FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU CURSO COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO (BACHARELADO) AMAURI DE AQUINO GONÇALVES JOÃO PESSOA ESPECTROS: DO ANONIMATO NO FUTEBOL AMERICANO À GLÓRIA NACIONAL JOÃO PESSOA 2016

May 20, 2017 | Autor: Pedro Alves | Categoria: Football
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FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU CURSO COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO (BACHARELADO)

AMAURI DE AQUINO GONÇALVES

JOÃO PESSOA ESPECTROS: DO ANONIMATO NO FUTEBOL AMERICANO À GLÓRIA NACIONAL

JOÃO PESSOA 2016

AMAURI DE AQUINO GONÇALVES

JOÃO PESSOA ESPECTROS: DO ANONIMATO NO FUTEBOL AMERICANO À GLÓRIA NACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Comunicação Social da Faculdade Maurício de Nassau (FMN-JP), em cumprimento às exigências da disciplina Projeto Experimental II, como requisito para obtenção de grau de bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Orientador: Prof. Esp. Luiz Lucas Dias Meirelles da Cunha

JOÃO PESSOA

AMAURI DE AQUINO GONÇALVES

JOÃO PESSOA ESPECTROS: DO ANONIMATO NO FUTEBOL AMERICANO À GLÓRIA NACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Comunicação Social da Faculdade Maurício de Nassau (FMN-JP), em cumprimento às exigências da disciplina Projeto Experimental II, como requisito para a obtenção de grau de bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo.

Aprovado em _____ de _____________ de 2016.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Prof. Esp. Luiz Lucas Dias Meirelles da Cunha (Orientador) ___________________________________________________ Expedito Tavares Madruga Editor-chefe de Esportes da TV Cabo Branco (Examinador) ___________________________________________________ Prof. Esp. Misael Nóbrega de Sousa (Examinador)

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ter me dado forças e que, através da fé e minhas orações, me permitiu chegar até aqui. A minha saudosa Mãe, que cumpriu com maestria sua passagem por este mundo. À nova família e amigos, pela compreensão, incentivo, carinho e amor a mim dedicados.

AGRADECIMENTOS Ao entrar para o curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, na Faculdade Maurício de Nassau, eu tinha como objetivo primordial tornar o meu sonho real: passar a ser um jornalista diplomado. E esse sonho – que também era o de minha mãe – me levou a enfrentar diferentes obstáculos e empecilhos, alertando-me que dificilmente eu chegaria à conclusão sem o apoio incondicional dos que me rodeiam. Agradeço primeiro a Deus, que me permitiu não apenas sonhar, mas ser agraciado com a conquista do diploma. E não foi apenas nos quatro anos de vida acadêmica que Ele me guiou, mas em todos os outros momentos de minha vida; tudo isso para eu ter perseverança e acreditar que vale a pena viver em busca de objetivos. Agradeço a minha mãe, Maria José de Aquino Gonçalves, ou apenas “titia”. Heroína, de um coração que não cabia dentro do peito de tão bom, generosa, verdadeira e fiel. Minha mãe, que há um ano e meio descansa no repouso eterno, é sem dúvida minha maior gratidão de vida aqui na Terra, pois, em o seu esforço descomunal, batalhou até o último suspiro para que o seu filho pudesse se formar. Após sua partida, ainda me restava quase metade do caminho, mas sei que, de onde quer que ela esteja, me ajudou a ter forças para seguir e concretizar o nosso sonho. Saudades eternas. Após eternizar a minha mãe em minha memória, recebi de Deus o meu maior presente: uma família. Agradeço a Marco Antonio Ferreira (meu padrinho), Rosalba Almeida Nobre Ferreira (minha madrinha), Mário Neto e Nathália Almeida, que tenho como irmãos. Definitivamente, uma composição familiar que eu posso chamar – única e exclusivamente – de minha base. Essa família – chamada carinhosamente de “trupe do 904” –, me fez perceber o quão valioso eu ainda posso ser, me amparando como um dos seus e me incentivando a todo instante. Agradeço a meu padrinho Marco, que me ensinou os maiores valores que se pode ter na vida, me incentivou a estudar, me emprestou por diversas vezes o carro para ir com mais conforto às aulas, me ensinou a revigorar em meu pensamento que eu sou capaz. Além de ter contribuído financeiramente para a conclusão do meu curso. Meu “muito obrigado”. Agradeço a minha madrinha Rosalba, que me abasteceu com a “sopa dos deuses” diariamente, e que me cobrou insistentemente para que eu não esmorecesse diante das dificuldades. A Nathália Almeida, pelos inúmeros empréstimos do seu notebook, colaborando firmemente para a conclusão do trabalho final.

Não poderia esquecer de agradecer ao amigo José Carlos, ou simplesmente Zeca, cãozinho da família 904, que apenas em suspirar ao pé da porta do meu quarto durante a noite, me ajudou a não me deixar vencer pelo sono e pelo cansaço. E, para que a família fique completa de uma vez, quero agradecer ao casal Mário Ferreira e Maria Alziva Ferreira, avós da vida, que abriram a porta da sua casa, do seu coração, para que a minha mãe pudesse prosperar e, com isso, eu tivesse a oportunidade de têlos próximos, como os meus verdadeiros avós. Gratidão! Agradeço a Francisca Mártir, pelo zelo que tanto teve com a minha mãe e que hoje estende-se a minha pessoa. Obrigado por cada jarra de suco, por cada cuscuz com ovos e queijo e, claro, obrigado pelo cuidado e carinho depositados na minha pessoa. Ao núcleo familiar, composto pela galera de Mangabeira a Cabaceiras. Devo destacar a minha tia Lúcia, pelo amor e criação, e por nunca ter me deixado faltar nada. A minha Tia Célia e família, pelo carinho para com a minha mãe nos seus últimos momentos. E a minha saudosa madrinha Nevinha (em memória), pelas conversas inesquecíveis e repletas de amor, estendendo-me a todos de sua família. Saudades eternas. A Mariana Tavares, que, enquanto namorada, me impulsionou no início do curso, ainda em 2012, e que colaborou para o meu crescimento acadêmico e pessoal durante toda a nossa trajetória juntos. Ela, que esteve presente nos momentos de estresses e que aguentou todos os infortúnios. A vida teima em nos separar, mas a aliança firmada diante de Deus é eterna. Aos amigos, que sempre torceram por mim e me apoiaram desde o início da caminhada na faculdade. Em especial, a Hélcio Alencar, pelos lanches pós-aulas, quando me cobrava empenho e foco na conclusão. Também agradeço a Alexandre Tavares, pelos incontáveis consertos do meu computador e, claro, pelos papos curtos, mas recheados de carinhos no caminho do trabalho. E, por fim, a José Thiago, ou simplesmente “boy”, que nunca me disse “não” e que sempre esteve disposto a me prestar algum tipo de favor, sobretudo quando me levava aos hospitais por causa da famigerada pressão alta. Aos amigos da TV Cabo Branco, em especial à Família Globo Esporte, meu muito obrigado. Quero agradecer pelo companheirismo, união e ensinamentos durante a minha passagem – de setembro de 2013 a março de 2016. Abraços fraternos a Expedito Madruga e Phelipe Caldas, meus mestres. Agradeço ao meu orientador Lucas Meirelles, por gentilmente ter me ajudado e me guiado no decorrer deste trabalho, me dando o suporte necessário para que eu pudesse concluí-lo.

Chegando ao fim, mas não menos importante, agradeço a todos meus professores, desde o maternal até a faculdade Maurício de Nassau, que foram incansáveis na arte de ensinar. Aos funcionários do prédio da Nassau, na Epitácio Pessoa, pela presteza em todos os momentos. E sem esquecer os colegas da turma, sobretudo os amigos que construí nessa etapa da vida. Agradeço a todos do João Pessoa Espectros, a melhor equipe de futebol americano do Brasil. Pela inspiração, pautada sempre na coragem, garra e vontade de vencer, que sempre demonstram dentro e fora de campo. Obrigado aos entrevistados, por dedicarem um tempo precioso que, tenho certeza, são preciosos em seus dias corridos. Em especial ao amigo Rammom Monte. Enfim, meu muito obrigado a todos que me apoiaram nessa jornada.

RESUMO Na última década, em solo brasileiro, o futebol americano foi um dos esportes amadores que mais cresceram, e no estado paraibano uma equipe tem se destacado pela sua persistência dentro e fora de campo. O João Pessoa Espectros, equipe que sagrou-se campeã do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano em 2015, é o objeto de estudo deste artigo. O time está cada vez mais forte dentro e fora de campo. Com uma história de nove anos, a equipe busca um futuro de mais sucesso e trabalha diariamente para manter o seu público alvo mais próximo de seu dia a dia. O Espectros se distingue das demais equipes do país, pois por muito tempo foi o único representante de futebol americano no Estado. E a partir da transição das areias do Busto de Tamandaré para a fase da grama, o time foi propulsor em João Pessoa, pilar da equipe estadual da Paraíba, nos Torneios de Seleções Estaduais em 2009 e em 2010. O João Pessoa Espectros conseguiu alcançar o status de melhor time do Brasil através de uma aliança de amigos, que têm como referência uma administração compacta e séria, atrelada à organização de bastidores, e com poucas alternâncias de atletas desde a sua fundação. A equipe prioriza essa junção de fatores para alcançar mais conquistas. E, assim, almeja ser um das principais equipes do esporte, servindo de modelo para outras agremiações. Palavras-chave: Esporte. Futebol Americano. Espectros. Campeonato Brasileiro.

ABSTRACT With the expansion of football, typically American sport, but in Brazil and in particular scenario in Paraiba wins fans in several daily without class restrictions or age, is to follow the games or practice, becoming athletes. João Pessoa Specters, team were crowned champions of the American Football Campeonato Brasileiro in 2015, it is the object of study of this article. The team is getting stronger on and off the field, with a history of nine years, the team seeks a future of more success and who works daily to keep your nearest target audience of its day to day. The spectra are different from other teams in the country, as has long been the only football team in the state, and from the transition from Tamandaré bust of sand to the stage of grass. Team was propellant in Singapore, and was the pillar of the state team of Paraiba, in the State Selections tournaments in 2009 and 2010. João Pessoa Wraiths managed to achieve the status of best team in Brazil through an alliance of friends, which has reference to a compact and serious administration, linked the organization behind the scenes, and with few alternations athletes since its foundation. The team prioritizes this junction factors to reach more achievements. And so, aims to be one of the top teams in the sport, serving as a model for other associations. Keywords: Sport. American Football. Specters.

LISTA DE TABELAS

TABELA 01-

............................................................................................................ 36

TABELA 02-

............................................................................................................ 38

SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO .................................................................................................

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2

ORIGEM DO FUTEBOL AMERICANO ......................................................

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2.1 REGRAS .......................................................................................................

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2.2 COMO SE JOGA ..........................................................................................

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3

COMEÇO DO FUTEBOL AMERICANO NO BRASIL .............................. 19 3.1 O INÍCIO ....................................................................................................... 19 3.2 FA NO SUDESTE .......................................................................................

20

3.3 CUIABÁ: LUGAR DE ORIGEM ................................................................. 20

4

3.4 RECIFE: O ESPORTE CADA VEZ MAIS PRÓXIMO...............................

21

NASCE O ESPORTE NA PARAÍBA .............................................................

23

4.1 VAMOS JOGAR NA GRAMA .................................................................... 24 5

6

TREINADORES ...............................................................................................

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5.1 O ATÉ BREVE DE BRIAN .........................................................................

28

5.2 A ERA MARCÃO ........................................................................................

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5.3 RETORNO PARA O TÍTULO .....................................................................

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AS CONQUISTAS ............................................................................................

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6.1 PRIMEIRO TÍTULO ....................................................................................

32

6.2 BI DO ESTADO, ADEUS ÀS PRAIAS E ESTREIA NA GRAMA ...........

32

6.3 DISPUTA DO ESTADUAL NA GRAMA ..................................................

33

6.4 VOLTANDO AO TORNEIO DE SELEÇÕES ............................................

34

6.5 INÍCIO DA LIGA NORDESTINA................................................................ 34 6.6 ESTREIA NACIONAL.................................................................................. 35 6.6.1. Primeira Derrota na Grama.................................................................... 37 6.7 ESPECTROS CHEGA À FINAL BRASILEIRA.......................................... 37 6.7.1 Disputa da Final Brasileira......................................................................

40

6.8 HEGEMONIA DO NORDESTE...................................................................

41

6.8.1 Título em Estádio de Copa ......................................................................

43

6.8.2 A História se Repete ................................................................................. 43 6.9 O ANO DO ESPECTROS ............................................................................

43

6.9.1 Título a 24 Segundos do Fim ...................................................................

45

6.9.2 O Brasil Veste Preto ................................................................................. 45

7

CONCLUSÃO ...................................................................................................

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REFERÊNCIAS ................................................................................................

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ANEXOS ............................................................................................................

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12

1. INTRODUÇÃO

Fundado há nove anos, o João Pessoa Espectros, time de futebol americano da cidade de João Pessoa, conquistou o seu primeiro título brasileiro em novembro de 2015. A equipe que deu os seus primeiros passos nas areias do Busto de Tamandaré – divisa entre as famosas praias pessoenses do Cabo Branco e Tambaú – vem se consolidando no esporte que ainda engatinha aqui no país. Este artigo tem por finalidade narrar os passos do time amador até a conquista do torneio nacional. Os conceitos que foram desenvolvidos nesta obra dizem respeito à identidade do esporte no cenário nacional e à efetivação do futebol americano no Nordeste, na Paraíba, e principalmente na cidade na qual a agremiação foi fundada, a suas características e a como se pratica o esporte. A pretensão é adentrar a história e entender como o esporte, de cultura tão distinta, oriundo dos Estados Unidos, conquistou amantes dentro e fora do campo de partida; é buscar entender quais as dificuldades que esses atletas precisaram percorrer para chegar ao topo do esporte no Brasil. Desde as dificuldades do material, passando pelo entendimento de regras, forma de jogo, até a “profissionalização” do esporte, resgataremos o percurso do time campeão brasileiro. Serão feitos relatos sobre vários aspectos da história do time: como foi a transição do jogo disputado na areia para a disputa no campo de futebol; a prática sem equipamento; as dificuldades para compra do material; os primeiros atletas; os jogadores que ainda permanecem desde a primeira formação; o primeiro treinador; os ex-comandantes; jogadores; dirigentes; a observação de jornalistas e amantes do esporte acerca do grupo; qual o caminho desses atletas até as conquistas; os não profissionais, mas que trabalham diuturnamente a fim de massificar o futebol americano a mais adeptos; como está sendo construído o amanhã deste time. O propósito deste material é disseminar a prática desse esporte e colaborar com a história dos Espectros, além de promover uma integração entre leitores, atletas e curiosos do esporte. Hoje o time pessoense serve também como exemplo para outras entidades, pois promove o esporte em clínicas para crianças e adolescentes de diversas escolas, através de oficinas e exposições dos materiais usados. O time interage com os adeptos em diversas plataformas da internet. E ainda conta na sua história com inúmeras convocações de atletas para partidas oficiais do selecionado brasileiro.

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O artigo também tem a proposta de servir para pesquisas futuras, seja no campo da prática, seja no campo acadêmico, permitindo que o exemplo descrito possa servir de assistência para estudos futuros, além de esclarecer representações específicas que porventura não tenham sido analisadas. O trabalho vai mostrar os bastidores do João Pessoa Espectros, o que sobrevém antes de os praticantes irem ao gramado e como se constrói um modelo de prática esportiva que se tornou sucesso no Estado, modelo para o Nordeste e para o Brasil, e suas perspectivas futuras. Será feita uma pesquisa em todas as suas nuances, embasada por matérias já veiculadas em portais e programas televisivos, analisando entrevistas com alguns dos personagens fantasmas, “apelido dado e como é conhecido o time americano”, com informações de blogs, sites, revistas e declarações reais daqueles que colaboraram na construção do futebol americano praticado no país. Este trabalho abordará a história do esporte no país e, logo após, iremos entender como foi que os paraibanos conheceram o FA; quem e quantos foram os amigos que colocaram em prática a disputa; os primeiros passos e as dificuldades para a prática do esporte; treinadores e dirigentes que ajudaram a transformar o time em uma potência nacional; a história de quem ainda permanece presente no time; a migração da praia para o campo de grama; a dor dos dois vice-campeonatos consecutivos; e por fim, a campanha do título nordestino e nacional em 2015. A investigação parte de princípios metodológicos que têm como foco a abordagem do problema, o qual parte de aberturas qualitativas, caracterizada, de acordo com Lakatos (2010), como aquela que pode ser marcada como uma tentativa de fazer a compreensão detalhada de significados. Ela é utilizada como fonte de trabalho, universos de significados, motivos e crenças. Além disso, foi utilizado o método descritivo de pesquisa e a coleta de informações não foi quantificada, tendo em vista se tratar de uma revisão de literatura que se utiliza de pesquisa bibliográfica (LAKATOS, 2010, p.157).

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2. ORIGEM DO FUTEBOL AMERICANO

A história do futebol americano pode ser confundida a partir das primeiras versões do rugby1. Ambos os esportes têm suas origens no início do século XIX, na Inglaterra. O futebol americano surgiu durante uma partida entre a Universidade de Harvard e a Universidade de Yale; a grande curiosidade é que os times jogavam de formas diferentes: enquanto um atuava no estilo europeu do nosso futebol, o outro praticava as regras do rugby. Rondinelli, do site Brasil Escola, cita que (...) nosso futebol, conhecido como soccer2, não é um esporte muito popular nos Estados Unidos. O futebol deles é outro, o football3, que conhecemos por futebol americano. Inicialmente, pode-se afirmar que o futebol americano é uma variação de outro esporte: o rugby. RONDINELLI, 2016 – 10 de janeiro.

O Guia do Esporte, veiculado em forma de infográfico pelo ESPN.com, em 2014, explica o ato principal para a criação do rugby:

Cada escola jogava com números de jogadores diferentes, e por vezes até sem goleiro. Foi então que em 1823, na cidade de Rugby, um garoto de 17 anos chamado William Webb Ellis decidiu pegar a bola com as mãos e correr em direção ao gol. Os colegas gostaram da ideia e estabeleceram uma nova regra, permitindo carregar a bola além de chutar. Assim surgia o rugby footbal (ESPN, 2014).

Ainda em meados do século XIX, os jovens americanos que iam para a Inglaterra estudar voltavam de lá jogando dois esportes: o association football, ou só futebol, jogado com os pés e com a bola redonda) e o rugby football que permitia usar as mãos, adotando uma bola oval). Os dois esportes se espalharam pelas escolas, universidades e clubes americanos. As duas versões foram parar nos Estados Unidos por volta de 1860. Em 1876, o atleta e jornalista Walter Camp4 criou inovações que definitivamente separaram o futebol

1

O rugby é um esporte coletivo (em equipe) praticado com as mãos e com uma bola. É um jogo muito parecido com o futebol americano. Uma partida tem duas partes de quarenta minutos, e os jogadores têm como objetivo levar a bola até a linha de fundo do campo adversário. Cada time é composto por 15 atletas e seis jogadores reservas (PACIEVITC, Thais. Disponível em: - Acesso em: 23 março 2016). 2 Tradução no português de “futebol”. 3 Tradução no português de futebol, mas que nos Estados Unidos indica o futebol americano. 4 Walter Chauncey Camp nasceu em 7 de abril de 1859, na cidade de New Britain, localizada no estado americano de Connecticut. Ele foi um jogador, treinador e visionário do futebol americano, além de escritor que ficou conhecido como “Father of American Football” (O Pai do Futebol Americano). Ele jogou de 1876 a 1882. (WIKIPEDIA, 2016).

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americano do rubgy e o tornaram algo diferente. Ele construiu a regra dos downs5: toda vez que o atleta de posse da bola fosse derrubado, o juiz interromperia o lance para que os times se realinhassem e reiniciassem a partida em uma nova jogada, novo down O time tinha até três chances para avançar com a bola por pelo menos cinco jardas6 (hoje são quatro para superar as 10 jardas). Se não conseguisse, entregaria a bola para ao adversário. Entre as principais jogadas estão a introdução da linha de scrimmage (uma linha imaginária transversal que corta o campo e se posiciona entre a linha defensiva e a linha ofensiva, e os times não podem ultrapassar essa linha antes do começo da jogada). E com isso o esporte começou a ganhar notoriedade, mas ainda com algumas singularidades, como explica Mancha (2010):

E uma curiosidade: nos Estados Unidos, o futebol jogado com os pés ficou conhecido como “soccer”, mas saiba que essa palavra foi inventada (...) pelos ingleses! Sim, no final do século XIX era comum entre os britânicos abreviar o nome oficial Association Football para “assoc” e, depois, para “soccer”. Os norte-americanos apenas foram na onda... (MANCHA, 2014, p. 18).

As mudanças nas regras ganharam o público. Os jogos se tornaram mais dinâmicos, com jogadores bem distribuídos em campo, passes e avanços rápidos. A popularidade levou à criação da American Professional Football Conference, em 1920, que virou National Football League7 (NFL), em 1922. Segundo o que consta na história do esporte, apenas duas equipes fundadoras ainda participam da NFL: Chicago Cardinals8 (Arizona Cardinals) e o Decatur Staleys (Chicago Bears9). As primeiras temporadas foram turbulentas, com times aparecendo e sumindo de um ano para o outro, falta de dinheiro e improvisos. Na briga pela audiência com o beisebol, até então o esporte favorito dos Estados Unidos, a NFL começou a virar o jogo com o apoio da televisão, que transmitia as partidas

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No futebol americano dos Estados Unidos e do Canadá, down (ou descida) é o nome dado para cada tentativa de avanço de um time durante seu ataque. Na Liga Americana, um time tem quatro tentativas para conseguir pelo menos 10 jardas, se quiser manter a posse da bola. (REGRAS. Disponível em . Acesso em: 13 fev 2016). 6 Unidade de comprimento básica nos sistemas de medida utilizados nos Estados Unidos. 7 8

NFL – Liga Norte Americana de Futebol Americano.

Arizona Cardinals é um time de futebol americano da cidade de Glendale, Arizona, que disputa a divisão oeste da Conferência Nacional da NFL. 9 Chicago Bears é um time de futebol americano da cidade de Chicago, Illinois. Ele disputa a NFL pela divisão Norte da NFC.

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para todo o país. O ápice veio com a final do campeonato de 1958, quando na prorrogação o Baltimore Colts10 venceu o New York Giants11 por 23 a 17. O jogo em questão quebrou recordes da televisão americana, com 45 milhões de telespectadores (uma em cada quatro pessoas nos EUA). É conhecido até hoje como “o maior jogo de todos os tempos”.

2.1 REGRAS

De acordo com o portal da Liga Norte-Americana de Futebol Americano, a NFL, as regras para o jogo são: O campo de jogo tem 100 jardas de comprimento por 53 de largura (1 jarda tem 91,44cm). Linhas brancas demarcam o campo de 10 em 10 jardas para melhor visualização, existe no final de cada campo uma área adicional de endzone12que possui 10 jardas cada. Um time marca pontos quando atravessa essa zona com a bola ou quando alguém a recebe dentro da área (NFL, 2016 – acessado em 14 de março 2016).

O local da marcação de pontos é em formato de “Y”, segurado por uma barra a três metros do solo. As traves têm a distância entre si de 5,63 metros. A bola utilizada é feita do mesmo tipo de couro utilizada na bola do basquete, e mede 30 centímetros de comprimento por 18 de largura. Nesse contexto, Mancha explica o real sentido de uma partida de futebol americano:

O futebol americano é um jogo de estratégia, força e tática. Uma partida é composta de uma série de jogadas de curta duração, entre as quais ambos os times se reorganizam e traçam uma nova tática para o lance seguinte, o objetivo do jogo é conquistar território até chegar à linha de fundo do inimigo, a chamada endzone, onde se marcam os pontos (MANCHA, 2015, p. 143).

São quatro períodos de 15 minutos, totalizando uma hora de jogo. O cronômetro, entretanto, pode ser parado em algumas situações: se o jogador sair com a bola pela lateral, se algum time pontuar, se houver um passe incompleto (bola lançada que toca o chão antes de ser pega) e houver falta.

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Os Colts é um time profissional de futebol americano localizado em Indianápolis, Indiana, Estados Unidos. Eles são membros da Divisão Sul. 11 O New York Giants é um time profissional de futebol americano com sede em East Rutherford, Nova Jersey, que representa a região metropolitana de Nova York. 12 Termo usado no futebol americano. É a área delimitada pela linha lateral. É nela que se marcam os pontos na partida.

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2.2 COMO SE JOGA

São 11 atletas em campo para cada equipe. Como não há limite de substituições, os jogadores podem entrar e sair da partida quantas vezes quiserem, de acordo com a vontade do treinador. Dessa forma, quando o time tem a posse de bola, coloca 11 atacantes em campo; quando não está com a posse bola, usa 11 defensores; nas jogadas de chute, entram os chamados “especialistas”13. O início da partida se dá após o kickoff14 (chute inicial), que acontece no começo do primeiro e do segundo tempos, assim como após qualquer pontuação – a bola é posicionada na linha de 35 jardas e chutada pelo kicker (chutador) em direção ao campo adversário. Um jogador do time, o retornador, recebe a bola chutada e tenta avançar com ela o máximo que puder, até ser derrubado. As equipes têm direito a pedidos de tempos de dois minutos, durante a partida, para que os seus treinadores possam conversar com os atletas, como explica o Guia do Esporte, veiculado em forma de infográfico pelo ESPN.com, em 2014:

São os timeouts (tempo esgotado), três na primeira metade da partida e mais três na segunda. Há ainda uma parada automática quando faltam dois minutos para o fim da primeira parte do jogo e outra a dois minutos do final do embate: chamamse two-minute warning (aviso de dois minutos) (ESPN, 2014).

Em qualquer momento antes do two-minute warning, um técnico pode jogar para o alto uma bandeira na cor vermelha. Significa dizer que o comandante da equipe está insatisfeito com a marcação da arbitragem e solicita o desafio da jogada anterior por meio das imagens. Isso precisa ser feito antes do snap15 seguinte. Cada treinador pode ter dois desafios por jogo e ganhar um extra, caso esteja certo em ambos, mas ao errar e a jogada ser marcada, seu time perde um timeout; entretanto, se acertar, ele mantém seus pedidos de tempo. Durante o aviso dos dois minutos, não existe desafios, e os juízes decidem se a jogada é revista ou não.

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Todos os times têm em seus elencos alguns jogadores que participam apenas em situações específicas, chamados Special Teams (time de especialistas) (OS ESPECIALISTAS. Disponível em: Acesso em 10 abril 2016). 14 As partidas se iniciam com um chute feito pelo kicker (atleta), com a bola posicionada na marca das 35 jardas do campo defensivo, chamado kickoff (idem, ibidem). 15 Passar a bola para trás por baixo das pernas, é o movimento que o primeiro atleta faz ao tocar na bola no início da jogada.

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As agremiações pontuam de várias formas: touchdown, field goal e safety. O touchdown acontece quando o time consegue chegar (com a bola) na linha de fundo do campo adversário e vale seis pontos, dando direito a tentar uma pontuação extra: um chute por entre as traves, que vale um ponto, ou outra jogada valendo dois pontos. Já o field goal é o chute na bola entre as traves; caso a bola passe entre elas, o time ganha três pontos. Por fim, o safety acontece quando o atleta é derrubado dentro da sua própria área.

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3. COMEÇO DO FUTEBOL AMERICANO NO BRASIL

3.1 O INÍCIO

Jovens e adolescentes começaram a prática do futebol americano no país em meados dos anos 90, ainda de forma adaptada, sem equipamentos de proteção e, por vezes, motivados apenas pelo exercício e pela diversão. O campo de jogo também sofreu muitos ajustes para que a brincadeira pudesse se tornar real. E só a partir do início deste século foi que os amistosos, torneios e campeonatos começaram a ser disputados. Um dos berços do esporte no Brasil é o estado de Santa Catarina, onde existem registros desde 1991 e onde se encontra o primeiro time de futebol americano de grama da nação: o Joinville Panzers, que tem sede na cidade de Joinville. Segundo a página da Liga Catarinense, no Wikipédia16, esse é mais um “outro ponto importante para apontarmos o estado catarinense como um dos fundadores do esporte no país é a Liga Catarinense de Futebol Americano (LCFA), que foi a primeira liga a praticar o esporte no seu piso original: a grama”. Com o passar dos anos e o surgimento de novas equipes no estado, vislumbrou-se entre as diretorias a possibilidade de iniciar em 2004 os moldes do que vem hoje a ser a LCFA. A Liga fundada em 21 de junho de 2009 é a entidade que de fato organiza as competições a nível estadual. Atualmente a liga conta com seis equipes: Timbó Rex, Joinville Gladiators e Corupá Búffalos, formando a divisão norte; além de Camboriú Broqueiros, Criciúma Miners e São José White Sharks Istepôs, que formam a divisão sul. O campeonato já conta com dez edições. O marco histórico se deu em 2009, como explica a página da Liga no Wikipédia: “Todos os cinco times que participarão (sic) tiveram como obrigação, o uso dos equipamentos fullpads17. O campeonato contou com cinco equipes”.

A final da competição é chamada de Catarina Bowl e é o maior evento do esporte no estado durante o ano. Desde 2006 acontece a disputa pelo título de melhor time de futebol americano catarinense, honraria conquistada mais vezes pelo Joinville Panzers, que conquistou os títulos três vezes entre 2006 e 2008 e, já com o novo nome, Joinville Gladiators, ganhou a disputa de 2009 a 2011, somando seis títulos no total.

16 17

Disponível em: Acesso em 11 de abril de 2016. Conjunto de material de proteção: ombreira e capacete.

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3.2 FA NO SUDESTE

Nessa região do Brasil, o Rio de Janeiro é quem tem um grande destaque no esporte. O futebol americano praticado na areia figura na cidade desde 2002 e é considerado como porta de entrada do esporte. O Carioca Bowl, torneio disputado na Cidade Maravilhosa, é disputado nas praias. A competição foi organizada pela Associação de Futebol Americano do Brasil (AFAB) até 2009, mas desde 2010 é gerida pela Federação de Futebol Americano do Estado do Rio de Janeiro (FeFARJ). Rafael Arantes (quem é ele?), na página de esportes do site www.odia.ig.com.br, retrata a paixão pelo carioca pelo FA, principalmente o jogado na areia.

A paisagem estonteante e a tranquilidade do ambiente são ideais para a prática do futebol americano de areia, que tem suas partidas disputadas na enseada. A variante abrasileirada transforma a base da NFL para um estilo mais verde e amarelo. A modalidade é uma das responsáveis por despertar a curiosidade dos cariocas no verão (ARANTES, 2016).

O primeiro campeonato, disputado em 2002, teve a participação dos seis primeiros times do esporte no Estado: Reptiles, Mamutes, Leme Holes, RJ Guardians, Tijuca Night Hawks e o Barra Fire Birds. O formato foi baseado na disputa de todos contra todos, no qual se classificavam apenas os dois melhores para a final. As rodadas dos jogos eram duplas ou até mesmo triplas no mesmo dia, começando às 15h e indo até depois das 22h, pois os jogadores de uma partida tornavam-se árbitros da próxima e vice-versa. A competição já está na sua décima sexta edição. O Botafogo Reptiles é o maior campeão carioca da história: foram sete títulos, entre 2002 e 2008, além de 2011 e 2012.

3.3 CUIABÁ: LUGAR DE ORIGEM

No Mato Grosso, o esporte nasceu na capital Cuiabá, e é onde tem força até os dias atuais. Iniciaram convidando amigos para um bate-bola sem tanta pretensão, mas que foi ganhando corpo e até que, em abril 2006, Orlando Ferreira, um dos precursores da modalidade na região, juntamente com os seus amigos fundaram o Cuiabá Arsenal. Equipe pioneira no Mato Grosso. Após entrevista com Orlando Ferreira Júnior, através de email, no dia 15 de março de 2016, foram obtidos alguns dados para um melhor entendimento a respeito da criação do esporte no Estado. De acordo com Orlando, a prática do esporte teve início em 2002:

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“Retornei de uma viagem aos Estados Unidos, trouxe uma bola e queria jogar. Montei um grupo de amigos, em Cuiabá, pela internet (canal do Yahoo e comunidades no Orkut), entrei em contato com o pessoal que jogava em São Paulo” (FERREIRA, Orlando, 2016). O time do Cuiabá Arsenal possui no cartel dois títulos nacionais: 2010 e 2012. O primeiro jogo do Arsenal foi contra a equipe Tubarões do Cerrado, time da capital brasileira, em junho de 2006, que foi vencido por 30 a 8. A partir disso, a diretoria do Cuiabá organizou o Capital Bowl, que foi um torneio para difundir o esporte na região. De acordo com Orlando, participaram do evento:

Tubarões do Cerrado, Cuiabá Arsenal, Ipanema Tatuís e Federais, essa foi uma equipe formada por atletas de outros estados, apenas para a disputa. O time foi organizado pelo Danilo Muller, que é um dos fundadores do São Paulo Storm e que participou do início do esporte em São Paulo (FERREIRA, Orlando, 2016)

Em setembro de 2007, a AFAB18, que até então organizava o Carioca Bowl, foi para a região pantaneira e fundou o Pantanal Bowl, em Cuiabá. O time do Arsenal conquistou esse primeiro campeonato, assim como o Pantanal Bowl II e outros dois torneios em 2008. Já em 2009, aconteceu o 1º Torneio de Seleções Estaduais, com equipes de seis estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraíba, Santa Catarina e Paraná. Para Orlando (2016), o momento era propício para o aumento do esporte a nível nacional: “Aproveitamos o encontro de dirigentes de vários estados, e deu-se início ao Torneio Touchdown, que foi disputado em 2009 por oito equipes desses estados, menos a Paraíba”.

3.4 RECIFE: O ESPORTE CADA VEZ MAIS PRÓXIMO

O esporte no estado vizinho teve como precursores os irmãos Cisneiros. No ano de 2004, Geraldo Cisneiros, e o seu irmão, Lucas, foi para um intercâmbio no Arizona, Estados Unidos. Lá, o garoto foi jogador de uma escola na cidade de Snowflake. Após sua volta, já no ano seguinte, Geraldo fez o mesmo caminho e ficou por uma temporada na terra do futebol americano. E foi a partir de experiências dentro das quatro linhas, que eles tiveram a ideia de criar um time. Em um bate-papo pelo email, no dia 16 de março do corrente ano, Geraldo Cisneiros, explicou o início do esporte na capital pernambucana, além de contar como era a doutrina, para que todos pudessem entender melhor do esporte: 18

Associação Brasileira de Futebol Americano

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Começamos chamando alguns amigos, ensinando o esporte e conseguimos 15 integrantes. Aos trancos e barrancos, treinávamos no campo de areia no prédio em que morávamos. O time foi batizado de Recife Firebirds, e integrava algumas pessoas que moravam na zona norte do Recife. (CISNEIROS, 2016).

As reuniões de treinos passaram a ser feitas por um grupo na zona norte e, ao mesmo tempo, outras pessoas que moravam em Boa Viagem, bairro da cidade do Recife, formaram outra equipe, com o nome de Boa Viagem North Lions. Os times ainda jogaram por duas vezes nas areias da praia de Boa Viagem. E com os treinos restritos ao final de semana e baseado um livro de jogadas, Lucas ensinava os fundamentos básicos e funções dos atletas em campo e comandos técnicos; era o líder da equipe. Após um ano, alguns atletas resolveram juntar as turmas e fundaram o Recife Mariners, em 19 de dezembro de 2006. O time cresceu e hoje é considerado uma das maiores potências do esporte no Nordeste. O Mariners é o time mais antigo em atividade no estado de Pernambuco. Atualmente, a equipe disputa o Campeonato Brasileiro de Futebol Americano e é o atual vice-campeão da Superliga Nordeste.

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4. NASCE O ESPORTE NA PARAÍBA

Logo no início de 2007, mais precisamente no dia 4 de janeiro, a equipe campeã brasileira, o João Pessoa Espectros foi fundada. Provavelmente ninguém acreditaria que esse time faria sucesso. Foi através das brincadeiras nas areias da praia do Cabo Branco que o sonho começou a se tornar real. Marcos Aurélio, Ricardo Guerra, Hermano Guerra e Rinaldo Mitref fundaram o João Pessoa Espectros. Na época, ainda adolescentes, os rapazes costumavam passar muito tempo na praia. E, num certo dia, quando foram à praia jogar futebol, encontraram outras pessoas brincando de futebol americano. Os primos Hermano e Ricardo não perderam tempo e se arriscaram numa partida. Gostaram. E, mesmo sem saber como é que funcionava tudo aquilo, resolveram experimentar e começaram a buscar mais informações para entender melhor o esporte. Na época, já existia um time na cidade: o Paraíba Ninjas, que tinha no seu elenco o quarterback19 Rodrigo Dantas, atual capitão e armador do ataque do Espectros. Em matéria veiculada no portal www.globoesporte.com/pb, um dos fundadores do time, Hermano Guerra, relata como de fato eles deram início à brincadeira:

Ninguém treinava. Era um bocado de pivete espalhado na areia, jogando a bola para cima. Um dia alguém dividiu os times em defesa e ataque. E foi assim que tudo começou. Entendíamos só a dinâmica do jogo, que era uma bola oval e que podia lançar com a mão. E que a defesa tinha que bater no ataque (GUERRA, 2015).

A brincadeira na praia começou a ganhar corpo. Muitos eram os jovens dispostos a conhecer o esporte. E foi a partir daí que sentiram a necessidade de criar um novo time na cidade e, como os treinos aconteciam sempre no Busto de Tamandaré, na Praia de Tambaú, em João Pessoa, tornou-se fácil para que eles pudessem angariar novos adeptos e, assim, começaram a construir uma nova equipe. O primeiro grande desafio foi a escolha do nome. É Marcos Aurélio, fundador da equipe, quem explica, em entrevista20, como foi feita a escolha: “o nome da equipe precisava ser forte. Como gostávamos de rock e por querer intimidar os adversários, pensamos em algo do tipo: Demônios dos Infernos” (AURÉLIO, 2016). 19

Quarterback: É uma posição do futebol americano. Jogadores de tal posição são membros da equipe ofensiva do time (do qual são líderes) e alinham-se logo atrás da linha central, no meio da linha ofensiva. Sua função é dar o início as jogadas de ataque. 20

Entrevista concedida ao autor da pesquisa, no dia 14 de maio de 2016.

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Claro que o nome não caiu no gosto popular, atraiu o receio de que essa escolha trouxesse uma mancha e a não construção do sonho de se tornar campeão, e, por isso, foi logo alterado. Segundo Marcos Aurélio, a mudança também não foi agradável: “escolhemos chamar o time de Jampa Demons, e claro que isso não daria certo. Passamos pouco tempo com essa nomenclatura”. Ao www.globoesporte.com/pb, em matéria publicada no dia 12 de dezembro de 2015, Hermano tratou de esclarecer o motivo da escolha por João Pessoa Espectros, nome oficial da equipe:

A ideia era regionalizar o nome, já que os outros times tinham sempre um nome em inglês. E queríamos algo em português, que pudesse ter a nossa identidade, sem assustar a sociedade com nomes pesados. O nome foi tirado de um filme que gostamos muito: O Senhor dos Anéis (GUERRA, 2015).

A escolha foi feita. Tudo pronto. Era chegada a hora de começar a colocar em prática os estudos e todos os treinos. O time sempre foi uma espécie de exemplo para os demais grupos no Estado. O Espectros, por ter os atletas mais velhos, sempre dominava os jogos nas praias – onde tudo começou no esporte – e encontrar adversários à altura do time era sempre mais complicado. O estado da Paraíba já chegou a ter 14 equipes. A maioria delas na capital João Pessoa. Em meados de 2010, o time era imbatível, e o retrospecto favorável tornou o time referência para outras equipes. Os fantasmas venciam jogo após jogo com muita facilidade e não temiam nenhum outro concorrente, e foi assim que venceram os dois primeiros campeonatos estaduais disputados nas areias do Busto de Tamandaré, em João Pessoa, nos anos de 2007 e 2008, além do primeiro título nordestino, em 2008.

4.1 VAMOS JOGAR NA GRAMA!

Com a supremacia instaurada em território estadual, a cúpula do Espectros sonhava longe: o desejo era de enfrentar times de outros estados e, para isso, seria preciso migrar e ir jogar no ambiente natural do esporte: a grama. Com a decisão de ir definitivamente praticar o esporte no campo e deixar de vez as origens na praia, os jogadores enfrentavam a relutância dos outros times, como explica Marcos Aurélio, em entrevista ao portal www.globoesporte.com/pb, em matéria veiculada no dia 12 de dezembro de 2015:

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As outras equipes questionavam o fato de não terem equipamentos e por isso o risco de lesão era bem maior, já que a prática do jogo sem os aparelhos adequados poderia trazer sérios problemas físicos (GUERRA, 2015).

O Campo do Onze, no Baixo Roger, bairro de João Pessoa, foi palco do primeiro e último Campeonato Paraibano de Futebol Americano disputado num campo de futebol. O torneio serviu também para que as demais equipes pudessem amadurecer a ideia de jogar em outro piso. Por fim, vitória do Espectros, tricampeão do Estado e que agora buscaria o brilho mais longe. Em 2008, o time viajou até Fortaleza e disputou o Campeonato Nordestino da modalidade. Era o início da vitoriosa história do time paraibano, no que tange a esfera Nordeste. A experiência não foi das melhores. Os atletas tiveram que se hospedar em salas de uma escola pública, como também enfrentar a precariedade do prédio sem infraestrutura adequada de água e iluminação. Marcos Aurélio, Marcão, relata que o experimento ajudou na construção do maior sonho: ser campeão. “Foi desastroso. Tivemos que dormir no chão. Não tinha comida de qualidade e nem muito menos água para as necessidades básicas. O prédio ficava próximo de uma comunidade. Além disso a segurança era muito falha” (AURÉLIO, 2016). Por conta de tudo isso, a equipe se negou a jogar a final, pois não tinha mais condições de ficar naquele espaço. Com a decisão do Espectros, a organização resolveu declarar o time paraibano e o Ceará Cangaceiros, equipe cearense, campeões daquele certame. Já no ano seguinte, em 2009, o time paraibano viajou até o interior paulista para a disputa do Torneio de Seleções Estaduais e, com a base de 15 atletas dos Fantasmas mais alguns jogadores de estados circunvizinhos, o elenco formou a seleção paraibana de futebol americano. A equipe conseguiu a honrosa quinta posição e, em entrevista ao autor do artigo, Marcos Aurélio lembrou do feito e do reflexo dessa conquista:

O que mais queríamos era conquistar o respeito fora do nosso estado e, mesmo com dificuldades maiores do que os times que ali estavam, nos comportamos bem e deixamos uma boa impressão. Voltamos para casa com o sentimento de que poderíamos chegar mais longe (AURÉLIO, 2016).

O título ficou com a seleção de São Paulo, e o primeiro campeonato ficou marcado pela experiência e aprendizado. A AFAB, organizadora da primeira edição do Torneio de Seleções, acreditando num aumento na qualidade da disputa, tanto dentro como fora das quatro linhas, resolveu investir numa segunda edição. E, para o segundo torneio, seis

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seleções disputaram o título: São Paulo, Paraná e Mato Grosso, que compunham o Grupo A; e Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraíba na Chave B. De acordo com o portal Diário NFL21, era difícil cravar um favorito para levantar a taça, mas o desenvolvimento do esporte, principalmente no eixo Sul-Sudeste, empurrava o favoritismo para as equipes daquelas regiões. A grande pergunta à época era o que se podia esperar de uma equipe emergente e que tinha como seu grande aliado a força de vontade. Isso sim era uma grande incógnita. Em matéria alusiva à construção do esporte no Estado, através do João Pessoa Espectros, a jornalista Hévilla Wanderley, em publicação no Globoesporte.com/pb, retrata a evolução do futebol americano na cidade.

O esporte se desenvolveu. Deixou a bagunça para trás. Passou a ter jogo com bons públicos. Chegou às arenas de Copa do Mundo. O Espectros foi na onda. Ficou grande. Em meio a isso, o orgulho de ser nordestino nunca faltou ao time que veste as cores da bandeira paraibana (WANDERLEY, 2015).

A boa campanha, fez com que passasse notoriedade dentro do cenário nacional do futebol americano. E mesmo ainda sem uma quantidade considerável de atletas com equipamentos para disputar uma partida full pad22 – que é o conjunto de aparelhos: sholder pads23 e helmets24 –, a equipe se organizou, os jogadores entenderam a filosofia da comissão técnica e diretoria, e trataram de se equipar para alcançar seus maiores objetivos. Com uma identidade ainda mais massificada, a equipe já tinha o conhecimento por boa parte do Brasil, mas buscava um maior reconhecimento no seu Estado de origem. E logo no ano seguinte conquistou o bicampeonato nordestino. A partir de então, o João Pessoa Espectros trilhou um caminho de glórias, e que faz inveja para muito esporte profissional. Seguindo uma filosofia de trabalho, desde os tempos da areia, o Espectros sempre trabalhou sua identificação atrelada a tarefas sociais, principalmente em escolas, públicas e privadas. O fato de ter o nome da cidade conectado reforça a tese de Marcos Aurélio, “de que é preciso primeiro ser forte em casa, para depois construir e solidificar o nome lá fora” (AURÉLIO, 2016).

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Disponível em: < http://globoesporte.globo.com/pb/> Acesso em 11 abril 2016. Nome dado aos protetores usados pelos jogadores de futebol americano. O conjunto é conhecido como sholder pads e helmets. 23 Equivale as ombreiras usadas pelos jogadores. 24 Capacetes. 22

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Hoje aproximadamente 100 pessoas compõem o corpo humano da equipe campeã brasileira de futebol americano. São pouco mais de 70 atletas, que chegam a treinar até três vezes por semana: terças e quintas-feiras, de 22h a 0h, na praia ou no campo, e todo domingo à tarde, a partir das 14h, no campo do Sest-Senat25, no bairro do Costa e Silva, em João Pessoa. O time ainda conta com uma equipe médica, formada por profissionais de fisioterapia, socorristas e um médico. Finalizando o número de integrantes, a organização ainda conta com diretoria e comissão técnica, assim distribuídas: treinador, que é chamado de coach26 para manter a proximidade com o esporte americano; coordenador de defesa; e coordenador de ataque; como também para o time especial.

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Entidade civil sem fins lucrativos Treinador; instrutor

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5. TREINADORES

O João Pessoa Espectros só veio ter um treinador principal no ano de 2009. O técnico tinha a responsabilidade total de gerir o quadro de jogadores, construir jogadas para as equipes de ataque, defesa e especial, e também orientar os auxiliares. Tratava-se do norte-americano Kevin Graham, que implementou uma filosofia de trabalho pautada na disciplina tática e técnica. O americano ainda treinou a equipe que viajou para Cuiabá e disputou o seu terceiro torneio de seleções estaduais do Brasil. Com a saída de Kevin, em menos de um ano à frente da equipe pessoense, a diretoria percebeu dentro da sua equipe alguém capaz de levar o Espectros ao topo mais alto do esporte. Tratava-se de Brian Guzman, ex-atleta, e que agora assumiria a responsabilidade de técnico, ocupando o maior cargo da comissão técnica do time preto e vermelho. Brian assumiu o João Pessoa Espectros com a missão de aprimorar ainda mais o futebol jogado pelo time nos anos anteriores e com o objetivo claro de manter a supremacia em territórios nordestinos. À frente da equipe, Brian conquistou um bicampeonato do Nordeste, e um até então inédito terceiro lugar no Campeonato Brasileiro, já chancelado pela Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA). E, naquele momento, Brian deixou ser apenas mais um treinador e passou a fazer história nas grandes conquistas da equipe. Ele chegou a ser considerado o melhor treinador do Nordeste. 5.1 O “ATÉ BREVE” DE BRIAN

Em maio de 2013, Brian Guzman foi convidado para participar de um outro projeto mais audacioso: ser o treinador principal do Cuiabá Arsenal, time que acabara de conquistar o título nacional da modalidade, em 2012. Por outro lado, no lugar de Brian, que é reconhecido como um dos melhores do país na função e que desde 2012 faz parte da comissão técnica da seleção brasileira, a diretoria do João Pessoa Espectros apresentou o nome de Marcos Aurélio Crispim, que até aquele momento ocupava a função de assistente técnico, porém tinha participado do projeto do time desde o início. Pois além de já ter sido

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jogador e especialista27, foi fundador da equipe e passou a ocupar o cargo de treinador principal. Em entrevista, via aplicativo gratuito para troca de mensagens, ao autor da obra, o treinador Brian Guzman, que hoje está no México, comentou esse momento na sua carreira: “A saída para a equipe do Mato Grosso serviu também para adquirir experiência no esporte e foi importante para que eu pudesse melhorar. Pois eu tinha a certeza que o Espectros ficaria bem, pois o elenco sempre foi muito forte”. 5.2 A ERA “MARCÃO”

Um dos pilares na construção da equipe, Marcos Aurélio Crispim, ou apenas Marcão (como é conhecido), assumiu o Espectros com a responsabilidade de alcançar mais um degrau: chegar à finalíssima do Campeonato Brasileiro. A primeira medida do novo treinador foi manter a base de jogadores e aperfeiçoar os atletas, dentro de uma filosofia empreitada pelo ex-comandante Brian. Dono de um cartel admirável, Marcão já conquistou oito títulos com a camisa do Espectros, sendo dois desses como técnico principal da equipe. Um verdadeiro multicampeão. Marcão foi um dos responsáveis por manter o Espectros no topo, sobretudo na Superliga Nordeste: bicampeonato conseguido em 2013 e 2014, títulos que mantiveram os fantasmas como soberanos na região. Numa matéria publicada pelo www.globoesporte.com/pb, do repórter Cadu Vieira, no dia 13 de janeiro de 2015, Marcão afirmou que “foram momentos de muitas alegrias e sucesso dentro do Espectros”. Mas ponderava a sua saída: “Difícil achar uma palavra que melhor descrevesse tudo o que aconteceu durante os oitos anos em que estive no Espectros” (AURÉLIO, 2015). Um ano após deixar os gramados, nos quais já havia conquistado cinco títulos, sendo tricampeão paraibano e bicampeão nordestino como cornerback28, Marcos foi coordenador das equipes especiais e ajudou o time a se tornar campeão nordestino pela terceira vez.

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Seriam o kicker (que faz o field goal e kickoff), o punter, que faz o chute de devolução normalmente na quarta descida ou quando o time de ataque sofre um “safety” (quando o jogador ofensivo com a bola é derrubado na sua própria End Zone). 28 São responsáveis por cobrir a defesa do time contra jogo aéreo, tanto quanto pelas corridas da equipe adversária. Fazem tackles e podem atacar o quarterback do oponente junto com outros membros da defesa.

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Mesmo com tudo isso, Marcão parou em duas finais seguidas. A primeira em 2013, para o Coritiba Crocodiles, após vencer o São Paulo Storm, na Arena da Graça, em João Pessoa, e a outra já no ano seguinte, quando o Espectros foi até Curitiba e tentou a revanche. Numa partida emocionante, decidida apenas na prorrogação, a equipe paranaense alcançou o bicampeonato brasileiro sobre o Espectros, por 23 a 17. E foi assim que chegou ao fim a era Marcão à frente do Espectros. Talvez tenha faltado o título tão esperado, mas Marcos Aurélio ajudou substancialmente a deixar o Espectros no seleto grupo de campeões no Brasil.

5.3 RETORNO PARA O TÍTULO

Após dois anos longe do time paraibano, Brian Guzman voltou ao Espectros no início de 2015, para comandar os jogadores naquela que seria a melhor temporada da história do time. Carioca radicado na Paraíba, Brian foi contratado pela Universidad de Las Americas de Puebla (UDLAP), e atua como assistente no Aztecas, do México. Ainda acumula a função de coordenador de ataque da Seleção Brasileira de Futebol Americano, na qual tem vínculo até 2019, pós-Copa do Mundo. No Espectros, Brian começou como atleta, atuando de wide receiver29 e foi coordenador do time ofensivo, mesmo antes de ser o treinador principal da equipe, entre 2011 e 2013, na sua primeira passagem. Foi campeão nordestino em 2011 e 2012 e tem o feito de ter sido o treinador da equipe no primeiro Campeonato Brasileiro da sua história, em 2012. O time chegou à semifinal e perdeu para o Cuiabá Arsenal por 21 a 20, no Estádio do Dutrinha, em Cuiabá. Em entrevista30, Brian sintetizou o seu retorno com um único objetivo: ser campeão nacional. Era o momento de completar o que havia começado dois anos antes.

Ter assistido o time chegar a duas semifinais sem participar foi uma das coisas que me motivou a voltar. Eu sabia que faltava pouca coisa para chegar lá (no título) e eu sabia que podia colaborar de alguma forma, como sabia que iria encontrar um time faminto por conquista (GUZMAN, 2016).

Para o coach, era a hora de resolver os negócios inacabados, lema que seguiu a equipe durante toda a temporada. E foi realmente triunfante. Na sua volta ao time 29

Jogador da equipe de ataque. Responsável por receber passes curtos ou bolas em profundidades das mãos do armador da equipe. 30 Entrevista concedida ao autor do artigo, no dia 18 de maio de 2016.

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paraibano, Brian conseguiu manter a hegemonia do Espectros no Nordeste. Mas dessa vez não foi tão fácil. A equipe passou de fase como a terceira colocada no geral, algo jamais visto no âmbito regional. Foram duas derrotas para o principal concorrente ao título, o Recife Mariners. E quis o destino que Espectros e Mariners se encontrassem mais uma vez, agora pela final da Superliga Nordeste. Após o time paraibano vencer os Caçadores, melhor colocado da Divisão Norte, na casa do adversário, por 23 a 6, e o Mariners despachar o Recife Pirates por 27 a 6, o duelo foi marcado mais uma vez para a Arena Pernambuco. E lá, com um chute salvador de Diego Aranha a 24 segundos do fim da partida, Brian viu seu primeiro objetivo completo. Espectros 16 a 14, hexacampeão nordestino de futebol americano. O Espectros, que nunca perdeu um título sequer da Superliga Nordeste, se viu embalado para mais uma conquista; essa, porém, inédita e contra um adversário “osso duro”, que já havia ganho do time paraibano nos dois anos anteriores, 2013 e 2014, justamente na final do Campeonato Brasileiro. E, como não podia ser diferente, foi novamente no sufoco. No fim da partida. Com o cronômetro zerado, o João Pessoa Espectros pôde, enfim, conquistar o Brasil, e Brian garantiu de vez o título que faltava para a galeria do time. E ainda em campo, em entrevista ao Globo Esporte da TV Cabo Branco, emissora da Rede Paraíba de Comunicação, logo após o fim da partida, Brian Guzman escolheu o caráter dos atletas como o principal combustível para a conquista do título:

Essa é a prova do caráter que esses caras têm, dentro e fora do campo, e o resultado é esse. O título veio na hora e no momento certos, e junto com um Almeidão lotado, a gente mostrando que o futebol americano pode crescer na Paraíba, trazendo essa taça (GUZMAN, Brian – matéria veiculada pelo Globo Esporte Paraíba, no dia 14 de dezembro de 2015, na TV Cabo Branco).

O retorno não poderia ter sido mais perfeito, e Brian, agora distante, no México, acredita num futuro de muitas conquistas para o time do João Pessoa Espectros: “Esse time está pronto para o futuro, e tenho certeza que seguindo essa filosofia ainda vai dar muitas alegrias para o torcedor fantasma” (GUZMAN, Brian, 2016).

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6. AS CONQUISTAS • 2007 – Campeão Paraibano (PB Bowl) • 2008 – Bicampeão Paraibano (PB Bowl) / Campeão Nordestino (NE Bowl) • 2009 – Tricampeão Paraibano (PB Bowl) / 5º Lugar no Torneio Brasileiro de Seleções (Paraíba), em Sorocaba-SP • 2010 – 4º Lugar no Torneiro Brasileiro de Seleções (Paraíba), em Curitiba • 2011 – Bicampeão Nordestino (Linefa) • 2012 – Tricampeão Nordestino (Linefa) / 3º Lugar Brasileiro (CBFA) • 2013 – Tetracampeão Nordestino (Linefa) / Vice Brasileiro (CBFA) • 2014 – Pentacampeão Nordestino (Linefa) / Vice Brasileiro (CBFA) • 2015 – Hexacampeão Nordestino / Campeão Brasileiro

6.1 PRIMEIRO TÍTULO

Já no ano de fundação, o João Pessoa Espectros disputou o Campeonato Paraibano de Futebol Americano. O torneio – que foi disputado nas areias do Busto de Tamandaré, entre as praias de Tambaú e Cabo Branco, em João Pessoa – ocorreu durante todo o mês de setembro de 2007. E o time de preto fez sua estreia no dia 9 de setembro, contra o João Pessoa Warriors, vencendo por 19 a 8. A segunda partida marcou a única derrota do time jogando nas areias; o Espectros perdeu para o Jampa Kings por 6 a 0. Na semifinal da competição, o time enfrentou o Jampa Tribos e venceu por 6 a 0. Na final, enfrentou a equipe do Jampa Kings e venceu por 9 a 3 (lista dos jogos do I Campeonato Paraibano de Futebol Americano, em anexo A). Participaram as equipes Borborema Troopers, Jampa Kings, Jampa Tribos, João Pessoa Espectros, João Pessoa Warriors e Paraíba Ninjas.

6.2 BI DO ESTADO, ADEUS ÀS PRAIAS E ESTREIA NA GRAMA

Em 2008, o time foi até Fortaleza e disputou o primeiro Campeonato Nordestino de Futebol Americano, o NE BOWL. Além do Espectros, outra equipe da terra também entrou na disputa e foi batizada de Aliança, pois era composto por jogadores de diversas outras equipes existentes no Estado. Ao final, o Espectros sagrou-se campeão. Foi o primeiro título fora do estado paraibano e teve que ser dividido com a equipe do Ceará Caçadores, já

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que a final não foi disputada, pois as condições de infraestrutura eram muito precárias. E foi isso o motivo de os paraibanos não ficarem na cidade para a disputa da finalíssima do torneio. Em matéria publicada no portal www.globoesporte.com/pb, Ricardo Guerra, um dos fundadores da equipe, explicou os problemas que o grupo teve que passar por lá:

O organizador nos prometeu um alojamento, mas ao chegarmos lá nos deparamos com uma escola pública, prédio precário, dentro de um favela em Fortaleza. Dormíamos no chão, o sanitário não funcionava, não tinha como tomar banho, nem fazer nada. E a comida também era horrível (GUERRA, 2015).

O Campeonato foi disputado por seis equipes: Natal Scorpions, Ceará Cangaceiros e Paraíba Aliança, que formavam o grupo A, e Dragões do Mar, Ponta Negra Bulls e João Pessoa Espectros, que estavam no Grupo B (rodadas e resultado geral da competição em anexo B). A segunda edição do Campeonato Paraibano, nas areias do Busto de Tamandaré, teve o acréscimo de mais três equipes: Fly’n Rocks, João Pessoa Raptors e o João Pessoa Wardogs; já o Borborema Troopers não participou do certame. O Espectros não tomou conhecimento dos seus adversários e conquistou o título com larga vantagem sobre os demais, sem perder nenhuma partida. O campeonato ocorreu entre os meses de agosto e novembro, e o campeão fez a sua estreia na primeira semana de disputa, contra o Kings, e venceu por 12 a 7. Ainda na disputa dentro do seu grupo, o Espectros enfrentou o Raptors e o Tribos, vencendo-os por 38 a 0 e 36 a 8 respectivamente. Na semifinal, o time venceu o Warriors por 21 a 2, e na grande final bateu novamente o Kings por 22 a 13. Participaram do II PB Bowl Fly’n Rocks, Jampa Kings, Jampa Tribos, João Pessoa Espectros, João Pessoa Raptors, João Pessoa WarDogs, João Pessoa Warriors e Paraíba Ninjas (rodadas e resultados do João Pessoa Espectros em anexo C).

6.3 DISPUTA ESTADUAL NA GRAMA

No ano de 2009, o Espectros formou a base da seleção paraibana que viajou até o interior de São Paulo, em Sorocaba, para disputar o I Torneio Nacional de Seleções Estaduais de Futebol Americano do Brasil31. O torneio aconteceu em abril, entre os dias 18 e 20, e foi disputado num sistema de hexagonal, onde cada equipe enfretava outra três 31

Foi um campeonato que serviu para uma maior interação entre os praticantes de futebol americano do Brasil, como também teve uma proposta de popularizar o esporte no restante do país.

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apenas. A Paraíba terminou a competição na quinta posição, e o torneio teve a participação das seleções de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Paraiba, Mato Grosso e Santa Catarina. Ainda no mesmo ano, a equipe fantasma disputou o título estadual e a terceira edição do Campeonato Paraibano de Futebol Americano, que contou com a participação de sete equipes, incluindo o Recife Mariners, que foi convidado porque ainda não havia torneio em disputa no estado de Pernambuco. Esses foram os times que participaram: Borboremas Troopers, Campina Titans, João Pessoa Bolts, João Pessoa Espectros, Paraiba Búfalos, Paraiba Hurricanes e Recife Mariners. Os jogos foram realizados no Campo do Onze Futebol Clube, no Roger, em João Pessoa. Foi o primeiro campeonato jogado em gramado na Paraiba, e foi dividido em duas fases, sendo a primeira por pontos corridos, onde todas as equipes se enfrentaram e as duas melhores campanhas disputariam o PB Bowl, a grande final do torneio (em anexo D, os jogos, classificação e resultados da participação do João Pessoa Espectros no III Campeonato Paraibano de Futebol Americano).

6.4 VOLTANDO AO TORNEIO DE SELEÇÕES

A partir de 2010, foi que a Paraíba definitivamente ficou apenas representada pelo João Pessoa Espectros e, na escassez da competição estadual, do mesmo modo que a regional, o time mais uma vez se preparou e viajou para Curitiba a fim de disputar o II Torneio de Seleções Estaduais de Futebol Americano do Brasil. Com a mesma quantidade de participantes do ano anterior, e as mesmas seleções estaduais 32 que já haviam disputado a primeira edição, o torneio aconteceu no primeiro final de semana de abril, entre os dias 2 e 4. Os meninos da Paraíba ficaram com a honrosa quarta posição no torneio.

6.5 INÍCIO DA LIGA NORDESTINA

A Liga Nordestina de Futebol Americano (Linefa) foi fundada em 2011 por sete equipes da região, e tinha como finalidade organizar o campeonato regional da modalidade. A primeira temporada da liga teve a participação de quatro estados, separados em divisões: a divisão Norte33 foi composta com os times do Ceará e do Rio Grande do Norte; a divisão

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Paraíba, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Santa Catarina Divisão Norte: Ceará Cangaceiros, Dragões do Mar, Natal Scorpions e o Bulls Potiguares

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Sul34 tinha as equipes de Pernambuco e o João Pessoa Espectros, representando o estado paraibano. O regulamento tinha algumas particularidades. Devido ao fato de ter uma quantidade ímpar de times, o calendário da Liga programava que na divisão Sul, os três times fariam jogos de ida e volta. Já na divisão Norte os quatro times jogaram entre si e mais um jogo definido por sorteio. O campeão de uma divisão enfrentaria o segundo colocado da outra na fase de semifinal, e os vencedores realizariam a final. Na Temporada Regular35, o Espectros mostrou a sua força no cenário do futebol americano. A equipe venceu todas as partidas que disputou. Nos playoffs36 venceu o Dragões do Mar e na final bateu o Mariners. E foi também a partir desta primeira edição que Espectros e Mariners iniciaram uma grande rivalidade, existente até os dias de hoje (em anexo E, a campanha do João Pessoa Espectros, na Liga Nordestina de Futebol Americano). Essa foi a segunda conquista do João Pessoa Espectros na esfera regional e, mesmo com o bicampeonato até então, o time sempre se destacou por querer sempre mais. A equipe encerrou a competição com 183 pontos feitos e apenas 17 pontos sofridos, um saldo de 166 pontos. Nascia ali o maior ganhador de títulos do Nordeste no futebol americano.

6.6 ESTREIA NACIONAL

O ano de 2012 foi marcado por alterações no futebol americano brasileiro: o campeão da fase Nordeste disputaria o título de campeão brasileiro numa outra fase – etapa nacional – da competição. É que o campeonato da Liga Nordestina de Futebol Americano (Linefa) foi incluído como conferência do Campeonato Brasileiro, chancelado pela Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA). A Liga Nordestina reuniu dez times, divididos em três grupos, como mostra a tabela:

34

Divisão Sul: João Pessoa Espectros, Recife Mariners e Recife Pirates A primeira fase de uma competição de futebol americano é denominada como temporada regular 36 Fase eliminatória da competição 35

36

Tabela 01 – Lista dos Grupos da Liga

LIGA NORDESTINA DE FUTEBOL AMERICANO

GRUPO NORTE GRUPO CENTRO

GRUPO SUL

América Bulls

Recife Pirates

Maceió Marechais

Nata Scorpions

Recife Mariners

Sergipe Bravos

Dragões do Mar

João Pessoa Espectros

Salvador All Saints

Estácio de Sá Cangaceiros Fonte: Elaboração do autor

Outra mudança no Espectros aconteceu bem antes de o ano começar: a parceria entre o time de futebol americano João Pessoa Espectros e o time de futebol, o soccer, Botafogo Futebol Clube foi selada. Com o acordo feito, a equipe de futebol americano passou a realizar os seus treinos no Centro de Treinamento do Botafogo, a Maravilha do Contorno, já que o time comandado por Brian treinava no campo do Ministério da Agricultura, na BR-230, próximo ao viaduto do Forrock, casa de show em João Pessoa. Além disso, a equipe passou a ser chamada de Botafogo Espectros, e o símbolo do time de futebol passou a ser usado na camisa do Fantasma. A duração inicial do contrato era de dois anos, a partir de março de 2012. Tal iniciativa refletia a crescente popularização do esporte e em organizar para o todo país um projeto de formação do Futebol Americano Nordestino, diante de sua visibilidade e troca de experiências na área. O campeonato ganhou novos adeptos e bateu o recorde de equipes participantes: foram 34 times, de 25 cidades, 15 estados e quatro regiões do Brasil. Era o início do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano. Com isso, o Botafogo Espectros enfrentou o Recife Mariners e o Recife Pirates duas vezes, na primeira fase da competição. E, com quatro vitórias, a equipe passou para a semifinal da Liga, onde pleiteou uma vaga na finalíssima nordestina contra os cearenses do Dragões do Mar. A partida marcou a despedida do time em jogos realizados como mandante na temporada, já que a final foi diante do América Bulls, forte time do Rio Grande Norte, o jogo que aconteceu na capital potiguar, como mostra a tabela e participação do time (anexo F).

37

Com a hegemonia consolidada no nordeste, a equipe teve a chance de participar pela primeira vez do Campeonato Brasileiro. A semifinal do Brasileiro da modalidade foi o jogo mais importante da história do time até aquele momento. Nunca um time nordestino havia chegado tão longe. Espectros enfrentou o Cuiabá Arsenal, e ambos venceram todos os jogos que disputaram até aquele momento da competição. 6.6.1 – Primeira Derrota na Grama

Atual tricampeão nordestino e há quase cincos anos sem saber o que era derrota, o Botafogo Espectros participou do Campeonato Brasileiro pela primeira vez na sua história. E foi logo na estreia, após se colocar entre os quatro melhores times de futebol americano do país – Botafogo Espectros, Cuiabá Arsenal, Coritiba Crocodiles e Fluminense Imperators – que o time paraibano amargou sua primeira derrota jogando no campo e atuando com todas as proteções. A partida aconteceu no Estádio Eurico Gaspar Dutra, em Cuiabá, no dia 10 de novembro de 2012. O jogo foi bastante disputado do início ao fim, e o que realmente fez a diferença foi que o time da casa soube aproveitar as oportunidades que teve durante a partida e manteve uma defesa sólida, principalmente na parte final do jogo. Mas, mesmo com tudo isso, o Botafogo Espectros não foi uma presa fácil para a equipe mato-grossense, que venceu pelo placar de 21 a 20. O Espectros perdeu a invencibilidade, todavia não foi para qualquer time, pois a equipe do Arsenal é uma das mais tradicionais do futebol americano no Brasil.

6.7 ESPECTROS CHEGA À FINAL BRASILEIRA Segundo Felipe Jardim37, que era diretor e atleta em 2012, a parceria com o Botafogo Futebol Clube se encerrou logo ao final da temporada. Sendo assim, o Espectros voltou a ser chamado de João Pessoa Espectros. Logo no início do ano, o Espectros realizou mais uma seletiva para o ingresso de novos atletas no elenco; é o chamado try out38. Outra mudança para a temporada 2013 foi a saída do treinador Brian Guzman, que recebeu um convite do Cuiabá Arsenal, equipe para a qual o Espectros perdeu nas semifinais do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano de 37 38

Entrevista concedida ao autor da pesquisa no dia 13 de março de 2016. Teste físico e prático para avaliação do atleta.

38

2012. Com a saída do comandante, a diretoria do João Pessoa Espectros promoveu Marcos Aurélio, coordenador de times especiais. Para a disputa da Liga Nordeste do Campeonato Brasileiro de 2013, três novas equipes ingressaram no torneio: Treze Roosters, de Campina Grande, Mossoró Petroleiros, equipe sertaneja do Rio Grande do Norte, e Confiança Imortais de Aracaju. Com isso, o título da Conferência Nordeste seria disputado por 14 equipes, distribuídas em dois grupos assim: Tabela 02 – Disputa do Título Nordestino de 2013

LIGA NORDESTINA DE FUTEBOL AMERICANO GRUPO NORTE

GRUPO SUL

João Pessoa Espectros

América Bulls

Dragões do Mar

Recife Mariners

Ceará Cangaceiros

Recife Pirates

Ceará Fênix

Sergipe Bravos

Natal Scorpions

Maceió Marechais

Treze Roosters

Salvador Kings

Mossoró Petroleiros

Confiança Importais

Fonte: Elaboração do autor

A dificuldade em conseguir um campo para mandar os seus jogos aumentou ainda mais no início da temporada de 2013. O time começou a disputa da Conferência Nordeste mandando suas partidas no Estádio Leonardo da Silveira, a Graça, mas precisou alterar o local e disputou as demais partidas da temporada regular no Estádio Lourival Caetano, em Bayeux. E após muita negociação e cobrança por parte do time, a Graça foi liberada para a fase final da liga, como também para as semifinais do Campeonato Brasileiro, porém após negarem o centro esportivo mais uma vez ao Espectros, a final foi disputada no Estádio Teixeirão, em Santa Rita. O Espectros travou uma briga com a Prefeitura Municipal de João Pessoa, que havia liberado o estádio no começo da competição, mas que depois se negou a ajudar o time de futebol americano. À época, a diretoria do time emitiu uma carta aberta ao prefeito de João Pessoa, solicitando que mantivesse o estádio liberado para as partidas do futebol americano,

39

pois, segundo a diretoria do João Pessoa Espectros, não haveria mais jogos oficiais de futebol naquela praça até o fim da temporada. A carta foi exposta na página oficial do time, www.facebook.com/jpespectros, no site de relacionamentos Facebook (anexo G). Além da prefeitura negar a Graça, o Governo do Estado também negou a solicitação para que o Espectros disputasse suas partidas no Estádio Almeidão, em João Pessoa, e que pertence ao poder público estadual. Alheia a tudo isso, a temporada começou no dia 7 de junho, com o Espectros viajando até a cidade de Lagoa Seca, região metropolitana de Campina Grande, para enfrentar o Treze Roosters, estreante na fase regional do Campeonato Brasileiro. Mais uma fácil vitória no currículo do time. Ainda na fase de grupos, o time paraibano enfrentou o Natal Scorpions, em João Pessoa, Dragões do Mar, no Ceará. A partida contra o Ceará Cangaceiros não aconteceu porque o time cearense não viajou a João Pessoa e, com isso, os paraibanos venceram por W.O39. A equipe também viajou para Fortaleza, onde enfrentou o Ceará Fênix, e encerrou sua participação na fase de grupos da competição com mais uma vitória, agora contra o Mossoró Petroleiros, encerrando a temporada regular com seis vitórias e um total de 400 pontos de saldo, se tornando o time com maior pontuação na temporada entre todos os participantes do Brasileiro (confira os jogos e tabela de classificação da Liga Nordestina e Fase Final de 2013, em anexo H). Na fase final, a equipe paraibana teve pela frente o Ceará Cangaceiros, em jogo válido pelas semifinais da Liga Nordestina e oitavas do Campeonato Brasileiro. Já na final da liga, que era equivalente às quartas do Brasileiro da modalidade, o confronto foi contra o América Bulls; mais duas vitórias do time de João Pessoa. Após mais uma conquista nordestina, a quarta na história, a terceira seguida, e a boa campanha na primeira fase do Campeonato Brasileiro, o Espectros conquistou o direito de disputar a semifinal do Brasileiro sob os seus domínios. O confronto era contra o São Paulo Storm, que na época era comandado pelo treinador da Seleção Brasileira de Futebol Americano, Dan Muller. Muitas reuniões depois, enfim, a diretoria da equipe conseguiu o Estádio da Graça para ser palco do jogo mais importante naquele ano para o João Pessoa Espectros. A partida foi marcada para o dia 24 de novembro, e a equipe contaria com Rinaldo Mitref40.

39 40

É a atribuição de uma vitória a uma equipe ou competidor quando a equipe adversária está impossibilitada de competir. Um dos fundadores da equipe.

40

Logo depois de passar por duas cirurgias, sendo uma no joelho e outra no ombro, o atleta ficou quase um ano e meio sem poder atuar como quarterback, e só havia jogado na posição, em julho de 2012, contra o Recife Pirates, também pelo Brasileiro. E mesmo com todos os problemas, Rinaldo não parou e começou a competição nacional atuando com tight end41 e fullback42 – posições que requerem um pouco mais de força e velocidade. E, com uma atuação de gala de Rinaldo, o João Pessoa Espectros venceu o São Paulo Storm, por 33 a 30, e sagrou-se finalista do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano, pela primeira vez na sua história. Além da vaga na final, o time ganhou o direito de decidir jogando também a final do Brasileiro em “casa”. O adversário seria o Coritiba Crocodiles, e a partida aconteceu no Estádio Teixeirão, em Santa Rita. Em entrevista para o portal do Globo Esporte Paraíba, Rinaldo Mitref, visivelmente emocionado, declarou ao final da partida o desejo de conquistar o Brasil naquele ano, como fez questão de agradecer a cada familiar dos atletas do Espectros:

Voltei com tudo. Vencemos o Storm, e vamos para cima do Coritiba Crocodiles na final do Brasileiro para conquistarmos o título e seremos campeões. Colhemos os frutos de todo o nosso esforço. A torcida foi sensacional, espetacular, vivemos esse esporte 24 horas por dia e nossa família está sempre nos ajudando em tudo. Agradeço a cada familiar de cada espectro (MITREF, 2013).

Na correria para conseguir um local onde pudesse realizar a partida, e assim não perder o direito de jogar na Paraíba, o Espectros conseguiu o Estádio Teixeirão, em Santa Rita, para realizar a partida.

6.7.1 Disputa da Final Brasileira

O João Pessoa tinha a chance de fazer história ao se tornar a primeira equipe nordestina a conquistar o título do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano, em 2013. Na decisão, mais uma pedreira. O Coritiba Crocodiles chegava à final pela quarta vez consecutiva. Havia perdido as três anteriores, mas até ali também estava invicto. O problema do Espectros dessa vez era o local da partida. Sem poder jogar na Graça, que passava por reformas, o time mandou o jogo no Estádio Teixeirão, em Santa Rita, na

41

É uma posição do fa de ataque. O Tight End às vezes é o último homem na linha ofensiva, m as o seu biótipo e sua função em campo são bem diferentes de um jogador da Linha Ofensiva. 42

É uma posição ofensiva. Tradicionalmente, os deveres de um fullback é dividido entre correr com a bola e bloquear para o quarterback em jogadas de passe ou para o running back em jogadas de corrida.

41

Região Metropolitana de João Pessoa. O confronto foi marcado para 14 de dezembro de 2013. O Espectros chegava à final referendado por uma bela campanha na temporada regular e na fase dos playoffs. Em nove jogos disputados até aquele momento, o time havia vencido todos. Além do mais, ostentava um ataque poderoso, que havia marcado 498 pontos, tendo uma incrível média de 55,3 pontos por jogo. A defesa não ficava atrás. O sistema defensivo do Espectros sofreu apenas 64 pontos em todas as partidas. Mas não foi dessa vez que a Paraíba garantiu o título brasileiro do futebol americano para o Estado. A final foi um verdadeiro espetáculo. Antes mesmo de a bola oval voar, a torcida, que lotou as dependências do Teixeirão – aproximadamente 2.500 pessoas – fez a festa nas arquibancadas. Torceu e vibrou sem parar um só instante. Era a grande final. O Teixeirão se vestiu de vermelho e preto para acompanhar o dia que prometia ser histórico. Mas os paranaenses começaram a partida de forma arrasadora. Ainda no primeiro tempo do jogo, o Crocodiles abriu 16 a 0. Antes do fim da primeira etapa, Rinaldo saiu machucado do jogo, sentido o joelho. O Croco não tomou conhecimento do Espectros e se manteve durante todo o tempo à frente no placar, e, de forma impecável, venceu os donos da casa por 23 a 14.

6.8 HEGEMONIA DO NORDESTE

O sétimo ano do João Pessoa Espectros começou e com ele a missão de se manter no topo do Nordeste e voltar a disputar a final do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano. Em 2014, o time já era referência no esporte: quatro títulos nordestinos e um vice-campeonato brasileiro eram as suas maiores marcas. E os trabalhos começaram já na parte administrativa, com Gustavo Sousa43, o Guto, assumindo o mandato de presidente do time. Guto se manteve à frente da equipe até o fim de 2015. Em entrevista ao portal do Globo Esporte Paraíba, Gustavo, no final de 2014, exemplificou o motivo para o sucesso do grupo: “Um dos motivos para o Espectros ser a força que é hoje foi o fato de ter sido o primeiro time a migrar das areias para os campos. Com isso, os atletas se juntaram aos fantasmas e fizeram com que a equipe ficasse cada vez mais forte” (SOUSA, 2014).

43

Faz parte da diretoria da Associação (Diretor de Basquete)

42

Dentro de campo, o time seguiu vitorioso, mas conheceu sua primeira derrota no Nordeste, para o rival Recife Mariners, adversário da final e que já o havia vencido em 2011. A liga apresentou uma nova fórmula de disputa. Os seis primeiros classificados da temporada anterior estariam automaticamente na fase principal da Liga, que passou a se chamar Superliga Nordeste. Enquanto isso, outros nove clubes disputariam uma primeira fase, que daria mais quatro vagas na segunda etapa. Era uma fórmula para deixar a disputa mais dinâmica e competitiva. Com isso, João Pessoa Espectros, América Bulls, Recife Mariners, Recife Pirates, Ceará Caçadores e Ceará Fênix eram os nomes dos times já classificados. Após a primeira fase, o João Pessoa Espectros foi confirmado como o único representante paraibano no Campeonato Brasileiro para a temporada. O Tropa Campina, ex-Treze Roosters, foi eliminado na primeira fase da Superliga. Nessa fase, o Espectros ficou no Grupo Sul da Conferência Nordeste, ao lado do Mariners, Pirates, Sergipe Bravos e Vitória All Saints. Além de enfrentar todos os times do seu grupo, o Espectros jogou contra dois outros do Grupo Norte, o América Bulls e o Mossoró Petroleiros. No Grupo Norte, ainda estavam Ceará Caçadores, Ceará Fênix e Natal Scorpions. Dias antes do início da Superliga Nordeste, o Espectros fechou parceria com a Prefeitura Municipal de Santa Rita, e passou a mandar os seus jogos no Estádio Teixeirão. Foi lá, no palco da final do Brasileiro de 2013, que os atuais vice-campeões do Brasil estrearam. O Espectros recebeu a equipe do Pirates e venceu com folga. Já na segunda partida, a primeira grande viagem da temporada, para o Ceará. O time foi até Fortaleza e bateu sem dó os donos da casa, o Ceará Fênix. Já na rodada seguinte, foi a vez do encontro com um adversário duro, com quem o Espectros disputou o título da Liga Nordestina no ano anterior, o América Bulls. Depois, duas vitórias sobre o time de Sergipe, o Sergipe Bravos. E foi na última rodada que os paraibanos conheceram a sua primeira derrota para um time nordestino no futebol americano. A derrota para o rival do Recife resultou na segunda colocação do grupo e, com isso, o time perdeu o direito de decidir em casa a vaga para a final da competição. A equipe enfrentaria o Ceará Caçadores, pela semifinal da disputa, em Fortaleza (jogos dos fantasmas na temporada regular, em anexo I). Para mostrar que o time estava mais vivo do que nunca na briga pelo tetracampeonato da Superliga Nordeste de Futebol Americano, a equipe se recuperou da derrota para o Mariners, na fase de grupos, e venceu o Ceará Caçadores por 24 a 18, e se garantiu na quarta decisão seguida.

43

6.8.1 Título em Estádio de Copa

A disputa pelo título de melhor time do Nordeste seria disputado mais uma vez entre Espectros e Mariners, só que agora com um aperitivo diferente: a partida foi realizada na Arena Pernambuco, estádio de Copa do Mundo de Futebol. Um feito histórico para o esporte no país. Era a certeza de que o futebol americano estava ganhando espaço no Brasil e, com essa disputa num estádio de futebol, a partida acabou sendo uma revanche para o Espectros – que havia perdido apenas uma vez na competição, justamente para o Mariners, por 24 a 7. No entanto, a final foi diferente. Melhor em campo durante a partida inteira, o Espectros comprovou que tinha entendido o jogo do Mariners e, para um público superior a 7 mil espectadores, um recorde no Nordeste, os Fantasmas foram superiores e mantiveram a supremacia nordestina. Final de jogo: 38 a 12 para o Espectros. Com mais uma conquista da Superliga Nordeste, o Espectros reforçou o seu domínio na região. E, com a vitória, o time paraibano ganhou o direito de disputar mais uma final brasileira, dessa vez em Curitiba, e contra o algoz do ano anterior, o Crocodiles.

6.8.2 A História se Repete

Um ano após a final no Teixeirão, onde o Espectros perdeu para o Coritiba Crocodiles a final do Campeonato Brasileiro, o time mais uma vez bateu na trave contra o mesmo adversário. Agora, a superação foi dos atletas do time paranaense. Dessa vez, o time paraibano chegou próximo do título, bem perto de dar o troco, mas o Croco – que havia batido na trave em anos anteriores, com três vice-campeonatos seguidos – foi mais forte e batalhou até o fim, conquistando a partida na prorrogação por 23 a 14. A única certeza do Espectros é de ter feito uma excelente campanha na temporada. Foram nove partidas e apenas duas derrotas, e o título da Superliga Nordeste, o quinto na sua história, estava garantido. Mais uma vez não foi o momento, a hora, do Espectros.

6.9 O ANO DO ESPECTROS

Apesar dos resultados favoráveis nos anos anteriores a nível nacional e o pentacampeonato do Nordeste, alcançado em 2014, a equipe do João Pessoa Espectros

44

iniciou o ano em busca de um velho conhecido dos atletas, da direção e do torcedor Fantasma. Tratava-se do ex-treinador Brian Guzman, que retornou à equipe após passagem, entre 2013 e 2015, pelo Cuiabá Arsenal. A manutenção dos atletas veteranos e o retorno de Brian, ainda em janeiro, já davam o ritmo de que o time precisava para brigar pela taça nacional. Em entrevista ao portal do Globo Esporte Paraíba, no dia 22 de janeiro de 2015, Brian resumiu seu retorno como uma chance real de conquistar o título do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano: “É um retorno para casa. Para mim, é a oportunidade de fechar um ciclo e dar à melhor torcida do Brasil o título que ela tanto merece” (GUZMAN, 2015). Outro ponto positivo na temporada foi a parceria fechada com o Governo do Estado, que liberou a maior praça esportiva da Paraíba, o Estádio Almeidão, para as partidas do time de futebol americano. Com isso, o Espectros solucionou o problema de anos anteriores e focou apenas no trabalho dentro de campo. Em maio, a temporada definitivamente deu o seu pontapé inicial. O João Pessoa Espectros conheceu o seu caminho até a final do Brasileiro. O time ficou no Grupo Sul, mas com a prévia marcação do regulamento em fazer confrontos também contra times do Grupo Norte, algo que já havia acontecido em 2014, como também ter que enfrentar um adversário duas vezes, ainda pela fase de grupos. A Liga Nordestina de Futebol Americano (Linefa) dividiu os oito times em dois grupos de quatro equipes cada. No Su,l ficaram Espectros, Recife Mariners, Sergipe Bravos e Vitória All Saints. No Norte, Ceará Caçadores, América Bulls, Ufersa Petroleiros e Recife Pirates. Seguindo a lógica adotada, o Espectros fez seis jogos na primeira fase: dois contra o Mariners, um contra o Bravos e um contra o Vitória, além de uma partida contra o Bulls e outra contra o Pirates, esses dois últimos do Grupo Norte. O time não começou tão bem como nas temporadas anteriores. Só na primeira fase, o time perdeu duas partidas, ambas para o Mariners, maior adversário na região para o Espectros. Logo na primeira partida, em pleno Almeidão, o time conheceu sua primeira derrota – em casa – para um time da região Nordeste. Após o revés, emplacou quatro vitórias seguidas, contra Vitória, Bravos, Bulls e Pirates, respectivamente. E na última partida da temporada regular, a equipe mais uma vez tinha pela frente o seu algoz: o Mariners. Só que dessa vez, a partida foi disputada em território inimigo, e mais uma vez o time de Recife venceu a equipe paraibana, selando assim a pior campanha do time na primeira fase da competição (partidas na temporada regular de 2015 no anexo J).

45

E mais uma vez o Caçadores no caminho do Espectros. Líder do Grupo Norte, a equipe cearense ganhou o direito de decidir a vaga para a final da competição em casa. E novamente os pessoenses deram a volta por cima e venceram por 23 a 5, pelos playoffs, e assim conquistaram o direito de disputar sua quinta final seguida de Superliga Nordeste. O adversário seria o Mariners, que venceu o Pirates.

6.9.1 Título a 24 Segundos do Fim

Com um chute salvador do kicker Diego Aranha a 24 segundos do fim, o título do João Pessoa Espectros foi mantido e a hegemonia no Nordeste permanecia em território paraibano. Foi uma virada incrível, digna de filme. O lance executado por Diego foi chutado antes da linha do meio de campo, com o cronômetro próximo de ser zerado. A equipe venceu por 16 a 14 e garantiu seu sexto título e o terceiro seguido sobre o Mariners. O Espectros nunca perdeu uma final de edição da Superliga Nordeste. Venceu em 2009, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015. Em 2010, a equipe não participou do torneio. A partida disputada, mais uma vez, na Arena Pernambuco foi emocionante do início ao fim. A equipe estava engasgada com o Mariners após as duas derrotas na fase de classificação e mesmo assim começou perdendo a final, mas antes do fim da primeira etapa empatou o jogo. O terceiro quarto começou a todo vapor para a equipe paraibana. O time virou o jogo, porém não conseguiu converter o ponto extra, deixando a equipe da casa apenas seis pontos atrás do placar. E no último quarto, a equipe pernambucana interceptou uma bola e em seguida empatou a partida. Com a conversão do ponto extra, o jogo ficou 14 a 13. O time tentou de tudo para entrar na área defensiva do rival, mas com pouco sucesso. E justamente na última tentativa, faltando menos de 30 segundos para o fim do jogo, o João Pessoa Espectros optou por chutar uma bola que estava quase na linha de 50 jardas. E após chute de Diego Aranha, o título nordestino ficou com o Espectros. Fim de jogo, 16 a 14.

6.9.2 O Brasil Veste Preto

Pela frente, o mesmo oponente, o Coritiba Crocodiles, que havia vencido as últimas duas finais sobre o Espectros, em 2013 e 2014, em Santa Rita e em Curitiba

46

respectivamente. Era a primeira disputa de um título nacional em João Pessoa, na sua casa, no Almeidão, e sob os olhares de mais de 7 mil espectadores. Foi angustiante desde a primeira descida. Foi muito mais difícil do que se imaginava, mas o campeão brasileiro de futebol americano em 2015 foi o João Pessoa Espectros. E, se o final da partida diante do Mariners, pela final regional, foi tensa e resolvida no fim, o último jogo da temporada teve um contexto muito parecido. De um lado, a equipe paranaense buscava o tricampeonato seguido; do outro, o time paraibano sonhava diariamente com a conquista nacional. Como não podia ser diferente, a partida começou quente e, no fim do primeiro quarto, a equipe do Croco abriu o placar. O Espectros não abaixou a cabeça e seguiu trabalhando, jarda por jarda, e antes da metade da partida, a equipe paraibana empatou o jogo. E logo após ampliou para 10 a 7, com um chute de field goal. Foi assim até o último e mais eletrizante quarto, a última etapa da partida. Logo no início do terceiro quarto, o Croco voltou à frente no placar, após um tchoudown de corrida para mais de 50 de jardas. Mas os donos da casa não se abateram e viraram após lindo passe do QB44 Dantas: Espectros 16 a 14. Foi aí que o Crocodiles mostrou o porquê de ser o atual bicampeão brasileiro. Virou para 20 a 16. E ainda confirmou dois pontos extras, abrindo 22 a 16. A menos de um minuto do fim do jogo. O Espectros tinha a bola. Era apenas mais uma chance de conquistar a pontuação e vencer, enfim, o Campeonato Brasileiro. E após uma campanha impecável dentro do minuto final, coube a Rodrigo Dantas, a 17 jardas da endzone, lançar Diego Nascimento para marcar o ponto que precisava. Festa no Almeidão: 22 a 22. Faltava agora o chute final. Diego Aranha foi para a bola, repetindo o feito de Recife, pela final nordestina, só que bem mais próximo. Bola no meio do “y” e grito de campeão. Espectros conquistou assim o seu primeiro título Brasileiro da modalidade.

44

Quarterback Posição do Futebol Americano. O mesmo que lançador/armador.

47

7. CONCLUSÃO

A partir dos aspectos apresentados neste artigo, pode-se depreender a importância de uma análise para confirmar ou não a existência de uma nova construção jornalística na área esportiva e, principalmente, abrangendo um artigo acerca de uma equipe amadora local, mas que já obtém resultados expressivos dentro e fora dos campos, como também a representação de uma cidade num entretenimento sério e que conquista um crescimento gradativo a cada lance. E foi por meio deste, de um diálogo e discurso do futebol americano, e com uma tentativa de melhor compreensão do esporte, que a pesquisa buscou como objetivo central apresentar a história de um dos esportes que mais crescem no Brasil nos últimos anos. Além de uma melhor compreensão para leitores, estudiosos do assunto e praticantes. A equipe estudada em questão inicia a temporada de 2016 no próximo mês de julho, e busca se firmar no cenário nacional como, até agora, o único campeão de futebol americano da região Nordeste, além de alcançar um número maior de simpatizantes e que possa angariar mais feitos como os que foram alcançados até aqui, nos seus nove primeiros anos de história. Então, concluímos que o Espectros tem contribuído muito bem com a premissa de um bom time e sua respectiva função social de ampliar ainda mais o desejo da sociedade em participar mais ativamente do futebol americano. Que é de colaborar para o crescimento dentro e fora dos gramados, como a construção de um elo do esporte, visto como amador, para uma visualização mais séria e rodeada de esperanças rumo a novas conquistas, seja em qual campo for, e que tenham no João Pessoa Espectros um símbolo da garra, do respeito e da determinação por uma ideologia.

48

REFERÊNCIAS

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49

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RONDINELLI, Paula. Futebol Americano. Disponível em . Acesso em: 29 março 2016.

50

ANEXOS

ANEXO A – Partidas do João Pessoa Espectros, no I Campeonato Paraibano de Futebol Americano: 09.09.2007

->

Espectros

19

x

8

Warriors

16.09.2007

->

Espectros

0

x

6

Kings

22.09.2007

->

Espectros

6

x

0

Tribos

29.09.2007

->

Espectros

9

x

3

Kings

ANEXO B – Classificação e resultados das partidas do Campeonato Nordestino de 2008: 1ª Rodada 16.07.2008 -> Espectros 25 x 0 Bulls 16.07.2008 -> Cangaceiros 21 x 19 Aliança

17.07.2008 17.07.2008

18.07.2008 18.07.2008

-> ->

2ª Rodada Aliança 40 Dragões 9

x x

22 20

Scorpions Espectros

-> ->

3ª Rodada Cangaceiros 10 Dragões 33

x x

8 9

Scorpions Bulls

Grupo A Equipe Vitórias Cangaceiros 2 Aliança 1 Scorpions 0

Saldo 4 16 -20

Grupo B Equipe Vitórias Espectros 2 Dragões 1 Bulls 0

Saldo 36 13 -49

51

ANEXO C – Partidas do João Pessoa Espectros, no II Campeonato Paraibano de Futebol Americano: 1ª Rodada 20.09.2008

->

Espectros

12

x

7

Kings

38

x

0

Raptors

36

x

8

Tribos

21

x

2

Warriors

23

x

13

Kings

2ª Rodada 27.09.2008

->

Espectros 3ª Rodada

11.10.2008

->

Espectros Semifinais

25.10.2008

->

Espectros Final

09.11.2008

->

Espectros

ANEXO D – Jogos, classificação e resultados da participação do João Pessoa Espectros no III Campeonato Paraibano de Futebol Americano.

12.09.2009 10.10.2009 17.10.2009 07.11.2009 22.11.2009 28.11.2009

EQUIPE Espectros Mariners Búfalos Hurricanes Bolts Troopers Titans

12.12.2009

Fase de Classificação Espectros 80 x Espectros 45 x Espectros 65 x Espectros 46 x Espectros 50 x Espectros 39 x

0 13 7 6 0 15

Kings Mariners Bolts Búfalos Troopers Hurricanes

Classificação Final 1ª Fase SCORE PF PS SALDO 6--0 325 41 284 5--1 167 88 79 4--2 55 90 -35 3--3 79 92 -12 2--4 87 132 -45 1--5 50 119 -69 0--6 14 215 -202 Final - PB BOWL Espectros 38 x

PF: Pontos feitos. Ps: Pontos sofridos

25

Mariners

52

ANEXO E – Participação do João Pessoa Espectros na Liga Nordestina de Futebol Americano:

Data 04.06.2011 16.07.2011 17.09.2011 25.09.2011

Temporada Regular - João Pessoa Espectros 2011 Adversário Local Espectros 44 x 6 Pirates J. Pessoa Espectros 7 x 2 Mariners C. Santo Agostinho Espectros 43 x 0 Pirates Olinda Espectros 34 x 7 Mariners J. Pessoa

29.10.2011 Dragões 30.10.2011 Mariners

0 20

Playoffs x 21 x 12

Espectros Scorpions

J. Pessoa Natal

Espectros

J. Pessoa

Final 12.11.2011 Mariners

2

x

34

ANEXO F – Participação do João Pessoa Espectros na Liga Nordestina de Futebol Americano em 2012. LIGA NORDESTINA DE FUTEBOL AMERICANO 01.07.2012 15.07.2012 18.08.2012 01.09.2012

Botafogo Espectros Botafogo Espectros Botafogo Espectros Botafogo Espectros

43 56 72 58

x x x x

6 2 0 0

Mariners Pirates Pirates Mariners

J. Pessoa J. Pessoa Ipojuca-PE Camaragibe-PE

13.10.2012

LIGA NORDESTINA - SEMIFINAL Botafogo Espectros 20 x 0 Dragões Almeidão, J. Pessoa

20.10.2012

LIGA NORDESTINA - FINAL América Botafogo Espectros 28 x 14 Bulls

Natal - RN

53

ANEXO G – Carta aberta para a Prefeitura Municipal de João Pessoa:

54

ANEXO H – Confira os jogos e tabela de classificação da Liga Nordestina de 2013: LIGA NORDESTINA DE FUTEBOL AMERICANO 07.07.2013

Espectros

73 x 0

Roosters

Lagoa Seca-PB

20.07.2013

Espectros

68 x 0

Scorpions

João Pessoa

03.08.2013

Espectros

55 x 0

Dragões

Messejana-CE

24.08.2013

Espectros

49 x 0

Cangaceiros

W.O

01.09.2013

Espectros

82 x 8

Fênix

Fortaleza - CE

15.09.2016

Espectros

81 x 0

Petroleiros

Bayeux - PB

CONFERÊNCIA NORDESTE – DIVISÃO NORTE

TIMES

J

V

D

PF

PC

SP

João Pessoa Espectros

6

6

0

408

8

400

Dragões do Mar

6

5

1

219

71

148

Ceará Cangaceiros

6

4

2

169

97

72

Ceará Fênix

6

3

3

129

158

-29

Natal Scorpions

6

2

4

58

259

-201

Treze Roosters

6

1

5

26

263

-237

Mossoró Petroleiros

6

1

5

41

194

-153

FINAIS - CONFERÊNCIA NORDESTE 20.10.2013

Espectros

29 x 14

Cangaceiros

Bayeux-PB

02.11.2013

Espectros

28 x 12

Bulls

João Pessoa

55

ANEXO I – Confira os jogos dos fantasmas na temporada regular, em 2014:

SUPERLIGA NORDESTE - GRUPO SUL 16.08.2014

Espectros

63 x 14

Pirates

Santa Rita

25.08.2014

Espectros

54 x 0

Fênix

Fortaleza - CE

07.09.2014

Espectros

12 x 10

Bulls

Santa Rita

27.09.2014

Espectros

41 x 0

Bravos

Maruim-SE

11.10.2014

Espectros

56 x 3

Bravos

Santa Rita

19.10.2014

Espectros

7 x 24

Mariners

Recife-PE

ANEXO J – Confira as partidas na temporada regular de 2015: SUPERLIGA NORDESTE - GRUPO SUL 20.06.2015

Espectros

19 x 20

Mariners

João Pessoa

02.08.2015

Espectros

56 x

7

Vitória

João Pessoa

22.08.2015

Espectros

45 x

0

Bravos

Aracaju

06.09.2015

Espectros

21 x

3

Bulls

João Pessoa

27.09.2015

Espectros

21 x

0

Pirates

Recife

12.10.2015

Espectros

25 x 19

Mariners

Recife

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