Fascismo, guerra e memória. Olhares ibéricos e europeus (Porto Alegre: EdiPUCRS/USC, 2016)

May 26, 2017 | Autor: X. Núñez Seixas | Categoria: War Studies, Iberian Studies, Fascism, Nationalism
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porto alegre 2016

© EDIPUCRS e Universidade de Santiago de Compostela, 2016 CAPA Thiara Speth PROJETO GRÁFICO Thiara Speth DIAGRAMAÇÃO Edissa Waldow REVISÃO DE TEXTO Fernanda Lisbôa IMPRESSÃO E ACABAMENTO Gráfica RJR TRADUÇÃO DO INGLÊS E DO ESPANHOL PARA O IDIOMA PORTUGUÊS Hugo Nunes

Edição revisada segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

EDIPUCRS – Editora Universitária da PUCRS Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 33 Caixa Postal 1429 – CEP 90619-900 Porto Alegre – RS – Brasil Fone/fax: (51) 3320 3711 E-mail: [email protected] Site: www.pucrs.br/edipucrs

SERVIZO DE PUBLICACIÓNS E INTERCAMBIO CIENTÍFICO Universidade de Santiago de Compostela Campus Vida E-15782 Santiago de Compostela Site: usc.es/publicacions

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) N992f Núñez Seixas, Xosé M. Fascismo, guerra e memória: olhares ibéricos e europeus/ Xosé M. Núñez Seixas. – Porto Alegre : EDIPUCRS ; Santiago de Compostela : Universidade de Santiago de Compostela, 2016. 265 p. (Mundo Contemporâneo ; v. 5) ISBN: 978-85-397-0895-6 (EDIPUCRS) ISBN: 978-84-16533-88-6 (USC) 1.Fascismo – História – Europa. 2. Guerra Mundial, 1939-1945. 3. Ideologia. I. Título. CDD 23 ed. 320.533 Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal), com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autorais).

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................... 7 PREFÁCIO ............................................................................. 11 ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O FASCISMO E A NAÇÃO .................................................... 13 O REGIONAL E O LOCAL NO PRIMEIRO FRANQUISMO ........................................... 43 REGIÕES E FASCISMO ESPANHOL ......................................47 UNIDADE NA DIVERSIDADE – MA NON TROPPO ........................................................... 51 LÍNGUAS E CULTURAS......................................................65 AS REGIÕES E AS NARRATIVAS HISTÓRICAS ....................................................................70 O REGIONALISMO TRIVIAL DOS COROS E DANÇAS......................................................78 AS AMBIGUIDADES DO “REGIONALISMO” FRANQUISTA ..................................83

ECOS DE BERLIM: A INFLUÊNCIA DO NACIONAL-SOCIALISMO ALEMÃO NO FASCISMO ESPANHOL (1930-1940) ............................. 91 TÃO LONGE, TÃO PERTO .................................................. 92 O ANTISSEMITISMO ALEMÃO E O ANTIJUDAÍSMO ESPANHOL ........................................98

ENTREGUES AO TERCEIRO REICH ................................... 105 HITLER, O ANJO VINGADOR ............................................ 111 UM NAZISMO ESPANHOL?............................................... 118

A “CRUZADA EUROPEIA CONTRA O BOLCHEVISMO”: MITO E REALIDADE .......................1 25 OS ALIADOS DO EIXO..................................................... 132 VOLUNTÁRIOS PARA A “CRUZADA EUROPEIA CONTRA O BOLCHEVISMO” ............................................ 140 AS “LEGIÕES DO ORIENTE” ............................................. 152 HÁ UMA PECULIARIDADE ESPANHOLA NA FRENTE LESTE?......................................................... 155

BERLIN, 1944-1945: UM PROJETO DE NAZISMO ESPANHOL .................................................. 163 A SOMBRA DA ÁGUIA ..................................................... 164 VIDAS PARALELAS ......................................................... 170 O “FALANGISMO NACIONAL-SOCIALISTA” ...................... 180 ULTRAFALANGISTAS PELA EUROPA ................................ 193

INVASORES OU VÍTIMAS?: SOBRE A MEMÓRIA TRANSNACIONAL DA GUERRA GERMANO-SOVIÉTICA (1941-45) ............. 199 QUEM ERAM OS NAZIS?: DE VÍTIMAS A COMPANHEIROS DE VIAGEM .......................................205 A “HEROICA EXCECIONALIDADE” DE UM POVO EM ARMAS ................................................ 216 “NÓS NÃO SABEMOS ODIAR”: A GUERRA DO SIMPÁTICO MEDITERRÂNICO ...................................220

REFERÊNCIAS .................................................................... 231

APRESENTAÇÃO

Reúnem-se neste volume em língua portuguesa para o público brasileiro e lusófono em geral, seis trabalhos, cinco deles com base en versôes já publicadas em diversas revistas e volumes coletivos de Espanha, Brasil, Argentina e Portugal, e mais um inédito (O fascismo e a nação). Embora se trate de textos heterogêneos, concebidos e publicados entre 2007 e 2015, e orientados para públicos diferentes, todos eles possuem um denominador comum, a relação entre o fascismo do período de entre-as-duas-guerras, as identidades nacionais, a guerra e finalmente a própria memória da guerra. O primeiro capítulo trata um tema escassamente abordado pela historiografia do fascismo: qual é o vínculo entre a ideia de nação nas suas múltiplas formas e a ideologia fascista, e pretende ser um contributo teórico de alcance geral, ainda que pensado sobretudo para os fascismos europeus. No segundo capítulo aborda-se um aspeto mais concreto dessa relação entre a nação e o fascismo, aplicado ao caso da Espanha: as atitudes do fascismo espanhol, e do regime franquista, face à diversidade territorial e linguística da Espanha, e ainda a sua flexibilidade e limites ao elaborar uma síntese entre a ideia fascista de nação (como “missão” ou destino partilhado) e as identidades locais, regionais ou, aliás, subnacionais, de grande importância no caso espanhol, como a galega, a basca e a catalã. O terceiro capítulo

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FA S C I S M O , G U E R R A E M E M Ó R I A

trata um caso de fascismo transnacional: qual foi a influência do nacional-socialismo alemão no fascismo espanhol da década de 1930, e quais os limites dessa influência. Os três capítulos seguintes debruçam-se de maneira decidida sobre a relação entre fascismo, guerra e memória, tendo como cenário a segunda guerra mundial e, nomeadamente, a guerra germano-soviética de 1941-45 nas suas dimensões transnacionais. Assim, aborda-se de maneira sucessiva e de maneira panorâmica o caráter “europeu” que o III Reich quis outorgar à guerra contra o comunismo soviético, através do recrutamento de unidades de voluntários europeus para lutar com os alemães na Frente Leste, e o confronto entre propaganda e realidade. No quinto capítulo, estuda-se em detalhe uma variante pouco conhecida do fascismo espanhol, como foi o surgimento de um “nacional-socialismo” espanhol em Berlim entre 1944 e 1945, promovido pelo Instituto Ibero-Americano daquela cidade e no qual colaboraram agentes alemães, combatentes voluntários espanhóis da Wehrmacht e das Waffen-SS após a retirada da Divisão Azul pelo regime franquista, e mesmo alguns refugiados republicanos espanhóis transformados em “conversos” ao nazismo. No sexto e derradeiro capítulo, retomamos a perspetiva transnacional para analisarmos agora os caminhos da memória da guerra germano-soviética após 1945 nas esferas públicas de três países cujas tropas participaram, em maior ou menor medida, na invasão da URSS: a Finlândia, a Alemanha, e mais a Itália e Espanha. Qualquer livro, e mais ainda uma recompilação de artigos como este é, tem uma pequena história por trás. Neste caso, a ideia surgiu de uma proposta do professor e amigo Leandro Pereira Gonçalves, antes de eu dar uma palestra no Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de Rio Grande do

XO S É M . N Ú Ñ E Z S E I X A S

Sul num curso de mestrado em março de 2015, na que foi a minha primeira visita às terras gaúchas. A hospitalidade do Leandro e dos seus colegas, e ainda o interesse dos estudantes de mestrado e doutoramento da PUCRS, incentivaram ainda mais o meu interesse por dar a conhecer em forma de livro estes trabalhos em língua portuguesa, ainda mais sendo, como é o meu caso, também um membro da lusofonia, como galego de nação. Talvez o facto de combinar a identidade galega a nível linguístico e nacional, a alemã a nível académico e a italiana em virtude do meu percurso formativo no IUE de Florença seja um fator que, aliás, contribuísse para o meu interesse pela identidade e também pela história do Rio Grande do Sul. O meu agradecimento também ao Hugo Nunes pela tradução para português dos capítulos 1, 2, 4 e 5. Xosé M. Núñez Seixas Munique, abril de 2016.

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PREFÁCIO

O leitor de língua portuguesa tem neste livro alguns ensaios de um dos melhores historiadores de Espanha e da Europa contemporânea. Os seus temas mais importantes de estudo têm sido as identidades nacionais e o nacionalismo, o fascismo, a guerra e a sua memória. Acabou, aliás, de publicar, em Espanha e na Alemanha, Camarada invierno: experiencia y memoria de la División Azul, 1941-1945 (Barcelona, Critica, 2016; Münster, Aschendorff, 2016, em língua alemã), uma história da terrível experiência dos voluntários franquistas que se juntaram à Alemanha nazi na frente leste durante a Segunda Guerra Mundial. Xosé M. Núñez Seixas é um historiador cosmopolita e rigoroso, e tem-se dedicado quer à história contemporânea da Galiza e da Espanha, quer à história comparada europeia. Neste livro, em que reúne diversos artigos e ensaios selecionados com coerência, o tema unificador é o do fascismo – identidades nacionais e guerra. O primeiro capítulo é uma excelente síntese analítica sobre a relação entre nacionalismo e fascismo ou, mais propriamente, sobre as concepções de nação e a ideologia fascista, que depois se aplica ao caso do Franquismo, o tema do segundo capítulo. Como lidou o Franquismo com as identidades subnacionais presentes na sociedade espanhola? Casos da Catalã, Basca ou Galega? No caso do Franquismo, como de outros fascismos, responde ele, com um conceito de nação como uma realidade “mais revestida

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de autoridade que o Estado, que não se definia, portanto, em termos ideal-típicos e racionais, mas através dos seus componentes espaciais subalternos, legitimados pela tradição”. O terceiro capítulo aborda mais do que as relações entre a questão da influência do Nacional Socialismo alemão e o fascismo espanhol. A sua conclusão é a de que, mesmo se com um forte sentimento de pertença à mesma cruzada anticomunista, o fascismo italiano esteve sempre mais perto do modelo que pretendia implantar em Espanha. Como o autor salienta, “para além da admiração mais ou menos superficial por um modelo que se assimilava mimeticamente ao credo imperial e totalitário próprio, em 1941 não existia nenhum projeto maduro de nacional-socialismo espanhol que fosse alternativo ao próprio projeto fascista. Os mais entusiastas partidários do Terceiro Reich definiam-se como falangistas fiéis ao legado profundamente hispânico dos seus fundadores”. Os capítulos seguintes são um excelente exercício de história transnacional sobre a relação entre fascismo, guerra e memória. As batalhas decisivas da frente leste durante a Segunda Guerra Mundial protagonizaram a mobilização voluntária e forçada de dezenas de milhares de milícias europeias, desde finlandeses aos espanhóis da chamada “Divisão Azul”. O sexto e último capítulo é particularmente modelar como história comparada da memória na esfera pública do impacto da participação da guerra contra a União Soviética, na Finlândia, Espanha, Itália e da própria Alemanha. Com um excelente domínio interpretativo e das fontes, Xosé Manoel Núñez Seixas demonstra neste livro a sua vocação de historiador inovador do mundo contemporâneo. António Costa Pinto Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

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