EXPRESSÕES NA ARTE SACRA - SÃO FRANCISCO DE ASSIS

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Descrição do Produto

SEJAM BEM VINDOS!

Oficina de Pintura em Têmpera Silvana Borges

Artista plástica e arte terapeuta, arquiteta com especialização em restauração e conservação de arquitetura, pintura de cavalete e arte sacra. Email: [email protected]

Nessa oficina de arte iremos abordar a história de São Francisco de Assis e sua representação na arte, o conteúdo da aula será expresso por cada participante na confecção do planejamento de uma imagem de São Francisco de Assis, cada artista deixa em sua obra uma marca individual, a proposta é que cada um de nós deixe a sua impressão expressa na imagem que iremos confeccionar juntos neste encontro.

PARTE 1 HAGIOGRAFIA

E ICONOGRAFIA

HAGIOGRAFIA Hagiografia (grego: hagios = santo; graphía = escrever. Originou-se por volta do século XVII, com objetivo de sistematizar os diversos escritos a respeito dos santos. O hagiológio é um tratado sobre a vida dos santos, com sua descrição e estudo, em especial dos milagres e devoção como referencia para o processo canônico de beatificação/santificação, com relatos dos martírios, lendas, tradições, vida religiosa e revelações, porque em uma hagiografia, ao contrário da biografia, não se tem a preocupação com o registro histórico de fatos, e sim da vida religiosa do biografado, isso significa uma preocupação maior com os fenômenos da fé.

COPPO DI MARCOVALDO São Francisco e cenas de sua vida (1235) uma das mais antigas pinturas representando São Francisco de Assis tempera sobre madeira. Capela Bardi, Santa Croce, Florença

A Legenda Áurea ou Lenda Dourada (Legenda aurea ou Legenda sanctorum – traduzindo do latim seria a "Leituras sobre Santos“, é uma coletânea de narrativas hagiográficas reunidas por volta de 1260 d.C. pelo dominicano e futuro bispo de Gênova Jacopo de Varazze e que se tornou um sucesso durante a Idade Média, e é uma referência ainda hoje sobre a vida dos santos.

BONAVENTURA BERLINGHIERI São Francisco (1235). Tempera sobre madeira. Igreja de São Francisco. Pescia (Itália)

Giovanni di Pietro di Bernardone, nasceu em 5 de julho de 1182 e faleceu em 3 de outubro de 1226, “Francisco foi primeiro chamado João”, assim como seu pai, era um negociante, vivendo uma juventude indisciplinada e vaidosa até os 20 anos de idade. Seu pai o chamava Francesco que italiano quer dizer francês, mas existem várias suposições a esse respeito.

Após a prisão na guerra em Perugia, padeceu por toda a vida de males da visão e do estômago, Jacopo de Varazze diz: “O Senhor serviu-se do chicote da enfermidade para corrigi-lo e transformá-lo subitamente em outro homem, no qual começou a se manifestar o espírito profético.”

São Francisco de Assis é considerado uma das maiores figuras da história da igreja, fundou a Ordem dos Frades Menores e das Clarissas em 1212 com Santa Clara (1194-1236), com a valorização da figura feminina e da participação e valorização dos leigos despojados do conhecimento das doutrinas e dogmas na vida religiosa (regra dos terceiros em 1221). São Francisco (1181-1226) foi contemporâneo de São Domingos (Ordem Dominicana), Santo Antonio de Pádua e São Boaventura. A prática da usura (empréstimos a juros) e expansão das práticas monetárias, foi marco do período vivido por São Francisco que convertido pela revelação espiritual através de um sonho, abandonou todos seus bens materiais para pregar o Evangelho. São Francisco – Fra Carnevale – (tempera e óleo sobre madeira) 141 x 46 cm - 1450 c. (Pinacoteca Ambrosiana – Milão)

São Francisco foi uma "luz que brilhou sobre o mundo” (Dante Alighieri) No séc.XII temos a doutrina do purgatório que mediou a punição definitiva do inferno para as almas que não tinham a salvação eterna (paraíso). Os temas iconográficos presentes na azulejaria, talhas, pinturas e esculturas da ordem franciscana ressaltam os rituais de purificação e expiação dos pecados, as práticas penitenciais, a efemeridade da vida e dos bens terrenos, e a salvação da alma. Os seus membros, de acordo com o espírito do fundador, nada deveriam possuir, estando obrigados a viver o mais pobremente possível, adotando uma vida extremamente simples, em pregação, dando exemplos de humildade e devoção. Além da temática da paixão de Cristo, a via sacra e retratar as armas da ordem (o braço de Cristo cruzado com o de Francisco), outro tema muito representado é o da visão de São Francisco recebendo no monte Alverno os cinco estigmas de Jesus na forma de um Serafim, morreu dois anos depois desse episódio em 1226 e foi canonizado em 1228, proclamado santo patrono dos ecologistas em 1979 pelo papa João Paulo II.

Dia em celebração ao santo: 4 de outubro.

A ordem franciscana não seguiu a tradição devocional do Românico (Cristo Pantocrator), mas valorizou o Menino Deus, com o costume de armar presépios, no Brasil mantido pela Ordem Terceira Franciscana de Ouro Preto (séc.XVIII). Destaca-se ainda a devoção ao culto a Santo Antonio, de grande popularidade e também a veneração de Nossa Senhora da Conceição, que apareceu para o fundador da ordem além de outros santos milagrosos venerados dentro do programa iconográfico, no entanto, em templos franciscanos encontram-se imagens outras devido à doação de leigos beneméritos. VICENTE CARDUCHO. Visão de São Francisco de Assis – 1631 Óleo sobre tela (246 x 173 cm) Szépmûvészeti Múzeum - Budapeste

Alcântara – 1811 c. - Maranhão

Foto: Acervo Fotográfico do Museu Casa Histórica de Alcântara

Arquitetura Na arquitetura colonial brasileira o templo franciscano caracteriza-se pelo cruzeiro de fronte a edificação, levando ao desenvolvimento no conjunto de uma área livre em frente a igreja, rodeado de muros, designada de adro, que era de onde partiam as procissões.

Nos primórdios da catequese a missão dos franciscanos italianos no Brasil fundaram duas custódias, em 1584 foi criada a Custódia de Santo Antonio do Brasil com sede em Olinda que em 1740 contava com 13 missões, um hospício e 13 conventos construídos. Em 1659 criou-se a Custódia da Imaculada Conceição no Rio de Janeiro. Na representação na arte barroca destaque para a obra de Antonio Francisco Lisboa (1730 c. – 1814) e Manuel da Costa Ataíde (1762-1830)

Igreja de São Francisco de Assis – Ouro Preto Antonio Francisco Lisboa (Aleijadinho)

No século XVIII as ordens terciárias divulgaram os preceitos espirituais e devocionais franciscanos, o programa iconográfico, as práticas de penitência, o calendário e a agenda de procissões, e edificaram templos de acordo com a concepção do Rococó.

Antonio Francisco Lisboa – Dessenho da Ordem Terceira de São Francisco de Assis. São João del Rey (Minas Gerais)

Os franciscanos não são monges, mas sim religiosos: realizam voto de pobreza, castidade e obediência. Vivem em fraternidades, que se designam por conventos e não como abadias ou mosteiros. Os seus conventos são tradicionalmente dentro das cidades ou junto a elas. Foto da Academia de Direito e Convento de São Francisco (São Paulo) Militão Azevedo(1862)

Capela São Francisco de Assis Capela na Vila São Francisco em São Paulo com afrescos de Fúlvio Pennacchi (1905-1992, artista do Grupo Santa Helena)

Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência – RJ

Pampulha – Belo Horizonte

Pampulha – Belo Horizonte

Apesar da consagração por arquitetos e artistas, a Igreja de São Francisco de Assis foi inaugurada em 1943, mas foi mal recebida pela igreja Católica que recusou-se a aceitá-la e só foi consagrada pela arquidiocese 17 anos depois, em 1959. Afrescos e mosaicos de autoria de CÂNDIDO PORTINARI (1903-1962).

Basilica de São Francisco em Assis

A Basílica de São Francisco em Assis é composta por duas igrejas sobrepostas, superior e inferior. A primeira pedra da Basílica Menor foi estabelecida pelo Papa Gregório IX no dia seguinte à canonização de São Francisco, em 17 de julho 1228. Dois anos depois, o corpo do santo, que estava na igreja de San Giorgio foi trazido em segredo por medo de saques por invasores de túmulos e enterrado na igreja inacabada. As obras na Basílica Superior devem ter se iniciado depois de 1239. Ambas as igrejas foram consagrada pelo Papa Inocêncio IV, em 1253.

No interior da Basílica Superior estão os afrescos de Giotto di Bodone (1266-1337) relatando a vida de São Francisco de Assis, pelo menos 25 dos 28 painéis tem a autoria a ele atribuída.

Um cidadão comum de Assis conheceu Francisco nas ruas da cidade e, inspirado por Deus, espalha a sua capa para Francisco caminhar. O homem alegou que Francisco era digno de toda a reverência, que ele iria em breve fazer grandes coisas e viria a ser honrado por todos os cristãos. A cena é montada na praça principal de Assis, com o templo de Minerva em segundo plano.

GIOTTO di Bondone Homenagem de um homem simples (ano 1300) Afresco, 270 x 230 cm

Um dia Francisco conheceu um nobre cavaleiro que tinha caído em tempos difíceis. Sentiu pena da pobreza do homem, ele tirou sua própria capa e deu a ele. O artista definiu este episódio na vizinhança de Assis, que pode ser vista no lado esquerdo. A cena caracteriza a sua futura condição, pois esta é uma primeira indicação de que o santo vai decidir levar uma vida isolada de pobreza. GIOTTO di Bondone São Francisco dá seu manto à um homem pobre (1297-99) Afresco - 270 x 230 cm

Mesmo depois de prisioneiro na guerra de Perúgia em 1202, engajou-se em 1205 no exército papal que lutava contra Frederico II, incentivado por um sonho com um rico palácio, onde vivia uma linda donzela, e que estava cheio de armas resplandecentes e outros apetrechos de guerra. Indagando de quem eram essas armas esplêndidas e o palácio magnífico, foi-lhe respondido que tudo aquilo era seu e de seus soldados. No entanto, o sonho era para lhe dizer que a compaixão que tinha mostrado para com os pobres cavaleiros logo seria recompensada por um grande presente. Neste afresco, Francis é retratado dormindo com a cabeça apoiada na mão direita.

GIOTTO di Bondone Sonho do Palácio (1297-99) Afresco - 270 x 230 cm

Segundo a lenda, na igreja de São Damião ele ouviu pela primeira vez a voz de Cristo, que lhe falou de um crucifixo. A voz chamou a sua atenção para o estado de ruína de sua Igreja, e disse para Francisco que a reconstruísse: "Vai e repara a minha Igreja, que, como você pode ver, está toda em ruínas.“ Ele reuniu todo o dinheiro que podia, inclusive dos negócios da loja de seu pai e retornou a igreja para entregá-los ao padre para sua reconstrução.

GIOTTO di Bondone Milagre do Crucifixo (1297-99) Afresco - 270 x 230 cm

Diante do bispo o pai de Francisco está muito irritado quando ele é informado de que seu filho renuncia à herança para seguir uma vida de pobreza e acusa o seu filho de esbanjar sua fortuna, reclamando uma compensação pelo o que ele havia tirado sem licença de sua loja. Então, para a surpresa de todos, Francisco despiu todas as suas belas roupas e as colocou aos pés do pai, renunciando aos bens materiais, pediu a bênção do bispo e partiu, completamente nu, para iniciar uma vida de pobreza e devoção.

GIOTTO di Bondone

Renuncia aos bens materiais (1297-99) Afresco - 270 x 230 cm

O Papa Inocêncio III ao receber Francisco e seus seguidores sujos e vestidos pobremente, mandou-o não aborrecê-lo com sua Regra, considerada excessivamente rigorosa e impraticável, e que fosse pregar entre os porcos. Segundo os relatos antigos, nesse ínterim Inocêncio teve um sonho, onde viu a Basílica de São João de Latrão prestes a desabar, apenas sustentada por um pobre religioso, que ele interpretou como sendo Francisco. GIOTTO di Bondone Sonho de Inocêncio III (1297-99) Afresco - 270 x 230 cm

O Papa Inocêncio III, agora cheio de respeito por Francisco, aprova sua regra e autoriza o jovem a pregar o arrependimento, mas não outorgou o estatuto de Ordem Maior ao grupo, apenas permitindo que pregassem e dessem socorro moral às pessoas, mas acrescentando que se eles conseguissem frutos de seu trabalho, voltassem a ele para que sua situação fosse regularizada. Nesta cena, Francisco, mostrado com uma barba pela primeira vez, se ajoelha diante do Papa para receber a regra. Os irmãos ajoelhados atrás dele são representadas com a tonsura, o estilo de cabelo típico de frades franciscanos.

GIOTTO di Bondone Confirmação da regra (1297-99) Afresco - 270 x 230 cm

Uma noite, Francis estava orando com alguns dos irmãos, enquanto os outros dormiam. De repente, uma magnífica carruagem de fogo veio e varreu a casa em um momento de glória. Os irmãos que a viram ficaram maravilhados. Os dormentes acordaram apavorados. Mas todos sabiam que o Espírito de Deus desceu do céu e estava presente entre eles. O santo aparece a seus companheiros como o guia e o novo líder do cristianismo. GIOTTO di Bondone

Visão da Carruagem de Fogo (1297-99) Afresco - 270 x 230 cm

Em uma ocasião, um monge entrou em uma igreja abandonada com Francisco para orar. Em um momento de visão religiosa, viu uma série de tronos no céu, um dos quais, mais suntuoso do que os outros, era adornado com pedras preciosas e brilhantes com glória. Quando ele perguntou quem era o trono, uma voz lhe disse que estava reservado para o humilde Francisco.. GIOTTO di Bondone Visão dos tronos (1297-99) Afresco - 270 x 230 cm

Durante a guerra civil, em Arezzo, São Francisco viu demônios sobre a cidade. Ele chamou um irmão de sua ordem para expulsá-los. A área de imagem é dominada pela arquitetura da cidade, que é dividida do resto do mundo por uma fenda na terra, e pela construção da igreja imponente. Giotto retrata o santo em profunda oração atrás do irmão Sylvester parecendo passar sua força para este que levanta a mão em comando na direção da cidade de torres. Então os demônios fogem, e os cidadãos que podem ser vistos nas portas da cidade podem voltar para seus negócios em paz.

GIOTTO di Bondone Exorcismo dos demônios em Arezzo (1297-99) Afresco - 270 x 230 cm

Durante a cruzada de 12171221, Francisco está diante do sultão do Egito para tentar convertê-lo ao cristianismo. Para demonstrar o poder da fé cristã, ele desafiou santos homens do sultão de sofrer com ele o calvário de andar através do fogo. Eles se recusaram a aceitar este desafio. Francisco rejeita presentes preciosos e aponta para o fogo enquanto o sultão surpreso e irritado vê seus sacerdotes fugindo do desafio. GIOTTO di Bondone São Francisco diante do Sultão (prova do fogo) – (1297-1300) Afresco - 270 x 230 cm

À noite, Francisco iria procurar lugares solitários ou igrejas abandonadas em que pudesse orar. Em uma ocasião, seus frades testemunharam seu irmão orando fervorosamente com os braços esticados para fora como na cruz, levantado do chão e envolto em uma nuvem luminosa. O artista retrata o santo nesta postura, com Cristo, descendo das regiões celestiais em um ato de bênção. GIOTTO di Bondone Êxtase de São Francisco (1297-1300)

Afresco - 270 x 230 cm

Três anos antes de sua morte, a fim de incentivar o espírito de adoração em pessoas comuns, Francisco recriou o cenário do nascimento de Jesus em Greccio, com um berço em uma manjedoura e um boi e um burro reais. Assim, ele começou a tradição, que continua até hoje, de preparar um presépio no Natal, em memória do nascimento de Cristo no estábulo em Belém. Na missa solene, na qual ele estava participando como diácono, observou-se que ele tomou uma criança dormindo no berço e despertou-a.

GIOTTO di Bondone Instituição do presépio em Greccio (1297-1300) Afresco - 270 x 230 cm

Um dia, Francisco estava doente. Montou em um jumento para ir ao seu retiro nas montanhas de La Verna emprestado por um camponês, que seguiu a pé. Afligido e esgotados pelo calor, o pobre homem pediu uma bebida. Francisco saiu do burro e ajoelhou-se para rezar, quando então saltou água da rocha nua. Aqui dois franciscanos comentando a cena com seus olhares e assim antecipar a reação do espectador. GIOTTO di Bondone

Milagre da primavera (1297-1300) Afresco - 270 x 200 cm

São Francisco acreditava que até mesmo a mais humilde das criaturas tinham o direito de ouvir a Palavra de Deus, para que tenham a oportunidade de entrar no Reino dos Céus. São Francisco se deparou com um bando de pássaros que não voaram para longe em sua abordagem. Ele deu um sermão para as criaturas com expectativa de espera, que só deixaram o santo depois de receber sua bênção. Como tantas vezes, Giotto deixa claro a natureza extraordinária de eventos através da reação de uma figura secundária - neste caso, através do frade franciscano, que levanta a mão com uma expressão de surpresa em seu rosto.

GIOTTO di Bondone Sermão dos pássaros (1297-99) Afresco, 270 x 200 cm

Uma vez, quando Francisco estava pregando em Celano, um cavaleiro do bairro convidou-o para uma refeição. Prevendo que o cavaleiro iria morrer em breve, Francisco pediu-lhe para fazer a sua confissão e para definir seus assuntos domésticos em ordem. Enquanto os convidados estavam sentados à mesa posta, o cavaleiro de repente morreu. Ele tinha feito sua confissão, e assim ele entrou no reino do céu em um estado de graça. GIOTTO di Bondone Morte do Cavaleiro de Celano (1297-1300) Afresco - 270 x 230 cm

Quando Francisco apareceu diante Papa Honório III e seus cardeais, sua pregação era tão sincera e eficaz que era claro para eles que suas palavras não eram apenas o resultado de estudo teológico aprendido, mas foram inspirados por Deus. O afresco capta a atenção extasiada do Papa e cardeais, Giotto expressa isso através das diferentes reações das pessoas que escutam, especialmente nas expressões faciais animadas. GIOTTO di Bondone São Francisco pregando diante de Honório III (1297-1300). Afresco, 270 x 230 cm

Durante uma reunião da Ordem, Santo Antônio de Pádua estava pregando no claustro em Arles e de repente, São Francisco apareceu. Giotto retrata o santo com braços abertos - a forma resultante da cruz faz alusão a sua vida como Cristo. Apenas Santo Antônio, que tinha acabado de falar a respeito de Cristo, e um outro membro da Ordem notam a aparição.

GIOTTO di Bondone Aparição em Arles (1297-1300)

Afresco - 270 x 230 cm

Um dia, quando Francisco estava orando e jejuando em La Verna, Cristo lhe apareceu na forma de um serafim e imprimiu em suas mãos, pés e no lado do peito as marcas dos pregos e da lança que ele mesmo havia sofrido na cruz. Desta forma, Deus respondeu ao desejo do coração de Francisco: ser semelhante a Cristo em seus sofrimentos, antes de morrer. GIOTTO di Bondone A estigmatização de São Francisco (1297-1300). Afresco, 270 x 230 cm

Quando Francisco morreu, um dos irmãos viu a sua alma, que foi agora libertada de seu corpo, alça o seu caminho para o céu rodeado por uma nuvem branca. Parecia uma estrela brilhando. O afresco capta o sofrimento dos irmãos que estão reunidos em torno de corpo sem vida de Francisco, chorando, orando, ao tocá-lo, dando lugar ao desespero do espectador em compartilhar sua tristeza. GIOTTO di Bondone Morte e Ascenção de São Francisco (1300). Afresco - 270 x 230 cm

Em um convento perto de Nápoles, no exato momento em que Francisco morreu, um irmão chamado Agostino, que estava próximo à morte, gritou: "Espere por mim, pai, eu quero ir com você!" Ao mesmo tempo, no oratório de São Miguel no Monte Gargano, o bispo de Assis teve uma visão de Francisco, dizendo: "Eu estou deixando o mundo e ir para o céu." GIOTTO di Bondone Aparição para Fra Agostinho e Bispo Guido de Arezzo (1300)

Afresco - 270 x 230 cm

Ao saber da morte de Francisco, as pessoas se reuniram para testemunhar as marcas da paixão de Cristo. Foram autorizados muitos cidadãos de Assis para contemplar e até beijar os estigmas, entre eles um cavaleiro chamado Gerolamo. Ele era um cético, como o apóstolo Tomé, e insistiu em tocar os estigmas. Com suas dúvidas removidas, ele se tornou um testemunho fiel à verdade. GIOTTO di Bondone Verificação dos estígmas (1300)

Afresco - 270 x 230 cm

O cortejo fúnebre parou na frente da igreja de São Damião. O convento anexo à igreja era a casa de Santa Clara e suas freiras irmãs, a quem Francisco havia sido um pai espiritual. Clara e suas companheiras abraçaram São Francisco pela última vez. O afresco mostra a grande multidão de carpideiras e Santa Clara debruçada sobre o corpo de São Francisco.

GIOTTO di Bondone São Francisco pranteado por Santa Clara (1300)

Afresco - 270 x 230 cm

Em 16 de Julho de 1228, o Papa Gregório IX veio pessoalmente a Assis para canonizar Francisco e oficialmente declará-lo santo. A cerimônia solene contou com a presença dos frades, um grupo significativo de príncipes e barões, e uma grande multidão de pessoas comuns. Embora este afresco tenha se deteriorado, a habilidade do artista em retratar expressões humanas realistas ainda é muito evidente. GIOTTO di Bondone Canonização de São Francisco (1300) Afresco - 270 x 230 cm

Antes do Papa Gregório canonizar Francisco ele tinha algumas dúvidas sobre a marca da ferida de Cristo em seu peito. Então, ele teve um sonho em que Francisco apareceu a ele para definir sua mente em repouso. Neste sonho, Francisco disse: "Dê-me um frasco vazio." Gregorio fez o que lhe foi pedido, e a garrafa foi milagrosamente cheia de sangue da ferida no peito de Francisco. GIOTTO di Bondone Sonho de São Gregório (1300) Afresco - 270 x 230 cm

Um homem tinha uma perna tão doente que não podia fazer nenhum movimento, e invocou São Francisco: “Ajude-me São Francisco que morro nos mais atrozes tormentos lembre-se de minha devoção por você e dos serviços que lhe prestei, carregando-o em meu asno, beijando seus santos pés e mãos”. Imediatamente o santo apareceu e o curou com um cajado em forma de “tau” encostando em sua perna, era com essa letra que o santo assinava as suas cartas. Cura de um devoto do Santo (c. 1300) Afresco - 270 x 230 cm

< Ao lado esquerdo a letra “tau”

No Monte Murano no bairro de Benevento, Francisco trouxe uma mulher de volta dos mortos, para que ela pudesse ser liberada de um pecado que ela havia falhado em confessar em sua vida. O artista retratou o diabo que está sendo forçado a fugir e abrir caminho para um anjo, um sinal de que a mulher tinha sido purificada e agora podia morrer em um estado de graça. A confissão da mulher de Benevento (1300) Afresco - 270 x 230 cm

Um homem acusado de heresia e preso pelo bispo de Tivoli pediu a ajuda de São Francisco. Quando o santo apareceu, as algemas do homem cairam e as portas da prisão se abriram. Gritos do homem de espanto alertaram o guarda, que relatou o caso ao bispo. Reconhecendo a evidência de intervenção divina, o bispo se ajoelhou e adorou a Deus. A libertação de Pedro, o herege (1300)

Afresco - 270 x 230 cm

A Porciúncula A Porciúncula é uma pequena igreja perto de Assis , localizada no interior da Basílica de Santa Maria degli Angeli . Esta igreja de alto valor histórico, artístico e espiritual, É o lugar mais sagrado da Ordem Franciscana. Ali morreu Francisco de Assis Segundo a tradição, a Porciúncula foi construída no século IV, por eremitas provenientes da Palestina. Em 576, foi assumida por São Bento e seus monges.

Indumentária Indumentária da sua Ordem: hábito terroso (túnica estamenha) com cordão branco nodoso na cintura (três nós, que representam os três votos: pobreza, castidade e obediência); ou hábito terroso, escapulário, capuz comprido e cordão branco e nodoso dos Frades Capuchinhos. Representado jovem e imberbe ou com pouca barba e larga tonsura monacal.

ANDREA di Vanni d'Andrea St Francis of Assisi 1355-60 Tempera on wood,100 x 46 cm Lindenau-Museum, Altenburg

Hábito de São Francisco de Assis

Cenas preferidas 

1) pregando junto aos pássaros ou aos peixes (obras de Fúlvio Pennacchi e Candido Portinari)

2) São Francisco diante de Cristo na cruz, que tem um braço descravado para abraça-lo. Obras de: Bartolomé Murillo (1618-1682) - Museu de Sevilha Conjunto escultórico da capela-mor da Igreja de S.Fracisco realizado em 1930 pelo baiano Pedro Ferreira,Salvador(BA) 



3) O êxtase de S.Francisco

Francisco de Assis em êxtase (1594) Michelangelo Merisi da Caravaggio (óleo sobre tela) - 92,4 × 127,5 cm Wadsworth Atheneum - Connecticut

êxtase de S.Francisco com os estigmas

Êxtase de São Francisco com os Estigmas (c.1600) El Greco 72 cm × 55 cm - Óleo sobre tela Museu de Arte de São Paulo MASP



4) Ajoelhado diante da Cruz Seráfica (cruz com seis pares de asas).

Grupos escultóricos com imagens de São Francisco de Assis e Cristo Seráfico. Séc.XVIII: Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, Rio de Janeiro, RJ (à esq.), e Altar-mor daOrdem Terceira de São Francisco em São Paulo (à direita).

Igreja de São Francisco de Assis em Mariana

São Francisco em Oração e Agonia e Morte de São Francisco – 1800 c. (forro da sacristia). Artista: Manuel da Costa Ataide

Atributos frequentes Alguns objetos: ampulheta, flores, espelho, rosário, cilício, os martírios de Cristo e o livro da regra  Crânio ou a Cruz nas mãos  O pelicano ou a fênix  Pássaros e peixes com quem falava  Disciplina: pobreza, castidade e  Cordeiro ou Lobo (domesticado por ele)  Anjo com instrumentos musicais e partituras  Um galhardete onde está escrito “Deus meus omnia” = Meu Deus é tudo 

Detalhe da obra de Manoel da Costa Ataíde no forro da sacristia da Igreja de São Francisco de Assis em Mariana, mostrando: a cruz, os martírios, o cilício, o cranio, a ampulheta, o rosário e o livro da regra

Crânio ou a Cruz nas mãos

Caravaggio – São Francisco em meditação (1606)

Pelicano e a Fênix Uma das representações da Fênix e do Pelicano mais antiga encontrada é no bestiário “Physiologus” (sec. III-IV c.) coletânea de historias ilustrando o sentido cristão e alegórico inerente à natureza. A representação da fênix e do pelicano eram muito populares na Idade Média devido à simbologia da ressurreição de Cristo, no primeiro caso, e à representação do sacrifício voluntário de Jesus Cristo em prol da redenção da humanidade.

iluminura - Bestiário de Aberdeen

Pássaros, flores e peixes

Vagner Aniceto – São Francisco e os girassóis Gilberto Mello - São Francisco e os pássaros

Disciplina (votos de pobreza, castidade e obediência)

Casamento de São Francisco com a Senhora Pobreza (1437-44), óleo sobre tela (95x58 cm) Stefano di Giovanni

Cordeiro ou Lobo

São Francisco afresco de Fúlvio Pennacchi

Anjos com instrumentos musicais

Francisco Ribalta (1565–1628) São Francisco confortado por um anjo (c.1620) Óleo sobre tela (204 cm x158 cm) Museu do Prado

Atributo particular (inconfundível) Cinco chagas impressas nas mãos, pés e peito. A representação do Cristo Seráfico poderia ter sido inspirada por uma passagem do livro de Isaías: “No ano da morte do rei Ozias, vi o Senhor sentado em um trono alto e elevado. A orla de seu manto enchia o santuário. Serafins estavam de pé acima dele. Cada um tinha seis asas: com duas cobriam a face, com duas cobriam os pés e com duas voavam.” (Isaías, 6:1-2 Bíblia Sagrada) São Francisco das Chagas (Museu de Arte Sacra SP) séc.XVII (barro cozido policromado)

O presépio O primeiro presépio do mundo teria sido montado em argila por São Francisco de Assis em 1223, a finalidade era tornar compreensível às pessoas comuns a história do nascimento de Jesus, o Natal era festejado no interior da Igreja, mas São Francisco fez transportar para a floresta de Greccio uma manjedoura, um boi e um burro para a ambientação do local onde Jesus nasceu e explicar o Natal aos camponeses.

Presepio em terracota – Fulvio Pennacchi

Retrato de São Francisco de Assis Cimabue (Giovanni Gualteri – c.1240-1302) é autor do considerado retrato que mais se aproxima de São Francisco (detalhe de afresco - c. 1280 – Basilica de S. Francisco em Assis). Frei Tomás de Celano, primeiro biógrafo de Francisco, assim o descreve: “Muito eloqüente, tinha o rosto alegre e o aspecto bondoso, era diligente e incapaz de ser arrogante. Era de estatura um pouco abaixo da média, cabeça proporcionada e redonda, rosto um tanto longo e fino, testa plana e curta, olhos nem grandes nem pequenos, negros e simples, cabelos castanhos, pestanas retas,

nariz proporcional, delgado e reto, orelhas levantadas mas pequenas, têmporas chatas, língua apaziguante, fogosa e aguda, voz forte, doce, clara e sonora, dentes unidos, iguais e brancos, lábios pequenos e delgados, barba preta e um tanto rala, pescoço fino, ombros retos, braços curtos, mãos delicadas, dedos longos, unhas compridas, pernas finas, pés pequenos, pele fina, descarnado, roupa rude, sono muito curto, trabalho contínuo.” Pedro de Mena São Francisco de Assis (1650) Madeira Sacristia da Catedral de Toleo

Espanha

São Francisco de Assis na Arte Contemporânea

São Francisco, obra de Adelson do Prado

São Francisco, obra de Luciana Lupo

São Francisco, pintura de Assis Costa

São Francisco, pintura de Militão dos Santos

À esquerda São Francisco (paulistinha – Acervo MASSP)

À direita São Francisco, obra de Clara Coelho

São Francisco de Assis em terracota Artista: Wandecok Cavalcanti.

São Francisco de Assis em terracota Artista: Wandecok Cavalcanti. Árvore com pássaros. Artista: Murilo Cavalcanti

ARTE POPULAR

São Francisco: autoria desconhecida.

PARTE 2 Breve histórico dos pigmentos

A natureza nos oferece um número infinito de cores. No período paleolítico o homem realizava suas pinturas com duas cores: terra-vermelha e terra-amarela (ocre), depois passou a usar o negro, até chegar em seis cores: branco, preto, terra-ocre,terra-marrom,terra-vermelha e terra-violeta. Os grandes pintores gregos segundo Plinio (o velho) trabalhavam apenas com 4 cores, mas podiam chegar ao uso das sete existentes. Os antigos egipcios usavam 10 cores.

No renascimento Cennino d'Andrea Cennini (1370 – 1440) compilou vinte e cinco cores em seu Libro dell’arte (séc.XV) e que foram elaboradas pela italiana Zecchi em Firenze.

Bianco de San Giovanni Amplamente usado pelos romanos, é provavelmente o primeiro pigmento branco da história da pintura artística. Cennino Cennini usa o nome "Bianco di San Giovanni" para descrever a preparação de um pigmento branco de cal em seu livro Il Libro dell'Arte. O nome provavelmente estaria associado ao padroeiro da cidade de Florença segundo o autor Daniel V.Thompson.

Carbonato de cálcio

Azul egípcio – pigmento extinto O homem utiliza as cores há mais de 20 mil anos. O primeiro corante a ser conhecido pela humanidade foi o Negro-de-Fumo (Carbon Black).  Por volta de 3.000 a.C., foram produzidos alguns corantes inorgânicos sintéticos, como o Azul Egípcio. 

Azul – ultramarino: “cor nobre e bela, a mais perfeita de todas as cores”, descoberto em 1200.

Pigmento: Partícula finamente dividida, insolúvel, que confere a característica da cor, e que depende em parte da granulometria, tamanho, forma e textura dos grãos.  Um pigmento deve ser inalterável à luz, temperatura ambiente e resistir a umidade  Classificados segundo a origem em: naturais( minerais, vegetais e animais) e artificiais. 

Classificação dos pigmentos: Naturais:  minerais - ocas, terras, calcários.  vegetais - lacas, índigo.  animais - preto marfim, sépia.  Artificiais:  elementos simples: carvão, p.ex.  elementos compostos: óxidos de ferro 

Os óxidos de ferro A hematita óxido de ferro III, (Fe2O3) é o principal minério de ferro (70% Fe), sendo usado também como pigmento, material para polimento e como gema. Os estados de oxidação mais comuns do ferro são: (FeO) (Fe2O3) - (Fe3O4).

A pintura rupestre Os pigmentos naturais, tal como os Ocres e os óxidos de ferro têm sido usados como corantes desde a era pré-histórica. Arqueólogos descobriram provas de que os homens primitivos usaram tinta para fins estéticos, como pintura corporal na descoberta de pigmentos e ferramentas de moagem, que se estima terem entre 300 000 e 450 000 anos na gruta de Twin Caves próximo à Lusaka, Zambia (África) (matéria de Steve Connor em 9 de Setembro de 2006 - "Body art made its mark 300,000 years ago, scientists claim“ publicada no jornal: The Independent )

Pinturas entre 35 a 40 mil anos

Acredita-se que algumas pinturas encontradas no continente Africano (Zambia e Zimbabue) possam ter entre 35 a 40 mil anos, as de Lascaux (França) 15 mil anos, e as de Altamira (Espanha) de 14 mil a 18.500 anos atrás).

Parte 3 Definição da pintura a têmpera e o preparo de tintas.

Têmpera: O termo têmpera vem da palavra ¨temperare” (latim), que significa juntar ou misturar. Misturam-se pigmentos a aglutinantes e estes passam a designar cada tipo de têmpera que constituem.  A designação tempera é atribuída a todos os processos de pintar cujo aglutinante seja solúvel em água, com exceção da aquarela. 

Emulsão – água e óleo

Emulsão: dois líquidos imiscíveis em que um deles (a fase dispersa) encontra-se na forma de finos glóbulos no seio de outro líquido. As emulsões mais conhecidas consistem de água e óleo.  Alguns autores também classificam as têmperas como emulsões, o que excluiria o guache e a aquarela. 

Têmpera a cola 

Muito utilizada na arte sacra para a policromia e decoração sobre a douração.

Encolagem – skin rabitt Preparo da cola de coelho: em 100 gramas de cola adiciono 1 litro de água destilada. Deixar de molho de um dia para o outro e derreter em banho-maria, não deixe que a cola ferva, adiciona-se 1% de fungicida (vinagre) ou óleo de cravo(eugenol). Conservar na geladeira.

Fórmula de Angélica Schianta: - 1 copo (200ml) de cola de coelho (equivale a

100gr) - hidratar a cola com 1 copo e meio de água por 12 horas (300ml de água) - levar ao fogareiro elétrico para derreter - tirar do calor acrescentar 1 copo (200ml) de água e mais um copo (200ml) de álcool absoluto (ele empelota um pouco a cola mas depois ela dissolve de novo) - 3 gotas de essência de cravo (Eugenol). - No preparo da tempera adiciona-se aos pigmentos. Sempre esterilize o recipiente. Essa mistura pode ser conservada fora da geladeira!

TINTAS Aglutinante - exerce a função de misturar os pigmentos entre si e ligá-los ao suporte (óleos secativos, colas, ceras e resinas).  Pigmento - pó fino insolúvel nos aglutinantes de características foscas ou brilhantes, opacas ou transparentes. 

Preparo das cores Preparar os pigmentos de cada cor separadamente  Hidratar o pigmento seco antes de adicionar o aglutinante (no nosso caso utilizaremos a própria água)  A mistura tem maior fluidez se aquecida (a água também evapora, portanto às vezes há necessidade de repor o liquido da cola) 

O preparo das cores

Óxidos de ferro

Tintas preparadas

A cor é um fenômeno físico

Parte 4 Planejamento para decorar imagens

Acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo

Estudo em papel Uso de um papel (30% algodão), ideal para pintura para estudos dos ornamentos sobre a douração da imagem de São Francisco.  Cada um utilizará o papel e as misturas de tintas (um pouco mais aquareladas) para estudo e teste das cores que iremos aplicar na imagem.  Sempre mantenha um copo de água limpa, e outro para lavagem do pincel. 

tipos comuns de decoração sobre douração

Parte 5 Técnicas e metodologias

Passo 1 - nivelamento Segue a descrição de preparo da imagem, esses procedimentos são simples mas precisam dos respectivos tempos de secagem, o que inviabiliza realizar todos os passos no mesmo dia. Se houver imperfeições na peça, o primeiro passo é corrigi-las (nivelamento), esse era o propósito das camadas de gesso-cola (com gesso cré) aplicadas sobre a escultura de madeira antes de sua policromia. Na imagem de gesso pode-se lixar imperfeições.

Passo 2 - Selamento O selamento permite uma melhor adesão da tinta, douração, etc. No caso da madeira evita também trocas de sua resina natural com a base de preparação e que absorva a umidade da mistura. O selamento no geral é feito com goma-laca ou sandara mas não se deve impermeabilizar a superfície de trabalho, foi utilizada a goma-laca indiana em proporção 1:10 de álcool absoluto.

Passo 3 – reserva de ouro A cor sob o douramento realça a cor do ouro, o bol de armênia tem tonalidades desde os ocres amarelos, vermelhos terrosos até o preto. Como não iremos fazer brunimento, optouse por uma base acrílica fosca (LUKAS – 4521) e a douração com mordente acrílico a base de água. A douração em ouro imitação requer selamento com gomalaca clarificada.

Passo 4 - Carnação A carnação tradicional das imagens sacras em madeira era realizada com a cola de coelho + carbonato de cálcio + pigmento em várias camadas finas e depois brunidas para dar brilho e realizar o “abrir sentidos”. Neste trabalho utilizou-se a tinta à óleo maimeri para pigmentação: ocre, vermelhão e azul cobalto, com uma base de

esmalte sintético branco.

Passo 5 – Pintura a têmpera Utilize a colher medida para fazer a tinta, colocando uma medida rasa de pigmento e uma de cola.  Use o pincel nylon para misturar a tinta, tenha sempre os pincéis limpos.  Use a bandeja para misturar cores, não misture os pigmentos secos, as cores são feitas entre tintas prontas. BOM TRABALHO! 

Considerações finais Os passos aqui descritos são algumas das infinitas opções na pintura sacra, existem outros processos de douração e ainda os planejamentos mais elaborados como o esgrafito e a punção, e outros tipos de têmpera como a caseína e a têmpera a ovo.  Cada um de nós desenvolve suas particularidades em seu processo de criação, somando a sua experiência o que observa e aprende. 

Agradecimentos A todos vocês pela participação e disponibilidade em compartilhar o seu processo criativo neste encontro  Ao Museu de Arte Sacra de São Paulo sua diretoria e equipe educativa por acreditarem no projeto de oficinas  Agradecimento especial à querida Fátima Paulino pela confiança e incentivo ao meu trabalho  Próxima oficina: Punção e Esgrafito 

Referências Bibliográficas: 

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CAMPOS, Adalgisa Arantes. Arte Sacra no Brasil Colonial. Ed. C/Arte, 2011.



GUIMARÃES, Luciano. A cor como informação: a construção biofísica, linguistica e cultural da simbologia das cores. São Paulo, Annablume, 2000.



HERNÁNDEZ, Maria Herminia Olivera. Apontamentos sobre o Retábulo-Mor Oitocentista dos Beneditinos da Bahia. 19&20. Rio de Janeiro, v. III, n. 1, jan. 2008. Disponível em: http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_altar_beneditinos.htm



LORÊDO, Wanda Martins. Iconografia Religiosa – Dicionário Prático de Identificação. Pluri Edições, RJ, 2002.



MOTTA, Edson & SALGADO, Maria Luiza Guimarães. Iniciação à Pintura. Ed.Nova Fronteira, RJ, 1976.



MAYER, Ralph. Manual do Artista. Ed.Martins Fontes, SP, 2006



PENNACCHI, Valerio Antonio. Pennacchi: Pintura Mural. São Paulo, Metalivros, 2002.



Rebelo, António Manuel Ribeiro . A FÉNIX E O PELICANO NO MAIS FAMOSO DOS BESTIÁRIOS: O PHYSIOLOGUS. Boletim de Estudos Clássicos — 44 , Disponível em: http://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/BEC44/12antoniorebelo



Cennini, Cennino d’Andrea Cennini. “Il Libro dell’Arte”. Dover, 1954.

Links úteis para consulta: 

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_da_Ordem_Terceira_de_S%C3%A3o_Francisco_da_Penit%C3 %Aancia 

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Disponível em: http://www.franciscanos.org.br/ 

Regra Não Bulada da Ordem dos Frades Menores.

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Fonte de Imagens: Web Gallery of Art.

Disponível em: http://www.wga.hu 

Informações sobre pigmentos.

Disponível em: http://www.naturalpiments.com 

Informações sobre a obra de Fúlvio Pennacchi.

Disponível em: http://www.fulviopennacchi.com/d70.html 

Informações sobre a obra de Candido Portinari:

Disponível em: http://www.portinari.org.br/ 

Informações sobre a Basilica de São Francisco em Assis.

Disponível em: http://whc.unesco.org/en/list/990 

Bestiário de Aberdeen

Disponível em: http://www.abdn.ac.uk/bestiary/

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