, especificamente Efésios 1:21 e Colossenses 1:16, para desenvolver um esquema de três hierarquias, esferas ou tríades de anjos, com cada hierarquia contendo três ordens ou coros.

Hierarquia angelica – cúpula do Baptistério de S. João, Piazza di San Giovanni – Florença, Itália. c.1225

PRIMEIRA HIERARQUIA A primeira ordem compreende três coros que permanecem de pé diante de Deus de forma contemplativa, é formada pelos anjos que estão em contato direto com o Criador, dedicando-se a glorificação de Deus em um grau bem mais elevado que os outros coros. A primeira hierarquia é formada por:  Serafins  Querubins  Tronos

SERAPHIM  O nome deriva do hebreu,

“seraph” e significa “o ardente”. Os Serafins são representados pintados de cor vermelha e têm seis asas (Graviers, 2008)  “Eu vi o Senhor sentado sobre um trono, alto e levantou, e seu manto enchiam o Hekhal (santuário) ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava ". (Isaías 6: 1-3) afrescos de Teófanes de Creta, séc.XVI

Serafins de autoria de Edward von Steinle executados entre 1843-1845 na Catedral de Colonia, Alemanha. Serafins cercam o Trono Divino em uma ilustração do Livro de Horas de Jean de Berry, manuscrito iluminado do séc. XIV.

Cristo Seráfico Representado no estigma de São Francisco de Assis. “A idéia de representar o homem seráfico de [Tommaso da] Celano como um Cristo crucificado e com três pares de asas já aparece entre 1240 e 1260 em uma representação do Mestre de Bardi atualmente na Galeria degli Uffizi, em Florença. Após esta representação todas as obras que retratam a cena identificam o homem seráfico com Jesus Cristo, como se pode ver na obra Estigmatização de São Francisco, de Giotto. (BONNET, 2008)

Acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo  São Francisco

das Chagas e o Cristo Seráfico. Barro cozido e policromado, Séc.XVII. Brasil (São Paulo). Altura 103 cm.

Os querubins são os conhecedores dos mistérios divinos. No livro do Gênesis, guardam o caminho da Árvore da Vida (Gn 3,24). Ezequiel os descreve na visão do momento de sua vocação (Ez 10,12).

CHERUB = QUERUBINS

Na sua representação, são pintados de cor azul. (Graviers, 2008) Querubins e Serafins na cúpula do Baptistério de S. João, Piazza di San Giovanni – Florença, Itália. c.1225

TETRAMORFO  Nos tempos antigos, os artistas

procuraram seguir fielmente o texto bíblico no Livro de Ezequiel, em que relata que junto com o Senhor, estavam “quatro seres viventes contendo quatro rostos”.  Tal imagem é chamada de o Tetramorfo ( "quatro faces"), também interpretado como um símbolo de um Evangelho unificado: a Palavra de Deus escrita na representação dos quatro evangelistas: Mateus (anjo), Lucas (touro), João (águia) e Marcos (leão). Tetramorfo. Afresco, Meteora, sec.XVI

Quando Moisés recebeu as orientações para construir a Arca da Aliança, foram colocados dois querubins (Ex 25, 89. 18-19). O Querubim guarda o caminho da árvore da vida no Jardim do Éden (Gênesis 3:24) e do trono de Deus (Ezequiel 28: 1416).

James Tissot (1836 -1902) “A Arca atravessa o Jordão” Têmpera Guache – Museu judaico de New York

Querubim de autoria de Edward von Steinle executados entre 1843-1845 na Catedral de Colonia, Alemanha.

Querubim, mosaico da Catedral de Cefalu, Sicília - Itália (c. 1200)

Os querubins são os mais mencionados na Bíblia, aparecem em passagens do Gênesis 03:24; Êxodo 25: 17-22; 2 Crônicas 3: 7-14; Ezequiel 10: 12-14, 28: 14-16; 1 Reis 6: 23-28; e Apocalipse 4: 6-8.

Vitrais com Querubim e Serafim, onde a iconografia representativa das cores está invertida. Igreja Anglicana de Todos os Santos de Carshalton, Inglaterra.

Jean Fouquet (1420–1480) Virgem com Menino e Anjos ( painel direito do díptico de Melun) Data: c. 1452-1455 óleo sobre madeira (94.5 × 85.5 cm) Museu Real de Belas Artes da Antuérpia

Os tronos (do grego Thronoi, plural de Thronos) são os transmissores da grandeza do Criador aos Santos Anjos de graus inferiores, também chamados de “Sedes Dei” (Graviers, 2008)

Os tronos, que, por serem as rodas do carro de Deus, têm a forma de rodas inflamadas, e com asas semeadas de olhos. (Graviers, 2008)

TRONOS – “Sedes Dei”

Afresco de anjos do coro de tronos, representados como: “As rodas de Ezequiel” que em sua visão contemplou “quatro rodas” brilhantes cheias de olhos. Igreja de São João Batista (1836) em Kratovo, Macedonia.

Tronos de autoria de Edward von Steinle executados entre 1843-1845 na Catedral de Colonia. Afrescos de Teófanes de Creta, Grécia, séc. XVI São uma classe de celestes seres mencionadas por Paulo de Tarso em Colossenses 1:16 (Novo Testamento). Eles são símbolos de justiça e autoridade do Deus vivo, e tem como um dos seus símbolos o trono .

Tronos na cúpula do Baptistério de S. João, Piazza di San Giovanni – Florença, Itália. c.1225.

SEGUNDA HIERARQUIA A segunda ordem é encarregada de governar o universo, dirigindo os Planos da Eterna Sabedoria, comunicando os projetos divinos aos anjos da terceira hierarquia. A segunda hierarquia é formada pelos seguintes coros de anjos:  Dominações  Virtudes  Potestades

DOMINATIO = DOMINAÇÕES Dominações ou Senhores, são os anjos da alta nobreza celeste, e por isso as dominações, carregam cetro e coroa. Algumas vezes estão armadas de capacete e espada (Graviers, 2008) "Algumas fileiras do exército angélico chamam-se Dominações, porque os restantes lhe são submissos, ou seja, lhe são obedientes". São enviados por DEUS a missões mais relevantes e também, são incluídos entre os Santos Anjos que exercem a "função de Ministro de DEUS". (São Gregório, séc. VI)

Dominações na cúpula do Baptistério de S. João, Piazza di San Giovanni – Florença, Itália. c.1225

As Virtudes ou Fortalezas, assim como as Potestades, transmitem aquilo que deve ser feito pelos outros Anjos, prestando auxílio para que tudo se realize de modo perfeito, com a missão de remover os obstáculos que interferem no cumprimento das ordens do Criador. São considerados Anjos fortes e viris e cujo auxílio é invocado por meio de orações por aqueles que sofrem de fraquezas físicas ou espirituais. Representados com um livro na mão. (Graviers, 2008)

VIRTUDES

Virtudes na cúpula do Baptistério de S. João, Piazza di San Giovanni – Florença, Itália. c.1225

São as potências (Graviers, 2008) ou autoridades. É o Coro Angélico formado pelos Santos Anjos Guerreiros, condutores da ordem sagrada. Eles são geralmente representados como soldados vestindo armadura e capacete, e também ter armas defensivas e ofensivas, como escudos e lanças ou correntes, respectivamente. O dever primário dos "poderes" é supervisionar os movimentos dos corpos celestes, a fim de garantir que o cosmos se mantém em ordem.

POTESTADES

Potestades na cúpula do Baptistério de S. João, Piazza di San Giovanni – Florença, Itália. c.1225

TERCEIRA HIERARQUIA A terceira ordem vigia o comportamento da humanidade, e fornece os “mensageiros” que estão mais próximos da natureza de cada indivíduo que devem assistir. A terceira hierarquia é formada por:  Principados  Arcanjos  Anjos

Os Principados ou Governantes, são os mensageiros enviados a príncipes e reis,levando instruções e avisos ao conhecimento dos povos que lhe são confiados, que caso recusem aceitar as mensagens do senhor, serão reconduzidos à misericórdia de Deus, castigados pelos mesmos Principados no papel de Anjos Vingadores, portadores da ira Divina. Representados vestidos de Guerreiro ou Diácono, e com uma flor de lis. (Graviers, 2008)

PRINCIPADOS

Anjo (1357) Guariento di Arpo(1310-1368) Museu Cívico de Pádua, Itália.

Principado na balaustrada da Igreja de São Miguel e todos os Anjos, séc XIV, em Barton Turf, Norfolk – Inglaterra.

Principados na cúpula do Baptistério de S. João, Piazza di San Giovanni – Florença, Itália. c.1225

Deriva do grego archein. A palavra é usada apenas duas vezes no Novo Testamento : 1 Tessalonicenses 4:16 e Judas 1: 9 . Apenas o arcanjo Michael é mencionado pelo nome no Novo Testamento. Os Arcanjos lutam contra os demônios e são anjos de uma ordem superior. Apenas o nome de três deles são reconhecidos pela Igreja: Miguel “que é como Deus”, Gabriel “Deus é forte” e Rafael “Deus cura”. A Igreja católica não reconhece os nomes dos demais arcanjos citados nos livros apócrifos (Graviers, 2008)

ARCANJOS - guerreiros

Arcanjos na cúpula do Baptistério de S. João, Piazza di San Giovanni – Florença, Itália. c.1225

Anjos são simples mensageiros vestidos de branco, símbolo da pureza (Graviers, 2008).

"Eis que envio um Anjo diante de ti, para que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que tenho preparado para ti. Respeita a sua presença e observa a sua voz, e não lhe sejas rebelde, porque não perdoará a vossa transgressão, pois nele está o Meu Nome. Mas se escutares fielmente a sua voz e fizeres o que te disser, então serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários". (Ex 23,20-22)

ANJOS – os mensageiros Escondido durante séculos sob camadas de gesso liso na Igreja da Natividade em Belém, um anjo de quase 2,5m de altura em mosaico, foi descoberto pela restauradora Silvia Starinieri com uma câmera termográfica em maio de 2016.

Anjos Músicos, apesar dos textos bíblicos não se referirem aos anjos músicos, sua representação é recorrente nas artes plásticas.

BOCCATI, Giovanni di Piermatteo Madonna e Menino no Trono com Anjos Músicos (c.1455) Tempera sobre madeira 131 x 96 cm Galeria Nacional de Umbria, Perugia – Itália.

Anjos músicos, detalhe do forro da nave da Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto - MG, (1804-1807) Artista: Manoel da Costa Ataíde (1762-1830)

Anjos Tocheiros – arte e mobiliário Anjo Tocheiro (par) Autor: desconhecido Material: Madeira policromada Data: séc XVIII - Origem: Brasil Procedência: Bahia. BA Dimensão: 175 x 79 x 66 cm Museu de Arte Sacra de São Paulo Com função de suporte para vela de grande dimensão e um lume, os anjos tocheiros utilizados em par e colocados no chão de cada um dos lados do altar nas igrejas setecentistas luso-brasileiras, inclusive sendo descritos de forma simbólica, como guardiães do espaço sagrado do presbitério (COUTINHO, 2014)

Acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo

ANJOS (par) VALENTIM DA FONSECA E SILVA (MESTRE VALENTIM, c. 1750-1813) Madeira policromada e dourada . Século XVIII. Brasil (Rio de Janeiro) Procedência Igreja de São Pedro dos Clérigos (RJ) Dimensões: 67x53x32cm e 69x50x33cm. (COUTINHO, 2014)

Acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo

Fragmento de altar, Sete Povos das Missões/RS, séc. XVIII. Acervo Museu de Arte Sacra de São Paulo.

ARCANJOS

Veneração e Nomeação dos Arcanjos  Miguel, Gabriel e Rafael são venerados na Igreja Católica

Romana e são reconhecidos como arcanjos do judaísmo, islamismo e pela maioria dos cristãos . O livro de Tobias reconhecido nas Bíblias Católica e Ortodoxa, mas considerado apócrifo pelos protestantes, menciona Raphael.  Os arcanjos nomeados no Islã são Gabriel, Michael, Israfil e Azrael . A literatura judaica, como o Livro de Enoque , menciona Metatron como um arcanjo, chamado de "mais elevado dos anjos", embora a aceitação deste anjo não é canônico em todos os ramos da fé.  Alguns ramos das religiões mencionadas identificaram um grupo de sete Arcanjos , mas as denominações variam, dependendo da fonte. A Igreja Católica não dá reconhecimento oficial para os nomes dados em algumas fontes apócrifas.

Conselho Angelical – Icone Ortodoxo Ícone da Igreja Ortodoxa Russa da "Assembleia do Arcanjo Miguel”. Tempera na madeira. Sec. XIX A representação dos sete arcanjos. Miguel no centro, acima da mandorla de Cristo, da esquerda para a direita na frente, Gabriel e Rafael, e atrás Jegudiel, Salatiel, Uriel, e Baraquiel.

Abaixo em vermelho um serafim e ao seu lado dois querubins.

Icone Russo: Conselho Sagrado dos Sete Arcanjos, c.1900. Ao centro Miguel (espada flamejante e escudo), à esquerda Gabriel (segura um lírio), e à direita Rafael (guiando Tobias). Acima, da esquerda para a direita estão: - Salatiel, de olhos baixos em oração porta um incensário - Uriel, na mão direita a espada contra os persas e uma chama na mão esquerda - Baraquiel, carrega pétalas e rosas espalhadas na roupa - Jegudiel, uma coroa de ouro na mão direita e um chicote na mão esquerda.

OS ARCANJOS OS SETE ARCANJOS ORTODOXOS

Michael na língua hebraica significa "Quem é como Deus?" ou "Quem é igual a Deus?" Retratado desde os primeiros tempos cristãos como um guerreiro, que detém em sua mão direita uma lança com a qual ele ataca Lúcifer / Satanás. Na parte superior da lança, há uma fita de linho com uma cruz vermelha. Pode segurar em sua mão esquerda um ramo de palmeira verde; um escudo, ou uma balança onde as almas são pesadas para permitir a entrada no Paraíso.

Miguel

São Miguel Arcanjo. Madeira Entalhada e policromada. Século XVIII. Portugal. 138x107x34 cm. Acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo.

Gabriel significa "Deus é a minha força“. Ele é o Mensageiro de Deus, "Aquele que leva a Boa Nova“. 'Salve Maria, cheia de graça, o Senhor está contigo'. Ela ficou confusa, mas disse-lhe o anjo: 'Não tenhais medo, Maria, porque estais na graça do Senhor. Conceberás um filho a quem porás o nome de Jesus. Ele será filho do Altíssimo e seu Reino não terá fim'". (Lucas 1:26-38) O lírio e a natividade estão relacionados a sua representação iconográfica

Gabriel

Anunciação (1434-36) - detalhe Jan van Eyck (1390-1441) óleo sobre madeira, transferido para tela. (93 × 37 cm) National Gallery of Art , Washington DC

O anjo Rafael guia Tobias

Rafael

"Eu sou Rafael, um dos sete Anjos que estão sempre presentes e tem acesso junto à Glória do SENHOR". (Tb 12,15) Rafael significa "É Deus que cura" ou "Deus cura“, é retratado conduzindo Tobias (que está carregando um peixe apanhado no Tigris ) e segurando um vasilhame onde está o fel (do peixe) com que devolveu a visão ao pai de Tobias.

GOZZOLI, Benozzo(1421-1497) PERUGINO, Pietro (1450-1523) Raphael e Tobias Tobias com o Anjo Rafael (1500-05) 1464-65 - Afresco Óleo e tempera sobre madeira 113,3 x 56,5 cm . National Gallery, Londres

Jegudiel significa "Glória ou Louvor de Deus." Ele é representado segurando uma coroa de ouro na mão direita e um chicote de três pontas na mão esquerda.

Jegudiel

Arcanjo Jehudiel Ícone ortodoxo Autor desconhecido

Salatiel significa "Intercessor de Deus." Ele é retratado com o rosto e os olhos baixos, segurando as mãos sobre o peito em oração.

Salatiel

Arcanjo Salatiel Ícone ortodoxo Macedônia - Autor desconhecido

Uriel significa "Deus é a minha luz", ou "Luz de Deus" (II Esdras 4: 1, 5:20). Ele é representado segurando uma espada contra os persas em sua mão direita, e uma chama em sua mão esquerda.

Uriel

St.Uriel (1888), atelier de James Powell e filhos Mosaico na Igreja de St John, Boreham, Essex Inglaterra

Baraquiel Baraquiel significa "abençoado por Deus." É representado, segurando rosas, ou espalhadas na roupa. A dispersão de pétalas de rosa simboliza as doces bênçãos de Deus derramando sobre as pessoas. No Catolicismo Romano, Baraquiel é também representado segurando uma cesta de pão ou um bastão, os quais simbolizam as bênçãos dos filhos que Deus concede aos pais.

Mestre de Calamarca Anjo da Virtude, Baraquiel Óleo sobre tela (185 × 100 cm) Museu Nacional de Arte La Paz, Bolivia, final do séc.XVII .

Mestre de Calamarca Anjo Barachiel , pintura original na Igreja de Calamarca, Bolivia. Séc. XVII – XVIII (c.)

A PINTURA EM TEMPERA DE IMAGENS SACRAS

POLICROMIA DE IMAGENS SACRAS  As imagens depois de talhadas (madeira) ou

modeladas (terracota e gesso), seguem para o preparo nas mãos do pintor, para aplicação das tintas (no geral têmperas e veladuras), o que denominamos policromia. (COELHO, 2005)  A policromia se distingue pela realização de várias etapas, como a base de preparação, aplicação de cores, e vernizes, inclui também a pintura sobre a douração (aplicação de folhas metálicas) e a carnação (pintura da anatomia da imagem).

Madonna im Rosenhag - Stefan Lochner (1448)

Exemplos de pintura sobre douração – disponível em: https://vimeo.com/75474884

TÉCNICAS E MATERIAIS EXEMPLIFICAÇÃO DE ALGUMAS TÉCNICAS SECULARES E MATERIAIS ARTÍSTICOS ATUAIS. AS IMAGENS DOS PRODUTOS E SUAS MARCAS SÃO MERAMENTE ILUSTRATIVAS

Preparação  O selamento da peça

poderia ser realizado aplicando a encolagem (cola animal diluida em 1 parte de cola para 12 partes de água) ou um verniz de goma-laca. Após a secagem eram aplicadas as várias camadas do “aparelho” (cola animal + carbonato de calcio) para se nivelar as imperfeições da peça. (COELHO, 2005)

Gessos Acrílicos - PROFISSIONAIS  O Gesso Acrílico profissional

tem aglutinante 100% puro e acrílico com concentração de cargas ou pigmento (branco de titânio).  O gesso acrílico substitui com vantagens a cola de coelho e carbonato de cálcio. Utilizado para imprimação das telas, e pode ser aplicado em qualquer suporte de pintura: telas, madeiras, MDF, Compensados, Papel, Cartões, Laminados etc. No caso de murais direto nas paredes é o materiais ideal para a base de imprimação.

Base Acrílica  A Base Acrílica é transparente após

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seca, produzida com 100% de resina acrílica e desempenha as mesmas funções da cola de coelho: Como “apresto”, a primeira camada seladora de madeiras ou telas. Como “adesivo” em todo o tipo de colagem em suportes rígidos e em técnicas mistas Como “Medium” miscível com cores acrílicas e na diluição do gesso acrílico. Como “Aglutinante” na adição de pigmentos artísticos No preparo de massas de nivelamento com adição de pedra pomes, pó de argila, pó de serragem, etc

TEMPERA ACRÍLICA

A emulsão acrílica é um material muito versátil, as tintas profissionais tem variações quanto a consistência e transparência, podendo imitar a viscosidade e brilho semelhante a tinta à óleo, ou cores líquidas e fluídas.

Os mediuns acrílicos permitem variar as propriedades da tinta acrílica modificando a sua consistência, plasticidade, tempo de secagem, brilho e transparência entre outros.

Marmorizados  Técnica de pintura

conhecida como faux finish ou faux marble, ou fingidos, e ainda chamados na América Latina de escaiola, que pretende a imitação da superfície de pedras e granitos, não apenas na imaginária sacra (nas bases dos santos) mas principalmente na arquitetura.

Retábulo de Altar de Nossa Senhora da Luz, séc.XVIII Madeira policromada, entalhada e dourada. Museu de Arte Sacra de São Paulo

Veladuras Camadas de tinta muito finas que utilizam pigmentos com características de transparência como as lacas vermelhas, o paubrasil, alguns verdes e azuis. Aplicados sobre a folha de ouro altera o seu brilho e cria efeitos de colorido metálico. (COELHO, 2005)

Detalhe do altar mor da Igreja de Nossa Senhora da Candelária – Itu/SP

Vernizes = resina + solvente  Um verniz é composto de

resina mais solvente, oferece uma proteção a pintura, saturação da cor e grau de brilho na superfície. As resinas mais utilizadas foram o Damar e o Mastic. Na pintura sacra se utilizou o Glair (clara de ovo) como verniz. Todos esses materiais são organicos e oxidam. Atualmente os vernizes mais modernos usados em arte e na restauração utilizam resinas modernas como o Laropal A-81 e o Regalrez 1094.

Relevos ou Pastiglios  Os relevos são criados com

a aplicação da base de preparação (cola de coelho e carbonato de cálcio) sob desenhos previamente elaborados e marcados a grafite, no geral, executados nas bordas douradas do estofamento, ou na imitação de armaduras e peças metálicas cinzeladas. (COELHO,2005) São Paulo (séc.XVII) – detalhe - madeira policromada e dourada. Portugal Procedência: Antiga Sé de São Paulo . Museu de Arte Sacra de São Paulo

Massa de Mowiol – Pasta para modelagem Formulação desenvolvida pelo Grupo Oficina de Restauro no ano de 1991 : Composição para 1 quilo – (peso líquido) Água destilada.......................... 200 ml Álcool polivinílico (Mowiol) ............. 15 gr Carbonato de cálcio ......................... 250 gr Massa corrida .......................... 480 gr Cola branca .............................. 02 ml Fungicida (Timol diluído em alcool)........... 01 ml

Produtos prontos disponíveis no mercado para realizar o relevo em superfícies

Modo de Preparo: Deixar de molho, de um dia para o outro, o álcool polivinílico em água destilada dentro de um recipiente de vidro. Nesse mesmo recipiente, dissolver totalmente, em banho-maria, os finos grãos do álcool polivinílico. Acrescentar a esse preparado o carbonato de cálcio, misturando várias vezes até que se atinja o ponto de "liga". A massa resultante desses componentes deve ser mesclada à mesma quantidade de massa corrida, e misturada exaustivamente. Nesse momento, devem ser acrescentados a cola branca e o fungicida. O resultado final, ou seja, a massa de nivelamento, deve ser acondicionada em recipiente de vidro ou plástico com tampa e ser mantido fechado em ambiente seco e arejado. A sua validade após a fabricação é de 1(um) ano. Fonte: http://www.grupooficinaderestauro.com.br/tecnologias/mass a-de-nivelamento.html

Ranhuras ou incisões  Ao contrário das

punções, são realizadas na base de preparação antes da aplicação da folha de ouro, formando também desenhos e texturas na superfície lisa utilizando um instrumento pontiagudo (buril) ou afiado.

Bolo Armênio  Uma argila fina, misturada

a cola animal e aplicada como base nas áreas destinadas à douração em várias camadas. Suas cores variam do preto (para folhas de prata), às cores: ocre e vermelho terra naturais. No Brasil também se utilizou a tabatinga misturada ao óxido de ferro (COELHO, 2005)

GESSO NEGRO  Outro pigmento muito

utilizado na base de douração foi o terra-verde.  A base acrílica com adição de pigmentos, ou seja, a própria tinta acrílica profissional em uma consistência fluída, oferece uma superfície lisa e nivelada para a aplicação de folhas metálicas. Encontram-se alguns produtos preparados, como é o caso do gesso negro.

Douramento  Pode ser douração à água

ou ouro brunido, com aplicação das folhas metálicas sobre o bolo armênio com cola de pelica, e brunimento com pedra de ágata. O outro sistema é com aplicação das folhas sobre verniz mordente, nesse caso o ouro não recebe brunimento, tendo acabamento menos brilhante.

Douração à água e brunidor de ágata

 Depois de acomodadas

as folhas metálicas...

 é realizado o brunimento

com pedra de ágata.

Ouro fosco e Mordentes (acrílico e óleo)

Acrílico

Mixtion (à óleo)

Douração à água Ouro Brunido

Douração com Mordente

• SIM

• NÃO

• NÃO

• SIM

tempo de produção

• LONGO

• CURTO

custo dos produtos

• ALTO

• BAIXO

Brunimento

uso externo

Punções  Feitas após a aplicação do

douramento, com peças de metal com pontas e tamanhos variados, podem ser feitos contornos com uma régua ou guia, e preencher esse alinhamento, ou todo um espaço, formando desenhos e padrões, com variações na superfície de ouro liso e rugoso, criando texturas contornos.

Carnação – Pintura da Anatomia  Moresi (1994) cita que a

manufatura da carnação nas imagens mineiras era realizada com tinta à base de óleo ou tempera oleosa utilizando o branco de chumbo. O polimento era dado após secagem, esfregando-se bexiga de carneiro, para se obter o aspecto de porcelana. (COELHO, 2005)

Detalhe de imagem de roca (ou de vestir) – Acervo do Museu de Arte Sacra de SP

Estofamento - imitação dos tecidos  Imitação dos tecidos em

ricos e elaborados floreados e adamascados na indumentária das imagens realizadas nas técnicas de: punções, relevos ou pastilhos, esgrafito, pintura a pincel. Havia ainda incrustação de pedras, aplicação de rendas e até conchas. (COELHO,2005)

Detalhe de Santa Ana – Guia (Acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo)

ESGRAFIADO

PINTURA A PINCEL



FOTOS: COELHO, 2014

Pintura a pincel  Pintura executada a pincel

para destacar elementos de esgrafito, ou até imitar um esgrafito à pincel. Muitas vezes se executam flores e outros elementos de pintura sobre a decoração com fundo dourado. (COELHO,2005)  As tintas eram as temperas, a base de cola proteica, ovo ou caseína

Esgrafito ou Esgrafiado



FOTOS: COELHO, 2014

Esgrafito ou Esgrafiado

Depois de aplicada e brunida a folha de ouro, a superfície é pintada com tempera, na fase de secagem, removese a tinta nos locais desejados com um instrumento de ponta fina e lisa, os motivos podem variar desde círculos simples, estrelas, geométricos e o popular “caminho sem fim”

Detalhe da imagem anterior Artista: Veiga Valle

Nossa Senhora da Conceição, escultura em madeira policromada, 32,5cm. Acervo da Fazenda Babilônia, Pirenópolis. (UNES, 2011)

Veiga Vale Detalhe do esgrafiado do manto de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Escultura em madeira dourada e policromada, 26cm (UNES, 2011)

Veiga Vale Detalhe do esgrafiado do manto de Nossa Senhora com o Menino, escultura em madeira dourada e policromada, 47cm. Museu de Arte Sacra da Boa Morte, Cidade de Goiás. (UNES, 2011)

Veiga Vale Detalhe do esgrafiado do manto de Nossa Senhora do Parto, escultura em madeira dourada e policromada, 140cm . Museu de Arte Sacra da Boa Morte, Cidade de Goiás. (UNES, 2011)

Detalhe do esgrafiado do estofamento de São Miguel Arcanjo, escultura em madeira dourada e policromada, 68,5cm . Museu de Arte Sacra da Boa Morte, Cidade de Goiás. (UNES, 2011)

Peça customizada

 O kit de material da aula contém

uma peça de gesso customizada com folha de ouro, bronze e prata (prima-prima) aplicadas com mordente acrílico, uma seleção de pigmentos minerais e frasco com cola de coelho preparada.  Produziremos a tempera cola para realização do esgrafito e pintura a pincel no estofamento da escultura do arcanjo. AGUARDO VOCÊS NO ESPAÇO DE AULA PRÁTICA E BOM TRABALHO!

Bibliografia 



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BONNET, Márcia. A representação do Cristo Seráfico na Igreja Ordem Terceira de São Francisco da Penitência do Rio de Janeiro. VARIA HISTORIA, Belo Horizonte, vol. 24, nº 40: p.433-444, jul/dez 2008 BORGES, Silvana. Estudo Iconográfico dos Putti no Restauro Arquitetônico da Igreja Matriz da Freguesia do Ó. Artigo apresentado na conclusão do Curso de Extensão: Arte, Arquitetura e Mobiliário. Museu de Arte Sacra de SP, 2015. BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. SP, Ateliê Editorial, 2004. CALVO, Ana. Técnicas e Conservação de Pintura. Civilização Editora, Portugal, 2006. COELHO, Beatriz. Devoção e Arte. Imaginária religiosa em Minas Gerais. EDUSP, 2005. COELHO, Beatriz . Estudo da Escultura devocional em madeira. Fino Traço, Belo Horizonte, 2014 COUTINHO, Maria Inês Lopes (org.). Museu de Arte Sacra de São Paulo – São Paulo: Museu de Arte Sacra de São Paulo, 2014. DEMPSEY, Charles. Inventing the Renaissance Putto. The University of North Carolina Press. USA: Chapel Hill & London, 2001. FERREIRA-ALVES, Natália Marinho - A Arte da Talha no Porto na Época Barroca (Artistas e Clientela. Materiais e Técnica). 2 volumes. Porto: Câmara Municipal do Porto, 1989. GÁLDY, Andrea M. (org.). Agnolo Bronzino: Medici Court Artist in Context. England: Cambridge Scholars Publishing, 2013. HENRIQUES, Célia Raquel Soares de Mendonça. Nem Eros, nem anjos: representações de putti através da pintura. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Faculdade Santa Marcelina, 2008. UNES, Wolney (org.). Veiga Valle. Goiânia, Instituto Casa Brasil de Cultura, 2011. VELIMIROVIC, Nikolai. The Prologue of Ohrid: Lives of Saints, Hymns, Reflections and Homilies for Every Day of the Year, 1926. VIOLLET-LE-DUC, Eugène Emmanuel. Restauração. SP, Ateliê Editorial, 2006.

Consultas em sites:  Imagens: Web Galery of Art – www.wga.hu  Catedral de Colonia: http://www.koelner-dom.de/  Lochner Dokumentation :

https://vimeo.com/75474884  Igreja da Natividade: http://news.nationalgeographic.com/2016/05/Greeks -Geographic-exhibit-ancient-treasure-AgamemnonAlexander-archaeology-museum/church-of-nativitybethlehem-restoration-mosaics-angel/  Carshalton Church: http://www.carshaltonallsaints.org.uk/  Fruto de Arte: http://www.frutodearte.com.br/

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