Fatos e artefatos da “invencibilidade moderna”

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Por favor referencie (Marques, 2008) MARQUES, I. D. C. Fatos e artefatos da "invencibilidade moderna". In: ALMEIDA, M. D. e VERGARA, M. D. R. (Ed.). Ciência, história e historiografia. Rio de Janeiro: Museu de Astronomia e Ciências Afins, 2008. p.231-244. ISBN 9788576360780. (pode haver pequenas diferenças de edição e formato entre o texto abaixo e a publicação referenciada)

Revisão do artigo “Fatos artefatos da `invencibilidade moderna`” Ivan da Costa Marques 30 de setembro de 2008

Modificações indicadas abaixo por página em vermelho: Por página: Pg.129: acrescentar à nota de rodapé nº 1: Agradeço ao Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ o contínuo suporte aos meus estudos no campo Estudos CTS. Pg.132: linha 12/13: como uma outra (possivelmente nascente) partícula Pg.132: quarta linha a partir debaixo: colocar parênteses: e não (formas) preexistentes Pg.135: no segundo parágrafo e logo a seguir: Entre europeus e americanos, mesmo que em tons diversos, muitos historiadores econômicos e da ciência e da tecnologia contemporâneos não contêm sua admiração e ressoam os acordes famosos de Engels e Marx, ressaltando que Faltou abrir as aspas e “e que”: “o hiato tecnológico ... do mundo” e que “embora recentemente ... tamanho sucesso universal”. Após a citação iniciar o parágrafo introduzindo: Problematizando esta admiração, em um dos mais pungentes ... Pg.136: sétima linha: obduradas ao invés de obdurecidas Pg.138: décima linha a partir debaixo: ... muito pequena ... ao invés de mínima Pg.140: oitava linha a partir debaixo: ... configuração (Latour, 2005, p. 53-4) ... ao invés de “constituição” Pg.140: quinta linha a partir debaixo: ... sem esta percepção ... ao invés de “antes”

2 Fatos e artefatos da “invencibilidade moderna” Ivan da Costa Marques – [email protected] Pós-Graduação em Informática do NCE&IM/UFRJ Pós-Graduação em História da Ciência e da Técnica e Epistemologia / UFRJ

Introdução Lanço mão dos pressupostos e dos resultados das últimas décadas dos Estudos CTS (Ciência-Tecnologia-Sociedade), especialmente da chamada “teoria ator-rede”1, que torna possível descrever e falar nos mesmo termos de artefatos tecnológicos ou de fatos científicos, e também de normas, leis e instituições (inclusive mercados), juntando-os em uma só história. Neste campo de estudos faz-se o investimento teórico-prático visando a construção de ferramentas analíticas ou linguagens que ultrapassem a divisão Natureza (“o mundo das coisas-em-si”) / Sociedade (“o mundo dos homens-entre-si”). Isto propicia, mesmo que possa à primeira vista parecer estranho, descrever um artefato tecnológico, um organismo biológico, um fato ou uma lei científica nos mesmos termos usados para descrever uma lei, uma norma ou uma instituição social, política e econômica, ou mesmo um costume ou hábito.

Os Estudos CTS abrem o caminho para que tenhamos uma história das ciências que não separa mas, ao contrário, entrelaça as entidades postas no “mundo das coisas-em-si” e as entidades postas no mundo dos “homens-entre-si”, criando híbridos e desconstruindo a divisão entre Natureza e Sociedade já bem acabada desde Kant.2 Os Estudos CTS juntam em uma só história partículas atômicas e ministérios, elétron e estado, física, negócios e nação que se co-constroem em fluxos e justaposições de materiais heterogêneos (Latour, 1989 (1996)).

Os Estudos CTS problematizam, deslocam, desfazem e refazem, ou não, as fronteiras hoje naturalizadas (tidas como formas pré-existentes) entre não só as ciências naturais (física, 1

Para apresentações da teoria ator-rede ver, por exemplo, (Law e Hassard, 1999) ou (Latour, 2005). Para uma explicação breve da demarcação da Natureza e da Sociedade como uma demarcação de mundos que não deveria ser cruzada na construção de conhecimento, e como esta demarcação moderna já está bem acabada em Kant, ver o prefácio da edição espanhola de (Latour, 1992). 2

3 química, biologia e também a matemática) e as ciências sociais, mas também entre ciência pura ou básica e ciência aplicada ou tecnologia, entre objeto e sujeito, entre mente e corpo, entre humano e não humano – mas aqui a apreciação desta reformulação ampla será mais localizada, focalizando os fatos e artefatos da modernidade e a chamada invencibilidade moderna.

As palavras modernidade e moderna referem-se, um tanto grosseiramente, a configurações históricas de coletivos heterogêneos que espalharam-se pelo mundo no segundo milênio a partir da Europa após as reformas religiosas, a disseminação da imprensa, os descobrimentos dos novos continentes, os empreendimentos ligados às ciências e às tecnologias e o desenvolvimento dos capitalismos e dos estados-nações. A “invencibilidade moderna” referese, também grosso modo, a capacidade da chamada civilização moderna de criar situações assimétricas que a privilegia quando entra em contato com outras culturas. Embora este ensaio vá se restringir a processos exemplares mas bastante específicos, espero começar a mostrar que estudar a “invencibilidade moderna” abre novos espaços de ação para o desenvolvimento científico e tecnológico de coletivos que ocupam posições desfavorecidas nas distribuições assimétricas dos seres no mundo, tais como muitos dos coletivos que constituem, talvez ainda se possa dizer, o povo brasileiro.3 Objetos – fatos e artefatos, ou melhor, entidades Não é novidade que a civilização moderna, especialmente a partir do período que se denominou Revolução Industrial, fez-se acompanhar de um enorme aumento de produção e da variedade dos bens e serviços. Em seu influente Prometeu Desacorrentado, o historiador econômico David Landes observa que “o cidadão inglês de 1750 estava mais próximo dos legionários de César, em termos de coisas materiais [ao seu redor], do que de seus próprios bisnetos” (Landes, 1994:10)

É uma procissão numerosa, quase infindável, de objetos novos, entidades modernas, trazidas pelo contato com a civilização que vinha da Europa, que remonta às raízes do Brasil: não só espelhos, anzóis e machados de metal, armas de fogo, tecidos, estradas e carros, na3

O uso da expressão “povo brasileiro” está apoiado em (Ribeiro, 1995).

4 vios a vapor, ferrovias, telefones, produtos sintéticos, automóveis, aviões, televisão, computadores, telefones celulares, etc. – cobiçados frutos visíveis de um Prometeu desacorrentado, mas também outros objetos, tais como o fordismo-taylorismo, sociedades anônimas, sistema financeiro, P.I.B., toyotismo, etc. e ainda mais outros objetos, fatos e artefatos, como a lei da gravidade, campos eletro-magnéticos, partículas, vírus, estado-nação, democracia, etc.

Para entender como os objetos (os fatos e artefatos) e os construtores do mundo moderno se aliam para formar coletivos invencíveis (e logo abordarei a invencibilidade dos modernos) os estudiosos precisam de teorias, de ferramentas, de óculos, de abordagens que lhes permitam tratar em uma só história, isto é, nos mesmos termos, a heterogeneidade daquela procissão de objetos tão diferentes e usualmente colocados em mundos separados tais como, de um lado, anzol ou elétron, de outro lado, democracia, empresa ou estado. A proposição oferecida no campo interdisciplinar dos Estudos CTS adquire sua força a partir de seu minimalismo e sua simplicidade: abordar os objetos4 por suas performances, seus desempenhos, pelo que eles fazem e não por aquilo que a epistemologia clássica nos diz que eles são; abrir mão dos essencialismos para adotar uma abordagem relacional ou semiótica; na história da ciência levar a sério o abandono da divisão metodológica de Hans Reichenbach entre o contexto da descoberta e o contexto da justificação e o afastamento da querela entre internalistas e externalistas. Amplia-se assim a historicidade das ciências e das tecnologias, fala-se em “gênese e desenvolvimento de um fato científico”5 e os fatos e artefatos das tecnociências passam então a ter história e biografia (Daston, 2000).

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Por sinal poderíamos não nos referir a objetos mas sim a entidades, pois para chegar onde queremos, assim como precisamos desfazer / refazer a separação entre Natureza e Sociedade como algo pré-existente, um a priori, precisamos também desfazer / refazer (pelo menos partes das) assimetrias estabilizadas que criam um centro cognoscitivo e uma periferia cognoscível, um sujeito cognoscitivo que destaca contornos de uma paisagem e que passa a conhecer este contorno como um objeto cognoscível separado do sujeito que tem o conhecimento. 5 O título “Genese e desenvolvimento de um fato científico” chamou a atenção de Thomas Kuhn para uma “monografia quase desconhecida” onde ele afirma que Ludwig Fleck em 1935 (Fleck, 1986) “antecipa muitas de [suas] próprias idéias” ((Kuhn, 1992, p.11). Marta de Almeida considera que o estudo do conjunto da obra de Thomas Kuhn seria “um bom começo” para divulgar com mais vigor entre a comunidade de historiadores os trabalhos que contribuíram para ampliar a reflexão acerca das complexidades em estudar a ciência (Almeida, 2003, p. 127). Carlos Alvarez Maia identifica uma perda do “refinamento estrutural” na apropriação de Fleck por Kuhn, destacando que “a idéia de ‘comunidade’ de Kuhn está contaminada pela proximidade com a homônima de Polanyi e Merton comprometendo sua fidelidade com a de ‘coletivo de pensamento’ [de Fleck]” (Maia, 2001, p. 207)

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Elétron e estado constituídos a partir de seleções de perfomances Como nasce um objeto? Como um fato científico ou um artefato tecnológico é descoberto, inventado, construído, narrado? Como um exemplo ilustrativo consideramos primeiro o elétron. Abordamos o elétron como a somatória de todas as suas performances, todos os seus desempenhos, o que vem a ser um conjunto de ações ou feitos (as inscrições nos instrumentos dos laboratórios dos físicos, os comportamentos em materiais semicondutores, em válvulas, em geradores e motores, etc., a materialidade dos instrumentos nas usinas, fábricas e laboratórios, seus modelos e suas teorias, inclusive livros e aulas, na sua materialidade) selecionados em determinado momento histórico para compor uma unidade a qual se batiza com o nome “elétron”.6 Notem que as fronteiras deste objeto ou entidade, o elétron, não são bem definidas nem pré-existentes. Já a própria seleção dos feitos que são escolhidos para serem atribuídos a uma unidade que nasce no momento de seleção envolve uma arbitrariedade que é resultado de uma convenção.7 Na lida com os fenômenos decidese que a inscrição “A” é um feito do elétron, mas a inscrição “B” não é. Além disto, nos laboratórios de física vão se observar novos feitos (novas inscrições, novos desempenhos, novas performances) e os físicos decidirão se estes novos desempenhos são feitos da entidade “elétron” já batizada-criada, que neste caso tem acrescida à sua lista de performances este novo feito, ou se se trata de ruído ou de uma outra entidade, como uma (possivelmente nascente) partícula sub-atômica. Dá-se o primeiro caso quando os físicos, os instrumentos e as inscrições entram em acordo no encaixe da nova performance que passa a se justapor satisfatoriamente às outras performances anteriormente selecionadas para constituir o objeto ou entidade “elétron”8. Neste caso atribui-se à entidade, à unidade “elétron” anteriormente criada, à forma que nasce e ganha identidade de objeto, uma nova performance, pois decide-se, por convergência e convenção no coletivo formado pelos físicos, seus instrumentos, suas teorias e o fluxo onde as performances acontecem, que o novo feito é obra daquela entidade batizada “elétron”, mas, observe-se, a entidade “elétron” permanece mas também Esta abordagem não é uma novidade absoluta. Por exemplo, Norbert Wiener propôs que “a física em si mesma é meramente uma maneira coerente de descrever as leituras dos instrumentos físicos” apud (Hayles, 1999) 7 Resultado de uma “convergência” envolvendo um coletivo de humanos e não humanos. Sobre este ponto ver (Callon, 1999) e também (Callon, 1995). 8 Pode-se invocar aqui por analogia a imagem do quebra-cabeças que Thomas Kuhn associa aos períodos de desenvolvimento da “ciência normal” (articulação cada vez mais refinada de um paradigma vigente). 6

6 muda pois o novo feito é acrescido à sua lista de performances. Dá-se o segundo caso quando os físicos, os instrumentos, as teorias e as inscrições entram em acordo, tácito ou explícito, atribuindo o novo desempenho a ruído, anomalia ou outras entidades (outras partículas sub-atômicas, por exemplo), e o elétron se mantém (até segunda ordem). Assim constitui-se o elétron pelo que ele faz (essência é existência, e existência é ação), e o que ele faz, ele o faz sempre em justaposições materiais de elementos materiais heterogêneos, em suas relações com as teorias e os instrumentos que são fatos e artefatos, ou objetos, entidades anteriormente descobertas-inventadas-construídas-narradas e provisoriamente estabilizadas e não formas pré-existentes.

Mas neste fluxo onde justaposições de elementos materiais heterogêneos constituem o elétron (parte do “mundo das coisas-em-si”) constituem-se também objetos, fatos ou artefatos que costumamos perceber como objetos de outro caráter, ou seja, do outro lado da divisão Natureza / Sociedade, como, por exemplo, o estado (parte do “mundo dos homens-entresi”). Como exemplo ilustrativo desta abordagem podemos considerar, também apressadamente, um segundo objeto: o que constitui (ou é) o “estado”?

No fluxo em que se agregam em amálgama indissociável os homens (e mulheres) e todos os materiais com que interagem para viver, o estado, assim como o elétron, se constitui, faz suas inscrições e exibe suas performances a partir de formas provisoriamente estabilizadas de extensas justaposições de elementos materiais heterogêneos que incluem a polícia, os magistrados, as estradas, os hospitais, as escolas (os centros de pesquisa, os laboratórios de física básica), os textos de “ciência política” (de Grotius, Maquiavel, Hobbes, Locke, Rousseau, Marx e Weber, por exemplo) que narram um “contrato social” relatado e ensinado em uma rede educacional onde circulam e difundem-se os conhecimentos sobre o objeto “estado” e de objetos a ele relacionados como cidadania, os mecanismos eleitorais, um aparato legislativo que aprecia metodicamente novos feitos (novas inscrições) e decide, por convergência e convenção, entre o que é ruído ou anomalia e o que é incorporado à lista de feitos ou performances do estado, tais como, por exemplo, os chamados novos direitos dos cidadãos (adiante voltaremos ao estado).

7 Não há como fazer aqui uma exposição detalhada e filosoficamente rigorosa9 do olhar semiótico dirigido às ciências e às tecnologias, sejam elas as ciências naturais ou as ciências sociais. Minha intenção é ressaltar que não partirmos de uma divisão a priori entre o técnico e o político-social, e podemos recorrer à crescente e já farta literatura, a começar pelos estudos de laboratório de Michael Lynch, Karin Knorr-Cetina, Sharon Traweek, Bruno Latour e Steve Woolgar que nos anos 1980 abriram o caminho para que hoje se possa descrever nos mesmos termos e juntar em uma só história entidades tradicionalmente classificadas como máquina, lei científica, organismo biológico, instituição ou mesmo hábito cultural. Não precisamos necessariamente fazer e adotar a priori, em quaisquer circunstâncias, esta classificação – como toda classificação, esta também tem efeitos cognitivos e normativos, e estes efeitos não são neutros, eles favorecem alguns e dificultam a vida de outros, e é justamente isto que, creio, pode dar importância ao que estou procurando dizer aqui. Podemos tratar tanto as máquinas, quantos as leis e os organismos ou as instituições como justaposições provisoriamente estáveis de elementos materiais heterogêneos.

Por exemplo, o que constitui um avião na cabeceira da pista pronto para voar é uma imensa rede, uma enorme justaposição de elementos materiais heterogêneos: combustível, turbinas, fuselagem, piloto, passageiros, sistemas de reservas, aeroporto, concreto, torre de controle, plano de vôo, a organização de uma companhia aérea, pagamentos e recebimentos, treinamentos, salários, etc. e tudo o que se faz do petróleo ao querosene de aviação, dos minérios às turbinas, dos comportamentos espontâneos aos corpos adestrados no comportamento dentro de uma aeronave, das relações de poder pessoal ao poder institucional, etc. Os Estudos CTS entendem e levam a sério, por assim dizer, que são todos estes elementos que constituem “um avião na cabeceira da pista pronto para voar” que tem existência e essência somente nesta performance que o define. O avião é um objeto complexo, múltiplo, é “mais do que um e menos do que muitos”, como diz John Law.10

Invencibilidade moderna 9

Entre as referências filosóficas importantes para os Estudos de Ciência e Tecnologia, além da obra de Michel Foucault e partes da “filosofia francesa” recente e dos “pragmatista s americanos” como (Deleuze e Guattari, 1995) e (James, 2003), encontra-se, mais especificamente, (Hacking, 1999). Para uma vinheta muito elucidativa de poucas páginas ver (Rorty, 1999). 10 (Law, 2002)

8 Há ampla percepção de que a civilização moderna, ao entrar em contato com outras civilizações, as põe em um movimento sem retorno. Esta percepção vem não só dos europeus proponentes da modernidade, mas é percebida em muitas culturas.

A inevitabilidade deste movimento está presente, por exemplo, na constatação, tão bem descrita por Sérgio Buarque de (Holanda, 1987, p. 3) em Raízes do Brasil, de que “somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra, .... trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas idéias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil.” Em estudo semelhantemente influente, Guillermo Bonfil Batalla escreve que “a história recente do México, a dos últimos 500 anos, é a história do enfrentamento permanente entre aqueles que pretendem orientar o país para o projeto da civilização ocidental e aqueles que resistem arraigados em formas de vida de estirpe mesoamericana”. (Batalla, 1987 (2005), p. 10) Ainda com referência ao México, (Frost, 2005, p. 271) observa, em tom de condenação, que “a solução [liberal] é incorporar ao índio o grau de civilização do resto da população do país, ou o que é o mesmo, ocidentalizá-lo, fazê-lo renegar a si mesmo.” Em estudo que situa um tipo de nacionalismo “oriental” no encontro da civilização hindu com a modernidade, o também influente intelectual Partha Chatterjee chama atenção para um debate. Por um lado, os conservadores argumentam explicitamente que os povos nãoeuropeus são culturalmente incapazes de adquirir os valores do Iluminismo ou fazem isto na forma de uma estrutura implícita de hipóteses, presentes em grande parte da historiografia européia sobre os movimentos nacionalistas no mundo colonial, que enxerga estes movimentos como “geléias de facções, relações de clientelismo, lealdades tradicionais sob o manto de organizações políticas modernas, etc.” Por outro lado, os liberais afirmam que estes “dispositivos irracionais e retrógrados são somente uma ressaca do passado” e que as antigas colônias estão por demais envolvidas na tarefa histórica da modernização, e que uma vez removidas as condições que dificultam o progresso não há razão para que elas também não prossigam para se aproximarem dos valores que fizeram do Ocidente o que ele é hoje. Estes valores expressam-se em atributos que são as “necessárias habilidades lingüísticas, educacionais e profissionais julgadas necessárias para uma ‘civilização consciente-

9 mente progressiva’” (Chatterjee, 1986, p. 1). Em meio a este debate, (Chatterjee, 1986, p. 10) dirige a conservadores e liberais o desafio de enfrentar a invencibilidade moderna fazendo a pergunta “por que os países coloniais não-europeus não têm outra alternativa histórica exceto tentar se aproximar dos atributos dados da modernidade, quando este próprio processo de aproximação significa sua sujeição a uma ordem mundial que somente coloca para eles as tarefas que devem realizar e sobre a qual eles não têm nenhum controle?”

Entre europeus e americanos, mesmo que em tons diversos, historiadores econômicos e da ciência e da tecnologia contemporâneos repetem acordes famosos de Engels e Marx ressaltando que “o hiato tecnológico tornou possível e o interesse econômico suscitou uma espetacular expansão do poder da civilização moderna nas áreas não industrializadas do mundo” e muitos não contém sua admiração vendo que “embora recentemente a maré de dominação imperialista tenha baixado, ela deixou sua marca indelével por onde quer que tenham rolado suas águas: todos os países não desenvolvidos do globo estão convertidos às religiões da indústria e da riqueza, com uma fé que supera a de seus mestres. Nunca, nos milhares de anos de contato entre as civilizações, uma delas desfrutou de tamanho sucesso universal.” (Landes, 1994:17)

Em um dos mais pungentes parágrafos de Jamais Fomos Modernos (Latour, 1994, p. 43) afirma que “[o]s índios não estavam errados ao dizer que os brancos tinham a língua partida. Ao separar as relações de força de ordem política das relações de razão de ordem científica – mas sempre apoiando a razão sobre a força e a força sobre a razão – os modernos sempre tiveram duas cartas sob as mangas. Tornaram-se invencíveis. Você acredita que o trovão é uma divindade? A crítica irá mostrar que trata-se, neste caso, de mecanismos físicos sem influência sobre os acontecimentos do mundo humano. Você está preso em uma economia tradicional? A crítica irá mostrar que os mecanismos físicos podem transtornar a evolução do mundo humano ao mobilizarem gigantescas forças produtivas. Você acredita que os espíritos dos ancestrais o prendem eternamente a suas leis? A crítica irá mostrar que os espíritos e as leis são construções sociais que você criou para si mesmo. Você pensa que pode fazer tudo e desenvolver sociedades de qualquer forma que desejar? A crítica irá mostrar que as leis ferrenhas da sociedade e da economia são muito mais inflexíveis que as dos ancestrais. Você está indignado porque o mundo está sendo mecanizado? A crítica irá falar sobre o Deus criador ao qual tudo pertence e que deu ao homem todas as coisas. Você está indignado que sociedade seja laica? A crítica irá mostrar que a espiritualidade foi libertada

10 por este laicismo, e que uma religião completamente espiritual é bem superior. Você pensa ser religioso? A crítica irá rir de você até não poder mais. Como as outras culturas-naturezas poderiam ter resistido? Tornaram-se, por contraste, pré-modernas.” Se os modernos tornaram-se invencíveis ao separar as relações de razão de ordem científica das relações de força de ordem política, isto é, ao (criar) e separar a Natureza (“mundo das coisas-em-si”) e Sociedade (“mundo dos homens-entre-si”), a questão relevante torna-se entender como os modernos, eles próprios, administram esta separação, isto é, com que performances os coletivos modernos mobilizam esta divisão, ou seja, por meio de que estratégias e dispositivos os modernos traduzem / transladam algumas proposições para constituirem verdades patentes, obdurecidas como objetos aos quais, pretendemos indicar, se aliam para tornarem-se invencíveis. Em Ciência em Ação, Bruno Latour mostra como “tornarem-se indispensáveis e obrigar todos a seguirem-nos é estratégia não só exeqüível mas prática comum” dos construtores do mundo moderno, que contam com a ajuda de aliados “[cuja] maioria não tem cara de homem nem de mulher” (Latour, 1998, p. 199) – justamente os objetos da procissão que desfilei acima.

Forjando as alianças da invencibilidade: o trabalho híbrido de descoberta-invenção-construção-narração dos objetos A estratégia dos modernos é forjar a aliança com os objetos durante sua constituição, antes que as formas dos objetos estejam estabilizadas, antes que os fatos científicos e os artefatos tecnológicos tenham se estabelecido. Durante a constituição dos objetos os modernos não observam a separação entre Natureza e Sociedade, atravessam esta fronteira inúmeras vezes, de lá para cá e de cá para lá, até que algum conjunto de performances adquira uma estabilidade provisional e possa ser destacada do fluxo como uma forma e batizada como um objeto, momento em que deixa de aparecer como um híbrido para ser classificado como objeto puro e desembaraçável, pertinente à Natureza ou, alternativamente, à Sociedade.11 Isto pode acontecer, sempre temporariamente, ao final de um processo de purificação que

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Observe-se que a Natureza e a Sociedade são, elas próprias, constituídas neste processo. Por exemplo, é quando se acabam as controvérsias quanto à forma da molécula do DNA que a dupla hélice passa a fazer parte da Natureza, não antes. A Natureza é resultado da solução das controvérsias científicas, não árbitro delas como se divulga nos textos de popularização da ciência. Ver Capítulos 2 e 3 de (Latour, 1998).

11 obtém consenso e ajusta os encaixes,12 estabelecendo-se a divisão entre objetos da Natureza e objetos da Sociedade, rezando a constituição moderna que estes dois mundos não devem ser misturados. Em outras palavras, os modernos não observam a separação NaturezaSociedade na construção de seus objetos, mas fazem desta separação uma lei para a construção do conhecimento. Mas vejamos como os construtores do mundo moderno se aliam a um objeto novo que indicamos acima, o estado (laico moderno), para resolver problemas do mundo da vida, problemas onde os elementos técnicos, econômicos, políticos e sociais apresentam-se misturados e a separação entre Natureza e Sociedade ainda não pode ser observada.

Primeiro recordemos que a civilização moderna deslocou a noção de verdade. A modernidade, a autodenominada Idade das Luzes (dos projetos Iluministas), a civilização moderna ou o processo de construção do mundo moderno é também chamado do processo de “desencantamento do mundo” por se apresentar como uma ruptura com o que teria vindo “antes”, por contraposição a Idade das Trevas, o mundo literalmente encantado da Idade Média e tempos anteriores, tempos em que os deuses podiam ser e seriam invocados para estabelecer a verdade e resolver aqui e agora (ou melhor, lá e então) as questões entre os humanos: como em Excalibur, a rainha traiu o rei ou não? Dois cavaleiros duelam e a questão é resolvida pelos deuses dando ou não a vitória ao cavaleiro que defende a honra da rainha, independentemente dos que teriam testemunhado seu encontro com o amante. Este tipo mitológico de estabelecimento de verdades a partir da intervenção direta de espíritos teria deixado de ser possível na civilização moderna, pois o conhecimento revelado é substituído pelo conhecimento estabelecido pela razão humana – na modernidade saí Deus e entra o Homem, se disse.

A verdade, ao menos para fins da administração da vida em comum na Europa, passou a ser a verdade moderna, estabelecida não mais a partir da revelação nos textos sagrados e sim pelo testemunho. Aqui excelentes referências são Steven Shapin e Simon Schaffer (Shapin e Schaffer, 1985; Shapin, 1994, 1996). Mas se a verdade revelada não pode mais atuar e

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Os laboratórios e os tribunais são locais privilegiados de recursos para levar adiante os processos de constituição e conformação dos objetos modernos.

12 responder às questões da organização técnica-econômica-política-social da vida em comum, então estas questões devem ser respondidas no âmbito das novas verdades. Na busca desta resposta delineia-se na Europa, como alternativa à prevalência da lei do mais forte, a questão do estabelecimento de uma autoridade legítima.13 A quem ou a que então os construtores do mundo moderno se aliam para resolver a questão de descobrir-inventar-construir-narrar uma autoridade legítima que intermedeie o uso da força? Se antes o rei era rei e todos aceitavam a sua arbitragem sobre as questões entre os humanos, era porque Deus o legitimava – o rei era rei em nome de Deus. Mas, afastado Deus dos assuntos da organização da vida em comum e recolhida a fé ao foro íntimo de cada um, como se pode constituir uma autoridade legítima em um mundo desencantado? O objeto, o fato-artefato que então se constitui (por descoberta-invenção-construção-narração) em aliança com os modernos para ajudá-los a resolver a questão da autoridade legítima é o estado (laico moderno). O que o constitui? Uma justaposição de elementos heterogêneos que pode ser descrita de maneira semelhante a que apontei acima para a rede do avião. Tinha (ou tem) o estado uma forma definida? Sim e não. O estado é um objeto complexo, múltiplo, tal como o avião, é “mais do que um e menos do que muitos” e o que constitui o estado não é independente dos elementos materiais (inclusive os meios “técnicos”) que se justapõem em sua constituição. Na linha do argumento precursor de Marshall Mac Luhan, a mensagem, se não é o meio, não é independente dele. Assim o estado é um híbrido resultado de um processo que envolve inúmeras mobilizações e alianças entre entidades sem que se leve em conta a qual dos mundos (Natureza ou Sociedade) estas entidades pertencem. Na constituição do estado misturam-se sem preconceitos o mundo-das-coisas-em-si (uma urna eletrônica) e o mundo-doshomens-entre-si (uma democracia). E certamente o estado não é um objeto puro e desembaraçável de seus elementos materiais com uma forma fixa, como se abstrata fosse, pois modifica-se ao incorporar ou não novos meios e novos direitos e deveres. Mas uma vez que paremos para contemplá-lo como algo constituído, como algo que está lá, não teremos dúvida em classificar o estado como algo, uma entidade, um objeto pertinente à Sociedade, ao “mundo-dos-homens-entre-si”, ao qual os modernos se aliaram para resolver uma questão da vida.

“Ceder à força é um ato de necessidade, não de vontade; é, no máximo, um ato de prudência. Em que sentido pode ser um dever?” (Rousseau e Bair, 1974, p. 11) 13

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Uma aliança semelhante envolve a descoberta-invenção-construção-narração do objeto “elétron”. No começo do século XX a vida da companhia Bell estava difícil porque ela enfrentava a concorrência de “todas as espécies de pequenas companhias telefônicas que vicejavam [em partes dos EUA] em meio a perfeito caos” oferecendo serviços de comunicação de voz para pequenas distâncias.14 Para eliminá-las a Bell imaginou uma linha transcontinental que a transformaria no intermediário indispensável para a comunicação entre cem milhões de americanos, mas os repetidores mecânicos de então, usados para aumentar o alcance das linhas telefônicas, além de pouco confiáveis, eram caros demais para levar adiante a proposição. No entanto, a Bell tinha conhecimento das pesquisas de Millikan, físico famoso, em cujo laboratório “o elétron, objeto novo na época, está sendo construído” (esta construção envolve justamente a escolha das performances que serão atribuídas ao elétron dentre as inscrições obtidas nos instrumentos do laboratório). Uma peformance do elétron é que ele perde pouca energia porque tem inércia mínima, e portanto é possível que, dentre suas façanhas, alguma possa ser aproveitada para fazer um novo repetidor. Mas na lista de feitos do elétron de Millikan ainda não há nada que a Bell possa aproveitar, e nada garante que tais feitos aparecerão. Mesmo assim, física e negócios se misturam e fazem o que podem: “Millikan põe à disposição da Bell alguns de seus melhores alunos, aos quais ela oferece um laboratório bem equipado”. Ainda assim nada é garantido: “os elétrons podem recusar-ser a pular de um dos eletrodos dos novos triodos para o outro quando a tensão ficar alta demais, e encher o vácuo com uma nuvem azul; o Conselho de Administração da Bell pode já não achar tão necessário assim obter a linha” para melhorar sua vida. No entanto, aconteceu que “em vácuo extremo, mesmo com tensão muito elevada, a menor vibração de uma das extremidades desencadeia forte vibração na outra [extremidade de um triodo]”. Este feito, verificado nos instrumentos de laboratório, é atribuído aos movimentos dos elétrons, aumenta sua lista de performances, criando os “elétrons que amplificam muito os sinais”. Este feito resulta de uma mistura inseparável de física e negócios e amarra uma fortíssima aliança entre o elétron e a Bell. “Em 1914, a linha transcontinental, impossível com o outro repetidor, torna-se real... A Bell agora é capaz de expandir-se por todo o continente: consumidores que antes Narrativa extraída de (Hoddeson, 1981) apud (Latour, 1998, p. 205-211) – Associando-se a novos e inesperados aliados. 14

14 não haviam sentido o menor interesse em telefonar para a outra costa agora o fazem com freqüência, passando pela rede da Bell e contribuindo para sua expansão... Mas os limites da física também foram transformados, transferindo-se de laboratórios modestamente equipados em universidades para muitos laboratórios bem-dotados em indústrias; a partir daí, muitos estudantes podem seguir carreira em física industrial. E Millikan? Também mudou,visto que muitos dos efeitos estabilizados pela primeira vez em seu laboratório passaram a ser usados rotineiramente em linhas telefônicas todos os lugares, o que possibilitou uma expansão fantástica de seu laboratório. Alguma coisa mais também mudou. Os elétrons. A lista de ações que definia seu ser aumentou drasticamente quando todos aqueles laboratórios o submeteram a novos e inauditos testes. Os elétrons domesticados passaram então a fazer parte da sinuosa aliança que permitiu à Bell vencer suas rivais.” (Latour, 1998, p. 208-209) Mas uma vez que paremos para contemplá-lo como algo já constituído, como algo que está lá, não teremos dúvida em classificar o elétron como algo, uma entidade, um objeto pertinente à Natureza, ao “mundo-das-coisas-em-si”, ao qual os modernos se aliaram para resolver uma questão da vida. Explicando a “invencibilidade moderna” Bruno Latour diz que ocorre com a separação entre Natureza e Sociedade15 “aproximadamente o mesmo que ocorre com aquela que distingue o judiciário do executivo. Esta última não teria como descrever os múltiplos laços, as influências cruzadas, as negociações contínuas entre juízes e políticos. No entanto, aquele que negar a eficácia desta separação estará enganado.” (Latour, 1994, p. 19) De forma um tanto apressada, “o ponto essencial da [separação moderna entre Natureza e Sociedade] é o de tornar invisível, impensável, irrepresentável o trabalho de mediação que constrói os híbridos” (Latour, 1994, p. 40) mas simultaneamente “permitir a proliferação dos híbridos cuja existência – e mesmo possibilidade – ela nega,” e que, entretanto, são apresentados ao mundo como universais puros e neutros. “Se você acreditar nos modernos e desviar sua atenção, irão aproveitar para introduzir milhares de objetos naturais no corpo social, dotando-o da solidez das coisas naturais. Se você se virar bruscamente, como na brincadeira infantil ‘batatinha frita um, dois, três!’, eles ficarão paralisados, com ar inocente, como se não tivessem se mexido: à esquerda, as coisas-em-si; à direita, a sociedade livre dos sujeitos falantes e pensantes” (Latour, 1994, p. 43)

Juntamente com outra separação da constituição moderna que faz nascer “um Deus suprimido, fora do jogo”. (Latour, 1994, p. 19) 15

15 Está aí a diferença que torna os modernos invencíveis. Os modernos constroem os fatos e os artefatos levando em conta as suas condições de vida, cruzando sem pudor a separação que eles mesmos estabelecem entre Natureza e Sociedade para apresentar os objetos assim constituídos / construídos / conformados como universais puros e neutros pertinentes à Natureza ou, alternativamente, à Sociedade, porque este dois mundos não devem ser jamais misturados. Em outras palavras, os fatos e artefatos dão a volta e concluem sub-repticiamente o truque mantendo juntas as duas pontas da língua partida dos modernos. Aliando-se aos fatos e artefatos (objetos e entidades estabilizadas), embutindo e escondendo neles todo o trabalho de mistura do técnico e do científico com o político e o social, os modernos ignoram a ruptura constitucional da modernidade ao mesmo tempo que a impõem às demais culturas16, tornando-se invencíveis.

Acredito que o desvelamento desta aliança entre os construtores do mundo moderno e seus fatos e artefatos, ditos universais puros e neutros, gerando a “invencibilidade moderna”, tem conseqüências insólitas para a relação entre a história das ciências e os destinos da pesquisa no Brasil hoje, incluindo aí tanto as chamadas ciências naturais quanto as chamadas ciências sociais, a engenharia, o curar e o cuidar médico. Não é possível considerar estas conseqüências com os recursos que mobilizei para escrever este ensaio nem neste limite de páginas, mas a percepção de que os universais que recebemos dos países da O.C.D.E. são mais propriamente os seus particulares dos quais se apagaram os rastros das decisões e opções (indissociavelmente técnicas e políticas) que foram tomadas em sua constituição, por si só abre muito o leque de possibilidades e o espaço para que o povo brasileiro construa outras novas formas de associação, outros coletivos, outras entidades, outros objetos, outros fatos, outros artefatos, novas redes e novas organizações, que antes teriam sua entrada em cena no universo dificultada senão mesmo barrada pela polícia epistemológica do universal, do neutro e do puro. Otimismo exagerado? Não creio, pois não estou dizendo que a percepção de que “o universal é o particular no poder”, como uma vez se expressou Eduardo Viveiros de Castro, resolverá por si só a situação, mas ela aponta uma possibilidade, e é tudo o que estou dizendo. Como comentário final, curiosamente, autores japoneses, estudando o

“apoiando a razão sobre a força e a força sobre a razão” – como assinalado, processo em que se misturam ciências, tecnologias, economias, epistemologias, filosofias, leis, diplomacias e guerras. 16

16 encontro do Japão com a modernidade no século XIX, registram que “[é] precisamente porque os japoneses não aceitaram sempre a presunção ocidental de uma relação unilinear certificando desenvolvimento progressivo e sucessão que [no Japão] o discurso sobre o moderno foi capaz de prover uma gama de sanções para tanto a resistência às exigências da razão ‘universal’ mascarando um etos imperial ocidental quanto para a rendição a ele.” (Miyoshi e Harootunian, 1989, p. xvii)

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