\"Falecidos de Santa Catarina da Serra e Chainça: 1974-2015\", in «Cadernos de Estudos Leirienses», maio de 2016, Ano III, vol. 8, pp. 247-252.

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Cadernos de Estudos Leirienses – 8 * Maio 2016

Falecidos de Santa Catarina da Serra e Chainça: janeiro de 1974 – outubro de 2015 Vasco Jorge Rosa da Silva*

Nos dias 2-12 de novembro de 2015 foi efetuado o levantamento total dos indivíduos que, conforme informação constante do mensário paroquial Luz da Serra, faleceram na União das Freguesias de Santa Catarina da Serra e Chainça, entre janeiro de 1974 e outubro de 2015. A soma dos óbitos de todas as aldeias para o período em questão é de 1.622, incluindo, de igual modo, emigrantes no Brasil, no Canadá, nos Estados Unidos da América e, sobretudo, em França. Assim, por cada um dos 41 anos, à exceção dos meses de novembro e dezembro de 2015, que não foram contabilizados no presente trabalho, faleceram, em média, 39,56 habitantes, o que dá um total, por mês, de 3,29. A distribuição dos defuntos por povoados (ordem onomástica) é a seguinte: Barreiria, 33 cidadãos; Cardosos, 5; Casal da Estortiga, 14; Casal da Fartaria, 2; Casal das Figueiras, 11; Casal da Fonte da Pedra, 1; Casal Novo, 2; Cercal, 42; Chainça, 255; Cova Alta, 50; Donairia, 30; Gordaria, 13; Loureira, 300; Magueigia, 77; Olivais, 36; Pedrome, 49; Pinheiria, 106; Quinta do Salgueiro, 6; Quinta da Sardinha, 64; Santa Catarina da Serra (e outros), 130; Siróis, 44; Sobral, 67; Ulmeiro, 114; Vale Maior, 26; Vale do Sumo, 79; e Vale Tacão, 66. O caso de Santa Catarina da Serra é diferente, na medida em que não só inclui os concidadãos daí inumados, mas também todos aqueles relativamente aos quais não foi possível apurar, com exatidão, as localidades de origem, na medida em que a fonte histórica coeva consultada, o referido jornal, o não menciona. Como seria expectável, as aldeias de Loureira e Chainça, por serem as mais povoadas, tiveram (e têm tido) o maior número de defuntos (gráfico 1). Em seguida, surgem localidades de média dimensão, caso de Magueigia, Pinheiria, Sobral, Ulmeiro, Vale do Sumo e Vale Tacão. *Investigador em História.

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Gráfico 1 – Distribuição do número total de óbitos por aldeias, de janeiro de 1974 a outubro de 2015.

A seriação por anos indica que em 1974 faleceram 40 pessoas; em 1975, 34; em 1976, 32; em 1977, 34; em 1978, 38; em 1979, 32; em 1980, 39; em 1981, 34; em 1982, 30; em 1983, 26; em 1984, 36; em 1985, 32; em 1986, 24; em 1987, 31; em 1988, 34; em 1989, 28; em 1990, 51; em 1991, 35; em 1992, 37; em 1993, 35; em 1994, 33; em 1995, 35; em 1996, 33; em 1997, 34; em 1998, 31; em 1999, 45; em 2000, 38; em 2001, 47; em 2002, 46; em 2003, 41; em 2004, 38; em 2005, 52; em 2006, 47; em 2007, 41; em 2008, 50; em 2009, 43; em 2010, 51; em 2011, 46; em 2012, 36; em 2013, 41; em 2014, 59; e em 2015, 32 (até fins do mês de outubro). Os anos mais marcantes são os de 1990, 2005, 2008, 2010 e 2014, por terem falecido, em cada um, mais de meia centena de santacatarinenses e chaincenses, o que tem a ver com di-

Gráfico 2 – Distribuição do número de óbitos por anos, de janeiro de 1974 a outubro de 2015.

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versos fatores, destacando-se o facto de a população ter envelhecido e, por isso, em determinados períodos fenecerem, como se observará infra, mais pessoas. De ter em consideração também que a partir de 1999 o número de mortes foi subindo gradualmente (gráfico 2). Se a repartição dos perecidos for feita por meses, obtêm-se os resultados que se seguem: janeiro, 164 defuntos; fevereiro, 153; março, 149; abril, 141; maio, 126; junho, 115; julho, 141; agosto, 115; setembro, 123; outubro, 113; novembro, 119; e dezembro, 148.

Gráfico 3 – Distribuição do número de óbitos por meses, de janeiro de 1974 a outubro de 2015.

Ou seja, os meses inseridos na estação do inverno foram aqueles em que faleceram mais pessoas. A primavera e o estio, à exceção do mês de julho, são períodos de menor mortandade, aspeto que terá, seguramente, a ver com doenças características da estação invernal, nomeadamente constipações, gripes e, mais graves, pneumonias. Em suma, problemas do foro respiratório, podendo ou não estar associados a complicações do sistema cardiovascular. A fonte referida salienta, em inúmeras situações, que determinado indivíduo faleceu de forma repentina ou quase repentina, o que parece remeter para problemas relacionados com o foro circulatório. Neste âmbito, o periódico em questão não adianta informação suficiente para a elaboração de um trabalho preciso acerca das enfermidades que afetavam (e afetam) os moradores de Santa Catarina da Serra e Chainça, apesar de se saber quais as doenças, como sucede para o caso dos problemas cancerígenos, onde a expressão para os identificar é, geralmente, doença fatal ou incurável, parecendo, por isso, existir ainda uma certa relutância em mencionar o nome 267

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de uma das patologias mais significativas da atualidade. Para períodos mais recuados, designadamente os anos 70-80 do século XX, o mensário supra faz uma clara alusão aos acidentes de viação, tanto os que implicavam motorizadas, numa fase inicial, como os que se referiam a veículos automóveis, posteriormente, dando a entender que se pretendia moralizar a mocidade para os desastres, pois faleceram inúmeros jovens.

Gráfico 4 – Distribuição do número de óbitos por idades, de janeiro de 1974 a outubro de 2015.

A análise da idade dos defuntos permite concluir que a maioria morria de velhice, geralmente 70, 80 ou mesmo 90 anos, o que torna possível comprovar que, no período em estudo, a esperança média de vida era já elevada em Santa Catarina da Serra e Chainça. Seguem-se os resultados por anos: com 1, 0 indivíduos; com 2, 0; com 3, 0; com 4, 0; com 5, 0; com 6, 0; com 7, 0; com 8, 0; com 9, 4 crianças; com 10, 3; com 11, 2; com 12, 0; com 13, 1; com 14, 0; com 15, 5; com 16, 4; com 17, 5; com 18, 7; com 19, 7; com 20, 9; com 21, 5; com 22, 3; com 23, 3; com 24, 3; com 25, 5; com 26, 5; com 27, 3; com 28, 6; com 29, 0; com 30, 3; com 31, 1; com 32, 3; com 33, 5; com 34, 3; com 35, 6; com 36, 5; com 37, 3; com 38, 3; com 39, 4; com 40, 5; com 41, 4; com 42, 5; com 43, 4; com 44, 2; com 45, 5; com 46, 7; com 47, 4; com 48, 12; com 49, 8; com 50, 13; com 51, 5; com 52, 9; com 53, 7; com 54, 7; com 55, 16 indivíduos; com 56, 14; com 57, 10; com 58, 12; com 59, 12; com 60, 8; com 61, 11; com 62, 15; com 63, 17; com 64, 17; com 65, 11; com 66, 23; com 67, 17; com 68, 27; com 69, 22; com 70, 24; com 71, 23; com 72, 39; com 73, 32; com 74, 268

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54; com 75, 30; com 76, 45; com 77, 44; com 78, 33; com 79, 47; com 80, 40; com 81, 53; com 82, 47; com 83, 53; com 84, 56; com 85, 60; com 86, 35; com 87, 46; com 88, 43; com 89, 35; com 90, 37; com 91, 20; com 92, 32; com 93, 20; com 94, 17; com 95, 10; com 96, 6; com 97, 8; com 98, 4; com 99, 4; e com 100, apenas 3 concidadãos. A soma destes valores totaliza 1.457 indivíduos, o que apresenta uma discrepância de 165 face ao total, que é, como se registou supra, de 1.622 pessoas, facto que tem a ver com omissões de idades por parte da documentação compulsada.

Gráfico 5 – Distribuição do número de óbitos por sexo, de janeiro de 1974 a outubro de 2015.

Por fim, é de destacar a distribuição dos elementos inumados por sexo. Assim, dos 1.622 óbitos, 869 correspondem a homens e 753 a mulheres, o que indica, claramente, que, à semelhança de outras freguesias, aquelas têm uma esperança média de vida mais elevada. Bibliografia sumária – Luz da Serra, de janeiro de 1974 a outubro de 2015. – NEVES, Domingos Marques das, Santa Catarina da Serra: no Passado, Presente e Futuro, Santa Catarina da Serra, Junta de Freguesia, 1997. – SILVA, Vasco Jorge Rosa da, Breve história da Cova Alta, http://covalta.no.sapo.pt/, 2009. – SILVA, Vasco Jorge Rosa da, “Falecidos em Santa Catarina da Serra: 1974-2015”, in Diário de Leiria, Ano 27, n.º 5.308, 16 de novembro de 2015, p. 8.

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– SILVA, Vasco Jorge Rosa da, Loureira 1610-2010: Estudo Histórico e Documental, Loureira, Associação para o Desenvolvimento Social da Loureira e Comissão da Capela da Loureira, 2010. Colaboração de Joaquim das Neves Vicente. – SILVA, Vasco Jorge Rosa da, e VICENTE, Joaquim das Neves, Santa Catarina da Serra - Estudo Histórico e Documental, Santa Catarina da Serra, Junta de Freguesia, 2013. – SILVA, Vasco Jorge Rosa da, Valle do Summo: 1610-2010, Vale do Sumo, Comissão da Capela de São Miguel, Associação Cultural e Recreativa de São Miguel (Olivais / Vale do Sumo) e Centro Social da Gordaria, 2010.

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