FANI-KAYODE: TRANSGRESSÃO E ATIVISMO NA FOTOGRAFIA HOMOERÓTICA AFRICANA

May 24, 2017 | Autor: D. Armelin Ferreira | Categoria: Body Image, Nigeria, Photography (Visual Studies), LGBTI
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FANI-KAYODE: TRANSGRESSÃO E ATIVISMO NA FOTOGRAFIA HOMOERÓTICA AFRICANA Debora Armelin Ferreira1 E-mail: [email protected]

Resumo Esta pesquisa busca analisar a produção artística do fotógrafo nigeriano Rotimi Fani-Kayode (1955-1989) que encontrou na fotografia um meio de expressar, de forma sensível e transgressora, a questão da homossexualidade, e trazendo também o seu próprio corpo, nu, como foco central das composições. Através dessa análise, pretende-se compreender como a arte pode se tornar uma ferramenta cultural e política para tratar da questão da identidade, principalmente de sexo e de gênero, provocando uma reflexão quanto às percepções convencionais e conservadoras. Palavra-chave: Fotografia; Homossexualismo; Corpo; Nigéria.

FANI-KAYODE: TRANSGRESSION AND ACTIVISM IN AFRICAN HOMOEROTIC PHOTOGRAPHY

Abstract This research seeks to analyze the artistic production of Nigerian photographer Rotimi FaniKayode (1955-1989) who found in photography a way of expressing, in a sensitive and transgressive way, the question of homosexuality, and also bringing his own naked body as main focus of the compositions. Through this analysis, we intend to understand how art can become a cultural and political tool to deal with the issue of identity, specificly sex and gender, provoking a reflection on conventional and conservative perceptions. Keyword: Photography; Homosexuality; Body; Nigeria.

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Licenciada em Artes Visuais pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU/SP), Especialista em História e Crítica de Arte pelo Centro Educacional Belas Artes (SP) e graduada em Desenho e Projeto de Interiores pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM/SP). Lattes: http://lattes.cnpq.br/6297207721891344

O tema homossexualidade é ainda um grande tabu, nos dias atuais, em diversos países. Há que se discutir essa questão em diversas vertentes, fazendo com que a sociedade reflita quanto às percepções e pré-conceitos extremamente conservadores que habitam em seus julgamentos. Dentro do campo da História e Crítica da Arte, os questionamentos quanto ao dualismo sexo e gênero se faz fortemente presente na chamada arte contemporânea trazendo artistas de diversas nacionalidades que trabalham esta temática abertamente a fim de se trazer a discussão ao público. O artista nigeriano Rotimi Fani-Kayode (1955-1989) escolheu a fotografia como uma sensível forma de expressar a questão de sua homossexualidade, trazendo o corpo nu na composição de suas obras, fazendo com que se discuta questões culturais, racias e sexuais. Neste texto, partiremos, primeiramente, de um breve panorama do cenário nigeriano entre as décadas de 1950 e 1960, período de extrema importância para o país, mas também no intuito de entender as razões pelas quais o artista abandona sua terra natal rumo à Inglaterra. Em seguida, aclaremos a questão LGBT2 na Nigéria, suas relações políticas, culturais e sociais no que tange este assunto, a fim de compreender, de forma simplistas, quais as causas por trás da homofobia demonstrada por grande parte do país e que levaram a aprovação de uma lei anti-gay e suas consequencias. E por fim, conheceremos a curta, porém importante, trajetória de vida e artística de FaniKayode, possibilitanto uma das muitas possíveis leituras de duas de obras, Bronze Head, 1987 e Gold Phallus, 1989. Esta pesquisa pretende contribuir para a discussão e reflexão da temática LGBTI no meio acadêmico, e aqui especificamente, no campo das artes, um campo que apresenta-se mais aberto e receptivo a esta temática e, de alguma forma, possibilite que seus interlocutores rompam velhos paradigmas.

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LGBT: abreviatura para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgênero

Nigéria: entre a independência e suas consequências Neste capítulo faremos um breve panorama da situação da Nigéria entre as décadas de 1950 e 1960 a fim de compreendermos a situação do país entre o nascimento do artista Rotimi Fani-Kayode e o ano de sua saída para a Inglaterra. Um dos mais importantes países mais ricos do continente africano, a Nigéria é uma região exportadora de petróleo, cacaeu e óleo de palma. Possui também um dos países mais populosos, com mais de 189 milhões de habitantes. Durante a década de 1950, a Nigéria ainda vivia sobre o protentorado britânico, sob regras coloniais que levaram a criação de uma resistência anti-colonial a partir da conscientização racial, possibilitando o desenvolvimento de uma identidade nigériana. Vale ressaltar que, neste período, o país estava dividido em três regiões sendo que cada uma delas era administrada pelos maiores grupos étnicos: a região norte administrada pelos Hausa, a região leste pelos Igbos e a região oeste pelos Iorubás. Porém, os outros grupos étnicos, menores em grupo (a lembrar que a Nigéria possui cerca de 250 grupos étnicos) não se sentiam representados e se opunham a uma dominação dos grandes grupos. Como unificar um país que é multicultural e possui uma diversidade política, economica e geográfica? A unificação do legislativo em centrais regionais apresentou diversas falhas na tentativa de formar um governo nacional dorte. Em 1957, Alhaj Tafawa Balewa foi nomeado o primeiro ministro da Nigéria. Em 1959, após as eleições federais, votou-se pela independência, que foi declara oficialmente em 01 de outubro de 1960, na busca por uma instituição democrática e garantia de responsabilidade politica. O NPC3 possuia a maioria das cadeiras na composição do primeiro governo. O norte era administrado por Ahmadu Bello, do NPC, o leste por Mandi Azikiwe, do NCNC4 e o oeste por Obafemi Awolowo, do AG5. A região norte se apresentou como mais poderosa que as demaispor conta de ser uma região maior, em se tratando de extensão territorial, e também por ser mais populosa. Além disso, recebia ajuda financeira do Reino Unido. Nos anos que se seguiram, apesar da grande euforia devido ao processo de independência, terem se tornado policamente independente, ainda mantiam relações indiretas 3

NPC: Congresso do Povo do Norte NCNC: Conselho Nacional da Nigéria e de Camarões 5 AG: Grupo Ação 4

de exploração de suas riquezas por parte do Reino Unido. Somado a isso, houve uma grande barreira regional e étnica. Essa rivalidade regional e etnica conduziu a uma luta pelo poder entre o norte e o sul, seguido de um golpe militar em 1966, planejado pelos majores Nzeogwu, Ifeajuna, Anuforo, Ademoyega e Okafor, todos pertecentes ao grupo etnico Igbo, que atacaram Kaduna, Ibadam e Lagos e criaram bloqueis no Niger e Benue, com o objetivo de criar um novo governo. O país se encontrava frágil, ainda lidando com dificuldades com sua herança colonial, dando sinais de uma crônica instalidade política e economica e também de corrupção. Este foi um golpe fracassado, pois, seis meses depois, militares da região norte dão um contra golpe, que foi acompanhado de manifestações populares e de perseguições contra os igbo. Devido a região leste obter grandes reservas petrolíferas, os líderes políticos decidem, em maio de 1967 por separar seu território da Nigéria, declarando a República de Biafra. A reação do governo nigeriado é imediata, dando início a Geurra de Biagra. Biafra tinha como presidente o general Chukwuemeka Odumegwu Ojukwu, quem liderou o movimento que declarou a independência da região. Em resposta, a marinha nigeriana criou um bloqueio que impediu acesso a alimentos, medicamentos e armamento na região. Esta guerra, durou três ano, terminou com a reintegração da região à Nigéria mas deixou marcas profundas, como a morte de mais de dois milhões de pessoas.

A questão LGBT na Nigéria O tema da homossexualidade é um tabu em diversos países e na Nigéria não é diferente, considerado um dos países mais homofóbicos do mundo. Neste capítulo tentaremos compreender quais as causas que levaram ao páis a apresentar elementos tão contrastantes que vai desde a negação à pessoas LGBT à uma lei anti-gay. Precisamos ter em mente, à princípio, que há resquícios colonias nos discursos proferidos por políticos e inclusive civis, uma vez que houve a incorporação de princípios do Reino Unido quando a Nigéria ainda era um protetorado britanico, como o Código Penal Britânico que apresentava diversas infrações puníveis com a pena de morte. Este modelo punitivo e de hostilização permeou após o processo de independência, vigorando até os dias atuais.

Para Jark (2015), esse comportamento se relaciona a uma tentativa de descolonização, uma forma de confrontar o imperalismo cultural ocidental, como aponta, (...) levando em conta o passado colonial da Nigéria e suas características de colonialidade, assume-se a visão de que o comportamento homofóbico presente em setores estatais nigerianos seria um eforço “desocidentalizante”, ou seja, uma forma de enaltecer as percepções locais da sexualidade em sua conduta contemporânea para com os LGBT” (JARK, 2015, p. 14)

Este carater da população mais homófico, se tornou mais forte após a lei de 2014 ser sancionada, fazendo com que antes a forte negação da existência de homossexuais se tornasse como um ato ilegal. E essa reação é vista com mais dureza em áreas rurais do país. Anterior a 2014, houve outro tentativa de se aplicar leis contra pessoas LGBT mas somente foi sancionada pelo então presidente Goodluck Jonathan conhecida como Same-sex Marriage (Prohibition)Act que tem como cláusulas a proibição do casamento ou união civil por pessoas do mesmo sexo com 14 anos de prisão; registros de sociedades, organizações e clubes homossexuais, assim como manifestação e afetos em públicos por pessoas do mesmo sexo com pena de 10 anos de prisão; e, inclusive, quem testemunhar, apoiar ou ajudar a realização de cerimônias de casamento ou registro de organizações e sociedades LGBT, pena de 10 anos de prisão. No caso da região norte, que é dominada pela sharia, código islâmico presente em 12 estados, pune duramente a homossexualidade com apedrejamento até a morte, pois é considerado como uma ofensa capital. Apesar de que não há registros de que alguém sofreu essa pena. É claro percebermos que este argumento tem forte apoio religioso, tanto a região do norte, predominantemente islâmica, quanto a região sul, cristão, que consideram o homossexualismo como uma criação contra a natureza, que não faz parte da herança africana (como se o islamismo e o cristianismo fossem naturalmente africano) e atinge seus preceitos morais. Há um grande número de nigerianos que condenam os homossexuais, tanto que o apoio a lei é grande e muitos civis e policiais perseguem e ameaçam pessoas nas ruas. Como consequencia, muitos não assumem sua sexualidade ou então, após ameaças, pedem asilos em outros países. Uma forma que muitos tem encontrado é a rede social, um canal onde podem conversar, trocar informações e até promover encontros. Ifekandu (2014) relata que a internet

se tornou um espaço seguro onde as pessoas LGBT tem vozes e podem se organizar, uma vez que não há controle e nem censura do governo na internet. Há que se quebrar velhos paradigmas impostos pela sociedade no que se refere a dicotomia sexo x gênero e da estabilidade binária do sexo como somente feminino e masculino. Butler (2016) sugere não pensarmos que a “(...) construção de “homens” se aplique exclusivamente a corpo masculinos, ou que o temo “mulheres” interprete somente corpos femininos. Além disso, mesmo que os sexos pareçam não problematicamente binários em sua morfologia e constituição, não há razão para supor que os gêneros também devam permanecer em número de dois.” (BUTLER, 2016, p.26)

Ainda que o panorama nigeriano ainda seja negativo, há tentativas de se levantar discussões sobre sexualidade e gênero atrás do cinema, tendo Nollywood, a industria cinematográfica popular, que, desde 2003, apresentou ao menos 25 filmes com personagens que mantinham relações com pessoas do mesmo sexo (GREEN-SIMMS, 2016). Como na literatura, escritores como Chimamanda Adichie, Jude Dibia e Chris Abani relatam em suas histórias com personagens homossexuais. Assim como na arte, Rotimi Fani-Kayode, que muito antes da lei anti-gay ser promulgada, já lutava contra o preconceito existente na sociedade através de suas obras, como veremos a seguir.

Rotimi Fani-Kayode: Fotografia negra, africana e homossexual A vida pessoal de Oliwarotimi (Rotimi) Adebiyi Wahab Fani-Kayode é fortemente refletida em sua trajetória artística. Nascido em Lagos, Nigéria, no ano de 1955, filho de Babaremilekun Adetokunboh Fani-Kayode e da Sra. Adia Adunni Fani-Kayode, a familia se exila na Inglaterra no ano de 1966, ano do golpe militar em seu país e subsequente guerra civil. Por ter estudado em escola cristã britânica, Rotimi não teve problemas em dar prosseguimento aos seus estudos na Inglaterra. Porém, aos 21 anos, em 1976, muda-se para os Estados Unidos onde se gradua em Belas Artes e em Economia (apenas para agradar seus pais) pela Georgetown University, em Washington e posteriormente, conclui o mestrado em Belas Artes e Fotografia pelo Instituto Pratt de Nova Iorque.

Neste período conhece Robert Mapplethorpe (1946-1989), grande fotografo norteamericano e que influenciou muito do seu trabalho. Assim como o movimento gay que ganhava forças nos Estados Unidos nas décadas de 1970 e 80. Rotimi retorna a Inglaterra em 1983, quando conheceu Alex Hirst ( *- 1992), e iniciam uma parceria pessoal e profissional bastante criativa. Essa parceria dura até 1989, quando o artista estava em tratamento contra o HIV, sofreu uma parada cardíaca fulminante. Uma trajetória curta apesar de marcante, fecunda e inovadora, e que permanece forte como referência na luta LGBT. Em sua trajetoria, o artista escolheu a fotografia como meio de expressão, uma ferramenta política para falar de forma crítica sobre questões como a sexualidade, espiritualidade, identidade e diáspora. Suas fotografias apresentam uma forma dramática e serena ao retratar a si mesmo e a outros homens negros e nus, explorando noções de masculinidade e homoerotismo, envolvendo um mistura sofisticada e até mesmo ambígua da iconografia africana e ocidental. Para ele a fotografia era não somente uma ferramente, mas uma arma, como em suas próprias palavras, “Por essa razão, eu sinto que é essencial resistir a todos ataques que desencorajam a expressão da identidade de alguém. No meu caso, minha identidade tem sido construída do meu próprio senso de alteridade, seja cultural, racial ou sexual. Os três aspectos não estão separados dentro de mim.” (FANI-KAYODE, 1996, p.11 tradução nossa)

O corpo nu foi sempre o foco central de suas composições, sempre encenadas, explorado com muita originalidade e sensibilidade. É o corpo negro masculino sendo apresentado como imagem de poder e igualmente como objeto de desejo, através de uma investigação fotográfica em que são trazidas as memórias ancestrais, e simbolismos da cultura iorubá, representados em narrativas traduzidas em poses gestuais e rituais. Um modo subversivo em que o fotógrafo também encontrou para tratar a questão da relação de poder racial associado ao neocolonialismo.

. Fig. 1: FANI-KAYODE, Rotimi. Bronze Head, 1987 Fonte: FANI-KAYODE, 1996.

A religião africana, para ele, habitava no campo do imaginário, por ter saído muito cedo de sua terra natal. Teve que pesquisar sobre a história e a civilização iorubá, de onde pertecia sua familai, para que levasse a dimensão espiritual em seus trabalhos. No caso da obra Bronze Head (fig. 1), de 1987, é feito o recorte de um corpo, registrando apenas da cintura para baixo: nádegas e fragmentos das pernas, sentado sobre uma cabeça de bronze Ifê que está apoiada em um banco, sob um fundo escuro. O corpo fragmentado sobre esta peça da arte tradicional africana6 permite uma leitura que quebra concepções/construções quanto ao passado e sua força. O artista possibilita uma relação entre a religião iorubá, através de sua iconografia, e o homoerotismo como uma possibilidade de transformação, entre a conexão passado x contemporâneo. Hirst comenta sobre Bronze Head, “(...) Rotimi está "dando à luz" a um bronze de Ife. Ife, o berço de uma cultura iorubá, que é também sua cidade de origem. Seu pai é um Balogun de Ife e sua família tem o título tradicional de Akire, guardiães do santuário de Ifa, o oráculo. A cabeça, ori, que para o ioruba é a sede do espírito, o orisha, representa um deus. Simbolicamente, o artista está transformando sua antiga cultura em termos contemporâneos, tendo compreendido que os antigos valores já não "funcionam", mas ainda têm poder como arquétipos. Além disso, ele está apresentando seu traseiro, uma

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Entende-se por arte tradicional africana peças produzidas no período pré-colonial.

afronta tradicional para os poderes. A imagem contém a idéia da cabeça como um "falo superior", penetrando e fecundando o artista. Apesar de ser um homem, destinado a penetrar as profundezas do inconsciente, o artista é também um "receptor" feminino que é fecundado por ele e assim capaz de produzir o "filho" de Deus.” (HIRST apud NELSON, 2005, p.10 – tradução nossa)

Fig. 2: FANI-KAYODE, Rotimi. Gold Phallus, 1989 Fonte: FANI-KAYODE, 1996.

Enquanto o homoerotismo foi um meio usado para se aproximar de uma transformação, uma forma de transgressão que chega a libertar a mente do corpo, como na obra Gold Phallus, 1989 (fig. 2). Nesta fotografia, um corpo negro, encostado, veste uma máscara branca em seu rosto, escondendo sua identidade, enquanto seu pênis, dourado, é erguido por um fio branco. Aqui não podemos deixar de entender a ideia do artista de um corpo politizado, trazendo uma relação mente e corpo, que é sinalizada pela própria transcedência: uso da máscara, assim como a manipulação do pênis. Mas também, há uma leitura ambigua, remetendo ao espectador questões que permeiam o imaginário pós-colonial do erotismo: o corpo masculino negro. Seus trabalhos não são apenas baseados na construção identitária de Fani-Kayode, mas tem o propósito de questionar a própria capacidade do corpo em se manter numa posição como expressão coerente de identidade e experiência.

Na parceria com Alan Hirst exploraram juntos a multiplicidade de identidade como homossexual e negro criando um local de discurso dentro de uma sociedade racista e homofóbica, traduzindo suas raivas e questionamento em imagens que tem o intuito de provocar seus espectadores que carregam percepções convencionais e conservadoras. Em 1988, o artista fez história ao fundar a Associação de Fotógrafos de Preto, a Autograph ABP7, que tem a missão de defender a inclusão de práticas fotográficas historicamente marginalizadas. A instituição de caridade trabalha, até os dias atuais, com fotografia, identidade cultural, raça, representação e os direitos humanos em todo o mundo.

Considerações Finais Para Rotimi Fani-Kayode, a diáspora possibilitou desenvolver o senso de alteridade nos aspectos que tange a questão racial e sexual. Ele se sentia um “estranho” e isso fez que pudesse vivenciar um senso de liberdade, possibilitando experimentações em sua carreira artística. A arte serviu para uma arma de combate ao racismo e principalmente a homofobia, a qual foi sua luta em seus anos de vida. Ele foi sensível e ao mesmo tempo corajoso e transgressor, ao expressar sua identidade através da fotografia homoerotica, contrariando todo o discurso de uma sociedade conservadora que ignora que as relações eróticas sempre existiram. Rotimi esteve a frente de seu tempo, não se auto-titulou como ativista, mas suas obras refletem, até os dias atuais, uma luta que vai além das esferas artísticas. É necessário libertarse da prisão imposta por velhos paradigmas e buscar, onde quer que seja, uma forma de expressão. E a arte é uma forte ferramenta na possibilidade de fazer refletir e de combater préconceitos.

Referência Bibliografica BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. 11° ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016. EPPRECHT, Marc. Sexuality, Africa, History. The American Historical Review, vol. 114, n.5 (dez./2009), p. 1258-1272.

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Disponível em: http://autograph-abp.co.uk/

FALOCA, Toyin and HEATON, Matthew M. A History of Nigeria. New York: Cambrigde University Press, 2008. FANI-KAYODE, Rotimi & HIRST, Alex. Photographs. Revue Noire Ed., 1996. GREEN-SIMMS, Lindsey. The Emergent Queer Homosexuality and Nigeria Fiction in the 21st. Century. Research in African Literatures, vol. 47, n.2, p. 139-161. IFEKANDU, Chiedu Chike. The fallout of Nigeria’s anti-gay law and opportunities for the future for LGBTI persons and communities. In: Boldly Queer: African Perspectives on samesex sexuality and gender diversity. Kenya: Black Butterfly Limited, 2015, p. 81-87. JARK, Renan Batista. África e a colonialidade do ser: um estudo sobre os direitos LGBT na Nigéria. Monografia apresentada ao curso de Relações Internacionais da Universidade de Santa Catarina. Brasil: Florianópolis, 2015. METZ, Helen Chapin. Nigeria: a country study. 5° ed. Estados Unidos: Federal Research Division, Library of Congress, 1992. NELSON, Steven. Transgressive Transcendence in Photographs of Rotimi Fani-Kayode. Art Journal, vol. 64, n. 1, 2005, p. 4-19. SOGUNRO, Ayo. One more nation bound in freedom. Transition, n.14, Gay Nigeria (2014), p. 47-59. Website FERREIRA, Debora Armelin. Fani-Kayode: Sensibilidade e Transgressão na Fotografia Homoerótica Africana.

Disponível em: http://www.afreaka.com.br/notas/fani-kayode-

sensibilidade-e-transgressao-na-fotografia-homoerotica-africana/

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