EXPRESSÕES NA ARTE SACRA - O AFRESCO

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Descrição do Produto

Oficina Prática: Pintura em Afresco

Conteúdos teóricos: A evolução da representação em pintura afresco na História da Arte. A cal e suas propriedades. A importância da escolha da cor e a compatibilidade com a superfície de pintura. A paleta cromática de Giotto e Michelangelo. O afresco no Brasil.

EXPRESSÕES NA ARTE SACRA – O AFRESCO Silvana Borges - Arquiteta especialista em conservação e restauro Contato: [email protected]

AGRADECIMENTOS A todos participantes, vocês são a razão do sucesso das oficinas práticas Expressões na Arte Sacra Ao Museu de Arte Sacra de São Paulo, sua diretoria e equipe educativa pelo apoio e confiança depositados na continuidade deste projeto. À querida Fátima Paulino pelo constante incentivo.

Próxima oficina: A AQUARELA – 23/05/2015

O afresco é uma técnica mural ou seja, uma pintura parietal Uma das primeiras formas de expressão do homem se manifestou nas paredes das cavernas através dos registros de cenas do seu cotidiano e símbolos diversos. Com a própria evolução do homem, o progresso na manipulação técnica de novos materiais em uma sucessão de estilos na história da arte, a pintura mural variou conforme temática, técnica e estilo, mas sempre esteve presente como expressão artística na arquitetura, seja nos edifícios públicos, nos templos religiosos e até no interior das residências.

Pinturas rupestres 35.000 a.C. A pintura mural ou parietal é por definição do seu suporte executada diretamente sobre uma parede. Pode-se dizer que a arte mural é uma das primeiras manifestações artísticas da humanidade a partir das descobertas das pinturas rupestres de Lascaux (França) e Altamira (Espanha), as investigações nesses complexos dataram as pinturas entre 35 000 e 11 000 a.C. No Brasil temos vestígios de civilizações antigas que remontam a 50.000 anos

Altamira – Espanha. 35 000 a 11 000 a.C. A pintura está no teto da caverna, um dos exemplares existentes de arte rupestre paleolítica na Europa.

Pintura Rupestre – Piauí (Brasil) Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí. 10000 AC. Patrimônio Cultural da Humanidade – UNESCO, apresenta vestígios do homem há 50.000 anos, são os mais antigos registros encontrados no continente americano.

A PINTURA MURAL A pintura mural surge, ao longo dos tempos com diversas funções e tipos de mensagem, destacando-se: • COMUNICAÇÃO • DECORAÇÃO • CATEQUESE

COMUNICAÇÃO Exemplo do Antigo Egito – 3000 a.C.

Egito – 3000 a.C.  A pintura mural egípcia executada nos palácios e

monumentos funerários tinha algumas características peculiares: - ausência de profundidade, traços estilizados e rígidos; cores chapadas e uniformes. - Lei da Frontalidade: na representação da figura humana, os olhos, ombros e peito representam-se vistos de frente; a cabeça e as pernas representamse vistos de lado. - O tamanho das pessoas e objetos se relacionava à importância e nível social da figura representada e os artistas obedeciam rígidos cânones e normas.

A pintura egípcia comunicava, registrando a sua história e crenças através dos hieroglifos, a escrita sagrada. O texto narra: “Palavras ditas por Osíris: grande rainha, perante Osíris. Nefertari, amada de Mut.” O nome da rainha é escrito dentro de um cartucho

Túmulo da rainha Nefertari, esposa de Ramsés II, cena da rainha Nefertari na posição de oração. c. 1298-1235 a.C. - Tebas, 120 × 83 cm

Os pigmentos  Preto (kem): era obtido a partir do carvão de madeira

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ou de pirolusite (óxido de magnésio do deserto do Sinai). Branco (hedj): obtido a partir da cal ou do gesso, era a cor da pureza e da verdade. Vermelho (decher): obtido a partir de argilas. Amarelo (ketj): para criarem o amarelo, os Egípcios recorriam ao óxido de ferro hidratado (limonite). Verde (uadj): era produzido a partir da malaquite do Sinai. Azul (khesebedj): obtido a partir da azurite (carbonato de cobre) ou recorrendo-se ao óxido de cobalto.

Azul Egípcio Azul egípcio, também conhecido como silicato de cobre e cálcio foi um pigmento usado pelos egípcios por milhares de anos. Era fabricado a partir da fusão de uma mistura de cálcio, silício e cobre aquecidos, é considerado o primeiro pigmento sintético conhecido, também chamado pelos romanos de caeruleum. Fragmento da Dinastia de Ramses II, com azul egípcio

DECORAÇÃO Na antiguidade greco-romana estão os primeiros exemplares de afresco que se tem registro na história da arte, presentes nas casas e templos.

Grécia Antiga c. 3.000 a.C.  Arte mural em mosaicos, afrescos e encaustica.

 Para os afrescos a paleta básica continuou uma

antiga tradição de utilizar tons obtidos de óxidos minerais, predominando os ocres, vermelhos, amarelos e o branco, além do preto obtido do carvão, todas de grande estabilidade.  A pintura variava segundo o tema: triunfal (episodios políticos e militares), mitológica, de paisagem, naturezas-mortas e cenas da vida cotidiana e os retratos. Infelizmente pouco restou da pintura mural grega.

Esquerda: Pintura mural Cretense em Cnossos. Afresco do período minóico (3.000 – 1.400 a.C) conhecido como o “Principe dos Lírios” Direita: Afresco, possível cópia de Timantes de Sición, pintor do séc. IV a.C, com a cena de Ifigênia levada para o sacrifício (figura ao centro) com a deusa Artemis trazendo a gazela que substituirá a jovem. Séc.I d.C. Pompeia.

As esculturas gregas eram coloridas A direita uma reconstituição da figura original à esquerda, uma escultura do frontão oeste do templo de Aphaea em Egina (Grécia), c. 500/490 a.C.

Infravermelho e espectroscopia de raios-X são exames que auxiliam a entender qual era a aparência original das esculturas. A espectroscopia se baseia no fato de que os átomos são seletivos no que diz respeito ao tipo de energia que vão absorver e de acordo com as larguras de onda de luz absorvida e emitida é possível determinar os compostos das tintas.

Império Romano séc. VIII a.C. - IV d.C  A pintura romana carrega as referências estéticas

e culturais da arte Grega e Etrusca.  Um dos exemplares mais antigos de afresco são as pinturas murais de Herculano e Pompéia datadas do séc. I a.C. (MAYER, 2006).  A erupção do Vesúvio aconteceu em 79 d.C. preservando os afrescos que decoravam o interior de residências, edifícios públicos e outras estruturas.

Arte Etrusca Dançarinos e músicos , túmulo dos leopardos , Monterozzi Necropolis, Tarquinia , Itália. Patrimônio Mundial da UNESCO. “Fresco secco” . Altura da parede: 1,70 m .

Primeiro Estilo Romano - Mural na Villa di Arianna O Primeiro Estilo esteve em evidência do século II a.C. até o ano 80 d.C., também referido como cantaria ou incrustação - nome derivado decrustae, que seriam placas pétreas de revestimento. Esse estilo tem a característica de motivos abstratos.

Segundo Estilo - Villa de Fânio Sinistor, Boscoreale Afresco do Segundo Estilo c. 50-40 a.C. no chamado estilo arquitetônico que surgiu por volta de 80 a.C. As ilusões em trompe l'oeil se tornam mais variadas, com a multiplicação de elementos simulados de arquitetura, como colunas, balaustradas, molduras, janelas e frisos, com padrões geométricos.

Segundo Estilo Romano (tardio) c. 60 a.C. Afresco do Grande Salão de Pinturas, cenas na Vila dos Mistérios, Pompéia.

Terceiro Estilo - Villa della Farnesina c. 20 d.C O estilo também chamado ornamental, prevalesceu até c. 25 d.C. representa a continuidade do anterior numa versão mais livre e ornamentada, mais leve e menos pomposa, com a cópia ou derivação de autores antigos gregos e helenistas, com influência da arte egípcia, e o florescimento do gênero da paisagem.

Quarto Estilo Romano c. 45 d.C. Esquerda: Natureza-morta, com ovos e aves da casa de Julia Felix , Pompéia. Altura: 74 cm. Direita: natureza-morta com pêssegos, Herculano, c. 50 d.C. (35x34cm) Museo Archeologico Nazionale, Nápoles, Itália. Os pintores romanos em suas naturezas mortas alcançaram um frescor e esmero nos detalhes que demoraram séculos para serem igualados.

Afresco romano (54-68 a.C) - Pompéia “O Casamento de Zéfiro e Clóris” - notar a riqueza de detalhes e o efeito de tridimensionalidade com imitação de alguns materiais. O Quarto Estilo reune características dos anteriores, elaborando sobre eles novas configurações.

O BUON FRESCO Essa técnica era utilizada por gregos e romanos para representar grandes temas; antigas crônicas informam sobre decorações em afresco na Pinacoteca da Acrópole de Atenas, executadas por Polignoto de Tasos (século V a.C.); e os pintores Apeles e Antifilo (século IV a.C.) que se utilizaram da mesma técnica. Estas pinturas são somente conhecidas por informações escritas. As pinturas remanescentes de afrescos antigos são as de Pompeia e Herculano e sobre estes afrescos, acredita-se haver retoques feitos a seco e encáustica.

CATEQUESE A palavra de Deus na arte dos afrescos

Império Bizantino séc V - XV Afrescos em Nerezi perto de Skopje – Macedonia (1164). As feições trágicas, representando a humanidade com realismo, antecipam a abordagem de Giotto e outros artistas do gótico e do renascimento italiano.

Anástase (Descida ao limbo) – 1316-21 Afresco pintado para o mosteiro de Chora (atual museu), com Cristo resgatando as almas dos virtuosos, a figura de Cristo tem 163 cm de altura. Kariye Camii, Istambul, Turquia.

Românico XI - XIII Esquerda: Pinturas de San Clemente de Tahull que estão no Museu de Arte da Catalunha, um dos mais bem conservados afrescos da época românica, com o Cristo ao centro, em estilo de tendência bizantina, rodeado de quatro anjos com os símbolos dos evangelistas. No friso está representada a Virgem e os Apóstolos. Direita: O Panteão dos Reis, na Basílica de Santo Isidoro de Leon, Espanha.

Itália  Afrescos de todas as épocas e civilizações podem

ser admirados, mas é na Itália que essa técnica ganha destaque com vários exemplos considerados obras primas da arte ocidental.  Muitos mestres da arte medieval, renascentista e barroca empregaram este meio de pintura, entre eles: Cimabue (1205-1302), Giotto (1266/7-1337), Masaccio (1401-28), Fra Angelico (1387-1455), Piero della Francesca (1410/20-1492), Michelangelo Buonarroti (1475-1564), Rafael (1483-1520), Andrea Pozzo (1642- 1709), Giovanni Tiepolo (1696-1770) entre outros que veremos a seguir.

GÓTICO SÉC. XII - XV Os afrescos continuaram a ser utilizados como o principal ofício na pintura mural, um meio de comunicar por narrativas pictóricas nas paredes de igrejas as antigas tradições cristãs e românicas atingindo o auge de sua função como catequese.

CIMABUE – 1240-1302 A Virgem com São Francisco, Anjos e Santos, afresco - c. 1278-1280 – Está na Basílica inferior de São Francisco de Assis. Cimabue introduziu a idéia de tratar imagens e obras como indivíduos.

Giotto di Bondone (1266 – 1337) Afrescos «Batismo de Cristo» e «A Lamentação» (1303-1306) realizados na Cappella degli Scrovegni , Pádua, Itália. A arte gótica ganha um naturalismo cada vez maior. Aqui percebe-se as “jornadas” de trabalho (giornate), onde as junções ficaram visíveis em cada trecho de argamassa.

Pisanello (Pisa c.1394 – Roma c.1455) Muito pouco restou dos encantadores afrescos pintados por Antonio Pisano. O afresco “São Jorge e a princesa de Trebizonda” é um dos dois que restaram, o ouro que cintilava na armadura do santo e vestido da princesa degradou-se em decorrência de infiltrações, c. 1433-38 – Sant’ Anastasia, Verona – Itália.

RENASCIMENTO uma característica do período renascentista foi a revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças na arte desta época em direção a um ideal mais humanista e naturalista

Renascimento – sec.XIV - XVII

Fonte: http://www.zecchi.it/

Antes do restauro

Após a restauração

Expulsão do Paraíso, Adão e Eva parecem pessoas reais, perturbadas pela expulsão do Éden, antes a perda da graça era representada de forma mais simbólica. Três séculos após sua criação, em 1680 o Grande Duque da Toscana exigiu que fossem colocadas folhas para esconder a nudez das figuras. Nos anos de 1980, as folhas foram removidas e a pintura restaurada. Masaccio inspirou-se em figuras gregas e romanas para a elaboração do afresco. Essa obra foi inspiradora para Michelangelo.

MASACCIO (1401-1428) Data 1426-1428. Afresco. Dimensões: 208 x 88 cm. Capela Brancacci , Santa Maria del Carmine, Florença, Italia

Masolino banha as figuras numa luz difusa que as torna esguias e elegantes, enfatizando a beleza dada por Deus e a serenidade do casal antes da “queda”. A árvore do conhecimento cria um dossel sobre as personagens e a serpente se enrola acima de Eva como um ramo da árvore. A iconografia da serpente com cabeça humana feminina é recorrente nessa temática.

Masolino (Tommaso di Cristofano) Úmbria c. 1383 – c.1435-40(?) Colaborador de Masaccio nos afrescos da Capela Brancacci. Afresco “A tentação de Adão e Eva”. Capela Brancacci.1425-1427.

Fra Angelico (1387-1455) “Anunciação” afresco c. 1437-1446. Convento de San Marco, Florença. As elegantes figuras alongadas evocam o estilo gótico internacional, mas a arquitetura é clássica, e a perspectiva tem uma profundidade realista.

Piero della Francesca (1410/20-1492) A Ressurreição de Jesus Cristo, 225 × 200 cm, Museu Cívico de Sansepolcro, (Toscânia), cidade natal do artista. Segundo a tradição, o soldado adormecido é um auto-retrato de Piero, o contato entre a sua cabeça e a haste da bandeira Guelfo transportada por Cristo é suposto representar o contato do artista com a divindade. Outra curiosidade é o soldado aparentemente sem pernas.

Andrea del Castagno (c.1418 – 1457) “A última ceia”, detalhe, 1447. Afresco, Convento di Sant’ Apollonia, Florença – Itália. Os retratos detalhados dos apóstolos enfatizam traços individuais. A representação é dotada de realismo tridimensional, e os halos são vistos em perspectiva. Seus gestos manuais e expressões naturalistas se repetem por toda pintura. Judas está isolado do outro lado da mesa.

Pietro Perugino (c.1450 – Perúgia, 1523) “A crucificação”. Esses três afrescos foram encomendados em 1493. O painel central mostra Cristo e Maria Madalena, com São Bernardo e a Virgem à esquerda, e São João Evangelista e São Benedito à direita. Um harmonioso equilibrio resultante do arranjo simétrico das figuras reforçando a forma piramidal da composição com Cristo no ápice.

Domenico Ghirlandaio (c.1449 – 1494) “Nascimento da Virgem” , afresco, entre 1486 e 1490, Capela Tornabuoni, Florença, Itália. Esse é talvez o mais belo afresco executado pelo artista. O nascimento de Maria está inserido em uma moldura arquitetonica com detalhes realistas, o ambiente é da Florença do séc. XV onde Ludovica Tornabuoni, filha do mecenas de Ghirlandaio, conduz suas quatro acompanhantes a uma homenagem a Santa Ana.

Michelangelo Buonarroti (1475–1564) Teto da Capela Sistina, 13,75x39m (1508-12). “A criação de Adão”, as linhas são nítidas e ordenadas para facilitar a leitura de quem está no chão, a 20m distante, no caso da cena do “Dilúvio”, há relatos que o proprio Michelangelo ficou insatisfeito com a dimensão das figuras, muito pequenas, tornado-as pouco nítidas a distância.

Foi saudado como “il divino Michelangelo, após 4 anos concluir as 300 figuras dos afrescos do teto. O “Juízo final”, na parede do Altar foi duramente criticado pelas “obcenas figuras nuas” e censurado pelo Concílio de Trento (1545-1563). Os nus foram cobertos após a morte de Michelangelo por Daniele da Volterra, o que lhe acabou custando o apelido de braghettone. O decreto dizia: “Toda superstição deverá ser removida. Toda lascividade deve ser evitada; de tal modo que as imagens não devem ser pintadas ou enfeitadas com referências à luxúria”. Nenhuma imagem sacra poderia ser exibida em público sem a autorização de um bispo.  Juizo Final. 13,7 m x 12,2 m. Parede do altar Capela Sistina (1536-41) – Vaticano

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1- Pitágoras 2 – Alexandre 3 – Fornarina amante de Rafael, 4- Socrates 5 – Heráclito (Michelangelo) 6 – Platão (Leonardo da Vinci) 7 – Aristóteles 8 – Euclides ou Arquimedes (Bramante) 9 – Rafael 10 – Protogenes (Perugino)

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Rafael Sanzio (1483-1520) “A Escola de Atenas”, c.1509-1511 (5,00m x 7,00m), Palácio Apostólico, Vaticano. É provável que o espaço fosse usado como biblioteca, onde Rafael retratou algumas das maiores mentes da Antiguidade. Cerca de 21 figuras históricas são identificadas no painel por alguns autores.

 A Itália permaneceu sempre como o local onde o

Renascimento apresentou maior expressão, porém manifestações renascentistas de grande importância também ocorreram na Inglaterra, Alemanha, Países Baixos, Portugal e Espanha. A difusão européia dos ideais clássicos italianos pertence com mais propriedade à esfera do Maneirismo.

BARROCO A pintura de cavalete (óleo sobre tela), fez a técnica do afresco cair em desuso, mas continuou a ser empregada no período do Barroco nos tetos dos palácios e igrejas onde os grandes mestres exploraram a tridimensionalidade da cor.

Pietro da Cortona (1596-1669) Triunfo da Divina Providência (1633-39). Afresco 25x15m, Palazzo Barberini, Roma, Itália. A ilusão dada pelo escorço das figuras cria uma vertiginosa visão de baixo para cima atraída pela figura iluminada da providência onde o teto parece abrir-se.

Giovanni Batista Gaulli (Baciccio) 1639-1709 Sua obra mais famosa é a pintura “Triunfo do Nome de Jesus” no teto da Igreja de Gesu (matriz da ordem dos jesuítas). Baciccio seguindo orientações de Bernini (de quem era protegido), criou uma obra modelo do barroco.

Andrea Pozzo (1642-1709)

O projeto de S. Ignazio incluia uma cúpula no cruzamento entre a nave principal e do transepto, mas em um certo ponto os jesuítas perceberam que sua construção não era coerente com a estrutura existente. Como solução provisória (1685) pediram ao pintor jesuíta para cobrir o teto com a pintura de uma cúpula aparente. O efeito ilusionista atingido foi tão satisfatório que S. Ignazio nunca recebeu a cúpula, e à Pozzo foi encomendada a decoração da nave principal.

Andrea Pozzo (1642-1709) “Glória de Santo Inácio” (1688-94), Sant’Ignazio, Roma, Itália. O teto é completamente plano. O ponto de fuga é a figura central de Cristo, um sinal no piso mostra o local onde o observador deve ficar em pé. Pozzo foi um dos maiores mestres da quadratura, um tipo de decoração em que os elementos arquitetonicos pintandos parecem uma extensão da arquitetura do edificio.

Manuel da Costa Ataíde (1762 – 1830) Ascensão de Cristo, Matriz de Santo Antônio em Santa Bárbara, século XVIII (esquerda) Assunção de Nossa Senhora, 1801-1812. Igreja São Francisco de Assis, Ouro Preto. (direita)

ROCOCÓ O termo rococó forma da palavra francesa rocaille, que significa "concha“, floresceu na Europa no fim do século XVIII, migrando para a América e sobrevivendo em algumas regiões até meados do século XIX. Em oposição ao “horror ao vazio” do Barroco, o estilo do Rococó ganha leveza em suas composições.

Johann Baptist Zimmermann (c.1679-1758) “O juízo final” (1746-54) afresco na igreja de Die Wies (Alemanha) realizado em colaboração ao projeto do seu irmão (arquiteto) Dominikus (1685-1766). É considerada a mais espetacular das igrejas no estilo Rococó, reconhecida como patrimonio da humanidade pela UNESCO em 1983.

Auto-retrato de Tiepolo com seu filho Giovanni Domenico

Giambattista Tiepolo (1696-1770) Tiepolo é considerado o último grande mestre italiano em afrescos. A alegoria “Apolo e os Continentes” 1752-53, faz parte do ciclo de afrescos que produziu para o Salão Imperial do Palacio de Würzburg, Alemanha. A pintura mede cerca de 600 m2 (19x30,5m), tem ao centro o céu habitado pelos deuses da mitologia antiga.

América

O artista descreveu os exóticos mundos mágicos dos continentes personificados por figuras femininas

Ásia

África

Europa

Destaque da composição da Europa com o tribunal Würzburg como um centro de artes.

ROMANTISMO - SEC. XIX OS NAZARENOS Um grupo de jovens artistas alemães residentes na cidade de Roma, alguns deles vivendo em um convento em ruínas, com o propósito de reunidos estudar a arte italiana.

Peter von Cornelius (1783-1867)

Estabeleceu-se em Roma em 1811 e foi figura chave no ressurgimento do afresco na Alemanha. Seu mais ambicioso projeto foi “O juízo Final” (183639), inspirado em Michelangelo com 18,9 x 11,6 m; encomendado por Ludovico I da Baviera em Ludwigskirche (Igreja de Ludwig), Alemanha.

A TÉCNICA DO AFRESCO  buon fresco consiste na pintura com pigmento misturado

com água em uma fina camada de argamassa de cal úmida. A carbonatação é a reação química que aprisiona as partículas de pigmento.  secco é a pintura é feita na argamassa já seca. Os pigmentos, assim, requerem um meio de ligação, tais como ovo ( têmpera ), cola ou óleo para se ficarem à parede.  mezzo-fresco é pintado na argamassa quase seca, desta forma o pigmento penetra apenas ligeiramente na parede.

O ciclo da cal

MINÉRIO CALCARIO

Processo de CALCINAÇÃO se produz o ÓXIDO DE CÁLCIO, a cal “VIVA” Durante séculos a cal foi um dos principais materiais utilizados na construção. Hoje a restauração do patrimônio mantém vivos a sua elaboração artesanal, como a Cal de Morón (Espanha), Patrimonio Cultural Imaterial da Humanidade.

Apagar a cal HIDRÓXIDO DE CÁLCIO

Com a adição de água ocorre uma reação exotérmica, a liberação de calor chega a 100º.C. Na hidratação se obtem o hidróxido de cálcio

A pintura é realizada sobre a argamassa fresca, assim, ao invés de ser formar uma película como na pintura pela ação de uma substância aglutinante que fixa o pigmento sobre uma superfície seca, no caso do afresco temos o processo de carbonatação onde a massa de cal fresca (hidróxido de cálcio) em combinação com o ar e evaporação da água forma o carbonato de cálcio, nesse processo a pintura adere ao suporte por coesão integrando a massa de cal depois de seca, formando uma estrutura resistente, cristalina e impermeável.

O esquema do afresco

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Parede – alvenaria de pedra ou tijolo 1) Trullisatio – (1,5 a 2 cm) primeira camada de argamassa de cal aplicada sobre a alvenaria com 3 partes de areia para 1 parte de pasta de cal 2) Arricio – (1,0 a 1,5 cm) segunda camada de argamassa com 2 partes de areia para 1 parte de pasta de cal 3) Intonaco – (< 0,5cm) terceira e última camada aplicada com 1 parte de areia fina para 1 parte de pasta de cal, é essa massa úmida que recebe a pintura

Passo a Passo do AFRESCO

Fúlvio Pennacchi iniciando a pintura de uma jornada do afresco “A Última Ceia” (1939) na residência de Carlos Botti em São Paulo quando o artista definitivamente adota o afresco como técnica mural, infelizmente resta apenas o registro da foto acima (Pennacchi, 2002), a residência foi demolida.

Pigmentos e cor

A permanência da cor no afresco se baseia na estabilidade química de alguns pigmentos ao meio alcalino, utilizando-se aqueles mais resistentes ao exigido pela técnica. MASSEY (1967) e MOTTA (1976) relacionam os pigmentos “à prova” da cal, ou seja, resistentes ao meio alcalino da pintura, que dispomos conforme a cor na tabela acima.

A PALETA DE GIOTTO

O pigmento pode ter origem animal, vegetal ou mineral. No caso do afresco, os pigmentos minerais são os que apresentam melhor resistência ao meio alcalino da cal, uma característica das terras naturais ou queimadas que permitiam a obtenção de amarelos, vermelhos e marrons, e da terra verde ou da terra de siena que tem sua coloração e atribuição em função da região onde é obtida. Os pigmentos minerais como o ultramar, azurita e malaquita (carbonatos de cobre) e o ouro-pigmento (enxofre e arsênico), também eram extraídos de minérios em algumas regiões, como o lápis-lazuli do Afeganistão (azul ultramar) Foto: PAVEY, 2014

A PALETA DE MICHELANGELO

A tinta no afresco é a mistura do pigmento com água, apenas, pois a fixação se dará sem o auxílio de uma goma ou resina aglutinante. O pigmento é um pó colorido, insolúvel. Os pigmentos artificiais foram manufaturados desde os tempos antigos e tiveram grande importância na história da arte: o branco obtido do chumbo, o vermelho obtido do sulfeto de mércurio, o azul do silicato de cobre e cálcio, assim como os verdes e azuis obtidos a partir do acetato de cobre. Somente a partir do séc. XVIII que os pigmentos artificiais passam a ser sintetizados pela indústria química, impulsionada pela produção têxtil. Foto: PAVEY, 2014

RESTAURO DA CAPELA SISTINA Entre 1980-90 os afrescos foram restaurados com patrocínio de uma empresa japonesa pelos mais renomados especialistas italianos e internacionais. A limpeza removeu séculos de depósitos de sujidades nos afrescos e revelando suas cores brilhantes, dando origem a controvérsias envolvendo restauradores, historiadores de arte e especialistas. O debate é centrado em uma questão importante: Teria Michelangelo modificado seu “fresco” com acabamentos “a secco” após a argamassa ter secado? A remoção de todas as camadas até a superfície carbonatada teria retirado as intenções finais do artista?

Deteriorações às quais as pinturas murais estão sujeitas:  Sujidades  Oxidação da capa protetora (no afresco ocorre a corrosão 

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por compostos ácidos presentes na atmosfera) Desprendimento Perda de suporte Perda de camada pictórica Vandalismo Intervenções posteriores Microorganismos Manchas por infiltração/umidade Eflorescências salinas Alterações cromáticas

Solução AB-57 A limpeza realizou a remoção dos retoques e repinturas com um gel solvente misto, que consiste na mistura de bicarbonato de amónio, bicarbonato de sódio, Desogen (um agente anti-fúngico e surfactante), carboximetilcelulose (um agente de tixotrópico), dissolvidos em água destilada. A mistura age por contato. Os tempos de aplicação, foram rigorosamente medidos com a primeira aplicação de 3 minutos, seguido de remoção, lavando com água. Deixando secar por 24 horas. Uma tira de teste de limpeza realizada em uma das lunetas, mostra os efeitos do gel de limpeza em uma variação de tempo de ação em contato com a superfície.

Após 54 anos de finalizados os afrescos, um reparo foi feito em 1566 pelo pintor Domenico Carnevale, quando uma seção do afresco de Michelangelo caiu. Carnevale tinha recomposto o reboco da perda e, enquanto a superfície de gesso ainda estava molhada, pintou para corresponder, as então cores vizinhas de Michelangelo e seus tons. O reparo foi eficiente e durante séculos permaneceu quase invisível.

Após a restauração a seção pintada de Carnevale ficou mais evidente, devemos considerar que cada artista tem uma “assinatura cromática”, a sua paleta de cores é um resultado particular da mistura de pigmentos, não podemos com base nessa evidência dizer que as pinturas de Michelangelo tiveram suas cores alteradas, pois a referência é de outro artista, portanto a discussão permanece se detalhes de pintura na técnica do “secco” foram acrescentados à superfície dos afrescos por Michelangelo.

Foto à esquerda de 1990 e publicação à direita de 2010 após a restauração

Registro das alterações ocorridas no pé direito da Sybil Líbia: antes de limpar (à esquerda) ; após a limpeza ( à direita), com perda do contraste das sombras e contornos do calcanhar. Fonte: http://artwatch.org.uk/the-sistine-chapel-restorations-part-ii-how-to-take-a-michelangelo-sibyl-apartfrom-top-to-toes/

Movimento Muralista sec. XX O afresco foi a técnica mais utilizada até o séc.XVI na Europa, com o surgimento da pintura a óleo sobre tela a técnica caiu em desuso até ser resgatada por artistas no Muralismo, quando a pintura mural ressurge aliada aos grandes planos da arquitetura moderna, em um gênero mais expressionista e abstrato.

Afresco no Brasil “No Brasil do século XX, a revalorização da pintura mural artística relaciona-se com as demandas da arquitetura moderna entre meados da década de 1930 e 1950, período em que, na arte da muralística, realizam-se inúmeras experiências de técnicas picturais. Artistas revisitam a técnica do buon fresco italiano e a reinterpretam criativamente no aspecto estético e laborial. A ela incorporam-se formas, expressões e modos de trabalhar os materiais de diferentes escolas e tendências artísticas. Pintam-se temas sacros e profanos com linguagem renovada.” (Tirello, 2001).

O Muralismo no Brasil  Artistas brasileiros se destacaram na execução

da arte mural em técnicas diversas. No caso particular do afresco temos, entre outros: Carlos Magano (1921 - 1983), Samson Flexor (19071971), Francisco Rebolo (1902-1980), Antonio Gomide (1895-1967), Cândido Portinari (19031962), sendo Fúlvio Pennacchi (1896-1992) considerado o precursor da técnica no Brasil.

Jenner Augusto (1924-2003) “A Evolução do Homem” 2,70m X 20,00m (1953-54). Conjunto Escola Parque (Centro Educacional Carneiro Ribeiro) em Salvador. Bahia. O restaurador José Dirson Argolo, responsável pela recuperação dos trabalhos, os considera muito importantes porque são os únicos exemplares de afresco na Bahia e, provavelmente, no Nordeste. Fonte: http://defender.org.br/noticias/nacional/bahia-marco-modernista-estado-recupera-dois-dos-sete-paineis-artisticos-da-escola-parque/

Carlos Magano (1921-1983) “A Evolução do Homem” 2,70m X 20,00m (1953-54). Conjunto Escola Parque (Centro Educacional Carneiro Ribeiro) em Salvador. Bahia. No total são nove painéis modernistas, as outras obras em técnicas diversas são assinadas por artistas plásticos como: Carybé (1911 – 1997), Carlos Bastos(1925-2004), Maria Célia Amado (1921-1988) e Djanira Motta da Silva (1914-1979).

Carlos Magano (1921 - 1983) De acordo com TIRELLO (2001) são poucos os afrescos executados em São Paulo, talvez pela dificuldade de aprendizado e domínio da técnica. Entre os artistas que executaram pinturas murais em afresco, menciona: Carlos Magano (foto da “A Marcha do Conhecimento Humano” afresco de 4,27m x 14,70m, realizado em 1956. FEUSP.

Francisco Rebolo (1902-1980) Mulheres e Paisagem, 1944 Afresco, 105x90 cm Fonte: http://www.rebolo.art.br/catalogo40.php

Colheita, 1944 Afresco, 108x85 cm

Samson Flexor (1907-1971) “neles, estão um pedaço da minha alma” Radicou-se em São Paulo em 1948. A Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Rua Honório Líbero, 100 – Jardim Paulistano) tem um conjunto de afrescos formados por 196 personagens que representam cenas da Paixão de Cristo, em cerca de 300 m2. A obra durou seis anos, tem na lateral direita 47 santos e mártires, e na lateral esquerda, uma fila de devotos que suplicam por socorro, inspirados nos rostos de moradores da região, inclusive da mulher do artista em corpo de anjo. Os olhos das figuras se voltam para a Virgem no centro do altar. -

Alfredo Volpi (1896 – 1988) A Capela do Cristo Operário (Rua São Daniel, 119, no Ipiranga – São Paulo) abriga no altar os afrescos de Alfredo Volpi, pintados por volta de 1950, trazendo na lateral esquerda José ensinando carpintaria a Jesus com Maria observando a cena em uma janela, e na lateral direita Santo Antonio prega aos peixes. Ao centro o Cristo abre os braços diante de uma construção mista de fábrica e igreja, com o traçado geométrico característico do artista.

Igreja de Nossa Senhora de Fátima – Brasilia (DF) À esquerda a pintura original com afrescos de Volpi, dos quais se tem apenas registros em P&B, que foram cobertos por tinta em uma reforma ocorrida na década de 1960. À direita a pintura atual de Francisco Galeno no interior da igrejinha. Foto: Francisco Lauande Jr. (2011)

afresco, ca. 1930 34,7 x 27 cm Casa Guilherme de Almeida (São Paulo, SP)

Amazonas 1950 | Antonio Gomide afresco, c.i.e. 118,5 x 221,5 cm

Antonio Gomide (1895-1967) Muda-se para a França na década de 1920. Em 1922, em Toulouse, trabalha com Marcel Lenoir (1872 - 1931), com quem aprende a técnica do afresco.

Candido Portinari (1903 – 1962) Projeto de 1942 do arquiteto Lúcio Costa para o Barão de Saavedra em Corrêas (Petrópolis – RJ). Sobre a parede da sala de jantar Cândido Portinari pintou, em 1944, uma de suas obras primas, o afresco "A Divina Pastora" .

Claudio Pastro (São Paulo, 1948- ) O afresco “Santíssima Trindade”, na capela do 2º piso de Vila Kostka, Itaici (SP) foi pintado em 1990, e ocupa quase 20 metros quadrados de extensão. O artista atualmente tem se dedicado ao vasto projeto de ambientação da Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida.

Fulvio Pennacchi (1905 – 1992) O precursor do afresco no Brasil. Pennacchi “estava atento ao debate artístico italiano no período, uma vez que naquele país vários artistas discutiam sobre a necessidade de socializarem a obra de arte a partir do renascer de uma técnica tão cara a arte italiana, como a pintura mural.”(ARAUJO, 2006, p.20), deste modo o artista traduz a arte italiana tradicional para o cotidiano, e ao executar seus afrescos, não estava alheio às questões que mobilizavam o meio artístico brasileiro: o nacional na arte.

Igreja Nossa Senhora da Paz Localização: Rua do Glicério, 225 – São Paulo (Região Episcopal da Sé) Ano de Construção/Fundação: 1940 Autor do Projeto: Fúlvio Pennacchi e Leopoldo Pettini

Esquema em planta dos afrescos

O Juízo Final (1944). Os afrescos da parede interna oposta ao altar estão distribuídos em uma área de 10 m de altura por 13 m de largura com uma janela ao centro de 6x2,5 m, que divide o espaço em três partes. Na parte superior “O Divino Juiz e seus apóstolos”, à direita de quem entra na igreja estão as quatro ordens de “bem-aventurados” e do lado esquerdo àquelas destinadas aos condenados. Foto: Silvana Borges, 2014

As capelas laterais seguem um padrão, o espaço é dividido ao centro pela imagem de seu Santo temático (obras do escultor Galileo Emendabili), Pennacchi executou de cada lado um afresco medindo medindo 2,8x3 m, dentro de um nicho convexo representando cenas da hagiologia do santo a que é dedicado cada capela. Foto: Silvana Borges, 2014

Fúlvio Pennacchi executando em 1946 o afresco “A Anunciação” na parede da sacristia. Foto de Hugo Zanella (Pennacchi, 2006).

Esse afresco encontra-se hoje protegido por vidros, a parede da sacristia fica próximo a uma porta de entrada lateral da igreja. Apesar da proteção ser eficaz contra vandalismos e desgastes por abrasão, a visualização é totalmente prejudicada pelos reflexos no vidro. Foto: Silvana Borges, 2014

Os afrescos de Pennacchi “Natividade do Senhor” e “Fuga para o Egito” (1951), na parede do altar-mor da Paróquia de São José em Ribeirão Pires (SP). Foto: Silvana Borges, 2014

Hotel Toriba – Campos do Jordão(1943)

São 60 metros lineares de afrescos projetados para quatro ambientes que compõem o bar do hotel, a sala de estar, que liga o bar e os dois grandes salões de refeições para café da manhã, almoço e jantar. Foto: Silvana Borges, 2014

A Capela do Hospital das Clínicas em São Paulo possui dois afrescos de Pennacchi. A capela foi restaurada pela empresa de Engenharia, Construção Civil e Reforma SPPO (Sociedade Paulista de Projetos e Obras Ltda. foto: http://www.sppo.com.br/). Ao custo de 554 mil reais, os reparos incluíram tratamento acústico e iluminação especial para as peças artisticas que compõem a capela (fonte Veja SP 29.11.2013).

Conjunto de afrescos “Cena Toscana” diptico e “Família Toscana) (1948) na sala da residência Pennacchi no Jardim Europa em São Paulo Foto: Silvana Borges, 2014

1951. Paisagem toscana - 130x230 cm. Os elementos compositivos, colunatas, friso inferior e arcos da alvenaria, enfatizam o efeito de continuidade do espaço da sala para “fora”, a pintura é uma janela para o observados contemplas as cenas toscanas no exterior da sala. Foto: Silvana Borges, 2014

Afresco de 1944, Cavalgada Medieval (Foto à esquerda: Pennacchi, 2002), executado para a residência de Miguel Forte, atual sede da empresa Imobiliária Coelho da Fonseca que patrocinou sua restauração em 2006, localizada na Avenida Brasil 1064, Jardins, São Paulo.

O último afresco de grandes proporções executado fora de sua residência

Capela do Calvário da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora no Bairro do Bom Retiro (SP), afresco “Crucificação” (1960)

Afresco Práticas de preservação. STRAPPO – STACCO – MASSSELLO O método mais antigo conhecido é a técnica denominada massello, quando se realiza o corte da parede e a remoção de uma parte considerável desta juntamente com as camadas da pintura afresco e de reboco subjacente

O afresco “pastora, crianças e ovelhinhas”, 550x400cm, foi executado em 1951 para a residência da Rua Cravinhos em São Paulo.

A técnica de Paulo Sproviero

Muitas obras de Fúlvio Pennacchi foram removidas de seus locais de origem pelo processo do massello, uma medida drástica para salvar os murais das paredes condenadas à demolição, o primeiro registro dessa prática na Itália data de meados do séc.XVI (Hoving, 1968). Dos 20 afrescos executados em residencias paulistas, pelo menos 14 obras foram retiradas de seu local de origem pelo eng. Paulo Sproviero na tentativa de salvaguardá-las.* (Fonte: * Folha de São Paulo, 10/12/1984, Caderno Geral, pág.12.) Foto: http://www.fulviopennacchi.com/d80_mural.html

Apesar de ser um processo extremamente invasivo tem a vantagem de remover a pintura de forma intacta, é um procedimento de transferência mais desafiador devido à massa e peso, pois a pintura é removida com todo o seu substrato de origem. Na foto o afresco já acondicionado sendo preparado para transporte (Fonte: PENNACCHI, 2009)

Transferência do afresco para outro local concluída. Na foto acima de Paulo Sproviero (1984), o artista Fúlvio Pennacchi estava presente durante a transferência da parede com o afresco para o seu novo destino.

Patrimônio Cultural  “Devemos continuamente reconhecer que os objetos

e lugares não são por si mesmos, o que é importante no patrimônio cultural; são importantes pelos significados e usos que as pessoas atribuem a esses bens materiais e os valores que eles representam. (AVRAMIL et all, 2000 apud MUÑOZ VIÑAS, 2003, p.139).”  As ações de conservação do patrimônio cultural são necessárias e contínuas, e a valorização do bem cultural por aqueles que fazem utilização desses espaços é a forma mais viável da memória ser preservada como legado para as futuras gerações.

Bibliografia 

ARAUJO, Marcelo Mattos (org.). Pennacchi: 100 anos. SP: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2006



GRAHAM-DIXON, Andrew. ARTE – O Guia Visual definitivo da Arte: da pré-história ai século XXI. Publifolha, 2013.



HOVING, Thomas, MEISS, Millard e PROCACCI, Ugo. “The Great Age of Fresco: Giotto to Pontormo. An Exhibition of Mural Paintings and Monumental Drawings.” Metropolitan Museum of Art, New York, N.Y.1968.



MASSEY, Robert. Formulas for painters. Watson-Guptill Publications,1967



MAYER, Ralph. Manual do artista. São Paulo: Martins Fontes, 2006.



MOTTA, Edson; SALGADO, Maria Luiza Guimarães. Iniciação à Pintura – Ed.Nova Fronteira, RJ, 1976.



PASTRO, Claudio. C.Pastro: Arte Sacra. São Paulo: Paulinas, 2001.



PAVEY, Don. Colour Concepts Palettes & Pigments. Colour Academy, Londres, 2014.



PENNACCHI, Valerio Antonio. Pennacchi: Pintura Mural. São Paulo: Metalivros, 2002.



PENNACCHI, Valerio Antonio. Fulvio Pennacchi, seu tempo, seu percurso. São Paulo: Lazuli Editora, 2009



TIRELLO, Regina A. Afresco de Fulvio Pennacchi na capela do Hospital das Clínicas da FMUSP: estudos científicos de caracterização material e executiva. R. CPC, São Paulo, v.1, n.1, p. 103-120, nov. 2005/ abr. 2006.



THOMPSON, Daniel V. The materials and techniques of medieval painting. New York: Dover, reimpressão da 1a. edição de 1956.



TIRELLO, Regina A. (org.). O restauro de um mural moderno na USP: o afresco de Carlos Magano. SP: CPCPRCEUUSP, 2001



VIÑAS, Salvador Muñoz. Teoría Contemporánea de la Restauración. 1.ed. Madrid: Sintesis. 2003.



Processo artesanal da cal em pasta. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ce5fPgeADgI



Baroque Ceilings. Disponível em: http://www.romeartlover.it/Ceiling.html



Pennacchi - PIONEIRISMO EM MURAIS em: http://www.unesp.br/aci/jornal/198/artesplasticas.php



Enciclopédia Itau Cultural em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/

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