Fatores morfológicos da vitalidade urbana

Share Embed


Descrição do Produto

arquitextos 180.02 urbanismo: Fatores morfológicos da vitalidade urbana ...

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.180/5554

Preferencialmente, consulte este artigo em seu formato original em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.180/5554 vitruvius | pt|es|en receba o informativo | contato | facebook

pesquisa guia de livros jornal revistas em vitruvius

31k

em vitruvius

busca

revistas arquitextos | arquiteturismo | drops | minha cidade | entrevista | projetos | resenhas online arquitextos ISSN 1809-6298 ok buscar em arquitextos arquivo | expediente | normas 180.02 urbanismo

ok

jornal notícias agenda cultural rabiscos eventos concursos seleção

ano 15, maio 2015

Fatores morfológicos da vitalidade urbana Uma investigação sobre o tipo arquitetônico e seus efeitos Renato T. de Saboya, Vinicius M. Netto e Júlio Celso Vargas

180.02 urbanismo sinopses como citar idiomas original: português compartilhe

180 180.00 cenografia Desenhos que revolucionaram a cena teatral Talitha Ramos 180.01 ensino Uso do raciocínio analógico na concepção projetual em ensino introdutório de projeto arquitetônico Amélia de Farias Panet Barros e Patrícia Alonso de Andrade

Conjunto Nacional, São Paulo. Arquiteto David Libeskind Foto Daniel Ducci

A crescente tendência de introversão da vida espacial – em grande parte ancorada em preocupações relacionadas à segurança –, combinada com a ênfase essencialmente quantitativa dos parâmetros urbanísticos constantes nos zoneamentos de uso e ocupação do solo, têm resultado na adoção cada vez mais proliferada de tipos arquitetônicos caracterizados por edificações distanciadas da rua, com poucos acessos diretos a ela, grandes afastamentos laterais e frontais e alta ocorrência de fachadas com baixa permeabilidade visual ou mesmo totalmente cegas. Entretanto, desde pelo menos a década de 1960, com o trabalho de Jane Jacobs, há um crescente acúmulo de argumentos segundo os quais tais tipos produziriam impactos negativos sobre as possibilidades de interação social oferecidas pelos arranjos espaciais. Diferentes autores sugerem, com ênfases bastante distintas, que formas arquitetônicos mais contínuas no quarteirão (1), com fachadas mais porosas/permeáveis (2) e mais próximas da rua (3) incentivariam a vitalidade microeconômica local e a apropriação dos espaços públicos por proporcionarem maior contato e proximidade com o espaço público (4), menores distâncias a serem percorridas (5), maior densidade de atrativos e presença de atividades

1 of 17

180.03 crítica Arquitetura no papel A obra não construída como referência histórica Leonardo Tossiaki Oba 180.04 patrimônio Considerações acerca d’O nariz torcido de Lucio Costa Carlos Gutierrez Cerqueira 180.05 crítica O prazer estético e o “para além do princípio do prazer” O problema da repetição na metapsicologia freudiana Luiz Felipe da Cunha e Silva 180.06 história Agosto de 1944: as jornadas da liberação de Paris A reflexão e o testemunho de Sartre e

12/08/2015 17:47

arquitextos 180.02 urbanismo: Fatores morfológicos da vitalidade urbana ...

(6), e maximização da superfície de contato da edificação com a rua (7). Se essas observações forem verdadeiras, há uma necessidade urgente de repensar nossos instrumentos urbanísticos que, em larga medida, têm induzido a forma urbana e das edificações justamente na direção de tipos isolados que, supostamente, acarretariam em espaços desvitalizados e inseguros (8), por sua vez dando pouco suporte à interação social e à comunicação entre grupos sociais diversos. Tais consequências podem agravar as clivagens socioespaciais já existentes atualmente, tornando ainda mais difíceis e raras as interações no espaço público, bem como a mistura e o encontro de pessoas com perfis, valores e interesses diversos. Essa revisão, entretanto, esbarra em uma fragilidade do Desenho Urbano, ao menos no contexto institucional brasileiro, que é a profunda desconfiança da população e dos tomadores de decisão formalmente eleitos com respeito às soluções apresentadas pelos técnicos. A capacidade destes últimos de efetivamente influenciar a opinião pública e as políticas de desenvolvimento têm sido, para dizer o mínimo, muito aquém do desejado (9), bastando para isso notar que, após mais de 5 décadas de produção teórica nacional e internacional sobre o tema, tais prescrições ainda não tenham encontrado rebatimento em nosso sistema normativo. Entendemos que uma retomada da confiança no Desenho Urbano inclui, entre outras coisas, uma avaliação constante de seus postulados e um exame permanente sobre a validade de suas evidências. É para esse ponto que este artigo pretende contribuir.

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.180/5554

de Simone de Beauvoir Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima 180.07 espaço cênico Novas casas Possíveis relações entre a cidade e o teatro Cristiano Cezarino Rodrigues

Considerações acerca da literatura sobre o tema Apesar de amplamente aceitos na literatura, um exame mais cuidados nos mostra que, na realidade, os trabalhos que tratam dos fatores morfológicos e tipológicos da vitalidade limitam-se, em larga medida, a fazê-lo apenas ao nível discursivo. Jacobs (10), por exemplo, baseou todo um conjunto analítico e prescritivo acerca da vitalidade urbana sobre observações feitas em alguns bairros de Nova Iorque, indicando contrastes, buscando explicações e defendendo estratégias que considerava as mais adequadas para criar “vizinhanças bem sucedidas”. Contudo, essas observações não foram feitas de forma sistemática: não há, por exemplo, aleatoriedade da amostra, nem preocupação em torná-la representativa a partir de um número suficiente de bairros ou de uma distribuição proporcional à população. Houve, é verdade, uma certa preocupação em controlar por fatores como renda e densidade, mas apenas ao nível discursivo (11). Sintomático também é o fato de que seu livro não apresenta uma seção dedicada à metodologia adotada ou uma lista de referências bibliográficas. Estudos feitos com maior rigor metodológico sobre os princípios defendidos por Jacobs falharam em encontrar suporte empírico para suas afirmações a respeito das causas de vizinhanças bem sucedidas – representadas no estudo pela ausência de crimes – (12), o que é um claro indicador de que estas estão longe de poderem ser consideradas demonstradas empiricamente. Outros estudos clássicos sobre Desenho Urbano (13) seguem em direções parecidas com as de Jacobs (2000), apesar de basearem-se de forma mais evidente em estudos empíricos para apoiar parte de suas afirmações. Alexander et al, por exemplo, citam Fanning e Cappon (14) para defender os supostos malefícios que edifícios em altura podem trazer para seus residentes. Gehl, por sua vez, cita Appleyard e Lintel (15) para embasar as relações entre contatos sociais e tráfego de veículos em ruas residenciais. Ambos citam estudos empíricos próprios como fundamentos para seus argumentos. Entretanto, nenhum dos cinco trabalhos apoia-se em estudos empíricos específicos sobre o papel da forma dos edifícios (e seus aspectos constituintes) sobre a vitalidade. Com relação aos recuos frontais, por exemplo, Christopher Alexander Sara Ishikawa e Murray Silverstein não oferecem nenhuma evidência empírica quando afirmam que “os afastamentos destruíram as cidades” (16), ao defender que os edifícios devem ser colados à rua. Da mesma forma, quando Jan Gehl afirma que contato através de janelas entre edificação e a rua pode

2 of 17

12/08/2015 17:47

arquitextos 180.02 urbanismo: Fatores morfológicos da vitalidade urbana ...

3 of 17

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.180/5554

aspectos importantes, deixando de fora variáveis que poderiam modificar as conclusões obtidas. Ou talvez que a intensidade dos efeitos das variáveis consideradas mais importantes sejam, na verdade, menores do que os efeitos de outras variáveis. Tais falhas seriam mais facilmente detectadas através de uma observação sistemática da realidade proporcionada por um estudo empírico rigoroso. É possível também que as conclusões sejam válidas para um contexto específico, mas não para outros, o que é especialmente problemático se considerarmos que esses autores clássicos raramente circunscrevem suas conclusões a contextos específicos, deixando implícito que seriam válidas para todos os lugares. Relacionado de certa forma a esse problema, há também o risco de que, não usando uma amostra aleatória, o conjunto de casos analisados reflita uma certa preferência do autor, ou até mesmo que ele tenha selecionado (consciente ou inconscientemente) apenas aqueles casos que confirmem hipóteses definidas a priori – prática conhecida, em inglês, como cherry picking (20). Sobre isso, concordamos com Durkheim quando este diz que: “Provar uma hipótese não é mostrar que ela explica convenientemente alguns fatos lembrados a seu propósito, é constituir experiências metódicas. [...] Mas alguns exemplos expostos sem ordem não constituem uma demonstração” (21). Uma parte importante de uma experiência metódica é controlar as variáveis irrelevantes (para o estudo) para que elas não introduzam distorções sistemáticas que invalidem as conclusões alcançadas. Esse cuidado é importante para minimizar os três problemas citados acima e consiste, basicamente, em dois procedimentos complementares (22): manter as variáveis irrelevantes constantes ou aleatorizá-las. O modo como esses princípios foram aplicados no presente estudo será explicado mais adiante. À luz dessas considerações, vemos que a literatura do Desenho Urbano tem, em larga medida, se preocupado com a lógica interna das argumentações sem, entretanto, apoiar-se em evidências empíricas sistemáticas e obtidas a partir do controle de variáveis extrínsecas. Seus resultados tendem a concentrar-se em oferecer prescrições normativas (23) mais do que em gerar conhecimento confiável sobre hipóteses, via de regra baseando-se em evidências com diferentes níveis de qualidade de observação e em corroboração frágil ou insuficiente. Sobre isso, Marshall (24) afirma que o Desenho Urbano é, em parte, pseudocientífico, pelo fato de que seus fundamentos são baseados em “hipóteses não testadas”. Mesmo que algumas das conclusões alcançadas pelos autores clássicos pareçam autoevidentes a partir de nossas experiências cotidianas ou de afirmações comuns em nossa área de atuação, consideramos que a falta de comprovação empírica na literatura, por si só, já justificaria a realização de um estudo rigoroso sobre o tema. É importante, todavia, fazer a ressalva de que por certo há numerosos trabalhos no campo do Desenho Urbano que adotam métodos rigorosos e que se utilizam de estudos empíricos sistemáticos para testar suas hipóteses. Entretanto, nenhum deles trata diretamente da questão da relação entre forma arquitetônica (e seus componentes) e aspectos de vitalidade urbana. Alguns dos trabalhos que mais se aproximam desses temas são aqueles relacionados à ocorrência de crimes (25), mas que não tratam diretamente da vitalidade urbana. Outros tratam indiretamente da vitalidade e/ ou dos tipos arquitetônicos (26). Desconhecemos estudos empíricos que estudem especificamente as relações entre as características arquitetônicas das edificações e suas possíveis influências sobre a vitalidade urbana de seus espaços adjacentes de forma metódica e controlada (27). A pesquisa em Florianópolis Para a realização do estudo de caso, foi selecionada a cidade de Florianópolis, mais especificamente sua porção insular. Isso aconteceu como parte de uma iniciativa mais ampla que aplicou metodologias

12/08/2015 17:47

arquitextos 180.02 urbanismo: Fatores morfológicos da vitalidade urbana ...

4 of 17

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.180/5554

fundamentais de um grupo de elementos, que nos permite diferenciá-los e classificá-los para propósitos específicos. Os tipos 1 (isolado/torre) e 3 (compacto/contínuo) estão descritos no Quadro 1 e ilustrados na Figura 1.

Quadro 1 - Características dos tipos 1 e 3

Entre esses extremos, há inúmeras combinações intermediárias, que também serão levadas em consideração na análise desagregada dessas características e suas intensidades. Entretanto, há uma que julgamos qualitativamente diferente e que, por esse motivo, merece uma classificação própria. O tipo 2 – híbrido caracteriza-se por uma base colada nas divisas frontal e laterais do terreno, e uma torre isolada sobreposta a essa base mais ampla (Figura 2). Em Florianópolis esse modelo vem se tornando cada vez mais comum, por explorar ao máximo os limites de ocupação permitidos pelo Plano Diretor.

Figura 1 – Mesmo volume construído em diferentes posições dentro do lote e com diferentes relações com a rua desencadeariam efeitos diferenciados sobre a vitalidade da rua?

12/08/2015 17:47

arquitextos 180.02 urbanismo: Fatores morfológicos da vitalidade urbana ...

5 of 17

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.180/5554

Para testar as hipóteses, foram levantadas características tipológicas das edificações de 169 trechos de logradouros em Florianópolis SC, divididos em três faixas de acessibilidade e três classes de densidade populacional (que atuaram como variáveis de controle). Em cada faixa de acessibilidade foram correlacionadas as medidas dos tipos com a quantidade média de pedestres observadas em cada trecho. Os resultados indicam a existência de relações consistentes entre algumas características da forma arquitetônica e o movimento de pedestres; entretanto, indicam também que algumas das principais suposições dos estudos clássicos não são corroboradas pelos dados empíricos, ou foram corroboradas apenas em parte. Metodologia A pesquisa aqui apresentada se insere no campo das abordagens quantitativas. Lida com a mensuração de variáveis buscando compreender o comportamento de um sistema de interesse através do relacionamento entre características relevantes desse sistema. Mais especificamente, trabalha com a Estatística como meio para identificar se as relações entre as variáveis presentes nos dados levantados são significantes ou se, ao contrário, é mais provável que tenham acontecido simplesmente como fruto do acaso. O trabalho possui também um caráter hipotético-dedutivo, pois parte da constatação da existência de lacunas no corpo de conhecimentos (neste caso relacionadas primordialmente à escassez de comprovação empírica), buscando formular hipóteses para os problemas teóricos, representá-los sob a forma de modelos e testá-los a partir de observações da realidade. O objetivo é proporcionar maior familiaridade com o problema, deixando-o mais explícito e acumulando evidências a favor ou contra hipóteses levantadas. Possui, além disso, um caráter exploratório, tendo em vista que foram incluídas variáveis não diretamente relacionadas às hipóteses com o objetivo de monitorar seus possíveis efeitos (em especial aquelas relacionadas à acessibilidade, mas também o tamanho do quarteirão e a presença de garagens). O principal desafio da metodologia foi controlar a influência da densidade populacional e da acessibilidade (29) proporcionada pelo sistema viário sobre o movimento de pedestres em uma área. Caso isso não fosse feito, áreas com diferentes predominâncias tipológicas poderiam ter vitalidades diferentes como resultado não das diferenças entre os tipos arquitetônicos em si, mas da diferença de sua posição na malha (mais ou menos acessível em relação ao resto do sistema urbano), ou ainda das diferenças de densidade. Em outra palavras, poderíamos atribuir as variações na quantidade de pedestres às diferenças nos tipos arquitetônicos do trecho, quando na verdade elas estariam mais relacionadas à acessibilidade ou à densidade. a) variáveis de controle e seleção da amostra Para minimizar esse risco, desenvolvemos uma metodologia para selecionar a amostra baseada em níveis similares de acessibilidade e densidade. A Figura 3 a seguir ilustra esse princípio: supondo que haja uma relação linear entre acessibilidade e movimento de pedestres (30), se definirmos faixas estreitas de acessibilidade podemos notar que ela corresponde a uma faixa nem tão estreita de intensidade de movimento. Isso acontece porque não há correlação perfeita entre as duas variáveis, o que sugere que há outras variáveis atuando em conjunto com a acessibilidade, além da possibilidade de não-causalidade e, portanto, de distribuições meramente contingenciais. Nossas hipóteses sugerem, entretanto, que entre esses fatores estariam ativos os diferentes tipos arquitetônicos.

12/08/2015 17:47

arquitextos 180.02 urbanismo: Fatores morfológicos da vitalidade urbana ...

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.180/5554

Entretanto, capturar os níveis de acessibilidade de diferentes espaços dentro da cidade não é algo metodologicamente simples. Neste trabalho, optamos pelo uso da abordagem configuracional de Hillier e Hanson (31), conhecida como Teoria da Sintaxe Espacial, pelo fato de que suas principais medidas (Integração e Escolha) têm demonstrado boa capacidade de correlacionar-se com padrões de movimento de pedestres (32) e por permitir uma diferenciação com bom nível de desagregação espacial, diferenciando por ruas (em oposição a modelos de acessibilidade que fazem uma diferenciação de forma mais agregada, por zonas ou bairros da cidade). Tendo optado pela abordagem configuracional para definir e capturar a acessibilidade, a principal decisão concentrou-se na medida a ser adotada. Suas principais medidas capturam a acessibilidade proporcionado pelo sistema viário de formas fundamentalmente diferentes. A integração captura aspectos de proximidade entre os espaços e é obtida a partir da profundidade média de uma linha para todas as outras. Profundidade, nesse contexto, nada mais é do que o número de mudanças de direção necessárias para ir de um espaço a outro. Uma segunda medida configuracional (escolha) baseia-se na noção de centralidade de Freeman, segundo a qual as linhas mais centrais são aquelas que fazem parte com mais frequência dos caminhos mínimos entre outros pares de espaços (33). Na Sintaxe Espacial essa medida é chamada de Escolha. Apesar de Hillier e Iida (34) encontrarem boas correlações para ambas as medidas, as melhores correlações para a Integração foram encontradas para diferentes raios de análise (35), condição possível de ser determinada apenas depois de o estudo estar pronto e o levantamento de campo já realizado. Por isso, optamos pela Escolha com raio global que, além disso, mostrou-se mais adequada a uma malha altamente segregada como a de Florianópolis, que apresenta grandes diferenças entre ruas muito próximas entre si por conta das severas descontinuidades do tecido. Essas diferenças de continuidade entre vias adjacentes são melhor captadas pela medida de Escolha do que pela Integração. Uma vez que há várias maneiras possíveis de medir a acessibilidade, nenhuma delas considerada perfeita, outras medidas configuracionais e outros raios também foram incluídos nas análises, para fins de monitoramento de sua possível influência sobre as variáveis sociais e microeconômicas. Dessa forma, os níveis de acessibilidade foram divididos em 20 faixas (medidas pela Escolha), das quais foram selecionadas a Faixa 4 (acessibilidade baixa), 11 (média) e 16 (alta). Cada faixa, portanto, apresentava espaços (trechos de logradouro) com valores de acessibilidade aproximadamente constantes, ou muito semelhantes. Seguindo a mesma lógica, os setores do Censo do IBGE de 2012 foram divididos em três grandes classes de densidade (baixa, média e alta). Dessa forma, todos os trechos de logradouros contidos nas três faixas de acessibilidade selecionadas estavam contemplados em uma das três faixas de densidade, totalizando nove combinações de acessibilidade + densidade. Para cada um dos trechos selecionados para a amostra, em cada uma das faixas de acessibilidade, foram levantadas as características dos tipos arquitetônicos, agregadas em cada trecho através de suas médias ou da proporção (em porcentagem) de ocorrência, conforme o caso. Em cada trecho foram realizadas contagens de pedestres em quatro horários distintos, dois pela manhã e dois à tarde, em dias de semana. A média das contagens para cada trecho foi então correlacionada com as diversas características dos tipos, assim como com as medidas de acessibilidade e densidade, para verificar até que ponto estas últimas poderiam exercer influência sobre o movimento de pedestres. b) definição das variáveis O Quadro 2 abaixo lista as variáveis levantadas neste estudo.

6 of 17

12/08/2015 17:47

arquitextos 180.02 urbanismo: Fatores morfológicos da vitalidade urbana ...

7 of 17

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.180/5554

Quadro 2 – Lista das variáveis consideradas na pesquisa

Resultados e discussão No total, foram levantados 169 trechos, distribuídos conforme a Tabela 1. As médias das principais características levantadas estão na Tabela 2.

12/08/2015 17:47

arquitextos 180.02 urbanismo: Fatores morfológicos da vitalidade urbana ...

8 of 17

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.180/5554

Tabela 2 – Médias das principais variáveis levantadas, por faixa de acessibilidade

Os resultados mostrados abaixo concentram-se na relação com o Movimento de Pedestres (MP) como principal descritor da Vitalidade. Devido às baixas correlações encontradas para a Faixa 11, provavelmente devidas ao menor tamanho da amostra para essa faixa, discutimos com maior ênfase os resultados para as faixas 4 e 16. a) tipos arquitetônicos Com relação à classificação nominal dos tipos, todos os resultados das duas situações extremas (tipo 1 e tipo 3) apresentaram sinais coerentes com os previstos pelas hipóteses, ou seja, tipo 1 com correlação negativa e tipo 3 com correlação positiva com movimento de pedestres (Tabela 3). Entretanto, o nível de confiança apresentou variações importantes, com apenas 4 das 6 combinações possíveis possuindo nível de significância de 95%.

Tabela 3 – Correlações dos tipos com o movimento de pedestres (valores em negrito indicam nível de confiança de no mínimo 95%)

A faixa 4 foi a que apresentou maior confiança para os três tipos, com correlação -0,66 para o tipo 1 isolado/torre, 0,45 para o tipo 2 híbrido e 0,58 para o tipo 3 compacto-contínuo. Ambos os tipos extremos mostram fortes correlações com o movimento de pedestres nessa faixa, negativa para o tipo isolado e positiva para o tipo compacto. Chama a atenção também a alta correlação positiva do tipo 2 híbrido. Isso provavelmente deve-se ao fato de os edifícios híbridos nessa faixa de acessibilidade representarem edifícios verticais, em sua maioria com 8 andares ou mais, o que contribui para aumentar a densidade desses trechos. Entretanto,

12/08/2015 17:47

arquitextos 180.02 urbanismo: Fatores morfológicos da vitalidade urbana ...

9 of 17

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.180/5554

Tabela 4 – Correlações dos parâmetros tipológicos com o movimento de pedestres (valores em negrito indicam nível de confiança de no mínimo 95%)

Os afastamentos frontais mostraram correlações moderadas com o movimento de pedestres, tanto os frontais quanto os laterais. A faixa de baixa acessibilidade foi a única que obteve resultado significativo (r=-0,33, p
Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.